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Dominio da consciencia.pdf - Terapiasnativas.com.br

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Divinópolis, MG, nov./dez. 2004


RESUMO<<strong>br</strong> />

Este trabalho de <strong>com</strong>pilação dos ensinamentos transmitidos pelo antropólogo Carlos<<strong>br</strong> />

Castañe<strong>da</strong>, <strong>com</strong> base em um de seus personagens principais, o mestre-feiticeiro Juan<<strong>br</strong> />

Matus, destila elementos aprimorados <strong>da</strong> doutrina dos toltecas do México antigo so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a consciência e a percepção: as mestrias <strong>da</strong> consciência e do espírito e as artes de<<strong>br</strong> />

espreitar e de sonhar. Enfatiza a recapítulação de eventos existenciais, a para<strong>da</strong> no<<strong>br</strong> />

diálogo interno e a morte, <strong>com</strong>o recursos especiais no caminho do conhecimento, e as<<strong>br</strong> />

facetas do homem de conhecimento na sua busca pela liber<strong>da</strong>de total: o caçador que<<strong>br</strong> />

busca o conhecimento, o guerreiro que luta por ele, o feiticeiro que o manipula, o<<strong>br</strong> />

vidente que o percebe. O modelo cognitivo-<strong>com</strong>portamental, revelado por Juan Matus,<<strong>br</strong> />

de maneira fragmenta<strong>da</strong> (no tempo e no espaço), e aqui unificado (no tempo e no<<strong>br</strong> />

espaço), está embasado na manipulação do ponto de aglutinação e na consciência <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

totali<strong>da</strong>de do ser . Esta nova organização <strong>da</strong> feitiçaria dos toltecas foi um dos segredos<<strong>br</strong> />

“guar<strong>da</strong>dos por si mesmos” durante anos, nas o<strong>br</strong>as de CASTAÑEDA, e se destina ao<<strong>br</strong> />

novo ciclo de feiticeiros-videntes, guerreiros ou caçadores de poder.<<strong>br</strong> />

Palavras-chave: xamanismo - feiticeiros - guerreiros - consciência - percepção -<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>portamento - auto-disciplina<<strong>br</strong> />

ii


Não somos aquilo que somos capazes de escolher,<<strong>br</strong> />

mas aquilo que temos capaci<strong>da</strong>de de atingir. 7:72<<strong>br</strong> />

Juan Matus


SUMÁRIO<<strong>br</strong> />

Prólogo 10<<strong>br</strong> />

1 A o<strong>br</strong>a de Castañe<strong>da</strong> 10<<strong>br</strong> />

2 Os ensinamentos de Juan Matus 12<<strong>br</strong> />

3 Uma aprendizagem paralela 14<<strong>br</strong> />

4 Da <strong>com</strong>pilação 16<<strong>br</strong> />

5 Amanifestação do nagual 18<<strong>br</strong> />

6 Agradecimentos e dedicatórias 19<<strong>br</strong> />

Comento 20<<strong>br</strong> />

Introdução: As três áreas de habili<strong>da</strong>des 21<<strong>br</strong> />

Capítulo 1: O ENIGMA DA MENTE 23<<strong>br</strong> />

1.1 O conhecido, o desconhecido e o incognoscível 23<<strong>br</strong> />

1.2 O mar escuro <strong>da</strong> consciência 24<<strong>br</strong> />

1.2.1 Aglomerados de emanações 26<<strong>br</strong> />

1.2.2 Faixas de consciência 28<<strong>br</strong> />

1.2.3 Seres vivos não-orgânicos * 29<<strong>br</strong> />

1.3 O <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência 31<<strong>br</strong> />

1.3.1 As alternativas e possibili<strong>da</strong>des humanas 33<<strong>br</strong> />

1.3.2 Três níveis de consciência 34<<strong>br</strong> />

1.3.2.1 Primeira atenção 35<<strong>br</strong> />

O inventário <strong>da</strong> primeira atenção 35<<strong>br</strong> />

Auto-reflexão 36<<strong>br</strong> />

1.3.2.2 Segun<strong>da</strong> atenção 37<<strong>br</strong> />

1.3.2.3 Terceira atenção 38<<strong>br</strong> />

1.3.4 A consciência intensifica<strong>da</strong> 39<<strong>br</strong> />

1.4 Os seres luminosos 40<<strong>br</strong> />

1.5 O ponto de aglutinação 40<<strong>br</strong> />

Capítulo 2: A TOTALIDADE DO SER 44<<strong>br</strong> />

2.1 Ver 45<<strong>br</strong> />

2.1.1 A voz de ver 47<<strong>br</strong> />

2.2 Vontade 48<<strong>br</strong> />

2.3 Sonhar 50<<strong>br</strong> />

2.3.1 O corpo energético 51<<strong>br</strong> />

2.4 O tonal 55<<strong>br</strong> />

2.5 O nagual 56<<strong>br</strong> />

2.6 A bolha <strong>da</strong> percepção 58<<strong>br</strong> />

iv


2.6.1 O tonal e o nagual são indescritíveis 61<<strong>br</strong> />

2.6.2 Dois corpos funcionais <strong>com</strong>pletos 62<<strong>br</strong> />

2.6.2.1. O tédio e a violência 64<<strong>br</strong> />

2.7 Centros de vitali<strong>da</strong>de 65<<strong>br</strong> />

2.7.1 O centro para decisões 65<<strong>br</strong> />

2.7.2 A instalação alienígena 65<<strong>br</strong> />

2.7.2.1 Um pre<strong>da</strong>dor <strong>da</strong>s profundezas 66<<strong>br</strong> />

2.7.2.2 Sistemas de crenças e suposições 67<<strong>br</strong> />

2.7.2.3 A som<strong>br</strong>a voadora do pre<strong>da</strong>dor 67<<strong>br</strong> />

2.7.2.4 A capa <strong>br</strong>ilhante de consciência 68<<strong>br</strong> />

2.8 O molde do homem 69<<strong>br</strong> />

2.9 A barreira <strong>da</strong> percepção 70<<strong>br</strong> />

2.10 O lugar do conhecimento silencioso 71<<strong>br</strong> />

2.11 A energia do alinhamento de emanações 72<<strong>br</strong> />

Capítulo 3<<strong>br</strong> />

O ENIGMA DO CORAÇÃO 73<<strong>br</strong> />

3.1 Uma arte aplicável a tudo 74<<strong>br</strong> />

3.2 A essência <strong>da</strong> espreita 75<<strong>br</strong> />

3.3 O lugar <strong>da</strong> não-pie<strong>da</strong>de 76<<strong>br</strong> />

3.4 Ausência de auto-importância 76<<strong>br</strong> />

3.5 A técnica <strong>da</strong> loucura controla<strong>da</strong> 77<<strong>br</strong> />

Capítulo 4<<strong>br</strong> />

O ENIGMA DO ESPÍRITO 78<<strong>br</strong> />

4.1 A ordem subjacente do abstrato 78<<strong>br</strong> />

4.1.1 Uma visão sistemática do passado 80<<strong>br</strong> />

4.2 Os cernes abstratos 81<<strong>br</strong> />

4.2.1 As manifestações do espírito 81<<strong>br</strong> />

4.2.1.1 Presságios e augúrios 82<<strong>br</strong> />

4.2.2 O assalto do espírito 83<<strong>br</strong> />

4.2.2.1 Elo de conexão <strong>com</strong> o intento 84<<strong>br</strong> />

4.2.3 As artimanhas do espírito 85<<strong>br</strong> />

4.2.4 A desci<strong>da</strong> do espírito 85<<strong>br</strong> />

4.2.5 Os requisitos do intento 88<<strong>br</strong> />

4.2.5.1 A implacabili<strong>da</strong>de 89<<strong>br</strong> />

4.2.6 A decisão do espírito 91<<strong>br</strong> />

4.2.7 A manipulação do intento 92<<strong>br</strong> />

4.2.8 Os desígnios do abstrato 93<<strong>br</strong> />

Capítulo 5: A ARTE DE SONHAR 96<<strong>br</strong> />

5.1 A arte de manejar o corpo sonhador 97<<strong>br</strong> />

5.2 A posição de sonho 98<<strong>br</strong> />

5.3 A trilha do guerreiro 98<<strong>br</strong> />

5.4 Condições de sonhar 99<<strong>br</strong> />

v


5.5 Atenção sonhadora 100<<strong>br</strong> />

5.6 Os batedores dos sonhos 102<<strong>br</strong> />

5.6.1 Exploradores de energia e consciência 104<<strong>br</strong> />

5.6.2 A consciência <strong>com</strong>bina<strong>da</strong> de batedores 106<<strong>br</strong> />

5.7 Os portões de sonhar 106<<strong>br</strong> />

5.7.1 Intentando o corpo sonhador 106<<strong>br</strong> />

5.7.1.1 O ponto de parti<strong>da</strong> 108<<strong>br</strong> />

5.7.1.2 O caminho dos feiticeiros 110<<strong>br</strong> />

5.7.1.3 As barreiras <strong>da</strong> mente 110<<strong>br</strong> />

5.7.2 Acor<strong>da</strong>ndo em outro sonho 111<<strong>br</strong> />

5.7.2.1 Seguindo os batedores 112<<strong>br</strong> />

5.7.2.2 Entrando numa zona de guerra 113<<strong>br</strong> />

5.7.2.3 Os seres inorgânicos 114<<strong>br</strong> />

5.7.2.4 Um aliado no caminho do conhecimento 117<<strong>br</strong> />

5.7.2.5 O emissário do sonho 119<<strong>br</strong> />

5.7.2.6 Labirinto de penum<strong>br</strong>a 120<<strong>br</strong> />

5.7.2.7 Expandindo a percepção 121<<strong>br</strong> />

5.7.2.8 Confrontações de vi<strong>da</strong> ou morte 122<<strong>br</strong> />

5.7.3 A fusão de duas reali<strong>da</strong>des 123<<strong>br</strong> />

5.7.3.1 Aperfeiçoando o corpo energético 124<<strong>br</strong> />

5.7.3.2 Condição geradora de energia 126<<strong>br</strong> />

O <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> luz interna 127<<strong>br</strong> />

5.7.3.3 Itens geradores de energia 128<<strong>br</strong> />

5.7.3.4 Alinhando outros mundos 129<<strong>br</strong> />

5.7.3.5 A percepção espreitadora 130<<strong>br</strong> />

5.7.3.6 Coerência e uniformi<strong>da</strong>de 131<<strong>br</strong> />

5.7.3.7 Mundos além <strong>da</strong> imaginação 133<<strong>br</strong> />

5.7.3.8 Uma nova área de exploração 134<<strong>br</strong> />

5.7.3.9 A espreita definitiva 135<<strong>br</strong> />

5.7.3.10 Viagem energética para outros mundos 136<<strong>br</strong> />

5.7.4 As ordens do espírito 137<<strong>br</strong> />

5.7.4.1 O desafiador <strong>da</strong> morte 138<<strong>br</strong> />

Capítulo 6: A RECAPITULAÇÃO 142<<strong>br</strong> />

6.1 Recontar os eventos de sua vi<strong>da</strong> 142<<strong>br</strong> />

6.1.1 Ciclos <strong>da</strong> recapitulação Z 143<<strong>br</strong> />

6.1.2 Recapitulando peças de um que<strong>br</strong>a-cabeça 145<<strong>br</strong> />

6.1.3 A voz do espírito 145<<strong>br</strong> />

6.2 Um álbum de eventos memoráveis 146<<strong>br</strong> />

Capítulo 7: NO CAMINHO DO CONHECIMENTO 148<<strong>br</strong> />

7.1 O homem de conhecimento 148<<strong>br</strong> />

7.2 Atributos do homem de conhecimento 149<<strong>br</strong> />

7.3 Os inimigos naturais do conhecimento 150<<strong>br</strong> />

7.3.1 O medo 151<<strong>br</strong> />

vi


7.3.2 A clareza 151<<strong>br</strong> />

7.3.3 O poder 152<<strong>br</strong> />

7.3.4 A velhice 153<<strong>br</strong> />

7.4 O poder pessoal 154<<strong>br</strong> />

7.5 A energia sexual 155<<strong>br</strong> />

7.6 A impecabili<strong>da</strong>de 156<<strong>br</strong> />

7.6.1 O sentido de não se ter tempo 157<<strong>br</strong> />

7.7 A importância própria 158<<strong>br</strong> />

7.8 O problema <strong>da</strong> vai<strong>da</strong>de 158<<strong>br</strong> />

7.9 O não fazer 159<<strong>br</strong> />

Capítulo 8: A ARTE DO CAÇADOR 161<<strong>br</strong> />

8.1 Ser inacessível 161<<strong>br</strong> />

8.2 As rotinas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> 162<<strong>br</strong> />

8.3 A última batalha 163<<strong>br</strong> />

8.4 A responsabili<strong>da</strong>de pelos atos 165<<strong>br</strong> />

8.5 A força de um guerreiro 166<<strong>br</strong> />

Capítulo 9: A ARTE DO GUERREIRO 168<<strong>br</strong> />

9.1 A disposição de guerreiro 169<<strong>br</strong> />

9.2 Experiência <strong>da</strong>s experiências 170<<strong>br</strong> />

9.2.1 Uma luta interminável 171<<strong>br</strong> />

9.3 Agir em vez de falar 172<<strong>br</strong> />

9.4 Escudos protetores 173<<strong>br</strong> />

9.4.1 O caminho do coração 173<<strong>br</strong> />

9.4.2 Consciência <strong>da</strong>s modificações 174<<strong>br</strong> />

9.5 A conversa interna 174<<strong>br</strong> />

9.6 Encontro <strong>com</strong> o aliado 175<<strong>br</strong> />

9.7 A idéia <strong>da</strong> morte 176<<strong>br</strong> />

9.8 Os pequenos tiranos 177<<strong>br</strong> />

9.8.1 Interação dos atributos do guerreiro 178<<strong>br</strong> />

9.8.2 Exercício de estratégia 179<<strong>br</strong> />

9.8.3 Um adversário valoroso 181<<strong>br</strong> />

9.9 O constrangimento do tonal 181<<strong>br</strong> />

9.9.1 A hora de poder 182<<strong>br</strong> />

9.10 O conhecimento assustador 182<<strong>br</strong> />

9.11 Em harmonia <strong>com</strong> o mundo 182<<strong>br</strong> />

9.12 Centímetro cúbico de oportuni<strong>da</strong>de 183<<strong>br</strong> />

9.13 A marca de um guerreiro 184<<strong>br</strong> />

9.14 A humil<strong>da</strong>de do guerreiro 185<<strong>br</strong> />

9.15 A grande aventura do desconhecido 186<<strong>br</strong> />

9.16 A ansie<strong>da</strong>de mortífera 187<<strong>br</strong> />

9.17 Uma melancolia sem razão 187<<strong>br</strong> />

9.18 Uma ponta<strong>da</strong> <strong>da</strong> tristeza universal 188<<strong>br</strong> />

9.19 Reclamações e julgamentos 188<<strong>br</strong> />

vii


9.20 As mulheres guerreiras 189<<strong>br</strong> />

9.20.1 A liberação do útero 189<<strong>br</strong> />

9.20.2 A caixa <strong>da</strong> percepção 190<<strong>br</strong> />

9.20.3 A evolução 191<<strong>br</strong> />

9.21 A alegria de um guerreiro 191<<strong>br</strong> />

Capítulo 10: MANOBRAS, TÉCNICAS E TRUQUES 193<<strong>br</strong> />

10.1 O diálogo interno 193<<strong>br</strong> />

10.1.1 O ponto de ruptura 194<<strong>br</strong> />

10.1.2 Projeção do infinito 196<<strong>br</strong> />

10.1.3 Viajando no mar escuro <strong>da</strong> consciência 196<<strong>br</strong> />

10.1.4 Ver a partir do silêncio interior 197<<strong>br</strong> />

10.1.5 Encontrar um lugar benéfico 197<<strong>br</strong> />

10.1.6 Afastando moscas e mosquitos 199<<strong>br</strong> />

10.1.7 Janelas do ser 199<<strong>br</strong> />

10.1.7.1 Movimento dos olhos 200<<strong>br</strong> />

10.1.7.2 O olhar do guerreiro 200<<strong>br</strong> />

10.1.8 A maneira certa de an<strong>da</strong>r 201<<strong>br</strong> />

10.1.8.1 Caminhar no escuro 202<<strong>br</strong> />

10.1.9 Poemas na espreita de si mesmo 202<<strong>br</strong> />

10.1.10 O impulso <strong>da</strong> Terra 203<<strong>br</strong> />

10.2 Uma forma de luta 205<<strong>br</strong> />

10.2.1 O <strong>br</strong>ado de guerra 205<<strong>br</strong> />

10.2.2 Uma postura de poder 205<<strong>br</strong> />

10.2.3 Forçar a barriga para baixo 206<<strong>br</strong> />

10.3 A destreza física e o bem-estar mental 206<<strong>br</strong> />

10.3.1 Os passes mágicos 207<<strong>br</strong> />

10.3.2 Chegar a uma pausa 209<<strong>br</strong> />

10.3.3 A energia dispersa<strong>da</strong> 210<<strong>br</strong> />

10.3.4 A energia do tendão 211<<strong>br</strong> />

10.4 Organizar-se para sonhar 212<<strong>br</strong> />

10.4.1 Escolher um tema para sonhar 211<<strong>br</strong> />

10.4.2 Encontrar as mãos no sonho 212<<strong>br</strong> />

10.4.3 Aprender a viajar 212<<strong>br</strong> />

10.5 Apagar a história pessoal 213<<strong>br</strong> />

10.6 A liber<strong>da</strong>de total 214<<strong>br</strong> />

10.7 Uma cambalhota para o inconcebível 215<<strong>br</strong> />

10.8 Espreitar a si mesmo 216<<strong>br</strong> />

10.9 Acor<strong>da</strong>ndo o intento 217<<strong>br</strong> />

10.10 Ver o molde do homem sozinho 217<<strong>br</strong> />

10.11 Cortar a atitude cínica 218<<strong>br</strong> />

10.12 Romper os parâmetros <strong>da</strong> percepção normal 219<<strong>br</strong> />

10.13 Interpretação benevolente de aquiescência 219<<strong>br</strong> />

10.14 Armazenando informação 220<<strong>br</strong> />

viii


10.15 A disciplina contra a instalação forânea 221<<strong>br</strong> />

10.15.1 A fuga dos voadores 222<<strong>br</strong> />

10.15.2 Um exercício de disciplina 223<<strong>br</strong> />

10.16 As mano<strong>br</strong>as <strong>da</strong> feitiçaria 223<<strong>br</strong> />

Capítulo 11: ENCONTRO COM O INFINITO 225<<strong>br</strong> />

11.1 A eterna caçadora 225<<strong>br</strong> />

11.1.1 A morte pessoal 226<<strong>br</strong> />

11.2 Aspectos <strong>da</strong> força rolante 228<<strong>br</strong> />

11.2.1 Viver a qualquer custo 232<<strong>br</strong> />

11.2.2 O impulso <strong>da</strong> força derrubadora 233<<strong>br</strong> />

11.3 Entre a vi<strong>da</strong> e a morte 234<<strong>br</strong> />

11.4 Opção oculta para a morte 235<<strong>br</strong> />

Capítulo 12: A ÚLTIMA TAREFA 238<<strong>br</strong> />

12.1 A encruzilha<strong>da</strong> final 240<<strong>br</strong> />

APÊNDICES: OUTRAS EXPLICAÇÕES 241<<strong>br</strong> />

A - Os guerreiros <strong>da</strong> história 242<<strong>br</strong> />

B - Vivendo <strong>com</strong> os seres inorgânicos 243<<strong>br</strong> />

C - Princípios básicos <strong>da</strong> arte de espreitar 244<<strong>br</strong> />

D - Intentar na segun<strong>da</strong> atenção 245<<strong>br</strong> />

E - Os ventos são mulheres 246<<strong>br</strong> />

F - A ro<strong>da</strong> do tempo 247<<strong>br</strong> />

G - A forma humana 249<<strong>br</strong> />

AS OBRAS DE CARLOS CASTAÑEDA 251<<strong>br</strong> />

ix


1 A o<strong>br</strong>a de Castañe<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

PRÓLOGO<<strong>br</strong> />

Carlos Cesar Castañe<strong>da</strong> Aranha (25/12/1935-27/04/1998), mestre e doutor em antropologia,<<strong>br</strong> />

nasceu em Juqueri (município do Estado de São Paulo, próximo à capital), filho de<<strong>br</strong> />

adolescentes, sendo criado por sua tia Ângela, que veio a falecer quando tinha seis anos.<<strong>br</strong> />

Viveu <strong>com</strong> os pais e <strong>com</strong> a avó Noha, dois ou três anos, após o que decidiram enviá-lo a um<<strong>br</strong> />

internato em Buenos Aires (Argentina), e, mais tarde, aos Estados Unidos. Tinha 15 anos<<strong>br</strong> />

quando chegou a São Francisco, em 1951, para viver <strong>com</strong> uma família adotiva, enquanto<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletava seus estudos na Hollywood High School - onde conheceu Bill que, anos depois,<<strong>br</strong> />

apresentou-lhe Juan Matus.<<strong>br</strong> />

De 1955 a 1959, assistiu a vários cursos profissionalizantes no City College de Los Angeles<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e criação literária, jornalismo e psicologia. Em 1959, decidiu naturalizar-se americano, adotando<<strong>br</strong> />

o nome de Carlos CASTAÑEDA (so<strong>br</strong>enome <strong>da</strong> mãe, peruana) e ingressando na Universi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Califórnia, em Los Angeles, onde se graduou em antropologia três anos mais tarde.<<strong>br</strong> />

Em 1960, na condição de estu<strong>da</strong>nte de antropologia na Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Califórnia (Los<<strong>br</strong> />

Angeles), havia iniciado uma pesquisa so<strong>br</strong>e plantas medicinais utiliza<strong>da</strong>s pelos índios do sudoeste<<strong>br</strong> />

americano, <strong>com</strong>o objeto de pesquisa para sua tese de mestrado. Foi nessa época o encontro<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o índio yaqui chamado Juan Matus, que durante cinco anos lhe ensinou conhecimentos<<strong>br</strong> />

secretos so<strong>br</strong>e as plantas alucinógenas e o iniciou nos mistérios dos novos videntes.<<strong>br</strong> />

Dessa fase resultaram um trabalho não publicado, sob o título Os Ensinamentos de<<strong>br</strong> />

Dom Juan: Um método Yaqui do Conhecimento, mencionado em Uma Estranha Reali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

(p. 11) e uma interrupção no aprendizado. Nos anos seguintes, Castañe<strong>da</strong> plenamente integrado<<strong>br</strong> />

ao mundo acadêmico, continuou seus estudos de antropologia na Universi<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

Los Angeles e publicou, em 1968, o seu primeiro livro The Teaching of Don Juan (A Erva do<<strong>br</strong> />

Diabo, no Brasil, 1974), sua dissertação de mestrado.<<strong>br</strong> />

Ao receber os primeiros exemplares <strong>da</strong> publicação, Castañe<strong>da</strong> sentiu-se na o<strong>br</strong>igação<<strong>br</strong> />

de mostrar a Don Juan o que havia feito <strong>com</strong> seus ensinamentos. O livro não causou<<strong>br</strong> />

nenhuma emoção em Don Juan, que apenas o folheou “<strong>com</strong>o se fosse um baralho” e o<<strong>br</strong> />

devolveu; entretanto, deu início a um novo ciclo de aprendizagem, ain<strong>da</strong> reforçado no uso<<strong>br</strong> />

de plantas e misturas alucinógenas, que levariam o aprendiz a novos conceitos so<strong>br</strong>e a reali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

e o <strong>com</strong>portamento de guerreiro, cujas instruções preliminares terminaram em fins de<<strong>br</strong> />

1970, transformando-se, no ano seguinte, no livro A Separate Reality (Uma estranha reali<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

no Brasil, em 1974).<<strong>br</strong> />

Alguns meses depois dessa nova interrupção do aprendizado, Castañe<strong>da</strong> passou a<<strong>br</strong> />

reexaminar seu trabalho naqueles últimos dez anos, abandonando sua suposição original de<<strong>br</strong> />

que as plantas alucinógenas eram essenciais para uma nova descrição do mundo. Em 1972,<<strong>br</strong> />

após três tentativas, aquelas partes despreza<strong>da</strong>s pelo escritor, que não pertenciam ao uso de<<strong>br</strong> />

plantas ou misturas, foram incorpora<strong>da</strong>s no âmbito total dos ensinamentos de Don Juan, e<<strong>br</strong> />

reuni<strong>da</strong>s no livro Journey to Ixtlan (Viagem a Ixtlan, no Brasil, 1974), que se tornou sua tese<<strong>br</strong> />

de doutorado, em 1973, ano <strong>da</strong> morte de seu mestre.


Em 1974, ain<strong>da</strong> sob profun<strong>da</strong> desordem emocional, provoca<strong>da</strong> pelo desaparecimento<<strong>br</strong> />

de Juan Matus, Castañe<strong>da</strong> reune os últimos ensinamentos do mestre e apresenta o<<strong>br</strong> />

segredo dos seres luminosos no livro Tales of Power (Porta para o infinito, no Brasil, 1975).<<strong>br</strong> />

Passaram-se alguns anos, antes que Castañe<strong>da</strong> voltasse a escrever. Nesse tempo,<<strong>br</strong> />

dedicou-se a esclarecer pontos obscuros e conflitantes de seu aprendizado, procurando os<<strong>br</strong> />

outros aprendizes de Don Juan, aos quais foram deixados partes do conhecimento so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

domínio <strong>da</strong> consciência. A partir de um conflituoso reencontro dos aprendizes, cujos eventos<<strong>br</strong> />

inspiraram um novo livro, publicado em 1977: The Second Ring of Power (O segundo<<strong>br</strong> />

círculo do poder, no Brasil, 1978), Castañe<strong>da</strong> foi avaliado para ser o líder do grupo – formado<<strong>br</strong> />

por outros nove aprendizes: Sole<strong>da</strong>d; Maria Helena (Gor<strong>da</strong>); Lídia, Rosa e Josefina (as<<strong>br</strong> />

irmanzinhas), Elígio, Benigno, Nestor e Pablito (os Genaros) – o que não foi aceito pela maioria,<<strong>br</strong> />

que preferiu viver suas vi<strong>da</strong>s livremente.<<strong>br</strong> />

Até essa época, Castañe<strong>da</strong> era um professor acessível, fazia palestras, ministrava<<strong>br</strong> />

cursos, concedia entrevistas e era <strong>da</strong>do a festas universitárias. Após os sucessivos reencontros<<strong>br</strong> />

tumultuados <strong>com</strong> os aprendizes, <strong>com</strong> os quais tinha uma missão indesviável, Castañe<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

entrou de corpo inteiro na “feitiçaria” e tornou-se inacessível, guiado apenas pelo sistema de<<strong>br</strong> />

crenças de Juan Matus, por sua visão do mundo e pelos ideais dos novos videntes.<<strong>br</strong> />

Decepcionado <strong>com</strong> a separação do grupo, Castañe<strong>da</strong> voltou a Los Angeles e fez<<strong>br</strong> />

uma revisão <strong>com</strong>pleta de tudo o que havia aprendido, iniciando um novo livro, publicado em<<strong>br</strong> />

1981, Eagle’s gift (O presente <strong>da</strong> Águia, no Brasil, no mesmo ano), a partir do qual passaria a<<strong>br</strong> />

registrar os eventos à medi<strong>da</strong> em que eles fossem acontecendo. Na primeira parte, a separação<<strong>br</strong> />

do grupo; na segun<strong>da</strong>, o reencontro <strong>com</strong> Maria Helena (Gor<strong>da</strong>), que lhe ajudou na revisão<<strong>br</strong> />

e, por fim, na tarefa de lem<strong>br</strong>ar dos guerreiros do grupo de Don Juan e de seu regulamento,<<strong>br</strong> />

quando se <strong>com</strong>eça delinear a história desse sistema de crenças milenar <strong>com</strong> as informações<<strong>br</strong> />

de Florin<strong>da</strong> Matus, encarrega<strong>da</strong> de <strong>com</strong>pletar a última parte do treinamento, ensinando-o<<strong>br</strong> />

a recapitular.<<strong>br</strong> />

Durante três anos, Castañe<strong>da</strong> trabalhou na recapitulação dos ensinamentos e técnicas<<strong>br</strong> />

aprendidos <strong>com</strong> os guerreiros do grupo de Juan Matus, lançando mais luzes so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />

raizes desse sistema de crenças, <strong>com</strong> ênfase para a eluci<strong>da</strong>ção do domínio <strong>da</strong> consciência.<<strong>br</strong> />

Em 1984, um novo livro foi publicado: The fire from within (O Fogo interior, no Brasil, 1985).<<strong>br</strong> />

O trabalho de recapitulação continuava, levando Castañe<strong>da</strong> a uma revisão intelectual<<strong>br</strong> />

do pensamento xamânico do México antigo, em seus aspectos mais abstratos, estimulando-o<<strong>br</strong> />

a publicar, em 1987, o livro The power of silence (O poder do silêncio, no Brasil, 1989),<<strong>br</strong> />

contendo os primeiros oito dos 21 cernes abstratos, que <strong>com</strong>põem, em seus três conjuntos,<<strong>br</strong> />

os ensinamentos so<strong>br</strong>e o conhecimento silencioso ou do espírito.<<strong>br</strong> />

Durante quinze anos (1973 a 1988), Castañe<strong>da</strong> dedicou seu tempo a recapitular os<<strong>br</strong> />

ensinamentos de Don Juan, procurando preencher os vazios ain<strong>da</strong> existentes em seu aprendizado.<<strong>br</strong> />

Com essa finali<strong>da</strong>de, reordenou to<strong>da</strong>s as lições de Don Juan so<strong>br</strong>e o sonhar, publicando<<strong>br</strong> />

o que faltava, em 1993, sob o título The art of dreaming (A arte de sonhar, no Brasil,<<strong>br</strong> />

no mesmo ano). Nesse livro, Castañe<strong>da</strong> apresenta quatro dos sete portões do sonhar, o<<strong>br</strong> />

emissário do sonho, os batedores, o desafiador <strong>da</strong> morte; menciona o seu próprio grupo, ou<<strong>br</strong> />

seja, o segundo grupo de aprendizes, formado por Florin<strong>da</strong> Donner, Taisha Abelar e Carol<<strong>br</strong> />

Tiggs, até então, mantido em segredo.<<strong>br</strong> />

Os aspectos práticos e funcionais (exercícios) <strong>da</strong> destreza e flexibili<strong>da</strong>de de um guerreiro<<strong>br</strong> />

saudável, foram revelados ao público em 1998, no livro Magical Passes (Passes mágicos,<<strong>br</strong> />

no Brasil, 1998).<<strong>br</strong> />

11


Por essa época, Castañe<strong>da</strong> concluiu também um novo processo de refinamento <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

lições de Don Juan, revisitando suas próprias o<strong>br</strong>as, até 1987, para recolher citações so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>, a morte e o universo. Elas constam do livro lançado em 1998: The wheel of time (A<<strong>br</strong> />

ro<strong>da</strong> do tempo, no Brasil, 2000), que apresenta ain<strong>da</strong> <strong>com</strong>entários so<strong>br</strong>e essas publicações.<<strong>br</strong> />

Em uma entrevista a Carmina Fort, publica<strong>da</strong> em 1991 (Conversando <strong>com</strong> Carlos<<strong>br</strong> />

Castañe<strong>da</strong>), este revelava que para <strong>com</strong>pletar os ensinamentos de Don Juan, ain<strong>da</strong> faltavam<<strong>br</strong> />

dois volumes, a serem publicados. Realmente, em 1993, foi publicado The art of dreaming (A<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> arte de sonhar), enquanto o outro esperaria o momento certo.<<strong>br</strong> />

Possivelmente, prevendo seu desaparecimento e sendo o último <strong>da</strong> linhagem de<<strong>br</strong> />

Don Juan, Castañe<strong>da</strong> preparou o que veio a ser seu último livro, concluído antes de sua<<strong>br</strong> />

morte em 27 de a<strong>br</strong>il de 1998, aos 72 anos. Um livro que apresenta uma coleção de eventos<<strong>br</strong> />

memoráveis de sua existência <strong>com</strong>o preparação para enfrentar a viagem definitiva, que se<<strong>br</strong> />

faz ao final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Essa preparação, que era um aspecto dos ensinamentos ain<strong>da</strong> não plenamente<<strong>br</strong> />

eluci<strong>da</strong>dos, foi relata<strong>da</strong> no livro The Active side of infinity, 1998 (O lado ativo do infinito,<<strong>br</strong> />

no Brasil, 2001).<<strong>br</strong> />

Segundo o jornal Los Angeles Times, Castañe<strong>da</strong> faleceu na sua casa em Westwood,<<strong>br</strong> />

Califórnia, padecendo de câncer no fígado. Coerente <strong>com</strong> seu modo de vi<strong>da</strong>, morreu <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

viveu “em meio à calma, o segredo e o mistério”. Sua morte só foi anuncia<strong>da</strong> algumas semanas<<strong>br</strong> />

depois, pelo advogado encarregado <strong>da</strong> execução de seu testamento, em que exprimia<<strong>br</strong> />

seu ultimo desejo; que o corpo fosse cremado e as cinzas espalha<strong>da</strong>s num deserto mexicano,<<strong>br</strong> />

onde os guerreiros do conhecimento um dia se encontraram.<<strong>br</strong> />

2 Os ensinamentos de Juan Matus<<strong>br</strong> />

Juan Matus (1891-1973), mestre-feiticeiro, agricultor, nascido em Yuma, no Arizona,<<strong>br</strong> />

era filho de um índio yaqui de Sonora (México) e de uma índia yuma do Arizona (EUA). Aos<<strong>br</strong> />

dez anos, em meio às guerras endêmicas de yaquis contra mexicanos, sua mãe foi <strong>br</strong>utalmente<<strong>br</strong> />

assassina<strong>da</strong> e seu pai capturado pelo exército mexicano, quando se dirigiam a Sonora.<<strong>br</strong> />

Ele e o pai foram levados para uma reserva no extremo sul, no Estado de Yucatan, onde<<strong>br</strong> />

cresceu, trabalhando nas plantações de tabaco.<<strong>br</strong> />

Um dia, já aos vinte anos de i<strong>da</strong>de, entrou numa <strong>br</strong>iga <strong>com</strong> um colega, por causa de<<strong>br</strong> />

dinheiro, e acabou levando um tiro no peito, que poderia tê-lo matado, não fosse o cui<strong>da</strong>do que<<strong>br</strong> />

lhe foi dispensado por um velho índio. Foi assim que ele conheceu o mestre-feiticeiro Julian Osório,<<strong>br</strong> />

que lhe ensinou o sistema cognitivo dos antigos xamãs toltecas e a mestria <strong>da</strong> consciência dos<<strong>br</strong> />

novos videntes, que, por sua vez, havia recebido de outro mestre-feiticeiro, Elias Ulloa. O domínio<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> arte de manipular a consciência e suas práticas e técnicas milenares foram revistas e expurga<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pelo nagual Sebastian, em meados do séc. XVIII, sob orientação de um desconhecido mestrefeiticeiro<<strong>br</strong> />

tolteca, o desafiador do morte. Os ensinamentos de Juan Matus são o resultado de um<<strong>br</strong> />

refinamento cognitivo-<strong>com</strong>portamental desse antigo conhecimento de mais de 25 gerações.<<strong>br</strong> />

“Séculos antes <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos espanhóis ao México, havia extraordinários<<strong>br</strong> />

videntes toltecas, homens capazes de feitos inconcebíveis. Eram o último<<strong>br</strong> />

elo de uma cadeia de conhecimento que se estendia por milhares de anos.”<<strong>br</strong> />

“Os videntes toltecas eram homens extraordinários: poderosos feiticeiros, homens<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>ios e determinados que desven<strong>da</strong>ram mistérios e possuíam<<strong>br</strong> />

um conhecimento secreto que usavam para influenciar e dominar pessoas,<<strong>br</strong> />

fixando a consciência de suas vítimas no que quer que escolhessem.”<<strong>br</strong> />

12


“Os videntes toltecas conheciam a arte de manipular a consciência.”<<strong>br</strong> />

“O modo <strong>com</strong>o os toltecas <strong>com</strong>eçaram a seguir a trilha do conhecimento foi<<strong>br</strong> />

consumindo plantas de poder. Motivados pela curiosi<strong>da</strong>de, pela fome ou<<strong>br</strong> />

pelo erro, eles as <strong>com</strong>iam. Depois que as plantas de poder produziram seus<<strong>br</strong> />

efeitos so<strong>br</strong>e eles, foi apenas uma questão de tempo alguns deles <strong>com</strong>eçarem<<strong>br</strong> />

a analisar suas experiências.” (Matus apud Castañe<strong>da</strong>, O fogo interior,<<strong>br</strong> />

1985, p. 14-16)<<strong>br</strong> />

Segundo Dom Juan, esses homens de conhecimento viviam em extensa área geográfica,<<strong>br</strong> />

ao norte e ao sul do vale do México, trabalhando em linhas específicas, <strong>com</strong>o as de<<strong>br</strong> />

curar, enfeitiçar, contar histórias, <strong>da</strong>nçar, atuar <strong>com</strong>o oráculos, preparar <strong>com</strong>i<strong>da</strong> e bebi<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Esclareceu que alguns <strong>da</strong>queles homens, <strong>com</strong> a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong>s plantas de poder, haviam aprendido<<strong>br</strong> />

o significado de ver e passaram a propagar esse conhecimento, ampliando o número de<<strong>br</strong> />

videntes. Obcecados pelo que viam, cheios de reverência e temor, eram capazes de ver e de<<strong>br</strong> />

exercer grande controle so<strong>br</strong>e suas contemplações, mas de na<strong>da</strong> adiantava, pois se desviavam<<strong>br</strong> />

do caminho do conhecimento.<<strong>br</strong> />

“[...] os videntes que podiam apenas ver eram um fiasco, e quando a terra em<<strong>br</strong> />

que viviam foi invadi<strong>da</strong> por um povo conquistador, ficaram tão indefesos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o todos os demais.<<strong>br</strong> />

“Aqueles conquistadores tomaram o mundo tolteca, apropriaram-se de tudo,<<strong>br</strong> />

mas nunca aprenderam a ver. Porque eles copiaram os procedimentos dos<<strong>br</strong> />

videntes toltecas sem possuírem seu conhecimento interior. Até o dia de<<strong>br</strong> />

hoje, há muitos feiticeiros por todo o México, descendentes <strong>da</strong>queles conquistadores<<strong>br</strong> />

[outros índios], que seguem os modos toltecas, mas não sabem<<strong>br</strong> />

o que estão fazendo ou so<strong>br</strong>e o que estão falando, porque não são<<strong>br</strong> />

videntes.<<strong>br</strong> />

“Depois que o mundo dos primeiros toltecas foi destruido, os videntes que<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>eviveram retiraram-se e <strong>com</strong>eçaram um exame sério de suas práticas.<<strong>br</strong> />

A primeira coisa que fizeram foi estabelecer que a espreita, o sonho e a<<strong>br</strong> />

intenção eram os procedimentos-chave, e reduziu-se a importância do uso<<strong>br</strong> />

de plantas de poder...<<strong>br</strong> />

“O novo ciclo estava justamente <strong>com</strong>eçando afirmar-se quando os conquistadores<<strong>br</strong> />

espanhóis devastaram a terra. Felizmente, por essa época os novos<<strong>br</strong> />

videntes estavam criteriosamente preparados para enfrentar esse perigo.<<strong>br</strong> />

Eram já praticantes consumados <strong>da</strong> arte de espreitar.” (Matus apud<<strong>br</strong> />

Castañe<strong>da</strong>, O fogo interior, 1985, p. 17-18)<<strong>br</strong> />

Os tempos de subjugação espanhola, paradoxalmente, proporcionaram circunstâncias<<strong>br</strong> />

favoráveis para o aperfeiçoamento <strong>da</strong> arte de manipular a consciência, enquanto tomavam<<strong>br</strong> />

precauções para evitar que fossem exterminados. Assim, ao final do século XVI, surgiram<<strong>br</strong> />

as diversas linhagens individuais, volta<strong>da</strong>s para aspectos específicos do conhecimento.<<strong>br</strong> />

Segundo Juan Matus, sua linhagem, que enfatizava a espreita, a intenção e o sonho, consistia<<strong>br</strong> />

de 14 mestres-feiticeiros e 126 videntes e se tornara excepcional a partir de 1723. Nos<<strong>br</strong> />

anos seguintes, o mestre-feiticeiro Sebastian, sob a influência de um desconhecido velho<<strong>br</strong> />

tolteca, revisou as práticas bizarras dos antigos videntes, relega<strong>da</strong>s ao esquecimento, revelando<<strong>br</strong> />

uma nova perspectiva so<strong>br</strong>e elas e o conhecimento detalhado de ca<strong>da</strong> uma, desenvolvi<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pelos mestres-feiticeiros Santisteban, Lujan e Rosendo.<<strong>br</strong> />

13


Outro personagem importante na consoli<strong>da</strong>ção dessa fase, foi o índio Elias Ulloa,<<strong>br</strong> />

criado por um padre jesuíta (<strong>com</strong> quem aprendeu a ler e escrever), então seduzido por uma<<strong>br</strong> />

feiticeira, Amália, e levado ao misterioso mestre-feiticeiro Rosendo, que o introduziu no caminho<<strong>br</strong> />

do conhecimento pela prática do sonhar.<<strong>br</strong> />

Como mestre-feiticeiro, Elias também teve seus aprendizes, entre os quais se destacou<<strong>br</strong> />

o ator Julian. Este se tornou mestre de Juan, Genaro Flores, Florin<strong>da</strong> Matus e outros,<<strong>br</strong> />

que, por sua vez, ensinaram ao escritor e antropólogo Carlos Castañe<strong>da</strong> a mestria <strong>da</strong> consciência,<<strong>br</strong> />

tornando-o o último mestre-feiticeiro desse ciclo.<<strong>br</strong> />

3 Uma aprendizagem paralela<<strong>br</strong> />

O autor desta <strong>com</strong>pilação não é nenhum especialista na o<strong>br</strong>a de Castañe<strong>da</strong> e muito<<strong>br</strong> />

menos nos ensinamentos de Juan Matus. O que pretende, neste estudo, é reproduzir aspectos<<strong>br</strong> />

centrais do pensamento dos novos videntes, relacionados aos domínios <strong>da</strong> consciência,<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> espreita, do espírito e do <strong>com</strong>portamento do guerreiro, experimentados no cotidiano de<<strong>br</strong> />

uma vi<strong>da</strong> urbana. É o resultado de um aprendizado solitário, sem uso de plantas alucinógenas,<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong>eçou em 1974 <strong>com</strong> os livros Uma estranha reali<strong>da</strong>de, seguido pelo Viagem a<<strong>br</strong> />

