30.04.2013 Views

Neurose obsessivo- compulsiva: estudo formal e terapêutica de um ...

Neurose obsessivo- compulsiva: estudo formal e terapêutica de um ...

Neurose obsessivo- compulsiva: estudo formal e terapêutica de um ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Anéiice Psicológica (19i9), li, 2Sü3410<br />

<strong>Neurose</strong> <strong>obsessivo</strong>- <strong>compulsiva</strong>:<br />

<strong>estudo</strong> <strong>formal</strong> e <strong>terapêutica</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> caso<br />

INTRODUÇÃO<br />

A neurose obsessiva está para a terapia com-<br />

portamental como a epilepsia está para a psi-<br />

quiatria orgânica e a histeria para a psicanálise.<br />

I3 frequente os terapeutas comportamentais<br />

consi<strong>de</strong>rarem que as suas técnicas <strong>de</strong> interven-<br />

ção vieram, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maneira geral, modificar o<br />

prognóstico da neurose <strong>obsessivo</strong>-<strong>compulsiva</strong>.<br />

Perturbação consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> prognóstico reser-<br />

vado, fracos eram os resultados até então con-<br />

seguidos através das formas aclássicas» <strong>de</strong> in-<br />

tervenção; a psicanálise, a leucotomia e a psico-<br />

farmacoterapia.<br />

Vários têm sido os <strong>estudo</strong>s estatísticos feitos<br />

pelos diversos terapeutas no sentido <strong>de</strong> expli-<br />

citarem em termos «objectivos» a eficácia das<br />

suas técnicas. Assim, M. Sternberg (1974), ci-<br />

tando estatísticas <strong>de</strong> vários autores, possibili-<br />

ta-nos constatar que a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sucesso da leu-<br />

cotomia é cerca <strong>de</strong> 50% o que correspon<strong>de</strong> a<br />

<strong>um</strong>a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s entre o su-<br />

cesso e o fracasso. Também Robert Cawley<br />

(1974), citando <strong>um</strong> trabalho realizado na Ta-<br />

vistock Clinic com <strong>obsessivo</strong>-compulsivos refere<br />

<strong>um</strong> nível <strong>de</strong> sucesso da or<strong>de</strong>m dos 59 %.<br />

* F. D. R. é psicólogo e médico. Professor <strong>de</strong> Psi-<br />

cologia Clínica Experimental no Instituto Superior <strong>de</strong><br />

Psicologia Aplicada.<br />

FILIPE D. REIS *<br />

Quanto à terapia comportamental, Victor<br />

Meyer (1974) obteve resultados <strong>de</strong> sucesso da<br />

or<strong>de</strong>m dos 7596, n<strong>um</strong> <strong>estudo</strong> terapêutico com<br />

neuróticos obsèssivos.<br />

Embora tais trabalhos mereçam <strong>um</strong>a aná-<br />

lise <strong>de</strong>talhada que <strong>de</strong>va consi<strong>de</strong>rar aspectos que<br />

vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as características clínicas dos sujei-<br />

tos às motivações para o tratamento, ao nú-<br />

mero <strong>de</strong> sessões realizadas e <strong>estudo</strong>s catamné-<br />

sicos, para somente citar alguns dos que<br />

afectam significativamente os resultados, eles<br />

dão-nos <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ia da «potencialida<strong>de</strong>» terapêu-<br />

tica das diversas técnicas.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que cada técnica tem <strong>um</strong> valor<br />

relativo, variável com a sua incidência mais<br />

n<strong>um</strong>a ou outra área, Robert Cawley (1974)<br />

comparou as diversas técnicas, relativamente as<br />

áreas <strong>de</strong> predominância <strong>de</strong> efeitos, como se<br />

verifica no quadro I.<br />

O caso que vamos seguidamente analisar<br />

trata <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mulher com o diagnóstico psiquiá-<br />

trico <strong>de</strong> neurose <strong>obsessivo</strong>-<strong>compulsiva</strong>, tendo<br />

sido tratada no âmbito das activida<strong>de</strong>s do<br />

G.E.T.R.I.<br />

' Grupo, já extinto, <strong>de</strong> Estudos e Terapia Reflexo-<br />

lógica do Hospital Júlio <strong>de</strong> Matos, orientado pelo<br />

Dr. Afonso <strong>de</strong> Albuquerque, <strong>um</strong> dos introdutores da<br />

apsicoterapia comportamental, no nosso país. Trata-<br />

va-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> grupo <strong>de</strong> trabalho constituído por psi-<br />

quiatras, psicólogos, médicos e estudantes <strong>de</strong> Psico-<br />

logia.<br />

303


QUADRO I<br />

COMPARAÇAO DOS VAMOS TIPOS DE TRATAMENTO<br />

Principais tips <strong>de</strong> tratamento<br />

incidências do<br />

tratamento Terapia Psicoterapia Psicoterapia Psicoterapia<br />

comport. Psicofam. sens iato in<strong>formal</strong> <strong>formal</strong><br />

