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AGROINDÚSTRIA DA MANDIOCA – O CAMINHO PARA A ...

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<strong>AGROINDÚSTRIA</strong> <strong>DA</strong> <strong>MANDIOCA</strong> <strong>–</strong> O <strong>CAMINHO</strong> <strong>PARA</strong> A<br />

SUSTENTABILI<strong>DA</strong>DE ECONÔMICA DOS BENEFICIADORES DO BAIRRO<br />

CAMPINHOS EM VITÓRIA <strong>DA</strong> CONQUISTA - BA<br />

adriano.rezende01@gmail.com<br />

Apresentação Oral-Agricultura Familiar e Ruralidade<br />

EFIGÊNIA FERREIRA DOS SANTOS 1 ; FRANCISCO DOS SANTOS CARVALHO 2 ;<br />

JOSÉ CARLSON GUSMÃO <strong>DA</strong> SILVA 3 ; ADRIANO ALVES DE REZENDE 4 ;<br />

MAUREN MIYAJI 5 .<br />

1,2.FACUL<strong>DA</strong>DE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS - FTC, VITÓRIA <strong>DA</strong> CONQUISTA -<br />

BA - BRASIL; 3,4,5.UNIVERSI<strong>DA</strong>DE ESTADUAL DO SUDOESTE <strong>DA</strong> BAHIA - UESB,<br />

VITÓRIA <strong>DA</strong> CONQUISTA - BA - BRASIL.<br />

<strong>AGROINDÚSTRIA</strong> <strong>DA</strong> <strong>MANDIOCA</strong> <strong>–</strong> O <strong>CAMINHO</strong> <strong>PARA</strong> A<br />

SUSTENTABILI<strong>DA</strong>DE ECONÔMICA DOS BENEFICIADORES DO<br />

BAIRRO CAMPINHOS EM VITÓRIA <strong>DA</strong> CONQUISTA - BA<br />

Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade<br />

Resumo<br />

Uma das características mais marcantes do semi-árido são os longos períodos de seca que<br />

impossibilitam o cultivo de diversas culturas e onde a mandioca se adapta e se desenvolve<br />

utilizando pouca água. Assim, esta atividade se caracteriza como uma eficiente oportunidade<br />

de subsistência para a região. As casas de farinha garantem emprego e renda para produtores,<br />

familiares e demais agentes envolvidos, movimentando a economia das localidades onde<br />

estão inseridas. Nesse contexto, este trabalho visa analisar o impacto das casas de farinha na<br />

vida socioeconômica dos beneficiadores do bairro Campinhos em Vitória da Conquista,<br />

Bahia. Esta pesquisa tem caráter exploratório e descritivo com abordagem qualitativa e<br />

quantitativa na modalidade de estudo de caso. Foram entrevistadas todas as 15 casas de<br />

farinha do bairro no período de 11 de junho a 26 de novembro de 2007. Foram identificadas<br />

várias dificuldades enfrentadas pelos beneficiadores tais como: descapitalização, falta de<br />

conhecimentos gerenciais, falta de incentivos, infraestrutura inadequada, inviabilização<br />

econômica da atividade, decréscimo dos ganhos a cada ano. Atualmente apenas 27% dos<br />

estabelecimentos conseguem uma rentabilidade superior a um salário mínimo, fato<br />

extremamente preocupante considerando que 93% dos pesquisados tem a atividade como sua<br />

única fonte de renda. Dada a relevância socioeconômica da atividade, verifica-se a urgência<br />

das ações a serem tomadas e, provavelmente, o caminho para a manutenção da atividade seria<br />

revitalizar as casas de farinha, incentivar o desenvolvimento, capacitar e capitalizar os<br />

beneficiadores, visto que uma de suas maiores dificuldades é a falta de capital, seguida pela<br />

falta de investimentos e falta de capacitação.<br />

Palavras- chave: Agroindústria. Bahia. Mandioca. Comunidade. Aspectos socioeconômicos.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

1


Abstract<br />

One of the most important characteristics of the half-barren is the long drought periods which<br />

is unfavorable to many cultures and where the cassava adapts and develops itself using little<br />

water. Thus, this activity characterizes as an efficient opportunity of subsistence for the<br />

region. The flour houses guarantee job and income for producers, relatives and other involved<br />

agents, strengthen the economy of the localities where they are inserted. In this context, this<br />

work aims to analyze the impact of the flour houses in the economic and social life of the<br />

Campinhos quarter neighborhood producers in Vitória da Conquista, Bahia. This research has<br />

exploratory and descriptive character with qualitative and quantitative boarding in the case<br />

study. All the 15 flour houses of the quarter in the period of 11 of june to 26 of november of<br />

2007 had been interviewed. Many difficulties faced by the producers were identified as:<br />

decapitalization, lack of knowledge management, lack of incentives, inadequate<br />

infrastructure, economic inviability of the activity and profits that decrease each year.<br />

Currently only 27% of the establishments obtain a superior yield to a minimum wage which is<br />

an extremely preoccupying fact considering that 93% of the interviewed people have the<br />

activity as its only source of income. Considering the economic and social relevance of the<br />

activity, urgency is needed on the next actions and probably the way for the activity<br />

maintenance would be to revitalize the flour houses by stimulating their development,<br />

enabling and to capitalizing the producers, since one of the most difficult factors is the lack of<br />

capital, followed by the lack of investments and the lack of qualification.<br />

Key Words: Agroindustry. Bahia. Cassava. Community. Economic and social aspects.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