Ixtlan e pelo Erva do Diabo. As experiências que se seguiram mu<strong>da</strong>ram a minha visão do<<strong>br</strong> />

mundo e <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, então influencia<strong>da</strong>s por conhecimentos esotéricos hindu, chinês e<<strong>br</strong> />

japonês, numerologia, sufismo, alquimia, tarô etc.<<strong>br</strong> />

Nessa época, eu an<strong>da</strong>va a procura de um mestre que pudesse me conduzir a outras<<strong>br</strong> />

dimensões espirituais e saciar minha sede de conhecimento. Diziam os antigos que, estando<<strong>br</strong> />

pronto o discípulo o mestre aparece, de alguma forma. E foi nos livros de Castañe<strong>da</strong> que<<strong>br</strong> />

reconheci o meu instrutor de uma nova consciência, Juan Matus, que me levou a ver o mundo<<strong>br</strong> />

sob outra abor<strong>da</strong>gem. Esse conhecimento ampliou minhas concepções do caminho do<<strong>br</strong> />

guerreiro e <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de do ser, já vislum<strong>br</strong>ados em outras o<strong>br</strong>as, <strong>da</strong>ndo-lhe um sentido<<strong>br</strong> />

prático, que até então desconhecia.<<strong>br</strong> />

Em 1975, foi lançado no Brasil o livro Porta para o infinito, em que Juan Matus<<strong>br</strong> />

revelava o segredo do tonal e o nagual e se despedia de seus aprendizes. Seu desaparecimento<<strong>br</strong> />

trouxe uma certa ansie<strong>da</strong>de, que só teve fim, em 1978, quando, misteriosamente,<<strong>br</strong> />

numa livraria, encontrei o livro O segundo círculo do poder, que me deu o impulso necessário<<strong>br</strong> />

para continuar estu<strong>da</strong>ndo os ensinamentos de Don Juan, e, a partir <strong>da</strong> recapitulação de<<strong>br</strong> />

Castañe<strong>da</strong>, elaborar uma síntese desse conhecimento.<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> livro publicado tinha uma conotação especial. Chegava na hora certa, em meio<<strong>br</strong> />

a acontecimentos marcantes, de modo inusitado, e me conduzia sempre a uma outra etapa<<strong>br</strong> />

do aprendizado. Foi assim que, a partir de O presente <strong>da</strong> Águia (1981) resolvi fazer a minha<<strong>br</strong> />

própria recapitulação, seguindo os ditames do poder.<<strong>br</strong> />

Em 1985, após o estudo de O fogo interior, iniciei o fichamento dos ensinamentos<<strong>br</strong> />

de Don Juan, que julgava essencial para <strong>com</strong>preender seu sistema cognitivo, reunindo suas<<strong>br</strong> />

citações e os <strong>com</strong>entários explicativos de Castañe<strong>da</strong> e dos outros mem<strong>br</strong>os do grupo. Esta<<strong>br</strong> />

fase terminou em 1989, <strong>com</strong> O poder do silêncio, em que são apresentados alguns princípios<<strong>br</strong> />

abstratos e uma noção específica so<strong>br</strong>e o intento. Este livro trouxe uma concordância <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

que estava fazendo, <strong>da</strong>ndo as primeiras diretrizes desta <strong>com</strong>pilação:<<strong>br</strong> />

“É claro que você não é um escritor, portanto terá de usar de feitiçaria. Primeiro,<<strong>br</strong> />

precisa visualizar suas experiências <strong>com</strong>o se estivesse revivendo-as e<<strong>br</strong> />

então deve ver o texto em seu sonhar. Para você, escrever não será um<<strong>br</strong> />

14


exercício literário, mas antes um exercício de feitiçaria.” (Matus apud CAS-<<strong>br</strong> />

TAÑEDA, O poder do silêncio, 1989, p. 15)<<strong>br</strong> />

Um ano depois de encerrado o fichamento, na ver<strong>da</strong>de, um emaranhado de fichas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> citações e <strong>com</strong>entários, foi realizado um esforço de sistematização, numa tarefa orienta<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

sempre, pelos impulsos do poder. O lento trabalho de seleção e organização dos pensamentos,<<strong>br</strong> />

que se adequassem a uma continui<strong>da</strong>de discursiva regular, resultou num esboço<<strong>br</strong> />

do conteúdo teórico <strong>da</strong>s práticas de Juan Matus, dividido em partes <strong>com</strong>plementares. Como<<strong>br</strong> />

haviam inúmeras lacunas <strong>com</strong> as quais não sabia li<strong>da</strong>r, paralisei os trabalhos e pacientemente<<strong>br</strong> />

esperei por mais dois anos, até que o intento de Juan Matus se manifestasse novamente,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o aconteceu <strong>com</strong> A arte de sonhar (1993) e <strong>com</strong> o livro Sonhos Lúcidos, de Florin<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

DONNER (<strong>com</strong>panheira de Castañe<strong>da</strong> e mem<strong>br</strong>o de seu grupo, liga<strong>da</strong> a Florin<strong>da</strong> Matus), que<<strong>br</strong> />

enfatizava o processo <strong>da</strong> atenção sonhadora na son<strong>da</strong>gem do desconhecido em busca de<<strong>br</strong> />

concepções alternativas <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Desse ano em diante, fiquei sem saber o que fazer <strong>com</strong> aquele material. Aguar<strong>da</strong>va<<strong>br</strong> />

um insight ou uma indicação do poder, o que não ocorreu <strong>com</strong> a publicação de Passes mágicos<<strong>br</strong> />

(no início de 1998), ain<strong>da</strong> que trouxesse novos ensinamentos. Continuei na espera, pois<<strong>br</strong> />

algo em mim dizia que fatos posteriores eluci<strong>da</strong>riam a minha tarefa, de modo que pudesse<<strong>br</strong> />

conclui-la. Tinha convicção de que ain<strong>da</strong> faltavam dois livros para <strong>com</strong>pletar os ensinamentos<<strong>br</strong> />

de Juan Matus, e nesses talvez encontrasse o sinal do poder e o caminho a seguir.<<strong>br</strong> />

O sinal veio <strong>com</strong> a notícia <strong>da</strong> morte de Castañe<strong>da</strong>, em a<strong>br</strong>il de 1998, trazendo consigo<<strong>br</strong> />

um certo vazio e a expectativa de que, por ser um mestre-feiticeiro impecável, teria tomado<<strong>br</strong> />

providências para que um livro final so<strong>br</strong>e seu aprendizado <strong>com</strong> Don Juan e sua linhagem<<strong>br</strong> />

fosse publicado. Nesse ano, pelos jornais, fiquei sabendo que dois livros novos foram lançados<<strong>br</strong> />

nos Estados Unidos e na Europa, um antes de sua morte e outro depois.<<strong>br</strong> />

A espera pela indicação do poder durou mais dois anos, até o lançamento de A ro<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

do tempo no Brasil (2000) – um trabalho de seleção semelhante ao empregado por este<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pilador, recebido <strong>com</strong>o uma concordância <strong>com</strong> o que estava sendo feito. Mas <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

faltava o livro final, esperei mais um tempo, até o lançamento de O lado ativo do infinito<<strong>br</strong> />

(2001, no Brasil), que veio <strong>com</strong>o estímulo para continui<strong>da</strong>de do trabalho, pois tratava-se<<strong>br</strong> />

também de uma coleção de eventos memoráveis so<strong>br</strong>e o aprendizado – enfatizando a existência<<strong>br</strong> />

de uma instalação alienígena na mente humana, já esboçado em Passes mágicos.<<strong>br</strong> />

Nos dois anos seguintes, fiz várias tentativas de sistematização, sem sucesso, pois<<strong>br</strong> />

ain<strong>da</strong> não conseguia vislum<strong>br</strong>ar o modo de fazer, que não dependia só de minha vontade.<<strong>br</strong> />

Estava nesse impasse, quando me veio à mente o livro Bringers of the Dawn (Mensageiros<<strong>br</strong> />

do amanhecer), de Barbara MARCINIAK (1992)* que adquiri em 1996 e não li <strong>com</strong> profundi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

à época, constatando apenas que aqueles ensinamentos “pleiadianos” se ajustavam perfeitamente<<strong>br</strong> />

à totali<strong>da</strong>de do ser apresenta<strong>da</strong> por Don Juan, na faixa de outros mundos.<<strong>br</strong> />

Voltei à o<strong>br</strong>a, e já na Introdução, percebi <strong>com</strong>o seria o procedimento a seguir. Estava<<strong>br</strong> />

lá descrito, <strong>com</strong> to<strong>da</strong>s as letras – o mesmo processo que tinha empregado durante os 19<<strong>br</strong> />

anos de estudos so<strong>br</strong>e o conhecimento de Juan Matus – assim definido pelos “pleiadianos”<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os quais MARCINIAK havia trabalhado:<<strong>br</strong> />

* MARCINIAK, Barbara. Mensageiros do amanhecer: ensinamento <strong>da</strong>s Plêiades. Trad. Cláudia Silveira<<strong>br</strong> />

Corrêa. São Paulo: Ed. Ground, 1996.<<strong>br</strong> />

15


“[...] Você vai <strong>com</strong>preender a importância do livro, porque terá uma experiência<<strong>br</strong> />

individual ao criar para outras pessoas um caminho dentro <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

delas baseado na mu<strong>da</strong>nça de sua própria reali<strong>da</strong>de, permitindo que sentenças<<strong>br</strong> />

e contextos diferentes sejam movimentados através de você para<<strong>br</strong> />

formar uma nova ordem. Isto é muito difícil para quem não confia. Confiança<<strong>br</strong> />

é a chave absoluta. Não há na<strong>da</strong> mais que você possa procurar nesse<<strong>br</strong> />

processo. [...] Tudo acontecerá de acordo <strong>com</strong> as suas intenções.<<strong>br</strong> />

“A sua parte nisso é estipular o que deseja e simplesmente deixar as informações<<strong>br</strong> />

fluírem. Esse livro fará a sua própria ordem [...] Você sentirá um sopro<<strong>br</strong> />

em sua mente”. (Marciniak, 1996, pp. 13-14)<<strong>br</strong> />

Satisfeito <strong>com</strong> o achado, logo tratei de iniciar a o<strong>br</strong>a, confiante nos desígnios do poder,<<strong>br</strong> />

mas o trabalho não prosperou. Em setem<strong>br</strong>o de 2003, ain<strong>da</strong> sem saber <strong>com</strong>o fazer <strong>com</strong> as centenas<<strong>br</strong> />

de fichas, em que anotava suas citações (diretas e indiretas), e <strong>com</strong> o espírito envolto em<<strong>br</strong> />

grande angústia e ansie<strong>da</strong>de, intentei, num sonho, man<strong>da</strong>r um batedor ao mundo dos seres<<strong>br</strong> />

inorgânicos para saber <strong>da</strong>s instruções. E elas vieram. A nova tarefa de feitiçaria consistia em<<strong>br</strong> />

realinhar os ensinamentos contidos nas fichas numa ordem sistêmica, executa<strong>da</strong> em consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>, ao nível <strong>da</strong> terceira atenção, <strong>com</strong> a participação do velho índio desafiador <strong>da</strong> morte,<<strong>br</strong> />

a supervisão de Juan Matus e assistência dos outros mestres-feiticeiros, especialmente Carlos<<strong>br</strong> />

Castañe<strong>da</strong>. Gastei quase um ano para entender o que isso significava, mas quando finalmente<<strong>br</strong> />

percebi, tudo se iluminou, e a tarefa de seleção e digitação desenvolveram-se ininterruptamente<<strong>br</strong> />

em pouco mais de sessenta dias, em novem<strong>br</strong>o/dezem<strong>br</strong>o de 2004.<<strong>br</strong> />

4 Da <strong>com</strong>pilação<<strong>br</strong> />

A <strong>com</strong>pilação reune o pensamento, a doutrina e a prática de um modelo cognitivo<strong>com</strong>portamental<<strong>br</strong> />

capaz de atuar para além dos limites <strong>da</strong> mente <strong>com</strong>um, a partir <strong>da</strong> autodisciplina,<<strong>br</strong> />

do conhecimento <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de do ser e do domínio <strong>da</strong> consciência. Os ensinamentos<<strong>br</strong> />

de Juan Matus foram extraídos de vários momentos relatados nos livros de CASTAÑEDA<<strong>br</strong> />

e sistematizados em subtemas, enfatizando os aspectos mais importantes, sem perder em<<strong>br</strong> />

originali<strong>da</strong>de, autentici<strong>da</strong>de e estilo. Em resumo, esta <strong>com</strong>pilação é o coroamento de um<<strong>br</strong> />

trabalho de feitiçaria, de quase vinte anos, cujo objetivo principal é destilar e reunir o conhecimento<<strong>br</strong> />

transmitido pelo mestre-feiticeiro, conforme ele mesmo delineou.<<strong>br</strong> />

No corpus desta <strong>com</strong>pilação foram adotados alguns dispositivos e critérios, tendo<<strong>br</strong> />

em vista os objetivos do trabalho. As citações diretas (texto endentado) e indiretas (texto<<strong>br</strong> />

normal) estão a<strong>com</strong>panha<strong>da</strong>s de referências bibliográficas (indicando os números <strong>da</strong> o<strong>br</strong>a e<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> página utiliza<strong>da</strong>s, em so<strong>br</strong>escritos) e de paráfrases entre colchetes, em alguns casos, para<<strong>br</strong> />

melhor ajustamento do contexto, mas sem alterar seu conteúdo. Como nos títulos e subtítulos,<<strong>br</strong> />

nas paráfrases foram utiliza<strong>da</strong>s termos e expressões constantemente empregados por<<strong>br</strong> />

Dom Juan. Em alguns ensinamentos foram feitas mu<strong>da</strong>nças no tempo do verbo para adequálos<<strong>br</strong> />

ao presente, mas sempre respeirtando a literali<strong>da</strong>de dos extratos.<<strong>br</strong> />

Outro aspecto que se destaca, a título de esclarecimento, é a normalização de termos e<<strong>br</strong> />

expressões diversamente empregados ao longo do tempo, de forma a torná-los mais definitivos<<strong>br</strong> />

e precisos. Nesta <strong>com</strong>pilação a palavra nagual não é emprega<strong>da</strong> para qualificar/identificar o praticante<<strong>br</strong> />

de feitiçaria – nagual tal, o tal nagual – um apelido para o ser duplo <strong>com</strong> seu corpo energético<<strong>br</strong> />

bem desenvolvido, que lidera um grupo de feiticeiros ou conduz os aprendizes. Nesses casos,<<strong>br</strong> />

utilizou-se a expressão mestre-feiticeiro, resguar<strong>da</strong>ndo a concepção original do termo, que<<strong>br</strong> />

significa a parte indescritível do ser humano que contém tudo o que há no universo.<<strong>br</strong> />

16


Quatro propósitos, pelo menos, justificam a realização deste trabalho: • reunir os<<strong>br</strong> />

elementos essenciais <strong>da</strong> doutrina de Juan Matus, destilando seus ensinamentos e revelações,<<strong>br</strong> />

num todo coerente, linear e normalizado; • oferecer um modelo de auto-disciplina e<<strong>br</strong> />

uma visão não-<strong>com</strong>um <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de do ser, que pode alçar uma pessoa para além dos limites<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> mente racional; • disponibilizar, àqueles que conhecem a o<strong>br</strong>a de CASTAÑEDA, uma<<strong>br</strong> />

releitura direta do pensamento de Juan Matus, sem que se percam o estilo, a poesia e a<<strong>br</strong> />

ulteri<strong>da</strong>de do texto original; e aos pesquisadores, uma referência bibliográfica para seus<<strong>br</strong> />

estudos. • proporcionar conhecimento àqueles que buscam sentido para suas vi<strong>da</strong>s, explicações<<strong>br</strong> />

para a existência e a magia de viver, a partir do que podem fazer os feiticeiros e<<strong>br</strong> />

videntes de hoje em dia.<<strong>br</strong> />

Os conceitos, formulações, procedimentos funcionais, filosofia, crenças, eluci<strong>da</strong>ções,<<strong>br</strong> />

técnicas e explicações, apesar de espalhados pelos doze livros de Castañe<strong>da</strong> (em função de seu<<strong>br</strong> />

aprendizado e do momento crucial <strong>da</strong> sua linhagem de feiticeiros), foram reunidos em uma seqüência<<strong>br</strong> />

apropria<strong>da</strong> à primeira atenção, surpreendentemente, <strong>com</strong> o mínimo de esforço mental e<<strong>br</strong> />

o máximo de eficiência física, devo registrar.<<strong>br</strong> />

A o<strong>br</strong>a de CASTAÑEDA permite várias leituras, podendo ser olha<strong>da</strong> <strong>com</strong>o uma o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

de ficção so<strong>br</strong>e aprendizado em feitiçaria; <strong>com</strong>o um relato de experiências xamânicas – envolvendo<<strong>br</strong> />

plantas alucinógenas (cuja ênfase foi menospreza<strong>da</strong> por Don Juan), a arte corporal<<strong>br</strong> />

dos passes mágicos e outras experiência sensoriais – ou <strong>com</strong>o um estudo antropológico de<<strong>br</strong> />

xamanismo... estas as mais <strong>com</strong>uns.<<strong>br</strong> />

Este trabalho de <strong>com</strong>pilação, entretanto, descortina duas leituras novas, resultantes <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vivência dos mesmos ensinamentos em contextos e circunstâncias culturais e sociais diferentes<<strong>br</strong> />

dos vividos por CASTAÑEDA, os mestres-feiticeiros e os aprendizes. Os conhecimentos de Juan<<strong>br</strong> />

Matus so<strong>br</strong>e a existência humana, conteúdo essencial <strong>da</strong> o<strong>br</strong>a, são apresentados <strong>com</strong>o doutrina<<strong>br</strong> />

do domínio <strong>da</strong> consciência e <strong>com</strong>o um conjunto de regras, normas e recursos <strong>com</strong>portamentais,<<strong>br</strong> />

adequados às várias facetas mágicas que um homem de conhecimento pode adotar ou acumular,<<strong>br</strong> />

dependendo <strong>da</strong>s circunstâncias e de suas necessi<strong>da</strong>des: ora se é o caçador que busca o<<strong>br</strong> />

conhecimento, ora o guerreiro que luta por ele, ora o feiticeiro que o manipula, ora o vidente que<<strong>br</strong> />

o percebe (todos eles sonhando ou espreitando).<<strong>br</strong> />

O modelo cognitivo-<strong>com</strong>portamental, revelado por Juan Matus, de maneira fragmenta<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

(no tempo e no espaço), e aqui unificado (no tempo e no espaço), é capaz de alterar<<strong>br</strong> />

a interpretação <strong>com</strong>um <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de e induzir um <strong>com</strong>portamento impecável e digno em<<strong>br</strong> />

quem se propõe a, sinceramente, buscar o desenvolvimento de suas forças superiores ou<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des cognitivas. Essas novas leituras foram alguns dos segredos “guar<strong>da</strong>dos por<<strong>br</strong> />

si mesmos” durante anos, na o<strong>br</strong>a de CASTAÑEDA.<<strong>br</strong> />

A seleção de citações de Juan Matus não é novi<strong>da</strong>de no mundo editorial. O próprio<<strong>br</strong> />

CASTAÑEDA, <strong>com</strong>o vimos, em 1998, antes de morrer, ensaiou uma coletânea delas em seu<<strong>br</strong> />

livro A Ro<strong>da</strong> do Tempo, so<strong>br</strong>e a vi<strong>da</strong>, a morte e o universo. Segundo ele,<<strong>br</strong> />

“... as citações estavam em si mesmas imbuí<strong>da</strong>s <strong>com</strong> um ímpeto extraordinário<<strong>br</strong> />

[...] revelavam uma seqüência oculta de pensamento que antes nunca ficara<<strong>br</strong> />

evidente para mim.”<<strong>br</strong> />

É o que aconteceu <strong>com</strong> este trabalho. A força do intento de Juan Matus e do velho<<strong>br</strong> />

desafiador <strong>da</strong> morte facilitou a tarefa de selecionar e sistematizar os elementos básicos dos<<strong>br</strong> />

três níveis de consciência, de forma que, pessoas especiais escolhi<strong>da</strong>s pelo intento, entre os<<strong>br</strong> />

milhões de leitores de CASTAÑEDA, ao lerem e recapitularem seus ensinamentos, entenderiam<<strong>br</strong> />

seus significados maiores.<<strong>br</strong> />

17


“... não importa o que se revela e o que se guar<strong>da</strong> para si. Tudo o que fazemos,<<strong>br</strong> />

tudo o que somos, reside em nosso poder pessoal. Se temos o suficiente,<<strong>br</strong> />

uma palavra que nos for pronuncia<strong>da</strong> pode ser suficiente para mu<strong>da</strong>r o<<strong>br</strong> />

rumo de nossas vi<strong>da</strong>s. Mas, se não tivermos o suficiente, o fato de sabedoria<<strong>br</strong> />

mais magnífico nos poderá ser revelado sem que tal revelação faça a<<strong>br</strong> />

menor diferença. (Juan Matus, Portas para o infinito).<<strong>br</strong> />

5 A manifestação do nagual<<strong>br</strong> />

Um fato que merece destaque, por seu caráter de concordância <strong>com</strong> o que está<<strong>br</strong> />

sendo feito, são as inquietações que me assaltaram na fase final do trabalho, e que foram<<strong>br</strong> />

eluci<strong>da</strong><strong>da</strong>s por um aliado (uma bola de plástico <strong>com</strong> faixas colori<strong>da</strong>s que circulava livremente<<strong>br</strong> />

pelas dependências <strong>da</strong> casa). Se a <strong>com</strong>pilação de citações de Juan Matus e Castañe<strong>da</strong> não<<strong>br</strong> />

é novi<strong>da</strong>de no mundo editorial, será que não existem outras semelhantes? Que provas tenho<<strong>br</strong> />

eu de que a nossa <strong>com</strong>pilação tem a concordância dos mestres-feiticeiros desta linhagem? O<<strong>br</strong> />

que fazer <strong>com</strong> esta <strong>com</strong>pilação, que resultou de um aprendizado solitário iniciado já na segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

atenção, nos domínios do nagual, mas em circunstâncias diferentes <strong>da</strong>s de seus aprendizes?<<strong>br</strong> />

Qual o meu script nessa história de feitiçaria, já que não sou mestre-feiticeiro e nem especialista<<strong>br</strong> />

na o<strong>br</strong>a de CASTAÑEDA, e tenho apenas a pretensão de ser um simples homem de conhecimento,<<strong>br</strong> />

consciente do lado ativo do infinito, <strong>da</strong>ndo cambalhotas pelo desconhecido?<<strong>br</strong> />

Na segun<strong>da</strong>-feira, 23 de novem<strong>br</strong>o, à noite, pressionado por essas dúvi<strong>da</strong>s, o aliado<<strong>br</strong> />

me levou em sonho a sintonizar as emanações <strong>da</strong> Web, conduzindo-me numa inusita<strong>da</strong> navegação<<strong>br</strong> />

de busca pela internet à procura de <strong>com</strong>pilações semelhantes. Encontramos algumas,<<strong>br</strong> />

mas não <strong>da</strong> mesma amplitude e conectivi<strong>da</strong>de, <strong>com</strong>o sugeri<strong>da</strong> pelo intento de Juan<<strong>br</strong> />

Matus – o que, de certa forma, me restaurou o poder para prosseguir no trabalho. Em um<<strong>br</strong> />

dos sites visitados, um acontecimento me chamou a atenção e entrei nele, desco<strong>br</strong>indo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

certa euforia que Florin<strong>da</strong> Donner, Taisha Abelar e Carol Tiggs poderiam estar participando<<strong>br</strong> />

de um evento numa ci<strong>da</strong>de <strong>br</strong>asileira. Ain<strong>da</strong> que fosse apenas estratégia de marketing, para<<strong>br</strong> />

reunir praticantes de Tensegri<strong>da</strong>de (Passes mágicos), naquele momento era o sinal que precisava<<strong>br</strong> />

e que me levaria a reorganizar o meu fazer.<<strong>br</strong> />

No dia seguinte, retomando o trabalho, renovado em meu entusiasmo e disposição,<<strong>br</strong> />

obtive outra resposta que procurava. O intento de Don Juan esclarecia que meu papel era o<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>pilador – assim <strong>com</strong>o o do velho tolteca desafiador <strong>da</strong> morte era zelar pela continui<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

do conhecimento essencial na condição de inquilino – e que deveria realinhar o conhecimento<<strong>br</strong> />

transmitido por ele a Castañe<strong>da</strong> e aos outros aprendizes. A voz informava que a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pilação <strong>da</strong> tradição inicia um novo período na história dos feiticeiros, que enfatiza o<<strong>br</strong> />

aprendizado solitário <strong>com</strong>o opção de vi<strong>da</strong>. Disse ain<strong>da</strong> para eu não me preocupar <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

destino <strong>da</strong> <strong>com</strong>pilação, porque ela tem seu intento próprio, e representa não o fim <strong>da</strong> linhagem<<strong>br</strong> />

de feiticeiros toltecas, <strong>com</strong>o se acreditava, mas um ajuste para novos tempos.<<strong>br</strong> />

E para <strong>com</strong>pletar, nessa mesma manhã luminosa, ao acercar-se, um conhecido emissário<<strong>br</strong> />

do sonho sugeriu que eu levasse uma correspondência para ser encaminha<strong>da</strong> a Florin<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

Taisha e Carol, <strong>da</strong>ndo notícias do intento de Juan Matus, e que não acor<strong>da</strong>sse nesse sonho.<<strong>br</strong> />

Deveria apenas observar quatro atributos do guerreiro e espreitar o momento de fazer a<<strong>br</strong> />

entrega, porque elas não estavam abertas a este tipo de <strong>com</strong>unicação. Também não importava<<strong>br</strong> />

o fato delas estarem ou não presentes, pois o fato energético era a manifestação do<<strong>br</strong> />

intento <strong>com</strong>o um ato de guerra memorável, que navegaria por si só no mar escuro <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

até seu destino final.<<strong>br</strong> />

18


A viagem de quase 590 quilômetros transcorreu sem problemas, no sábado 27,<<strong>br</strong> />

durante todo o dia. Quando havia dúvi<strong>da</strong>s so<strong>br</strong>e o trajeto, naquele instante mesmo havia<<strong>br</strong> />

pessoas prontas para <strong>da</strong>r indicações. Cheguei à reserva <strong>da</strong> Serra do Japi, por volta <strong>da</strong>s 16h,<<strong>br</strong> />

juntamente <strong>com</strong> as chuvas, acampando, em segui<strong>da</strong>, nas proximi<strong>da</strong>des do hotel-fazen<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

onde ocorreria o Seminário so<strong>br</strong>e Tensegri<strong>da</strong>de. As chuvas intermitentes não permitiram<<strong>br</strong> />

nenhum contato naquela noite, e elas só estiaram de manhã.<<strong>br</strong> />

Esperei quase o domingo inteiro, sem chuva mas nublado, até que o espírito concluísse<<strong>br</strong> />

os preparativos para entrega <strong>da</strong> notícia, que <strong>com</strong>eçaram de manhã <strong>com</strong> a abor<strong>da</strong>gem<<strong>br</strong> />

de uma senhora que, informa<strong>da</strong> de minha tarefa naquele Seminário, prontificou-se a traduzir<<strong>br</strong> />

o teor <strong>da</strong> mensagem para o inglês. Eu disse então que esperaria o sinal do nagual para fazer<<strong>br</strong> />

a entrega do envelope.<<strong>br</strong> />

Esperei até o entardecer, ao final do seminário, seguindo o impulso <strong>da</strong> terra. Entrando<<strong>br</strong> />

na ten<strong>da</strong> dos praticantes, logo vi um lugar especial no tablado, sinalizado por um pe<strong>da</strong>ço de<<strong>br</strong> />

barbante preto, que serviu para amarrar o envelope verde, e lá me postei esperando a manifestação<<strong>br</strong> />

do poder. Foi quando uma outra senhora se acercou e me in<strong>da</strong>gou so<strong>br</strong>e minha presença ali.<<strong>br</strong> />

Mencionei-lhe a tarefa de feitiçaria e resumi o teor <strong>da</strong> correspondência, entregando-lhe o envelope<<strong>br</strong> />

amarrado para que passasse a uma jovem que conduzia o seminário, no palco, juntamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> uma menina, chama<strong>da</strong> de testemunha. Também apontei a senhora que faria a tradução, e,<<strong>br</strong> />

de longe, ela acenou afirmativamente.<<strong>br</strong> />

Naquele instante, o tempo <strong>com</strong>eçou a mu<strong>da</strong>r. Ventos fortes circularam pelo interior <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

ten<strong>da</strong>, seguidos de uma chuva torrencial <strong>com</strong> relâmpagos e trovões, o<strong>br</strong>igando fechar as portas<<strong>br</strong> />

de entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong>. Aproveitando um <strong>br</strong>eve estio, deixei o local, discretamente, voltando à barraca,<<strong>br</strong> />

a tempo de me esconder de nova torrente que duraria a noite to<strong>da</strong> até o amanhecer.<<strong>br</strong> />

De manhã, <strong>com</strong> o tempo firme, nublado mas sem chuva, iniciei o caminho de volta,<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>ndo a rota para que passasse por meu lugar de poder e ali acor<strong>da</strong>sse do sonho e avaliasse<<strong>br</strong> />

o feito. A manifestação do poder, barulhenta, aquosa e cáli<strong>da</strong>, assustadora mas não<<strong>br</strong> />

perigosa, foi um bom augúrio. Mostrou que esta <strong>com</strong>pilação está conecta<strong>da</strong> ao intento de<<strong>br</strong> />

Juan Matus, e que, por ocorrer durante um seminário de Tensegri<strong>da</strong>de, pode alcançar outra<<strong>br</strong> />

dimensão. Mostrou que os requisitos do infinito estão preenchidos, e a linhagem dos novos<<strong>br</strong> />

videntes não terminou, apenas deu uma cambalhota no desconhecido, evoluindo, para continuar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os videntes de hoje em um novo ciclo pelo mar escuro <strong>da</strong> consciência.<<strong>br</strong> />

6 AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIAS<<strong>br</strong> />

Esta <strong>com</strong>pilação é um trabalho de gratidão aos mestres-feiticeiros toltecas do antigo<<strong>br</strong> />

México e de to<strong>da</strong>s as épocas, especialmente ao desafiador <strong>da</strong> morte, que me deu alguns dons de<<strong>br</strong> />

poder, e a Juan Matus e Florin<strong>da</strong> Matus, Genaro Flores, Carlos Castañe<strong>da</strong>, Maria Helena La<<strong>br</strong> />

Gor<strong>da</strong>, Sole<strong>da</strong>de e todos os aprendizes, enfim, que, de várias maneiras, contribuíram <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

primeiro registro autêntico do conhecimento em meio físico.<<strong>br</strong> />

Esta <strong>com</strong>pilação é dedica<strong>da</strong> àqueles que sabem <strong>da</strong> instalação forânea em nossas<<strong>br</strong> />

mentes e querem afastá-la do ser total. É dedica<strong>da</strong> aos praticantes de Tensegri<strong>da</strong>de, para<<strong>br</strong> />

que não transformem novamente a arte dos passes mágicos em atos rituais. É dedica<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

ain<strong>da</strong> aos videntes de hoje, praticantes do conhecimento dos antigos toltecas, que vislum<strong>br</strong>aram<<strong>br</strong> />

novas possibili<strong>da</strong>des para o domínio <strong>da</strong> consciência na prática solitária, em que o<<strong>br</strong> />

mestre-feiticeiro é o espírito, o intento do infinito.<<strong>br</strong> />

19<<strong>br</strong> />

Flórion


COMENTO<<strong>br</strong> />

Como um gesto para o espírito, os feiticeiros trazem o melhor de si e em<<strong>br</strong> />

silêncio oferecem-no ao abstrato. 8:230<<strong>br</strong> />

Ser um feiticeiro não significa praticar <strong>br</strong>uxaria, ou trabalhar para afetar<<strong>br</strong> />

as pessoas, ou ser possuído por demônios. Ser um feiticeiro significa<<strong>br</strong> />

alcançar um nível de consciência que dá acesso a coisas inconcebíveis.<<strong>br</strong> />

O termo feitiçaria é inadequado para expressar o que os feiticeiros<<strong>br</strong> />

fazem, <strong>com</strong>o também é o termo xamanismo. As ações dos<<strong>br</strong> />

feiticeiros existem exclusivamente no reino do abstrato, do impessoal.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros lutam para alcançar uma meta que na<strong>da</strong> tem a ver<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as buscas do homem <strong>com</strong>um. As aspirações dos feiticeiros são<<strong>br</strong> />

alcançar o infinito, e ser conscientes dele. 12:92<<strong>br</strong> />

A grande tarefa dos feiticeiros é trazer a idéia de que, para evoluir, o<<strong>br</strong> />

homem deve primeiro libertar sua consciência <strong>da</strong>s amarras <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

ordem social. Uma vez que a consciência estiver livre, o intento<<strong>br</strong> />

irá redirecioná-la para um novo caminho evolucionário. 9:197<<strong>br</strong> />

Não se apoquente se você não conseguir fazer sentido do que vou<<strong>br</strong> />

lhe dizer. Considerando seu temperamento, receio que você possa<<strong>br</strong> />

esgotar-se, tentando <strong>com</strong>preender. Não faça isso! O que vou<<strong>br</strong> />

dizer só pretende mostrar uma direção. 4:108<<strong>br</strong> />

Não terei tempo de ensinar tudo o que desejo. Só terei tempo de pôlo<<strong>br</strong> />

no caminho e esperar que você procure <strong>da</strong> mesma maneira<<strong>br</strong> />

que eu. 2:108<<strong>br</strong> />

A convicção que os novos videntes têm é de que uma vi<strong>da</strong> de impecabili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

leva inevitavelmente ao sentido de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, e este<<strong>br</strong> />

por sua vez leva ao deslocamento do ponto de aglutinação. 7:170<<strong>br</strong> />

Os novos videntes acreditavam que o ponto de aglutinação pode ser deslocado<<strong>br</strong> />

de dentro. Eles deram mais um passo e afirmaram que homens impecáveis não<<strong>br</strong> />

necessitam de ninguém para guiá-los, e sozinhos, através <strong>da</strong> economia de sua energia,<<strong>br</strong> />

podem fazer tudo que os videntes fazem. Tudo o que necessitam é de uma chance<<strong>br</strong> />

mínima, a de terem conhecimento <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des que os videntes desven<strong>da</strong>ram. 7:170<<strong>br</strong> />

Liber<strong>da</strong>de é uma aventura sem fim, onde arriscamos nossas vi<strong>da</strong>s e<<strong>br</strong> />

muito mais por alguns momentos e alguma coisa além dos mundos,<<strong>br</strong> />

além de pensamentos ou sentimentos. 9:98


INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />

AS TRÊS ÁREAS DE HABILIDADE<<strong>br</strong> />

[Vou organizar] um conjunto de conceitos que sob nenhuma condição deverão<<strong>br</strong> />

ser tomados <strong>com</strong>o teorias de feiticeiros, porque é um conjunto formulado pelos feiticeiros<<strong>br</strong> />

[toltecas] do México antigo <strong>com</strong>o resultado de ver a energia diretamente enquanto<<strong>br</strong> />

ela flui no universo. [Vou dispor esse conjunto em uni<strong>da</strong>des] sem qualquer<<strong>br</strong> />

tentativa de classificá-las ou categorizá-las por qualquer padrão determinado. 12:184<<strong>br</strong> />

Não estou interessado em classificações. As classificações têm o seu<<strong>br</strong> />

mundo próprio. Depois que você <strong>com</strong>eça a classificar as coisas,<<strong>br</strong> />

as classificações se tornam vivas e dominam. Porém, <strong>com</strong>o as<<strong>br</strong> />

classificações nunca <strong>com</strong>eçam <strong>com</strong>o assuntos doadores de energia,<<strong>br</strong> />

sempre permanecem <strong>com</strong>o troncos mortos. Não são árvores;<<strong>br</strong> />

são meramente toras de madeira. 12:184<<strong>br</strong> />

No esquema de ensino, desenvolvido por feiticeiros de tempos antigos, existem<<strong>br</strong> />

duas categorias de instrução. Uma é chama<strong>da</strong> de ensinamentos para o lado direito,<<strong>br</strong> />

desenvolvi<strong>da</strong> no estado normal de consciência. A outra é chama<strong>da</strong> ensinamentos<<strong>br</strong> />

para o lado esquerdo, posta em prática apenas em estados de consciência intensifica<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

8:15 [Essas duas categorias permitem <strong>com</strong>preender as três áreas de habili<strong>da</strong>des:] a<<strong>br</strong> />

mestria <strong>da</strong> consciência, a arte <strong>da</strong> espreita e a mestria do intento. 8:15<<strong>br</strong> />

Essas três áreas de habili<strong>da</strong>de são os três enigmas que os feiticeiros encontram<<strong>br</strong> />

em sua busca ao conhecimento. A mestria <strong>da</strong> consciência é o enigma <strong>da</strong> mente; a perplexi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

que os feiticeiros experimentam quando reconhecem o espantoso mistério e propósito<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> consciência e <strong>da</strong> percepção. A arte <strong>da</strong> espreita é o enigma do coração; o desconcerto<<strong>br</strong> />

que os feiticeiros sentem ao se tornarem conscientes de duas coisas: primeiro, que o<<strong>br</strong> />

mundo parece para nós inalteravelmente objetivo e factual, por causa <strong>da</strong>s peculiari<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

de nossa consciência e percepção; segundo, que se diferentes peculiari<strong>da</strong>des de percepção<<strong>br</strong> />

entram em jogo, as próprias coisas do mundo que parecem tão inalteravelmente objetivas<<strong>br</strong> />

e factuais mu<strong>da</strong>m. A mestria do intento é o enigma do espírito, ou o paradoxo do abstrato<<strong>br</strong> />

– os pensamentos e ações dos feiticeiros projetados além de nossa condição humana. 8:16<<strong>br</strong> />

* Nota do <strong>com</strong>pilador: Os ensinamentos de Juan Matus se destinam, indistintamente, a homens e mulheres<<strong>br</strong> />

interessados em buscar o desenvolvimento de suas forças superiores ou <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des cognitivas.<<strong>br</strong> />

Foram a presentados a Carlos Castañe<strong>da</strong>, durante os anos de seu aprendizado, e por isso dirigem-se ao<<strong>br</strong> />

gênero masculino. Não é uma exclusivi<strong>da</strong>de, são impessoais.


