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Jornal PROJECTO 12-15 N.º 1 (PDF - Escola Intercultural

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De mim para todos vocês…<br />

“ Por dentro, sou como um tesouro. As outras pessoas é que têm de o descobrir” ( P. <strong>12</strong><br />

anos).<br />

“Acho que por dentro, o meu feitio é um bocado agressivo, mas por vezes consigo<br />

controlar-me. Acho que sou um bocado nervoso, mas também há quem seja mais. Às vezes<br />

sou muito calmo, depende. Desde que a minha avó morreu é que ando um bocado triste”.<br />

(S. 14 anos)<br />

Todos os dias vão às suas casas carregar as baterias, os vossos professores, formadores,<br />

técnicos, mediadores, o Dr. Luís Agostinho, a Márcia, a Cátia, a Patrícia, o Sr. Marchante, o Sr.<br />

João e mais recentemente o Dr. Rui Sebastião, que já vos “pescou”, para entrarem todos os<br />

dias nesta <strong>Escola</strong>, como se da primeira vez se tratasse. E todos estão de parabéns, porque<br />

todos os dias dão o seu melhor na procura da vossa satisfação, proporcionando momentos<br />

não só de aprendizagens, como de lazer, de conforto, compreensão e de disciplina, ela faz<br />

falta.<br />

Esta é uma homenagem a todos eles.<br />

Alegres, tímidos, indisciplinados, maldispostos, sorridentes, tristes, barulhentos, desafiadores<br />

e meigos. Estas são as emoções, que aquecem os nossos dias.<br />

Sobre eles, rasuro algumas considerações, não posso evitar, sugerir, pensar.<br />

O equilíbrio entre a disciplina e a compreensão é difícil de manter. O que nos pode ajudar é<br />

consciencializarmo-nos de que, a não ser que a criança sinta que os adultos de que depende<br />

compreendem de facto a sua realidade emocional, ela não se sentirá em segurança. Por<br />

vezes, esta realidade emocional pode ficar submersa em sentimentos avassaladores, que se<br />

desencadeiam precisamente porque não são compreendidos.<br />

Acreditar na nossa capacidade, partilhar e enfrentar dificuldades, constitui o maior recurso<br />

destas crianças. Devemos colocar de lado a moralização punitiva e sermos realistas,<br />

aguentando a tempestade que se vive aqui diariamente, possuindo sempre um espírito<br />

esperançoso, e não nos deixarmos nunca levar pelo desespero, quando as coisas são difíceis.<br />

Afinal, é isto que constitui a saúde mental.<br />

A repreensão não contribui para a interiorização de regras. Advertências, repreensões e<br />

castigos, provocam insatisfação, significam stress, e evocam e fortalecem o comportamento<br />

disruptivo. Só o prazer e o sentimento da aceitação fazem com que a criança seja receptível à<br />

interiorização.<br />

Em tempo algum, ousei pensar sair do terreno onde mais amo. Permanecer é explorar uma<br />

realidade nua, dura, muitas vezes cruel, mas verdadeira, real e honesta.<br />

Trabalhar neste Projecto, é descer à terra, quando é preciso romper o céu…<br />

E que mais lhes posso eu dar, a não ser aquilo que eles mais precisam...<br />

.<br />

Helena Silva<br />

Novembro 2010<br />

Este é um projecto transversal a desenvolver durante o próximo período. Após a<br />

construção de 16 carrinhos de rolamentos, vão ser realizadas duas corridas. Uma<br />

corrida de obstáculos dentro da nossa escola e uma corrida de velocidade nas descidas<br />

em volta da escola.<br />

A construção de um carrinho de rolamentos geralmente é artesanal, isto é, feita com ferramentas<br />

simples tais como martelo e serrote. O carrinho pode conter três ou quatro rolamentos (quase<br />

sempre usados, dispensados por mecânicos de automóveis) e é constituído por um corpo de<br />

madeira com um eixo móvel na frente, utilizado para controlar o carrinho enquanto este desce pela<br />

rua. Alguns colocam um volante pregado no eixo através de um prego. A montagem de um travão é<br />

opcional, na maioria das vezes utiliza-se a sola do sapato:)<br />

Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas<br />

as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal dotados,<br />

obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as<br />

primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo<br />

quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na<br />

sombra o que é o mais importante — formação do carácter e<br />

desenvolvimento da inteligência — todas as condições para<br />

virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor<br />

à escola, a culpa não é deles, mas da escola.<br />

Agostinho da Silva, in "Glossa”<br />

SONHAR<br />

Os suspiros na escola são pedras e brinquedos,<br />

Todo o pátio é alegria e a areia são segredos.<br />

Daquilo que vi e daquilo que sei, tudo isto são “porquês”,<br />

Sugiro então, que troques o “quê?” por um “talvez”.<br />

Os velhos não são amigos, não tem razão nem tem sentido,<br />

De que precisas então, quando sorris para o teu amigo?<br />

Inocência e ignorância andam sempre de mãos dadas,<br />

Não sei se está certo, mas quero as brigas terminadas.<br />

Não estou para aí virado, hoje acordei aborrecido,<br />

Estou aqui para ti, por ti, mesmo com o corpo dorido.<br />

Agora, é tempo perdido, tempo gasto e tempo usado,<br />

Vidas velhas, viva as novas, já lá vai, é o passado.<br />

Todos os dias começas o que não podes terminar,<br />

Mas os velhos não desistem e estão cá para ajudar.<br />

E antes que te percas e comeces a gritar,<br />

Só quero dizer que não, não estás a sonhar.<br />

Foto de João Silva, Poesia de José António Silva<br />

Carrinho de Rolamentos é o nome dado a um carrinho, geralmente construído de madeira e rolamentos de aço, feito por jovens para a disputa de<br />

corridas, ribanceira abaixo.<br />

“A minha experiência neste Projecto tem sido boa. Tenho bons professores que nos ajudam naquilo que precisamos, mas também gosto do Projecto em si porque<br />

temos menos aulas do que nas escolas normais. A escola tem um bom ambiente, tenho cá grandes amigos, monitores e, também, tem uma boa sala de convívio.”<br />

Leonardo Moreno – Turma I – Projecto <strong>12</strong><strong>15</strong><br />

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