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ASPECTOS ECONÔMICOS E DE BEM ESTAR ANIMAL NO ...

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IV Seminário Internacional de Aves e Suínos – Avesui 2005<br />

Suinocultura: Nutrição e Manejo<br />

11,12 e 13 de maio de 2005 – Florianópolis - SC<br />

<strong>ASPECTOS</strong> <strong>ECONÔMICOS</strong> E <strong>DE</strong> <strong>BEM</strong> <strong>ESTAR</strong> <strong>ANIMAL</strong> <strong>NO</strong><br />

MANEJO DOS SUÍ<strong>NO</strong>S DA GRANJA ATÉ O ABATE<br />

Osmar Antonio Dalla Costa 1,2* , Jorge Vitor Ludke 1 ,<br />

Mateus José R. Paranhos da Costa 3<br />

1 Embrapa Suínos e Aves, Cx. Postal 21, CEP 89700-000, Concórdia- SC, *Osmar@cnpsa.embrapa;<br />

2 Estudante do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (Produção Animal), FCAV/UNESP –<br />

Jaboticabal- SP, ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisa em Etologia e Ecologia Animal;<br />

3 Departamento de Zootecnia, ETCO-Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal,<br />

FCAV/UNESP, 14870-000 Jaboticabal-SP, Brasil.<br />

Introdução<br />

O complexo agroindustrial da carne suína instalado no Brasil tem enfrentado nos<br />

últimos anos barreiras que estão dificultando ou restringindo um maior incremento no<br />

comercio exterior. O principal entrave com respaldo legal por parte da Organização<br />

Mundial do Comércio e que atualmente impede maior exportação são as alegações de<br />

ordem sanitária. Vencidas essas barreiras sanitárias através de negociações justas, os<br />

grandes importadores internacionais de carnes deverão restringir as exportações<br />

através de novas barreiras tais como meio ambiente, segurança alimentar via questão<br />

de resíduos e exigência de rastreabilidade total e o bem-estar animal.<br />

Empresas suinícolas que forem capazes de implementar sistemas de produção<br />

que permitam a rastreabilidade do produto desde da granja ao consumidor e que<br />

possam demonstrar que está protegendo ao meio ambiente, observando a legislação<br />

do bem-estar em toda a sua cadeia produtiva, terão maiores margens de lucro,<br />

produtos de alta qualidade e uma maior facilidade na venda de seus produtos nos<br />

mercados extremo e interno.<br />

A ausência de bem-estar leva freqüentemente à produção de uma carne de<br />

menor qualidade, e que resulta em perda de produção ou de um produto inferior<br />

apresentando problemas como PSE e DFD que apresentam entre outras desvantagens<br />

o condicionamento do tempo de meia vida de prateleira (FRASER & BROOM, 1990).<br />

Dessa forma devido às peculiares características da suinocultura brasileira, a<br />

intensificação do estudo na área do bem-estar animal é necessária em nosso país,<br />

para atender as exigências do mercado consumidor interno e externo. Considera-se<br />

que o assunto bem-estar-animal vem de “fora para dentro“, ou seja, se expressa<br />

especificamente da sociedade de consumidores sobre a atividade de produção animal<br />

de forma dirigida.<br />

Nas ultimas décadas o agronegócio do porco tem passado por um grande<br />

processo de transformação, objetivando reduzir os custos de produção, aumentar o<br />

retorno por unidade de carcaça industrializada e atender as exigências do mercado<br />

consumidor. As agroindústrias deixaram de produzir os suínos do tipo banha das<br />

décadas de 70 e 80 para o atual suíno tipo carne (light), nos quais foi muito valorizada<br />

a porcentagem de carne magra na carcaça, atendendo as exigências, anseios e<br />

especificações do mercado consumidor interno e externo. Este suíno é resultado da<br />

interação dos programas de melhoramento genético, melhoria do status sanitário da<br />

suinocultura brasileira, dos programas nutricionais, dos sistemas de produção, e da<br />

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Suinocultura: Nutrição e Manejo<br />

11,12 e 13 de maio de 2005 – Florianópolis - SC<br />

qualificação e profissionalização da mão de obra utilizada na produção de suínos e no<br />

processamento das carcaças e da carne. Entretanto esse programa de melhoria da<br />

cadeia produtiva da carne suína tem buscado basicamente um aumento da<br />

porcentagem de carne na carcaça, deixando em segundo plano a valorização da<br />

qualidade da carne das carcaças dos suínos pois, tem-se observado uma considerável<br />

e significativa variação nessa qualidade nos diferentes sistemas de produção no Brasil.<br />

A qualidade da carne é o resultado líquido dos efeitos e da interação a longo<br />

prazo da genética, nutrição, sanidade e do manejo e dos fatores a curto prazo como o<br />

manejo dos suínos na granja, embarque, transporte, desembarque, período de<br />

descanso no frigorífico, método de atordoamento e abate, variando os seus padrões de<br />

continente a continente (WARRISS, 2000).<br />

O manejo pré-abate, com certeza é uma das etapas de maior importância da<br />

produção, pois pode comprometer o resultado de sete meses de trabalho, resultando<br />

em carcaças com problemas de qualidade com características de PSE (Pale, Soft and<br />

Exudative) que expressa carne pálida, flácida e exudativa; RSE (Reddish Pink, Firm<br />

and Exudative) significando carne vermelha-rósea flácida e exudativa e as carnes DFD<br />

(Dark, Firm and Dry) denominação dada para carnes escuras, firmes e seca, com<br />

grandes perdas na qualidade da carne e no bem-estar dos suínos.<br />

Portanto torna-se necessário um maior investimento na no setor produtivo de<br />

suíno com ênfase o bem-estar e qualidade da carne. Nesse sentido estaremos<br />

abordando alguns fatores que estão relacionados com o bem-estar animal dos suínos<br />

da granja ao abate e a qualidade da carne.<br />

As questões econômicas<br />

Para reduzir as perdas no período pré-abate que engloba os últimos dias do suíno<br />

na granja, o transporte e o descanso no abatedouro os animais destinados ao abate<br />

devem garantir que os animais estejam limpos, saudáveis, em jejum, isentos de<br />

hematomas, não estressados, aptos ao manejo, com adequado desenvolvimento<br />

muscular e sem excesso de gordura.<br />

Na cadeia produtiva suinícola as perdas econômicas verificadas devido a<br />

mortalidade dos animais durante o transporte antes do abate e devido à carne PSE são<br />

consideradas elevadas na maioria dos países que se destacam na atividade. A carne<br />

PSE (carne pálida, de menor consistência que o normal e exudativa) é gerada através<br />

de um processo de origem multifatorial podendo envolver as seguintes etapas: na<br />

produção com emprego de genéticas onde são mantidos os genes de suscetibilidade<br />

ao stress, no período pré-abate com manejo inadequado, no abate e pós-abate com<br />

emprego de processos industriais inadequados.<br />

MURRAY e JONES (1994) em avaliações realizadas no Canadá demonstraram<br />

que mesmo onde as causas genéticas foram excluídas em 90% dos suínos abatidos,<br />

mediante a exclusão do gene halotano, ainda assim a porcentagem de carne PSE<br />

verificada em um abatedouro onde algumas práticas de manejo foram avaliadas e<br />

consideradas inadequadas foi de 14,8%. Paralelamente em outro abatedouro onde<br />

suínos com a mesma característica genética foram abatidos porém, em condições de<br />

manejo adequadas, a porcentagem de carcaças com carne PSE foi de apenas 4 %.<br />