As pequenas agroindústrias que beneficiam mandioca desempenham um papel<br />

fundamental para o desenvolvimento do país. O beneficiamento da mandioca é uma atividade<br />

que começou a ser praticada no Brasil pelos seus primeiros habitantes, os índios. Esses<br />

desenvolveram técnicas para transformar certa espécie de mandioca imprópria para o<br />

consumo humano em alimentos que hoje são consumidos em vários países, em forma de<br />

farinha e derivados.<br />

As casas de farinha, local onde se beneficia a mandioca, garantem emprego e renda para<br />

produtores, familiares e demais agentes envolvidos, movimentando a economia das<br />

localidades onde estão inseridas. Um grande empecilho para um maior desenvolvimento das<br />

casas de farinha é que estes estabelecimentos se caracterizam pela estrutura familiar<br />

tradicional, com infraestrutura imprópria aos atuais padrões de higiene e qualidade,<br />

equipamentos rudimentares e inexistência de uma gestão capacitada.<br />

Esta atividade, além de ser utilizada para a subsistência, apresenta-se como uma opção<br />

promissora de agronegócio, pois a mandioca beneficiada pode gerar vários produtos de alto<br />

valor agregado tanto para a utilização humana quanto para alimentação animal.<br />

Atualmente o mercado exige uma postura diferenciada dos beneficiadores de mandioca.<br />

Ao mesmo tempo que as oportunidades para as atividades agrícolas estão cada vez mais<br />

amplas, o mundo global exige modernização, adaptação e melhoria continua. Os<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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eneficiadores precisam melhorar sua visão de mercado com empenho no desenvolvimento de<br />

sua atividade e com conhecimento profundo e atualizado de seus produtos.<br />

Entender e avaliar os impactos da pequena agroindústria para a inclusão social é de<br />

grande relevância para que o governo possa refletir sobre os caminhos a serem seguidos em<br />

busca do desenvolvimento, fornecendo uma estrutura com condições de vida adequadas à sua<br />

população.<br />

A procura por alternativas que gerem trabalho e renda e que garantam a sustentabilidade<br />

seria um modo de amenizar a pobreza e primar pela dignidade humana. É essa contribuição<br />

que a agroindústria oferece a várias regiões brasileiras. Ter uma renda, um emprego é<br />

indispensável para garantir a sobrevivência e determinante para preservar a cidadania.<br />

Segundo o texto da Constituição Federal de 1988, em seu capitulo II, artigo 7º,<br />

parágrafo IV, o valor recebido mediante o salário mínimo deve ser:<br />

[...] capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com<br />

moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e<br />

previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,<br />

sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. (BRASIL, 2006).<br />

As casas de farinha já fazem parte da cultura dos nordestinos e esta representativa<br />

atividade que garante a sobrevivência dos moradores da zona rural da região. Ao gerar renda,<br />

a agroindústria propicia a permanência dos indivíduos na sua terra natal, reduzindo o êxodo e<br />

impede que algumas pessoas se desloquem de sua região a fim de buscar melhores<br />

oportunidades de vida, que acabam muitas vezes em trabalhos alternativos ou subempregos.<br />

Uma das mais impositivas características da região do semi-árido são os longos<br />

períodos de seca, que impossibilita o cultivo de diversas culturas e onde a mandioca se adapta,<br />

cresce e se desenvolve utilizando pouca água. Assim, esta atividade se caracteriza como uma<br />

eficiente oportunidade de subsistência, negócio e renda para essa região.<br />

Em Vitória da Conquista, município do interior da Bahia, com aproximadamente<br />

308.204 habitantes localizado no sudoeste do Estado, possuindo a 3º maior população e a 3º<br />

maior economia baiana de acordo com IBGE (2007). O bairro dos Campinhos com 3.757<br />

habitantes apresenta como principal atividade econômica o beneficiamento da mandioca e o<br />

número de famílias que trabalham próximo às suas casas para produzir farinha, polvilho e<br />

outros derivados da mandioca é bastante representativo (IBGE, 2006). Nesse contexto, o<br />

presente trabalho visa analisar o impacto das casas de farinha na vida socioeconômica dos<br />

beneficiadores do bairro Campinhos.<br />

2. REVISÃO <strong>DA</strong> LITERATURA<br />

Segundo Arbage (2000) as atividades econômicas evoluíram em todo o mundo<br />

ganhando dimensões cada vez maiores e tornando as relações produtivas mais complexas.<br />

Para um maior entendimento dessas relações surgiu, entre outros conceitos, o de agribussiness<br />

ou agronegócio como é usado no Brasil. O agronegócio representa um “conjunto de setores e<br />

subsetores, agentes e instituições que apresentam seu foco principal de trabalho voltado ao<br />

setor primário”, ou seja, organizações que produzem alimentos, pelo extrativismo vegetal e<br />

pela produção de outras matérias-primas de origem primária, entre outras atividades. O autor<br />

afirma, ainda, que o setor primário para o Brasil é essencial e estratégico por produzir<br />

alimentos e fibras, produtos esses indispensáveis e que não possuem substitutos próximos.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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Na Figura 1 é apresentado um fluxograma destacando os principais atores envolvidos<br />

no âmbito do agronegócio.<br />

Figura 1- Atores do agronegócio.<br />

Fonte: ARBAGE, 2000, p.103.<br />

É representativo o número de atores que compõe o agronegócio, demonstrando a<br />

amplitude da nova rede de conhecimento e alternativas de renda, doravante os mesmos atores<br />

que compõe o agronegócio estão entre os principais agentes econômicos (ARBAGE, 2000).<br />

Os recordes na balança comercial do agronegócio vêm mostrando o que já é<br />

sobejamente conhecido: é o setor que vem, por muito tempo, alavancando o superávit do<br />

comércio brasileiro, pois representou 92,7% do saldo comercial brasileiro em 2006 ou US$<br />

42,726 bilhões conforme apresentado na Figura 2 (ECONOMIA BR, 2009).<br />

Figura 2 <strong>–</strong> Evolução das Exportações no Agronegócio Brasileiro no período de 2005 e 2006<br />

(em bilhões de US$).<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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2.2 Agroindústria<br />

Fonte: Adaptado de NEVES e NEVES (2007).<br />

O agronegócio é composto por várias redes agroindustriais, conforme o PRONAF<br />