A instrução quanto à arte <strong>da</strong> espreita e à mestria do intento depende <strong>da</strong> instrução<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a mestria <strong>da</strong> consciência, que é a pedra fun<strong>da</strong>mental dos ensinamentos,<<strong>br</strong> />

que constam <strong>da</strong>s seguintes premissas básicas:<<strong>br</strong> />

1. O universo é uma aglomeração infinita de campos de energia, semelhantes<<strong>br</strong> />

a filamentos de luz.<<strong>br</strong> />

2. Esses campos de energia, chamados de [mar escuro <strong>da</strong> consciência], irradiam<<strong>br</strong> />

de uma fonte de proporções inconcebíveis, metaforicamente denomina<strong>da</strong> Águia.<<strong>br</strong> />

3. Os seres humanos também são <strong>com</strong>postos de um número incalculável dos<<strong>br</strong> />

mesmos campos de energia filamentosos. Essas emanações <strong>da</strong> Águia são uma aglomeração<<strong>br</strong> />

encapsula<strong>da</strong> que se manifesta <strong>com</strong>o uma bola de luz do tamanho do corpo <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pessoa <strong>com</strong> os <strong>br</strong>aços estendidos lateralmente, <strong>com</strong>o um ovo luminoso gigante.<<strong>br</strong> />

4. Apenas um grupo muito pequeno de campos de energia no interior dessa bola<<strong>br</strong> />

luminosa são acesos por um ponto de intenso <strong>br</strong>ilho localizado na superfície <strong>da</strong> bola.<<strong>br</strong> />

5. A percepção ocorre quando os campos de energia desse pequeno grupo<<strong>br</strong> />

imediatamente ao redor do ponto de <strong>br</strong>ilho estendem sua luz para iluminar campos de<<strong>br</strong> />

energia idênticos no exterior <strong>da</strong> bola. Uma vez que os únicos campos de energia percepptíveis<<strong>br</strong> />

são aqueles iluminados pelo ponto <strong>br</strong>ilhante, esse ponto é chamado o ponto<<strong>br</strong> />

onde a percepção é aglutina<strong>da</strong> ou simplesmente o ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

6. O ponto de aglutinação pode ser movido de sua posição usual so<strong>br</strong>e a superfície<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> bola luminosa para outra posição na superfície ou no interior. Uma vez que<<strong>br</strong> />

o <strong>br</strong>ilho do ponto de aglutinação pode iluminar qualquer campo de energia <strong>com</strong> o qual<<strong>br</strong> />

entrar em contato, quando se move para uma nova posição ilumina de imediato novos<<strong>br</strong> />

campos de energia, tornando-os perceptíveis. Esta percepção é conheci<strong>da</strong> <strong>com</strong>o ver.<<strong>br</strong> />

7. Quando o ponto de aglutinação se desloca, torna possível a percepção de<<strong>br</strong> />

um modo inteiramente diferente – tão objetivo e factual <strong>com</strong>o aquele que normalmente<<strong>br</strong> />

percebemos. Os feiticeiros entram nesse outro mundo para obter energia, poder,<<strong>br</strong> />

soluções para problemas gerais e particulares, ou para encarar o inimaginável.<<strong>br</strong> />

8. Intento penetrante que nos faz perceber. Não nos tornamos conscientes porque<<strong>br</strong> />

percebemos; antes, percebemos <strong>com</strong>o resultado <strong>da</strong> pressão e intrusão do intento.<<strong>br</strong> />

9. O objetivo dos feiticeiros é atingir um estado de consciência total de modo<<strong>br</strong> />

a experimentar to<strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des de percepção disponíveis ao homem. Esse estado<<strong>br</strong> />

de consciência implica mesmo uma maneira alternativa de morrer. 8:16-17<<strong>br</strong> />

22


CAPÍTULO 1<<strong>br</strong> />

O ENIGMA DA MENTE<<strong>br</strong> />

1.1 O CONHECIDO, O DESCONHECIDO E O INCOGNOSCÍVEL<<strong>br</strong> />

Existiam uma série de ver<strong>da</strong>des que os videntes, antigos e novos, haviam<<strong>br</strong> />

descoberto so<strong>br</strong>e a consciência, e essas ver<strong>da</strong>des foram dispostas em uma seqüência<<strong>br</strong> />

específica, objetivando melhor <strong>com</strong>preensão. O domínio <strong>da</strong> consciência consistia em<<strong>br</strong> />

internalizar a seqüência total de tais ver<strong>da</strong>des. 7:42<<strong>br</strong> />

O desconhecido é algo que se apresenta velado ao homem, embalado talvez<<strong>br</strong> />

por um contexto terrificante, mas que, apesar disso, está a seu alcance. O desconhecido<<strong>br</strong> />

torna-se o conhecido em um <strong>da</strong>do momento. O incognoscível, por outro lado, é o<<strong>br</strong> />

indescritível, o impensável, o inconcebível. É algo que jamais será conhecido por nós,<<strong>br</strong> />

e ain<strong>da</strong> assim está ali, fascinando e ao mesmo tempo horrorizando em sua vastidão. 7:43<<strong>br</strong> />

Diante do desconhecido, o homem é aventureiro. Dar-nos uma sensação<<strong>br</strong> />

de esperança e felici<strong>da</strong>de é uma quali<strong>da</strong>de do desconhecido.<<strong>br</strong> />

O homem sente-se robusto, jovial. Mesmo a apreensão que o<<strong>br</strong> />

desconhecido desperta é muito gratificante. Os novos videntes<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>iram que o homem fica em sua melhor forma diante<<strong>br</strong> />

dele. 7:43<<strong>br</strong> />

Sempre que o que é tomado <strong>com</strong>o sendo o desconhecido revela-se <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

incognoscível, os resultados são desastrosos. O incognoscível não tem qualquer efeito<<strong>br</strong> />

energizante. Não está ao alcance do homem, e por isso não deveria ser invadido totalmente<<strong>br</strong> />

ou mesmo <strong>com</strong> prudência. 7:43<<strong>br</strong> />

Delimitar o desconhecido, de modo a separá-lo do incognoscível, através do uso<<strong>br</strong> />

controlado de ver, significa torná-lo acessível à nossa percepção. O desconhecido e o conhecido<<strong>br</strong> />

estão realmente na mesma base, porque ambos estão ao alcance <strong>da</strong> percepção<<strong>br</strong> />

humana. Tudo o que esteja além de nossa capaci<strong>da</strong>de de perceber é o incognoscível. 7:44<<strong>br</strong> />

A primeira ver<strong>da</strong>de so<strong>br</strong>e a consciência é que o mundo lá fora não é<<strong>br</strong> />

realmente <strong>com</strong>o pensamos. Achamos que é um mundo de objetos,<<strong>br</strong> />

mas não é. 7:45 Não é tão sólido e real <strong>com</strong>o nossa percepção<<strong>br</strong> />

foi leva<strong>da</strong> a crer, mas também não é uma miragem. O mundo é<<strong>br</strong> />

uma ilusão, <strong>com</strong>o tem sido dito; ele é real por um lado, e irreal<<strong>br</strong> />

por outro. Preste muita atenção nisso, pois isso deve ser <strong>com</strong>preendido,<<strong>br</strong> />

e não simplesmente aceito. Nós percebemos. Isto é um


fato concreto. Mas o que percebemos não é um fato concreto,<<strong>br</strong> />

porque aprendemos o que perceber.<<strong>br</strong> />

Algo lá fora afeta nossos sentidos. Esta é a parte que é real. A parte<<strong>br</strong> />

irreal é o que eles dizem estar lá. Tome uma montanha, por exemplo.<<strong>br</strong> />

Nossos sentidos dizem-nos que se trata de um objeto. Ela<<strong>br</strong> />

tem tamanho, corpo, forma. Nós temos até várias categorias de<<strong>br</strong> />

montanhas, extremamente precisas. Não há na<strong>da</strong> de errado <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

isso; a falha está simplesmente em que nunca nos ocorreu que<<strong>br</strong> />

nossos sentidos desempenham apenas um papel superficial. Eles<<strong>br</strong> />

percebem do modo <strong>com</strong>o o fazem porque uma quali<strong>da</strong>de específica<<strong>br</strong> />

de nossa consciência força-os a atuar desse modo. 7:46<<strong>br</strong> />

Os videntes dizem que pensamos que há um mundo de objetos apenas<<strong>br</strong> />

por causa de nossa consciência. Mas o que existe realmente<<strong>br</strong> />

são as emanações <strong>da</strong> Águia, fluí<strong>da</strong>s, sempre em movimento e, no<<strong>br</strong> />

entanto, inalteráveis, eternas. 7:46<<strong>br</strong> />

Nossa racionali<strong>da</strong>de não pode por si só responder so<strong>br</strong>e a razão de<<strong>br</strong> />

nossa existência. To<strong>da</strong>s as vezes que tentamos fazê-lo, a resposta<<strong>br</strong> />

transforma-se em matéria de fé. Os antigos videntes tomaram<<strong>br</strong> />

outro caminho, e encontraram uma resposta que não envolve<<strong>br</strong> />

apenas a fé. Eles viram. 7:47<<strong>br</strong> />

1.2 O MAR ESCURO DA CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

Um dos legados mais dramáticos que os antigos videntes nos deixaram foi a<<strong>br</strong> />

descoberta de que a razão <strong>da</strong> existência de todos os seres sencientes é o desenvolvimento<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> consciência. Os antigos videntes, arriscando-se a perigos inimagináveis, viam realmente<<strong>br</strong> />

a força indescritível que é a fonte de todos os seres sencientes. Chamaram-na de Águia,<<strong>br</strong> />

porque nos pequenos vislum<strong>br</strong>es que podiam suportar, viam-na <strong>com</strong>o algo que se parecia<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> uma águia <strong>br</strong>anca e preta, de tamanho infinito. Viram que é a Águia que concede<<strong>br</strong> />

consciência. A Águia cria os seres sencientes para que estes vivam e enriqueçam a consciência<<strong>br</strong> />

que ela lhes proporciona <strong>com</strong> a vi<strong>da</strong>. 7:47 As emanações <strong>da</strong> Águia [também denomina<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

mar escuro <strong>da</strong> consciência] são uma coisa em si imutável, que engloba tudo o que<<strong>br</strong> />

existe, do conhecido ao incognoscível. 7:49 Eles também viram que é a Águia que devora<<strong>br</strong> />

essa mesma consciência enriqueci<strong>da</strong>, depois de fazer <strong>com</strong> que os seres sencientes a abandonem<<strong>br</strong> />

no momento <strong>da</strong> morte. 7:47 Seria mais correto dizer que existe uma força que atrai<<strong>br</strong> />

nossa consciência, <strong>com</strong>o o ímã atrai limalha de ferro. No momento <strong>da</strong> morte, todo nosso<<strong>br</strong> />

ser se desintegra sob a atração dessa força imensa. 7:51<<strong>br</strong> />

Não se trata apenas de uma idéia. Trata-se de um fato. A Águia é tão<<strong>br</strong> />

real para os videntes <strong>com</strong>o a gravi<strong>da</strong>de e o tempo são reais para<<strong>br</strong> />

você, e exatamente tão abstrata e in<strong>com</strong>preensível. (A Águia e<<strong>br</strong> />

suas emanações são igualmente <strong>com</strong>prováveis e a disciplina dos<<strong>br</strong> />

novos videntes é dedica<strong>da</strong> a fazer exatamente isso.) 7:49<<strong>br</strong> />

24


Não há maneira de descrever em palavras o que são realmente as<<strong>br</strong> />

emanações <strong>da</strong> Águia. Um vidente precisa testemunhá-las. São uma<<strong>br</strong> />

presença, quase uma espécie de massa, uma pressão que cria<<strong>br</strong> />

uma sensação de deslum<strong>br</strong>amento. Só pode se captar um vislum<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

delas, assim <strong>com</strong>o só se pode captar um vislum<strong>br</strong>e <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

própria Águia – a fonte <strong>da</strong>s emanações. 7:49<<strong>br</strong> />

A Águia não tem na<strong>da</strong> de visual. O corpo inteiro do vidente sente a<<strong>br</strong> />

Águia. Há alguma coisa em todos nós que pode fazer-nos testemunhar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> nosso corpo inteiro. Os videntes explicam o ato de<<strong>br</strong> />

ver a Águia em termos muito simples: o homem é <strong>com</strong>posto <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

emanações <strong>da</strong> Águia, e assim precisa apenas reverter aos seus<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ponentes originais. O problema surge <strong>com</strong> a consciência do<<strong>br</strong> />

homem; é a sua consciência que se torna emaranha<strong>da</strong> e confusa.<<strong>br</strong> />

No momento crucial, no que deveria ser um simples caso de emanações<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>ndo conta de si mesmas, a consciência do homem é<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>peli<strong>da</strong> a interpretar. O resultado é uma visão <strong>da</strong> Águia e <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

emanações. Mas não existe Águia nem emanações. O que existe<<strong>br</strong> />

é algo que nenhuma criatura viva pode <strong>com</strong>preender. 7:50 Os videntes<<strong>br</strong> />

que vêem as emanações <strong>da</strong> Águia dão-lhes geralmente o<<strong>br</strong> />

nome de ordens. 7:51<<strong>br</strong> />

Apenas uma pequena porção <strong>da</strong>quelas emanações está ao alcance <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

humana, e essa pequena porção é reduzi<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> mais, a uma fração diminuta,<<strong>br</strong> />

pelas exigências de nossas vi<strong>da</strong>s diárias. Essa fração diminuta <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia<<strong>br</strong> />

é o conhecido; a pequena porção ao alcance possível <strong>da</strong> consciência humana é o desconhecido,<<strong>br</strong> />

e o incalculável restante é o incognoscível. 7:52<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as criaturas vivas são força<strong>da</strong>s a empregar as emanações <strong>da</strong> Águia sem<<strong>br</strong> />

sequer saber o que são. Os organismos são construidos de modo a captar certas faixas<<strong>br</strong> />

dessas emanações, e ca<strong>da</strong> espécie tem uma faixa defini<strong>da</strong>. As emanações exercem<<strong>br</strong> />

grandes pressões so<strong>br</strong>e os organismos, e através dessa pressão eles constroem seu<<strong>br</strong> />

mundo perceptível. 7:52<<strong>br</strong> />

Em nosso caso, <strong>com</strong>o seres humanos, empregamos essas emanações,<<strong>br</strong> />

que interpretamos <strong>com</strong>o reali<strong>da</strong>de. Mas o que o homem<<strong>br</strong> />

percebe é uma porção tão pequena <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia que<<strong>br</strong> />

é ridículo confiar muito em nossas percepções. Entretanto, não<<strong>br</strong> />

podemos ignorá-las. 7:52<<strong>br</strong> />

Desejo que você esteja muito consciente do que estamos fazendo.<<strong>br</strong> />

Estamos discutindo o domínio <strong>da</strong> consciência. As ver<strong>da</strong>des que<<strong>br</strong> />

estamos discutindo são os princípios deste domínio. 7:52<<strong>br</strong> />

25


1.2.1 AGLOMERADOS DE EMANAÇÕES<<strong>br</strong> />

As emanações <strong>da</strong> Águia estão sempre reuni<strong>da</strong>s em aglomerados. Os<<strong>br</strong> />

antigos videntes chamavam esses aglomerados de grandes faixas<<strong>br</strong> />

de emanações. Não são realmente faixas, mas o nome pegou.<<strong>br</strong> />

Por exemplo, há um aglomerado in<strong>com</strong>ensurável que produz seres<<strong>br</strong> />

orgânicos. As emanações <strong>da</strong>quela faixa têm uma espécie de leveza.<<strong>br</strong> />

São transparentes e têm uma luz própria única, uma energia peculiar.<<strong>br</strong> />

São conscientes e saltam. Esta é a razão pela qual todos os seres<<strong>br</strong> />

orgânicos estão cheios de uma energia particular consumidora. As<<strong>br</strong> />

outras faixas são mais escuras, menos leves. Algumas delas não têm<<strong>br</strong> />

qualquer luz, mas uma quali<strong>da</strong>de opaca. 7:153<<strong>br</strong> />

Pense nela <strong>com</strong>o uma faixa enormemente larga de filamentos luminosos;<<strong>br</strong> />

cordões luminosos sem fim. Os seres orgânicos são bolhas<<strong>br</strong> />

que crescem ao redor de um grupo de filamentos luminosos.<<strong>br</strong> />

Imagine que nessa faixa de vi<strong>da</strong> orgânica algumas bolhas são forma<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

ao redor de filamentos luminosos no centro <strong>da</strong> faixa, e<<strong>br</strong> />

outras são forma<strong>da</strong>s perto <strong>da</strong>s margens; a faixa é suficientemente<<strong>br</strong> />

larga para a<strong>com</strong>o<strong>da</strong>r todo tipo de seres orgânicos, <strong>com</strong> espaço<<strong>br</strong> />

de so<strong>br</strong>a. Em tal arranjo, as bolhas que estão próximas <strong>da</strong>s margens<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> faixa não recebem as emanações que estão no centro,<<strong>br</strong> />

presentes apenas nas bolhas que estão alinha<strong>da</strong>s <strong>com</strong> o centro.<<strong>br</strong> />

Da mesma forma, as bolhas do centro não recebem as emanações<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s margens.<<strong>br</strong> />

Como você pode <strong>com</strong>preender, todos os seres orgânicos estão<<strong>br</strong> />

ligados às emanações de uma faixa; entretanto, os videntes vêem<<strong>br</strong> />

que no interior dessa faixa orgânica os seres são tão diferentes<<strong>br</strong> />

quanto possível. 7:154<<strong>br</strong> />

Existem muitas dessas grandes faixas... 7:154<<strong>br</strong> />

Tantas quanto o próprio infinito. Os videntes desco<strong>br</strong>iram que na Terra<<strong>br</strong> />

existem apenas 48 de tais faixas. Significa que há 48 tipos de organizações<<strong>br</strong> />

na Terra, 48 tipos de feixes ou estruturas. A vi<strong>da</strong> orgânica<<strong>br</strong> />

é um deles.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes contaram sete faixas que produziam bolhas<<strong>br</strong> />

inorgânicas de consciência; em outras palavras, há 40 faixas que<<strong>br</strong> />

produzem bolhas sem consciência; são faixas que geram apenas<<strong>br</strong> />

organização.<<strong>br</strong> />

Pense nas grandes faixas <strong>com</strong>o em grandes árvores. To<strong>da</strong>s elas<<strong>br</strong> />

produzem frutos; produzem invólucros cheios de emanações: entretanto,<<strong>br</strong> />

apenas oito dessas árvores produzem frutos <strong>com</strong>estíveis,<<strong>br</strong> />

isto é, bolhas de consciência. Sete produzem frutos amargos,<<strong>br</strong> />

mas de qualquer forma <strong>com</strong>estíveis; e apenas uma tem o<<strong>br</strong> />

fruto mais suculento e saboroso que existe. 7:154<<strong>br</strong> />

26


Os seres inorgânicos não são tão numerosos <strong>com</strong>o os orgânicos, mas isso é<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pensado pelo número maior de faixas de consciência inorgânica. As diferenças<<strong>br</strong> />

entre os próprios seres inorgânicos são muito mais vastas do que as diferenças entre<<strong>br</strong> />

os organismos, porque os organismos estão ligados apenas a uma faixa, enquanto os<<strong>br</strong> />

seres inorgânicos estão ligados a sete. 7:158<<strong>br</strong> />

Além disso, os seres inorgânicos vivem infinitamente mais tempo que<<strong>br</strong> />

os orgânicos. Esse aspecto é que estimulava os antigos videntes<<strong>br</strong> />

a concentrarem sua visão so<strong>br</strong>e os aliados. 7:158<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes também chegaram a perceber que é a alta energia dos<<strong>br</strong> />

organismos e o subseqüente alto desenvolvimento de sua consciência que faz deles<<strong>br</strong> />

bocados deliciosos para a Águia. Na visão dos antigos videntes, a gulodice era a razão<<strong>br</strong> />

pela qual a Águia produzia o maior número possível de organismos. 7:158<<strong>br</strong> />

O produto <strong>da</strong>s outras 40 grandes faixas não é consciência, mas uma configuração<<strong>br</strong> />

de energia inanima<strong>da</strong>. Os antigos videntes resolveram chamar de vasilhas o produto dessas<<strong>br</strong> />

faixas. Enquanto os casulos e recipientes são campos de consciência energética, o que<<strong>br</strong> />

concorre para sua luminosi<strong>da</strong>de independente, as vasilhas são receptáculos rígidos que<<strong>br</strong> />

prendem emanações sem serem campos de consciência energética. Sua luminosi<strong>da</strong>de provém<<strong>br</strong> />

apenas <strong>da</strong> energia <strong>da</strong>s emanações aprisiona<strong>da</strong>s. 7:158<<strong>br</strong> />

Você precisa ter em mente que tudo o que existe na Terra está aprisionado.<<strong>br</strong> />

Tudo o que percebemos é construido de partes de casulos<<strong>br</strong> />

ou vasilhas <strong>com</strong> emanações. Geralmente, não percebemos de<<strong>br</strong> />

maneira alguma os receptáculos dos seres inorgânicos.<<strong>br</strong> />

O mundo total é feito de 48 faixas. O mundo que nosso ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação aglomera para nossa percepção normal é construido<<strong>br</strong> />

de duas faixas; uma é a faixa orgânica, a outra é somente uma<<strong>br</strong> />

faixa que tem apenas estrutura, mas não consciência. As outras<<strong>br</strong> />

46 grandes faixas não fazem parte do mundo que percebemos<<strong>br</strong> />

normalmente. 7:159<<strong>br</strong> />

Existem outros mundos <strong>com</strong>pletos que nossos pontos de aglutinação<<strong>br</strong> />

podem aglomerar. Os antigos videntes contaram sete de tais<<strong>br</strong> />

mundos, um para ca<strong>da</strong> faixa de consciência. Dois desses mundos,<<strong>br</strong> />

ao lado do mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana, são fáceis de concatenar.<<strong>br</strong> />

Os outros cinco são outra coisa. 7:157<<strong>br</strong> />

O desconhecido está sempre presente, mas fora <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

de nossa consciência normal. O desconhecido é a parte supérflua<<strong>br</strong> />

do homem <strong>com</strong>um. E é supérflua porque o homem <strong>com</strong>um não<<strong>br</strong> />

tem energia livre suficiente para captá-la. 7:84<<strong>br</strong> />

Os novos videntes ficaram simplesmente aterrorizados pelo conhecimento<<strong>br</strong> />

que os antigos haviam acumulado ao longo dos anos. É<<strong>br</strong> />

27


<strong>com</strong>preensível. Os novos videntes sabem que aquele conhecimento<<strong>br</strong> />

leva apenas à destruição total. Entretanto, também são fascinados<<strong>br</strong> />

por ele; especialmente pelas práticas. 7:85<<strong>br</strong> />

Elas são um legado dos antigos toltecas. Os novos videntes aprendem<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e elas à medi<strong>da</strong> que progridem. Dificilmente chegam a<<strong>br</strong> />

usá-las, mas essas práticas são parte de seu conhecimento. 7:85<<strong>br</strong> />

São fórmulas muito obscuras, encantamentos, procedimentos demorados<<strong>br</strong> />

que têm a ver <strong>com</strong> o manuseio de uma força muito misteriosa.<<strong>br</strong> />

Ao menos era misteriosa para os antigos toltecas, que a mascararam<<strong>br</strong> />

e tornaram-na mais aterrorizante do que realmente é. 7:85<<strong>br</strong> />

É uma força que está presente em tudo o que existe. Os antigos videntes<<strong>br</strong> />

nunca tentaram desven<strong>da</strong>r o mistério <strong>da</strong> força que os fez<<strong>br</strong> />

criar suas práticas secretas; eles simplesmente aceitavam-na <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

algo sagrado. Mas os novos videntes olharam-na de perto e chamaram-na<<strong>br</strong> />

de vontade, a vontade <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia, ou<<strong>br</strong> />

intento. 7:85<<strong>br</strong> />

1.2.2 FAIXAS DE CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

Quando os videntes vêem que a Águia confere consciência através<<strong>br</strong> />

de suas emanações, eles vêem uma coloração. 7:155<<strong>br</strong> />

A Águia confere consciência através de oito grandes faixas. Esses feixes são<<strong>br</strong> />

bastante peculiares, porque fazem os videntes sentirem uma coloração. Um feixe dá a<<strong>br</strong> />

sensação de ser bege-rosado, algo semelhante ao <strong>br</strong>ilho de lâmpa<strong>da</strong> de sódio; outro dá<<strong>br</strong> />

a sensação de ser cor de pêssego, <strong>com</strong>o luzes de neon desfoca<strong>da</strong>s; e o terceiro feixe dá<<strong>br</strong> />

a sensação de ser âmbar, <strong>com</strong>o mel claro. 7:155<<strong>br</strong> />

O homem, por exemplo, está ligado ao feixe âmbar, mas outros seres<<strong>br</strong> />

também estão. Detalhes <strong>com</strong>o esse você terá que desco<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />

sozinho, através de sua própria visão. Não há nenhuma vantagem<<strong>br</strong> />

em dizer-lhe quais são esses seres; você estará apenas fazendo<<strong>br</strong> />

outro inventário. É suficiente dizer que desco<strong>br</strong>ir isso por si mesmo<<strong>br</strong> />

será uma <strong>da</strong>s coisas mais excitantes que você irá fazer. 7:155<<strong>br</strong> />

O feixe âmbar de consciência tem uma infini<strong>da</strong>de de variantes sutis, que sempre<<strong>br</strong> />

denotam diferenças na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> consciência. O âmbar rosado e o verde-pálido<<strong>br</strong> />

são as tonali<strong>da</strong>des mais <strong>com</strong>uns. Âmbar azulado é mais in<strong>com</strong>um, mas âmbar puro é<<strong>br</strong> />

de longe o mais raro. 7:156<<strong>br</strong> />

Os videntes dizem que é a quanti<strong>da</strong>de de energia que uma pessoa<<strong>br</strong> />

poupa e armazena [o que determina as diferentes tonali<strong>da</strong>des de<<strong>br</strong> />

âmbar]. Números incontáveis de guerreiros <strong>com</strong>eçaram <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

tonali<strong>da</strong>de âmbar rosa<strong>da</strong> <strong>com</strong>um e terminaram <strong>com</strong> o mais puro<<strong>br</strong> />

de todos os âmbares. 7:156<<strong>br</strong> />

28


Os três feixes, <strong>com</strong> to<strong>da</strong>s as suas tonali<strong>da</strong>des, entremeiam as oito faixas.<<strong>br</strong> />

Na faixa orgânica, o feixe cor-de-rosa está ligado principalmente às<<strong>br</strong> />

plantas, o cor de pêssego aos insetos, e o âmbar ao homem e outros<<strong>br</strong> />

animais. A mesma situação prevalece nas faixas inorgânicas. Os três<<strong>br</strong> />

feixes de consciência produzem tipos específicos de seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s sete grandes faixas. Esta é outra coisa que<<strong>br</strong> />

você precisa ver por si mesmo. Há sete faixas e o que produzem são,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> efeito, inacessíveis à razão humana, mas não à visão humana. 7:156<<strong>br</strong> />

As grandes faixas não são achata<strong>da</strong>s nem redon<strong>da</strong>s, mas indescritivelmente<<strong>br</strong> />

entrelaça<strong>da</strong>s, <strong>com</strong>o um feixe de feno que fosse mantido coeso em pleno ar pela força<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> mão que o juntou. Assim, não há ordem para as emanações; dizer que existe uma<<strong>br</strong> />

parte central ou que há margens é enganoso, mas necessário à <strong>com</strong>preensão. 7:157<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos produzidos pelas outras sete faixas de consciência são<<strong>br</strong> />

caracterizados por terem um invólucro que não possui movimento; é mais <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

receptáculo disforme, <strong>com</strong> baixo grau de luminosi<strong>da</strong>de. Não se parece <strong>com</strong> o casulo<<strong>br</strong> />

dos seres orgânicos. Falta-lhe a tensão, a quali<strong>da</strong>de infla<strong>da</strong> que faz os seres orgânicos<<strong>br</strong> />

parecerem bolhas luminosas repletas de energia. 7:157<<strong>br</strong> />

A única semelhança entre os seres inorgânicos e os orgânicos é que todos<<strong>br</strong> />

possuem as emanações cor-de-rosa, pêssego ou âmbar, que conferem consciência. 7:157<<strong>br</strong> />

Essas emanações, sob certas circunstâncias, tornam possível a <strong>com</strong>unicação<<strong>br</strong> />

mais fascinante entre os seres <strong>da</strong>s oito grandes faixas. 7:157<<strong>br</strong> />

Geralmente os seres orgânicos, <strong>com</strong> seus campos de energia maiores, são os<<strong>br</strong> />

iniciadores <strong>da</strong> <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> os seres inorgânicos, mas a continuação desse relacionamento,<<strong>br</strong> />

sutil e sofistica<strong>da</strong>, é sempre conduzi<strong>da</strong> por seres inorgânicos. Quando a<<strong>br</strong> />

barreira é que<strong>br</strong>a<strong>da</strong>, os seres inorgânicos mu<strong>da</strong>m e tornam-se o que os videntes chamam<<strong>br</strong> />

de aliados. A partir desse momento, os seres inorgânicos podem prever os mais<<strong>br</strong> />

sutis pensamentos, estados de espírito ou temores do vidente. 7:157<<strong>br</strong> />

1.2.3 SERES VIVOS NÃO-ORGÂNICOS<<strong>br</strong> />

Os antigos toltecas dividiram seu conhecimento secreto em cinco conjuntos de<<strong>br</strong> />

duas categorias ca<strong>da</strong>: a terra e as regiões escuras, o fogo e a água, o acima e o abaixo, o<<strong>br</strong> />

sonoro e o silente, o movente e o estacionário. Devem ter existido milhares de técnicas<<strong>br</strong> />

diferentes, que se tornaram mais e mais intrinca<strong>da</strong>s à medi<strong>da</strong> que o tempo passava. 7:85<<strong>br</strong> />

O conhecimento secreto <strong>da</strong> Terra tinha a ver <strong>com</strong> tudo o que existia<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o solo. Havia conjuntos particulares de movimentos, palavras,<<strong>br</strong> />

ungüentos, poções que eram aplica<strong>da</strong>s a pessoas, animais,<<strong>br</strong> />

insetos, árvores, pequenas plantas, rochas, solo.<<strong>br</strong> />

29


Eram técnicas que transformavam os antigos videntes em seres<<strong>br</strong> />

horrorosos. E seu conhecimento secreto <strong>da</strong> Terra era empregado<<strong>br</strong> />

para aprimorar ou para destruir o que quer que estivesse so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

solo.<<strong>br</strong> />

A contraparti<strong>da</strong> <strong>da</strong> Terra era o que eles conheciam, <strong>com</strong>o as regiões<<strong>br</strong> />

escuras. Essas práticas eram, de longe, as mais perigosas.<<strong>br</strong> />

Li<strong>da</strong>vam <strong>com</strong> enti<strong>da</strong>des sem vi<strong>da</strong> orgânica. Criaturas vivas que<<strong>br</strong> />

estão presentes na Terra e povoam-na juntamente <strong>com</strong> todos os<<strong>br</strong> />

seres orgânicos.<<strong>br</strong> />

Sem dúvi<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>s descobertas mais valiosas dos antigos videntes,<<strong>br</strong> />

especialmente para eles, foi a descoberta de que a vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

orgânica não é a única forma de vi<strong>da</strong> presente nesta Terra. Os<<strong>br</strong> />

seres orgânicos não são as únicas criaturas que têm vi<strong>da</strong>. 7:86<<strong>br</strong> />

Para os videntes, estar vivo significa estar consciente. Para o homem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um, estar consciente significa ser um organismo. É aí que os<<strong>br</strong> />

videntes são diferentes. Para eles, estar consciente significa que<<strong>br</strong> />

as emanações que causam a consciência estão encerra<strong>da</strong>s dentro<<strong>br</strong> />

de um receptáculo.<<strong>br</strong> />

Os seres vivos orgânicos têm um casulo que encerra as emanações.<<strong>br</strong> />

Mas existem outras criaturas cujos receptáculos não aparecem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um casulo para o vidente. Ain<strong>da</strong> assim, têm eles as emanações <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

consciência e características de vi<strong>da</strong> diferentes <strong>da</strong> reprodução e do<<strong>br</strong> />

metabolismo. 7:86 Como dependência emocional, tristeza, alegria, ira<<strong>br</strong> />

e assim por diante. Esqueci ain<strong>da</strong> o melhor: amor; uma espécie de<<strong>br</strong> />

amor que o homem não pode sequer conceber. 7:87<<strong>br</strong> />

As chamas possuem uma quali<strong>da</strong>de muito peculiar; podem transportar o homem<<strong>br</strong> />

corporalmente, exatamente <strong>com</strong>o faz a água. Há leis básicas <strong>da</strong> física que provariam<<strong>br</strong> />

ser isso impossível. [Deve-se então] controlar a racionali<strong>da</strong>de excessiva, porque<<strong>br</strong> />

esta constantemente afeta os estados de consciência intensifica<strong>da</strong>. 7:88<<strong>br</strong> />

Os antigos toltecas, embora obviamente vissem, não <strong>com</strong>preendiam o que viam.<<strong>br</strong> />

Limitavam-se a usar suas descobertas sem preocupar-se em relacioná-las a um quadro<<strong>br</strong> />

mais amplo. No caso de sua categoria de fogo e água, dividiam o fogo em calor e chama e<<strong>br</strong> />

a água em umi<strong>da</strong>de e fluidez. Correlacionaram calor e umi<strong>da</strong>de, e chamavam-nos de proprie<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

menores. Consideravam as chamas e a fluidez <strong>com</strong>o proprie<strong>da</strong>des mais eleva<strong>da</strong>s,<<strong>br</strong> />

mágicas, e usavam-nas <strong>com</strong>o meio de transporte corpóreo ao reino de vi<strong>da</strong> não-orgânica.<<strong>br</strong> />

Entre seu conhecimento desse tipo de vi<strong>da</strong> e as suas práticas de fogo e água, os antigos<<strong>br</strong> />

videntes ficaram atolados em um pântano sem saí<strong>da</strong>. 7:88<<strong>br</strong> />

Os novos videntes concor<strong>da</strong>m que a descoberta de seres vivos não-orgânicos<<strong>br</strong> />

é realmente extraordinária, mas não do modo <strong>com</strong>o os antigos videntes acreditavam.<<strong>br</strong> />

Encontrar-se numa relação face a face <strong>com</strong> outro tipo de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>va aos antigos viden-<<strong>br</strong> />

30


tes uma falsa sensação de invulnerabili<strong>da</strong>de, o que provocou sua ruína. Esse conhecimento<<strong>br</strong> />

dos antigos é tão intrincado quanto inútil [e deve ser] apenas delienado. 7:88<<strong>br</strong> />

O acima li<strong>da</strong> <strong>com</strong> o conhecimento secreto so<strong>br</strong>e o vento, a chuva, relâmpagos,<<strong>br</strong> />

nuvens, trovão, a luz do dia e o sol. O conhecimento do abaixo tem a ver <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

nevoeiro, água de fontes subterrâneas, pântanos, raios, terremotos, a noite, o luar e a<<strong>br</strong> />

lua. 7:88-89 O sonoro e o silente é uma categoria de conhecimento secreto que tem a ver<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a manipulação do som e <strong>da</strong> quietude. 7:89 O movente e o estacionário são práticas<<strong>br</strong> />

que li<strong>da</strong>m <strong>com</strong> aspectos misteriosos do movimento e <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de. 7:89<<strong>br</strong> />

1.3 O BRILHO DA CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

Os novos videntes, imbuídos de uma natureza prática, são capazes de ver um<<strong>br</strong> />

fluxo de emanações e ver <strong>com</strong>o o homem e os outros seres vivos utilizam-nas para<<strong>br</strong> />

construir seu mundo perceptível. 7:54<<strong>br</strong> />

Normalmente, o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência é visto na superfície do casulo de todos<<strong>br</strong> />

os seres conscientes. Depois que o homem desenvolve a atenção, entretanto, o <strong>br</strong>ilho<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> consciência adquire profundi<strong>da</strong>de. Em outras palavras, é transmitido <strong>da</strong> superfície<<strong>br</strong> />

do casulo a um certo número de emanações no interior do mesmo. 7:113<<strong>br</strong> />

É tão simples que parece tolice. Para um vidente, os homens são seres<<strong>br</strong> />

luminosos. Nossa luminosi<strong>da</strong>de é feita <strong>da</strong>quela porção <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

emanações <strong>da</strong> Águia que está engloba<strong>da</strong> em nosso casulo ovóide.<<strong>br</strong> />

Essa porção particular, essa porção de emanações que está engloba<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

é o que nos torna homens. Percebê-lo é <strong>com</strong>patibilizar<<strong>br</strong> />

as emanações conti<strong>da</strong>s dentro de nosso casulo <strong>com</strong> as que se<<strong>br</strong> />

encontram do lado de fora. São <strong>com</strong>o filamentos de luz. 7:54<<strong>br</strong> />

O que é in<strong>com</strong>preensível à consciência normal é que os filamentos<<strong>br</strong> />

têm consciência de si mesmos, são vivos e vi<strong>br</strong>am. Existem tantos<<strong>br</strong> />

deles que o número não tem qualquer significado. Ca<strong>da</strong> um<<strong>br</strong> />

deles é uma eterni<strong>da</strong>de em si mesmo. 7:54<<strong>br</strong> />

Os videntes podem ver, por exemplo, as emanações no interior de qualquer<<strong>br</strong> />

criatura viva e podem dizer qual <strong>da</strong>s emanações externas irá<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>patibilizar-se <strong>com</strong> elas. 7:54<<strong>br</strong> />

A consciência dá origem a percepção, uma condição de alinhamento:<<strong>br</strong> />

as emanações no interior do casulo ficam alinha<strong>da</strong>s <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

exteriores, que se a<strong>da</strong>ptam a elas. O alinhamento é aquilo que<<strong>br</strong> />

permite que a consciência seja cultiva<strong>da</strong> por to<strong>da</strong> a criatura viva –<<strong>br</strong> />

um ser luminoso que parece bolha de luz es<strong>br</strong>anquiça<strong>da</strong>. 7:57<<strong>br</strong> />

Os seres sencientes são diminutas bolhas feitas desses filamentos,<<strong>br</strong> />

microscópicos ponto de luz, ligados às emanações infinitas. 7:57<<strong>br</strong> />

31


A luminosi<strong>da</strong>de dos seres vivos é constituí<strong>da</strong> pela porção particular <strong>da</strong>s emanações<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Águia que sucede estar dentro de seus casulos luminosos. A luminosi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia no exterior do casulo aumenta a luminosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s emanações<<strong>br</strong> />

em seu interior. A luminosi<strong>da</strong>de externa atrai a interna; ela a aprisiona, por assim<<strong>br</strong> />

dizer, e a fixa. Essa fixação é a consciência de ca<strong>da</strong> ser específico. 7:57 Essa pressão<<strong>br</strong> />

determina o grau de consciência que ca<strong>da</strong> ser vivo tem. 7:58<<strong>br</strong> />

As emanações <strong>da</strong> Águia são mais do que filamentos de luz. Ca<strong>da</strong> uma<<strong>br</strong> />

delas é uma fonte de energia ilimita<strong>da</strong>. Procure pensar assim: uma<<strong>br</strong> />

vez que algumas <strong>da</strong>s emanações exteriores ao casulo são as mesmas<<strong>br</strong> />

que as emanações interiores, suas energias são <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

pressão contínua. Mas o casulo isola as emanações que estão<<strong>br</strong> />

dentro de sua trama, e dessa maneira dirige a pressão. 7:58<<strong>br</strong> />

Disse a você que os antigos videntes eram mestres <strong>da</strong> arte de manipular<<strong>br</strong> />

a consciência. O que posso acrescentar agora é que eram<<strong>br</strong> />

os mestres dessa arte porque aprenderam a manipular a estrutura<<strong>br</strong> />

do casulo e desven<strong>da</strong>ram o mistério de estar consciente. A<<strong>br</strong> />

consciência é um <strong>br</strong>ilho no casulo dos seres vivos – o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

consciência. 7:58<<strong>br</strong> />

A consciência do homem é um <strong>br</strong>ilho de luminosi<strong>da</strong>de ambarina mais intenso<<strong>br</strong> />

do que o resto do casulo. Esse <strong>br</strong>ilho está em uma faixa estreita e vertical no lado<<strong>br</strong> />

extremo direito do casulo, correndo por todo seu <strong>com</strong>primento. O talento dos antigos<<strong>br</strong> />

videntes consistia em mover esse <strong>br</strong>ilho, em fazê-lo espalhar-se, a partir de seu ponto<<strong>br</strong> />

original, na superfície do casulo, para dentro, por to<strong>da</strong> a sua largura. 7:58<<strong>br</strong> />

A pressão que as emanações externas ao casulo, chama<strong>da</strong>s de emanações<<strong>br</strong> />

livres, exercem so<strong>br</strong>e as emanações no interior é a mesma em todos os seres conscientes.<<strong>br</strong> />

Entretanto, os resultados de tal pressão são imensamente diferentes de um para<<strong>br</strong> />

outro, porque seus casulos reagem a ela de todos os modos concebíveis. Existem,<<strong>br</strong> />

entretanto, graus de uniformi<strong>da</strong>de, dentro de certos limites. 7:62<<strong>br</strong> />

Quando os videntes vêem que a pressão <strong>da</strong>s emanações livres se<<strong>br</strong> />

aplica às emanações do interior, que estão sempre em movimento,<<strong>br</strong> />

e faz <strong>com</strong> que parem de mover-se, sabem que o ser luminoso<<strong>br</strong> />

naquele momento está fixado pela consciência. 7:63<<strong>br</strong> />

Dizer que as emanações livres se aplicam às de dentro do casulo e fazem-nas<<strong>br</strong> />

parar de mover-se significa que os videntes vêem algo indescritível,<<strong>br</strong> />

cujo significado conhecem sem som<strong>br</strong>a de dúvi<strong>da</strong>. Isto<<strong>br</strong> />

significa que a voz de ver lhes diz que as emanações de dentro do<<strong>br</strong> />

casulo estão <strong>com</strong>pletamente em descanso, e <strong>com</strong>binam-se <strong>com</strong> algumas<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s que estão no exterior. 7:64<<strong>br</strong> />

O grau de consciência de ca<strong>da</strong> ser senciente depende do grau ao qual<<strong>br</strong> />

ele é capaz de deixar a pressão <strong>da</strong>s emanações livres levá-lo. 7:64<<strong>br</strong> />

32


Os videntes afirmam que consciência sempre vem de fora de si mesmos, que o<<strong>br</strong> />

mistério real está dentro de nós. Já que, por sua própria natureza, as emanações livres são<<strong>br</strong> />

feitas para fixar o que está dentro do casulo, o que a consciência faz é deixar as emanações<<strong>br</strong> />

fixadoras fundirem-se <strong>com</strong> o que está dentro de nós. Os videntes acreditam que, se permitirmos<<strong>br</strong> />

que isso aconteça, tornamo-nos <strong>com</strong>o realmente somos: fluidos, sempre em movimento,<<strong>br</strong> />

eternos. 7:64<<strong>br</strong> />

1.3.1 AS ALTERNATIVAS E POSSIBILIDADES HUMANAS<<strong>br</strong> />

O perigo <strong>da</strong>s definições é que simplificam os temas para torná-los <strong>com</strong>preensíveis;<<strong>br</strong> />

nesse caso, ao definir a atenção, corre-se o risco de transformar uma realização<<strong>br</strong> />

mágica, miraculosa, em algo banal. A atenção é a maior realização singular do homem.<<strong>br</strong> />

Desenvolve-se a partir <strong>da</strong> simples consciência animal até co<strong>br</strong>ir to<strong>da</strong> a gama de alternativas<<strong>br</strong> />

humanas. Os videntes aperfeiçoam-na ain<strong>da</strong> mais até que cu<strong>br</strong>a todo o alcance<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des humanas. 7:71<<strong>br</strong> />

As alternativas humanas são tudo o que somos capazes de escolher <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

pessoas. Elas têm a ver <strong>com</strong> o nível de nossa atuação cotidiana, o conhecido; e, devido<<strong>br</strong> />

a esse fato, são bastante limita<strong>da</strong>s em número e alcance. As possibili<strong>da</strong>des humanas<<strong>br</strong> />

pertencem ao desconhecido. Não somos aquilo que somos capazes de escolher, mas<<strong>br</strong> />

aquilo que temos capaci<strong>da</strong>de de atingir. Um exemplo <strong>da</strong>s alternativas humanas é nossa<<strong>br</strong> />

opção de acreditar que o corpo humano é um objeto entre objetos. Um exemplo <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>des humanas é o feito dos videntes ao verem o homem <strong>com</strong>o um ser luminoso<<strong>br</strong> />

de forma oval. Com o corpo <strong>com</strong>o objeto abor<strong>da</strong>-se o conhecido, <strong>com</strong> o corpo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ovo luminoso abor<strong>da</strong>-se o desconhecido; as possibili<strong>da</strong>des humanas têm, portanto,<<strong>br</strong> />

um alcance quase inesgotável. 7:72<<strong>br</strong> />

A consciência <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a pressão permanente que as emanações livres<<strong>br</strong> />

exercem so<strong>br</strong>e as aprisiona<strong>da</strong>s no interior do casulo. Essa pressão produz o primeiro<<strong>br</strong> />

ato de consciência; ela detém o movimento <strong>da</strong>s emanações aprisiona<strong>da</strong>s, que estão<<strong>br</strong> />

lutando para que<strong>br</strong>ar o casulo, lutando para morrer. 7:78<<strong>br</strong> />

Para o vidente, a ver<strong>da</strong>de é que todos os seres vivos estão lutando<<strong>br</strong> />

para morrer. O que detém a morte é a consciência. 7:78<<strong>br</strong> />

Os novos videntes ficaram profun<strong>da</strong>mente perturbados pelo fato de que a<<strong>br</strong> />

consciência evita a morte e ao mesmo tempo a induz, sendo alimento para a Águia.<<strong>br</strong> />

Uma vez que não conseguiram explicá-lo, pois não há maneira racional para <strong>com</strong>preender<<strong>br</strong> />

a existência, os videntes notaram que seu conhecimento é <strong>com</strong>posto de proposições<<strong>br</strong> />

contraditórias. 7:78<<strong>br</strong> />

33


[Não significa que eles desenvolveram um sistema de contradições.] Eles<<strong>br</strong> />

não desenvolveram na<strong>da</strong>. Encontraram ver<strong>da</strong>des inquestionáveis,<<strong>br</strong> />

modelos de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, e ao mesmo tempo tinham de a<strong>br</strong>ir mão de<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s essas quali<strong>da</strong>des para poderem ser <strong>com</strong>pletamente livres e<<strong>br</strong> />

abertos às maravilhas e mistérios <strong>da</strong> existência. 7:78<<strong>br</strong> />

Apenas o sentimento de suprema so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de pode estender uma<<strong>br</strong> />

ponte por so<strong>br</strong>e as contradições. 7:78<<strong>br</strong> />

Você pode chamar a ponte entre as contradições <strong>da</strong> maneira que<<strong>br</strong> />

quiser... arte, afeição, so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, amor, e mesmo gentileza. 7:79<<strong>br</strong> />

1.3.2 TRÊS NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

Nosso ser total consiste em dois segmentos perceptíveis. O primeiro é o corpo<<strong>br</strong> />

físico conhecido que todos nós podemos perceber; o segundo é o corpo luminoso, um<<strong>br</strong> />

casulo que só os videntes conseguem perceber, um casulo que nos dá a aparência de<<strong>br</strong> />