Sintomas<br />

Perturbações fisiológicas<br />

Anomalias comportamentais<br />

Adaptaçáo pessoal<br />

Mal-estar subjectivo<br />

Perturbações intrapsíquicas<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

M. C. foi enviada ao Grupo pelo seu psiquia-<br />

tra após vários meses <strong>de</strong> tratamento psicofar-<br />

macológico sem obtenção <strong>de</strong> resultados terapêu-<br />

ticos evi<strong>de</strong>ntes.<br />

Telefonista <strong>de</strong> profissão, casada e com trinta<br />

e <strong>um</strong> anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, quando a observámosz<br />

pela primeira vez, em 15 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1974,<br />

pareceu-nos bastante ansiosa, assim como o ma-<br />

rido que a acompanhava, e com alguns precon-<br />

ceitos acerca das doenças mentais.<br />

Estabeleceu facilmente boa relação connosco<br />

mostrando-se motivada para o tratamento, que<br />

lhe foi <strong>de</strong>talhadamenie explicado após feita a<br />

anamnese.<br />

Da sua história pessoal valorizámos os se-<br />

guintes aspectos, que passamos a expor <strong>de</strong> fon-<br />

ma sucinta<br />

-forte sentimento <strong>de</strong> culpa que exprimia<br />

nas suas i<strong>de</strong>ias obsessivas e se relacionava<br />

com u m experiência sexual havida com<br />

<strong>um</strong> ex-namorado;<br />

-apesar do seu esforço para se libertar<br />

<strong>de</strong>las, estas i<strong>de</strong>ias assaltavam-lhe o pen-<br />

samento várias vezes por dia.<br />

Facto importante foi ter-nos revelado ser esta<br />

a primeira vez que <strong>de</strong>screvia a «tal» experiência<br />

actra<strong>um</strong>atizante» a <strong>um</strong> psicoterapeuta.<br />

A i<strong>de</strong>ação obsessiva provocava-lhe gran<strong>de</strong><br />

ansieda<strong>de</strong> que procurava aliviar dizendo ao ma-<br />

rido o que se tinha passado, pois caso o não<br />

fizesse receava ser por ele consi<strong>de</strong>rada como<br />

esposa «infiel», e abandonada. Contudo, tal re-<br />

dução da ansieda<strong>de</strong> era temporária. Passadas<br />

alg<strong>um</strong>as horas <strong>de</strong> novo era assaltada pela udú-<br />

a Doente tratada por nós próprios em colaboração<br />

com o Dr. Júlio Pego.<br />

304<br />

o o<br />

e<br />

o<br />

.e<br />

0<br />

e O<br />

e<br />

vida» <strong>de</strong> ter ou não contado, acabando nestas<br />

circunstâncias por voltar a <strong>de</strong>screver o sucedido.<br />

Perante esta situação preferia dar-se como<br />

«culpada» a escon<strong>de</strong>r factos comprometedores<br />

acerca dos quais tinha dúvidas <strong>de</strong> já ter ou não<br />

revelado ao marido: «se não conto o que fiz,<br />

acho que não sou boa esposa, que não lhe sou<br />

fiel».<br />

Havia quase dois anos que este conflito du-<br />

rma; a partir <strong>de</strong> então passou a contar várias<br />

vezes por dia a «experiência tra<strong>um</strong>ática» que<br />

tivera com o antigo namorado. Também a per-<br />

cepção dos objectos que <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> modo esti-<br />

vessem relacionados com aquele <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ava<br />

nela reacções fóbicas e rituais compulsivos <strong>de</strong><br />

lavagem.<br />

De alguns objectos já se tinha <strong>de</strong>sfeito, mas<br />

outros ainda se encontravam n<strong>um</strong>a gaveta na<br />

qual evitava tocar. Destes, os que maior ansie-<br />

da<strong>de</strong> lhe provocavam eram fotografias que em<br />

tempos foram manipuladas pelo ex -namorado,<br />

assim como <strong>um</strong> jogo <strong>de</strong> loto que este lhe ofe-<br />

recera.<br />

Os rituais compulsivos <strong>de</strong> lavagem fazia-os<br />

sempre que se sentia «contaminada». Ultima-<br />

mente tinham-se tordo extensivos a todos os<br />


<strong>de</strong>sculpabilização e o receio <strong>de</strong> ser par ele re-<br />

jeitada. Mais adiante voltaremos a analisar este<br />

conflito; contudo, ele somente não explica o<br />

aspecto paradoxal da repetição obsessiva dos<br />

acontecimentos vividos. Esta parece-nos ser, em<br />

parte, também <strong>de</strong>vida d ansieda<strong>de</strong> evocada pela<br />

presença <strong>de</strong> objectos ou situações simbolica-<br />

mente reactivantes da sua «culpa».<br />

A origem e evolução <strong>de</strong>ste sentimento <strong>de</strong><br />

«culpa» é o aspecto que vamos agora analisar.<br />

Dos seus antece<strong>de</strong>ntes pessoais: infância,<br />

adolescência e história familiar, não enconlrá-<br />

mos qualquer facto relevante que pu<strong>de</strong>sse ser-<br />

vir <strong>de</strong> elo <strong>de</strong> ligação, com nexo causal, para<br />