(2007) e a agroindústria corresponde ao “beneficiamento e/ou transformação de produtos<br />

agrisilvopastoris, aquícolas e extrativistas, abrangendo desde processos mais simples até os<br />

mais complexos, incluindo o artesanato no meio rural”. É uma atividade de destaque no<br />

Brasil:<br />

A agroindústria é um dos principais segmentos da economia brasileira, com<br />

importância tanto no abastecimento interno como no desempenho exportador do<br />

Brasil. Uma avaliação recente estima que sua participação no produto interno bruto<br />

(PIB) seja de 12%, tendo, pois, uma posição de destaque entre os setores da<br />

economia (SILVEIRA, 2007, p.1).<br />

Segundo Batalha (2001) muitos estabelecimentos agroindustriais apresentam<br />

características tradicionais, onde a base administrativa é familiar e as decisões são empíricas,<br />

por isso os resultados estão sujeitos a incerteza, assim os proprietários dos estabelecimentos<br />

ficam cada vez mais vulneráveis a atravessadores perdendo ganhos significativos. É<br />

necessário que esses estabelecimentos usem técnicas de produção e gestão eficazes para que<br />

assim possam posicionar-se competitivamente em seu mercado agroindustrial.<br />

2.2.1 A agroindústria da mandioca<br />

No setor agroindustrial, o beneficiamento da mandioca vem ganhando visibilidade. O<br />

agronegócio de mandioca, no Brasil, garante uma receita bruta de 2,5 bilhões de dólares e 1<br />

milhão de empregos diretos. Entre os produtos 33,9% corresponde à alimentação humana;<br />

50,2% à alimentação animal; 5,7% à outros usos e 0,2% à exportação, havendo uma perda de<br />

10%; sendo que 95% das propriedades derivam das bases familiares (CUNHA, 2007).<br />

A relevância econômica dessa agroindústria vem crescendo nos últimos anos<br />

decorrente, principalmente, dos processos que procuram agregar valor no beneficiamento da<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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mandioca, utilizando-a como matéria-prima em diferentes áreas, conforme pode ser<br />

evidenciado pelo artigo de Peduzzi (2009).<br />

Antes mesmo de ser usada como matéria-prima para a produção de biocombustível a<br />

mandioca já é uma das culturas que mais empregam no Brasil. É o que afirma o<br />

vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca<br />

(ABAM), Antônio Donizetti Fadel. “Atualmente a produção de mandioca é<br />

responsável por gerar, direta e indiretamente, cerca de 10 milhões de empregos. A<br />

maior parte <strong>–</strong> cerca de 50% <strong>–</strong> trabalha com a produção de farinha”, argumenta Fadel.<br />

“É, sem dúvida, um tipo de cultura que tende a fixar o homem no campo”, completa.<br />

A produção de mandioca no Brasil é de cerca de 26 milhões de toneladas por ano,<br />

segundo a ABAM. Quase a metade vira farinha, 40% é usado para consumo de mesa<br />

e ração animal, e 9,5% transformada em amido, principalmente na Região Sul.<br />

“Apesar de o Brasil ainda não produzir nada de biocombustível, nós já dominamos<br />

as técnicas necessárias para começar esse tipo de atividade. O que precisamos é<br />

avançar com as pesquisas que buscam aumentar a produtividade, de forma a termos<br />

melhores condições de competitividade”, defende o dirigente da Abam (PEDUZZI,<br />

2009).<br />

De acordo com a ABAM (2007) foi aprovado no dia 29 de maio de 2007 o projeto que<br />

propõe a adição de farinha de mandioca à farinha de trigo e seus derivados e concede<br />

benefícios tributários como a suspensão da incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da<br />

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) às indústrias de farinha de<br />

trigo e aos produtores de farinha de mandioca, raspa de mandioca e fécula de mandioca que<br />

produzirem a farinha misturada. O projeto fixa as proporções da mistura em 3% nos primeiros<br />

12 meses de vigência da lei, 6% nos seguintes 12 meses, e, finalmente, 10% a partir do 25º<br />

mês. Com isso, a ABAM acredita que esse projeto trará benefícios significativos para a<br />

economia brasileira.<br />

Há outros setores industriais que estão utilizando a mandioca como matéria prima,<br />

como o setor de papeis, que fabrica papel e papelão ondulado com amido da mandioca e está<br />

garantindo bons resultados para o setor (BAZZO, 2007). Outra utilização mencionada<br />

anteriormente seria na fabricação de combustíveis limpos, o álcool. No Brasil já existe o<br />

projeto de implantar uma usina para a produção de álcool de mandioca cuja planta do projeto<br />

corresponde ao valor de 4 milhões no estado de Pernambuco (PEROZZI, 2007). Espera-se<br />

com o álcool produzido a partir da mandioca uma diversificação na indústria de álcool no país<br />

quebrando o monopólio da cana-de-açúcar (ABAM, 2007).<br />

Outra parte que antes era descartada e agora agrega valor na renda dos produtores é a<br />

parte aérea, especificamente a folha que está sendo beneficiada para fabricar farinha<br />

(SOUZA, 2007).<br />

A agroindústria da mandioca contribui economicamente para o homem do campo e<br />

conseqüentemente para a permanência deste na sua localidade de origem, ao agregar famílias<br />

e pequenas comunidades no sistema de cultivo e processamento, gerando ocupação e renda<br />

(SEBRAE, 2003). Esta percepção de que as atividades agrícolas podem colaborar com a<br />

permanência do homem no campo, inibindo assim o êxodo é reforçada por Singer:<br />

Os pobres raramente podem se dar ao luxo de ficar “desempregados” [...] se não<br />

conseguem ganhar a vida na linha de atividade a que vinham se dedicando, tratam de<br />

mudar de atividade ou de região, caso contrário, correm o risco de morrer de fome<br />

(SINGER, 2003, p.31).<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

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2.2.1.1 Agroindústria da mandioca na Bahia<br />

O estado da Bahia é um dos maiores beneficiadores da mandioca no Brasil, porém<br />

ainda trabalha com produtos de baixo valor agregado, como reporta o SEBRAE (2003, p. 69):<br />