* 6:20<<strong>br</strong> />

ovos luminosos gigantescos.<<strong>br</strong> />

A fim de explicar esses conceitos, [divide-se a consciência em três partes desiguais]:<<strong>br</strong> />

a menor, primeira atenção, é a consciência que to<strong>da</strong> pessoa normal desenvolve<<strong>br</strong> />

a fim de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o mundo diário; ela a<strong>br</strong>ange o conhecimento do corpo físico. A<<strong>br</strong> />

outra parte maior, segun<strong>da</strong> atenção, é o conhecimento de que precisamos para perceber<<strong>br</strong> />

nosso casulo luminoso e para agir <strong>com</strong>o seres luminosos. A segun<strong>da</strong> atenção permanece<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o pano de fundo durante to<strong>da</strong> a nossa vi<strong>da</strong>, a não ser que seja transporta<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

através de treinamento deliberado ou por um trauma acidental, e a<strong>br</strong>ange o conhecimento<<strong>br</strong> />

do nosso corpo luminoso. A última parte, a maior, terceira atenção, é uma<<strong>br</strong> />

consciência in<strong>com</strong>ensurável que envolve aspectos indefiníveis do conhecimento dos<<strong>br</strong> />

corpos físico e luminoso. 6:20<<strong>br</strong> />

Os videntes dizem que há três tipos de atenção. Quando dizem isso,<<strong>br</strong> />

referem-se somente aos seres humanos, não a todos os seres<<strong>br</strong> />

conscientes que existem. Mas não são somente tipos de atenção;<<strong>br</strong> />

são antes, três níveis de realização. 7:72<<strong>br</strong> />

Depois de muito labutar, os videntes chegaram à conclusão de que a consciência<<strong>br</strong> />

dos seres humanos adultos, amadureci<strong>da</strong> pelo processo de crescimento, é modifica<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

tornando-se algo mais intenso e <strong>com</strong>plexo, que os videntes chamam de atenção. Em <strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

momento do crescimento dos seres humanos, uma faixa <strong>da</strong>s emanações interiores de seus<<strong>br</strong> />

casulos torna-se muito intensa; à medi<strong>da</strong> que seres humanos acumulam experiência, ela<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça a <strong>br</strong>ilhar. Em certos casos, o <strong>br</strong>ilho dessa faixa de emanações aumenta tão dramaticamente<<strong>br</strong> />

que se funde <strong>com</strong> as emanações do exterior. Os videntes, testemunhando uma<<strong>br</strong> />

evolução desse tipo, tiveram que concluir que a consciência é a matéria-prima, enquanto a<<strong>br</strong> />

atenção é o produto final do amadurecimento. 7:71<<strong>br</strong> />

34


Dizem que a atenção é o controle e a intensificação <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

através do processo de estar vivo. 7:71<<strong>br</strong> />

1.3.2.1 PRIMEIRA ATENÇÃO<<strong>br</strong> />

[A primeira atenção é, <strong>com</strong>o já disse,] a consciência que to<strong>da</strong> pessoa normal<<strong>br</strong> />

desenvolve a fim de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o mundo diário; ela a<strong>br</strong>ange o conhecimento do corpo<<strong>br</strong> />

físico. 6:20<<strong>br</strong> />

A primeira atenção é o que somos <strong>com</strong>o homens <strong>com</strong>uns. Por força<<strong>br</strong> />

de um controle tão absoluto so<strong>br</strong>e nossas vi<strong>da</strong>s, a primeira atenção<<strong>br</strong> />

é o bem mais valioso que o homem <strong>com</strong>um possui. Talvez<<strong>br</strong> />

seja mesmo seu único bem.<<strong>br</strong> />

Levando em conta seu valor real, os novos videntes <strong>com</strong>eçaram<<strong>br</strong> />

um rigoroso exame <strong>da</strong> primeira atenção através de ver. Suas descobertas<<strong>br</strong> />

mol<strong>da</strong>ram sua visão global e a visão de todos os seus<<strong>br</strong> />

descendentes, embora muitos deles não <strong>com</strong>preen<strong>da</strong>m o que<<strong>br</strong> />

aqueles videntes realmente viam. 7:72<<strong>br</strong> />

As conclusões do rigoroso exame feito pelos novos videntes tinham muito<<strong>br</strong> />

pouco a ver <strong>com</strong> a razão ou a racionali<strong>da</strong>de, porque para examinar e explicar a primeira<<strong>br</strong> />

atenção é preciso vê-la. Só os videntes podem fazer isso. Mas examinar o que vêem na<<strong>br</strong> />

primeira atenção é essencial. É o que permite à primeira atenção a única oportuni<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

que jamais terá de <strong>com</strong>preender seu próprio funcionamento. 7:72<<strong>br</strong> />

Em termos do que os videntes vêem, a primeira atenção é o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

consciência desenvolvido a um ultra<strong>br</strong>ilho. Mas é um <strong>br</strong>ilho fixado<<strong>br</strong> />

na superfície do casulo, por assim dizer. É um <strong>br</strong>ilho que co<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

o conhecido. 7:72<<strong>br</strong> />

O inventário <strong>da</strong> primeira atenção<<strong>br</strong> />

Ao examinar a primeira atenção, os novos videntes desco<strong>br</strong>iram que todos os<<strong>br</strong> />

seres orgânicos, exceto o homem, acalmam suas emanações prisioneiras agita<strong>da</strong>s, de<<strong>br</strong> />

modo que possam alinhar-se <strong>com</strong> as emanações externas que lhes correspondem. Os<<strong>br</strong> />

seres humanos não procedem assim; em lugar disso, sua primeira atenção faz um<<strong>br</strong> />

inventário <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia no interior de seus casulos. 7:79<<strong>br</strong> />

Os seres humanos notam as emanações que têm dentro de seus casulos.<<strong>br</strong> />

Nenhuma outra criatura faz isso. No momento em que a pressão<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s emanações livres fixa as emanações do interior, a primeira atenção<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça a observar a si mesma. Nota tudo a respeito de si mesma,<<strong>br</strong> />

ou ao menos tenta, mesmo <strong>da</strong>s maneiras mais aberrantes. Este<<strong>br</strong> />

é o processo que os videntes chamam de fazer um inventário.<<strong>br</strong> />

35


Não quero dizer que seres humanos escolheram fazer inventários,<<strong>br</strong> />

ou que podem recusar-se a fazê-los. Fazer um inventário é a<<strong>br</strong> />

ordem <strong>da</strong> Águia. O que está sujeito à vontade, entretanto, é a<<strong>br</strong> />

maneira <strong>com</strong>o a ordem é obedeci<strong>da</strong>. 7:79<<strong>br</strong> />

Embora não [me] agrade chamar as emanações de ordens, é isso o que elas<<strong>br</strong> />

são: ordens a que ninguém pode desobedecer. E, contudo, a maneira de fugir à obediência<<strong>br</strong> />

às ordens está em obedecer-lhes. 7:79<<strong>br</strong> />

No caso do inventário <strong>da</strong> primeira atenção, os videntes fazem-no<<strong>br</strong> />

porque não podem desobedecer. Mas depois de <strong>com</strong>pletá-lo, atiram-no<<strong>br</strong> />

fora. A Águia não nos ordena que veneremos nosso inventário;<<strong>br</strong> />

ela só ordena que o façamos. 7:79<<strong>br</strong> />

As emanações no interior do casulo do homem não são acalma<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o propósito de serem <strong>com</strong>bina<strong>da</strong>s <strong>com</strong> as externas. Isto é<<strong>br</strong> />

evidente depois que se vê o que as outras criaturas fazem. Ao<<strong>br</strong> />

acalmar-se, algumas delas chegam realmente a fundir-se <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

emanações livres, e movem-se <strong>com</strong> elas. Os videntes podem ver,<<strong>br</strong> />

por exemplo, a luz <strong>da</strong>s emanações dos escaravelhos expandindo-se<<strong>br</strong> />

a um tamanho imenso. 7:79<<strong>br</strong> />

Mas os seres humanos acalmam suas emanações e então refletem<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e elas. As emanações focalizam-se em si mesmas. 7:80<<strong>br</strong> />

Os seres humanos levam ao extremo lógico o <strong>com</strong>ando de fazer um inventário,<<strong>br</strong> />

e dispensam todo o restante. Uma vez que estão profun<strong>da</strong>mente envolvidos no inventário,<<strong>br</strong> />

duas coisas podem acontecer. Podem ignorar os impulsos <strong>da</strong>s emanações livres,<<strong>br</strong> />

ou usá-las de um modo muito especializado. 7:80<<strong>br</strong> />

A razão humana aparece ao vidente <strong>com</strong>o um <strong>br</strong>ilho opaco in<strong>com</strong>umente homogêneo,<<strong>br</strong> />

que raramente reage; quando chega a fazê-lo, à pressão constante <strong>da</strong>s emanações<<strong>br</strong> />

livres, [vê-se] um <strong>br</strong>ilho que faz a concha ovóide ficar mais forte, porém mais<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>adiça. 7:80<<strong>br</strong> />

Auto-reflexão<<strong>br</strong> />

A razão na espécie humana deveria ser abun<strong>da</strong>nte, mas na reali<strong>da</strong>de é muito<<strong>br</strong> />

rara. A maioria dos seres humanos volta-se para a auto-absorção. 7:80<<strong>br</strong> />

A consciência de todos os seres vivos tem um grau de auto-reflexão, para permitir<<strong>br</strong> />

que interajam. Mas nenhuma, exceto a primeira atenção do homem, possui tal grau de<<strong>br</strong> />

auto-absorção. Contrariamente aos homens de razão, que ignoram os impulsos <strong>da</strong>s emanações<<strong>br</strong> />

livres, os indivíduos auto-absorvidos usam ca<strong>da</strong> impulso e transformam-nos a todos<<strong>br</strong> />

em uma força para agitar as emanações aprisiona<strong>da</strong>s no interior de seus casulos. 7:80<<strong>br</strong> />

36


Observando tudo isso, os videntes chegaram a uma conclusão prática. Viram<<strong>br</strong> />

que os homens de razão são destinados a viver mais tempo, porque, ao ignorar o<<strong>br</strong> />

impulso <strong>da</strong>s emanações livres, aquietam a natural agitação do interior de seus casulos.<<strong>br</strong> />

Os indivíduos auto-absorvidos, por outro lado, usando o impulso <strong>da</strong>s emanações livres<<strong>br</strong> />

para criar mais agitação, encurtam suas vi<strong>da</strong>s. 7:80<<strong>br</strong> />

A primeira atenção trabalha [<strong>com</strong> o conhecido e] muito bem <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

desconhecido. Ela o bloqueia; ela nega-o tão ferozmente que, no<<strong>br</strong> />

final, o desconhecido não existe para a primeira atenção.<<strong>br</strong> />

Fazer um inventário torna-nos invulneráveis; é por isso que o inventário<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçou a existir. 7:81<<strong>br</strong> />

1.3.2.2 SEGUNDA ATENÇÃO<<strong>br</strong> />

[Uma parte maior <strong>da</strong> consciência, a segun<strong>da</strong> atenção a<strong>br</strong>ange] o conhecimento<<strong>br</strong> />

de que precisamos para perceber nosso casulo luminoso e para agir <strong>com</strong>o seres<<strong>br</strong> />

luminosos. A segun<strong>da</strong> atenção [<strong>com</strong>o lhe disse] permanece <strong>com</strong>o pano de fundo durante<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> nossa vi<strong>da</strong>, a não ser que seja transporta<strong>da</strong> através de treinamento deliberado<<strong>br</strong> />

ou por um trauma acidental. 6:20<<strong>br</strong> />

O campo de batalha dos guerreiros é a segun<strong>da</strong> atenção – uma espécie de<<strong>br</strong> />

campo de treinamento para atingir a terceira atenção. É um estado bem difícil de se<<strong>br</strong> />

chegar, mas muito frutificante quando atingido. 6:20<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> atenção é um estado mais <strong>com</strong>plexo e especializado do<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência. Tem a ver <strong>com</strong> o desconhecido. So<strong>br</strong>evém<<strong>br</strong> />

quando emanações não <strong>com</strong>uns dentro do casulo do homem são<<strong>br</strong> />

utiliza<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

A razão pela qual disse que a segun<strong>da</strong> atenção é especializa<strong>da</strong> é<<strong>br</strong> />

que, para se utilizar essas emanações in<strong>com</strong>uns, são necessárias<<strong>br</strong> />

táticas inusuais, elabora<strong>da</strong>s, que requerem muita disciplina e concentração.<<strong>br</strong> />

7:72<<strong>br</strong> />

A concentração necessária para se estar consciente de um sonho é o prenúncio<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> segun<strong>da</strong> atenção. A concentração é a forma de consciência que não está na<<strong>br</strong> />

mesma categoria que a consciência necessária para li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o mundo cotidiano. 7:73<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> atenção é também chama<strong>da</strong> de consciência do lado esquerdo, e é o<<strong>br</strong> />

campo mais vasto que se pode imaginar, tão vasto que, na ver<strong>da</strong>de, parece não ter<<strong>br</strong> />

limites. 7:73<<strong>br</strong> />

Não gostaria de perder-me nela por na<strong>da</strong> neste mundo. É um pântano<<strong>br</strong> />

tão <strong>com</strong>plexo e bizarro que os videntes só<strong>br</strong>ios somente en-<<strong>br</strong> />

37


tram nela sob as mais estritas condições. A grande dificul<strong>da</strong>de é<<strong>br</strong> />

que a entra<strong>da</strong> para a segun<strong>da</strong> atenção é muito simples, e sua atração<<strong>br</strong> />

quase irresistível. 7:73<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes, mestres <strong>da</strong> consciência, aplicavam sua habili<strong>da</strong>de em seus<<strong>br</strong> />

próprios <strong>br</strong>ilhos <strong>da</strong> consciência e faziam <strong>com</strong> que se expandissem a limites inconcebíveis.<<strong>br</strong> />

Na ver<strong>da</strong>de, aspiravam acender to<strong>da</strong>s as emanações dentro de seus casulos, uma faixa por<<strong>br</strong> />

vez. Conseguiram, mas, de modo bastante estranho: o fato de acender uma faixa de ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vez determinou seu aprisionamento no pântano <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> atenção. 7:73<<strong>br</strong> />

Os novos videntes corrigiram aquele erro. Deixaram o domínio <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

consciência desenvolver-se no sentido de seu fim natural, que é<<strong>br</strong> />

o de estender o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência além dos limites do casulo<<strong>br</strong> />

luminoso em uma única pulsação. 7:73<<strong>br</strong> />

[O desenvolvimento <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> atenção] <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a idéia que nos vem<<strong>br</strong> />

mais <strong>com</strong>o uma curiosi<strong>da</strong>de do que <strong>com</strong>o uma possibili<strong>da</strong>de real; transforma-se em<<strong>br</strong> />

algo que só pode ser sentido, <strong>com</strong>o uma sensação; e finalmente evolui para um estado<<strong>br</strong> />

de ser, ou uma região de pratici<strong>da</strong>des, ou uma força superior que nos a<strong>br</strong>e mundos<<strong>br</strong> />

além de nossas fantasias mais desvaira<strong>da</strong>s. 9:35<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros têm duas opções para explicar a feitiçaria. Uma é falar em termos<<strong>br</strong> />

metafóricos, e contar so<strong>br</strong>e um mundo de dimensões mágicas. Outra é explicar<<strong>br</strong> />

suas ativi<strong>da</strong>des em termos abstratos, próprios <strong>da</strong> feitiçaria. 9:34<<strong>br</strong> />

Ao descrever metaforicamente a segun<strong>da</strong> atenção <strong>com</strong>o um desenvolvimento<<strong>br</strong> />

[significa] que, sendo um subproduto do deslocamento do ponto de aglutinação, a<<strong>br</strong> />

segun<strong>da</strong> atenção não é algo que aconteça naturalmente: deve ser intencional, vendo-a<<strong>br</strong> />

de início <strong>com</strong>o uma idéia e terminando por percebê-la <strong>com</strong>o uma consciência fixa e<<strong>br</strong> />

controla<strong>da</strong> do deslocamento do ponto de aglutinação. 9:36<<strong>br</strong> />

1.3.2.3 TERCEIRA ATENÇÃO<<strong>br</strong> />

[Última parte <strong>da</strong> consciência e a maior, a terceira atenção] é uma consciência<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>ensurável que envolve aspectos indefiníveis do conhecimento dos corpos físico e<<strong>br</strong> />

luminoso. 6:20<<strong>br</strong> />

A terceira atenção é atingi<strong>da</strong> quando o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência se transforma<<strong>br</strong> />

no fogo interior: o <strong>br</strong>ilho que acende não uma faixa de ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vez, mas to<strong>da</strong>s as emanações <strong>da</strong> Águia no interior do casulo do<<strong>br</strong> />

homem. 7:73<<strong>br</strong> />

Para os novos videntes, entrar na terceira atenção é um presente <strong>da</strong> Águia, mas<<strong>br</strong> />

[<strong>com</strong>] um significado diferente. É mais <strong>com</strong>o uma re<strong>com</strong>pensa por uma realização. 7:73<<strong>br</strong> />

38


No momento de morrer, todos os seres humanos entram no incognoscível, e<<strong>br</strong> />

alguns deles atingem a terceira atenção, embora por um tempo muito <strong>br</strong>eve e apenas<<strong>br</strong> />

para purificar o alimento <strong>da</strong> Águia. 7:74<<strong>br</strong> />

A realização suprema dos seres humanos é atingir aquele nível de<<strong>br</strong> />

atenção enquanto retém a força <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, antes de se tornarem<<strong>br</strong> />

uma consciência desencarna<strong>da</strong> movendo-se <strong>com</strong>o uma cintilação<<strong>br</strong> />

de luz na direção do bico <strong>da</strong> Águia para ser devora<strong>da</strong>. 7:74<<strong>br</strong> />

1.3.4 A CONSCIÊNCIA INTENSIFICADA<<strong>br</strong> />

O <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência [provocado por um impacto] pode ser chamado de atenção<<strong>br</strong> />

temporariamente intensifica<strong>da</strong>, porque ele enfatiza emanações que estão tão próximas<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s habituais que a mu<strong>da</strong>nça é mínima. Ain<strong>da</strong> assim, produz um aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>preender e concentrar-se e, acima de tudo, um aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de esquecer.<<strong>br</strong> />

Os videntes sabem exatamente <strong>com</strong>o usar essa mu<strong>da</strong>nça na escala de quali<strong>da</strong>de. Eles viam<<strong>br</strong> />

que apenas as emanações que cercam as que usamos no cotidiano subitamente ficam<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilhantes [<strong>com</strong> um impacto]. As mais distantes permanecem intoca<strong>da</strong>s, o que significa<<strong>br</strong> />

que, enquanto se encontram num estado de atenção intensifica<strong>da</strong>, os seres humanos<<strong>br</strong> />

podem trabalhar <strong>com</strong>o se estivessem no mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. 7:114<<strong>br</strong> />

As emanações que provocam o aumento <strong>da</strong> clareza deixam de ser<<strong>br</strong> />

enfatiza<strong>da</strong>s depois que os guerreiros não estão mais <strong>com</strong> a consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>. Sem essa ênfase, aquilo que experimentem<<strong>br</strong> />

ou testemunhem desaparece. 7:114<<strong>br</strong> />

Um estado de consciência intensifica<strong>da</strong> é visto não apenas <strong>com</strong>o um <strong>br</strong>ilho que<<strong>br</strong> />

aparece numa região mais profun<strong>da</strong> <strong>da</strong> forma ovóide dos seres humanos, mas também<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um <strong>br</strong>ilho mais intenso na superfície do casulo. Embora não seja na<strong>da</strong> em <strong>com</strong>paração<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o <strong>br</strong>ilho produzido em estados de consciência total, visto <strong>com</strong>o uma explosão<<strong>br</strong> />

de incandescência no ovo luminoso inteiro. É uma explosão de luz de tal magnitude<<strong>br</strong> />

que os limites <strong>da</strong> concha ficam difusos e as emanações do interior estendem-se<<strong>br</strong> />

além de qualquer coisa imaginável. 7:115<<strong>br</strong> />

Acontecem apenas <strong>com</strong> videntes. Nenhum outro homem ou nenhuma<<strong>br</strong> />

outra criatura vivente se ilumina dessa maneira. Videntes que<<strong>br</strong> />

atingem delibera<strong>da</strong>mente a consciência total são uma visão para<<strong>br</strong> />

se guar<strong>da</strong>r. Esse é o momento em que queimam de dentro para<<strong>br</strong> />

fora. O fogo interior os consome. Em consciência total, fundemse<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as emanações livres, e deslizam para a eterni<strong>da</strong>de. 7:115<<strong>br</strong> />

39


1.4 OS SERES LUMINOSOS<<strong>br</strong> />

Enquanto você pensar que é um corpo sólido, não pode conceber o<<strong>br</strong> />

que estou falando. 4:88<<strong>br</strong> />

Somos os percebedores. Somos uma consciência; não somos objetos;<<strong>br</strong> />

não temos solidez. Somos ilimitáveis. O mundo dos objetos<<strong>br</strong> />

e solidez é um modo de tornar cômo<strong>da</strong> nossa passagem pela Terra.<<strong>br</strong> />

É apenas uma descrição que foi cria<strong>da</strong> para nos aju<strong>da</strong>r. Nós,<<strong>br</strong> />

ou antes, nossa razão, nos esquecemos de que a descrição é apenas<<strong>br</strong> />

uma descrição e assim encerramos a totali<strong>da</strong>de de nós num<<strong>br</strong> />

círculo vicioso do qual raramente emergimos em nossa vi<strong>da</strong>. 4:88<<strong>br</strong> />

Somos percebedores. O mundo que percebemos, porém, é uma ilusão.<<strong>br</strong> />

Foi criado por uma descrição que nos foi conta<strong>da</strong> desde o momento<<strong>br</strong> />

em que nascemos. Nós, os seres luminosos, nascemos <strong>com</strong> dois círculos<<strong>br</strong> />

de poder, mas só usamos um para criar o mundo. Esse círculo,<<strong>br</strong> />

que é preso logo depois que nascemos, é a razão, e seu <strong>com</strong>panheiro<<strong>br</strong> />

é falar. Entre eles, inventam e mantêm o mundo. Assim, em essência,<<strong>br</strong> />

o mundo que sua razão quer sustentar é o mundo criado por<<strong>br</strong> />

uma descrição e suas regras dogmáticas e invioláveis, que a razão<<strong>br</strong> />

aprende a aceitar e defender. O segredo dos seres luminosos é que<<strong>br</strong> />

têm um outro círculo de poder que nunca é usado, a vontade. 4:90<<strong>br</strong> />

O truque do feiticeiro é o mesmo truque do homem normal. Ambos<<strong>br</strong> />

têm uma descrição; um, o homem normal, a sustenta <strong>com</strong> sua<<strong>br</strong> />

razão; o outro, o feiticeiro, a sustenta <strong>com</strong> sua vontade. Ambas as<<strong>br</strong> />

descrições têm suas regras e essas regras são percebíveis, mas a<<strong>br</strong> />

vantagem do feiticeiro é que a vontade é mais absorvente do que<<strong>br</strong> />

a razão. 4:90<<strong>br</strong> />

A sugestão que quero fazer aqui é que de hoje em diante você se<<strong>br</strong> />

deixe perceber se a descrição é manti<strong>da</strong> pela sua razão ou a sua<<strong>br</strong> />

vontade. Acho que é esse o único meio de você usar seu mundo<<strong>br</strong> />

de todo dia <strong>com</strong>o desafio e veículo para acumular suficiente poder<<strong>br</strong> />

pessoal a fim de chegar à totali<strong>da</strong>de de seu ser. 4:91<<strong>br</strong> />

1.5 O PONTO DE AGLUTINAÇÃO<<strong>br</strong> />

A percepção tem lugar porque existe em ca<strong>da</strong> um de nós um agente<<strong>br</strong> />

chamado ponto de aglutinação, que seleciona as emanações internas<<strong>br</strong> />

e externas para alinhamento. O alinhamento particular que percebemos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o mundo é produto <strong>da</strong> posição específica em que nosso<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação está localizado em nosso casulo. 7:110<<strong>br</strong> />

Para nossa primeira atenção colocar em foco o mundo que percebemos, ela deve<<strong>br</strong> />

enfatizar certas emanações seleciona<strong>da</strong>s na estreita faixa de emanações em que está localiza<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

a consciência do homem. As emanações descarta<strong>da</strong>s continuam dentro de nosso<<strong>br</strong> />

alcance, mas permanecem inativas, ignora<strong>da</strong>s por nós pela duração de nossas vi<strong>da</strong>s. 7:111<<strong>br</strong> />

40


Os novos videntes chamam as emanações enfatiza<strong>da</strong>s do lado direito, a consciência<<strong>br</strong> />

normal, o tonal, este mundo, o conhecido, a primeira atenção. O homem médio<<strong>br</strong> />

chama-as de reali<strong>da</strong>de, racionali<strong>da</strong>de, senso <strong>com</strong>um. 7:111<<strong>br</strong> />

As emanações enfatiza<strong>da</strong>s <strong>com</strong>põem uma larga porção <strong>da</strong> faixa de consciência<<strong>br</strong> />

do homem, mas uma parte muito pequena do espectro total de emanações presente<<strong>br</strong> />

no interior do casulo humano. As emanações negligencia<strong>da</strong>s na faixa do homem são<<strong>br</strong> />

considera<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o uma espécie de preâmbulo ao desconhecido, e o próprio desconhecido<<strong>br</strong> />

consiste em to<strong>da</strong>s as emanações que não são parte <strong>da</strong> faixa humana e que nunca<<strong>br</strong> />

são enfatiza<strong>da</strong>s. Os videntes chamam-nas de consciência do lado esquerdo, nagual, o<<strong>br</strong> />

outro mundo, o desconhecido, a segun<strong>da</strong> atenção. 7:111<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes desco<strong>br</strong>iram que o ponto de aglutinação não está no corpo<<strong>br</strong> />

físico, mas no invólucro luminoso, no próprio casulo. 7:112<<strong>br</strong> />

Todo ser vivo tem um ponto de aglutinação que seleciona emanações<<strong>br</strong> />

para enfatizar. 7:118<<strong>br</strong> />

Os seres humanos escolhem sempre as mesmas emanações para perceber,<<strong>br</strong> />

por duas razões. Primeira e mais importante: porque fomos ensinados que essas emanações<<strong>br</strong> />

são perceptíveis; a segun<strong>da</strong>: porque nossos pontos de aglutinação selecionam<<strong>br</strong> />

e preparam essas emanações para serem usa<strong>da</strong>s. 7:118<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s conquistas mais importantes para os novos videntes foi desco<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />

que a área onde esse ponto está localizado no casulo de to<strong>da</strong>s as criaturas vivas não é<<strong>br</strong> />

uma característica permanente, mas está estabeleci<strong>da</strong> por hábito naquela região específica.<<strong>br</strong> />

Daí a tremen<strong>da</strong> importância que os novos videntes atribuem a novas ações,<<strong>br</strong> />

novas práticas. Desejam desespera<strong>da</strong>mente chegar a novos usos, novos hábitos. 7:119<<strong>br</strong> />

Os novos videntes afirmam que, no curso de nosso crescimento, depois que o<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência se focaliza so<strong>br</strong>e a faixa de emanações humanas e seleciona algumas<<strong>br</strong> />

delas para ênfase, entra em um círculo vicioso. Quanto mais enfatiza certas emanações,<<strong>br</strong> />

mais estável fica o ponto de aglutinação. Isso equivale a afirmar que a nossa<<strong>br</strong> />

ordem torna-se a ordem <strong>da</strong> Águia. Não é preciso dizer que, quando nossa consciência<<strong>br</strong> />

se desenvolve em primeira atenção, a ordem é tão forte que que<strong>br</strong>ar esse círculo e<<strong>br</strong> />

fazer o ponto de aglutinação mover-se é um ver<strong>da</strong>deiro triunfo. 7:123<<strong>br</strong> />

O que é mais importante é a <strong>com</strong>preensão apropria<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a consciência, de modo a perceber que aquele ponto pode<<strong>br</strong> />

ser deslocado a partir do interior. A infeliz ver<strong>da</strong>de é que os seres<<strong>br</strong> />

humanos sempre perdem por omissão. Simplesmente não conhecem<<strong>br</strong> />

suas possibili<strong>da</strong>des. 7:119<<strong>br</strong> />

41


Os novos videntes dizem que a <strong>com</strong>preensão é a técnica. Dizem que,<<strong>br</strong> />

antes de tudo, é preciso ficar consciente de que o mundo que<<strong>br</strong> />

percebemos é o resultado <strong>da</strong> localização dos nossos pontos de<<strong>br</strong> />

aglutinação em uma área específica do casulo. Depois que isto é<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preendido, o ponto de aglutinação pode mover-se quase por<<strong>br</strong> />

força <strong>da</strong> vontade, <strong>com</strong>o conseqüência de novos hábitos. 7:119<<strong>br</strong> />

O ponto de aglutinação do homem aparece em uma área defini<strong>da</strong> do<<strong>br</strong> />

casulo porque a Águia assim ordena. Mas a área precisa é determina<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pelo hábito, pelos atos repetitivos. Primeiro aprendemos<<strong>br</strong> />

que ele pode ser localizado ali, e então nós mesmos ordenamos<<strong>br</strong> />

que fique naquele lugar. Nossa ordem torna-se a ordem <strong>da</strong> Águia,<<strong>br</strong> />

e o ponto se fixa naquela posição. Reflita so<strong>br</strong>e isto <strong>com</strong> muito<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>do; nossa ordem torna-se a ordem <strong>da</strong> Águia. 7:119<<strong>br</strong> />

O ponto de aglutinação também é responsável por fazer a primeira atenção perceber<<strong>br</strong> />

em termos de aglomerados. Um exemplo de aglomerado de emanações que recebem<<strong>br</strong> />

ênfase ao mesmo tempo é o corpo humano tal <strong>com</strong>o nós o percebemos. Outra parte de<<strong>br</strong> />

nosso ser total, nosso casulo luminoso, nunca recebe ênfase e é relegado ao esquecimento,<<strong>br</strong> />

pois o efeito do ponto de aglutinação não é apenas fazer-nos perceber certos aglomerados<<strong>br</strong> />

de emanações, mas também fazer-nos ignorar outras emanações. 7:124<<strong>br</strong> />

O ponto de aglutinação irradia um <strong>br</strong>ilho que reúne feixes de emanações aprisiona<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Esses feixes então se alinham <strong>com</strong> as emanações livres. Os aglomerados se<<strong>br</strong> />

formam mesmo quando os videntes li<strong>da</strong>m <strong>com</strong> emanações que nunca são usa<strong>da</strong>s. Sempre<<strong>br</strong> />

que são enfatiza<strong>da</strong>s, podemos percebê-las exatamente <strong>com</strong>o percebemos os aglomerados<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> primeira atenção. 7:124<<strong>br</strong> />

Um dos maiores momentos que os novos videntes tiveram foi quando<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>iram que o desconhecido é simplesmente as emanações<<strong>br</strong> />

descarta<strong>da</strong>s pela primeira atenção. É vasto, mas a aglomeração<<strong>br</strong> />

ain<strong>da</strong> pode ser feita. Já o incognoscível, por sua vez, é uma<<strong>br</strong> />

eterni<strong>da</strong>de onde nosso ponto de aglutinação não tem condição<<strong>br</strong> />

alguma de aglomerar. 7:124<<strong>br</strong> />

O ponto de aglutinação é <strong>com</strong>o um magneto luminoso que escolhe emanações<<strong>br</strong> />

e as agrupa sempre que se move dentro dos limites <strong>da</strong> faixa de emanações do homem.<<strong>br</strong> />

Essa descoberta foi a glória dos novos videntes, pois lançou nova luz so<strong>br</strong>e o desconhecido.<<strong>br</strong> />

Os novos videntes perceberam que algumas <strong>da</strong>s visões obsessivas dos videntes,<<strong>br</strong> />

aquelas que são quase inconcebíveis, coincidem <strong>com</strong> a mu<strong>da</strong>nça do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação para a região <strong>da</strong> faixa do homem que é diametralmente oposta àquela<<strong>br</strong> />

onde ele está ordinariamente localizado. 7:124<<strong>br</strong> />

São visões do lado escuro do homem, porque é som<strong>br</strong>io e ameaçador.<<strong>br</strong> />

Não é apenas o desconhecido, mas o que não se quer conhecer. 7:124<<strong>br</strong> />

42


[As emanações que estão dentro do casulo, mas fora dos limites <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

faixa do homem, podem ser percebi<strong>da</strong>s] mas de maneiras<<strong>br</strong> />

indescritíveis. Não são o desconhecido humano, <strong>com</strong>o é o caso<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s emanações não utiliza<strong>da</strong>s na faixa do homem, mas o desconhecido<<strong>br</strong> />

quase in<strong>com</strong>ensurável, onde não há nenhum traço. É de<<strong>br</strong> />

fato uma área de uma vastidão tão gigantesca que o melhor dos<<strong>br</strong> />

videntes dificilmente conseguiria descrevê-la. 7:124<<strong>br</strong> />

O mistério está fora de nós. Dentro de nós há apenas emanações<<strong>br</strong> />

tentando romper o casulo. E esse fato nos desvia <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

um modo ou de outro, sejamos homens <strong>com</strong>uns ou guerreiros.<<strong>br</strong> />

Apenas os novos videntes superaram esse ponto. Eles lutam para<<strong>br</strong> />

ver. E por meio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças de seus pontos de aglutinação conseguem<<strong>br</strong> />

sentir que o mistério é perceber. Não tanto o que percebemos,<<strong>br</strong> />

mas o que nos faz perceber.<<strong>br</strong> />

Já lhe disse que os novos videntes acreditam que os nossos sentidos<<strong>br</strong> />

são capazes de detectar qualquer coisa. Acreditam nisso porque<<strong>br</strong> />

vêem que a posição do ponto de aglutinação é o que dita o que<<strong>br</strong> />

nossos sentidos percebem. Se o ponto de aglutinação alinha emanações<<strong>br</strong> />

no interior do casulo em uma posição diferente <strong>da</strong> normal,<<strong>br</strong> />

os sentidos humanos percebem de maneiras inconcebíveis. 7:125<<strong>br</strong> />

Há uma distinção significativa entre um movimento e um deslocamento do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação. O movimento é uma profun<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça de posição, tão extrema que o<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação pode mesmo alcançar outras faixas de energia no interior de nossa<<strong>br</strong> />

massa total luminosa. Ca<strong>da</strong> faixa de energia representa um universo <strong>com</strong>pletamente diferente<<strong>br</strong> />

a ser percebido. Um deslocamento, entretanto, é um movimento pequeno no interior<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> faixa de campos de energia, que percebemos <strong>com</strong>o um mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. 8:212<<strong>br</strong> />

O aspecto do alinhamento que mantém o ponto [de aglutinação] estacionário<<strong>br</strong> />

é a vontade; e o aspecto que o faz mu<strong>da</strong>r é a intenção [o intento]. Um dos mistérios<<strong>br</strong> />

mais assom<strong>br</strong>osos é <strong>com</strong>o a vontade, a força impessoal do alinhamento, se transforma<<strong>br</strong> />

em intenção, a força personaliza<strong>da</strong>, a serviço de ca<strong>da</strong> indivíduo. 7:206<<strong>br</strong> />

A parte mais estranha deste mistério é que a mu<strong>da</strong>nça é tão fácil de<<strong>br</strong> />

realizar. Mas o que não é tão fácil é convencer a nós mesmos que<<strong>br</strong> />

isso é possível. É aí que reside nossa segurança. Temos de ser<<strong>br</strong> />

convencidos. E nenhum de nós quer sê-lo. 7:206<<strong>br</strong> />

43


CAPÍTULO 2<<strong>br</strong> />

A TOTALIDADE DO SER<<strong>br</strong> />

Nosso ser total consiste em dois segmentos perceptíveis. O primeiro é o corpo<<strong>br</strong> />

físico conhecido que todos nós podemos perceber; o segundo é o corpo luminoso, um<<strong>br</strong> />

casulo que nos dá a aparência de ovos luminosos. 6:20<<strong>br</strong> />

Os homens parecem diferentes quando você vê. [São] <strong>com</strong>o fi<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />

de luz, <strong>com</strong>o teias de aranhas <strong>br</strong>ancas. Fios muito finos que circulam<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> cabeça ao umbigo. Assim, o homem parece um ovo de<<strong>br</strong> />

fi<strong>br</strong>as circun<strong>da</strong>ntes. E seus <strong>br</strong>aços e pernas são <strong>com</strong>o espinhos<<strong>br</strong> />

luminosos, espocando em to<strong>da</strong>s as direções. 2:26<<strong>br</strong> />

Além disso, todos os homens estão em contado <strong>com</strong> tudo o mais,<<strong>br</strong> />

não por suas mãos, mas por meio de um punhado de fi<strong>br</strong>as <strong>com</strong>pri<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

que saem do centro de seu abdômen. Essas fi<strong>br</strong>as ligam o<<strong>br</strong> />

homem a seu ambiente; mantêm seu equilí<strong>br</strong>io; dão-lhe estabili<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Assim, <strong>com</strong>o algum dia você poderá ver, o homem é um<<strong>br</strong> />

ovo luminoso, quer ele seja mendigo ou rei, e não há jeito de<<strong>br</strong> />

modificar na<strong>da</strong>, ou melhor, o que poderia ser modificado naquele<<strong>br</strong> />

ovo luminoso? O que? 2:27<<strong>br</strong> />

Quando os feiticeiros dos tempos antigos estavam examinando minuciosamente<<strong>br</strong> />

o corpo <strong>com</strong> seu olho de visão, notaram a presença<<strong>br</strong> />

de vórtices. Ficaram muito curiosos a esse respeito e fizeram<<strong>br</strong> />

um mapa deles. 10:101<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> centro de energia no corpo mostra uma concentração de energia;<<strong>br</strong> />

uma espécie de vórtice de energia, <strong>com</strong>o um funil, que, <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

perspectiva do vidente, parece realmente girar no sentido contrário<<strong>br</strong> />

ao dos ponteiros do relógio. A força de um determinado centro<<strong>br</strong> />

depende do vigor do movimento. Se ele mal se move, o centro<<strong>br</strong> />

fica exaurido, esvaziado de energia.<<strong>br</strong> />

Existem centenas [desses centros], se não milhares! Pode-se dizer que<<strong>br</strong> />

um ser humano não é mais que um conglomerado de milhares de<<strong>br</strong> />

vórtices giratórios, alguns deles tão minúsculos que são, vamos dizer,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o furinhos de alfinete, mas furinhos muito importantes. A<<strong>br</strong> />

maioria dos vórtices são vórtices de energia. A energia flui livremente<<strong>br</strong> />

através deles ou fica presa neles. No entanto existem seis tão enormes<<strong>br</strong> />

que merecem tratamento especial. São centros de vi<strong>da</strong> e vitali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Neles a energia nunca fica presa, mas às vezes o suprimento<<strong>br</strong> />

de energia é tão escasso que o centro mal gira. 10:101


2.1 VER<<strong>br</strong> />

Estes pontos representam um ser humano e podem ser traçados de<<strong>br</strong> />

qualquer jeito que se queira. A forma exterior não tem importância.<<strong>br</strong> />

4:88 São oito pontos nas fi<strong>br</strong>as de um ser luminoso. O ser humano<<strong>br</strong> />

é, antes de tudo, a vontade, porque a vontade é diretamente<<strong>br</strong> />

liga<strong>da</strong> a três pontos: sentir, sonhar e ver; depois o ser humano<<strong>br</strong> />

é razão. Esta, propriamente, é um centro menor do que a vontade;<<strong>br</strong> />

só está liga<strong>da</strong> a falar. 4:88<<strong>br</strong> />

Podemos dizer que ca<strong>da</strong> um de nós traz ao mundo oito pontos [essenciais].<<strong>br</strong> />

Dois deles, razão e falar, são conhecidos de todos. Sentir<<strong>br</strong> />

é sempre vago, mas meio conhecido. Mas somente, no mundo<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros é que a gente vem a conhecer plenamente sonhar,<<strong>br</strong> />

ver e vontade. E, por fim, na extremi<strong>da</strong>de desse mundo encontramos<<strong>br</strong> />

dois outros [que] nunca cederão a falar nem a razão: [o tonal<<strong>br</strong> />

e o nagual]. Somente a vontade pode mano<strong>br</strong>á-los. A razão está<<strong>br</strong> />

tão distante deles que é inteiramente inútil tentar entendê-los. Essa<<strong>br</strong> />

é uma <strong>da</strong>s coisas mais difíceis de <strong>com</strong>preender; afinal de contas,<<strong>br</strong> />

o forte <strong>da</strong> razão é conceber tudo. 4:88-89<<strong>br</strong> />

Ao que eu saiba, só há oito pontos que o homem seja capaz de manejar.<<strong>br</strong> />

Talvez os homens possam ir além disso. Eu disse manejar,<<strong>br</strong> />

não <strong>com</strong>preender, reparou? 2:238<<strong>br</strong> />

O ver<strong>da</strong>deiro é quando o corpo entende que pode ver. Só então ele é<<strong>br</strong> />

capaz de saber que o mundo para o qual olhamos todo dia é apenas<<strong>br</strong> />

uma descrição. A fim de ver a gente tem de aprender <strong>com</strong>o é<<strong>br</strong> />

que os feiticeiros olham para o mundo. 3:237<<strong>br</strong> />

Para ser feiticeiro, o homem tem de ser apaixonado. Um homem apaixonado<<strong>br</strong> />

tem bens terrenos e coisas queri<strong>da</strong>s... se na<strong>da</strong> mais, o<<strong>br</strong> />

simples caminho em que an<strong>da</strong>. 3:246<<strong>br</strong> />

Existem perigos inomináveis no caminho do conhecimento para aqueles<<strong>br</strong> />

que não possuem uma <strong>com</strong>preensão só<strong>br</strong>ia. Estou delineando<<strong>br</strong> />

a ordem na qual os novos videntes colocaram a ver<strong>da</strong>de so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a consciência, de modo que lhe sirva <strong>com</strong>o um mapa, um mapa<<strong>br</strong> />

que deverá <strong>com</strong>provar <strong>com</strong> sua visão, mas não <strong>com</strong> seus olhos. 7:61<<strong>br</strong> />

* Um diagrama de oito pontas liga<strong>da</strong>s entre si por linhas, <strong>com</strong> dois epicentros; um chamado de “razão”,<<strong>br</strong> />

o outro de “vontade”. “Razão” está interligado diretamente a um ponto que se chama “falar”. Por meio de<<strong>br</strong> />

“falar” a razão é liga<strong>da</strong> indiretamente a três outros pontos, “sentir”, “sonhar” e “ver”. O outro epicentro,<<strong>br</strong> />

“vontade”, está ligado diretamente a “sentir”, “sonhar” e “ver”; mas só indiretamente a “razão” e “falar”.<<strong>br</strong> />

4:88<<strong>br</strong> />

Os outros pontos misteriosos [tonal e nagual] só estão ligados à “vontade”, muito afastados de “sentir”,<<strong>br</strong> />

“sonhar” e “ver” e muito mais afastados de “falar” e “razão”. Estão isolados do resto e entre si. 4:88<<strong>br</strong> />

Os oito pontos correspondem a zonas e a certos órgãos nos seres humanos: a cabeça é o centro <strong>da</strong> razão<<strong>br</strong> />

e falar. A ponta do esterno é o centro de sentir. A zona abaixo do umbigo é <strong>da</strong> vontade. Sonhar fica do<<strong>br</strong> />

lado direito, contra as costelas. Ver é à esquer<strong>da</strong>. Às vezes, ver e sonhar são do lado direito. 4:89<<strong>br</strong> />