Por outro lado suínos de diferentes genótipos criados na mesma granja com<br />

manejo idêntico durante a produção e também durante o período pré-abate podem<br />

apresentar diferentes condições de qualidade de carne segundo foi demonstrado em<br />

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várias pesquisas publicadas (TARRANT, 1989; KLONT et al. 1993; KLONT e<br />

LAMBOOIJ, 1995 a,b). Ainda sob a influência da genética pode-se afirmar que, embora<br />

na carne PSE a principal quantificação sobre as perdas seja através do parâmetro<br />

perda por gotejamento, este parâmetro não é condição suficiente para caracterizar<br />

manejo pré-abate inadequado pois, segundo relatado por MONIN e SELLIER (1985)<br />

suínos de algumas linhagens de Hampshire podem apresentar de forma natural baixa<br />

capacidade de retenção de água (ou maior perda por gotejamento) sobretudo quando<br />

da presença do gen da carne ácida.<br />

As perdas econômicas não se restringem a aquelas que podem ser diretamente<br />

quantificadas, como a mortalidade durante o manejo pré-abate e as quebras no peso<br />

devido a perda de líquidos durante a conservação e processamento das carcaças.<br />

Nesse aspecto existem duas realidades distintas quando se analisa o destino que é<br />

dado às carcaças: industrialização ou consumo direto da carne.<br />

As perdas indiretas tem maior expressão na comercialização da carne. O efeito<br />

da carne exudativa se traduz em menor conservação pelo maior potencial de<br />

desenvolvimento de bactérias e conseqüente redução do tempo de prateleira. As<br />

perdas indiretas também se relacionam com a qualidade subjetiva que condiciona para<br />

uma menor aceitação da carne para consumo. A carne suína originada de animais em<br />

peso de abate que apresentavam o gen halotano foi avaliada em ensaios de<br />

degustação, sendo enquadrada como mais seca e menos suculenta do aquela carne<br />

originada de animais que não apresentavam o gen halotano (MONIN e OUALI, 1992) e,<br />

dessa forma existe uma associação entre qualidade subjetiva e preferência dos<br />

consumidores que pode se refletir em menor aceitação da carne no mercado. Segundo<br />

MERKEL (1971) o efeito negativo da carne PSE se prolonga de forma quantitativa nas<br />

perdas que ainda são observadas no processamento e preparo das refeições nos<br />

domicílios e de forma qualitativa através de menor aceitação da carne PSE servida em<br />

porções.<br />

Na industrialização, no conjunto de operações de processamento da carne, a<br />

baixa capacidade de conservação e a baixa capacidade de retenção de água<br />

decorrente do PSE tem importantes conseqüências tecnológicas que, ainda associado<br />

com a cor fora do padrão normal determina o aproveitamento industrial condicionado<br />

gerando produtos com menor valor agregado. A carne PSE apresenta maior perda de<br />

peso e maior liberação de géis durante o cozimento, menor rendimento no presunto<br />

cozido e uma rehidratação não adequada dos produtos cárneos desidratados. No<br />

processo de cura as carnes PSE apresentam maior absorção de sal e os produtos<br />

curados apresentam cor menos intensa.<br />

No processo de quantificação das perdas durante o período pré-abate existe uma<br />

evolução que decorre essencialmente da redução programada, via melhoramento<br />

genético, da freqüência gênica dos gens que tem influência negativa sobre a qualidade<br />

da carne. Avanços também são observados quando do emprego das boas práticas de<br />

manejo no período pré-abate. Assim, é presumível que em função da incorporação do<br />

conhecimento técnico-científico, as perdas atuais, em valores relativos, devam ser<br />

menores do que aquelas verificadas à duas ou uma década passada. Isto é<br />

especialmente válido onde a questão da qualidade da carne teve a devida atenção.<br />

Segundo GRANDIN (1997) a evolução nas condições de transporte dos animais tende<br />

a ser de forma mais intensa quando é implantado um programa de qualidade onde se<br />

penaliza pelas perdas que ocorrem e se bonifica pela qualidade das carcaças e da<br />

carne.<br />

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As realidades frente à freqüência de PSE em carnes suínas diferem de país a<br />

país, sendo que em alguns países se conhece e reconhece esta realidade adotando<br />

medidas para reduzir as perdas sobretudo através de bonificação para a qualidade. Em<br />

muitos outros países produtores porém, ainda não se reconheceu plenamente as<br />

perdas que ocorrem:<br />

a) Estados Unidos: Em 1993 pesquisadores alertavam para a perda econômica<br />

(cerca de 34 centavos de dólar por suíno destinado ao abate) que era<br />

decorrente do PSE. Isto era ocasionado pela percepção dos pesquisadores de<br />

que cerca de 9,1% de todos os pernis e lombos processados no país<br />

apresentavam PSE, confirmando os resultados apresentados por CASSENS<br />

et al. (1992) a respeito de um levantamento realizado em 1991. Segundo<br />

KAUFFMAN et al. (1986) as perdas por gotejamento devido ao PSE que<br />

ocorriam durante o transporte de carcaças de suínos correspondiam<br />

anualmente, nos anos 70, nos EUA à cifra de mil toneladas de carne. Estas<br />

perdas são relacionadas não apenas com a questão genética mas sim, são<br />

decorrentes de todo processo desde o manejo pré-abate, ao abate e também<br />

ao manejo realizado com as carcaças no período denominado de pós-abate;<br />

b) Inglaterra: Segundo estimativas de pesquisadores britânicos (SMITH e<br />

LESSER, 1982) existe para cada carcaça que apresenta indícios de conter<br />

carne PSE uma perda de cerca de dois dólares americanos apenas durante a<br />

fase que envolve o fracionamento dos cortes já ao nível de varejo;<br />

c) Dinamarca: Com elevada atenção à questão da qualidade da carne, já em<br />

1989 eram relatados resultados que indicavam um nível máximo de PSE ao<br />

redor de 2%, valor este influenciado pelo monitoramento mais incisivo feito<br />

sobre o melhoramento genético e também sobre as condições de manejo préabate<br />

(BARTON-GA<strong>DE</strong> e VORUP, 1991);<br />

d) Suíça: ROHR et al. (1999) relataram que na Suíça os açougues ao nível de<br />

varejo tem a predisposição de pagar até 15 dólares americanos por suíno sob<br />

forma de prêmio-bonificação caso a carne nas carcaças apresente cor<br />

adequada e tenha baixa perda por gotejamento;<br />

e) Brasil: Na diversidade das condições de produção, comercialização,<br />

transporte e de abate verificadas pode se afirmar que os sistemas<br />

organizados que apresentam total rastreabilidade na produção e controle<br />

sobre o manejo pré-abate (tempo de jejum na granja, condições de transporte<br />

e condições de descanso no frigorífico) coexistem com os sistemas menos<br />

organizados e com pouco controle sobre o manejo pré-abate. Na primeira<br />

condição se apresentam os grandes e médios frigoríficos que operam com<br />

elevada organização e controle levando em consideração as condições de<br />

qualidade impostas pelo mercado internacional. Nesse grupo estão<br />

predominantemente as agroindústrias exportadoras de carne suína e que são<br />

fiscalizadas pelo Serviço de Inspeção Federal. Na segunda condição via de<br />

regra se encontram os pequenos e médios abatedouros que operam em um<br />

sistema de livre aquisição de suínos para abate sem apresentar atualmente<br />

condições de rastreabilidade e de controle sobre a produção e sobre o manejo<br />

pré-abate. Admite-se que este segundo grupo, salvo raras exceções, tenha<br />

ainda um longo caminho a percorrer rumo à redução de perdas no manejo<br />

pré-abate em especial ao que é relacionado com a manutenção da qualidade<br />

da carne.<br />

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Suinocultura: Nutrição e Manejo<br />