além da siia educação e preconceitos culturais<br />

relativamente d prática sexual pré-matrimonial.<br />

M. C. namorou três rapazes antes <strong>de</strong> conhe-<br />

cer o seu actual marido. O Último dos namora-<br />

dos foi aquele com o qual morreu a experiên-<br />

cia tra<strong>um</strong>atizante.<br />

Um dia, quando este se encontrava doente,<br />

foi visitá-lo. Uma vez no seu quarto refere que<br />

ele a agarrou e, puxando-a para junto <strong>de</strong> si,<br />

tentou iniciar <strong>um</strong>a relação sexual. M. C. reagiu<br />

negativamente afastando-se <strong>de</strong>le. Segundo nos<br />

disse: «ele quis aproveitar-se da situação para<br />

abusar».. . «sujando-me» (ejaculução para o ves-<br />

tido). Esta era a única experiência vivida du-<br />

rante os namoros que lhe evocava «ansieda<strong>de</strong>»<br />

e sentimentos <strong>de</strong> «culpa». Após tal facto termi-<br />

nou o namoro. Nesta altura referiu-se a este<br />

namorado como sendo aquele <strong>de</strong> quem menos<br />

gostou, não sentindo qualquer afeição por ele.<br />

Três anos <strong>de</strong>pois do seu casamento, M.C.<br />

sentiu pela primeira vez necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizer<br />

ao marido o que se tinha passado. A cousa da<br />

reactivação <strong>de</strong> <strong>um</strong> problema «adormecido» pu-<br />

receu-nos ser <strong>de</strong>vida ao facto <strong>de</strong> na altura te-<br />

mer que o marido a abandonasse. Os «ciúmes»<br />

que então sentia por este chegar tar<strong>de</strong> a casa<br />

levaram-na a achar-se «indigna» e «infiel» ao<br />

marido.<br />

Durante cerca <strong>de</strong> <strong>um</strong>a semana andou an-<br />

siosa e <strong>de</strong>primida, após o que <strong>de</strong>cidiu contar a<br />

«experiência tru<strong>um</strong>atizante» já citada. O ma-<br />

rido revelou compreensão e disse-lhe que tal<br />

facto em nada alterava a sua «afectivida<strong>de</strong>»<br />

por ela.<br />

Decorridos quatro anos M. C. começou com<br />

os rituais <strong>de</strong> lavagem. Estes, mais incupacitantes<br />

que o comportamento fóbico, ocorriam sempre<br />

que ucontactavan com objectos «sujos» ou quan-<br />

do passava por lugares também consi<strong>de</strong>rados<br />

usujos», como por exemplo a loja das hortali-<br />

ças e outros.<br />

Quando o marido teve conhecimento <strong>de</strong>stes<br />

rituais convenceu.-a a consultar <strong>um</strong> psiquiatra.<br />

Tinha nessa altura <strong>um</strong>a usin4omatologia <strong>de</strong>pres-<br />

siva». «ansieda<strong>de</strong>» e «rituais».<br />

Medicada com psicofármacos continuou a<br />

sentir-se mal, pois embora se achasse mais u<strong>de</strong>s-<br />

contraída» dormia muito e não <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ter<br />

os mesmos problemas. Andou em tratamento<br />

mais <strong>de</strong> <strong>um</strong> ano sem que obtivesse melhoras<br />

evi<strong>de</strong>ntes.<br />

No Verão <strong>de</strong> 1972, quando <strong>um</strong> dia se emo&<br />

trava n<strong>um</strong>a praia da Costa, viu o antigo namo-<br />

rado que aci<strong>de</strong>ntalmente se cruzou com ela. Sem<br />

que a tivesse visto, salpicou-a involuntaria-<br />

mente. Ficou muito ansiosa e sentiu-se como<br />

tendo sido «contaminada». Ao chegar a casa<br />

tomou banho e lavou toda a roupa que trazia<br />

consigo. A partir <strong>de</strong> então os seus problemas<br />

psicológicos agravaram-se. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

contar ao marido a «experiência tra<strong>um</strong>atizanten<br />

a<strong>um</strong>entou e havia já cerca <strong>de</strong> dois anos, até<br />

ao momerifo em que a observámos pela pri-<br />

meira vez, que contava repetidas vezes por dia<br />

o mesmo episódio. Quando o marido, por qual-<br />

quer razão, não a queria ouvir ficava ansiosa.<br />

De início a formulação que fizemos <strong>de</strong>ste<br />

caso enquadrava-se unicamente n<strong>um</strong>a concep-<br />

ção «comportamentalista». Alguns factos <strong>de</strong> or-<br />

<strong>de</strong>m cognitiva i120 eram consi<strong>de</strong>rados. A <strong>de</strong>s-<br />

continuida<strong>de</strong> lógica na evolução das perturba-<br />

Gões <strong>de</strong> M.C. levou-nos a procurar <strong>um</strong>a nova<br />

abordagem. Esta trata-se da «teoria do conflito»<br />

<strong>de</strong>corrente dos trabalhos <strong>de</strong> K. Lewin (1931) e<br />