45


Vejo de dois jeitos. Quando quero olhar para o mundo, vejo-o <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

maneira que você vê. Depois, quando desejo vê-lo, olho para ele<<strong>br</strong> />

do jeito que eu sei e percebo-o de maneira diferente. 2:39 As coisas<<strong>br</strong> />

não mu<strong>da</strong>m. A gente é que mu<strong>da</strong> a maneira de olhar, só isso. 2:40<<strong>br</strong> />

Sempre que você olha para as coisas, não a vê. Apenas olha para<<strong>br</strong> />

elas, suponho que para se certificar de que há alguma coisa ali.<<strong>br</strong> />

Como não está preocupado em ver, as coisas parecem as mesmas<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> vez que olha para elas. Mas quando aprende a ver, por<<strong>br</strong> />

outro lado, uma coisa nunca é a mesma ca<strong>da</strong> vez que você a vê, e<<strong>br</strong> />

no entanto é a mesma. 2:40<<strong>br</strong> />

Quando o homem aprende a ver, ele se encontra sozinho no mundo,<<strong>br</strong> />

apenas <strong>com</strong> a loucura. Seus atos, bem <strong>com</strong>o os atos de seus semelhantes<<strong>br</strong> />

em geral, parecem-lhe importantes porque aprendeu<<strong>br</strong> />

a pensar que são importantes. 2:27<<strong>br</strong> />

Certas coisas em sua vi<strong>da</strong> lhe importam porque são importantes; seus<<strong>br</strong> />

atos certamente são importantes para você, mas, para mim, não há<<strong>br</strong> />

mais nenhuma coisa importante, nem os meus atos nem os de meus<<strong>br</strong> />

semelhantes. Mas continuo a viver porque tenho minha vontade.<<strong>br</strong> />

Porque temperei minha vontade em to<strong>da</strong> a minha vi<strong>da</strong>, até ela se<<strong>br</strong> />

tornar limpa e sadia, e agora não mais me importa o fato de na<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

importar. Minha vontade controla a loucura de minha vi<strong>da</strong>. 2:78<<strong>br</strong> />

Aprendemos a pensar so<strong>br</strong>e tudo e depois exercitamos nossos olhos<<strong>br</strong> />

para olharem <strong>com</strong>o pensamos a respeito <strong>da</strong>s coisas que olhamos.<<strong>br</strong> />

Olhamos para nós mesmos já pensando que somos importantes.<<strong>br</strong> />

E, por isso, temos de sentir-nos importantes! Mas quando o homem<<strong>br</strong> />

aprender a ver, entende que não pode mais pensar a respeito<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s coisas que ele olha, e se não pode mais pensar a respeito<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s coisas que ele olha, tudo fica sem importância. 2:79<<strong>br</strong> />

Eu não disse sem valor. Falei sem importância. Tudo é igual, e dessa<<strong>br</strong> />

forma sem importância. Por exemplo, não há meio de eu dizer<<strong>br</strong> />

que meus atos sejam mais importantes do que os seus, ou que<<strong>br</strong> />

uma coisa seja mais importante do que outra; e, portanto, to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

as coisas são iguais, e sendo iguais são sem importância. 2:80<<strong>br</strong> />

[Outro exemplo:] precisamos olhar <strong>com</strong> nossos olhos para rir, porque<<strong>br</strong> />

só quando olhamos para as coisas é que pegamos o lado<<strong>br</strong> />

engraçado do mundo. Por outro lado, quando os nossos olhos<<strong>br</strong> />

vêem, tudo é tão igual que na<strong>da</strong> é engraçado. 2:81<<strong>br</strong> />

Nossos olhos olham, de modo que podemos rir, ou chorar ou regozijar-nos,<<strong>br</strong> />

ou ficar tristes, ou felizes. Pessoalmente não gosto de ficar<<strong>br</strong> />

triste, de modo que sempre que presencio alguma coisa que<<strong>br</strong> />

normalmente me entristeceria, limito-me a mu<strong>da</strong>r meus olhos e<<strong>br</strong> />

vejo a coisa, em vez de simplesmente olhar para ela. Mas quando<<strong>br</strong> />

encontro alguma coisa engraça<strong>da</strong>, eu olho e rio. 2:81<<strong>br</strong> />

46


O mundo, quando você o vê, não é o que pensa que é agora. É antes<<strong>br</strong> />

um mundo veloz, que se move e modifica. 2:108<<strong>br</strong> />

Somos homens e nosso destino é aprender e sermos lançados em<<strong>br</strong> />

novos mundos inconcebíveis. Ver é para homens impecáveis. 2:145<<strong>br</strong> />

Se um homem vê, não tem de viver <strong>com</strong>o um guerreiro, nem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

coisa alguma, pois pode ver as coisas <strong>com</strong>o elas são realmente e<<strong>br</strong> />

dirigir sua vi<strong>da</strong> de acordo. 2:142 Ao aprender a ver, o homem tornase<<strong>br</strong> />

tudo, tornando-se na<strong>da</strong>. Por assim dizer, desaparece, e no entanto<<strong>br</strong> />

continua ali. Eu diria que essa é a ocasião em que o homem<<strong>br</strong> />

pode ser ou conseguir tudo o que deseja. Mas não deseja na<strong>da</strong>, e<<strong>br</strong> />

em vez de <strong>br</strong>incar <strong>com</strong> seus semelhantes <strong>com</strong>o se fossem <strong>br</strong>inquedos,<<strong>br</strong> />

ele os encontra no meio <strong>da</strong> loucura deles. A única diferença<<strong>br</strong> />

entre eles é que o homem que vê controla sua loucura, enquanto<<strong>br</strong> />

que seus semelhantes não o conseguem. Um homem que<<strong>br</strong> />

vê não tem mais um interesse ativo por seus semelhantes. Ver já<<strong>br</strong> />

o desprendeu de tudo o que conhecia antes. 2:145<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as pessoas são presas do engano de que ver é função dos<<strong>br</strong> />

olhos. 7:61<<strong>br</strong> />

Ver não é questão de olhar e ficar quieto. Ver é uma técnica que a<<strong>br</strong> />

gente tem de aprender. Ou talvez seja uma técnica que alguns de<<strong>br</strong> />

nós já conhecemos. 2:155<<strong>br</strong> />

2.1.1 A VOZ DE VER<<strong>br</strong> />

Ver é um eufemismo para o deslocamento do ponto de aglutinação. 7:210<<strong>br</strong> />

Ver é um conhecimento corporal. A predominância do sentido visual em nós<<strong>br</strong> />

influencia esse conhecimento corporal e lhe dá um sentimento de ser orientado visualmente.<<strong>br</strong> />

6:35 Ver é o alinhamento. O alinhamento <strong>da</strong>s emanações usa<strong>da</strong>s rotineiramente é<<strong>br</strong> />

a percepção do mundo do dia-a-dia, mas o alinhamento de emanações que nunca são<<strong>br</strong> />

usa<strong>da</strong>s ordinariamente é ver. Quando tal alinhamento ocorre, a pessoa vê. Ver, portanto,<<strong>br</strong> />

sendo produzi<strong>da</strong> por um alinhamento fora do <strong>com</strong>um, não pode ser algo para que<<strong>br</strong> />

alguém possa meramente olhar. 7:61-62<<strong>br</strong> />

Ver é uma sensação peculiar de saber, de saber alguma coisa sem<<strong>br</strong> />

resquício de dúvi<strong>da</strong>. 7:16 Não importa o que você vê. O que você<<strong>br</strong> />

sente é o importante. 3:62<<strong>br</strong> />

Quando os videntes vêem, algo explica tudo que aconteceu à medi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

que o novo alinhamento ocorre. É uma voz que lhes conta no<<strong>br</strong> />

ouvido o que é o quê. Se essa voz não está presente, aquilo em<<strong>br</strong> />

que o vidente está engajado não é ver. 7:62<<strong>br</strong> />

47


É errado afirmar que ver é ouvir, porque é infinitamente mais do que isso, mas<<strong>br</strong> />

os videntes optaram por usar o som <strong>com</strong>o a medi<strong>da</strong> de um novo alinhamento – a voz<<strong>br</strong> />

de ver, muito misteriosa e inexplicável. 7:62<<strong>br</strong> />

As declarações são feitas <strong>com</strong> muita certeza, e a gente não sabe <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

acontece. 4:123<<strong>br</strong> />

Minha conclusão pessoal é que a voz de ver pertence apenas ao homem.<<strong>br</strong> />

Isto pode acontecer porque só os homens falam. Os antigos<<strong>br</strong> />

videntes acreditavam que fosse a voz de uma enti<strong>da</strong>de todopoderosa<<strong>br</strong> />

intimamente relaciona<strong>da</strong> <strong>com</strong> a humani<strong>da</strong>de, um protetor<<strong>br</strong> />

do homem. Os novos videntes desco<strong>br</strong>iram que essa enti<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

à qual deram o nome de molde do homem, não possui uma<<strong>br</strong> />

voz. A voz de ver para os novos videntes é algo praticamente<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>preensível; dizem que é o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência tangendo<<strong>br</strong> />

as emanações <strong>da</strong> Águia, <strong>com</strong>o um harpista toca uma harpa. 7:62<<strong>br</strong> />

O processo de ver consiste de um intervalo de ver<strong>da</strong>deiro silêncio interior,<<strong>br</strong> />

seguido por um alongamento exterior do ser, um alongamento que se encontra e funde<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o outro corpo, ou <strong>com</strong> qualquer coisa dentro de nosso campo de consciência.<<strong>br</strong> />

Fundir [é <strong>com</strong>o] uma coisa que o corpo sente ou faz quando posto em contato observacional<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> outros corpos. 4:124<<strong>br</strong> />

Ver deve ser direto, pois um guerreiro não pode usar seu tempo para<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>ir o que ele mesmo está vendo. Ver é ver porque elimina<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as tolices. No princípio ver é confuso, e é fácil a gente perderse<<strong>br</strong> />

nisso. Mas à medi<strong>da</strong> que o guerreiro vai ficando mais <strong>com</strong>pacto,<<strong>br</strong> />

seu ver se torna o que deve ser, um conhecimento direto. 4:138<<strong>br</strong> />

Um guerreiro faz perguntas e através de seu ver obtém uma resposta,<<strong>br</strong> />

mas a resposta é simples, nunca embeleza<strong>da</strong> ao ponto de<<strong>br</strong> />

poodles franceses voadores. 4:139<<strong>br</strong> />

Ver só acontece quando a gente se esqueira entre os mundos, o mundo<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s pessoas <strong>com</strong>uns e o mundo dos feiticeiros. 3:235<<strong>br</strong> />

2.2 VONTADE<<strong>br</strong> />

A vontade pode ser descrita <strong>com</strong>o o controle máximo <strong>da</strong> luminosi<strong>da</strong>de do corpo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um campo de energia, ou <strong>com</strong>o um nível de eficiência, ou um estado de ser<<strong>br</strong> />

que surge a<strong>br</strong>uptamente na vi<strong>da</strong> diária de um guerreiro a um <strong>da</strong>do momento. Ela é<<strong>br</strong> />

experimenta<strong>da</strong> <strong>com</strong>o uma força que se irradia <strong>da</strong> parte média do corpo, depois de um<<strong>br</strong> />

instante do mais absoluto silêncio, ou um instante de pleno terror, ou de tristeza<<strong>br</strong> />

profun<strong>da</strong>; mas não depois de um instante de alegria, pois a alegria é muito envolvente<<strong>br</strong> />

para permitir ao guerreiro a concentração necessária para usar a luminosi<strong>da</strong>de do<<strong>br</strong> />

corpo e levá-lo ao silêncio. 7:118<<strong>br</strong> />

48


[A vontade] é uma coisa muito especial. Acontece misteriosamente.<<strong>br</strong> />

Não há um meio certo de se dizer <strong>com</strong>o é que se a usa, a não ser<<strong>br</strong> />

que os resultados de se usar a vontade são extraordinários. Talvez<<strong>br</strong> />

a primeira coisa que se deve fazer é saber que a gente a pode<<strong>br</strong> />

desenvolver. O guerreiro sabe disso e passa a esperar isso. 2:138<<strong>br</strong> />

A vontade é uma coisa muito clara e poderosa, que pode dirigir os<<strong>br</strong> />

nossos atos. A vontade é uma coisa que o homem usa, por exemplo,<<strong>br</strong> />

para vencer uma batalha que ele, por todos os cálculos, devia<<strong>br</strong> />

perder. 2:139<<strong>br</strong> />

O que o feiticeiro chama de vontade é um poder dentro <strong>da</strong> gente.<<strong>br</strong> />

Não é uma idéia, nem um objeto, nem um desejo. A vontade é o<<strong>br</strong> />

que pode fazê-lo vencer quando seus pensamentos lhe dizem que<<strong>br</strong> />

você está vencido. A vontade é o que torna invulnerável. A vontade<<strong>br</strong> />

é o que faz o feiticeiro atravessar uma parede; o espaço; ir até<<strong>br</strong> />

à Lua, se ele quiser. 9:119<<strong>br</strong> />

O que você chama de vontade é caráter e uma disposição forte. O<<strong>br</strong> />

que um feiticeiro denomina vontade é uma força que vem de dentro<<strong>br</strong> />

e se agarra ao mundo exterior. Sai pela barriga, bem onde<<strong>br</strong> />

estão as fi<strong>br</strong>as luminosas. 2:140<<strong>br</strong> />

A coragem é outra coisa. Os homens de coragem são homens de<<strong>br</strong> />

confiança, no<strong>br</strong>es, constantemente rodeados por pessoas que ficam<<strong>br</strong> />

em volta deles e os admiram; no entanto, muito poucos homens<<strong>br</strong> />

de coragem, têm vontade. Geralmente são homens destemidos,<<strong>br</strong> />

que são <strong>da</strong>dos a praticar atos au<strong>da</strong>ciosos de bom senso; a<<strong>br</strong> />

maioria <strong>da</strong>s vezes, um homem corajoso é também atemorizador<<strong>br</strong> />

e temido. A vontade, por outro lado, trata de façanhas surpreendentes,<<strong>br</strong> />

que desafiam nosso bom senso. 2:139<<strong>br</strong> />

A vontade é um poder. E <strong>com</strong>o é um poder, tem de ser controla<strong>da</strong> e<<strong>br</strong> />

afina<strong>da</strong>, e isso leva tempo. Nossa vontade opera apesar de nossa<<strong>br</strong> />

indulgência. Por exemplo, sua vontade já está a<strong>br</strong>indo sua <strong>br</strong>echa,<<strong>br</strong> />

pouco a pouco. 2:139<<strong>br</strong> />

Há uma <strong>br</strong>echa em nós, no lugar <strong>da</strong>s fi<strong>br</strong>as luminosas. Como a moleira<<strong>br</strong> />

de uma criança, que se fecha <strong>com</strong> a i<strong>da</strong>de, essa <strong>br</strong>echa se a<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

à medi<strong>da</strong> que a pessoa desenvolve sua vontade. 2:139 É uma abertura.<<strong>br</strong> />

Dá um espaço para a vontade disparar, <strong>com</strong>o uma flecha. 2:140<<strong>br</strong> />

A vontade é <strong>com</strong>o uma força que é o ver<strong>da</strong>deiro elo entre os homens e o<<strong>br</strong> />

mundo – tudo o que nós percebemos, de qualquer maneira que desejamos perceber.<<strong>br</strong> />

Perceber o mundo acarreta um processo de apreender tudo o que se apresenta a nós.<<strong>br</strong> />

Essa percepção especial é efetua<strong>da</strong> <strong>com</strong> nossos sentidos e nossa vontade. 2:140<<strong>br</strong> />

Um homem <strong>com</strong>um só pode “agarrar” as coisas do mundo <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

mãos, ou <strong>com</strong> os olhos, ou os ouvidos, mas um feiticeiro pode<<strong>br</strong> />

agarrá-las também <strong>com</strong> o nariz, ou a língua ou a vontade, especi-<<strong>br</strong> />

49


almente a vontade. Não posso descrever <strong>com</strong>o isso é feito, mas<<strong>br</strong> />

nem você me pode descrever, por exemplo, <strong>com</strong>o é que ouve.<<strong>br</strong> />

Acontece que eu também sou capaz de ouvir, de modo que podemos<<strong>br</strong> />

falar so<strong>br</strong>e o que ouvimos, mas não so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>o ouvimos. Um<<strong>br</strong> />

feiticeiro usa a sua vontade para perceber o mundo. Essa percepção,<<strong>br</strong> />

contudo, não é <strong>com</strong>o ouvir. Quando olhamos para o mundo, ou<<strong>br</strong> />

quando o ouvimos, temos a impressão de que já está lá e que é real.<<strong>br</strong> />

Quando percebemos o mundo <strong>com</strong> nossa vontade, sabemos que<<strong>br</strong> />

não está tão ali, ou que não é tão real quanto pensamos. 2:141<<strong>br</strong> />

A vontade é uma força, um poder. Ver não é uma força, e sim uma<<strong>br</strong> />

maneira de se penetrar nas coisas. Um feiticeiro pode ter uma<<strong>br</strong> />

vontade muito forte e, no entanto, pode não ver; o que significa<<strong>br</strong> />

que somente um homem de conhecimento percebe o mundo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

seus sentidos e <strong>com</strong> sua vontade, e também vendo. 2:141<<strong>br</strong> />

Aquilo que o poderia aju<strong>da</strong>r a desenvolver sua vontade está no meio<<strong>br</strong> />

de to<strong>da</strong>s as pequeninas coisas que você faz. 2:141<<strong>br</strong> />

2.3 SONHAR<<strong>br</strong> />

O nosso primeiro círculo de poder aparece muito cedo em nossas vi<strong>da</strong>s e vivemos<<strong>br</strong> />

sob a impressão de que aquilo é só o que há em nós. O nosso segundo círculo de<<strong>br</strong> />

poder, a atenção do nagual, permanece oculto para a grande maioria de nós, e só no<<strong>br</strong> />

momento de nossa morte é que ele nos é revelado. Porém há um caminho para chegar<<strong>br</strong> />

a ele, que todos podemos seguir, mas que somente os feiticeiros seguem, e esse caminho<<strong>br</strong> />

é por meio de sonhar. 5:202<<strong>br</strong> />

Sonhar é, em essência, a transformação de sonhos <strong>com</strong>uns em assuntos que<<strong>br</strong> />

envolvem a vontade. Os sonhadores, aplicando a sua atenção do nagual [sua segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

atenção] e focalizando-a so<strong>br</strong>e os fatos e acontecimentos de seus sonhos normais,<<strong>br</strong> />

transformam esses sonhos em sonhar. 5:202<<strong>br</strong> />

O sonho é intrinsecamente o não fazer de dormir. 6:24<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> guerreiro tem seu modo próprio de sonhar. Ca<strong>da</strong> modo é diferente.<<strong>br</strong> />

A única coisa que todos temos em <strong>com</strong>um é que fazemos<<strong>br</strong> />

truques para nos o<strong>br</strong>igar a abandonar a busca. O antídoto é insistir,<<strong>br</strong> />

apesar de todos os obstáculos e desapontamentos. 4:19<<strong>br</strong> />

Sonhar só pode ser experimentado. Sonhar não é apenas ter sonhos;<<strong>br</strong> />

nem devaneios ou desejos ou imaginação. Sonhando podemos<<strong>br</strong> />

perceber outros mundos, que certamente podemos descrever;<<strong>br</strong> />

mas não podemos descrever o que nos faz percebê-los. No entanto<<strong>br</strong> />

podemos sentir de que modo o sonhar a<strong>br</strong>e essas outras<<strong>br</strong> />

regiões. Sonhar parece uma sensação; um processo em nossos<<strong>br</strong> />

corpos, uma percepção em nossas mentes. 9:9<<strong>br</strong> />

50


A arte de sonhar é a capaci<strong>da</strong>de de utilizar os sonhos <strong>com</strong>uns <strong>da</strong> pessoa e<<strong>br</strong> />

transformá-los numa conscientização controla<strong>da</strong>, em virtude de uma forma especializa<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de atenção, a segun<strong>da</strong> atenção. 6:157<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s metas mais importantes <strong>da</strong> feitiçaria é alcançar o casulo luminoso;<<strong>br</strong> />

uma meta que é consegui<strong>da</strong> pelo uso sofisticado do sonho e por um empreendimento<<strong>br</strong> />

rigoroso e sistemático de não fazer – um ato pouco familiar, que envolve todo o nosso<<strong>br</strong> />

ser ao forçá-lo a se tornar consciente do seu segmento luminoso. 6:20<<strong>br</strong> />

2.3.1 O CORPO ENERGÉTICO<<strong>br</strong> />

O corpo e o corpo energético são dois conglomerados de campos energéticos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>primidos juntos por alguma estranha força aglutinante. A força que liga esse grupo de<<strong>br</strong> />

campos energéticos é, segundo os feiticeiros [de antigamente], a força mais misteriosa do<<strong>br</strong> />

universo. É pura essência do cosmo <strong>com</strong>o um todo, a soma total de tudo o que existe. 12:264<<strong>br</strong> />

O corpo físico e o corpo energético [luminoso] são as únicas configurações<<strong>br</strong> />

energéticas contrabalança<strong>da</strong>s no nosso domínio <strong>com</strong>o seres humanos. [Não há], portanto,<<strong>br</strong> />

nenhum outro dualismo além do existente entre esses dois. O dualismo entre o<<strong>br</strong> />

corpo e a mente, o espírito e a carne, é mera concatenação <strong>da</strong> mente, emanando desta<<strong>br</strong> />

sem qualquer base energética. 12:264<<strong>br</strong> />

Por meio <strong>da</strong> disciplina é possível para uma pessoa trazer o corpo energético<<strong>br</strong> />

para mais perto do corpo físico. Normalmente, a distância entre os dois é enorme.<<strong>br</strong> />

Uma vez que o corpo energético esteja a uma certa distância, que varia para ca<strong>da</strong> um<<strong>br</strong> />

de nós individualmente, qualquer pessoa, através <strong>da</strong> disciplina, pode forjá-lo em uma<<strong>br</strong> />

réplica exata do seu corpo físico [menor, mais <strong>com</strong>pacto, mais pesado do que a esfera<<strong>br</strong> />

luminosa do corpo físico] – ou seja, um ser sólido, tridimensional. 12:264<<strong>br</strong> />

Da mesma forma, através dos mesmos processos de disciplina, qualquer um<<strong>br</strong> />

pode forjar seu corpo físico sólido e tridimensional, para ser uma réplica perfeita de<<strong>br</strong> />

seu corpo energético – ou seja, uma carga etérea de energia invisível ao olho humano,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o to<strong>da</strong> energia é. 12:264<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes concentraram parte de seus esforços em desven<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

e explorar o corpo sonhador [energético]. E foram bem<<strong>br</strong> />

sucedidos usando-o <strong>com</strong>o um corpo mais prático, o que quer dizer<<strong>br</strong> />

que recriavam-se de maneiras ca<strong>da</strong> vez mais estranhas. 7:171<<strong>br</strong> />

Os novos videntes sabem que muitos dos antigos feiticeiros nunca voltaram<<strong>br</strong> />

após despertar em uma posição de sonho de seu agrado. Provavelmente todos morre-<<strong>br</strong> />

51


am naqueles mundos inconcebíveis, ou podem ain<strong>da</strong> estar vivos hoje, em uma forma<<strong>br</strong> />

ou maneira retorci<strong>da</strong>. 7:171<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes estavam procurando uma réplica perfeita do corpo.<<strong>br</strong> />

E quase conseguiram. A única coisa que nunca conseguiram<<strong>br</strong> />

copiar foram os olhos. Em lugar de olhos, o corpo sonhador tem<<strong>br</strong> />

simplesmente o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência. 7:173<<strong>br</strong> />

Os novos videntes não podiam importar-se menos <strong>com</strong> uma réplica<<strong>br</strong> />

perfeita do corpo; na reali<strong>da</strong>de não estão interessados sequer em<<strong>br</strong> />

copiar o corpo. Mas mantiveram o nome corpo sonhador, significando<<strong>br</strong> />

uma sensação, uma on<strong>da</strong> de energia que o transportava, pelo<<strong>br</strong> />

movimento do ponto de aglutinação, a qualquer lugar neste mundo,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a qualquer lugar nos sete mundos alcançáveis pelo homem. 7:173<<strong>br</strong> />

O procedimento para se chegar ao corpo sonhador <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> um ato inicial<<strong>br</strong> />

que, pelo fato de ser continuado, desenvolve uma intenção inflexível. A intenção inflexível<<strong>br</strong> />

leva ao silêncio interior, e o silêncio interior à força interior necessária para fazer<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação se deslocar nos sonhos para posições adequa<strong>da</strong>s. [Esta seqüência<<strong>br</strong> />

é o] alicerce. O desenvolvimento do controle vem após ter sido <strong>com</strong>pletado o<<strong>br</strong> />

alicerce; consiste em manter sistematicamente a posição de sonho agarrando-se <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

tenaci<strong>da</strong>de à visão do sonho. A prática constante resulta numa grande facili<strong>da</strong>de em<<strong>br</strong> />

manter novas posições de sonho <strong>com</strong> novos sonhos, não tanto porque a pessoa obtém<<strong>br</strong> />

controle deliberado <strong>com</strong> a prática, mas porque ca<strong>da</strong> vez que esse controle é exercido a<<strong>br</strong> />

força interior sai enriqueci<strong>da</strong>. A força interior, por sua vez, faz o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

se deslocar para posições de sonho, que são ca<strong>da</strong> vez mais apropria<strong>da</strong>s para proporcionar<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de; em outras palavras, os próprios sonhos se tornam ca<strong>da</strong> vez mais<<strong>br</strong> />

controláveis, e até mesmo ordenados. 7:173-174<<strong>br</strong> />

O desenvolvimento dos sonhadores é indireto. É por isso que os novos<<strong>br</strong> />

videntes acreditavam que podemos sonhar sozinhos. Uma vez que<<strong>br</strong> />

sonhar usa um deslocamento natural, intrínseco, do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

não deveríamos precisar de ninguém para aju<strong>da</strong>r-nos.<<strong>br</strong> />

O que precisamos desespera<strong>da</strong>mente é de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, e só nós<<strong>br</strong> />

mesmos podemos consegui-la. Sem ela, o deslocamento do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação é caótico, <strong>com</strong>o são caóticos nossos sonhos <strong>com</strong>uns.<<strong>br</strong> />

Assim, em tudo e por tudo, o procedimento para se chegar ao<<strong>br</strong> />

corpo sonhador é a impecabili<strong>da</strong>de em nossa vi<strong>da</strong> diária. 7:174<<strong>br</strong> />

Depois que a so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de é adquiri<strong>da</strong> e as posições de sonho se tornam ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vez mais fortes, o passo seguinte é acor<strong>da</strong>r em alguma posição de sonho. A mano<strong>br</strong>a,<<strong>br</strong> />

embora soe tão simples, é na reali<strong>da</strong>de um assunto muito <strong>com</strong>plexo – tão <strong>com</strong>plexo<<strong>br</strong> />

que requer não apenas so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de mas também todos os atributos do guerreiro, especialmente<<strong>br</strong> />

a intenção. 7:174<<strong>br</strong> />

52


A intenção, sendo o mais sofisticado controle <strong>da</strong> força de alinhamento, é o que<<strong>br</strong> />

mantém, através <strong>da</strong> so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de do sonhador, o alinhamento de quaisquer emanações<<strong>br</strong> />

que tenham sido acesas pelo deslocamento do ponto de aglutinação. 7:174<<strong>br</strong> />

Há mais uma armadilha formidável em sonhar: a própria força do corpo sonhador.<<strong>br</strong> />

Por exemplo, é muito fácil para o corpo sonhador fixar ininterruptamente as emanações<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Águia por longos períodos de tempo. Mas também é muito fácil para o corpo<<strong>br</strong> />

sonhador ser totalmente consumido por elas no final. Videntes que fixaram as emanações<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Águia sem seus corpos sonhadores morreram, e aqueles que as fixaram <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

seus corpos sonhadores queimaram-se <strong>com</strong> o fogo interior. Os novos videntes resolveram<<strong>br</strong> />

o problema vendo em grupo. Enquanto um vidente fixava as emanações, outros<<strong>br</strong> />

ficavam ao lado, prontos para encerrar a visão. 7:174<<strong>br</strong> />

Eles sonham juntos. Como você mesmo sabe, é perfeitamente possível<<strong>br</strong> />

para um grupo de videntes ativar as mesmas emanações inusuais.<<strong>br</strong> />

E também nesse caso, não há passos estabelecidos. Simplesmente<<strong>br</strong> />

acontece; não há técnica a seguir. 7:175<<strong>br</strong> />

Ao sonharmos juntos, algo em nós assume o controle e subitamente<<strong>br</strong> />

encontramo-nos dividindo a mesma visão <strong>com</strong> outros sonhadores. O que acontece é<<strong>br</strong> />

que nossa condição humana faz-nos focalizar o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência automaticamente<<strong>br</strong> />

nas mesmas emanações que outros seres humanos estão usando; ajustamos a posição<<strong>br</strong> />

de nossos pontos de aglutinação para <strong>com</strong>binar <strong>com</strong> os outros ao nosso redor. Fazemolo<<strong>br</strong> />

no lado direito, em nossa percepção ordinária, e também o fazemos do lado esquerdo,<<strong>br</strong> />

enquanto sonhamos juntos. 7:175<<strong>br</strong> />

Como o não fazer de dormir, o sonho dá aos praticantes a utilização <strong>da</strong>quela<<strong>br</strong> />

porção de suas vi<strong>da</strong>s gastas no cochilo. É <strong>com</strong>o se os sonhadores não mais dormissem.<<strong>br</strong> />

Mesmo assim, não há mal nisso. Os sonhadores não sentem falta de sono, mas o<<strong>br</strong> />

efeito de sonhar parece ser o aumento do tempo através do uso de um pretenso corpo<<strong>br</strong> />

extra, o corpo sonhador. 6:24<<strong>br</strong> />

Todos nós, seres luminosos, temos um sósia. Todos nós! Um guerreiro<<strong>br</strong> />

aprende a ter noção disso, mais na<strong>da</strong>. Existem barreiras aparentemente<<strong>br</strong> />

intransponíveis protegendo essa noção. Mas isso é<<strong>br</strong> />

de se esperar; são essas barreiras que tornam a conquista dessa<<strong>br</strong> />

noção um desafio tão raro. 4:54<<strong>br</strong> />

O corpo sonhador é conhecido por nomes diferentes. O nome de<<strong>br</strong> />

que mais gosto é “o outro”. Era o termo usado pelos antigos videntes<<strong>br</strong> />

e era o sentido que eles <strong>da</strong>vam. É misterioso e proibido.<<strong>br</strong> />

Exatamente <strong>com</strong>o os antigos videntes, ele me dá a sensação de<<strong>br</strong> />

trevas, de som<strong>br</strong>as. Os antigos videntes diziam que o outro sempre<<strong>br</strong> />

chega envolto em vento. 7:255<<strong>br</strong> />

53


[Também] o corpo sonhador é às vezes chamado de “o sósia”, porque é uma<<strong>br</strong> />

réplica perfeita do corpo do sonhador. É basicamente a energia de um ser luminoso, um<<strong>br</strong> />

es<strong>br</strong>anquiçado, uma emanação fantasmagórica, que é projeta<strong>da</strong> pela fixação <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

atenção numa imagem tridimensional do corpo. O corpo sonhador não é um fantasma; é<<strong>br</strong> />

tão real quanto qualquer coisa <strong>com</strong> que li<strong>da</strong>mos no mundo. 6:24<<strong>br</strong> />

Você está pensando que o sósia é o que a palavra está dizendo, um<<strong>br</strong> />

duplo, ou outro você. Escolhi essas palavras a fim de descrevê-lo. O<<strong>br</strong> />

sósia é o próprio ser e não pode ser encarado de outro modo. 4:54<<strong>br</strong> />

O sósia é uma coisa simples para um feiticeiro porque ele sabe o que<<strong>br</strong> />

está fazendo. 4:49<<strong>br</strong> />

Não há passos definidos e padronizados para se alcançar esse sósia, <strong>com</strong>o não<<strong>br</strong> />

há passos definidos para alcançarmos a nossa consciência diária. Nós fazemos isso<<strong>br</strong> />

simplesmente praticando. No ato de empenhar a nossa atenção do nagual, encontramos<<strong>br</strong> />

esses passos. 5:203<<strong>br</strong> />

O sósia não é questão de escolha pessoal. 4:252 O segredo do sósia está<<strong>br</strong> />

na bolha <strong>da</strong> percepção. O aglomerado de sentimentos pode ser o<strong>br</strong>igado<<strong>br</strong> />

a unir-se instantaneamente em qualquer lugar. Em outras palavras,<<strong>br</strong> />

podemos perceber o aqui e o ali ao mesmo tempo. 4:241<<strong>br</strong> />

O sósia é a consciência de nosso estado <strong>com</strong>o seres luminosos [energéticos].<<strong>br</strong> />

Pode fazer qualquer coisa, e no entanto prefere ser discreto<<strong>br</strong> />

e delicado. 4:57<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> atenção é inevitavelmente leva<strong>da</strong> a focalizar so<strong>br</strong>e nosso ser total<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um campo de energia, e transforma essa energia em qualquer coisa apropria<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

A coisa mais fácil é, naturalmente, a imagem do corpo físico <strong>com</strong> o qual já estamos<<strong>br</strong> />

perfeitamente familiarizados em nossa vi<strong>da</strong> diária, através do uso <strong>da</strong> nossa primeira<<strong>br</strong> />

atenção. O que canaliza a energia do nosso ser total a produzir qualquer coisa que<<strong>br</strong> />

esteja dentro dos limites de possibili<strong>da</strong>des é conhecido <strong>com</strong>o vontade. A energia de<<strong>br</strong> />

um ser humano pode ser transforma<strong>da</strong>, através <strong>da</strong> vontade, em qualquer coisa. 6:24<<strong>br</strong> />

O corpo sonhador e a barreira <strong>da</strong> percepção são posições do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

e esse conhecimento é tão vital para os videntes quanto saber ler e escrever para o homem<<strong>br</strong> />

moderno. Ambas são capaci<strong>da</strong>des conquista<strong>da</strong>s depois de anos de prática. 7:255<<strong>br</strong> />

A lem<strong>br</strong>ança <strong>da</strong> principal viagem do corpo sonhador deixa o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

em condições de romper a barreira <strong>da</strong> percepção para poder aglomerar outro mundo. 7:255<<strong>br</strong> />

54


2.4 O TONAL<<strong>br</strong> />

Todos os seres humanos têm dois lados, duas enti<strong>da</strong>des separa<strong>da</strong>s, dois <strong>com</strong>plementos<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong>eçaram a funcionar na hora do nascimento: uma chama-se tonal e<<strong>br</strong> />

a outra nagual (pronuncia-se naual). 4:110<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros têm um interesse especial e único nesse conhecimento.<<strong>br</strong> />

Eu diria que o tonal e o nagual estão no domínio exclusivo dos<<strong>br</strong> />

homens de conhecimento. 4:110<<strong>br</strong> />

O tonal é a pessoa social. O tonal é, de direito, um protetor, um guardião;<<strong>br</strong> />

um guardião que geralmente se transforma em guar<strong>da</strong>. 4:111<<strong>br</strong> />

O tonal é o organizador do mundo. Talvez o melhor meio de descrever<<strong>br</strong> />

seu trabalho monumental seja dizer que so<strong>br</strong>e seus om<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

repousa o trabalho de <strong>da</strong>r ordem ao caos do mundo. Não é exagero<<strong>br</strong> />

afirmar, <strong>com</strong>o dizem os feiticeiros, que tudo quanto sabemos<<strong>br</strong> />

e fazemos <strong>com</strong>o homens é o<strong>br</strong>a do tonal. Neste momento,<<strong>br</strong> />

por exemplo, aquilo que está empenhado em fazer sentido dessa<<strong>br</strong> />

nossa conversa é o seu tonal: sem ele só haveria sons estranhos<<strong>br</strong> />

e caretas e você na<strong>da</strong> <strong>com</strong>preenderia do que estou falando. Eu<<strong>br</strong> />

diria então que o tonal é um guardião que protege algo de precioso,<<strong>br</strong> />

o nosso próprio ser. Portanto, uma quali<strong>da</strong>de inerente do<<strong>br</strong> />

tonal é ser astucioso e zeloso do que faz. E <strong>com</strong>o seus atos são de<<strong>br</strong> />

longe a parte mais importante de nossas vi<strong>da</strong>s, não admira que<<strong>br</strong> />

no fim ele se transforme, em todos nós, de guardião em guar<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Um guardião tem vistas largas e é <strong>com</strong>preensivo. Um guar<strong>da</strong>, ao<<strong>br</strong> />

contrário, é vigilante, intolerante e, a maior parte do tempo, despótico.<<strong>br</strong> />

Digo, pois, que o tonal em todos nós foi transformado<<strong>br</strong> />

num guar<strong>da</strong> mesquinho e despótico, quando deveria ser um<<strong>br</strong> />

guardião de larga visão. 4:111<<strong>br</strong> />

O tonal é tudo o que somos. Qualquer coisa. Tudo que tem um nome<<strong>br</strong> />

é o tonal. E <strong>com</strong>o o tonal é seus próprios atos, então tudo, obviamente,<<strong>br</strong> />

terá de cair sob seu domínio. 4:111<<strong>br</strong> />

O tonal é tudo o que conhecemos, tudo o que sabemos. E não inclui<<strong>br</strong> />

apenas nós, <strong>com</strong>o pessoas, mas tudo em nosso mundo. Pode-se<<strong>br</strong> />

dizer que o tonal é tudo o que aparece à vista. Começamos a<<strong>br</strong> />

cultivá-lo no momento do nascimento. No momento em que aspiramos<<strong>br</strong> />

a primeira golfa<strong>da</strong> de ar também aspiramos o poder para<<strong>br</strong> />

o tonal. Assim, é válido dizer que o tonal de um ser humano está<<strong>br</strong> />

intimamente ligado a seu nascimento. É preciso lem<strong>br</strong>ar esse ponto.<<strong>br</strong> />

É de grande importância para se <strong>com</strong>preender tudo isso. O<<strong>br</strong> />

tonal <strong>com</strong>eça no nascimento e termina <strong>com</strong> a morte. 4:112<<strong>br</strong> />

O tonal é o que faz o mundo, num modo de dizer. Não pode criar nem<<strong>br</strong> />

modificar coisa alguma, e no entanto faz o mundo porque testemunha<<strong>br</strong> />

e avalia de acordo <strong>com</strong> as regras do tonal. De um modo<<strong>br</strong> />

55


muito estranho, o tonal é um criador que na<strong>da</strong> cria. Em outras<<strong>br</strong> />

palavras, o tonal faz as regras pelas quais apreende o mundo.<<strong>br</strong> />

Assim, de certo modo, cria o mundo. 4:113<<strong>br</strong> />

O tonal é uma ilha. O melhor meio de descrevê-lo é dizer que o tonal<<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>o o tampo de uma mesa [num salão de restaurante]. E nesta<<strong>br</strong> />

ilha temos tudo. Esta ilha, de fato, é o mundo. 4:113<<strong>br</strong> />

Existe um tonal pessoal para ca<strong>da</strong> um de nós, e existe um coletivo<<strong>br</strong> />

para todos nós em <strong>da</strong>do momento, que podemos chamar de tonal<<strong>br</strong> />

dos tempos. Olhe! To<strong>da</strong>s as mesas [de um restaurante] têm a<<strong>br</strong> />

mesma conformação. Há certos itens que estão presentes em to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

elas. No entanto, elas são individualmente diferentes umas<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s outras; algumas estão mais cheias do que outras; so<strong>br</strong>e elas<<strong>br</strong> />

há alimentos diferentes, pratos diferentes, um ambiente diferente,<<strong>br</strong> />

e no entanto temos de admitir que to<strong>da</strong>s as mesas deste restaurante<<strong>br</strong> />

são muito pareci<strong>da</strong>s. O mesmo sucede <strong>com</strong> o tonal. Podemos<<strong>br</strong> />

dizer que o tonal dos tempos é o que nos torna iguais, a<<strong>br</strong> />

todos, do mesmo modo que torna iguais to<strong>da</strong>s as mesas [desse]<<strong>br</strong> />

restaurante. Não obstante, ca<strong>da</strong> mesa separa<strong>da</strong>mente é um caso<<strong>br</strong> />

individual, tal <strong>com</strong>o o tonal pessoal de ca<strong>da</strong> um de nós. Mas o<<strong>br</strong> />

importante a manter em mente é que tudo o que sabemos a respeito<<strong>br</strong> />

de nós mesmos e do nosso mundo está na ilha do tonal. 4:114<<strong>br</strong> />

De um modo geral, há dois aspectos em ca<strong>da</strong> tonal. Um é a parte<<strong>br</strong> />

externa, a franja, a superfície <strong>da</strong> ilha. Essa é a parte relaciona<strong>da</strong> à<<strong>br</strong> />

ação e a agir, o lado duro. A outra parte é a decisão e o julgamento,<<strong>br</strong> />

o tonal interior, mais suave, mais delicado e mais <strong>com</strong>plexo. O<<strong>br</strong> />

tonal conveniente é um tonal em que os dois planos estão em<<strong>br</strong> />

perfeito equilí<strong>br</strong>io e harmonia. 4:130<<strong>br</strong> />

2.5 O NAGUAL<<strong>br</strong> />

A mente, a alma, os pensamentos, um estado de graça, o céu, o intelecto puro, a<<strong>br</strong> />

psique, energia, força vital, imortali<strong>da</strong>de, o princípio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o Ser Supremo.. [Tudo é<<strong>br</strong> />

tonal, até Deus]. 4:114-115<<strong>br</strong> />

Deus é parte do nosso tonal pessoal e do tonal dos tempos. O tonal,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o já disse, é tudo o que pensamos que <strong>com</strong>põe o mundo,<<strong>br</strong> />

inclusive Deus, é claro. Deus não tem outra importância a não ser<<strong>br</strong> />

a de ser parte do tonal de nosso tempo. 4:115<<strong>br</strong> />

Deus é apenas tudo em que você pode pensar, e portanto, a bem dizer,<<strong>br</strong> />

é apenas mais um artigo na ilha. Deus não pode ser visto à vontade,<<strong>br</strong> />

só pode ser mencionado. O nagual, ao contrário, está às ordens do<<strong>br</strong> />

guerreiro. Pode ser visto, mas não pode ser mencionado. 4:115<<strong>br</strong> />

O nagual está ali, onde paira o poder, rodeando a ilha. Sentimos, desde<<strong>br</strong> />

o momento em que nascemos, que existem duas partes em nós.<<strong>br</strong> />

56


No momento do nascimento, e durante algum tempo depois, somos<<strong>br</strong> />

todos nagual. Depois sentimos que, a fim de funcionar, precisamos<<strong>br</strong> />

de um <strong>com</strong>plemento ao que temos. Falta o tonal e isso nos dá, desde<<strong>br</strong> />

início, uma sensação de deficiência. Aí o tonal <strong>com</strong>eça a se desenvolver<<strong>br</strong> />

e torna-se muito importante para o nosso funcionamento,<<strong>br</strong> />

tão importante que ofusca o <strong>br</strong>ilho do nagual, dominando-o. 4:115 Desde<<strong>br</strong> />

o momento em que nos tornamos <strong>com</strong>pletamente tonal, não fazemos<<strong>br</strong> />

outra coisa senão incrementar aquele antigo sentimento de<<strong>br</strong> />

deficiência que nos a<strong>com</strong>panha desde o momento de nosso nascimento,<<strong>br</strong> />

e que nos diz incessantemente que há uma outra parte para<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletar-nos. Desde o momento em que nos tornamos <strong>com</strong>pletamente<<strong>br</strong> />

tonal, <strong>com</strong>eçamos a fazer pares. Sentimos nossos dois lados,<<strong>br</strong> />

mas sempre os representamos <strong>com</strong> elementos do tonal. Dizemos<<strong>br</strong> />

que nossas duas partes são a alma e o corpo. Ou o espírito e a matéria.<<strong>br</strong> />