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Embora a questão da carne PSE seja a mais importante em termos de perdas, o<br />

problema da carne DFD (carne mais seca, dura e escura que o normal) também se<br />

apresenta de forma mais intensa nos últimos anos. Isto decorre em função das<br />

características do comércio internacional que se alteram no ritmo da globalização. Na<br />

Europa, as distâncias entre a produção e o abate que eram até então relativamente<br />

pequenas e restritas dentro de cada país se alteraram em função das facilidades de<br />

comercialização entre países e as distâncias percorridas para transportar os suínos ao<br />

abate aumentaram atravessando fronteiras. A regulamentação européia determina que<br />

os suínos podem ser transportados de forma ininterrupta por no máximo 8 horas. Ao<br />

conhecimento atual pode ser afirmado que a carne DFD é mais um problema de<br />

manejo pré-abate do que uma conseqüência da genética e, fundamentado nisso a<br />

ocorrência da carne DFD se associa mais às questões de manejo durante o transporte<br />

(WARRISS et al., 1998).<br />

Nas dimensões continentais do país, que apresenta cerca de 35,2 vezes o<br />

tamanho da Grã-Bretanha somada com a Irlanda do Norte e que representa 1,45 vezes<br />

a dimensão da Europa quando não se contabiliza a área da Federação Russa, a<br />

questão do transporte de suínos para abate a longas distâncias no Brasil diz respeito a<br />

duas situações:<br />

1) Produções estabelecidas em regiões produtoras de grãos onde ainda não<br />

existe rentabilidade para implantação de grandes abatedouros, sobretudo pela<br />

oferta limitada de suínos para abate. Neste contexto as maiores distâncias<br />

devido a distribuição espacial associadas à temperaturas mais elevadas<br />

necessitam de atenção;<br />

2) Atendimento a demandas regionais onde existe maior procura por suínos de<br />

abate do que localmente é produzido. Esta produção reprimida ocorre<br />

basicamente em função da carência regional na produção de grãos que<br />

condiciona ao maior custo de produção via despesas com a alimentação. A<br />

diferença de preço pago por suíno entre as diferentes regiões compensa o<br />

gasto com o transporte, os impostos e também as perdas associadas.<br />

No Brasil, CULAU et al. (1991) avaliaram o efeito da distância de transporte entre<br />

a granja e o abatedouro e o tempo de descanso pré-abate sobre a qualidade da carne,<br />

verificando um aumento na freqüência de carne DFD a medida que aumentava a<br />

distância percorrida (avaliado apenas até 120 km) e se estendia o período de descanso<br />

no frigorífico por mais de 4 horas. Segundo WARRISS et al. (1989) cerca de 22% das<br />

carcaças na Grã-Bretanha apresentavam carne DFD.<br />

As conseqüências da carne DFD sobre a consumo se estabelecem<br />

principalmente através da apresentação (aspecto) e tempo de vida de prateleira. Na<br />

industrialização o efeito decorre da baixa capacidade de perda de água, fator<br />

importante no processo de fabricação de produtos que necessitam sofrer alguma perda<br />

de água.<br />

Perdas devido à mortalidade durante o transporte<br />

As perdas devido a mortalidade geralmente variam entre 0,1 a 0,4% e em<br />

distâncias curtas estas perdas são da ordem de 0,1% (WARRISS, 1998). Porém, os<br />

valores triplicam aumentando até valores de 0,27 a 0,3% com o aumento do peso dos<br />

animais (acima de 120 kg) e simultâneo aumento da temperatura ambiente (acima de<br />

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35ºC.). Segundo indicam levantamentos realizados no Canadá cerca de 70% das<br />

perdas por morte que são verificadas no período pré-abate ocorrem durante o<br />

transporte (CLARK, 1979). Na Inglaterra a mortalidade no transporte alcança 0,061% e<br />

nas áreas de descanso nos abatedouros é de cerca de 0,011% (WARRISS e BROWN,<br />

1994) porém, existe elevada variabilidade entre países em termos de mortalidade no<br />

transporte e isto decorre fundamentalmente da base genética que forma os rebanhos<br />

em cada país. Estimativas variam de 0,3 a 0,5% nos países europeus que apresentam<br />

genótipos suscetíveis ao estresse como a Bélgica e a Alemanha (WARRISS, 1998). A<br />

maioria das mortes no transporte dos suínos ocorre nas épocas quentes do ano,<br />

quando um dos eventos relacionados é o desenvolvimento da síndrome do stress dos<br />

suínos que é uma reação aguda ao stress, mediado pelo sistema nervoso simpático<br />

que pode resultar na morte do animal. Os sinais clínicos apresentados pelos animais<br />

afetados são dispnéia, cianose e hipertermia e presença de rigor muscular antes que a<br />

morte ocorra. O stress por calor leva à acidose metabólica que é muito mais freqüente<br />

nos animais portadores do gen halotano porque apresentam uma reação metabólica<br />

nos músculos que é de intensidade maior do que em suínos não portadores do gen. O<br />

metabolismo excessivo nos músculos desenvolve a hipertermia e conduz a níveis de<br />

potássio no sangue que se tornam letais.<br />

Perdas de peso em função do transporte<br />

As perdas de peso devido ao transporte por um ou dois dias se situam entre 40 a<br />

60 gramas por kg de peso vivo (WARRISS, 1998). Elas correspondem a 4% do peso<br />

vivo nas primeiras 18 a 24 horas e na maioria das vezes representa a excreção do<br />

conteúdo do trato digestivo. Ao mesmo tempo existe ainda uma relação quase linear de<br />

perda de peso, medida como redução no peso da carcaça através da desidratação e<br />

uso das reservas corporais (em grande parte pela redução no peso do fígado). Em<br />

condições ideais de termoneutralidade no transporte (considerando temperatura de 16<br />

ºC e velocidade do ar de 0,2 m/s) suínos em jejum alojados a uma densidade de 225<br />

kg/m 2 apresentaram um valor médio de produção de calor da ordem de 132 kcal/kg de<br />

peso corporal ao dia cujo valor é cerca de 31% superior à mantença. Nesta<br />

circunstância LAMBOOIJ et al. (1987) estimaram para uma jornada de 2 dias uma<br />

perda de 824 a 944 g apenas considerando o equivalente em gordura corporal.<br />

O efeito do transporte sobre as perdas de peso verificadas depende das<br />

condições (distância percorrida, duração do transporte, temperatura, etc...) e está<br />

diretamente associado com o tempo de jejum total entre a última refeição e a hora de<br />

abate. Na granja ainda existe uma influência acentuada da forma de arraçoamento.<br />

Segundo SMID (1989) os suínos produzidos sob um sistema de arraçoamento<br />

programado (curva de arraçoamento) apresentam ao abate após 24 horas de jejum<br />

uma perda de 5,2 a 5,7 kg de peso vivo conforme pode ser visualizado na tabela 1. Nas<br />

primeiras 12 horas esta perda corresponde entre 2,4 a 2,8 kg. Considerando somente o<br />

transporte, com duração de 1,5 a 2,0 horas, realizado após o jejum, as perdas<br />

alcançam entre 1,5 a 3,0 kg.<br />

Suínos sob programa de alimentação à vontade via de regra apresentam perdas<br />

menores no período pré-abate que compreende os últimos dias na granja até o<br />

atordoamento do animal no abatedouro. Isto ocorre em conseqüência à adaptação do<br />

trato digestivo ao sistema de alimentação adotado e do tamanho da última refeição<br />

antes do início do jejum.<br />

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Tabela 1. Efeito do tempo de jejum na granja sobre a perda de peso antes e após o transporte dos<br />

animais.<br />

Perda de peso (valor acumulado) Tempo de jejum na granja, em horas<br />

Antes do carregamento 0 12 24<br />

Em peso vivo, kg - 2,4 a 2,8 4,5 a 5,0<br />

Em porcentagem**, % - 2,3 a 2,7 4,3 a 4,7<br />

Após o transporte*<br />

Em peso vivo, kg 1,5 a 2,0 3,8 a 4,2 5,2 a 5,7<br />

Em porcentagem**, % 1,4 a 1,9 3,6 a 4,0 4,9 a 5,4<br />

*Transporte durante 1,5 a 2,0 horas. **Em suínos com 105,6 kg após o último arraçoamento.<br />