N. E. Miller (1944) que nos possibilita relacio-<br />

nar o «comportamento aberto», explicitado pelo<br />

sujeito, com as «motivações subjacentem, assim<br />

como com as suas usignificaçõem e «fantasias».<br />

Dos vários tipos <strong>de</strong> conflito, o <strong>de</strong> uaproxi-<br />

rnução-evitaçãon presta-se para compreen<strong>de</strong>rmos<br />

o comportamento <strong>de</strong> dúvida (in<strong>de</strong>cisão) consi-<br />

<strong>de</strong>rando a dupla variação dos seus «gradientes»,<br />

respectivamente <strong>de</strong> «aproximação» e uevitaçãon.<br />

Paradigma proposto por K. Lewin, a propó-<br />

sito da «teoria <strong>de</strong> campo» e estudado <strong>de</strong> forma<br />

experimeaal por N. E. Miller, permite-nos con-<br />

ceber <strong>um</strong> «sistema <strong>de</strong> forças» a que o sujeito é<br />

submetido quando em <strong>de</strong>terminadas circuns-<br />

tâncias. Irving L. Janis (1969) empregou-o no<br />

<strong>estudo</strong> <strong>formal</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados casos clínicos.<br />

Relativamente ao caso que agora analisamos<br />

é possível constatar a existência <strong>de</strong> dois confli-<br />

tos estreitamente relacionados nas suas compo-<br />

nentes simbólicas. O primeiro ocorrendo quando<br />

da «experiência tra<strong>um</strong>atizante» com o namo-<br />

rado, on<strong>de</strong> o «impulso sexual, (componente <strong>de</strong><br />

305


aproximação) é inibido pelos «padrões morais»<br />

e afectivos (componente <strong>de</strong> evitação) e se traduz<br />

pela interiorização <strong>de</strong> <strong>um</strong> sentimento <strong>de</strong> aimpu.<br />

reza» e aculpan. O segundo ocorrendo quando<br />

da reactivação d a perturbações psicoldgicas <strong>de</strong>-<br />

vido aos «ciúmes» do marido, posteriormente<br />

agravado após o encontro aci<strong>de</strong>ntal com o na-<br />

morado na praia.<br />

O primeiro conflito dá-se quando da situação<br />

em casa do namorado. Aí a cambiguida<strong>de</strong>n ert-<br />

tre o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aproximação e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> evi-<br />

facão motivados respectivamente pelo «impulso<br />

sexual» e pelos «padrões culturais» e ansieda<strong>de</strong>,<br />

interligados por <strong>um</strong>a relação <strong>de</strong> significação, le-<br />

vam-na 6 rejeição do contacto sexual: «compo-<br />

nente <strong>de</strong> evitaçáon. Entre as duas componentes<br />

estabelece-se <strong>um</strong> ciclo vicioso que só é rompido<br />

quando o namorado a força ao contacto sexual.<br />

O que reactivamente a faz sentir-se «impura»<br />

e «culpada». Mais tar<strong>de</strong>, quando já casada e<br />

tendo como factor <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante os atrasos<br />

sistemáticos do marido, dá-se a reactivação dos<br />

sentimentos <strong>de</strong> culpa agora traduzidos na re-<br />

presentação projectiva do «ciúme» e da «infi<strong>de</strong>-<br />

lida<strong>de</strong>» que lhe provoca simultaneamente o we-<br />

ceio <strong>de</strong> ser abandonada». Estabelece-se <strong>de</strong>ste<br />

mdo <strong>um</strong>a relação significativa entre o presente<br />

e as experiências vividas n<strong>um</strong> passado relativa-<br />

mente longinquo, que se traduz por <strong>um</strong>a in<strong>de</strong>ci-<br />

são entre o dizer e o não-dizer.<br />

O segundo conflito <strong>formal</strong>iza-se da seguinte<br />

maneira: o factor <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante é, como já<br />

dissemos, a «ausência» do marido que <strong>de</strong>sperta<br />

nela os sentimentos <strong>de</strong> «culpada», <strong>de</strong> ainfieln e<br />

uimpuran. Estes motivam-na a contar o suce-<br />

dido: «componente <strong>de</strong> aproximaçáu». Por outro<br />

lado temos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar as consequências,<br />

como o medo <strong>de</strong> ser abandonada, que a levant<br />

a i120 contar: «componente <strong>de</strong> evitação». Esta<br />

componente inibe a primeira, criando-se assim<br />

<strong>um</strong> ciclo vicioso <strong>de</strong> activação-inibição.<br />

Através <strong>de</strong> <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> «racionalização»<br />

M. C. consi<strong>de</strong>ra preferível contar o sucedido<br />

(experiência tra<strong>um</strong>atizante) do que dar-se como<br />

aculpadan. Esta forma <strong>de</strong> reduzir a tensão emo-<br />

cional leva 2 formação <strong>de</strong> novo ciclo vicioso<br />

on<strong>de</strong> a mediação da ansieda<strong>de</strong> e o surgimento<br />