Ou o bem e o mal. Deus e Satanás. Nunca <strong>com</strong>preendemos, porém,<<strong>br</strong> />

que estamos apenas juntando as coisas na ilha, assim <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

junta café e chá, ou pão e tortillas, ou chili e mostar<strong>da</strong>. Estou lhe<<strong>br</strong> />

dizendo, somos uns bichos estranhos. Somos transportados e em<<strong>br</strong> />

nossa loucura acreditamos que estamos fazendo sentido. 4:116<<strong>br</strong> />

Explicar tudo isso não é assim tão simples. Por mais espertos que<<strong>br</strong> />

sejam os pontos de verificação do tonal, o fato é que o nagual<<strong>br</strong> />

vem à tona. Sua emersão, porém, é sempre inadverti<strong>da</strong>. A grande<<strong>br</strong> />

arte do tonal é reprimir qualquer manifestação do nagual de tal<<strong>br</strong> />

modo que, mesmo que sua presença seja a coisa mais óbvia do<<strong>br</strong> />

mundo, não seja nota<strong>da</strong> (pelo tonal). 4:120<<strong>br</strong> />

O meu tonal se está utilizando a fim de <strong>com</strong>preender a informação<<strong>br</strong> />

que quero que fique clara para o seu tonal. Digamos que o tonal,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o sabe bem <strong>com</strong>o é difícil falar de si, criou os termos eu, eu<<strong>br</strong> />

mesmo, e assim por diante, <strong>com</strong>o equilí<strong>br</strong>io, e graças a eles pode<<strong>br</strong> />

conversar <strong>com</strong> outros tonais, ou consigo mesmo, so<strong>br</strong>e si mesmo.<<strong>br</strong> />

Ora, quando digo que o tonal nos o<strong>br</strong>iga a fazer alguma coisa,<<strong>br</strong> />

não estou afirmando que aí existe uma terceira parte. Obviamente,<<strong>br</strong> />

ele se o<strong>br</strong>iga a obedecer às suas próprias opiniões. Em<<strong>br</strong> />

certas ocasiões, porém, ou em circunstâncias especiais, algo no<<strong>br</strong> />

próprio tonal toma consciência de que há mais alguma coisa em<<strong>br</strong> />

nós. É <strong>com</strong>o uma voz que vem <strong>da</strong>s profundezas, a voz do nagual.<<strong>br</strong> />

Enten<strong>da</strong>, a totali<strong>da</strong>de de nós é uma condição natural que o tonal não<<strong>br</strong> />

consegue obliterar <strong>com</strong>pletamente, e há momentos, especialmente<<strong>br</strong> />

na vi<strong>da</strong> de um guerreiro, em que a totali<strong>da</strong>de se torna aparente. Nesses<<strong>br</strong> />

momentos, pode-se supor e avaliar o que se é, realmente. Nesses<<strong>br</strong> />

momentos, o nagual toma consciência <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de do ser. É<<strong>br</strong> />

sempre um choque porque essa consciência perturba a calma. Chamo<<strong>br</strong> />

a isso a consciência de totali<strong>da</strong>de do ser que vai morrer. A idéia<<strong>br</strong> />

é que no momento <strong>da</strong> morte o outro mem<strong>br</strong>o do par ver<strong>da</strong>deiro, o<<strong>br</strong> />

nagual, se torna plenamente ativo e a consciência e as recor<strong>da</strong>ções e<<strong>br</strong> />

percepções guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s em nossas pernas e coxas, nossas costas e<<strong>br</strong> />

nossos om<strong>br</strong>os e pescoço, <strong>com</strong>eçam a expandir-se e a desintegrar-<<strong>br</strong> />

57


se. Como as contas de um colar sem fim arrebentado, elas caem por<<strong>br</strong> />

todos os lados, sem a força aglutinante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. 4:120-121<<strong>br</strong> />

O nagual é a parte de nós <strong>com</strong> a qual não li<strong>da</strong>mos de todo. É a parte<<strong>br</strong> />

de nós para a qual não existe descrição – nem palavras, nem nomes,<<strong>br</strong> />

sem sensações, nem conhecimento. 4:114<<strong>br</strong> />

O nagual não é experiência, nem intuição, nem consciência. Esses<<strong>br</strong> />

termos e tudo o mais que você possa dizer são apenas itens na<<strong>br</strong> />

ilha do tonal. O tonal <strong>com</strong>eça ao nascer e termina na morte, mas o<<strong>br</strong> />

nagual nunca termina. O nagual não tem limites. Já disse que o<<strong>br</strong> />

nagual está onde paira o poder; isto foi apenas um meio de me<<strong>br</strong> />

referir ao assunto. Por causa de seu efeito, talvez o nagual possa<<strong>br</strong> />

ser mais bem <strong>com</strong>preendido em termos de poder. 4:127<<strong>br</strong> />

As coisas do nagual só podem ser presencia<strong>da</strong>s pelo corpo [energético],<<strong>br</strong> />

não pela razão. Essa é a nossa natureza, <strong>com</strong>o seres luminosos.<<strong>br</strong> />

4:142 Quando o nagual se encolhe, coisas extraordinárias são<<strong>br</strong> />

possíveis. Mas só são extraordinárias para o tonal. Para o nagual<<strong>br</strong> />

é uma coisa à-toa. 4:142<<strong>br</strong> />

Pode-se dizer que o nagual explica a criativi<strong>da</strong>de. O nagual é a única<<strong>br</strong> />

parte de nós que consegue criar. 4:127 O nagual é capaz de feitos<<strong>br</strong> />

inconcebíveis. 4:141<<strong>br</strong> />

Digamos que um guerreiro aprende a sintonizar sua vontade, a dirigila<<strong>br</strong> />

para um certo ponto, a focalizá-la onde quer. É <strong>com</strong>o se sua<<strong>br</strong> />

vontade, que vem <strong>da</strong> parte média de seu corpo, fosse uma única<<strong>br</strong> />

fi<strong>br</strong>a luminosa, fi<strong>br</strong>a que ele pode apontar para qualquer lugar<<strong>br</strong> />

concebível. Aquela fi<strong>br</strong>a é o caminho para o nagual. Ou então eu<<strong>br</strong> />

poderia dizer que o guerreiro se afun<strong>da</strong> dentro do nagual por aquela<<strong>br</strong> />

única fi<strong>br</strong>a. Uma vez afun<strong>da</strong>do, a expressão do nagual é coisa<<strong>br</strong> />

de seu temperamento pessoal. 4:159<<strong>br</strong> />

O nagual, depois que aprende a emergir, pode causar grandes <strong>da</strong>nos<<strong>br</strong> />

ao tonal, aparecendo sem qualquer controle. 4:143<<strong>br</strong> />

Aqui temos uma pergunta estranha. O que está sendo conduzido ao<<strong>br</strong> />

nagual? [A resposta é: a percepção.] 4:221<<strong>br</strong> />

2.6 A BOLHA DA PERCEPÇÃO<<strong>br</strong> />

A explicação dos feiticeiros é mais um dos artifícios dos feiticeiros.<<strong>br</strong> />

Você verá isso por si mesmo. Mas vamos continuar. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

dizem que estamos dentro de uma bolha. É uma bolha em que<<strong>br</strong> />

somos colocados no momento de nosso nascimento. A princípio<<strong>br</strong> />

a bolha está aberta, mas depois <strong>com</strong>eça a fechar-se, até nos ter<<strong>br</strong> />

trancafiado dentro dela. Essa bolha é a nossa percepção. Vivemos<<strong>br</strong> />

dentro dessa bolha to<strong>da</strong> a nossa vi<strong>da</strong>. E o que presenciamos<<strong>br</strong> />

em suas paredes redon<strong>da</strong>s é o nosso próprio reflexo. 4:222<<strong>br</strong> />

58


Se o que presenciamos em suas paredes é o nosso próprio reflexo,<<strong>br</strong> />

então o que está sendo refletido deve ser o real?! 4:222<<strong>br</strong> />

O que está refletido é nossa visão do mundo. Essa visão é a primeira<<strong>br</strong> />

descrição, que nos é <strong>da</strong><strong>da</strong> desde o momento de nosso nascimento<<strong>br</strong> />

até que to<strong>da</strong> nossa atenção é apanha<strong>da</strong> por ela e a descrição se<<strong>br</strong> />

torna uma visão. 4:222<<strong>br</strong> />

O trabalho do [guerreiro] é reorganizar essa visão, preparar o ser luminoso<<strong>br</strong> />

para o tempo em que [um] benfeitor a<strong>br</strong>ir a bolha do lado<<strong>br</strong> />

de fora. 4:222<<strong>br</strong> />

A bolha a<strong>br</strong>e-se a fim de permitir ao ser luminoso uma visão de sua<<strong>br</strong> />

totali<strong>da</strong>de. Naturalmente isso de chamar a coisa de uma bolha é<<strong>br</strong> />

apenas uma maneira de dizer, mas nesse caso é uma maneira precisa.<<strong>br</strong> />

A delica<strong>da</strong> mano<strong>br</strong>a de conduzir um ser luminoso para a totali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de seu ser exige que o [guerreiro] trabalhe de dentro <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

bolha e o benfeitor de fora. O [guerreiro] reorganiza a visão do<<strong>br</strong> />

mundo: a ilha do tonal.<<strong>br</strong> />

Já disse que tudo o que somos se encontra naquela ilha. A explicação<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros diz que a ilha do tonal é feita por nossa percepção,<<strong>br</strong> />

que foi treina<strong>da</strong> para focalizar-se em certos elementos;<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> um desses elementos e todos juntos constituem nossa visão<<strong>br</strong> />

do mundo. O trabalho do [guerreiro], no que se refere [ao aprendizado],<<strong>br</strong> />

consiste em reorganizar todos os elementos <strong>da</strong> ilha [na<<strong>br</strong> />

metade <strong>da</strong> bolha].<<strong>br</strong> />

A essa altura você já deve ter <strong>com</strong>preendido que limpar e reorganizar<<strong>br</strong> />

a ilha do tonal significa reagrupar todos os seus elementos<<strong>br</strong> />

do lado <strong>da</strong> razão. 4:223<<strong>br</strong> />

É esse o lado do tonal. O mestre [por exemplo] sempre se dirige para<<strong>br</strong> />

esse lado, e apresentando ao aprendiz de um lado o caminho do<<strong>br</strong> />

guerreiro, o<strong>br</strong>iga-o à [so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de] e a ser razoável, à força de caráter<<strong>br</strong> />

e de corpo; e apresentando-lhe de outro lado situações inimagináveis<<strong>br</strong> />

mas reais, <strong>com</strong> as quais o aprendiz não pode li<strong>da</strong>r,<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>iga-o a <strong>com</strong>preender que sua razão, embora seja uma coisa<<strong>br</strong> />

maravilhosa, só pode a<strong>br</strong>anger uma área pequena. Uma vez que<<strong>br</strong> />

o guerreiro enfrenta sua incapaci<strong>da</strong>de de raciocinar tudo, ele se<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>rá ao trabalho de fortalecer e defender sua razão venci<strong>da</strong>, e<<strong>br</strong> />

para isso convocará tudo o que possui em torno dela. O mestre<<strong>br</strong> />

consegue isso martelando-o impiedosamente, até que sua visão<<strong>br</strong> />

do mundo seja a metade <strong>da</strong> bolha.<<strong>br</strong> />

A outra metade <strong>da</strong> bolha, a que foi limpa, pode então ser<<strong>br</strong> />

reivindica<strong>da</strong> por algo que os feiticeiros chamam de vontade. Podermos<<strong>br</strong> />

explicar isso melhor dizendo que o trabalho do [guerreiro]<<strong>br</strong> />

é limpar uma metade <strong>da</strong> bolha e reorganizar tudo na outra<<strong>br</strong> />

metade. O trabalho do benfeitor será então a<strong>br</strong>ir a bolha do lado<<strong>br</strong> />

limpo. Uma vez rompido o selo, o guerreiro nunca mais será o<<strong>br</strong> />

59


mesmo. Ele tem então o <strong>com</strong>ando de sua totali<strong>da</strong>de. A metade<<strong>br</strong> />

[direita] <strong>da</strong> bolha é o centro final <strong>da</strong> razão, o tonal. A outra metade<<strong>br</strong> />

é o centro final <strong>da</strong> vontade, o nagual. É esta a ordem que deve<<strong>br</strong> />

prevalecer; qualquer outra disposição é tolice e mesquinha, pois<<strong>br</strong> />

contraria nossa natureza; rouba-nos nossa herança mágica e nos<<strong>br</strong> />

reduz a zero. 4:223<<strong>br</strong> />

Os videntes descrevem a forma humana <strong>com</strong>o a força <strong>com</strong>pulsória de alinhamento<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s emanações acesas pelo <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência, no lugar preciso em que<<strong>br</strong> />

normalmente está fixado o ponto de aglutinação do homem. É a força que nos torna<<strong>br</strong> />

pessoas. Assim, ser uma pessoa é ser <strong>com</strong>pelido a aderir a essa força de alinhamento<<strong>br</strong> />

e, conseqüentemente, a aderir ao lugar exato onde ela se origina. 7:210<<strong>br</strong> />

Em virtude de suas ativi<strong>da</strong>des, em <strong>da</strong>do momento o ponto de aglutinação dos<<strong>br</strong> />

guerreiros deriva para a esquer<strong>da</strong>. É uma mu<strong>da</strong>nça permanente, que resulta em uma<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>um sensação de indiferença, ou controle, ou mesmo de desenvoltura. Esse deslocamento<<strong>br</strong> />

do ponto de aglutinação provoca um novo alinhamento de emanações. É o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eço de uma série de mu<strong>da</strong>nças maiores. Os videntes chamam muito apropria<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

essa mu<strong>da</strong>nça inicial de per<strong>da</strong> <strong>da</strong> forma humana, porque ela marca um movimento<<strong>br</strong> />

inexorável do ponto de aglutinação para fora de sua posição original, o que<<strong>br</strong> />

resulta na per<strong>da</strong> irreversível de nossa adesão à força que nos faz sermos pessoas. 7:210<<strong>br</strong> />

Não há meio de se chegar à explicação dos feiticeiros a não ser que<<strong>br</strong> />

se tenha usado o nagual de boa vontade, ou melhor, a não ser<<strong>br</strong> />

que se tenha usado de boa vontade o tonal para fazer nossos atos<<strong>br</strong> />

terem sentido no nagual. Outro meio de esclarecer tudo isso é<<strong>br</strong> />

dizer que a visão do tonal deve prevalecer se se pretende utilizar<<strong>br</strong> />

o nagual do modo <strong>com</strong>o utilizam os feiticeiros. 4:238<<strong>br</strong> />

A ordem em nossa percepção é o reino exclusivo do tonal; somente<<strong>br</strong> />

ali podem os atos ter uma seqüência; somente ali são eles <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

esca<strong>da</strong>s em que se podem contar os degraus. Não há na<strong>da</strong> disso<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o nagual. Portanto, a visão do tonal é um instrumento, e <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

tal é não somente o melhor instrumento, mas o único que temos.<<strong>br</strong> />

4:239<<strong>br</strong> />

As asas de sua percepção foram feitas para tocar sua totali<strong>da</strong>de. E<<strong>br</strong> />

sua percepção estende suas asas quando algo em você percebe<<strong>br</strong> />

sua ver<strong>da</strong>deira natureza. Você é um aglomerado. Esta é a explicação<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros. 4:239<<strong>br</strong> />

O nagual é indescritível. Todos os sentimentos e seres e eus possíveis<<strong>br</strong> />

flutuam nele <strong>com</strong>o barcaças, pacatas, inaltera<strong>da</strong>s, para sempre.<<strong>br</strong> />

Aí a cola <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> liga algumas delas.<<strong>br</strong> />

Quando a cola <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> junta esses sentimentos, um ser é criado,<<strong>br</strong> />

um ser que perde o senso de sua ver<strong>da</strong>deira natureza e fica ofus-<<strong>br</strong> />

60


cado pela clari<strong>da</strong>de e barulho <strong>da</strong> zona onde as coisas pairam, o<<strong>br</strong> />

tonal. O tonal é onde existe to<strong>da</strong> organização unifica<strong>da</strong>. Um ser<<strong>br</strong> />

entra no tonal uma vez que a força vital juntou todos os sentimentos<<strong>br</strong> />

necessários.<<strong>br</strong> />

Eu lhe disse que o tonal <strong>com</strong>eça no nascimento e termina na morte;<<strong>br</strong> />

disse isso porque sei que assim que a força vital deixa o corpo<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s essas consciências isola<strong>da</strong>s se desintegram e voltam para o<<strong>br</strong> />

lugar de onde vieram, o nagual. 4:239<<strong>br</strong> />

Não há meio de nos referirmos ao desconhecido. Só podemos<<strong>br</strong> />

presenciá-lo. A explicação dos feiticeiros diz que ca<strong>da</strong> um de nós<<strong>br</strong> />

tem um centro do qual se pode presenciar o nagual, que é a vontade.<<strong>br</strong> />

Assim, um guerreiro pode aventurar-se no nagual e deixar<<strong>br</strong> />

que seu aglomerado se arrume e rearrume de qualquer maneira<<strong>br</strong> />

que for possível. Já lhe disse que a expressão do nagual é um<<strong>br</strong> />

assunto pessoal. Quis dizer que cabe ao próprio guerreiro individual<<strong>br</strong> />

dirigir a arrumação e rearrumações <strong>da</strong>quele aglomerado. A<<strong>br</strong> />

forma humana ou o sentimento humano é o original, talvez seja a<<strong>br</strong> />

forma mais doce de to<strong>da</strong>s para nós; no entanto, existe um número<<strong>br</strong> />

incontável de formas alternativas que o aglomerado pode adotar.<<strong>br</strong> />

Já lhe disse que um feiticeiro pode adotar qualquer forma<<strong>br</strong> />

que quiser. Isso é ver<strong>da</strong>de. Um feiticeiro que tenha a posse <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

totali<strong>da</strong>de de si mesmo pode dirigir as partes de seu conglomerado<<strong>br</strong> />

para se unirem de qualquer maneira concebível. Uma vez exauri<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

a força vital, não há mais meio de se reunir esse aglomerado.<<strong>br</strong> />

Chamei esse aglomerado de bolha <strong>da</strong> percepção. Também disse<<strong>br</strong> />

que ela está sela<strong>da</strong>, hermeticamente fecha<strong>da</strong> e que nunca se a<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

até o momento de nossa morte. No entanto, poderia ser força<strong>da</strong> a<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>ir-se. Os feiticeiros obviamente aprenderam esse segredo e,<<strong>br</strong> />

embora nem todos cheguem à totali<strong>da</strong>de de seus seres, sabem a<<strong>br</strong> />

respeito dessa possibili<strong>da</strong>de. Sabem que a bolha se a<strong>br</strong>e somente<<strong>br</strong> />

quando a pessoa mergulha no nagual. 4:240<<strong>br</strong> />

2.6.1 O TONAL E O NAGUAL SÃO INDESCRITÍVEIS<<strong>br</strong> />

Este é o último dos artifícios dos feiticeiros. Digamos que o que vou<<strong>br</strong> />

revelar-lhe seja o último pe<strong>da</strong>cinho <strong>da</strong> explicação dos feiticeiros.<<strong>br</strong> />

4:241<<strong>br</strong> />

Fazer a razão sentir-se segura é sempre a tarefa do mestre. Ludi<strong>br</strong>iei<<strong>br</strong> />

sua razão, fazendo-a crer que o tonal é responsável e previsível.<<strong>br</strong> />

Temos esforçado para lhe <strong>da</strong>r a impressão de que somente o<<strong>br</strong> />

nagual está além do âmbito <strong>da</strong> explicação; a prova de que tivemos<<strong>br</strong> />

êxito nisso é que neste momento lhe parece, a despeito de<<strong>br</strong> />

tudo o que você passa, que ain<strong>da</strong> existe um centro que você pode<<strong>br</strong> />

chamar de seu, a sua razão. Isso é uma miragem. 4:243<<strong>br</strong> />

Sua preciosa razão é apenas um centro de montagem, um espelho<<strong>br</strong> />

que reflete alguma coisa que está fora dela. O último capítulo <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

61


explicação dos feiticeiros diz que a razão apenas reflete uma ordem<<strong>br</strong> />

exterior, e que a razão na<strong>da</strong> sabe a respeito dessa ordem; não pode<<strong>br</strong> />

explicá-la, do mesmo modo <strong>com</strong>o não pode explicar o nagual. A<<strong>br</strong> />

razão só pode presenciar os efeitos do tonal, mas nunca poderia<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preendê-lo, nem desemaranhá-lo. O simples fato de estarmos<<strong>br</strong> />

pensando e falando mostra uma ordem que seguimos sem nunca<<strong>br</strong> />

saber <strong>com</strong>o o fazemos, nem o que a ordem será. 4:243<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros fazem a mesma coisa <strong>com</strong> a vontade. Dizem que através<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> vontade podem presenciar os efeitos do nagual. Agora, posso<<strong>br</strong> />

acrescentar que, através <strong>da</strong> razão, não importa o que fizermos <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

ela, ou <strong>com</strong>o o fizermos, estaremos simplesmente presenciando os<<strong>br</strong> />

efeitos do tonal. Em ambos os casos não há esperança jamais de<<strong>br</strong> />

entender ou explicar o que é que estamos presenciando. 4:243<<strong>br</strong> />

Um feiticeiro pode usar as asas <strong>da</strong> percepção para tocar outras sensibili<strong>da</strong>des,<<strong>br</strong> />

a de um corvo, por exemplo, a de um coiote, de um<<strong>br</strong> />

grilo, ou a ordem de outros mundos naquele espaço infinito. As<<strong>br</strong> />

asas <strong>da</strong> percepção podem levar-nos aos últimos confins do nagual<<strong>br</strong> />

ou a mundos inconcebíveis do tonal. 4:243<<strong>br</strong> />

Chegamos afinal à última parte <strong>da</strong> explicação dos feiticeiros. Um dia<<strong>br</strong> />

eu lhe disse que [o nagual e o tonal, que perfazem a totali<strong>da</strong>de do<<strong>br</strong> />

homem], ficavam fora de nós, e no entanto não ficavam. É este o<<strong>br</strong> />

paradoxo dos seres luminosos. O tonal de ca<strong>da</strong> um de nós não é<<strong>br</strong> />

mais que o reflexo <strong>da</strong>quele desconhecido indescritível cheio de<<strong>br</strong> />

ordem; o nagual de ca<strong>da</strong> um de nós não é mais que um reflexo<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>quele vazio indescritível que contém tudo. 4:244<<strong>br</strong> />

A tarefa [agora] é mergulhar no desconhecido sozinho. Sente-se aqui<<strong>br</strong> />

e desligue seu diálogo interno. Você pode conseguir o poder necessário<<strong>br</strong> />

para a<strong>br</strong>ir as asas <strong>da</strong> sua percepção e voar para aquele<<strong>br</strong> />

infinito. 4:244<<strong>br</strong> />

2.6.2 DOIS CORPOS FUNCIONAIS COMPLETOS<<strong>br</strong> />

O conceito de que um ser humano é <strong>com</strong>posto de dois corpos funcionais <strong>com</strong>pletos,<<strong>br</strong> />

um à esquer<strong>da</strong> e outro à direita, é fun<strong>da</strong>mental para os seus esforços <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

feiticeiros. 10:149<<strong>br</strong> />

Quando o corpo humano é percebido <strong>com</strong>o energia, fica absolutamente<<strong>br</strong> />

patente que ele é <strong>com</strong>posto não de duas partes, mas de<<strong>br</strong> />

dois tipos diferentes de energia: duas correntes diferentes de<<strong>br</strong> />

energia, duas forças opostas e ao mesmo tempo <strong>com</strong>plementares<<strong>br</strong> />

que coexistem lado a lado, espelhando dessa forma a estrutura<<strong>br</strong> />

dual de to<strong>da</strong>s as coisas no universo <strong>com</strong>o um todo. 10:149<<strong>br</strong> />

[Os feiticeiros antigos] concediam a ca<strong>da</strong> um desses dois tipos diferentes de<<strong>br</strong> />

energia a estatura de um corpo <strong>com</strong>pleto e falavam exclusivamente em termos do<<strong>br</strong> />

62


corpo esquerdo e do corpo direito. A ênfase deles era no corpo esquerdo, porque o<<strong>br</strong> />

consideravam <strong>com</strong>o sendo o mais eficaz, em termos <strong>da</strong> natureza <strong>da</strong> sua configuração<<strong>br</strong> />

energética, para os objetivos definitivos <strong>da</strong> feitiçaria.<<strong>br</strong> />

Os [feiticeiros antigos], que retrataram os dois corpos <strong>com</strong>o correntes de<<strong>br</strong> />

energia, descreviam a corrente esquer<strong>da</strong> <strong>com</strong>o sendo mais turbulenta e agressiva,<<strong>br</strong> />

movendo-se em ondulações e projetando on<strong>da</strong>s de energia. [Como ilustração basta<<strong>br</strong> />

visualizar] uma cena em que o corpo esquerdo é <strong>com</strong>o metade do sol e que todos os<<strong>br</strong> />

raios solares acontecem [nessa] metade. As on<strong>da</strong>s de energia projeta<strong>da</strong>s do corpo<<strong>br</strong> />

esquerdo são <strong>com</strong>o [esses] raios solares, sempre perpendiculares à superfície arredon<strong>da</strong><strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> qual se originavam. 10:150<<strong>br</strong> />

A corrente de energia do corpo direito [não é], de modo algum, turbulenta na<<strong>br</strong> />

superfície. Move-se <strong>com</strong>o a água dentro de um tanque que está sendo ligeiramente<<strong>br</strong> />

inclinado para frente e para trás. Não há ondulações nela, mas um contínuo movimento<<strong>br</strong> />

de balanço. Contudo, em um nível mais profundo, ela gira em círculos rotacionais na<<strong>br</strong> />

forma de espirais. [Como ilustração basta imaginar] um rio tropical muito largo e de<<strong>br</strong> />

aparência tranqüila no qual a água <strong>da</strong> superfície parece quase não se mover, mas que<<strong>br</strong> />

tem correntezas destruidoras abaixo <strong>da</strong> superfície. No mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana, essas<<strong>br</strong> />

duas correntes estão amalgama<strong>da</strong>s em uma única uni<strong>da</strong>de: o corpo humano <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

conhecemos. 10:150<<strong>br</strong> />

Entretanto, aos olhos do vidente, [se] a energia do corpo <strong>com</strong>o um todo é<<strong>br</strong> />

circular, isso significa que o corpo direito é a força predominante. 10:150<<strong>br</strong> />

A divisão <strong>da</strong> energia entre os dois corpos não é mensura<strong>da</strong> por destreza<<strong>br</strong> />

ou falta dela. A predominância do corpo direito é uma predominância<<strong>br</strong> />

energética, [aliás] um fato que poderá ser mu<strong>da</strong>do.<<strong>br</strong> />

Porque o movimento circular predominante <strong>da</strong> energia do corpo<<strong>br</strong> />

direito é enfadonho demais! Com certeza, [esse] movimento circular<<strong>br</strong> />

toma conta de qualquer acontecimento do mundo diário,<<strong>br</strong> />

mas o faz circularmente, se você sabe o que quero dizer. 10:151<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as situações na vi<strong>da</strong> são encontra<strong>da</strong>s nessa forma circular.<<strong>br</strong> />

Continuamente, continuamente, continuamente. É um movimento<<strong>br</strong> />

circular que parece extrair a energia interna e <strong>da</strong>r voltas e voltas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> ela em um movimento centrípeto. Nessas condições, não<<strong>br</strong> />

há nenhuma expansão. Na<strong>da</strong> pode ser novo. Não há na<strong>da</strong> que<<strong>br</strong> />

não possa ser explicado internamente. Que tédio! 10:151<<strong>br</strong> />

É tarde demais [para se mu<strong>da</strong>r essa situação]. O <strong>da</strong>no está feito. A<<strong>br</strong> />

quali<strong>da</strong>de espiral está aqui para ficar. Mas isso não precisa ser<<strong>br</strong> />

contínuo. Sim, nós an<strong>da</strong>mos <strong>da</strong> maneira <strong>com</strong>o o fazemos; não<<strong>br</strong> />

podemos mu<strong>da</strong>r isso, mas também gostaríamos de correr ou de<<strong>br</strong> />

an<strong>da</strong>r para trás ou de subir em uma esca<strong>da</strong>. Apenas an<strong>da</strong>r e an-<<strong>br</strong> />

63


<strong>da</strong>r e an<strong>da</strong>r e an<strong>da</strong>r é muito útil, mas sem sentido. A contribuição<<strong>br</strong> />

do corpo esquerdo tornaria aqueles centros de vitali<strong>da</strong>de mais<<strong>br</strong> />

flexíveis. Se, apenas por um instante, eles pudessem ondular em<<strong>br</strong> />

vez de movimentar-se em espirais, uma energia diferente entraria<<strong>br</strong> />

neles <strong>com</strong> resultados desconcertantes. 10:151<<strong>br</strong> />

2.6.2.1. O TÉDIO E A VIOLÊNCIA<<strong>br</strong> />

A sensação que os seres humanos têm de estarem absolutamente<<strong>br</strong> />

entediados consigo mesmos é devi<strong>da</strong> à predominância do corpo<<strong>br</strong> />

direito. Em um sentido universal, a única coisa deixa<strong>da</strong> para os seres<<strong>br</strong> />

humanos fazerem é encontrar maneiras de se livrarem do tédio. O<<strong>br</strong> />

que eles acabam fazendo é encontrar maneiras de matar o tempo: a<<strong>br</strong> />

única mercadoria <strong>da</strong> qual ninguém tem o suficiente. Mas o pior é a<<strong>br</strong> />

reação a essa distribuição desequili<strong>br</strong>a<strong>da</strong> de energia. As reações violentas<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s pessoas são devi<strong>da</strong>s a essa distribuição desequili<strong>br</strong>a<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Parece que de tempos em tempos a impotência cria correntes furiosas<<strong>br</strong> />

de energia dentro do corpo humano que explodem em <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

violento. Para os seres humanos, a violência parece ser uma<<strong>br</strong> />

outra maneira de matar o tempo. 10:152<<strong>br</strong> />

A percepção é a única aveni<strong>da</strong> que os seres humanos têm para a<<strong>br</strong> />

evolução, e alguma coisa extrínseca a nós, algo que tem a ver<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a condição pre<strong>da</strong>tória do universo, interrompeu nossa possibili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de evoluirmos apossando-se <strong>da</strong> nossa percepção. Os<<strong>br</strong> />

seres humanos caíram vítimas de uma força pre<strong>da</strong>tória que, por<<strong>br</strong> />

sua própria conveniência, lhe impôs a passivi<strong>da</strong>de que é característica<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> energia do corpo direito. 10:152<<strong>br</strong> />

A nossa possibili<strong>da</strong>de evolucionária [é] <strong>com</strong>o uma viagem que a nossa percepção<<strong>br</strong> />

faz através de algo que os [feiticeiros antigos] chamavam de mar escuro <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

[ou emanações <strong>da</strong> Águia]: algo que eles consideravam ser uma ver<strong>da</strong>deira<<strong>br</strong> />

característica do universo, um elemento in<strong>com</strong>ensurável que permeia o universo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

nuvens de matéria ou luz. 10:152<<strong>br</strong> />

A predominância do corpo direito nessa fusão desequili<strong>br</strong>a<strong>da</strong> dos corpos direito<<strong>br</strong> />

e esquerdo marca a interrupção <strong>da</strong> nossa viagem de percepção. O que, para [o<<strong>br</strong> />

homem médio], parece ser a dominância natural de um lado so<strong>br</strong>e o outro é, para os<<strong>br</strong> />

feiticeiros, uma aberração [que se deve corrigir]. 10:152<<strong>br</strong> />

[Os feiticeiros] acreditam que, para estabelecer uma divisão harmoniosa entre<<strong>br</strong> />

os corpos esquerdo e direito, o praticante precisa intensificar sua [consciência]. Entretanto,<<strong>br</strong> />

qualquer intensificação <strong>da</strong> percepção humana precisa ser reforça<strong>da</strong> pela mais<<strong>br</strong> />

exigente disciplina. De outro modo, essa intensificação, dolorosamente alcança<strong>da</strong>, transformar-se-á<<strong>br</strong> />

em obsessão, resultando em qualquer coisa desde uma aberração psicológica<<strong>br</strong> />

até um <strong>da</strong>no energético. 10:152<<strong>br</strong> />

64


2.7 CENTROS DE VITALIDADE<<strong>br</strong> />

[Conforme lhe disse, os] centros de vitali<strong>da</strong>de estão localizados em seis áreas<<strong>br</strong> />

do corpo. O primeiro, na área do fígado e <strong>da</strong> visícula biliar [na bor<strong>da</strong> direita <strong>da</strong> caixa<<strong>br</strong> />

toráxica]; o segundo, na área do pâncreas e do baço [na bor<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> <strong>da</strong> caixa<<strong>br</strong> />

toráxica]; o terceiro, na área dos rins e <strong>da</strong>s glândulas supra-renais [nas costas, logo<<strong>br</strong> />

atrás de outros dois centros]; e o quarto, no ponto côncavo na base do pescoço na<<strong>br</strong> />

parte frontal do corpo [o centro para decisões, o ponto V]. O quinto, ao redor do<<strong>br</strong> />

útero, e o sexto, no topo <strong>da</strong> cabeça . 10:25;101;4:89<<strong>br</strong> />

O quinto centro, pertinente apenas às mulheres, tem um tipo especial de energia<<strong>br</strong> />

que dá aos feiticeiros a impressão de liquidez. É uma característica que somente algumas<<strong>br</strong> />

mulheres têm. Parece servir <strong>com</strong>o um filtro natural que peneira as influências<<strong>br</strong> />

supérfluas. 10:101<<strong>br</strong> />

O sexto centro, localizado no topo <strong>da</strong> cabeça, é algo mais que uma anormali<strong>da</strong>de...<<strong>br</strong> />

possuindo não um vórtice circular de energia, <strong>com</strong>o os outros, mas o movimento<<strong>br</strong> />

de um lado para o outro, <strong>com</strong>o um pêndulo, que, de certo modo, lem<strong>br</strong>a a pulsação<<strong>br</strong> />

de um coração. 10:101<<strong>br</strong> />

2.7.1 O CENTRO PARA DECISÕES<<strong>br</strong> />

O quarto centro [<strong>da</strong> vitali<strong>da</strong>de] tem um tipo especial de energia que<<strong>br</strong> />

aparece ao olho do vidente <strong>com</strong>o possuindo uma extraordinária<<strong>br</strong> />

transparência, algo que poderia ser descrito <strong>com</strong>o semelhante à<<strong>br</strong> />

água: energia tão flui<strong>da</strong> que parece líqui<strong>da</strong>. A aparência líqui<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

dessa energia especial é a marca de uma quali<strong>da</strong>de do próprio<<strong>br</strong> />

centro para decisões pareci<strong>da</strong> <strong>com</strong> um filtro que peneira qualquer<<strong>br</strong> />

energia que chega até ele e extrai dela apenas o seu aspecto<<strong>br</strong> />

que é parecido <strong>com</strong> líquido. Essa quali<strong>da</strong>de de liquidez é uma<<strong>br</strong> />

característica uniforme e consistente desse centro. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

também o chamam de o centro aquoso. 10:102<<strong>br</strong> />

A rotação <strong>da</strong> energia no centro para decisões é a mais fraca de<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s elas. É por essa razão que o homem raramente decide alguma<<strong>br</strong> />

coisa. Os feiticeiros vêem que, após praticarem determinados<<strong>br</strong> />

passes mágicos, esse centro torna-se ativo e eles podem, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

certeza, tomar decisões que satisfaçam os seus corações, enquanto<<strong>br</strong> />

que, antes, não conseguiam sequer <strong>da</strong>r um primeiro passo. 10:102<<strong>br</strong> />

2.7.2 A INSTALAÇÃO ALIENÍGENA<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> um de nós, seres humanos, tem duas mentes. Uma é totalmente<<strong>br</strong> />

nossa, e é <strong>com</strong>o uma voz fraca que sempre nos traz ordem,<<strong>br</strong> />

65


integri<strong>da</strong>de, propósito. A outra mente é uma instalação forânea<<strong>br</strong> />

[ou] alienígena. Nos traz conflito, auto-afirmação, dúvi<strong>da</strong>s, desesperança.<<strong>br</strong> />

12:21<<strong>br</strong> />

[Em outras palavras] uma é a nossa mente ver<strong>da</strong>deira, o produto de<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as experiências de nossa vi<strong>da</strong>, aquela que raramente fala<<strong>br</strong> />

porque foi venci<strong>da</strong> e relega<strong>da</strong> à obscuri<strong>da</strong>de. A outra, a mente<<strong>br</strong> />

que nós usamos diariamente para tudo o que fazemos, é uma instalação<<strong>br</strong> />

forânea. 12:23<<strong>br</strong> />

[Esse] centro de energia não pertence inteiramente ao homem. Enten<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

nós seres humanos estamos, por assim dizer, sob estado<<strong>br</strong> />

de sítio. Esse centro foi assumido por um invasor, um pre<strong>da</strong>dor<<strong>br</strong> />

invisível. E a única maneira de dominar esse pre<strong>da</strong>dor é fortificando<<strong>br</strong> />

todos os outros centros. 10:102<<strong>br</strong> />

Eu vejo a energia e vejo que a energia so<strong>br</strong>e o centro no topo <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

cabeça não flutua <strong>com</strong>o a energia dos outros centros. Ela tem um<<strong>br</strong> />

movimento de um lado para o outro muito desagradável e muito<<strong>br</strong> />

estranho. Também vejo que, em um feiticeiro que foi capaz de<<strong>br</strong> />

dominar a mente, que os feiticeiros chamam de uma instalação<<strong>br</strong> />

alienígena, a flutuação desse centro torna-se exatamente <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

flutuação de todos os outros. 10:102<<strong>br</strong> />

Nossas mesquinharias e contradições, na ver<strong>da</strong>de, são o resultado<<strong>br</strong> />

de um conflito transcendental que aflige ca<strong>da</strong> um de nós, mas<<strong>br</strong> />

somente os feiticeiros são dolorosa e irremediavelmente conscientes<<strong>br</strong> />

dele: o conflito entre nossas duas mentes. 12:23<<strong>br</strong> />

2.7.2.1 UM PREDADOR DAS PROFUNDEZAS<<strong>br</strong> />

Há inúmeras forças externas controlando você nesse momento. O<<strong>br</strong> />

controle a que estou me referindo é algo fora do domínio <strong>da</strong> linguagem.<<strong>br</strong> />

É o seu controle e ao mesmo tempo não é. Não pode ser<<strong>br</strong> />

classificado, mas pode ser experimentado. E acima de tudo, pode<<strong>br</strong> />

certamente ser manipulado. Lem<strong>br</strong>e-se disso: pode ser manipulado<<strong>br</strong> />

para a sua total vantagem; claro que, novamente, não é a<<strong>br</strong> />

sua vantagem, mas a vantagem do corpo energético [do sonhador].<<strong>br</strong> />

Entretanto, o corpo energético é você, portanto poderemos<<strong>br</strong> />

continuar eternamente, <strong>com</strong>o um cachorro correndo atrás de seu<<strong>br</strong> />

próprio rabo, tentando descrever isso. A linguagem é inadequa<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s essas experiências estão além <strong>da</strong> sintaxe. 12:265<<strong>br</strong> />

Esse é o universo em liber<strong>da</strong>de, in<strong>com</strong>ensurável, não-linear, fora do<<strong>br</strong> />

reino <strong>da</strong> sintaxe. Os feiticeiros [antigos] foram os primeiros a ver<<strong>br</strong> />

[umas] som<strong>br</strong>as fugazes [cruzando o campo visual], então <strong>com</strong>eçaram<<strong>br</strong> />

a segui-las. Eles as viam <strong>com</strong>o você as vê, e eles as viam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o energia fluindo no universo. E desco<strong>br</strong>iram algo<<strong>br</strong> />

transcendental. 12:266<<strong>br</strong> />

66


Desco<strong>br</strong>iram que possuímos um <strong>com</strong>panheiro por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. Possuímos<<strong>br</strong> />

um pre<strong>da</strong>dor que veio <strong>da</strong>s profundezas do cosmo, e assumiu<<strong>br</strong> />

o controle dos preceitos de nossa vi<strong>da</strong>. Os seres humanos<<strong>br</strong> />

são seus prisioneiros. O pre<strong>da</strong>dor é nosso senhor e mestre. Nos<<strong>br</strong> />

faz dóceis, indefesos. Se queremos protestar, ele suprime nossos<<strong>br</strong> />

protestos. Se queremos agir independentemente, exige que não<<strong>br</strong> />

o façamos. 12:266<<strong>br</strong> />

[Este é] o tópico dos tópicos [para os feiticeiros antigos:] somos mantidos<<strong>br</strong> />

prisioneiros! Esse é um fato energético.<<strong>br</strong> />

Há uma explicação [para o controle do pre<strong>da</strong>dor so<strong>br</strong>e nós], que é a<<strong>br</strong> />

explicação mais simples do mundo. Eles assumiram o controle<<strong>br</strong> />

porque somos alimentos para eles, e eles nos esmagam sem pie<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

porque somos seu sustento. Assim <strong>com</strong>o criamos galinhas<<strong>br</strong> />

em capoeiras, gallineros, os pre<strong>da</strong>dores nos criam em humaneros.<<strong>br</strong> />

Portanto seu alimento está sempre disponível a eles. 12:267<<strong>br</strong> />

2.7.2.2 SISTEMAS DE CRENÇAS E SUPOSIÇÕES<<strong>br</strong> />

Quero apelar para sua mente analítica. Pense por um momento, e<<strong>br</strong> />

diga-me <strong>com</strong>o você explicaria a contradição entre a inteligência<<strong>br</strong> />

do homem, o engenheiro, e a estupidez de seus sistemas de crenças,<<strong>br</strong> />

ou a estupidez de seu <strong>com</strong>portamento contraditório. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

acreditam que os pre<strong>da</strong>dores nos deram nossos sistemas<<strong>br</strong> />

de crenças, nossas idéias do bem e do mal, nossos costumes sociais.<<strong>br</strong> />

