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Nota de Abertura - Instituto de Informática

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"Socieda<strong>de</strong> da Informação Global". Com esta etapa, a socieda<strong>de</strong> da informação impôs-se à escala global.<br />

Não querer ver esse facto ou dar-lhe importância menor é preten<strong>de</strong>r actuar como a avestruz que perante as<br />

dificulda<strong>de</strong>s escon<strong>de</strong> a cabeça <strong>de</strong>baixo da areia.<br />

Infelizmente, em Portugal pouco se tem <strong>de</strong>batido os problemas e as potencialida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> da<br />

informação. Aten<strong>de</strong>ndo ao seu carácter universal e à rapi<strong>de</strong>z como se expan<strong>de</strong>, a distracção nestas<br />

matérias po<strong>de</strong> custar caro ao <strong>de</strong>senvolvimento económico-social do país. Já se per<strong>de</strong>u em Portugal, na<br />

altura certa, a revolução industrial. A história não po<strong>de</strong> voltar a repetir-se com a revolução da socieda<strong>de</strong> da<br />

informação.<br />

O conceito <strong>de</strong> "Socieda<strong>de</strong> da Informação" vai buscar as suas raizes às teorizações da "Socieda<strong>de</strong><br />

Industrial" que os sociólogos do final do século passado <strong>de</strong>senvolveram, contrapondo à socieda<strong>de</strong> préindustrial<br />

ou à socieda<strong>de</strong> tradicional.<br />

Na década <strong>de</strong> setenta, começou a constatar-se que a teoria da socieda<strong>de</strong> industrial já estava <strong>de</strong>sajustada à<br />

realida<strong>de</strong> em face das profundas alterações verificadas na estrutura e na organização das economias mais<br />

evoluídas. Alguns autores começam a referir-se à socieda<strong>de</strong> pós-industrial, manifestando ainda alguma<br />

precaução quanto à caracterização da socieda<strong>de</strong> que estava a emergir. Um <strong>de</strong>sses autores é Daniel Bell<br />

que no seu livro (2) "The coming of Post Industrial Society", publicado em 1973, procura prevêr algumas das<br />

mutações que a evolução das socieda<strong>de</strong>s mais mo<strong>de</strong>rnas já indiciavam e simultaneamente lançar um<br />

amplo <strong>de</strong>bate sobre os caminhos <strong>de</strong> mudança da socieda<strong>de</strong> e reflectir sobre as direcções que se <strong>de</strong>veriam<br />

procurar apontar.<br />

Uma das teses principais <strong>de</strong> Bell é que a transicção da socieda<strong>de</strong> industrial para a socieda<strong>de</strong> pós-industrial<br />

será uma mudança mais radical do que tinha sido a passagem da socieda<strong>de</strong> pré-industrial para a<br />

socieda<strong>de</strong> industrial. Em particular, prevê que na socieda<strong>de</strong> pós-industrial não será nem a energia nem a<br />

força muscular que li<strong>de</strong>rarão a evolução, mas sim o domínio da informação. Nesta visão, os sistemas da<br />

socieda<strong>de</strong>, humanos ou organizacionais, são basicamente conceptualizados como "sistemas <strong>de</strong><br />

informação".<br />

Enquanto que na socieda<strong>de</strong> industrial a classe mais numerosa é a dos trabalhadores cuja activida<strong>de</strong> está<br />

ligada à produção industrial em massa, segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Taylor, na socieda<strong>de</strong> pós-industrial prevalece<br />

o "conhecimento", surgindo <strong>de</strong> forma predominante o emprego associado às activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> organização,<br />

educação, serviços e informação para negócios e ainda em instituições <strong>de</strong> natureza social, <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer.<br />

Um outro estudo (3) <strong>de</strong> Marc Porat analisa a evolução da mão-<strong>de</strong>-obra nos EUA <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meio do século<br />

passado até à data da publicação (em 1977) e constata que a percentagem da população activa com<br />

activida<strong>de</strong> no sector da informação cresceu constantemente, passando <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5% em 1850 para perto<br />

<strong>de</strong> 50% no final da década <strong>de</strong> oitenta. Movimento oposto é verificado com o emprego na agricultura que<br />

evolui <strong>de</strong> 45% em meados do séc.XIX para menos <strong>de</strong> 3% em 1980 e a indústria que no mesmo periodo cai<br />

<strong>de</strong> 40% para cerca <strong>de</strong> 20%. Só a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços pessoais se manteve praticamente<br />

inalterada com uma quota <strong>de</strong> 20% do emprego total.<br />

A tendência observada por Porat não parou <strong>de</strong> se acentuar. Actualmente, a percentagem <strong>de</strong> população<br />

activa no sector da informação nos EUA já ultrapassa os 60% e a Comissão Europeia estima que a Europa<br />

no ano 2000 atinja 65% <strong>de</strong> população activa neste sector.<br />

Os dois trabalhos referidos anteriormente apontam para o <strong>de</strong>spertar da socieda<strong>de</strong> da informação. Na<br />

década <strong>de</strong> oitenta muitos outros trabalhos foram publicados que evi<strong>de</strong>nciam a profunda mutação que a<br />

socieda<strong>de</strong> está a sofrer em consequência do <strong>de</strong>senvolvimento das tecnologias da informação e da<br />

comunicação.<br />

Entre estes contam-se os livros <strong>de</strong> Masuda (4) "The Information Society as Post-Industrial Society", Alvin<br />

Toffler (5) "The Third Wave", Nora e Minc (6) "The Computerisation of Society" e relatórios oficiais <strong>de</strong> diversos<br />

governos, nomeadamente "Making a Business of Information", "The Information Economy: Definition and<br />

Measurement" e "Sunrise Europe", respectivamente dos governos Inglês, Americano e da Comissão<br />

Europeia.<br />

Estes trabalhos apesar da sua diversida<strong>de</strong>, resultado <strong>de</strong> focagens e ênfases distintas, partilham alguns<br />

pontos comuns, nomeadamente o reconhecimento que as comunicações <strong>de</strong>sempenham um papel central e<br />

<strong>de</strong> importância económica crescente para as famílias, para as empresas e para os estados.

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