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DENGO
Rozelene Furtado de Lima
Entre a bola e a rede está o travessão
Feita para o chute: redonda, cheia de ilusão,
Bem colocada aguarda ansiosa o ponta pé,
Muito treinado arma o chute cheio de fé.
Silêncio... Trinta e dois milhões de torcedores,
Esquecem quem são e se tornam treinadores.
Esperam que a bola de vento exploda no ar,
E a mais linda trajetória na rede vá parar.
Sufocados com o grito na garganta,
A nação rubro negra com raça se levanta,
Explode com a bola na rede, para comemorar.
O juiz, que é filho da outra, manda voltar.
O Maracanã repleto vaia e começa a cantar:
Poeira, poeira, poeira... “O bicho vai pegá”!
Olhos fechados, mãos frias, pé quente,
É oração da mãe do craque, de toda gente.
Reza a mãe que é a outra a do juiz,
Não erre filho, está em frente do nariz!
O apito, o rito, o infinito, chuta no grito,
Mostra o caminho à bola, ele é um mito.
Ela vai, a torcida ajuda, a rede estremece,
Obina acerta, a bola gosta dele e obedece.
Zagalo e Zico no passado, hoje na lenda.
Outros virão trilhando esta estreita senda.
Pai e filho são um só, assistem juntos o jogo.
A vovó reza. A casa dela vai pegar fogo!
É abraço, é pulo, é refrão, é muito dengo.
Batem no peito e gritam: somos Flamengo!
Publicado no livro de poemas “No Limiar Sex”-
Rosa Maria Rozelene Furtado de Lima - 2008
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4ª Antologia Poética Literária AVBL - Academia Virtual Brasileira de Letras
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