<strong>de</strong> outros factores contribuíram para perpetuar<br />

ap suas perturbações. Estes outros factores são,<br />

por <strong>um</strong> lado, a redução temporária da ansie-<br />

da<strong>de</strong> (<strong>de</strong>sculpabilização) quando <strong>de</strong>screve o<br />

sucedido, por outro a generalização dos sinto-<br />

mas a novas situações (generalização semântica).<br />

E assim que compreen<strong>de</strong>mos o seu compor-<br />

tamento quando salpicada na praia. Por se con-<br />

306<br />

si<strong>de</strong>rar aimpura, e wujm generaliza a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

acontaminaçãon. A lavagem <strong>compulsiva</strong> e ritua-<br />

lizada é pois <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> purificação que a<br />

alivia temporariamente da ansieda<strong>de</strong> provocada<br />

pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estar «suja,.<br />

A fobia dos contactos inicialmente restrita Q<br />

objectos que pu<strong>de</strong>ssem evocar a experiência<br />

tra<strong>um</strong>atizante generaliza-se e o seu amundo>><br />

vai ficando progressivamente mais contaminado.<br />

Neste sentido po<strong>de</strong>mos dizer que a neurose<br />

<strong>obsessivo</strong>-<strong>compulsiva</strong> é <strong>um</strong>a perturbação que<br />

evolui para forms cada vez mais incapacitantes.<br />

O TRATAMENTO<br />

Foi com este quadro: ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pressão,<br />

fobias, rituais e i<strong>de</strong>ação obsessiva, que encon-<br />

trámos M. C. pela primeira vez.<br />

A sua expectativa no tratamento era gran<strong>de</strong><br />

e logo nas primeiras sessões tivemos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfa-<br />

zer alguns preconceitos, relativos h «loucura»,<br />

que muito a preocupavam. Durante as primei-<br />

ras cinco sessões fizemos <strong>um</strong>a análise <strong>de</strong>talhada<br />

das siias queixas. O plano terapêutico elaborado<br />

na altura tinha por objectivo quebrar os «cír-<br />

culos viciosos» que perpetuam as relações sig-<br />

nificantes e atitu<strong>de</strong>s reguladoras do comporta-<br />

mento ina<strong>de</strong>quado e incapacitante. A vida pro-<br />

fissional <strong>de</strong> M. C. há já alg<strong>um</strong> tempo vinha<br />

sendo afectada. Deprimida e irritável, dificil-<br />

mente se relacionava com os colegas <strong>de</strong> traba-<br />

lho e os clientes.<br />

As técnicas <strong>terapêutica</strong>s adoptadas foram a<br />

«mo<strong>de</strong>lagem» e a «exposição» em imaginação<br />

e ao vivo, na última sessão em sua casa.<br />

Ao longo <strong>de</strong> todo o tratamento foram feitas<br />

doze sessões. Em todas se teve em conta a im-<br />

portância da modificação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, pelo que<br />

foi dado gran<strong>de</strong> ênfase h «reestruturação cog-<br />

nitiva».<br />

Preten<strong>de</strong>ndo dissociar a ansieda<strong>de</strong> das «re-<br />

presentações mentais» que a evocavam, os tera-<br />

peutas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ensinarem M.C. a controlar<br />

a ansieda<strong>de</strong> através da relaxação muscular, fun-<br />

cionaram como agentes mo<strong>de</strong>ladores <strong>de</strong> con-<br />

duta manipulando na sua presença os objectos<br />

que receava. Este facto, tal como foi estudado<br />

por Bandura (1969), além <strong>de</strong> motivar o sujeito


para enfrentar a situação que teme produz nele<br />

<strong>um</strong>a «extinção vicarianten.<br />

Foram feitos vários exercícios ao longo das<br />

sessões. Pela décima, iniciou-se a «exposição<br />

em imaginação», que consistiu na indução da<br />

ansieda<strong>de</strong> através da visualização da «cena trau-<br />

matizante». Reagindo inicialmente com forte<br />

ansieda<strong>de</strong>, progressivamente a foi controlando<br />

até que por fim tal imagem já lhe era indife-<br />

rente. N<strong>um</strong>a das últimas sessões, eni sua casa,<br />

M. C. mostrou-se extremamente colaborante e<br />

rapidamente superou as poucas dificulda<strong>de</strong>s que<br />

ainda tinha.<br />

AS VARIAVEIS<br />

O controle das variáveis reveste-se <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para os psicoterapeutas comporta-<br />

mentais. E através <strong>de</strong>le que se po<strong>de</strong> avaliar a<br />

evolução das «atitu<strong>de</strong>s» e «sintomas, do su-<br />

jeito. Foi feito com «auto-avaliadores, (escala<br />

subjectiva <strong>de</strong> oito pontos), «escala <strong>de</strong> sintomas»<br />

e <strong>um</strong>a «escala <strong>de</strong> conotação <strong>de</strong> conceitos»<br />

