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TAPETES COLORIDOS
Sandra Ravanini
Mais um raio de sol tardio dourando o longe inacabado,
ninguém se importa; a favela acorda e dorme sempre morta
quando a madeira adoecida abre a tristeza destas portas
engolindo esta gente, a dobradiça canta ao dobrado.
Por que o sol está cansado? Enquanto a velha rua assiste
aos cães famintos e aos passantes ladrando amedrontados,
o cheiro mistura-se com o aroma dos favelados
bebendo a morna aveia, parca e aguada. Por que a lua está triste?
Os ventos impõem às frestas o seu cântico medonho,
as crianças se abraçam ninando a harmonia do frio que ri,
e o escuro corteja um indigente que reside aqui e ali
atrás da porta e nada vê, pois o olhar dorme tristonho.
Devem ser os retalhos nos varais coando todo oximel
dos suores dos humildes e do óleo tão impuro quão sujo,
gotejando no tapume, tingindo a obra que confujo,
favelizando-te em zinco e ser, porque não existe outro céu!
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4ª Antologia Poética Literária AVBL - Academia Virtual Brasileira de Letras
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