7301 justiça distributiva e teoria moral - uma ... - publicaDireito
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liberdades dos cidadãos, enquanto livres e iguais, <strong>uma</strong> vez que as instituições são<br />
ordenadas a maximizar o princípio da utilidade ou a satisfação dos desejos de forma a<br />
contribuir para o bem-estar geral. Outro ponto de distinção é que, enquanto o utilitarista<br />
concebe a sociedade como o princípio de escolha racional feita por um individuo, Ralws<br />
parte de <strong>uma</strong> visão contratualista onde há um consenso original sobre os princípios que<br />
devem reger a <strong>justiça</strong> na sociedade.<br />
III. A PERSPECTIVA DE PETER SINGER: MISÉRIA, RIQUEZA E<br />
MORALIDADE<br />
O filósofo australiano, Peter Singer, um importante e influente crítico das<br />
perspectivas morais ocidentais, sobretudo por contrariar frontalmente muitos dos<br />
preceitos judaico-cristãos e depositar no sujeito a responsabilidade de <strong>uma</strong> postura<br />
positiva para lidar com as questões éticas. Singer vem sendo amplamente estudado,<br />
principalmente no seu entendimento sobre questões relativas aos animais, ao valor da<br />
vida h<strong>uma</strong>na e sobre as questões acerca da riqueza e da pobreza, sustentando suas<br />
perspectivas por meio de argumentos morais bem sustentados. Na presente abordagem<br />
me limito a tratar apenas o terceiro ponto, riqueza e pobreza, com <strong>uma</strong> breve explanação<br />
sobre a perspectiva ética de Singer, extraída do livro "Vida Ética" do autor.<br />
Singer aproxima-se de um utilitarismo "negativo", deve-se buscar reduzir o<br />
sofrimento dos que são capazes de percebê-lo, mas também de um utilitarismo de<br />
"interesses" ou "preferências", mas mantém relações com as perspectivas hedonistas na<br />
sustentação de sua base ética. Contudo, guarda aspectos singulares em sua <strong>teoria</strong> que<br />
tornam essas classificações insatisfatoriamente precisas. Sua ética prática aposta na<br />
consciência do indivíduo o caminho para a ação ética e exige que esse a realize. Nesse<br />
sentido o aprendizado ganha importância. Na mesma linha das perspectiva de Piaget e<br />
Kohlberg[16], o autor acredita ser possível construir racionalmente <strong>uma</strong> concepção<br />
<strong>moral</strong> universal, onde o correto seria definido pela decisão da consciência de acordo<br />
com princípios éticos sustentados na compreensão, consistência e coerência.<br />
Ao sustentar suas propostas Singer apresenta suas idéias de forma bastante<br />
simples e as ilustra empiricamente. Pode-se esboçar suas acepções partindo de quatro<br />
premissas básicas, que num sentido estrito são inteligíveis pelo senso comum, mas na<br />
reflexão de suas conseqüências redimensionam radicalmente as concepções morais<br />
ocidentais. São elas:<br />
Primeiro, a noção de sofrimento e fruição, em sentido amplo, como critério ético<br />
para os juízos morais. A dor, a aflição e outros tipos de sofrimento são vistos como algo<br />
ruim, independente de quem os esteja sentindo, podendo ser avaliado <strong>uma</strong> maior ou<br />
menor quantidade de sofrimento, ainda que essa métrica não se dê com <strong>uma</strong> precisão<br />
absoluta. O sofrimento também não é a única coisa ruim, mas ontologicamente atinge<br />
<strong>uma</strong> boa base de universalização. Infligir sofrimento também não é sempre ruim (como<br />
ir ao dentista ou prender um criminoso), mas essa ação só se justifica quando<br />
relacionada a <strong>uma</strong> redução do sofrimento no futuro. A métrica é voltada ao sofrimento.<br />
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