Na Bahia, a mandioca contribui com cerca de 16% do valor bruto da produção<br />

agrícola, situando-se como a primeira cultura de importância econômica no estado.<br />

Assim, percebe-se a excelente oportunidade de intervenção no agronegócio e buscase<br />

a especialização de produtos para a alimentação humana que ainda se encontra em<br />

níveis primários.<br />

Afirmando a importância econômica da mandiocultura para a Bahia, o governo federal<br />

por meio da Secretaria de Programas Regionais (SPR) do Ministério da Integração Nacional,<br />

vai investir 619 mil reais para a recuperação de casas de farinha, instalação de uma central de<br />

beneficiamento e comercialização de mandioca e capacitação de produtores. Esses recursos<br />

serão aplicados nos municípios de Medeiros Neto, Lajedão, Vereda, Itanhém e Jucuruçu,<br />

visando aumentar a renda das famílias envolvidas (Ministério da Integração Nacional, 2007).<br />

Foi criado também no sul do estado, em Buerarema, a Cooprus <strong>–</strong> Cooperativa Mista<br />

dos Produtores Rurais do Sul da Bahia com o intuito de fortalecer a cadeia agroindustrial da<br />

mandioca. Entre os objetivos específicos estão: facilitar o escoamento da produção, intervir<br />

para melhorar preço e buscar selo de qualidade para a farinha. A perspectiva é aproveitar<br />

melhor a mandioca e derivados para aumentar vendas (SEBRAE, 2007).<br />

2.2.1.1.1 Agroindústria da mandioca em Vitória da Conquista<br />

No município de Vitória da Conquista, há dois bairros que vivem predominantemente<br />

da pequena agroindústria da mandioca que, de acordo com SEBRAE (2003), provavelmente,<br />

serão beneficiados com os recursos advindos da Fundação Banco do Brasil.<br />

A injeção de recursos, de ordem de R$ 10 milhões, assegurados pela Fundação<br />

Banco do Brasil (FBB), em Vitória da Conquista, para apoio à mandiocultura,<br />

reforça a esperança do produtor. [...] Os impactos esperados são a geração de 2.250<br />

empregos diretos, produção diária de trinta toneladas de farinha e renda bruta de R$<br />

9.620 milhões. Os resultados já alcançados incluem a formação do grupo de trabalho<br />

local, diagnóstico da cadeia produtiva de mandiocultura, formação da cooperativa<br />

mista agropecuária de pequenos produtores do sudoeste da Bahia (Coopasub) e<br />

formação do programa de desenvolvimento local sustentável. (SIAMB, 2009)<br />

Com a Coopasub espera-se apoiar o desenvolvimento agroindustrial da mandioca em<br />

toda a região sudoeste e dentre os objetivos mais específicos estão: a revitalização de 39 casas<br />

de farinha, a construção de uma unidade de processamento de fécula com capacidade de 100<br />

toneladas/dia, além da instalação de uma unidade para padronizar e embalar a farinha da<br />

mandioca, em Vitória da Conquista (FBB, 2009).<br />

Nos bairros Simão e Campinhos são produzidos a partir de 420 toneladas de raízes de<br />

mandioca, 976 sacos de farinha de primeira qualidade, 600 kg de goma, 920 kg de goma<br />

fresca, 741 sacos de farinha de segunda qualidade, gerando renda para 474 pessoas. A receita<br />

de 24000,00 por semana, dividida pelo total de mão-de-obra resulta em 51,00 por pessoa e<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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descontando-se o custo da matéria- prima, gera como renda líquida U$11,60 por semana e por<br />

trabalhador (CARVALHO, 2005). Nessa região a cultura é explorada, principalmente, por<br />

pequenos produtores sem capital, com difícil acesso ao crédito e à assistência técnica, o que<br />

dificulta o aumento dos rendimentos dos produtores (CARDOSO, 2005).<br />

No Quadro 01 são apresentados dados referentes aos produtos fabricados nas casas de<br />

farinha de Campinhos.<br />

Quadro 1 - Produtos fabricados em Campinhos.<br />

Produto Quantidade produzida/semana Preço médio<br />

Farinha Entre 150 e 200 sacos Entre 25 a 30 reais<br />

Goma fresca Até 10 sacos Entre 50 a 55 reais<br />

Goma seca Entre 05 a 10 sacos Entre 45 a 50 reais<br />

Raspa Entre 20 a 25 balaios -<br />

Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2006).<br />

2.1.2 Outros aspectos relevantes da agroindústria da mandioca<br />

2.1.2.1 Qualidade<br />

O processo de globalização da economia impõe grandes desafios ao setor<br />

agroindustrial. A abertura do mercado interno a produtos estrangeiros obriga as empresas<br />

nacionais a aumentarem sua competitividade, tendo agora como parâmetros níveis de<br />

qualidade internacionais. Com a entrada de novos produtos, o mercado torna-se mais<br />

dinâmico e os consumidores ainda mais exigentes. Oferecer produtos de qualidade mantendo,<br />

ou até mesmo diminuindo, o custo de produção é a única alternativa para a sobrevivência das<br />

empresas (SILVA JÚNIOR, 2000).<br />

Qualidade é definida por Crosby como o atendimento de requisitos. Conforme a<br />

norma internacional ISO 8402 - Gestão da qualidade e garantia da qualidade - qualidade é o<br />

“conjunto de características de uma unidade em relação a sua capacidade de atender<br />

exigências pré-definidas”. Nessa acepção, um produto ou serviço, mesmo que incorpore as<br />

mais avançadas tecnologias, pode ser considerado um produto ou serviço sem qualidade ou<br />

defeituoso. Para tanto, basta que as exigências dos clientes não sejam atendidas. Tais<br />

exigências não significam necessariamente excelência em tecnologia (MACEDO & PÓVOA<br />