Fonte: Smid (1989).<br />

É importante ressaltar que o rendimento de carcaça está atrelado de forma direta<br />

ao tempo de jejum dos suínos antes do carregamento na granja e ao peso vivo. Os<br />

resultados apresentados na tabela 2 mostram que suínos com peso vivo entre 109 e<br />

120 kg (na equivalência entre peso de carcaça entre 79 e 88 kg) podem apresentar<br />

uma variação absoluta no rendimento de carcaça em até 4%.<br />

Este aspecto demonstra a importância do controle rígido no tempo de jejum antes<br />

do carregamento, além da necessidade na uniformidade dos lotes porque grande parte<br />

dos suínos de abate comercializados no Brasil são enquadrados no processo de<br />

tipificação no qual a remuneração pela produção é realizada através do peso vivo<br />

calculado com o índice de rendimento de carcaça (fixo e estabelecido em cada<br />

frigorífico) e peso da carcaça quente. Os valores apresentados na tabela não tem uma<br />

aplicação direta em qualquer condição e servem apenas para demonstrar os efeitos<br />

das condições de manejo sobre o rendimento pois são relativos a uma situação<br />

específica na qual cerca de 55 mil animais de abate oriundos de cruzamento entre<br />

Pietrain x Landrace Alemão produzidos em 127 granjas foram avaliados em 54<br />

diferentes abatedouros localizados no sul da Alemanha. Dessa forma cada abatedouro<br />

ao adotar a tipificação deve observar o valor mais adequado em função da sua<br />

realidade operacional.<br />

Tabela 2. Efeito do peso de abate em equivalência ao peso vivo e do tempo de jejum na granja sobre o<br />

rendimento de carcaça.<br />

Peso da carcaça Tempo de jejum antes do carregamento (em horas)<br />

quente em kg 6 12 18 24<br />

Rendimento de carcaça (em %)<br />

79 72,2 73,5 74,3 75,2<br />

80 72,3 73,6 74,6 75,3<br />

81 72,4 73,7 74,7 75,4<br />

82 72,5 73,8 74,8 75,5<br />

83 72,6 73,9 74,9 75,6<br />

84 72,7 74,0 75,0 75,6<br />

85 72,7 74,1 75,0 75,7<br />

86 72,8 74,2 75,1 75,8<br />

87 72,8 74,2 75,2 75,9<br />

88 73,0 74,3 75,2 76,0<br />

Fonte: Adaptado pelos autores a partir de Smid (1989), considerando um desconto de 4,6% para a cabeça, 2,4% para a banha<br />

rama e papada e 0,4% para os rins.<br />

Embora se questione o efeito que decorre da duração do jejum na granja sobre a<br />

perda de peso, o tempo mínimo recomendado de 12 horas de jejum serve para manter<br />

a qualidade da carne, diminuir a mortalidade no transporte e diminuir o risco de<br />

contaminação das carcaças (EIKELENBOOM et al., 1990).<br />

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Contaminações<br />

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Suinocultura: Nutrição e Manejo<br />

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Quando os animais sofrem estresse antes de serem abatidos ocorre maior<br />

excreção de salmonelas nas suas fezes e a razão para isto é que ocorre maior<br />

evacuação do ceco e do intestino grosso. Adicionalmente, segundo BERENDS et al.<br />

(1996) os animais livres de salmonela tornam se mais infectados e isto amplifica o risco<br />

de menor higiene no abatedouro. No período pré-abate a intensa atividade física<br />

demandada dos animais sadios que são portadores de Salmonela e outros agentes<br />

patológicos aumenta a excreção dos microorganismos alterando a forma de excreção<br />

de intermitente para constante. SLAVKOV et al. (1974) avaliaram a evolução da<br />

presença de Salmonela na granja antes do transporte, após o descanso no frigorífico e<br />

nas carcaças suínos. Nas situações em que os animais não apresentavam Salmonela<br />

(sem ocorrência de isolamento) antes do transporte foi possível caracterizar 0,1% de<br />

contaminação após a chegada ao abatedouro e 0,7% nas carcaças. Um dos aspectos<br />

fundamentais é que sob condições de estresse a resposta imunológica é reduzida<br />

facilitando a disseminação das bactérias entéricas. A implementação de jejum na<br />

granja, as condições ambientais, as condições de transporte e descanso no abatedouro<br />

envolvendo a duração total do período pré-abate e mistura de diferentes lotes tem sido<br />

apontados como os principais fatores que predispõem para a contaminação das<br />

carcaças. Suínos que permanecem muito tempo na área de descanso que apresente<br />

baias grandes e condições higiênicas inadequadas apresentam maior contaminação<br />

cruzada no abatedouro. Segundo MORGAN et al. (1987) a contaminação das carcaças<br />

é causada por Salmonela de origem intestinal conforme é constatado através da<br />

análise dos sorotipos presentes no ceco e na superfície da carcaça. HUIS IN’T VELD et<br />

al. (1994) e MUL<strong>DE</strong>R, (1995) afirmam que o desafio para redução da contaminação<br />

das carcaças é fundamentalmente centrado no manejo pré-abate e de forma mais<br />

importante na higiene das baias durante o período de jejum antes do carregamento dos<br />

animais na granja. Segundo MUL<strong>DE</strong>R (1995) a multiplicação da Salmonela nos<br />

animais vivos deve ser evitada em todas as etapas anteriores ao abate. Existe uma<br />

estimativa de que até 20% dos suínos livres de salmonela sejam contaminados durante<br />

o transporte e período de descanso no abatedouro. A facilidade de desinfecção das<br />

carrocerias é um ponto fundamental para reduzir a contaminação dos suínos segundo<br />

RAJKOWSKI et al. (1998). A limpeza e desinfecção permitiu reduzir a ocorrência de<br />

Salmonela e de Escherichia de 41,5% das coletas de amostra realizadas em pisos de<br />

carrocerias para cerca de 2,8%.<br />

Bem-estar animal<br />

O tema bem-estar animal, na suinocultura brasileira juntamente com as questões<br />

de sanidade, segurança alimentar e meio ambiente serão os grandes desafios nos<br />

próximos anos. Muitos dos sistemas de produção de suínos terão que ser adequados,<br />

a mão de obra terá que passar por uma especialização com ênfase ao bem-estar<br />

animal e a produção deve apresentar uma “qualidade ética” na qual a carne suína,<br />

além dos atributos de qualidade atuais, também seja apresentada como um alimento<br />

oriundo de animais que foram criados, manejados e abatidos em sistema que promova<br />

o seu bem-estar, e que seja sustentável do ponto de vista ambiental.<br />

Um dos marcos referenciais do bem-estar animal é o livro Animal Machines de<br />

Ruth Harrison (1964) que denunciou os maus tratos que os animais eram submetidos<br />

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nos sistemas confinados, a qual provocou grande impacto na sociedade e motivou o<br />