Relativamente A «auto-avaliação» <strong>de</strong> fobias,<br />

evitações e ansieda<strong>de</strong>, feita no início <strong>de</strong> cada<br />

sessão, notou-se <strong>um</strong> progressivo <strong>de</strong>créscimo das<br />

dificulda<strong>de</strong>s sentidas pelo sujeito, como s0<br />

observa no quadro I1<br />

QUADRO II<br />

AUTO-AVALIAÇAO (O a 8) *<br />

sessm Ansieda<strong>de</strong> Fobias Evitaçóes<br />

2."<br />

3."<br />

4:<br />

5."<br />

6.'<br />

7."<br />

8.'<br />

1 O."<br />

11."<br />

12."<br />

Catamnese **<br />

6<br />

5<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1,5 1,4<br />

2<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1,s<br />

1.2<br />

0,6<br />

1<br />

O<br />

O<br />

~<br />

* Valores médios para cada <strong>um</strong> dos sintomas.<br />

** Catamnese efectuada quatro anos e meio após o tratamento.<br />

3 Adaptação do adiferenciador semânticos com<br />

<strong>um</strong>a só dimensão, a avaliativa, <strong>de</strong>stinada a <strong>de</strong>termi-<br />

nar a variação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s ao longo das sessões tera-<br />

pêuticas.<br />

Também a «avaliação <strong>de</strong> sintomas, revelou<br />

gran<strong>de</strong> diferença entre o início e o fim do tra-<br />

tamento. Sendo neste questionário a cotação<br />

máxima possível igual a 90 pontos, M. C. obteve<br />

inicialmente 50, e no fim apenas 7 pontos.<br />

Quanto h «escala <strong>de</strong> conotação semântica <strong>de</strong><br />

conceitos» foi utilizada para avaliar a mu-<br />

dança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s através dos seguintes concei-<br />

tos: «objectos oferecidos,, «namorado», ma-<br />

rido» e «eu-própria)). Aplicada em quatro das<br />

sessões os seus valores revelam <strong>um</strong>a evolução<br />

para a «neutralida<strong>de</strong>», Si excepção do conceito<br />

<strong>de</strong> «maridor, que permanece sempre com <strong>um</strong>a<br />

«conotação positiva». Veja-se o quadro 111.<br />

QUADRO I11<br />

CONOTAÇAO SEMÂNTICA DE CONCEITOS<br />

Conceitos<br />

início do Fim do<br />

tratamento tratamento<br />


QUADRO IV<br />

AVALIADOR INDEPENDENTE<br />

A W Pré-tratamento Pós-tratamento<br />

Fobias<br />

Evitações<br />

DepreSSãO<br />

Ansieda<strong>de</strong><br />

Sint. obses.9.-compuls.<br />

Adaptação profissional<br />

Adaptação doméstica<br />

Tempos livres<br />

Adaptação sexual<br />

Adaptação social<br />

Adaptação familiar<br />

DISCUSSÃO<br />

2-8<br />

5,6<br />

3<br />

4<br />

4<br />

2<br />

4<br />

1<br />

4<br />

5<br />

O<br />

Alguns dos aspectos susceptíveis <strong>de</strong> provo-<br />

carem discussão relacionam-se obviamente com<br />

as questões já clássicas; simples tratamento dos<br />

sintomas, permanência do conflito intrapsíquico<br />

e a consequente substituição <strong>de</strong> sintomas.<br />

Quer <strong>um</strong> quer outro relevam <strong>de</strong> expectativas<br />

teóricas que <strong>de</strong> facto não encontraram, <strong>de</strong> forma<br />

evi<strong>de</strong>nte, confirmação na catamnese por nós<br />

efectuada, quatro anos e meio após o trata-<br />

mento. Havemos <strong>de</strong> referir, contudo, <strong>um</strong>a dis-<br />

função sexual surgida posteriormente ao trata-<br />

mento e por nós consi<strong>de</strong>rada como <strong>um</strong>a come-<br />

quência da dinâmica afectiva do casal. Aqui a<br />

nossa dúvida.. .<br />

Outro dos aspectos teóricos cuja consi<strong>de</strong>ra-<br />

ção nos parece pertinente refere-se a conceptua-<br />

lização dos rituais e ao seu valor funcional.<br />

Trata-se sem dúvida <strong>de</strong> <strong>um</strong> problema teórico<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse, dadas as implicações tera-<br />

pêuticas que tem neste tipo <strong>de</strong> intervenção.<br />

Para muitos dos terapeutas comportamentais<br />

os rituais compulsivos constituem padrões<br />

aprendidos por ensaio e erro, tendo a propria<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong>, ao mesmo tempo que reduzem a ansie-<br />

da<strong>de</strong>, serem reforçados por esta, que actua as-<br />

sim como <strong>um</strong> reforço negativo. Contudo duas<br />

questões se nos põem: a) como explicar, pois,<br />

segundo esta óptica, que em quadros clínicos<br />

semelhantes haja também gran<strong>de</strong> semelhança<br />

nas formas ritualísticas <strong>de</strong> reduzir a ansieda<strong>de</strong><br />