FILHO, 1993).<br />

No setor de alimentação a qualidade exigida pelo consumidor é influenciada por todas<br />

as etapas produtivas e por todos os elementos da cadeia produtiva. A qualidade do alimento<br />

industrializado depende da qualidade da matéria-prima agrícola. Em certos nichos de<br />

mercado, a qualidade do alimento é, em última instância, definida pelo processo produtivo na<br />

agricultura, como por exemplo, no mercado de produtos “verdes”, os quais devem ser<br />

produzidos conforme normas estritas para proteção do meio ambiente e direitos dos animais<br />

(SILVA JÚNIOR, 2000).<br />

No setor agrícola, além dos aspectos de segurança e higiene, há preocupação com<br />

outras características do produto e também sub-produtos, muitas delas de difícil mensuração e<br />

definição, como características relacionadas à ecologia e aspectos sociais. Para certos nichos<br />

de mercado, tais características são até mesmo mais importantes que o preço do produto na<br />

decisão de compra. Há uma crescente preocupação em relação às características nutricionais<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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dos produtos, presença de resíduos de defensivos agrícolas e utilização de hormônios durante<br />

o processo produtivo (ALLAN, 1994).<br />

Especificamente no caso da farinha de mandioca, como as casas de farinha são<br />

pequenos estabelecimentos com pouca capacitação no que se refere à padrões de qualidade, a<br />

qualidade dos produtos é considerada baixa.<br />

Na Região Norte, as casas de farinha possuem condições higiênico-sanitárias<br />

precárias, podendo se observar animais transitando na área de processamento e insetos, além<br />

de outras irregularidades, comprometendo a qualidade do produto e a segurança alimentar<br />

(CHISTÉ et al., 2006).<br />

Além das precárias condições higiênico-sanitárias das casas de farinha, as diferenças<br />

em seu processamento, tais como fermentação da mandioca, adição de corantes, intensidade<br />

da prensagem da massa triturada e temperatura do forno, influenciam no padrão de qualidade<br />

das farinhas (CHISTÉ et al., 2006).<br />

2.1.2.2 Sustentabilidade<br />

Almeida (2005) salienta a importância das atividades econômicas crescerem com<br />

sustentabilidade e conforme esse mesmo autor sustentabilidade seria “o resultado do<br />

equilíbrio entre a dimensão ambiental, econômica e social nos empreendimentos humanos”.<br />

Já PORTILHO (2005) define a sustentabilidade como a interação entre o fator ambiental e o<br />

social, onde se enfatiza a satisfação das necessidades humanas considerando a preocupação<br />

com as gerações futuras, e Cronway (2003) afirma que a agricultura sustentável, considerando<br />

uma visão ambientalista, seria uma maneira de prover alimentos suficientes sem degradar os<br />

recursos naturais. A contribuição dos setores agrícolas para a poluição aumentou e suas<br />

conseqüências são muito graves, principalmente a deterioração dos recursos naturais.<br />

Segundo Batalha (2001) as atividades sustentáveis devem ao mesmo tempo primar<br />

pela conservação ambiental e propiciar sistemas socioeconômicos justos. No caso da<br />

agroindústria da mandioca em Simão e Campinhos existem dois problemas distintos que<br />

impossibilitam seu desenvolvimento sustentável: a remuneração percebida e a poluição<br />

ambiental causada por um resíduo líquido proveniente da lavagem da mandioca denominada<br />

manipueira que é despejado no rio Santa Rita que atravessa os dois bairros e nos arredores das<br />

casas de farinha, provocando intoxicações em animais e gerando mau cheiro. Outro fator que<br />

impede o crescimento sustentável dessa cultura é o desmatamento para a obtenção de lenha<br />

para aquecer os fornos na produção de farinha (CARVALHO, 2005).<br />

Segundo Carvalho (2005), em localidade como os bairros de Campinhos e Simão,<br />

situados em Vitória da Conquista, a falta do tratamento adequado para a manipueira tem<br />

restringido a atividade econômica, pois acaba impondo limites físicos devido a falta de<br />

capacidade que instalada para a industrialização, que em certos períodos do ano acaba<br />

levando a muitos produtores de farinha a reduzir suas atividades pela impossibilidade de<br />

descarte deste resíduo nas proximidades das casas de farinha.<br />

Com o intuito de apoiar o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da<br />

mandioca na microrregião de Vitória da Conquista foi implementado o programa<br />

desenvolvimento sustentável e solidário da agricultura familiar na cadeia produtiva da<br />

mandioca, que teve como principal resultado a criação, em maio de 2005, da COOPASUB<br />

(Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia) tendo<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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como proposta investir na cadeia da mandiocultura e desenvolver ações que garantam a<br />

preservação ambiental. A COOPASUB entende que é emergencial aliar interesses<br />

econômicos com ambientais e sociais, e para atender essas novas expectativas é preciso criar<br />

novas perspectivas aos produtores e impulsionar o trabalho solidário (COOPASUB, 2006).<br />

2.1.2.3 Aspectos nutricionais<br />

De acordo com Cronway (2003, p.25) a subnutrição pode conduzir a morte, não<br />

necessariamente por fome, mas porque uma dieta pobre reduz drasticamente as defesas do<br />

organismo tornando-o mais suscetível as doenças. “Dezessete milhões de crianças com menos<br />

de cinco anos morrem todos os anos e a má nutrição contribui com pelo menos um terço<br />

dessas mortes”.<br />

Cerca de 40 milhões de crianças sofrem de deficiência de vitamina A. Há<br />

muito se sabe que a carência dessa vitamina pode causar deficiência visual.<br />