Eles são os que causaram nossas esperanças e expectativas,<<strong>br</strong> />

e sonhos de sucesso ou fracasso. Nos deram ganância, avareza<<strong>br</strong> />

e covardia. São os pre<strong>da</strong>dores que nos tornam <strong>com</strong>placentes,<<strong>br</strong> />

rotineiros e egomaníacos. 12:268<<strong>br</strong> />

Para nos manter obedientes, submissos e fracos, os pre<strong>da</strong>dores se<<strong>br</strong> />

envolvem numa estupen<strong>da</strong> mano<strong>br</strong>a, estupen<strong>da</strong>, claro, do ponto<<strong>br</strong> />

de vista de um lutador estrategista. Uma mano<strong>br</strong>a horren<strong>da</strong> do<<strong>br</strong> />

ponto de vista <strong>da</strong>queles que a sofrem. Eles nos deram as suas<<strong>br</strong> />

mentes! Você está me ouvindo? Os pre<strong>da</strong>dores nos dão as mentes<<strong>br</strong> />

deles, que se tornam nossas mentes. A mente dos pre<strong>da</strong>dores<<strong>br</strong> />

é barroca, contraditória, morosa, cheia de medo de ser descoberta<<strong>br</strong> />

a qualquer momento. 12:269<<strong>br</strong> />

Através <strong>da</strong> mente, que afinal é a mente deles, os pre<strong>da</strong>dores injetam<<strong>br</strong> />

nas nossas vi<strong>da</strong>s de seres humanos o que lhes é conveniente. E<<strong>br</strong> />

dessa maneira garantem um grau de segurança que age <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um amortecedor contra o seu medo. 12:269<<strong>br</strong> />

2.7.2.3 A SOMBRA VOADORA DO PREDADOR<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros [antigos] viram o pre<strong>da</strong>dor. Chamaram-no de voador<<strong>br</strong> />

porque ele salta através do ar. Não é uma visão agradável. É uma<<strong>br</strong> />

67


enorme som<strong>br</strong>a, impenetravelmente escura, uma som<strong>br</strong>a preta,<<strong>br</strong> />

que pula através do ar. Então, aterriza plana no chão. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

[antigos] ficaram muito in<strong>com</strong>o<strong>da</strong>dos <strong>com</strong> a idéia de quando<<strong>br</strong> />

aparecia na Terra. Eles raciocinavam que o homem deve ter sido<<strong>br</strong> />

um ser <strong>com</strong>pleto a um certo ponto, <strong>com</strong> insights incríveis, façanhas<<strong>br</strong> />

de consciência que hoje em dia são len<strong>da</strong>s mitológicas. E<<strong>br</strong> />

depois parece que tudo desapareceu, e agora somos homens<<strong>br</strong> />

se<strong>da</strong>dos. 12:272<<strong>br</strong> />

O que estou dizendo é que o que nós temos contra nós não é um<<strong>br</strong> />

simples pre<strong>da</strong>dor. Ele é muito esperto e organizado. Segue um<<strong>br</strong> />

sistema metódico para nos tornar inúteis. O homem, o ser mágico<<strong>br</strong> />

que ele está destinado a ser, não é mais mágico. É um mero<<strong>br</strong> />

pe<strong>da</strong>ço de carne. Não há mais sonhos para o homem, mas sonhos<<strong>br</strong> />

de um animal que está sendo criado para se tornar um pe<strong>da</strong>ço<<strong>br</strong> />

de carne: banal, convencional, imbecil. 12:273<<strong>br</strong> />

Esse pre<strong>da</strong>dor, que, claro, é um ser inorgânico, não nos é totalmente<<strong>br</strong> />

invisível, <strong>com</strong>o são os outros seres inorgânicos. Acho que quando<<strong>br</strong> />

crianças o vemos e decidimos que isso é tão horroroso que<<strong>br</strong> />

não queremos pensar so<strong>br</strong>e isso. As crianças, claro, poderiam<<strong>br</strong> />

insistir em focalizar essa perspectiva, mas todos à sua volta as<<strong>br</strong> />

convencem de não fazê-lo. 12:273<<strong>br</strong> />

2.7.2.4 A CAPA BRILHANTE DE CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros vêem bebês humanos <strong>com</strong>o estranhas bolas luminosas de energia,<<strong>br</strong> />

cobertas de cima a baixo <strong>com</strong> uma capa <strong>br</strong>ilhante, algo <strong>com</strong>o um casaco de plástico<<strong>br</strong> />

que é ajustado e bem apertado so<strong>br</strong>e seu casulo de energia. Essa capa <strong>br</strong>ilhante de<<strong>br</strong> />

consciência é o que os pre<strong>da</strong>dores consomem [sem saber o que é]. Quando o ser<<strong>br</strong> />

humano alcança a i<strong>da</strong>de adulta, tudo o que so<strong>br</strong>a dessa capa <strong>br</strong>ilhante é uma franja<<strong>br</strong> />

estreita que vai do chão até acima dos dedos dos pés. Essa franja permite à humani<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

continuar vivendo, mas apenas vivendo. 12:269<<strong>br</strong> />

Até onde eu sei, o homem é a única espécie que tem a capa <strong>br</strong>ilhante de consciência<<strong>br</strong> />

fora <strong>da</strong>quele casulo luminoso. Portanto, se tornou uma presa fácil para uma consciência<<strong>br</strong> />

de uma ordem diferente, tal <strong>com</strong>o a consciência pesa<strong>da</strong> de um pre<strong>da</strong>dor. 12:270<<strong>br</strong> />

[Como] essa franja estreita de consciência é o epicentro <strong>da</strong> auto-reflexão, que<<strong>br</strong> />

é o único ponto de consciência que nos so<strong>br</strong>ou, os pre<strong>da</strong>dores criaram lampejos de<<strong>br</strong> />

consciência que eles passaram a consumir de forma implacável e pre<strong>da</strong>tória. Nos deram<<strong>br</strong> />

problemas fúteis que forçam esses lampejos de consciência a surgir, e dessa forma<<strong>br</strong> />

eles nos mantêm vivos em boa condição para que possam se alimentar <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

lampejo energético de nossas pseudopreocupações. 12:270<<strong>br</strong> />

68


Não há na<strong>da</strong> que você ou eu possamos fazer so<strong>br</strong>e isso. Tudo o que<<strong>br</strong> />

podemos fazer é nos disciplinarmos ao ponto de não deixar que<<strong>br</strong> />

eles nos toquem. 12:271<<strong>br</strong> />

2.8 O MOLDE DO HOMEM<<strong>br</strong> />

Um dos aspectos mais inflexíveis de nosso inventário é nossa idéia de Deus.<<strong>br</strong> />

Esse aspecto é <strong>com</strong>o uma cola poderosa que prende o ponto de aglutinação à sua<<strong>br</strong> />

posição original. [Para] aglutinar outro mundo ver<strong>da</strong>deiro <strong>com</strong> outra grande faixa de<<strong>br</strong> />

emanações, [é preciso] <strong>da</strong>r um passo o<strong>br</strong>igatório a fim de afrouxar todos os laços do<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação. 7:243<<strong>br</strong> />

Esse passo é ver o molde do homem. O molde do homem é um imenso<<strong>br</strong> />

feixe de emanações na grande faixa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> orgânica. É chamado<<strong>br</strong> />

de molde do homem porque esse feixe aparece apenas no<<strong>br</strong> />

interior do casulo do homem.<<strong>br</strong> />

O molde do homem é a porção <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia que os<<strong>br</strong> />

videntes podem ver diretamente sem qualquer perigo para si<<strong>br</strong> />

mesmos. 7:244<<strong>br</strong> />

[O molde do homem é] um padrão de energia que serve para estampar as<<strong>br</strong> />

quali<strong>da</strong>des de humani<strong>da</strong>de em uma bolha amorfa de matéria biológica. [Por uma analogia<<strong>br</strong> />

mecânica descreve-se o molde <strong>com</strong>o] uma matriz gigantesca que imprime os<<strong>br</strong> />

seres humanos continuamente <strong>com</strong>o se chegassem a ela pela correia transportadora<<strong>br</strong> />

de uma linha de produção em massa. 7:246<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> espécie tem um molde próprio, e ca<strong>da</strong> indivíduo de ca<strong>da</strong> espécie, mol<strong>da</strong><strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pelo processo, mostra características particulares ao seu próprio tipo. 7:246<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes, assim <strong>com</strong>o os místicos de nosso mundo, têm uma coisa<<strong>br</strong> />

em <strong>com</strong>um – foram capazes de ver o molde do homem, mas não de <strong>com</strong>preender do<<strong>br</strong> />

que se trata. Os místicos, através dos séculos, proporcionam-nos relatos <strong>com</strong>oventes<<strong>br</strong> />

de suas experiências. Mas esses relatos, embora belos, são prejudicados pelo grosseiro<<strong>br</strong> />

e desesperador engano de acreditarem que o molde do homem seja um criador<<strong>br</strong> />

onipotente e onisciente; e assim era a interpretação dos antigos videntes, que chamavam<<strong>br</strong> />

o molde dos seres humanos de espírito amigável, protetor do homem. 7:246<<strong>br</strong> />

Os novos videntes são os únicos que têm a so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de de ver o molde do homem<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong>preender o que é. O que chegaram a perceber é que ele não é um criador, mas o<<strong>br</strong> />

padrão de ca<strong>da</strong> atributo humano so<strong>br</strong>e o qual podemos pensar e de alguns que não podemos<<strong>br</strong> />

sequer conceber. O molde é nosso Deus porque somos aquilo <strong>com</strong> que nos estampa,<<strong>br</strong> />

e não porque nos criou do na<strong>da</strong> e nos fez à sua imagem e semelhança. Cair de joelhos na<<strong>br</strong> />

presença do molde do homem chega à arrogância e ao egocentrismo humanos. 7:246<<strong>br</strong> />

69


[A crença de que Deus existe] é basea<strong>da</strong> na fé, e, <strong>com</strong>o tal, uma convicção de<<strong>br</strong> />

segun<strong>da</strong> mão que não soma na<strong>da</strong>; a crença na existência de Deus é, <strong>com</strong>o a de to<strong>da</strong>s as<<strong>br</strong> />

pessoas, basea<strong>da</strong> em ouvir dizer e não no ato de ver. 7:247<<strong>br</strong> />

[Ain<strong>da</strong> que você seja capaz de ver] está destinado a <strong>com</strong>eter o mesmo engano<<strong>br</strong> />

que os místicos <strong>com</strong>eteram. Todos os que vêem o molde do homem automaticamente<<strong>br</strong> />

presumem que se trata de Deus. 7:247<<strong>br</strong> />

A experiência mística é uma visão casual, um acontecimento fortuito que não<<strong>br</strong> />

tem significação, mesmo porque é o resultado de um movimento ao acaso do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação. Os novos videntes são de fato os únicos que podem emitir um julgamento<<strong>br</strong> />

honesto so<strong>br</strong>e esse assunto, porque eliminaram as visões casuais e são capazes de ver<<strong>br</strong> />

o molde do homem <strong>com</strong> a freqüência que lhe apetecer. 7:247<<strong>br</strong> />

Viram, portanto, que aquilo que chamamos Deus é um protótipo estático de<<strong>br</strong> />

humani<strong>da</strong>de destituído de qualquer poder. Pois o molde do homem não pode, sob<<strong>br</strong> />

quaisquer circunstâncias, aju<strong>da</strong>r-nos intervindo em nosso favor, ou punir nossos erros<<strong>br</strong> />

ou re<strong>com</strong>pensar-nos de qualquer maneira. Somos simplesmente o produto de sua estampa;<<strong>br</strong> />

somos sua impressão. O molde do homem é exatamente o que seu nome nos<<strong>br</strong> />

diz, um padrão, uma fôrma, uma matriz que dá forma a um certo punhado de elementos<<strong>br</strong> />

semelhantes a fi<strong>br</strong>as, que chamamos homem. 7:247<<strong>br</strong> />

2.9 A BARREIRA DA PERCEPÇÃO<<strong>br</strong> />

Agora, a única coisa que ain<strong>da</strong> lhe resta fazer para <strong>com</strong>pletar a explicação<<strong>br</strong> />

do domínio <strong>da</strong> consciência é que<strong>br</strong>ar sozinho a barreira <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

percepção. Você deve deslocar seu ponto de aglutinação sem aju<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de ninguém. E alinhar outra grande faixa de emanações.<<strong>br</strong> />

Não fazê-lo é transformar tudo o que você aprendeu e fez <strong>com</strong>igo<<strong>br</strong> />

em mera conversa, simples palavras. E as palavras não valem<<strong>br</strong> />

quase na<strong>da</strong>. 7:241<<strong>br</strong> />

Quando o ponto de aglutinação está-se movendo para fora de sua posição costumeira<<strong>br</strong> />

e atinge certa profundi<strong>da</strong>de, rompe uma barreira que momentaneamente destrói<<strong>br</strong> />

sua capaci<strong>da</strong>de de alinhar emanações. Experimentamos isso <strong>com</strong>o uma lacuna perceptiva.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes chamavam esse momento de muro de névoa, porque uma barreira de<<strong>br</strong> />

névoa aparece sempre que o alinhamento <strong>da</strong>s emanações falha. 7:241<<strong>br</strong> />

Existem três maneiras de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> isso. Podemos considerá-lo abstratamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma barreira <strong>da</strong> percepção; pode ser sentido <strong>com</strong>o o ato de atravessar <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

corpo inteiro um painel de papel esticado; ou pode ser visto <strong>com</strong>o uma parede de<<strong>br</strong> />

névoa. 7:242<<strong>br</strong> />

70


Os exercícios de aglutinar outros mundos permitem ao ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

ganhar experiência em deslocar-se. A intenção [o intento] é o que faz o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação deslocar-se. 7:243<<strong>br</strong> />

O domínio <strong>da</strong> consciência é o que dá impulso ao ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

Afinal, nós seres humanos somos na reali<strong>da</strong>de bem pouco; somos,<<strong>br</strong> />

em essência, um ponto de aglutinação fixo em certa posição.<<strong>br</strong> />

Nosso inimigo e ao mesmo tempo nosso amigo é nosso diálogo<<strong>br</strong> />

interno, nosso inventário.<<strong>br</strong> />

Seja um guerreiro; desligue seu diálogo interno; faça seu inventário<<strong>br</strong> />

e depois atire-o fora. Os novos videntes fazem apurados inventários<<strong>br</strong> />

e depois riem deles. Sem, o inventário, o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação torna-se livre. 7:243<<strong>br</strong> />

2.10 O LUGAR DO CONHECIMENTO SILENCIOSO<<strong>br</strong> />

Nossa tendência é ponderar, questionar, esclarecer. E não há <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

fazer isso na disciplina <strong>da</strong> feitiçaria. Ela é o ato de atingir o lugar<<strong>br</strong> />

do conhecimento silencioso, e o conhecimento silencioso não<<strong>br</strong> />

pode ser raciocinado. Pode ser apenas experimentado. 8:233<<strong>br</strong> />

É muito fácil, no caminho do conhecimento, perder-se na confusão e na morbidez.<<strong>br</strong> />

Os videntes defrontam-se <strong>com</strong> grandes inimigos que podem destruir seu propósito, minar<<strong>br</strong> />

seus objetivos e torná-los fracos; inimigos criados pelo próprio caminho do guerreiro juntamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as sensações de indolência, preguiça e vai<strong>da</strong>de que são partes integrantes de<<strong>br</strong> />

nosso mundo diário. Os enganos que os antigos videntes <strong>com</strong>eteram <strong>com</strong>o resultado <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

indolência, preguiça e vai<strong>da</strong>de eram tão grandes, tão graves, que os novos videntes não<<strong>br</strong> />

tiveram escolha senão maldizer e rejeitar sua própria tradição. 7:162<<strong>br</strong> />

A coisa mais importante que os novos videntes precisavam eram passos<<strong>br</strong> />

práticos para deslocar seus pontos de aglutinação. Como não<<strong>br</strong> />

tinham nenhum, <strong>com</strong>eçaram a desenvolver um intenso interesse<<strong>br</strong> />

por ver o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência, e assim desenvolveram três conjuntos<<strong>br</strong> />

de técnicas que se tornaram sua pedra angular. 7:162<<strong>br</strong> />

Com esses três conjuntos, os novos videntes executaram um feito extraordinário<<strong>br</strong> />

e difícil. Conseguiram fazer o ponto de aglutinação deslocar-se sistematicamente<<strong>br</strong> />

de sua posição costumeira. Reconheceram que os antigos videntes<<strong>br</strong> />

também haviam realizado esse feito, mas por meio de mano<strong>br</strong>as caprichosas,<<strong>br</strong> />

idiossincráticas. 7:163<<strong>br</strong> />

A visão que os novos videntes tiveram do <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência resultou na<<strong>br</strong> />

seqüência em que organizaram as ver<strong>da</strong>des dos antigos videntes so<strong>br</strong>e a consciência.<<strong>br</strong> />

Isto é conhecido <strong>com</strong>o o domínio <strong>da</strong> consciência. A partir <strong>da</strong>í, desenvolveram os três<<strong>br</strong> />

71


conjuntos de técnicas. O primeiro é o domínio <strong>da</strong> espreita, o segundo, o domínio do<<strong>br</strong> />

intento, e o terceiro, o domínio do sonho. 7:163<<strong>br</strong> />

2.11 A ENERGIA DO ALINHAMENTO DE EMANAÇÕES<<strong>br</strong> />

O domínio do intento, juntamente <strong>com</strong> o domínio <strong>da</strong> espreita são as duas<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>as primas dos novos videntes, que marcam o advento dos videntes dos dias de<<strong>br</strong> />

hoje. Em seus esforços para obter uma vantagem so<strong>br</strong>e seus opressores os novos<<strong>br</strong> />

videntes perseguiam ca<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de. Sabiam que seus predecessores haviam executado<<strong>br</strong> />

feitos extraordinários, manipulando uma força misteriosa e miraculosa que só<<strong>br</strong> />

podiam descrever <strong>com</strong>o poder. Os novos videntes tinham muito pouca informação so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

essa força, de modo que foram o<strong>br</strong>igados a examiná-la sistematicamente através<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> visão. Seus esforços foram amplamente re<strong>com</strong>pensados quando desco<strong>br</strong>iram que a<<strong>br</strong> />

energia de alinhamento é essa força. 7:165<<strong>br</strong> />

Começaram por ver <strong>com</strong>o o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência aumenta em tamanho e intensi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

quando as emanações no interior do casulo são alinha<strong>da</strong>s <strong>com</strong> as emanações<<strong>br</strong> />

livres. Usaram essa observação <strong>com</strong>o trampolim, exatamente <strong>com</strong>o haviam feito <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

espreita, e passaram a desenvolver uma <strong>com</strong>plexa série de técnicas para manejar esse<<strong>br</strong> />

alinhamento de emanações. 7:165<<strong>br</strong> />

Inicialmente, referiram-se a essas técnicas <strong>com</strong>o o domínio do alinhamento.<<strong>br</strong> />

Perceberam então que o que estava em jogo era muito mais do que o alinhamento; era<<strong>br</strong> />

a energia produzi<strong>da</strong> pelo alinhamento de emanações. A essa energia chamaram vontade.<<strong>br</strong> />

A vontade tornou-se a segun<strong>da</strong> base. Os novos videntes <strong>com</strong>preenderam-na <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma explosão cega, impessoal e incessante de energia que nos faz agir do modo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

o fazemos. A vontade responde por nossa percepção do mundo dos eventos <strong>com</strong>uns e,<<strong>br</strong> />

indiretamente, através <strong>da</strong> força dessa percepção, responde pela localização do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação em sua posição costumeira. 7:165<<strong>br</strong> />

Os novos videntes examinaram <strong>com</strong>o tem lugar a percepção do mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

cotidiana e viram os efeitos <strong>da</strong> vontade. Viram que o alinhamento é incessantemente<<strong>br</strong> />

renovado, de maneira a <strong>da</strong>r um sentido de continui<strong>da</strong>de à percepção. Para sempre<<strong>br</strong> />

renovar o alinhamento <strong>com</strong> o frescor de que este necessita para produzir um mundo<<strong>br</strong> />

vivo, a explosão de energia que sai desses mesmos alinhamentos é automaticamente<<strong>br</strong> />

redireciona<strong>da</strong> para reforçar alguns alinhamentos especiais. 7:165<<strong>br</strong> />

Essa nova observação serviu aos novos videntes <strong>com</strong>o outro trampolim, que os<<strong>br</strong> />

ajudou a atingir a terceira base do conjunto. Chamaram-na intento (intenção), e descreveram-na<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a orientação proposital <strong>da</strong> vontade, a energia do alinhamento. 7:165<<strong>br</strong> />

72


CAPÍTULO 3<<strong>br</strong> />

O ENIGMA DO CORAÇÃO<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros, num esforço para se protegerem do avassalador efeito do conhecimento<<strong>br</strong> />

silencioso, desenvolveram a arte de espreitar. A espreita move o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação diminuta mas firmemente, propiciando, desse modo, tempo aos feiticeiros<<strong>br</strong> />

e, portanto, a possibili<strong>da</strong>de de se escorarem. 8:233<<strong>br</strong> />

A espreita teve origens muito humildes e acidentais. Partiu <strong>da</strong> observação<<strong>br</strong> />

feita pelos novos videntes de que, quando os guerreiros se <strong>com</strong>portam por algum<<strong>br</strong> />

tempo de modo fora do habitual, as emanações não usa<strong>da</strong>s no interior de seus casulos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eçam a <strong>br</strong>ilhar. E seus pontos de aglutinação se deslocam de maneira suave, harmoniosa,<<strong>br</strong> />

muito pouco perceptível. 7:163<<strong>br</strong> />

Estimulados por essa observação, os novos videntes <strong>com</strong>eçaram a praticar o<<strong>br</strong> />

controle sistemático do <strong>com</strong>portamento. Chamaram a essa prática arte <strong>da</strong> espreita –<<strong>br</strong> />

[um nome apropriado], porque a espreita envolve um tipo específico de <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

diante <strong>da</strong>s pessoas, um <strong>com</strong>portamento que pode ser categorizado <strong>com</strong>o su<strong>br</strong>eptício.<<strong>br</strong> />

7:164<<strong>br</strong> />

Espreitar é um procedimento, um procedimento muito simples. Espreitar<<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>portamento especial que segue certos princípios. É<<strong>br</strong> />

um <strong>com</strong>portamento secreto, furtivo, enganoso, designado a provocar<<strong>br</strong> />

um choque. E quando você espreita a si mesmo, você choca<<strong>br</strong> />

a si mesmo, usando seu próprio <strong>com</strong>portamento de um modo<<strong>br</strong> />

implacável e astucioso. 8:115<<strong>br</strong> />

Os novos videntes, armados <strong>com</strong> essa técnica, son<strong>da</strong>ram o conhecido de uma<<strong>br</strong> />

maneira só<strong>br</strong>ia e frutífera. Pela prática contínua, fizeram seus pontos de aglutinação<<strong>br</strong> />

se deslocar constantemente. 7:164<<strong>br</strong> />

Alguns feiticeiros têm objeção ao termo espreita, mas o nome surgiu<<strong>br</strong> />

porque implica <strong>com</strong>portamento sub-reptício.<<strong>br</strong> />

É chama<strong>da</strong> também a arte <strong>da</strong> furtivi<strong>da</strong>de, mas esse termo é igualmente<<strong>br</strong> />

desafortunado. Nós mesmos, por causa do nosso temperamento<<strong>br</strong> />

não-militante, o chamamos arte <strong>da</strong> loucura controla<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Você pode chamá-lo <strong>com</strong>o quiser. Entretanto, iremos continuar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o termo espreita uma vez que é tão fácil dizer espreitador e<<strong>br</strong> />

tão estranho dizer fazedor de loucura controla<strong>da</strong>. 8:93


A espreita é uma <strong>da</strong>s maiores realizações dos novos videntes. Eles<<strong>br</strong> />

decidiram que deveria ser ensina<strong>da</strong> ao [mestre-feiticeiro] dos dias<<strong>br</strong> />

modernos quando seu ponto de aglutinação já se tivesse deslocado<<strong>br</strong> />

bem profun<strong>da</strong>mente para o lado esquerdo. O motivo desta<<strong>br</strong> />

decisão é que um [mestre-feiticeiro] precisa aprender os princípios<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> espreita sem o incômodo do inventário humano. Afinal, o<<strong>br</strong> />

[mestre-feiticeiro pode ser] o líder de um grupo, e para liderá-lo<<strong>br</strong> />

deve agir rapi<strong>da</strong>mente, sem ter que pensar primeiro.<<strong>br</strong> />

Outros guerreiros podem aprender a espreitar em sua consciência<<strong>br</strong> />

normal, embora seja aconselhável que o façam em consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>... não tanto por causa do valor <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>, mas porque isto imbui a espreita de um mistério<<strong>br</strong> />

que ela na ver<strong>da</strong>de não possui; espreitar é meramente um <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

diante <strong>da</strong>s pessoas. 7:164<<strong>br</strong> />

A espreita foi desenvolvi<strong>da</strong> exclusivamente pelos novos videntes. São<<strong>br</strong> />

os únicos videntes que tiveram de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> pessoas. Os antigos<<strong>br</strong> />

estavam tão enre<strong>da</strong>dos em seu sentido de poder que só foram<<strong>br</strong> />

perceber que as pessoas existiam quando elas <strong>com</strong>eçaram a bater-lhes<<strong>br</strong> />

nas cabeças. 7:164<<strong>br</strong> />

3.1 UMA ARTE APLICÁVEL A TUDO<<strong>br</strong> />

A arte de espreitar é um conjunto de procedimentos e atitudes que permitem<<strong>br</strong> />

à pessoa conseguir tirar o melhor proveito possível de qualquer situação concebível. 6:9<<strong>br</strong> />

Espreitar é uma arte aplicável a tudo, e há quatro passos para aprendê-la:<<strong>br</strong> />

implacabili<strong>da</strong>de (não rudeza), esperteza (não cruel<strong>da</strong>de), paciência (não negligência) e<<strong>br</strong> />

doçura (não tolice). Esses quatro passos devem ser praticados e aperfeiçoados até<<strong>br</strong> />

que estejam tão suaves que passem despercebidos. 8:80 Seja implacável mas encantador;<<strong>br</strong> />

seja esperto mas simpático; seja paciente mas ativo; seja doce mas letal. 8:81<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, a espreita é o alicerce so<strong>br</strong>e o qual tudo o mais que fazem<<strong>br</strong> />

é construido. 8:93 De modo muito sucinto, a espreita é a arte de usar o <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

de maneiras novas para propósitos específicos. O <strong>com</strong>portamento humano normal no<<strong>br</strong> />

mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana é rotina. Qualquer <strong>com</strong>portamento que escape à rotina causa<<strong>br</strong> />

um efeito in<strong>com</strong>um em nosso ser total. Esse efeito in<strong>com</strong>um é o que os feiticeiros<<strong>br</strong> />

buscam, porque é cumulativo. 8:90<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros videntes dos tempos antigos, através de sua visão, primeiro<<strong>br</strong> />

haviam notado que o <strong>com</strong>portamento in<strong>com</strong>um produzia um tremor no ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação. Breve desco<strong>br</strong>iram que se o <strong>com</strong>portamento in<strong>com</strong>um era praticado sistematicamente<<strong>br</strong> />

e dirigido <strong>com</strong> sabedoria, forçava no final o movimento do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação. 8:90<<strong>br</strong> />

74


O desafio real para aqueles feiticeiros videntes era encontrar um sistema<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>portamento que não fosse mesquinho nem caprichoso,<<strong>br</strong> />

mas que <strong>com</strong>binasse a morali<strong>da</strong>de e o senso de beleza<<strong>br</strong> />

que diferencia os videntes feiticeiros <strong>da</strong>s <strong>br</strong>uxas <strong>com</strong>uns.<<strong>br</strong> />

Qualquer um que tenha sucesso em mover seu ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

para uma nova posição é um feiticeiro. E a partir dessa<<strong>br</strong> />

nova posição, pode fazer todos os tipos de coisas boas e más aos<<strong>br</strong> />

seus semelhantes. Ser um feiticeiro, portanto, pode ser o mesmo<<strong>br</strong> />

que ser um sapateiro, ou um padeiro. A causa dos feiticeiros videntes<<strong>br</strong> />

é ir além dessa posição. E para fazê-lo necessitam de morali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

e beleza. 8:93<<strong>br</strong> />

3.2 A ESSÊNCIA DA ESPREITA<<strong>br</strong> />

Seria maravilhoso se você pudesse usar as quatro disposições <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

espreita <strong>com</strong>o instrumento para levá-lo à recor<strong>da</strong>ção total. 8:81<<strong>br</strong> />

A implacabili<strong>da</strong>de, esperteza, paciência e docili<strong>da</strong>de são a essência <strong>da</strong> espreita.<<strong>br</strong> />

São o básico que <strong>com</strong> to<strong>da</strong>s as suas ramificações precisa ser [aprendido] em passos<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>dosos e meticulosos. 8:90 [Aprender] a espreitar é uma <strong>da</strong>s coisas mais difíceis<<strong>br</strong> />

que os feiticeiros fazem, e a impecabili<strong>da</strong>de é que dita os seus atos. 8:90<<strong>br</strong> />

Um ponto muito importante a considerar é que, para um observador, o <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros pode parecer malicioso, quando na reali<strong>da</strong>de seu <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

é sempre impecável. 8:90<<strong>br</strong> />

Atos maliciosos são executados por pessoas pelo ganho pessoal. Os<<strong>br</strong> />

feiticeiros, no entanto, têm um propósito ulterior para seus atos,<<strong>br</strong> />

que na<strong>da</strong> tem a ver <strong>com</strong> ganho pessoal. O fato de que se divertem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> seus atos não conta <strong>com</strong>o ganho. Antes, trata-se de uma<<strong>br</strong> />

condição de seu caráter. O homem <strong>com</strong>um age apenas se há oportuni<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de lucro. Os guerreiros dizem que agem não pelo lucro<<strong>br</strong> />

mas pelo espírito. 8:90<<strong>br</strong> />

As palavras são muito poderosas e importantes e são a proprie<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

mágica de quem quer que as tenha.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros têm uma regra básica: dizem que quanto mais profun<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

se move o ponto de aglutinação, tanto maior a sensação<<strong>br</strong> />

que um indivíduo tem conhecimento mas não as palavras para<<strong>br</strong> />

explicá-lo. Às vezes o ponto de aglutinação de pessoas <strong>com</strong>uns pode<<strong>br</strong> />

mover-se sem uma causa conheci<strong>da</strong> e sem eles estarem conscientes<<strong>br</strong> />

disso, exceto que ficam <strong>com</strong> a língua presa, confusos e evasivos. 8:92<<strong>br</strong> />

O primeiro princípio <strong>da</strong> espreita é que um guerreiro espreita a si mesmo.<<strong>br</strong> />

Espreita a si mesmo implacavelmente, <strong>com</strong> esperteza, paciência<<strong>br</strong> />

e docilmente. 8:92<<strong>br</strong> />

75


3.3 O LUGAR DA NÃO-PIEDADE<<strong>br</strong> />

[Uma] sensação de estar arrolhado é experimenta<strong>da</strong> por todo ser<<strong>br</strong> />

humano. É um lem<strong>br</strong>ete <strong>da</strong> existência de nossa conexão <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

intento. Para os feiticeiros essa sensação é ain<strong>da</strong> mais agu<strong>da</strong>, precisamente<<strong>br</strong> />

porque seu objetivo é sensibilizar seu elo de conexão<<strong>br</strong> />

até que possam fazê-lo funcionar à vontade.<<strong>br</strong> />

Quando a pressão de seu elo de conexão é grande demais, os<<strong>br</strong> />

feiticeiros aliviam-na espreitando a si mesmos. 8:114<<strong>br</strong> />

É isto que é implacabili<strong>da</strong>de: uma total falta de pie<strong>da</strong>de [quando] o<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação [atinge] a posição chama<strong>da</strong> o lugar <strong>da</strong> nãopie<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

8:137<<strong>br</strong> />

O problema que os feiticeiros têm a resolver é que o lugar <strong>da</strong> nãopie<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

deve ser alcançado <strong>com</strong> o mínimo de aju<strong>da</strong> possível. O<<strong>br</strong> />

[mestre-feiticeiro] prepara o cenário, mas é o aprendiz que faz<<strong>br</strong> />

seu ponto de aglutinação se mover. 8:146<<strong>br</strong> />

3.4 NA AUSÊNCIA DA AUTO-IMPORTÂNCIA<<strong>br</strong> />

Os espreitadores que praticam a loucura controla<strong>da</strong> acreditam que,<<strong>br</strong> />

em questão de personali<strong>da</strong>de, a raça humana inteira entra em três<<strong>br</strong> />

categorias. Os espreitadores acham que não somos tão <strong>com</strong>plexos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o pensamos ser e que todos pertencemos a uma <strong>da</strong>s três<<strong>br</strong> />

categorias. 8:234<<strong>br</strong> />

As pessoas <strong>da</strong> primeira classe são os secretários perfeitos, assistentes, <strong>com</strong>panheiros.<<strong>br</strong> />

Têm uma personali<strong>da</strong>de muito flui<strong>da</strong>, mas sua fluidez não é nutritiva. São,<<strong>br</strong> />

entretanto, serviçais, preocupados, totalmente domésticos, dispõem de recursos dentro<<strong>br</strong> />

de certos limites, são bem-humorados, têm boas maneiras, são doces e delicados.<<strong>br</strong> />

Em outras palavras, são as pessoas mais simpáticas que alguém pode encontrar, mas<<strong>br</strong> />

têm uma enorme falha: não conseguem funcionar sozinhas. Estão sempre necessita<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

de alguém para dirigi-las. Com direção, são perfeitas, não importando quão difícil<<strong>br</strong> />

ou antagônica essa direção possa ser. Entregues a si mesmas, perecem. 8:234<<strong>br</strong> />

As pessoas <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> classe não são nem um pouco simpáticas. São mesquinhas,<<strong>br</strong> />

vingativas, invejosas, ciumentas, autocentra<strong>da</strong>s. Falam exclusivamente so<strong>br</strong>e si<<strong>br</strong> />

mesmas e em geral esperam que as pessoas se enquadrem em seus padrões. Sempre<<strong>br</strong> />

tomam a iniciativa mesmo quando não se sentem confortáveis <strong>com</strong> ela. Ficam profun<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

desconfortáveis em qualquer situação e nunca relaxam. São inseguras e nunca<<strong>br</strong> />

conseguem ser agra<strong>da</strong><strong>da</strong>s; quanto mais inseguras se tornam, mais desagradáveis<<strong>br</strong> />

ficam. Sua falha fatal é que matariam para ser líderes. 8:235<<strong>br</strong> />

76


Na terceira categoria estão as pessoas que não são simpáticas nem desagradáveis.<<strong>br</strong> />

Não servem e não se impõem a ninguém. Antes, são indiferentes. Têm uma<<strong>br</strong> />

idéia exalta<strong>da</strong> acerca de si mesmas deriva<strong>da</strong> unicamente de divagações de pensamento<<strong>br</strong> />

desejoso. Se são extraordinárias em alguma coisa, é em esperar que as coisas aconteçam.<<strong>br</strong> />

Estão esperando ser descobertas e conquista<strong>da</strong>s e têm uma maravilhosa facili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

para criar a ilusão de que têm grandes coisas em suspenso, que sempre prometem<<strong>br</strong> />

liberar mas nunca fazem porque, na ver<strong>da</strong>de, não dispõem de tais recursos. 8:233<<strong>br</strong> />

O problema conosco é que nos tomamos a sério. Independente <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

categoria na qual se encaixa nossa auto-imagem, isto só importa<<strong>br</strong> />

por causa de nossa auto-estima. Se não fôssemos tão auto-importantes,<<strong>br</strong> />

não importaria nem um pouco em qual categoria entraríamos.<<strong>br</strong> />

8:236<<strong>br</strong> />

Na ausência <strong>da</strong> auto-importância, o único modo de um guerreiro li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

meio social é em termos de loucura controla<strong>da</strong>: a única ponte entre a loucura <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pessoas e a finali<strong>da</strong>de dos ditames <strong>da</strong> Águia. 8:170<<strong>br</strong> />

3.5 A TÉCNICA DA LOUCURA CONTROLADA<<strong>br</strong> />

Na arte de espreitar há uma técnica que os feiticeiros usam muito:<<strong>br</strong> />

loucura controla<strong>da</strong>. Segundo eles, a loucura controla<strong>da</strong> é a única<<strong>br</strong> />

maneira que têm de li<strong>da</strong>r consigo mesmos, em seu estado de consciência<<strong>br</strong> />

e percepção expandi<strong>da</strong>s, e <strong>com</strong> todos e tudo no mundo<<strong>br</strong> />

dos afazeres diários. 8:233<<strong>br</strong> />

A loucura controla<strong>da</strong> é a arte do engano controlado ou a arte de fingir estar<<strong>br</strong> />

profun<strong>da</strong>mente imerso na ação – fingindo tão bem que ninguém possa distingui-lo <strong>da</strong> coisa<<strong>br</strong> />

real. A loucura controla<strong>da</strong> não é um engano direto, mas um modo sofisticado, artístico, de<<strong>br</strong> />

estar separado de tudo permanecendo ao mesmo tempo uma parte de tudo. 8:233<<strong>br</strong> />

A loucura controla<strong>da</strong> é uma arte. Uma arte que causa muitas preocupações,<<strong>br</strong> />

e muito difícil para se aprender. Muitos feiticeiros não<<strong>br</strong> />

suportam isso, não porque haja alguma coisa inerentemente erra<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a arte, mas porque é preciso muita energia para exercêla.<<strong>br</strong> />

8:233<<strong>br</strong> />

Na época em que chegamos à feitiçaria, nossa personali<strong>da</strong>de já está<<strong>br</strong> />

forma<strong>da</strong>, e tudo que podemos fazer é praticar a loucura controla<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

e rir de nós mesmos. 8:234<<strong>br</strong> />

77


CAPÍTULO 4<<strong>br</strong> />

O ENIGMA DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

No universo há uma força imensurável e indescritível que os feiticeiros chamam<<strong>br</strong> />

intento, e que absolutamente tudo o que existe no cosmo inteiro está ligado ao<<strong>br</strong> />

intento por um elo de conexão. Feiticeiros, ou guerreiros, preocupam-se em discutir,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender e utilizar este elo de conexão. Estão especialmente empenhados em limpálo<<strong>br</strong> />

dos efeitos atordoantes causados pelas preocupações <strong>com</strong>uns de suas vi<strong>da</strong>s cotidianas.<<strong>br</strong> />

A feitiçaria a este nível pode ser defini<strong>da</strong> <strong>com</strong>o um procedimento de limpar o elo<<strong>br</strong> />

de conexão de um indivíduo ao intento. 8:14<<strong>br</strong> />

Intento – a força que mu<strong>da</strong> e reordena as coisas ou as mantém <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

são. 8:31 A única maneira de conhecê-lo é diretamente através de<<strong>br</strong> />

uma conexão viva que existe entre o intento e todos os seres sencientes.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros chamam de intento o indescritível, o espírito,<<strong>br</strong> />

o abstrato, o nagual. 8:31<<strong>br</strong> />

Este processo de limpeza é extremamente difícil de <strong>com</strong>preender, ou aprender<<strong>br</strong> />

a executar. Os feiticeiros, por isso, dividem sua instrução em duas categorias. Uma é a<<strong>br</strong> />

instrução para o estado de consciência <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana, no qual o processo de limpeza<<strong>br</strong> />

é apresentado de modo disfarçado. A outra é a instrução para os estados de consciência<<strong>br</strong> />

intensificados, tais <strong>com</strong>o o que [nós experimentamos] no momento, nos quais<<strong>br</strong> />

os feiticeiros obtêm o conhecimento diretamente do intento, sem a intervenção<<strong>br</strong> />

perturbadora <strong>da</strong> linguagem fala<strong>da</strong>. 8:14<<strong>br</strong> />

4.1 A ORDEM SUBJACENTE DO ABSTRATO<<strong>br</strong> />

Quero que <strong>com</strong>preen<strong>da</strong> a ordem subjacente do que lhe ensino. Minha<<strong>br</strong> />

objeção é quanto ao que você pensa ser a ordem subjacente.<<strong>br</strong> />

Para você, esta significa procedimentos secretos ou uma consistência<<strong>br</strong> />

oculta. Para mim, significa duas coisas: tanto o edifício que<<strong>br</strong> />

o intento constrói num piscar de olhos e coloca diante nós para<<strong>br</strong> />

penetrá-los, e os sinais que nos dá de modo a que não nos percamos<<strong>br</strong> />

quando estamos dentro. 8:46<<strong>br</strong> />

Obviamente, o que os feiticeiros reconhecem <strong>com</strong>o um cerne abstrato<<strong>br</strong> />

é algo que lhe escapa nesse momento. Essa parte que lhe escapa<<strong>br</strong> />

os feiticeiros conhecem <strong>com</strong>o o edifício do intento, ou a voz<<strong>br</strong> />

silenciosa do espírito, ou o arranjo ulterior do abstrato. 8:48


Segundo a regra, os cernes abstratos e as histórias de feitiçaria devem<<strong>br</strong> />

ser contatos neste ponto. E algum dia o arranjo ulterior do abstrato<<strong>br</strong> />

que é conhecimento sem palavras ou o edifício do intento inerente<<strong>br</strong> />

às histórias, será revelado a você pelas próprias histórias.<<strong>br</strong> />

O arranjo ulterior do abstrato não é apenas a ordem na qual os cernes<<strong>br</strong> />

abstratos [são] apresentados a você, ou o que estes têm em <strong>com</strong>um,<<strong>br</strong> />

ou mesmo a teia que os reúne. Em lugar disso, é conhecer o abstrato<<strong>br</strong> />

diretamente, sem intervenção <strong>da</strong> linguagem. 8:48<<strong>br</strong> />

O ponto crucial de nossa dificul<strong>da</strong>de em voltar ao abstrato é nossa recusa em<<strong>br</strong> />

aceitar que podemos saber sem palavras ou mesmo sem pensamentos. 8:54<<strong>br</strong> />

Aceitar essa proposição não é fácil <strong>com</strong>o dizer que você a aceita. A<<strong>br</strong> />

totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de se afastou do abstrato, embora em alguma<<strong>br</strong> />

época [estivéssemos] estado perto dele. Este deve ter sido<<strong>br</strong> />

nossa fonte sustentadora. Então alguma coisa aconteceu e puxou-nos<<strong>br</strong> />

para longe do abstrato. Agora não conseguimos voltar a<<strong>br</strong> />

ele. São necessários anos para que um aprendiz seja capaz de<<strong>br</strong> />

voltar ao abstrato, isto é, saber que o conhecimento e a linguagem<<strong>br</strong> />

podem existir independentemente um do outro. Conhecimento<<strong>br</strong> />

e linguagem são separados. 8:54<<strong>br</strong> />

Não há maneira de falar so<strong>br</strong>e o espírito porque o espírito pode apenas<<strong>br</strong> />

ser experimentado. Os feiticeiros tentam explicar essa condição<<strong>br</strong> />

quando afirmam que o espírito não é na<strong>da</strong> que você possa<<strong>br</strong> />

ver ou sentir. Mas está pairando so<strong>br</strong>e nós o tempo todo. Às vezes<<strong>br</strong> />

vem para algum de nós. Durante a maior parte do tempo parece<<strong>br</strong> />

indiferente. 8:54-55<<strong>br</strong> />

O seu problema é que você considera apenas a sua própria idéia do<<strong>br</strong> />

que é abstrato. Por exemplo, a essência interior do homem, ou o<<strong>br</strong> />

princípio fun<strong>da</strong>mental, são abstratos para você. Ou talvez um pouco<<strong>br</strong> />

menos vago, tal <strong>com</strong>o caráter, volição, coragem, digni<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

honra. O espírito, naturalmente, pode ser descrito em termos de<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as essas coisas. E é isso que é tão confuso, é que é to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

essas coisas e nenhuma delas. 8:55<<strong>br</strong> />

O que se considera abstrações são ou os opostos de to<strong>da</strong>s as pratici<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e as quais se pode pensar ou coisas que se decide não ter existência concreta. 8:55<<strong>br</strong> />