Parlamento da Grã-Bretanha á criar o Comitê Brambell em (1964), em posteriormente<br />

em 1965 esse comitê apresentou um relatório na qual apresentaram as cinco<br />

liberdades mínimas que um animal deve ter: virar-se, cuidar-se comportamento,<br />

levantar-se, deitar-se e estirar seus membros.<br />

Bem-estar pode ser definido como é ” o estado de um animal em relação às suas<br />

tentativas de se ajustar ao ambiente que o rodeia” (BROOM, 1991). Ou seja, quanto<br />

tem que ser feito pelo animal para este conseguir adaptar-se ao meio ambiente, e com<br />

que grau de sucesso isto está acontecendo.<br />

Segundo BROON & JOHNSON (1993) há varias implicações dessa definição tais<br />

como:<br />

1) Bem-estar é uma característica de um animal, não é algo que pode ser<br />

fornecido a ele. A ação humana pode melhorar o bem-estar animal, mais não<br />

se refere como bem-estar ao proporcionar um recurso ou uma ação;<br />

2) Bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom. Não pode ser<br />

simplesmente pensar em preservar e garantir o bem-estar, mas sim em<br />

melhorá-lo ou assegurar que ele seja bom;<br />

3) Bem estar pode ser medido cientificamente, independentemente de<br />

considerações morais e a sua medida e interpretação deve ser objetiva.<br />

A ausência de bem-estar leva freqüentemente à produção de uma carne de<br />

qualidade inferior, e que resulta em perda de produção ou de um produto inferior,<br />

apresentando problemas como PSE e DFD; e que tem uma curta vida “de balcão”;<br />

(FRASER & BROOM, 1990).<br />

Gene Halotano<br />

O gene halotano, também denominado de gene da síndrome do estresse porcino<br />

(PSS), está associado ao bem-estar dos suínos, genéticas portadores desse gene tem<br />

um incremento na taxa de mortalidade especialmente durante o manejo e no<br />

transporte. Os suínos portadores do gene hal heterozigotos (Nn) ou homozigotos<br />

recessivos (nn), muito comum nos animais da raça Pietran (OLIVER et al., 1993; VAN<br />

OECKEL et al., 2001). A presença desse gene confere uma maior deposição de carne<br />

magra na carcaça, porém está associado à qualidade de carne inferior, devido alta<br />

incidência de carnes PSE e menores rendimentos de produtos curados (ANTUNES,<br />

1997; CHAN<strong>NO</strong>M et al., 2000; FISHER et al., 2000a; FISHER et al., 2000b; VAN<br />

OECKEL et al., 2001).<br />

Os programas de melhoramento genéticos têm trabalhado com o objetivo de<br />

eliminar ou reduzir o máximo à presença desse gene hal de suas linhas de seleção<br />

genética, entretanto o material genético brasileiro ainda apresenta populações com o<br />

gene hal (BASTOS et al., 1998; CULAU, 1999; PELOSO et al., 2001; LUDTKE et al.,<br />

2004).<br />

Sistema de produção – granja<br />

No Brasil existem atualmente dois modelos de sistemas de criação de suínos: o<br />

extensivo utilizado na região Sul do Brasil até o final da década de 60, e em uso em<br />

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algumas regiões do norte e nordeste, e o sistema intensivo empregado na produção de<br />

suínos.<br />

Os sistemas intensivos podem ser classificados em:<br />

a) sistema de criação ao ar livre- SISCAL;<br />

b) sistema de criação misto ou semiconfinado;<br />

c) sistema de criação confinado em piso e cama sobre posta.<br />

O SISCAL é caracterizado por manter os suínos em piquetes com boa cobertura<br />

vegetal, nas fases de reprodução, maternidade e creche, cercados com fios e/ou telas<br />

de arame eletrificado - através de eletrificadores de correntes alternadas. As faces de<br />

crescimento e terminação (25 ao 100 kg de peso vivo) ocorrem no sistema<br />

confinado.(DALLA COSTA et al., 1996), nesse sistema de produção de suínos quando<br />

bem implantados e manejado adequadamente os suínos terão as “cinco liberdade”<br />

proposta pelo Conselho de Bem-Estar Animal da Fazenda da Comunidade Européia<br />

(FAWC) aprovada em 1992: liberdade psicológica (de não sentir medo, ansiedade ou<br />

estresse), liberdade comportamental (de expressa seu comportamento de normal),<br />

liberdade fisiológica (de não sentir fome ou sede), liberdade sanitária (de não estar<br />

exposto a doenças, injúrias ou dor), liberdade ambiental (de viver em ambiente<br />

adequado com conforto). contudo esse sistema ainda apresenta índices de produção<br />

baixos dos desejáveis (alta taxa de retorno ao cio, baixa número de leitões<br />

desmamados porca ano associados a altas taxas de mortalidade dos leitões do<br />

nascimento do desmame devido ao esmagamento dos leitões pela porca em lactação).<br />

O sistema de criação de suínos confinado por sua vez caracteriza-se pelo fato de<br />

todas as categorias estarem sobro piso ou cama e sob cobertura. A principio o abrigo<br />

aos animais tem por objetivo dar-lhe conforto e proteger os animais, entre outras coisas<br />

contra a incidência de raios solares. No, entretanto, em determinadas situações pode<br />

ocorrer incidência de raios solares sobre a pele dos animais de forma a ocorrer à<br />

queimadura por sol, ocasionados por problemas de instalações, falta de proteção<br />

contra o sol e pé direito muito alto (SOBESTIANSKY et al., 2003).<br />

No sistema confinado, as matrizes em gestação geralmente têm sido a mais<br />

afetada por queimaduras por sol. As regiões mais atingidas são o terço posterior e a<br />

região dorsal e a região posterior (região do pernil) pois essas matrizes geralmente são<br />

mantidas em gaiolas de gestação e não podem evitar a incidência continua dos raios<br />

solares sobre a pele (SOBESTIANSKY et al., 2003).<br />

A cadeia produtiva de suínos está alicerçada no sistema de confinamento<br />

intensivo, onde pouco se valoriza o bem-estar dos suínos e sim os índices de<br />

produtividade. Entretanto se o Brasil quiser manter ou incrementar os volumes de carne<br />

exportado terá que rever os seus sistemas de produção com uma maior ênfase ao<br />

bem-estar dos suínos através do “enriquecimento ambientais” dos sistemas de<br />

produção que consiste em introduzir melhorias no próprio sistema confinado, com o<br />

objetivo de tomar o ambiente mais adequado ás necessidade comportamentais dos<br />

animais.<br />

Podem ser consideradas como medidas de enriquecimento ambientais:<br />

a) utilização de baias coletivas para as porcas em gestação (após os 35 dias de<br />

gestação ou todo período);<br />

b) melhorando as celas de parição (aumentando a área, melhorando os<br />

bebedouros, comedouros);<br />

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c) colocação de objetos como correntes e “brinquedos” sobre as baias para<br />

quebrar a monotonia do ambiente;<br />

d) manejo diário com os animais (alimentação, limpeza das baias e vistoria do<br />

plantel) de maneira que o tratador se relacione com os animais sem gritos,<br />

agressões e violência, conversando e com contato físico com os suínos e do<br />

uso de uniformes;<br />

e) da melhor qualificação da mão de obra com ênfase ao bem-estar dos animais,<br />

meio ambiente e segurança alimentar e da utilização da mão de obra feminina<br />

na maternidade e creche.<br />

Nas fases de creche, crescimento e terminação são empregados dois sistemas de<br />

produção (piso e cama sobreposta por substrato de maravalha, casca de arroz ou<br />

palha ou outros materiais). O sistema sobre piso pode ser considerado como um<br />

sistema pobre, a respeito ao bem-estar dos suínos, contudo esse sistema pode ser<br />

enriquecido com a colocação de objetos dentro das baias tais como (objetos que os<br />

suínos distrair-se como a colocação de correntes sobre as baias, pedaços de madeira).<br />