Meio milhão de crianças ficam parcial ou totalmente cegas a cada ano, e<br />

muitas morrem subseqüentemente. E, conforme demonstrou uma pesquisa<br />

recente, a falta de vitamina A tem uma conseqüência ainda mais grave e<br />

difusa, aparentemente reduzindo a capacidade do sistema imunológico de<br />

crianças lidar com infecções (CRONWAY, 2003, p. 25).<br />

Com o programa biofortificação a Embrapa pretende melhorar alguns alimentos em<br />

termos de micronutrientes, entre eles a mandioca, com o desenvolvimento de variedades com<br />

maior teor de vitamina A, ferro e zinco sendo uma alternativa nutricional para comunidades<br />

carentes (CUNHA, 2007).<br />

Há estados brasileiros em que a farinha produzida com a folha da mandioca é<br />

obrigatoriamente utilizada na merenda escolar, o que se configura em uma recomendação<br />

nutricional importante, pois essa farinha possui 32% de proteína além de vitamina A, ferro,<br />

cálcio, vitamina C e fósforo. Adicionando apenas uma colher de chá dessa farinha no almoço<br />

das crianças é suficiente para ajudar a combater a desnutrição infantil (SOUZA, 2007).<br />

2.2.2 Cadeia agroindustrial da mandioca<br />

Conforme Araújo (2003) o conceito de cadeia produtiva, aplicada ao agronegócio, só<br />

apareceu em 1960 na França. Analisar a cadeia produtiva de cada produto facilita a<br />

visualização das ações e inter-relações de todos os agentes que a compõe e a influência que<br />

cada agente provoca nos demais.<br />

De acordo com Cunha (2007) a mandioca pode ser utilizada diretamente para a<br />

alimentação ou servir de matéria-prima em outros setores. Na Figura 3 é apresentada uma<br />

simplificação da cadeia agroindustrial da mandioca.<br />

Figura 3 - Cadeia agroindustrial da mandioca.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

10


Fonte: Adaptado de CUNHA (2007).<br />

Assim como a maioria dos produtos, a mandioca passa por diversos setores da<br />

economia para chegar até o consumidor final nos quais podem ocorrer agregação de valor.<br />

O Ministério da Integração Nacional tem apoiado práticas com vistas a organizar a<br />

cadeia produtiva da mandioca no intuito de agregar valor à produção, revitalizar a economia e<br />

propiciar a geração de novos postos de trabalho (Ministério da Integração Nacional, 2007).<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Com o intuito de analisar o impacto socioeconômico da agroindústria da mandioca<br />

para os beneficiadores do bairro Campinhos em Vitória da Conquista, Bahia, realizou-se uma<br />

pesquisa exploratória e descritiva, onde a primeira busca reunir maiores informações sobre o<br />

assunto, tornando-o mais explícito, mais conhecido, enquanto a segunda se baseia em<br />

descrever e analisar pontualmente as opiniões dos pesquisados (GIL, 2006).<br />

Quanto à abordagem, essa pesquisa se caracteriza como quantitativa e qualitativa,<br />

utilizando levantamento com auxílio de um questionário, entrevistas e observações diretas<br />

junto aos produtores. As suas opiniões e informações foram transformadas em dados<br />

estatísticos, proporcionando uma análise posterior mais aprofundada (GIL, 2006). A<br />

abordagem quantitativa tem o caráter de inibir a manipulação dos dados obtidos, garantindo<br />

resultados precisos, sem distorções na análise e interpretações das informações, enquanto a<br />

qualitativa proporcionou uma análise no aspecto social quanto ao impacto da agroindústria da<br />

mandioca na vida dos beneficiadores de farinha de Campinhos (RICHARDSON, 1999).<br />

Quanto ao procedimento técnico esta pesquisa consiste em um estudo de caso. Esse<br />

tipo de procedimento garante ao pesquisador maior flexibilidade, contribuindo para uma<br />

coleta de dados mais profunda acerca do problema e com isso foi possível confirmar ou<br />

refutar as hipóteses (GIL, 2006). Mediante o estudo de caso pode-se investigar um contexto<br />

da vida real, em que o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos (YIN, 2005).<br />

De acordo com Oliveira (2006) havia vinte e cinco casas de farinha, contudo<br />

constatou-se que muitas casas foram desativadas e só foram encontrados quinze<br />

estabelecimentos, que foram utilizadas como universo.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

11


A coleta de dados foi realizada no período de 11 de junho a 26 de novembro de 2007 e<br />

os dados foram tabulados com o auxílio do programa MS Excel 2003.<br />

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O perfil dos representantes das agroindústrias de mandioca é predominantemente<br />

masculina, representando 73% do total. Porém, o número de mulheres que dirigem a<br />

agroindústria não deixa de ser representativo ao se considerar que essa é uma atividade,<br />

preconceituosamente, masculina.<br />

A faixa etária dos beneficiadores pode ser visualizada na Figura 4. De acordo com os<br />

resultados, 54% dos entrevistados se encontram na faixa etária de 46 a 55 anos, 20% estão<br />

acima de 55 anos. Apesar das pessoas entrevistadas se declararem desmotivadas com a<br />

atividade após tantos anos de dedicação, não podem parar de trabalhar com a única<br />

“profissão” que aprenderam até então. Caso deixassem de exercer suas atividades na casa de<br />

farinha dificilmente encontrariam outro emprego. Além da idade, outro fator que dificulta a<br />

absorção no mercado de trabalho dos pesquisados pertencentes à faixa etária supracitada se<br />

deve ao fato desses não disporem de uma qualificação aceitável.<br />

Figura 4 - Faixa etária dos beneficiadores de mandioca.<br />

Fonte: Pesquisa de campo, 2007.<br />

Em termos de escolaridade, 27% não são alfabetizados ou alfabetizados apenas (53%).<br />

Essa situação se “justifica” pelo fato dos mesmos começarem a trabalhar desde cedo sendo<br />

dificultada a oportunidade de estudar, diminuindo consideravelmente suas chances de<br />

conseguir outro emprego. Tal idéia é corroborada por Drucker (2002) ao inferir que aqueles<br />

que abandonam a escola na idade em que antigamente se “diplomavam” para ingressar na<br />

força trabalhadora braçal, são fracassados, abandonados e rejeitados. A Figura 5 apresenta o<br />

nível de escolaridade dos pesquisados.<br />

Figura 5 - Nível de escolaridade dos entrevistados.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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Fonte: Pesquisa de campo, 2007.<br />

