7301 justiça distributiva e teoria moral - uma ... - publicaDireito
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tendência que tem a aumentar ou diminuir a felicidade da pessoa cujo interesse está em<br />
jogo" o que não se refere apenas à ação de um indivíduo particular , mas também a<br />
qualquer ato ou medida de governo.[9] Nesse sentido, o individuo somente possui<br />
direitos na medida que conduz suas ações para o bem da sociedade como um todo, a<br />
comunidade é vista como a soma dos interesses dos indivíduos que a integram.<br />
Na perspectiva de Bentham o interesse da comunidade em geral é compreendido como<br />
o resultado de um cálculo hedonístico, a soma dos prazeres e dores dos indivíduos. Tal<br />
fato, de certa forma ancora sua perspectiva ética a estados mentais conscientes<br />
(subjetivista) - dor e prazer. No entanto, estes são processos evolutivos de extrema<br />
importância para um organismo, ligados à preservação da integridade (dor) e a<br />
manifestação de comportamentos que levam à manutenção de sua homeostase<br />
(prazer)[10]. Não é fácil dimensionar a abrangência dessas manifestações intrincadas<br />
nos atos h<strong>uma</strong>nos. Por outro lado, ainda vinculado aos estados sensoriais do agente, J.<br />
S. Mill propõe certo escalonamento sobre os prazeres, pesando uns mais do que outros e<br />
relevando a virtude. De qualquer forma, para ambos era axiomático que nas decisões<br />
morais "cada um conte como um e nenhum conte como mais do que um"[11], ou seja,<br />
embora a maximização da utilidade fosse objetivo claro, não era o único, pois explicita<br />
o objetivo da igual consideração e respeito (princípio de <strong>justiça</strong>).<br />
Conforme visto, as três perspectivas da ética possuem pontos em comum e também<br />
diferenças cruciais. Sem dúvida há <strong>uma</strong> distancia significativa entre a perspectiva dos<br />
clássicos e as versões mais modernas das três concepções de ética estudadas. As<br />
mesmas sofreram modificações, adaptações, reestruturações etc. Porém, alg<strong>uma</strong>s<br />
características que as delimita não se perdem. Dentre essas, alg<strong>uma</strong>s concepções<br />
merecem destaque, principalmente quanto às perspectivas de como é visto o ser h<strong>uma</strong>no<br />
e a sociedade dentro de cada <strong>uma</strong> delas:<br />
A ética deontológica (principalmente a kantiana), além de não admitir a felicidade como<br />
critério para a <strong>moral</strong>idade, parte de <strong>uma</strong> concepção metafísica de ser h<strong>uma</strong>no,<br />
atribuindo um valor intrínseco a ele, derivado de sua racionalidade e diz que esse não<br />
pode ser suplantado por qualquer outro fim. Afasta-se peremptoriamente de <strong>uma</strong><br />
perspectiva mais empírica do ser h<strong>uma</strong>no atribuindo-lhe características mais próximas<br />
de <strong>uma</strong> divindade. Como esta concepção de ética tem fulcro em parâmetros rígidos<br />
(princípios, regras), parte de <strong>uma</strong> determinação do que é o justo e a universaliza, não<br />
esconde a fragilidade de que, em um lapso temporal mais amplo ou contraposto a<br />
distintas culturas, suas concepções sejam superadas. Apresenta um poder adaptativo<br />
baixo por se apoiar em <strong>uma</strong> realidade fundamentalmente criada pela razão (mesmo nas<br />
versões modernas onde os princípios são bastante complexos e possuem estratégias de<br />
solução de conflitos).<br />
Na ética teleológica há <strong>uma</strong> inversão. A noção de bem, bem-estar, felicidade é posta<br />
como fim último do ser h<strong>uma</strong>no, partindo de alg<strong>uma</strong>s observações do mesmo como: ser<br />
essencialmente social, guia suas ações por objetivos etc., mas se sustenta essencialmente<br />
na abstração de que as coisas possuem um fim. A sociedade ganha <strong>uma</strong> ênfase maior em<br />
relação aos indivíduos que a compõe - o que é bom para o indivíduo não pode se<br />
contrapor ao que é bom para a comunidade.[12]A decisão <strong>moral</strong> é dada<br />
circunstancialmente, empiricamente, busca-se superar a imparcialidade e <strong>uma</strong> pretensa<br />
universalidade ao focar o raciocínio <strong>moral</strong> como <strong>uma</strong> compreensão delimitada no<br />
espaço e no tempo. Como os fins não são dados por princípios (ou por alg<strong>uma</strong> noção<br />
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