Nota de Abertura - Instituto de Informática

Uma Vaga Nova / Uma Nova Vaga
J. Maia Gomes - Gabinete de Estudos e Planeamento - Ministério da Educação
1. A nossa Administração Pública está condenada a ter de mudar e a razão é óbvia.
A União Europeia decidiu avançar com um conjunto significativo de iniciativas experimentais, "dez
aplicações para lançar a sociedade da informação", de modo a potenciar as forças de mercado no sentido
de induzir investimentos em redes e serviços de informação. Uma dessas aplicações, "Rede Transeuropeia
de Administrações Públicas - Governar melhor e a mais baixo custo", tem como objectivo instalar redes
interconectadas entre redes de administrações públicas da Europa, com vista a possibilitar o
desenvolvimento do programa para a Transferência de Dados entre Administrações (IDA). Posteriormente,
alargar a rede para permitir ligar as administrações públicas e os cidadãos europeus.
Ora, a concretização destes projectos obriga a que também a nossa A.P. fique ligada em rede, sendo que a
sua implementação significa uma alteração profunda na articulação institucional.
A alternativa que se nos coloca é saber se vamos aguardar que os factos aconteçam como coisas do
destino ou, pelo contrário, se pretendemos reverter a nosso favor esse movimento e fazer com que ele se
transforme, também, num factor de modernização/reorganização da nossa Administração, tão amplo e
profundo quanto possível. Depois, será necessário encontrar uma estratégia sólida e estar conscientes que
remover os "pequenos poderes" é uma guerra de longa duração que não está ganha à partida.
2. Na primeira metade da década de 60 a Administração Pública foi sacudida por uma lufada de ar fresco
que a tornaram mais dinâmica e mais aberta aos problemas da modernização/desenvolvimento.
O vento que corria à época chamava-se "Planeamento" e a questão que se punha era o como articular a
lógica do planeamento em economia de mercado.
A economia de mercado era a doutrina dominante mas aceitava-se que as forças de mercado por si sós
não garantiriam os ritmos de crescimento económico suficientemente elevados que o país exigia; e o
mesmo problema se punha quanto à orientação desse crescimento para as áreas prioritárias. "A
necessidade de planos na administração e na economia é filha da grandeza e complexidade das tarefas
colectivas que os aumentos demográficos e os altos níveis de vida da população impõem ao Estado"; quem
o disse foi Oliveira Salazar; "Se é certo que, como todas as coisas se pode fazer bom ou mau uso, a
verdade é que um governo honestamente interessado no bem estar colectivo só tem a lucrar em trabalhar
segundo planos conhecidos", eram as palavras de Marcelo Caetano.
Foi neste contexto que na Administração Pública foi feita uma enxertia com a inclusão de uma estrutura
organizativa que ficou conhecida por "Orgânica de Planeamento". Assente nos Gabinetes de Estudos e
Planeamento (GEP´s), que funcionavam nos diferentes Ministérios, formavam uma estrutura horizontal,
transversal a todos os Ministérios, e no Secretariado Técnico da Presidência do Conselho (STPC), que
funcionava como orgão central. Eram responsáveis pela elaboração e controlo de execução dos Planos de
Fomento, foram o centro de gravidade das principais decisões políticas e os difusores de uma nova
operacionalidade na A.P.
3. Hoje, comparativamente, não se trata de uma brisa mas de um autêntico furacão que perpassa o mundo
desenvolvido. Tem uma designação entre os Europeus - "Sociedade da Informação" - e os especialistas da
Prospectiva opinam que se trata de uma nova revolução industrial, cujos efeitos na economia e sociedade
não serão menores que os observados no passado