Constatou-se que 80% dos entrevistados já trabalham nesse empreendimento há mais<br />

de 20 anos. Um indivíduo que trabalha muito tempo em determinada atividade pode tornar-se<br />

refém de um único padrão econômico de produção. O grande problema, nesse caso específico,<br />

é que muitos não tinham e/ou não têm outra forma de prover o sustento familiar, tanto que<br />

74% dos entrevistados afirmaram trabalhar com essa atividade por não possui outra, apenas<br />

13% disseram trabalhar por gostar do ofício e 13% acreditam ser um negócio lucrativo.<br />

Conforme os dados levantados, 67% dos entrevistados afirmaram se preocupar com a<br />

qualidade de seus produtos, entretanto, pela observação direta dos pesquisadores, tal resultado<br />

é contestável, pois em todos os estabelecimentos visitados havia sinais de má higiene tais<br />

como: funcionários trabalhando sem uniformes adequados e equipamentos necessários e a<br />

matéria-prima raspada espalhada pelo chão se misturando com a terra proveniente da casca da<br />

mandioca, dentre outros, que influenciam negativamente na qualidade dos produtos. Tal<br />

afirmativa é corroborada por Feltre (2006) ao ressaltar que para o produto ter qualidade é<br />

necessário um controle sanitário rígido que perpasse desde a produção agrícola até a<br />

comercialização.<br />

Dentre os beneficiadores somente 13% produz a própria mandioca em terras<br />

arrendadas e os demais adquirem de terceiros.<br />

Constatou se, ainda, que 20% dos entrevistados pagam frete pela entrega da matériaprima,<br />

outros 20% possuem transporte próprio, enquanto que 60% recebem a mandioca<br />

diretamente na agroindústria sem custos.<br />

A base de sobrevivência socioeconômica desses beneficiadores e seus familiares está<br />

na casa de farinha, tanto que 93% dos pesquisados tem a atividade como sua única fonte de<br />

renda.<br />

O valor máximo obtido com atividade é de R$760,00 por mês, o que representa um<br />

valor insatisfatório ao se considerar o trabalho. Mais insatisfatório, ainda, é obter ganhos<br />

inferiores a R$380,00 por mês, o que ocorre com 33% dos entrevistados. Quando a renda<br />

familiar se encontra abaixo de um salário mínimo é possível que vários itens, entre eles uma<br />

alimentação satisfatória, possam ficar comprometidos, gerando perdas em qualidade de vida<br />

para todo o núcleo familiar. A Figura 6 apresenta pontualmente os ganhos mensais dos<br />

produtores de farinha e derivados.<br />

Figura 6 - Renda mensal em Salários Minimos <strong>–</strong> SM.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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Fonte: Pesquisa de campo, 2007.<br />

De acordo com as informações dos entrevistados os ganhos obtidos hoje com as<br />

pequenas agroindústrias da mandioca são acentuadamente menores aos de anos atrás, fato que<br />

possivelmente contribuiu para a diminuição do número de casas de farinha em funcionamento<br />

no bairro.<br />

O Quadro 2 apresenta os bens adquiridos pelos pesquisados com a renda oriunda das<br />

casas de farinha. Os dados apresentados confirmam que o retorno financeiro dos<br />

beneficiadores são baixos. Foram poucos os que conseguiram adquirir bens com a renda<br />

advinda do beneficiamento da mandioca.<br />

Quadro 2 - Bens adquiridos com a renda oriunda das casas de farinha.<br />

Bens Porcentagem dos entrevistados (%)<br />

Carro 20%<br />

Geladeira 47%<br />

Televisão 67%<br />

Aparelho de som 47%<br />

Microondas 0%<br />

Móveis 40%<br />

Imóveis 13%<br />

Fonte: Pesquisa de campo, 2007.<br />

As casas de farinha de Campinhos ainda apresentam características rústicas, são<br />

estabelecimentos, na maioria das vezes, sem nome, sem fachada, pois foram constituídas<br />

como forma autônoma de garantir o sustento familiar. Conforme Drucker (2002), para se<br />

fortalecer a empresa é preciso pensar no futuro e fazer algo que leve ao sucesso desejado.<br />

Porém, para isso é necessário esquecer o passado e traçar metas para o futuro. Em tempos de<br />

rápidas mudanças esse fato também pode ter colaborado para a redução de ganhos dos<br />

produtores de farinha.<br />

Ao serem questionados se houve melhorias nas suas vidas a partir do momento que<br />

começaram a trabalhar com casas de farinha, 7% declararam que melhorou muito, 59% que<br />

melhorou razoavelmente, 27% que melhorou pouco, outros 7% declararam não ter melhorado,<br />

enquanto que nenhum declarou ter piorado. Com isso, identifica-se uma situação muito<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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contrastante, a agroindústria da mandioca gera renda e melhora a vida dos produtores de<br />

farinha, mas tal renda é, e está se tornando cada vez mais, insatisfatória.<br />

Quando indagados sobre a porcentagem do lucro que é reinvestido na atividade, eles<br />

se voltam para a mesma questão da pouquíssima rentabilidade do negócio, o que os impede de<br />

reverter ganhos significativos para a agroindústria. Dos pesquisados 87% afirmaram não ter<br />

feito melhorias nas casas de farinha nos últimos anos, alegando falta de capital e 54% dos<br />

produtores não reinvestem nas suas casas de farinha. Dificilmente uma atividade se<br />

desenvolve sem obter investimentos periódicos. Na Figura 7 podem ser visualizados dados<br />

mais precisos sobre a porcentagem do lucro que é reinvestido no empreendimento.<br />

Figura 7 - Percentual do lucro reinvestido.<br />

Fonte: Pesquisa de campo, 2007.<br />

Aos serem questionados sobre o que poderia ser feito para melhorar a rentabilidade do<br />

negócio, 93% dos entrevistados apontaram incentivos como a melhor ferramenta de apoio.<br />