(evitaçíjes, fugas e comportamentos <strong>de</strong>slocados)?<br />

2<br />

2<br />

O<br />

Será que <strong>um</strong>a ta3 semelhança se po<strong>de</strong> explicar<br />

somente através <strong>de</strong> <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> ensaio e<br />

erro? b) qual a relação ou relações entre a an-<br />

sieda<strong>de</strong> e os rituais compulsivos?<br />

Relativamente a primeira das questões, pare-<br />

ce-nos que <strong>um</strong> tal processo é manifestamente<br />

insuficiente para explicar a ontogénese dos ri-<br />

tuais compulsivos, <strong>um</strong>a vez que estes pressu-<br />

põem gran<strong>de</strong> similitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contingências am-<br />

bienciais para os diferentes indivíduos na mesma<br />

situação clínica. Por outro lado, também nas<br />

suas histórias clínicas nem sempre encontramos<br />

evidência da formação progressiva <strong>de</strong> padrões<br />

<strong>de</strong> resposta, os quais na maioria das vezes logo<br />

<strong>de</strong> início se mostram já muito complexos.<br />

Se em alguns casos a «racionalização, po<strong>de</strong><br />

ser a forma como o sujeito relaciona <strong>um</strong> ritual<br />

compulsivo com o seu estado emocional, como<br />

por exemplo em certos casos <strong>de</strong> cfobias <strong>de</strong> con-<br />

taminação)) on<strong>de</strong> os rituais <strong>de</strong> lavagem adqui-<br />

rem o valor simbólico do «purificação», já o<br />

mesmo arg<strong>um</strong>ento não po<strong>de</strong>rá ser utilizado<br />

quando se trata <strong>de</strong> rituais compulsivos ditos<br />

«mágicos». Nestes, parece-nos faltar qualquer<br />

relação semântica aparente entre o motivo que<br />

gera a ansieda<strong>de</strong> e a forma utilizada para a con-<br />

trolar. Nesta encruzilhada teremos <strong>de</strong> aceitar a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a «estrutura»<br />

(organização da personalida<strong>de</strong>) que nos permita<br />

compreen<strong>de</strong>r o porquê <strong>de</strong>sta relação. Isto, <strong>um</strong>a<br />

vez que nos parece também manifestamente in-<br />

suficiente a concepção skinneriana do compor-<br />

tamento «supersticioso», aqui tido como sinóni-<br />

mo <strong>de</strong> «mágico».<br />

O paradigma do condicionamento operante,<br />

ou em sua alternativa o conceito <strong>de</strong> «ansieda<strong>de</strong><br />

flutuante», que postula a generalização in<strong>de</strong>ter-<br />

minávei a estímulos, pelos quais posteriorniente<br />

seria <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada, reforçando-se assim os<br />

comportamentos «mágicos»!<br />

Para além das consi<strong>de</strong>rações já feitas, a pro-<br />

pósito dos rituais, adaptáveis a este caso agora<br />

referido, cabe aqui acentuar ainda que esta con-<br />

cepção não tem em conta os aspectos culturais<br />

e «culpabilizantes» que muitas vezes neles se en-<br />

contram. Po<strong>de</strong>ríamos citar como exemplo o


caso <strong>de</strong> <strong>um</strong> indivíduo cujas i<strong>de</strong>ias obsessivas se<br />

relacionam com sentimentos <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong>.<br />

Receava dizer-se culpado dos crimes que dia-<br />

riamente eram citados pelos meios <strong>de</strong> comuni-<br />

cação social, assim como dizer-se comunista 3s<br />

autorida<strong>de</strong>s, isto antes <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1974. Após<br />

esta data <strong>um</strong> dos aspectos do seu receio alte-<br />

rou-se passando então a temer dizer-se agente<br />

da PIDE. Este caso ilustra a relação estreita en-<br />

tre os aspectos sociais e o conteúdo das i<strong>de</strong>ias<br />

obsessivas que - apesar dos primeiros se modi-<br />

ficarem - não alteram contudo os sentimentos<br />

<strong>de</strong> «culpabiiização» e os rituais que utilizava.<br />

A i<strong>de</strong>ação obsessiva, os rituais e os compor-<br />

tamentos <strong>de</strong> evitação, constituem neste caso<br />

como que <strong>um</strong>a «estrutura» cujas relações signi-<br />

ficantes o sujeito manteve ao longo dos anos,<br />

adaptando-se às circunstâncias históricas-indivi-<br />

duais (transformações sociais e experiências<br />

tra<strong>um</strong>atizantes) sem nelas encontrar qualquer<br />

contradição lógica ou perplexida<strong>de</strong> reflexiva.<br />

Como então recorrer 2 explicação do paradoxo<br />

neurótico dada por Mowrer, citado por Brendan<br />

Maher (1966).<br />

Po<strong>de</strong>r-se-á aceitar que a relação entre o pen-<br />

samento e a acção seja incoerente enquanto a<br />

ansieda<strong>de</strong> passe a ser toda-po<strong>de</strong>rosa para os<br />