Entretanto o sistema de cama sobreposta pode ser considerado um sistema<br />

enriquecido, pois os animais podem passar parte de se tempo fuçando na cama e<br />

fazendo ninhos.<br />

Manejo dos leitões do nascimento ao abate<br />

O leitão recém-nascido possui os sistemas de termorregulação e imunitário pouco<br />

desenvolvidos, assim torna-se necessários alguns cuidados especiais com esse recémnascido<br />

tais como: enxugar os leitões, cortar e desinfecção do umbigo, corte dos<br />

dentes, reanimação dos leitões aparentemente mortos, fornecimento de calor, auxiliar<br />

nas primeiras mamadas apões o parto, corte do ultimo terço da cauda, aplicação de<br />

medicamentos contra anemia ferropriva, fornecimento de água e ração aos leitões e<br />

castração e desmame dos mesmos. Assim para que tenhamos uma suinocultura<br />

saudável e com um menor número de problemas sanitários essas praticas de manejo<br />

com o leitão devem ser realizadas, os custos de um tratamento uma inflamação do<br />

aparelho mamário de uma porca, uma inflamação do umbigo, uma artrite ou problema<br />

de canibalismo, e os sanitários oriundos pela falta ou da realização indevida dessas<br />

praticas promovem um maior prejuízo a nossa suinocultura e ao bem-estar dos suínos.<br />

A manutenção das famílias (não mistura de lotes) do nascimento ao abate dos<br />

suínos é umas praticas de manejo com ênfase ao bem-estar dos animais. devido ao<br />

sistema vertical de produção de suínos empregado na região Sul do Brasil e da<br />

logística dos frigoríficos, esse procedimento de não misturar os suínos se torna<br />

impraticável. Com o objetivo de se amenizar o efeito da mistura de lotes sugere-se que<br />

durante o período do manejo pré-abate os suínos não sejam misturados.<br />

Manejo pré-abate<br />

Os responsáveis pela esta etapa da produção são as agroindústrias, produtores,<br />

transportadores e poder publico. As agroindústrias são responsáveis pela organização<br />

do manejo pré-abate, onde os produtores devem ser informados no mínimo 72 horas<br />

antes o dia e horário do embarque dos suínos, o tempo de jejum que os animais serão<br />

submetidos antes do embarque e dos procedimentos para a retirada dos animais da<br />

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baia e do embarque dos mesmos no caminhão, (horério do embarque dos animais, uso<br />

de tabua de manejo, rampas para o embarque e da densidade de transporte).<br />

Os produtores são responsáveis pela organização do embarque dos animais<br />

(preparação as instalações para o embarque, organização da mão de obra e da<br />

realização jejum dos suínos antes do embarque). É de responsabilidade do<br />

transportador o recebimento dos suínos na granja e transportá-lo até ao frigorífico sem<br />

prejuízo ao bem-estar animal, no embarque dos animais na granja o transportador<br />

deverá emitir um relatório com vista do produtor sobre as condições do embarque e da<br />

presença de animais com problema de lesões que podem comprometer a vida deste<br />

animal durante esta etapa do manejo pré-abate.<br />

Os poderes públicos também são responsável pelo manejo pré-abate dos<br />

animais, cabendo a este a responsabilidade do fornecimento das condições das<br />

estradas.<br />

Os frigoríficos são também responsáveis pela otimização do recebimento dos<br />

animais, do período de descanso no frigorífico e pelo sistema de atordoamento.<br />

O manejo pré-abate tem sido tema de um grande número de seminários técnicos,<br />

esta etapa é responsável pela movimentação dos animais do local de criação (baias de<br />

terminação) até os frigoríficos onde estes animais submetidos a um processo de<br />

transformação de músculos para a carcaça (carne). Para que esta carcaça não sofra<br />

alterações irreversíveis quantitativas (lesões, hematomas) e qualitativas (carnes PSE a<br />

DFD) é necessário que tenha um pré-abate adequado, com uma adequação das<br />

instalações da granja, frigorífico, tempo de jejum dos suínos na granja, condições de<br />

transporte (duração, densidade, boas estradas), período de descanso dos suínos no<br />

frigorífico, sistema de atordoamento e uma mão de obra qualificada para executar<br />

estas atividades. Quando o manejo pré-abate é realizado de forma inadequada o bemestar<br />

dos animais fica comprometido com implicações econômicas, mais também por<br />

sua representatividade na formação do conceito e da imagem do produto frente ao<br />

mercado, que tem se tornado outro fator de produção de extrema importância para os<br />

consumidores, junto com a preocupação com a segurança alimentar a com o meio<br />

ambiente (<strong>DE</strong>N OU<strong>DE</strong>N, 1997).<br />

Preparação das instalações e jejum<br />

Esta fase do manejo pré-abate tem um papel fundamental na produção de suínos,<br />

onde o produtor deverá organizar o sistema de embarque dos animais, preparando as<br />

instalações (acesso à granja, portões das baias e o embarcadouro) e a seleção da mão<br />

de obra para a realização desta etapa. Bem como a realização do jejum dos animais<br />

antes do embarque.<br />

Quando da chegada dos caminhões na granja o produtor deverá fazer uma<br />

vistoria previa nos caminhões, com o objetivo de verificar as condições dos caminhões<br />

para o transporte de seus animais, e se for constatado algum tipo de problema o<br />

produtor deverá comunicar aos responsáveis pelo transporte dos suínos e a<br />

agroindústria de suínos.<br />

O embarque dos suínos pode ser considerado com um dos pontos críticos do<br />

manejo pré-abate, em função da forte interação homem-animal em conseqüência da<br />

mudança brusca de ambiente (da retirada os suínos da baia e do embarque estes<br />

animais), devido ausência de uma mão de obra qualificada e da ausência de<br />

equipamentos apropriados (tábuas de manejo e embarcadouros com rampas com<br />

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menos de 20 o de inclinação e da falta de plataforma hidráulica na carroceria dos<br />

caminhões).<br />

Com a finalidade de limitar os efeitos negativos do estresse sobre o estado<br />

emocional e sobre o metabolismo muscular, recomenda-se que essa operação seja<br />

realizada com o mínimo de dano possível aos suínos, se a utilização choque elétrica,<br />

paus e outros utensílios que possam promover estresse aos animais lesões. Assim os<br />

animais deverão ser retirados das baias de terminação em pequenos grupos (dois a<br />

três animais) com a maior clama possível auxiliado com uma tábua de manejo e<br />

conduzidos diretamente ao embarque, se animais não deve ficar parados entre o<br />

corredor das baias.<br />

Quando da utilização de rampas, estas não devem superar um ângulo de 20 o de<br />

inclinação (NANNI COSTA et ali., 1996), esses autores encontraram uma maior<br />

incidência de hemorragia no pernil dos suínos quando embarcados com rampas com<br />

inclinação de 16 o em comparação aos suínos embarcados com plataforma hidráulica<br />

(24,14% e 14,01%, respectivamente), porém não encontraram efeito significativo do<br />

sistema de embarque sobre a qualidade da carne escore de lesões na pele maior que 3<br />