Além disso, 100% dos entrevistados declararam não receber nenhum tipo de incentivo.<br />

Foi identificado, durante a pesquisa, a completa inexistência de noções básicas de<br />

gestão nos estabelecimentos, entre os entrevistados apenas um declarou realizar<br />

informalmente o planejamento em seu negócio, enquanto 100% dos questionados<br />

responderam que não utilizam nenhuma ferramenta de controle e nem avaliam os resultados.<br />

Traçar metas, criar objetivos, analisar custos, planejar as vendas e fazer orçamentos não<br />

fazem parte da rotina administrativa dos beneficiadores e tudo o que sabem sobre a forma de<br />

conduzir o negócio, aprenderam com seus antepassados. Muitas das práticas que antes surtiam<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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efeitos positivos, hoje já estão obsoletas e não se adequam mais ao ambiente competitivo no<br />

qual estão inseridos. Uma gestão eficiente e eficaz pautada em princípios administrativos<br />

onde houvesse planejamento, organização, direção e controle juntamente com a experiência<br />

adquirida pelos beneficiadores ao longo dos anos poderiam restaurar a rentabilidade da<br />

agroindústria e gerar um número maior de empregos e renda, contribuindo para a<br />

sustentabilidade econômica do bairro.<br />

De acordo com Batalha (2001) planejar e controlar são aspectos cruciais para o<br />

sucesso das organizações, pois quem planeja se prepara para o futuro, e quem controla sabe<br />

mais sobre o andamento de sua empresa, identifica o que está inadequado, corrige e traça<br />

novos planos. Nesse caso específico em que os estabelecimentos possuem características<br />

rurais, o planejamento é o item mais importante, planejando o produtor poderá determinar o<br />

que, quando, quanto e porque produzir. Terá mais chances de identificar qual produto dentro<br />

do seu setor produtivo lhe fornece maior retorno financeiro para assim se especializar nesse.<br />

Se todos os beneficiadores encerrassem suas atividades nas casas de farinha poderiam<br />

provocar diversos prejuízos sociais e econômicos não só para Campinhos, mas também para<br />

todo o município, como a possibilidade de dezenas de pessoas ficarem desempregadas<br />

aumentando a massa de excluídos e marginalizados no processo econômico de Vitória da<br />

Conquista.<br />

O desemprego é uma forma de violação da cidadania. Para aqueles que não tiveram a<br />

oportunidade de nascer em uma família com recursos, só o trabalho lhe garante a<br />

sobrevivência. As condições mínimas de sobrevivência como a alimentação, vestimenta,<br />

educação, saúde e cultura que garantem a cidadania podem ser comprometidas a não ser que<br />

saiam do bairro e aprendam outra atividade.<br />

Outro prejuízo seria a falência do agronegócio da mandioca em Campinhos que,<br />

conforme o SEBRAE (2003) é a cultura econômica mais importante do estado da Bahia.<br />

Provavelmente o caminho para a manutenção da atividade seria revitalizar as casas de<br />

farinha, incentivar o desenvolvimento, capacitar e capitalizar os beneficiadores, visto que uma<br />

de suas maiores dificuldades é a falta de capital, seguida pela falta de investimentos e falta de<br />

capacitação. As mesmas dificuldades também foram apontadas por Cardoso (2005) que<br />

enfatiza ser essa uma cultura explorada principalmente por pequenos produtores, sem capital e<br />

com dificuldade de acesso ao crédito.<br />

5. CONCLUSÃO<br />

A agroindústria da mandioca é um dos sistemas produtivos mais importantes para<br />

pequenas comunidades brasileiras. Essa modalidade de produção influencia diretamente no<br />

crescimento econômico do país.<br />

Quando o Estado falha em cumprir seu papel de prover o desenvolvimento conjunto e<br />

integrado para todos, tanto no âmbito econômico quanto social, alguns cidadãos se obrigam a<br />

buscar alternativas que lhes garanta o sustento. É justamente nesse contexto, conforme a<br />

presente pesquisa, que surge a agroindústria da mandioca em Campinhos, como alternativa de<br />

garantia da subsistência.<br />

Foram identificadas várias dificuldades enfrentadas pelos beneficiadores tais como:<br />

descapitalização falta de conhecimentos gerenciais, falta de incentivos, infraestrutura<br />

inadequada, inviabilização econômica da atividade, decréscimo dos ganhos a cada ano.<br />

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,<br />

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural<br />

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Atualmente apenas 27% dos estabelecimentos conseguem uma rentabilidade superior a um<br />

salário mínimo.<br />

É imperativo que as casas de farinha exerçam forte impacto na vida social e<br />

econômica dos produtores, visto que 93% desses obtêm ganhos oriundos exclusivamente<br />

dessa atividade. Contudo, na atual conjuntura onde o retorno financeiro está cada vez mais<br />

baixo, é possível que, em um curto espaço de tempo, os entrevistados tenham maiores<br />

dificuldades em permanecer trabalhando nas casas de farinha. Se isso vier a acontecer<br />

aumentará o número de pessoas desempregadas em Campinhos e por não possuírem a<br />

oportunidade de desfrutar de uma base escolar satisfatória, é provável que se incluam na lista<br />

de excluídos do processo econômico de Vitória da Conquista.<br />

Pelo exposto é possível perceber que os beneficiadores precisam de apoio<br />

emergencial, tanto em termos financeiros quanto em gerenciais, para que mantenham a<br />

empregabilidade e para que possam criar novas vagas a outros.<br />

Dada a relevância socioeconômica da atividade, contrastante com a atual realidade<br />

identificada em Campinhos, recomenda-se a realização de trabalhos futuros, com o intuito de<br />

confrontar dados. A realização de pesquisas e a proposição de medidas e soluções alternativas<br />

em outras comunidades que beneficiem a mandioca; como também, dos cooperados da<br />

Coopasub para analisar seu papel no desenvolvimento dos beneficiadores atuantes no<br />

sudoeste baiano seriam de grande importância para a região.<br />

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