qualitativos e quantitativos assim como os fac-<br />

tores da sua manutenção os responsáveis por tal<br />

facto?<br />

RESUMO<br />

Trata-se do esrudo <strong>de</strong> <strong>um</strong> cmo clínico dia@<br />

nosticado <strong>de</strong> neurose <strong>obsessivo</strong>-<strong>compulsiva</strong> com<br />

alguns arnos <strong>de</strong> evolução e <strong>de</strong> tratamento psico-<br />

farmacológico sem melhoras evi<strong>de</strong>ntes. O autor<br />

faz <strong>um</strong>a breve análise das perturbações do su-<br />

jeito 2 luz da teoria do conflito <strong>de</strong> K. Lewin<br />

e N. Miller.<br />

O sujeito é do sexo feminino, cmada, com<br />

trinta e <strong>um</strong> ams <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e telefonista <strong>de</strong> pro-<br />

f issiio.<br />

Basicamente o tratamento seguiu os paradig-<br />

mas da ~uno<strong>de</strong>lagem» e da cexposição» (flood-<br />

ing) em imaginaçãa e ao vivo. Ao longo do pro-<br />

cesso terapêutico foi dado gran<strong>de</strong> ênfase 2 rees-<br />

truturação cognitiva.<br />

Fizeram-se doze sessões, <strong>um</strong>a das quais em<br />

casa da própria doente.<br />

Os métodos <strong>de</strong> avaliação empregues revela-<br />

ram, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maneira geral, melhoras evi<strong>de</strong>ntes<br />

no controle da ansieda<strong>de</strong>, MS fobias, evitações<br />

e rituais.<br />

Também se verificou <strong>um</strong>a mudança <strong>de</strong> auitu-<br />

<strong>de</strong>s em relação a aiguns conceitos. A adaptação<br />

social, profissional e familiar revelou melhoras<br />

consi<strong>de</strong>ráveis.<br />

dissociar?<br />

SUMMARY<br />

Aceitarmos <strong>um</strong>a outra forma <strong>de</strong> análise tendo<br />

por base os actuais conhecimentos da Etologia, This is a srudy of a clinical case diagmsed as<br />

atribuindo aos rituais <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminante filoobsessive<br />

and compulsive neurosis, evolving<br />

aiong some years and being treated by psychogenética<br />

que mesmo apesar <strong>de</strong> P"<strong>de</strong>ren1 * pbmacdogic me(uEs without improvevistos<br />

como comportamentos


xiety, fears avoidances and rituals were con-<br />

cerned. Also a change in aititu<strong>de</strong> towards same<br />

of her concepts was noticed.<br />

The social, professional and familiar adapta-<br />

tion showed cami<strong>de</strong>rable improvement.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BACHRACH. A. (1972) -Fundamentos Experimen-<br />

tais da Psicologia Clínica, Her<strong>de</strong>r, São Paulo, Bra-<br />

sil.<br />

BANDURA, A. (1969) - Principies of behavior modi-<br />

fication, Holt, Rinehari & Winston, London.<br />

BRENDAN, A. B. (1 966) - Princípios <strong>de</strong> Psicopto-<br />

logia - <strong>um</strong> Enfoque Experimental, Ediciones <strong>de</strong>1<br />

Castillo, S.A., Madrid.<br />

CAWLEY, R. (1974) - EtPsychotherapy and obsessio-<br />

na1 disor<strong>de</strong>rss, in Beech, H.R. Obessional States<br />

- Methuen’s Mmuals of Mo<strong>de</strong>rn Psychology,<br />

London.<br />

310<br />

JANIS, I. L. (1 969) - Persoidity, Harcourt, Brace<br />

and World, Inc., New York.<br />

LEWIN, K. (1931) - cEnvironrnenta1 forces in child<br />

behavior and <strong>de</strong>velopmenb, in Murchison, C. (4.)<br />

A Handbook of Child Psychology, Worcester Clark<br />

University Press.<br />

MARTIN, D. (1972) - Lemning Bused Client Cen-<br />

tered Therapy, Cole Pubiishing Company, Monte-<br />

rey, California.<br />

MEYER, V. e CHESSER, E. (1970)-Behaviour<br />

Therapy in Clinicul Psychiatry, Penguin Books,<br />

England.<br />

MEYER, V.; LEVY, R. e SCHNURER, A. (1974)-<br />

«The behavioural treatment of obsessivecompu1-<br />

sive disor<strong>de</strong>rss, in Beech, H. R. Obsessional Stu-<br />

tes - Methuen’s Manuals of Mo<strong>de</strong>rn Psychology,<br />

London.<br />

MILLER, N. E. (1944) - «Experimental studies of<br />

conflicb, in Hunt, J. Mc. V. (ed.) Personality md<br />

Behavior Disor<strong>de</strong>rs, Ronald Press, New York.<br />

STERBERG, M. (1974) - aPhysica1 treatments in<br />

obsessional disor<strong>de</strong>rss, in Beech, H. R. Obsessiond<br />

States - Methuen’s Manuals of Mo<strong>de</strong>rn Psycho-<br />

logy, London.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!