(NANNI COSTA et ali., 1996; NANNI COSTA et ali., 1999).<br />

Jejum dos suínos na granja e qualidade da carne<br />

O jejum dos suínos durante o manejo pré-abate é caracterizado pela suspensão<br />

do fornecimento da alimentação (ração) aos suínos, porém neste período os animais<br />

devem ter a sua disposição água á vontade de boa qualidade.<br />

Na bibliográfica tem-se observado uma grande variação do tempo (0 a 72 horas)<br />

de jejum dos suínos na granja, esta variação está relacionada com a logística das<br />

agroindústrias de cada pais. MAGRAS et al., (2000) recomendam um período total de<br />

jejum durante o manejo pré-abate de 22-28 horas. Nos frigoríficos da Espanha<br />

GUARDIA et al., (1996) observaram que suínos submetidos a jejum de 12 a 18 horas<br />

apresentaram menores taxa de mortalidade durante o manejo pré-abate. Na França,<br />

CHEVILLON, 1994 considera um jejum na granja de 12 a 18 horas ideal para esvaziar<br />

o estomago (


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d) ocorre um aumento da segurança alimentar, pois previne a liberação e a<br />

disseminação de bactérias (principalmente Salmonela) através das fezes, com<br />

o derramamento do conteúdo intestinal durante o processo de evisceração;<br />

e) maior velocidade e facilidade no processo de evisceração dos animais;<br />

f) redução do volume de dejetos que chega ao frigorífico; g) padroniza o peso<br />

vivo e consequentemente o rendimento de carcaça, quando o produtor é<br />

remunerado por um sistema de pagamento por mérito de carcaça e, f)<br />

contribui na uniformização da qualidade da carne das carcaças,<br />

principalmente através da manipulação da concentração do glicogênio<br />

muscular no momento do abate (TARRANT 1991; GUISE et al., 1995,<br />

MURRAY 2001; FAUCITA<strong>NO</strong>, 2001; PELOSO 2002).<br />

O processo de conversão do músculo em carne é complexo e envolve uma série<br />

de alterações no metabolismo celular, que estão relacionadas com as reservas de<br />

glicogênio no músculo, que por sua vez promove alterações, diminuição do pH ou<br />

acidificação, desnaturação das proteínas, queda da temperatura do músculo, e da<br />

produção de ácido lático.<br />

O período de jejum dos suínos na granja pode influenciar significativamente a<br />

qualidade da carne, alterando de forma negativa pH1, o pHU e a perda água do<br />

músculo e a sua cor (qualidade da carne).<br />

Suínos que foram submetidos a longos períodos jejum (mais do que 24 horas)<br />

durante o manejo pré-abate geralmente apresentam maiores valores de pHU em<br />

relação aos suínos que não foram submetidos ao jejum, ou a pequenos períodos de<br />

jejum (com menos de 12 horas de duração).<br />

Estudos realizados por diferentes equipes de pesquisadores (WARRISS et al.;<br />

1987; MURRAY et al., 1989; EIKELENBOON et al., 1991) demonstraram um efeito<br />

significativo do tempo de jejum dos suínos na granja sobre pH1 dos músculos dos<br />

suínos. Entretanto também existem relatos de pesquisadores (JONES et al., 1985,<br />

BECKER et al., 1989; EIKELENBOON et al., 1991; MURRAY & JONES, 1994; SMET et<br />

al., 1996; e MURRAY et al.; 2001) que descrevem a ausência de efeito do jejum dos<br />

suínos sobre o pH1.<br />

O tempo de jejum dos suínos tem um maior efeito sobre o pHU da carne , pois é<br />

influenciado diretamente pela reserva de glicogênio presente nos músculos dos suínos.<br />

Dessa forma vários pesquisadores (WARRISS & BROWN, 1983; JONES et al., 1985;<br />

WARRISS et al., 1987; BECKER et al.; 1989; EIKELENBOON et al., 1991; MURRAY &<br />

JONES, 1994; WITTMANN et al., 1994; BIDNER, 1999; BEATTIE et al., 2001)<br />

observaram que suínos submetidos a longos períodos de jejum (mais do que 24<br />

horas) apresentaram valores de pHU significativamente maiores em relação aos suínos<br />

que não foram submetidos a jejum ou, que ficaram por pequenos períodos de jejum<br />

antes do abate. Todavia (EIKELENBOON et al., 1991; SMET et al., 2001; MURRAY et<br />

al., 2001; LEHESKA et al., 2003) não encontraram efeito significativo do jejum dos<br />

suínos no período pré-abate sobre a qualidade da carne (pHU).<br />

A velocidade da queda do pH dos músculos, logo após a morte parece ser fator<br />

determinante da variação da porcentagem de perda da água. A desnaturação protéica<br />

resultante do binômio pH baixo e temperatura alta afetam o poder de ligação das<br />

proteínas com a água, e uma das características afetada pelo pH é a porcentagem de<br />

perda de água por gotejamento (%PG), e nessas condições as carcaças dos suínos<br />

perdem mais água (KAUFFAN et al., 1978).<br />

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Suínos submetidos a longos períodos de jejum (período maior que 24 horas)<br />

tendem a apresentar menores valores de perda de água por gotejamento. O tempo de<br />

jejum dos suínos na granja influenciou significativamente a %PG (JONES et al., 1985;<br />

EIKELENBOON et al., 1991; MURRAY & JONES, 1994). Contudo vários<br />

pesquisadores (EIKELENBOON et al., 1991; SMET et al., 1996; BIDNER, 1999;<br />

MURRAY et al., 2001; BEATTIE et al., 2001 LEHESKA et al., 2003) ao adotarem<br />

períodos de jejum considerados normais (mais do que 12 e menos do que 24 horas)<br />

não encontraram efeito do jejum dos suínos sobre esta característica da qualidade da<br />

carne dos suínos.<br />

Período de descanso dos suínos no frigorífico e a qualidade da carne<br />

No pré-abate dos suínos, os animais são submetidos a períodos de jejum,<br />

misturados com animais estranhos de outras baias, embarcados em caminhões,<br />

transportados, desembarcados, descansam no frigorífico e são atordoados e<br />

sacrificados. Estas práticas de manejo podem induzir a diferentes tipos de estresse<br />

físico/psicológico (motor, psicológico/emocional, mecânico, térmico, hídricos e<br />

digestivos), que associados ao manejo pré-abate podem afetar a qualidade da carne<br />

dos suínos. (Callow, 1936 citado por FERNAN<strong>DE</strong>S et al., 1979a).<br />

O estresse também pode ser classificado quanto a sua extensão em períodos<br />

longos que estão relacionados com o manejo na granja, embarque, transporte e<br />

desembarque e a mistura de lotes dos suínos e períodos curtos períodos de estresse<br />

que estão relacionados com o período de descanso e método e atordoamento<br />

adotados pelo abatedouro. Esses dois tipos de estresse não devem ser considerados<br />

como eventos separados embora longos períodos de estresse conduzam<br />

principalmente à carne com qualidade comprometida estando geralmente associada à<br />

carne tipo DFD, e curtos períodos de estresse estejam associados, principalmente, à<br />

produção de carne com qualidade comprometida devido ao aparecimento de carnes<br />

tipo RSE ou e PSE (KATJA et al., 2003).<br />

Quando da chegada dos suínos ao frigorífico, esses são desembarcados do<br />

caminhão e estão extremamente cansados ou estressados devido ao manejo pré-abate<br />

a que foram submetidos. Assim, esses animais precisam eliminar o excesso de ácido<br />

láctico acumulado no músculo e restabelecer o seu equilíbrio homeostático que<br />

somente pode ser alcançado com a submissão dos suínos a períodos de descanso<br />

adequados.<br />

O período de descanso dos suínos nas baias de espera nos abatedouros afeta o<br />

nível do estresse dos mesmos (FAUCITA<strong>NO</strong>, 1998). O tempo ótimo de descanso<br />

parece ser ao redor 2-3 horas (MILLIGAN et al., 1998; VAN <strong>DE</strong>R WAL et al., 1997;<br />

WARRISS et al., 1998a). Após um período de descanso de aproximadamente 2 a 3<br />

horas os suínos se acalmam, e geralmente param de brigar (VAN <strong>DE</strong>R WAL et al.,<br />

1997; VAN <strong>DE</strong>R WAL et al., 1999). Entretanto, suínos submetidos a longos períodos<br />

de descansos apresentam menor incidência de carcaças contendo carne com<br />

problema de PSE, contudo ocorre um aumento na prevalência de carcaças contendo<br />

carne com DFD (EIKELENBOOM & BOLINK, 1991; WARRISS et al., 1998a; GISPERT,<br />

et al., 2000; NANNI COSTA et al., 2002).<br />

Entretanto, o tempo ótimo de descanso dos suínos no frigorífico vai depender<br />

fortemente das condições do manejo pré-abate considerando todas as etapas de forma<br />

conjunta (jejum na granja, transporte, mistura de lote, temperatura ambiente, tamanho<br />

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dos lotes), e da intensidade dos estresses a que esses animais foram submetidos.<br />

Nesse aspecto existe influência acentuada do padrão genético dos animais, sendo de<br />

fundamental importância a presença ou ausência do gen halotano e do gen RN (De<br />

Smet et al., 1996; CHAN<strong>NO</strong>M et al., 2000; AASLYNG & BARTON-GA<strong>DE</strong>, 2001 NANNI<br />

COSTA et al., 2002).<br />

Suínos que foram submetidos a pequenos períodos de descanso (


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Suinocultura: Nutrição e Manejo<br />

11,12 e 13 de maio de 2005 – Florianópolis - SC<br />

BRUNDIGE et al. (1998), D’SOUZA et al. (1998), FAUCITA<strong>NO</strong> et al. (1998), van der<br />

WAL et al. (1999) e ST∅IER et al. (2001), LUDTKE et al., (2004a), BERTOL, (2003),<br />

HAMBRECHT, (2004) montaram que a utilização dos desse bastões elétricos durante o<br />

manejo pré-abate promove um incremento no estresse dos suínos acelerando a<br />

velocidade de glicólise nas primeiras horas post mortem, promovendo uma maior<br />

incidência de carne PSE.<br />

Estudos realizados por DALLA COSTA et al. (2005) em 19 granjas de Santa<br />

Catarina com 910 suínos encontraram uma alta (34,84%) porcentagem de suínos com<br />

lesões na pele na granja (PSL-G), e esses suínos apresentavam uma alta freqüência<br />

de lesões por suíno na granja FLS-G (0,80±1,48).<br />

Com embarque, transporte e desembarque dos suínos DALLA COSTA et al.<br />

(2005) observaram um incremento na porcentagem de suínos com lesões na pele no<br />

desembarque (PSL-D) e na a freqüência de lesões por suíno no desembarque (FLS-D)<br />

na ordem de (31,09% e 0,84 respectivamente), sendo que 65,93% dos suínos<br />

apresentavam algum tipo de confusão de pele no desembarque e esses animais<br />

tinham uma FLS-D média 1,64±1,87.<br />

Após um período de descanso dos suínos no frigorífico de três horas DALLA<br />

COSTA et al. (2005) verificaram um aumento de (17,26% e 2,12) sobre a porcentagem<br />

de suínos com lesões na pele na baia de descanso do frigorífico (PSL-A) e da<br />

freqüência de lesões por suíno na baia de descanso do frigorífico (FLS-A)<br />

respectivamente, sendo que os suínos apresentavam em média 3,74±3,12 e 83,19%<br />

dos suínos apresentavam alguns tipos contusão de pele antes do abate.<br />

Modelo de carroceria<br />

As condições do transporte dos suínos podem comprometer o bem-estar e a<br />

qualidade de carne dos suínos, DALLA COSTA et al. (2005), observaram que suínos<br />

transportados em carrocerias simples (um piso) apresentavam valores<br />

significativamente maiores de lesões na pele no desembarque e antes do antes e vinte<br />

e quatro horas após o abate na carcaça em relação aos suínos transportados em<br />

carroceria dupla (dois piso), suínos transportados nesse modelo de carroceria<br />

apresentaram valores significativamente menores do pHU dos músculos longissimus<br />

dorsi (5,38 vrs 5,40) e do semimembranosus (5,39 vrs 5,42) em comparação aos<br />

suínos transportados em carroceria simples, Contudo estudos realizados por LUDTKE<br />

et al., (2004b) não encontraram efeito do modelo da carroceria (com piso novel e com<br />

sistema de aspersão de água vrs piso fixo e e sem sistema de aspersão de água)<br />

sobre a qualidade da carne. HAMBRECHT (2004) não encontrou efeito da condição do<br />

transporte (curto e plano vrs longo e irregular) dos suínos sobre o bem-estar (cortisol e<br />

lactato no sangue) e sobre a qualidade da carne (pHU e da porcentagem de perda água<br />

do músculos longissimus).<br />

Considerações finais<br />

Com objetivo de melhorar o manejo da produção de suínos e durante o período<br />

pré-abate, deve-se estabelecer uma atribuição específica aos profissionais da área<br />

visando criar a figura de um supervisor do bem-estar e da qualidade de carne dos<br />

suínos, que deverá auditar os pontos críticos em todas as etapas de produção dos<br />

animais destinados ao abate. Esse supervisor deverá ser responsável pelo treinamento<br />

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constante das pessoas envolvidas na granja e durante o manejo pré-abate dos suínos,<br />

bem como propôr melhoria e adequação das práticas de manejo.<br />

Os sistemas de produção de suínos (granja) podem ser melhoradas, adequação<br />

dos sistemas de gestação, maternidade e dos embarcadores dos suínos com os<br />

objetivos e melhorar o bem-estar e a qualidade da carne dos suínos.<br />

Não se recomenda que os animais permaneçam em jejum por um grande período<br />

de tempo no manejo pré-abate (mais de 20 h), e os suínos devem ser conduzidos com<br />

tranqüilidade (com tabua de manejo) e o período de descanso no frigorífico dos deve<br />

ser ajustado em função das condições as quais esses animais foram submetidos (jejum<br />

na granja, embarque, duração e condições das estradas).<br />

O bem-estar e a qualidade da carne não podem ser avaliados isoladamente, e<br />

sim através de estudos multifatorial.<br />

A suinocultura brasileira tem evoluído muito nos últimos anos (sistemas de<br />

produção, nutrição, genética, sanidade, meio ambiente e mão-de-obra). Mesmo com o<br />

desenvolvimento e o ajuste dos procedimentos do manejo pré-abate, deve-se buscar a<br />

interação dos diferentes seguimentos da cadeia produtiva sendo que cada um deverá<br />

realizar o seu papel: a pesquisa deverá desenvolver novas metodologias para melhorar<br />

a produção de suínos e transferir esse conhecimento para o serviço de extensão rural<br />

(público e agroindústria); ao poder público cabe disponibilizar boas condições para o<br />

transporte dos animais (estrada boas); a indústria de caminhões e carroceria terá a<br />

missão de desenvolver e adaptar novos equipamentos (caminhões com diferentes tipos<br />

de suspensão e novos modelos de carrocerias); e a indústria suinícola deverá ajustar<br />

os procedimentos do manejo pré-abate e treinar as pessoas envolvidas nessa etapa da<br />

produção de suínos.<br />

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IV Seminário Internacional de Aves e Suínos – Avesui 2005<br />

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