Para um feiticeiro um abstrato é algo sem paralelo na condição humana.<<strong>br</strong> />

Para um feiticeiro, o espírito é um abstrato simplesmente<<strong>br</strong> />

porque ele o conhece sem palavras ou mesmo pensamentos. É<<strong>br</strong> />

um abstrato porque não pode conceber o que seja o espírito. E,<<strong>br</strong> />

no entanto, sem a menor chance ou desejo de <strong>com</strong>preendê-lo,<<strong>br</strong> />

um feiticeiro manipula o espírito. Reconhece-o, acena-lhe, convi<strong>da</strong>-o,<<strong>br</strong> />

familiariza-se <strong>com</strong> ele, e expressa-o através de seus atos.<<strong>br</strong> />

79


A raiz de sua concepção errônea é que usei o termo “abstrato”<<strong>br</strong> />

para descrever o espírito. Para você, abstratos são palavras que<<strong>br</strong> />

descrevem status <strong>da</strong> intuição. Um exemplo é a palavra “espírito”,<<strong>br</strong> />

que não descreve a razão ou a experiência pragmática, e a qual,<<strong>br</strong> />

naturalmente, não tem utili<strong>da</strong>de para você senão a de estimular<<strong>br</strong> />

sua imaginação. 8:55<<strong>br</strong> />

4.1.1 UMA VISÃO SISTEMÁTICA DO PASSADO<<strong>br</strong> />

Apenas os feiticeiros podem transformar seus sentimentos em intento.<<strong>br</strong> />

O intento é o espírito, logo é o espírito que move seus pontos<<strong>br</strong> />

de aglutinação.<<strong>br</strong> />

A parte enganosa de tudo isso é que apenas os feiticeiros sabem<<strong>br</strong> />

a respeito do espírito; o intento é de domínio exclusivo deles.<<strong>br</strong> />

Isto não é ver<strong>da</strong>deiro de modo algum, mas, na prática, é assim<<strong>br</strong> />

que se apresenta. A contradição real é que os feiticeiros são mais<<strong>br</strong> />

conscientes de sua conexão <strong>com</strong> o espírito do que o homem <strong>com</strong>um,<<strong>br</strong> />

e lutam para manipulá-la. Isso é tudo. Já expliquei que o<<strong>br</strong> />

elo de conexão <strong>com</strong> o intento é o particular universal partilhado<<strong>br</strong> />

por tudo o que existe. 8:214-215<<strong>br</strong> />

Estou tentando introduzir as histórias de feitiçaria <strong>com</strong>o tema. Nunca<<strong>br</strong> />

falei a você de modo específico so<strong>br</strong>e esse tópico porque tradicionalmente<<strong>br</strong> />

é deixado oculto. É o último artifício do espírito. 8:28<<strong>br</strong> />

É necessário <strong>com</strong>eçar a tirar conclusões basea<strong>da</strong>s numa visão sistemática do<<strong>br</strong> />

passado, conclusões tanto so<strong>br</strong>e o mundo dos afazeres diários quanto so<strong>br</strong>e o mundo<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros. 8:24<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros são vitalmente preocupados <strong>com</strong> o seu passado, mas<<strong>br</strong> />

não me refiro a seu passado pessoal. Para os feiticeiros, seu passado<<strong>br</strong> />

é o que os outros feiticeiros fizeram em dias passados. E o<<strong>br</strong> />

que vamos fazer agora é examinar esse passado.<<strong>br</strong> />

O homem <strong>com</strong>um também examina seu passado. Mas é principalmente<<strong>br</strong> />

seu passado pessoal que examina, e o faz por motivos<<strong>br</strong> />

pessoais. Os feiticeiros fazem praticamente o oposto; consultam<<strong>br</strong> />

seu passado de modo a obter um ponto de referência. 8:24<<strong>br</strong> />

O homem <strong>com</strong>um mede-se contra o passado, seja seu passado pessoal<<strong>br</strong> />

ou o conhecimento passado de seu tempo, de modo a encontrar<<strong>br</strong> />

justificações para o seu <strong>com</strong>portamento presente e futuro,<<strong>br</strong> />

ou para estabelecer um modelo para si mesmo. Apenas os<<strong>br</strong> />

feiticeiros buscam de modo genuíno um ponto de referência no<<strong>br</strong> />

seu passado. 8:24<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, estabelecer um ponto de referência significa obter<<strong>br</strong> />

uma oportuni<strong>da</strong>de de examinar o intento. O que é exatamente o<<strong>br</strong> />

objetivo desse tópico final de instrução. E na<strong>da</strong> pode <strong>da</strong>r aos feiticei-<<strong>br</strong> />

80


os uma visão melhor do intento do que examinar histórias de outros<<strong>br</strong> />

feiticeiros, esforçando-se para <strong>com</strong>preender a mesma força. 8:24<<strong>br</strong> />

4.2 OS CERNES ABSTRATOS<<strong>br</strong> />

Usando a consciência intensifica<strong>da</strong> durante milhares de anos de doloroso esforço,<<strong>br</strong> />

os feiticeiros obtiveram percepções específicas do intento, e passaram esse precioso<<strong>br</strong> />

conhecimento direto de geração em geração, até o presente. A tarefa <strong>da</strong> feitiçaria<<strong>br</strong> />

é tomar esse conhecimento aparentemente in<strong>com</strong>preensível e torná-lo <strong>com</strong>preensível<<strong>br</strong> />

pelos padrões <strong>da</strong> consciência <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. 8:14<<strong>br</strong> />

Em feitiçaria há 21 cernes abstratos – arranjados num nível crescente<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>de – e então, basea<strong>da</strong>s nesses cernes abstratos, há<<strong>br</strong> />

grande quanti<strong>da</strong>de de histórias de feitiçaria so<strong>br</strong>e os [mestresfeiticeiros]<<strong>br</strong> />

de nossa linhagem, lutando para <strong>com</strong>preender o espírito.<<strong>br</strong> />

É tempo de contar-lhe so<strong>br</strong>e os cernes abstratos e as histórias<<strong>br</strong> />

de feitiçaria. 8:24<<strong>br</strong> />

Li<strong>da</strong>-se aqui <strong>com</strong> o primeiro [e segundo dos seis conjuntos de cernes abstratos],<<strong>br</strong> />

que são <strong>com</strong>postos dos seguintes: [as manifestações do espírito, o assalto do<<strong>br</strong> />

espírito, as artimanhas do espírito, a desci<strong>da</strong> do espírito, os requisitos do intento, a<<strong>br</strong> />

decisão do espírito, a manipulação do intento e os desígnios do abstrato.] 8:19<<strong>br</strong> />

Por meios além <strong>da</strong> <strong>com</strong>preensão, ca<strong>da</strong> detalhe de ca<strong>da</strong> cerne abstrato recorre<<strong>br</strong> />

para ca<strong>da</strong> aprendiz de [mestre-feiticeiro]. O processo pelo qual ca<strong>da</strong> aprendiz de [mestre-feiticeiro]<<strong>br</strong> />

encontra os cernes abstratos cria uma série de histórias teci<strong>da</strong>s ao redor<<strong>br</strong> />

desses cernes abstratos, incorporando os detalhes particulares <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> aprendiz e <strong>da</strong>s circunstâncias. Quando o aprendiz <strong>com</strong>preende os cernes abstratos<<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>o colocar a pedra que encima e sela uma pirâmide. 8:28<<strong>br</strong> />

4.2.1 AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

A primeira história de feitiçaria que vou lhe contar é chama<strong>da</strong> as manifestações<<strong>br</strong> />

do espírito, mas não deixe que o título o mistifique. As<<strong>br</strong> />

manifestações do espírito são apenas o primeiro cerne abstrato ao<<strong>br</strong> />

redor do qual a primeira história de feitiçaria está construí<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Esse primeiro cerne abstrato é uma história em si mesma. A história<<strong>br</strong> />

diz que tempos atrás houve um homem, um homem <strong>com</strong>um<<strong>br</strong> />

sem quaisquer atributos especiais. Era, <strong>com</strong>o todos os demais,<<strong>br</strong> />

um conduto para o espírito. E em virtude disso, <strong>com</strong>o todos os<<strong>br</strong> />

demais, era parte do espírito, parte do abstrato. Mas não sabia<<strong>br</strong> />

disso. O mundo mantinha-o tão ocupado que ele realmente não<<strong>br</strong> />

tinha o tempo nem a inclinação para examinar o assunto.<<strong>br</strong> />

81


O espírito tentou, sem sucesso, revelar sua conexão. Usando uma<<strong>br</strong> />

voz interior, o espírito revelou seus segredos, mas o homem era<<strong>br</strong> />

incapaz de <strong>com</strong>preender as revelações. Naturalmente, ouvia a voz<<strong>br</strong> />

interior, mas acreditava que fossem seus próprios sentimentos<<strong>br</strong> />

que estava sentindo e seus próprios pensamentos que estava<<strong>br</strong> />

pensando.<<strong>br</strong> />

O espírito, para sacudi-lo de sua modorra, deu-lhe três sinais, três<<strong>br</strong> />

manifestações sucessivas. O espírito cruzou fisicamente o caminho<<strong>br</strong> />

do homem <strong>da</strong> maneira mais óbvia. Mas o homem estava alheio<<strong>br</strong> />

a qualquer coisa a não ser a preocupação consigo mesmo. 8:27<<strong>br</strong> />

Acabei de contar-lhe o primeiro cerne abstrato. A única coisa que<<strong>br</strong> />

poderia acrescentar é que por causa <strong>da</strong> absoluta relutância do<<strong>br</strong> />

homem em <strong>com</strong>preender, o espírito foi forçado a usar de artimanhas.<<strong>br</strong> />

E as artimanhas tornaram-se a essência do caminho dos<<strong>br</strong> />

feiticeiros. Mas isso é outra história. 8:27<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros <strong>com</strong>preendem este cerne abstrato <strong>com</strong>o uma planta dos acontecimentos,<<strong>br</strong> />

ou um padrão recorrente que aparece to<strong>da</strong>s as vezes em que o intento<<strong>br</strong> />

estiver <strong>da</strong>ndo uma indicação de algo significativo. Cernes abstratos, assim, são plantas<<strong>br</strong> />

de cadeias <strong>com</strong>pletas de eventos. 8:27<<strong>br</strong> />

4.2.1.1 PRESSÁGIOS E AUGÚRIOS<<strong>br</strong> />

Todo ato executado por feiticeiros, em especial pelos [mestres-feiticeiros], é<<strong>br</strong> />

executado ou <strong>com</strong>o um modo de reforçar seu elo <strong>com</strong> o intento ou <strong>com</strong>o uma resposta<<strong>br</strong> />

desencadea<strong>da</strong> pelo próprio elo. Os feiticeiros, e especialmente os [mestres-feiticeiros],<<strong>br</strong> />

têm portanto de estar viva e permanentemente atento às manifestações do espírito.<<strong>br</strong> />

Tais manifestações são chama<strong>da</strong>s gestos do espírito ou, de modo mais simples,<<strong>br</strong> />

indicações ou presságios. 8:28<<strong>br</strong> />

O homem pode obter concordância de tudo que o cerca. 3:23<<strong>br</strong> />

O mundo se a<strong>da</strong>pta a nós. Isso não é uma cena arruma<strong>da</strong>. É um augúrio,<<strong>br</strong> />

um ato de poder. O mundo sustentado pela razão faz de tudo<<strong>br</strong> />

isso um acontecimento que podemos observar por um momento,<<strong>br</strong> />

a caminho de coisas mais importantes. O mundo sustentado<<strong>br</strong> />

pela vontade torna isso um ato de poder, que podemos ver. 4:104<<strong>br</strong> />

Quando um feiticeiro interpreta um presságio, sabe seu significado exato sem<<strong>br</strong> />

ter qualquer noção de <strong>com</strong>o sabe. Este é um dos efeitos desconcertantes do elo de<<strong>br</strong> />

conexão <strong>com</strong> o intento. Os feiticeiros têm um senso de saber coisas diretamente. A<<strong>br</strong> />

medi<strong>da</strong> de sua certeza depende <strong>da</strong> força e clareza de seu elo de conexão. 8:34<<strong>br</strong> />

82


A sensação que todos conhecem <strong>com</strong>o “intuição” é a ativação de nosso elo <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

intento. E desde que os feiticeiros perseguem <strong>com</strong> deliberação a <strong>com</strong>preensão e o fortalecimento<<strong>br</strong> />

desse elo, pode-se dizer que intuem tudo infalível e acura<strong>da</strong>mente. Interpretar<<strong>br</strong> />

presságios é lugar <strong>com</strong>um para feiticeiros – os enganos acontecem apenas quando sentimentos<<strong>br</strong> />

pessoais intervêm e turvam o elo de conexão dos feiticeiros <strong>com</strong> o intento. De<<strong>br</strong> />

outro modo o seu conhecimento direto é totalmente acurado e funcional. 8:34<<strong>br</strong> />

O espírito manifesta-se a um feiticeiro, em especial a um [mestrefeiticeiro],<<strong>br</strong> />

a todo momento. Entretanto, esta não é a ver<strong>da</strong>de <strong>com</strong>pleta.<<strong>br</strong> />

A ver<strong>da</strong>de <strong>com</strong>pleta é que o espírito se revela a todos <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

a mesma intensi<strong>da</strong>de e consistência, mas apenas os feiticeiros, e<<strong>br</strong> />

os [mestres-feiticeiros] em particular, estão sintonizados a tais<<strong>br</strong> />

revelações. 8:35<<strong>br</strong> />

O intento cria edifícios à nossa frente e convi<strong>da</strong>-nos a penetrá-los.<<strong>br</strong> />

Este é o modo pelo qual os feiticeiros <strong>com</strong>preendem o que está<<strong>br</strong> />

acontecendo ao se redor. 8:46<<strong>br</strong> />

4.2.2 O ASSALTO DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

O segundo cerne abstrato <strong>da</strong>s histórias de feitiçaria é chamado de o<<strong>br</strong> />

assalto do espírito. O primeiro cerne, as manifestações do espírito,<<strong>br</strong> />

é o edifício que o intento constrói e coloca diante de um feiticeiro,<<strong>br</strong> />

convi<strong>da</strong>ndo-o então a entrar. É o edifício do intento visto<<strong>br</strong> />

por um feiticeiro. O assalto do espírito é o mesmo edifício visto<<strong>br</strong> />

pelo iniciante que é convi<strong>da</strong>do, ou melhor, forçado a entrar. 8:57<<strong>br</strong> />

Este segundo cerne abstrato poderia ser uma história em si mesma.<<strong>br</strong> />

Segundo a história, depois que o espírito se manifestou àquele<<strong>br</strong> />

homem so<strong>br</strong>e o qual conversamos e não obteve resposta, o espírito<<strong>br</strong> />

armou uma armadilha para o homem. Era um subterfúgio final,<<strong>br</strong> />

não porque o homem fosse especial, mas porque a in<strong>com</strong>preensível<<strong>br</strong> />

cadeia de eventos do espírito tornou aquele homem<<strong>br</strong> />

disponível no exato momento em que o espírito bateu à porta.<<strong>br</strong> />

Não é preciso dizer que seja o que for que o espírito revelou àquele<<strong>br</strong> />

homem não fez sentido para ele. Com efeito, ia de encontro a<<strong>br</strong> />

tudo o que o homem sabia, tudo que era. O homem, naturalmente,<<strong>br</strong> />

recusou-se de imediato, e não em termos incertos, a ter qualquer<<strong>br</strong> />

coisa a ver <strong>com</strong> o espírito. Não ia deixar-se cair por tal remata<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

besteira. Sabia melhor o que fazer. O resultado foi um beco<<strong>br</strong> />

sem saí<strong>da</strong> total.<<strong>br</strong> />

Posso dizer que essa é uma história idiota, e que o que lhe dei é o<<strong>br</strong> />

pacificador para aqueles que se sentem desconfortáveis <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

silêncio do abstrato. 8:56<<strong>br</strong> />

83


Após uma vi<strong>da</strong> inteira de prática, os feiticeiros, em particular os [mestres-feiticeiros],<<strong>br</strong> />

sabem se o espírito os está convi<strong>da</strong>ndo a entrar no<<strong>br</strong> />

edifício que está sendo exibido à sua frente. Aprenderam a disciplinar<<strong>br</strong> />

seus elos de conexão ao intento. Assim, são sempre prevenidos,<<strong>br</strong> />

sempre sabem o que o espírito tem reservado para eles. 8:58<<strong>br</strong> />

4.2.2.1 ELO DE CONEXÃO COM O INTENTO<<strong>br</strong> />

O progresso ao longo do caminho dos feiticeiros é, em geral, um processo<<strong>br</strong> />

drástico cujo propósito é colocar em ordem esse elo de conexão. O elo de conexão do<<strong>br</strong> />

homem <strong>com</strong>um <strong>com</strong> o intento está praticamente morto, e os feiticeiros <strong>com</strong>eçam <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

um elo que é inútil, porque não responde voluntariamente. Para reavivar esse elo, os<<strong>br</strong> />

feiticeiros necessitam de um propósito rigoroso, feroz – um estado mental especial<<strong>br</strong> />

chamado intento inflexivo. A parte mais difícil do aprendizado <strong>da</strong> feitiçaria é aceitar<<strong>br</strong> />

que o [mestre-feiticeiro] é o único ser capaz de proporcionar intento inflexivo.<<strong>br</strong> />

A tarefa de feitiçaria, do ponto de vista do espírito, consiste em limpar nosso<<strong>br</strong> />

elo de conexão <strong>com</strong> ele. O edifício que o intento exibe diante de nós é, então, uma casa<<strong>br</strong> />

de limpeza, dentro <strong>da</strong> qual encontramos tanto os procedimentos para limpar nosso elo<<strong>br</strong> />

de conexão quanto o conhecimento silencioso que permite que o processo de limpeza<<strong>br</strong> />

tenha lugar. Sem estes conhecimentos silenciosos nenhum processo pode funcionar, e<<strong>br</strong> />

tudo o que teremos será uma indefini<strong>da</strong> sensação de necessitar de algo. 8:62<<strong>br</strong> />

Os eventos desencadeados pelos feiticeiros <strong>com</strong>o resultado do conhecimento<<strong>br</strong> />

silencioso são tão simples e no entanto tão abstratos que os feiticeiros decidiram há<<strong>br</strong> />

muito tempo falar so<strong>br</strong>e esses eventos apenas em termos simbólicos. As manifestações<<strong>br</strong> />

e o assalto do espírito são o exemplo. 8:63<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> um de nós é impedido do conhecimento silencioso por barreiras naturais,<<strong>br</strong> />

específicas a ca<strong>da</strong> indivíduo. 8::63<<strong>br</strong> />

Nós, <strong>com</strong>o seres <strong>com</strong>uns, não sabemos, nem jamais iremos saber, que há algo<<strong>br</strong> />

inteiramente real e funcional – nosso elo de ligação <strong>com</strong> o intento – que nos dá nossa<<strong>br</strong> />

preocupação hereditária <strong>com</strong> o destino. Durante nossas vi<strong>da</strong>s ativas nunca temos a chance<<strong>br</strong> />

de ir além do nível <strong>da</strong> mera preocupação, porque desde tempos imemoriais a rotina dos<<strong>br</strong> />

afazeres diários nos entorpeceu. É apenas quando nossas vi<strong>da</strong>s quase se encontram por<<strong>br</strong> />

terminar que nossa preocupação <strong>com</strong> o destino <strong>com</strong>eça a assumir um caráter diferente.<<strong>br</strong> />

Começa a fazer-nos ver através <strong>da</strong> neblina <strong>da</strong>s ocupações diárias. Infelizmente, esse despertar<<strong>br</strong> />

sempre vem de mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>com</strong> a per<strong>da</strong> de energia causa<strong>da</strong> pelo envelhecimento,<<strong>br</strong> />

quando não temos mais força para transformar nossa preocupação em descoberta pragmática<<strong>br</strong> />

e positiva. Nesse ponto, tudo que é deixado é uma angústia amorfa e penetrante,<<strong>br</strong> />

um desejo por algo indescritível, e simples raiva por ter errado o alvo. 8:64<<strong>br</strong> />

84


4.2.3 AS ARTIMANHAS DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

Vamos conversar agora so<strong>br</strong>e o terceiro cerne abstrato. É chamado<<strong>br</strong> />

as artimanhas do abstrato, ou espreitar a si mesmo, ou limpar o<<strong>br</strong> />

elo. E outra vez, <strong>com</strong>o <strong>com</strong> o primeiro e segundo cernes, esta<<strong>br</strong> />

poderia ser uma história em si mesma. 8:67<<strong>br</strong> />

A história conta que depois de bater à porta <strong>da</strong>quele homem so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

qual estivemos falando e não tendo obtido sucesso <strong>com</strong> ele, o<<strong>br</strong> />

espírito usou o único meio disponível: as artimanhas. Afinal, o<<strong>br</strong> />

espírito havia resolvido impasses prévios através de artimanhas.<<strong>br</strong> />

Era óbvio que, se pretendia causar um impacto nesse homem,<<strong>br</strong> />

teria de seduzi-lo. Portanto, o espírito <strong>com</strong>eçou a instruir o homem<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e os mistérios <strong>da</strong> feitiçaria. E o aprendizado de feitiçaria<<strong>br</strong> />

tornou-se o que é: um caminho de artifícios e subterfúgios.<<strong>br</strong> />

De acordo <strong>com</strong> a história, o espírito seduziu o homem fazendo-o<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>r para a frente ou para atrás entre níveis de consciência a<<strong>br</strong> />

fim de mostrar-lhe <strong>com</strong>o economizar energia necessária para reforçar<<strong>br</strong> />

seu elo de conexão. 8:68<<strong>br</strong> />

4.2.4 A DESCIDA DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

O quarto cerne abstrato é o ímpeto total <strong>da</strong> desci<strong>da</strong> do espírito, ou ser<<strong>br</strong> />

movido pelo intento. 8:100 É um ato de revelação. O espírito revela-se<<strong>br</strong> />

a nós. Os feiticeiros o descrevem <strong>com</strong>o o espírito postado em embosca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

e depois baixando so<strong>br</strong>e nós, sua presa. Os feiticeiros dizem<<strong>br</strong> />

que a desci<strong>da</strong> do espírito é sempre oculta. Acontece, e no entanto<<strong>br</strong> />

parece não ter acontecido de maneira nenhuma. 8:98<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros acreditam que, até o próprio momento <strong>da</strong> desci<strong>da</strong> do<<strong>br</strong> />

espírito, qualquer um de nós pode afastar-se do espírito; mas não<<strong>br</strong> />

depois. 8:98<<strong>br</strong> />

Há uma passagem que uma vez cruza<strong>da</strong> não permite regresso. Ordinariamente,<<strong>br</strong> />

desde o momento em que o espírito assalta, passamse<<strong>br</strong> />

anos antes que o aprendiz atinja essa passagem. Às vezes, entretanto,<<strong>br</strong> />

a passagem é atingi<strong>da</strong> quase que de imediato. 8:98<<strong>br</strong> />

Todo feiticeiro deve ter uma memória clara dessa passagem de modo que possa<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ar do seu novo potencial de percepção. Não é necessário ser aprendiz de feitiçaria<<strong>br</strong> />

para alcançar essa passagem, e a única diferença entre um homem <strong>com</strong>um e um feiticeiro,<<strong>br</strong> />

em tais casos, é o que ca<strong>da</strong> um enfatiza. Um feiticeiro enfatiza o cruzamento dessa passagem<<strong>br</strong> />

e usa a lem<strong>br</strong>ança do fato <strong>com</strong>o ponto de referência. Um homem <strong>com</strong>um não atravessa<<strong>br</strong> />

a passagem e faz o máximo para esquecer tudo a seu respeito. 8:99<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros dizem que o quarto cerne abstrato ocorre quando o<<strong>br</strong> />

espírito corta nossas cadeias de auto-reflexão. Cortar nossas ca-<<strong>br</strong> />

85


deias é maravilhoso, mas também muito indesejável, pois ninguém<<strong>br</strong> />

deseja ser livre. 8:99<<strong>br</strong> />

Uma vez que nossas correntes são corta<strong>da</strong>s, não estamos mais presos<<strong>br</strong> />

pelas preocupações do mundo cotidiano. Permanecemos num<<strong>br</strong> />

mundo cotidiano, mas não pertencemos mais a ele. Para isso ocorrer,<<strong>br</strong> />

devemos partilhar <strong>da</strong>s preocupações <strong>da</strong>s pessoas, e sem correntes<<strong>br</strong> />

não conseguimos. 8:100<<strong>br</strong> />

Segundo a história, para deixar os mistérios <strong>da</strong> feitiçaria se revelarem ao<<strong>br</strong> />

homem so<strong>br</strong>e o qual estivemos conversando, foi necessário para o<<strong>br</strong> />

espírito descer so<strong>br</strong>e aquele homem. O espírito escolheu o momento<<strong>br</strong> />

quando o homem estava distraído, desprotegido e, demonstrando<<strong>br</strong> />

nenhuma pie<strong>da</strong>de, o espírito deixou sua presença por si mesma<<strong>br</strong> />

mover o ponto de aglutinação do homem para uma posição específica.<<strong>br</strong> />

Esse ponto passou a ser conhecido para os feiticeiros <strong>da</strong>li por<<strong>br</strong> />

diante <strong>com</strong>o o lugar <strong>da</strong> não-pie<strong>da</strong>de. A implacabili<strong>da</strong>de tornou-se,<<strong>br</strong> />

desse modo, o primeiro princípio <strong>da</strong> feitiçaria.<<strong>br</strong> />

O primeiro princípio não deve ser confundido <strong>com</strong> o primeiro efeito<<strong>br</strong> />

do aprendizado de feitiçaria, o qual é a mu<strong>da</strong>nça entre a consciência<<strong>br</strong> />

normal e a intensifica<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

O que quero dizer é que, aparentemente, ter o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação movido é a primeira coisa que realmente acontece a<<strong>br</strong> />

um aprendiz de feitiçaria. Assim, é apenas natural que um aprendiz<<strong>br</strong> />

assuma que este seja o primeiro princípio <strong>da</strong> feitiçaria. Mas<<strong>br</strong> />

não é. A implacabili<strong>da</strong>de é o primeiro princípio <strong>da</strong> feitiçaria. 8:124<<strong>br</strong> />

Misterioso <strong>com</strong>o é o movimento para a consciência intensifica<strong>da</strong>, tudo o que<<strong>br</strong> />

alguém necessita para realizá-lo é a presença do espírito. A única coisa real de importância<<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>preender que o mero contato <strong>com</strong> o espírito pode provocar qualquer movimento<<strong>br</strong> />

do ponto de aglutinação. 8:124<<strong>br</strong> />

Expliquei-lhe que o [mestre-feiticeiro] é o conduto do espírito. Uma<<strong>br</strong> />

vez que ele gasta uma vi<strong>da</strong> inteira redefinindo de modo impecável<<strong>br</strong> />

seu elo de conexão <strong>com</strong> o intento, e uma vez que tem mais<<strong>br</strong> />

energia que o homem <strong>com</strong>um, pode permitir que o espírito se<<strong>br</strong> />

expresse através de si. Assim, a primeira coisa que o aprendiz de<<strong>br</strong> />

feiticeiro experimenta é uma mu<strong>da</strong>nça em seu nível de consciência,<<strong>br</strong> />

uma mu<strong>da</strong>nça provoca<strong>da</strong> simplesmente pela presença do<<strong>br</strong> />

[mestre-feiticeiro]. E o que quero que você saiba é que realmente<<strong>br</strong> />

não há procedimento envolvido em fazer o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

mover-se. O espírito toca o aprendiz, e seu ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

se move. É simples <strong>com</strong>o isso. 8:125<<strong>br</strong> />

O que precisamos fazer para permitir que a magia tome conta de nós<<strong>br</strong> />

é banir a dúvi<strong>da</strong> de nossas mentes. Uma vez que as dúvi<strong>da</strong>s são<<strong>br</strong> />

bani<strong>da</strong>s, tudo é possível. 8:125<<strong>br</strong> />

86


Você tem possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s quais ain<strong>da</strong> não está consciente. Uma<<strong>br</strong> />

vez que você é realmente descui<strong>da</strong>do, pode pensar que tudo o<<strong>br</strong> />

que percebe é apenas percepção sensória <strong>com</strong>um. 8:157<<strong>br</strong> />

Ensinei-lhe todos os tipos de coisa para prender sua atenção. Você<<strong>br</strong> />

irá jurar, entretanto, que esse ensinamento foi a parte importante.<<strong>br</strong> />

Há muito pouco valor na instrução. Os feiticeiros afirmam que<<strong>br</strong> />

mover o ponto de aglutinação é tudo o que importa. E esse movimento,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o você bem sabe, depende de acúmulo de energia e<<strong>br</strong> />

não de instrução. 8:159<<strong>br</strong> />

Qualquer ser humano que siga uma seqüência específica e simples de ações<<strong>br</strong> />

pode aprender a mover seu ponto de aglutinação. 8:159<<strong>br</strong> />

No mundo dos feiticeiros há apenas contradições de termos. Na prática<<strong>br</strong> />

não há contradições. A seqüência de ações so<strong>br</strong>e a que estou<<strong>br</strong> />

falando é uma que se origina de estar consciente. Para tornar-se<<strong>br</strong> />

consciente dessas seqüências você necessita de um [mestre-feiticeiro].<<strong>br</strong> />

É por isso que falei que o [mestre-feiticeiro] proporciona<<strong>br</strong> />

uma chance mínima, mas essa chance mínima não é instrução,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a que você necessita para aprender a operar uma máquina.<<strong>br</strong> />

A chance mínima consiste em se tornar consciente do espírito. 8:159<<strong>br</strong> />

A seqüência especifica [exige] estar consciente de que a auto-estima é a força<<strong>br</strong> />

que mantém o ponto de aglutinação fixo. Quando a auto-estima é po<strong>da</strong><strong>da</strong>, a energia<<strong>br</strong> />

que requer não é mais gasta. Essa energia aumenta<strong>da</strong> serve então <strong>com</strong>o trampolim<<strong>br</strong> />

que lança o ponto de aglutinação, automaticamente e sem premeditação, para uma<<strong>br</strong> />

viagem inconcebível. 8:159<<strong>br</strong> />

Uma vez que o ponto de aglutinação se moveu, o próprio movimento implica<<strong>br</strong> />

afastar-se <strong>da</strong> auto-reflexão, e isto, por sua vez, assegura um elo de conexão limpo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o espírito. Afinal, é a auto-reflexão que desconectou o homem do espírito em primeiro<<strong>br</strong> />

lugar. 8:160<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros não se encontram mais no mundo dos afazeres diários<<strong>br</strong> />

porque não são mais presas de sua auto-reflexão. 8:100<<strong>br</strong> />

Estive tentando deixar claro para você que o único curso válido de<<strong>br</strong> />

ação, seja para feiticeiros ou homens <strong>com</strong>uns, é para restringir<<strong>br</strong> />

nosso envolvimento <strong>com</strong> nossa auto-imagem. O que um [mestrefeiticeiro]<<strong>br</strong> />

objetiva <strong>com</strong> seus aprendizes é o estilhaçamento de seu<<strong>br</strong> />

espelho <strong>da</strong> auto-reflexão. 8:158<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> um de nós tem um grau diferente de ligação à sua auto-reflexão.<<strong>br</strong> />

E essa ligação é senti<strong>da</strong> <strong>com</strong>o necessi<strong>da</strong>de. Mas há exemplo<<strong>br</strong> />

de pessoas, feiticeiros ou homens <strong>com</strong>uns, que não necessitam<<strong>br</strong> />

de ninguém. Obtêm paz, harmonia, alegria e conhecimento diretamente<<strong>br</strong> />

do espírito. Não necessitam de intermediários. 8:159<<strong>br</strong> />

87


4.2.5 OS REQUISITOS DO INTENTO<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros têm uma tendência peculiar. Vivem exclusivamente ao<<strong>br</strong> />

crepúsculo de um sentimento melhor descrito pelas palavras “e<<strong>br</strong> />

no entanto...”. Quando tudo está desmoronando ao redor deles,<<strong>br</strong> />

os feiticeiros aceitam que a situação é terrível, e então de imediato<<strong>br</strong> />

escapam para o crepúsculo do “e no entanto...”. 8:188<<strong>br</strong> />

A feitiçaria é uma viagem de retorno. Voltamos vitoriosos ao espírito,<<strong>br</strong> />

tendo descido ao inferno. E do inferno trazemos troféus. O entendimento<<strong>br</strong> />

é um de nossos troféus. 8:160<<strong>br</strong> />

Nossa dificul<strong>da</strong>de <strong>com</strong> essa progressão simples é que a maior parte de<<strong>br</strong> />

nós é relutante em aceitar que necessitamos de tão pouco para ir em<<strong>br</strong> />

frente. Estamos preparados para esperar instrução, ensino, guias,<<strong>br</strong> />

mestres. E quando nos dizem que não precisamos de ninguém, não<<strong>br</strong> />

acreditamos. Ficamos nervosos, depois desconfiados e por fim zangados<<strong>br</strong> />

e desapontados. Se necessitamos de aju<strong>da</strong>, não é em métodos,<<strong>br</strong> />

mas em ênfase. Se alguém nos torna conscientes de que devemos<<strong>br</strong> />

restringir nossa auto-estima, essa aju<strong>da</strong> é real. 8:160<<strong>br</strong> />

Segundo os feiticeiros, não devemos depender de ninguém para convencer-nos<<strong>br</strong> />

de que o mundo é infinitamente mais <strong>com</strong>plexo que<<strong>br</strong> />

as nossas fantasias mais selvagens. Assim, por que somos dependentes?<<strong>br</strong> />

Por que precisamos de alguém para guiar-nos quando<<strong>br</strong> />

podemos fazê-lo nós próprios? Interessante pergunta, hem? 8:161<<strong>br</strong> />

Não há procedimentos em feitiçaria. Não há métodos, nem passos. A<<strong>br</strong> />

única coisa que importa é o movimento do ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

E nenhum procedimento pode causar isso. É um efeito que acontece<<strong>br</strong> />

inteiramente por si mesmo. 8:161<<strong>br</strong> />

Acabo de explicar que o movimento do ponto de aglutinação acontece<<strong>br</strong> />

por si mesmo. Mas falei também que a presença do [mestrefeiticeiro]<<strong>br</strong> />

move o ponto de aglutinação de seu aprendiz e que a<<strong>br</strong> />

maneira pela qual o [mestre-feiticeiro] mascara sua<<strong>br</strong> />

implacabili<strong>da</strong>de ou aju<strong>da</strong> ou atrapalha esse movimento. 8:162<<strong>br</strong> />

O que parece uma contradição é na reali<strong>da</strong>de os dois lados <strong>da</strong> mesma moe<strong>da</strong>. O<<strong>br</strong> />

[mestre-feiticeiro] atrai o ponto de aglutinação ao movimento aju<strong>da</strong>ndo a destruir o espelho<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> auto-reflexão. Mas isso é tudo o que o [mestre-feiticeiro] pode fazer. Quem move<<strong>br</strong> />

de fato é o espírito, o abstrato; algo que não pode ser visto ou sentido; algo que não<<strong>br</strong> />

parece existir, e no entanto existe. Por essa razão, os feiticeiros afirmam que o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação move-se inteiramente por conta própria. Ou dizem que o [mestre-feiticeiro] o<<strong>br</strong> />

move. O [mestre-feiticeiro], sendo o conduto do abstrato, tem permissão de expressá-lo<<strong>br</strong> />

através de suas ações. 8:162<<strong>br</strong> />

O [mestre-feiticeiro] move o ponto de aglutinação, e no entanto não<<strong>br</strong> />

é ele próprio quem provoca realmente o movimento. Ou talvez<<strong>br</strong> />

88


seja mais apropriado dizer que o espírito se expressa de acordo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a impecabili<strong>da</strong>de do [mestre-feiticeiro]. O espírito pode mover<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação <strong>com</strong> a simples presença de um [mestre-feiticeiro]<<strong>br</strong> />

impecável. 8:162<<strong>br</strong> />

Porque o espírito não tem essência perceptiva, os feiticeiros li<strong>da</strong>m de preferência<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as instâncias e modos específicos pelos quais são capazes de estilhaçar o<<strong>br</strong> />

espelho <strong>da</strong> auto-reflexão. 8:162<<strong>br</strong> />

O mundo de nossa auto-reflexão ou de nossa mente é muito inconsistente e é<<strong>br</strong> />

mantido coeso por algumas poucas idéias-chave que servem <strong>com</strong>o sua ordem subjacente.<<strong>br</strong> />

Quando essas idéias falham, a ordem subjacente para de funcionar.<<strong>br</strong> />

A continui<strong>da</strong>de é uma idéia-chave. A idéia de somos um bloco sólido. 8:164<<strong>br</strong> />

Em nossas mentes, o que sustenta o nosso mundo é a certeza de<<strong>br</strong> />

que somos imutáveis. Podemos aceitar que nosso <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

pode ser modificado, que nossas reações e opiniões podem<<strong>br</strong> />

ser modifica<strong>da</strong>s, mas a idéia de que somos maleáveis a ponto de<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>r de aparência, a ponto de ser alguma outra pessoa, não é<<strong>br</strong> />

parte <strong>da</strong> ordem subjacente de nossa auto-reflexão. Sempre que<<strong>br</strong> />

um feiticeiro interrompe essa ordem, o mundo <strong>da</strong> razão pára. 8:164<<strong>br</strong> />

A continui<strong>da</strong>de é tão importante em nossas vi<strong>da</strong>s que quando se que<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

é sempre instantaneamente repara<strong>da</strong>. No caso dos feiticeiros,<<strong>br</strong> />

entretanto, uma vez que seu ponto de aglutinação atinge o lugar<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> não-pie<strong>da</strong>de, a continui<strong>da</strong>de nunca é a mesma. 8:168<<strong>br</strong> />

A sua incerteza é para ser espera<strong>da</strong>. Afinal, você está li<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

um novo tipo de continui<strong>da</strong>de. Leva tempo para ficar acostumado<<strong>br</strong> />

a ele. Os guerreiros passam anos no limbo, onde não são homens<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uns nem feiticeiros. 8:170<<strong>br</strong> />

Eles não têm escolha. Todos tornam-se conscientes do que já são:<<strong>br</strong> />

feiticeiros. A dificul<strong>da</strong>de é que o espelho <strong>da</strong> auto-reflexão é plenamente<<strong>br</strong> />

poderoso e só deixa suas vítimas irem depois de uma<<strong>br</strong> />

luta feroz. 8:170<<strong>br</strong> />

4.2.5.1 A IMPLACABILIDADE<<strong>br</strong> />

O homem antigo sabia, <strong>da</strong> maneira mais direta, o que fazer e <strong>com</strong>o fazê-lo<<strong>br</strong> />

melhor. Mas, porque procedia tão bem, <strong>com</strong>eçou a desenvolver o senso do eu, que lhe<<strong>br</strong> />

deu a sensação de que podia predizer e planejar as ações que estava acostumado a<<strong>br</strong> />

realizar. E assim a idéia de um eu individual apareceu. Um eu individual que <strong>com</strong>eçou a<<strong>br</strong> />

ditar a natureza e o escopo <strong>da</strong>s ações do homem. 8:150-151<<strong>br</strong> />

89


À medi<strong>da</strong> que a sensação de eu individual se tornava mais forte, o homem perdeu<<strong>br</strong> />

sua conexão natural ao conhecimento silencioso. O homem moderno, sendo herdeiro desse<<strong>br</strong> />

desenvolvimento, encontra-se portanto tão desesperança<strong>da</strong>mente removido <strong>da</strong> fonte<<strong>br</strong> />

de tudo que só lhe resta expressar seu desespero em atos violentos e cínicos de autodestruição.<<strong>br</strong> />

A razão do cinismo e desespero do homem é a quanti<strong>da</strong>de de conhecimento silencioso<<strong>br</strong> />

deixado nele, o qual faz duas coisas: primeiro, dá ao homem um vislum<strong>br</strong>e de sua<<strong>br</strong> />

antiga conexão à fonte de tudo; e segundo, faz o homem sentir que sem essa conexão não<<strong>br</strong> />

tem esperança de paz, de satisfação, de realização. 8:151<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros [desco<strong>br</strong>iram] que qualquer movimento do ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

significa um movimento afastando-se <strong>da</strong> excessiva preocupação <strong>com</strong> aquele eu individual<<strong>br</strong> />

que é a marca do homem moderno. Eles acreditam que é a posição do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação que faz do homem moderno um homici<strong>da</strong> egoísta, um ser totalmente envolvido<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> sua auto-imagem. Tendo perdido a esperança de jamais retornar à fonte<<strong>br</strong> />

de tudo, o homem busca consolo na sensação de si mesmo. E, ao fazê-lo, termina por<<strong>br</strong> />

fixar seu ponto de aglutinação na posição exata necessária para perpetuar sua autoimagem.<<strong>br</strong> />

Portanto, é seguro dizer que qualquer movimento do ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

para fora de sua posição costumeira resulta num movimento afastando-se <strong>da</strong> autoreflexão<<strong>br</strong> />

do homem e de sua con<strong>com</strong>itante auto-estima. 8:151<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros estão absolutamente convencidos de que, ao mover nossos pontos<<strong>br</strong> />

de aglutinação para fora de sua posição costumeira, adquirimos um estado de ser<<strong>br</strong> />

que poderia apenas ser chamado implacabili<strong>da</strong>de. Os feiticeiros sabem, por meio de<<strong>br</strong> />

suas ações práticas, que assim que seus pontos de aglutinação se movem, sua autoestima<<strong>br</strong> />

desmorona. Sem a posição costumeira de seus pontos de aglutinação, sua autoimagem<<strong>br</strong> />

não pode mais ser sustenta<strong>da</strong>. E sem o pesado foco so<strong>br</strong>e essa auto-imagem,<<strong>br</strong> />

perdem sua auto<strong>com</strong>paixão e, <strong>com</strong> ela, sua auto-estima. Os feiticeiros estão certos,<<strong>br</strong> />

portanto, em afirmar que essa auto-estima é apenas autopie<strong>da</strong>de disfarça<strong>da</strong>. 8:152<<strong>br</strong> />

A posição <strong>da</strong> auto-reflexão força o ponto de aglutinação a agrupar<<strong>br</strong> />

um mundo de falsa <strong>com</strong>paixão, mas de cruel<strong>da</strong>de muito real e<<strong>br</strong> />

autocentrismo. Naquele mundo, os únicos sentimentos reais são<<strong>br</strong> />

aqueles que convêm para quem os sente.<<strong>br</strong> />

Para um feiticeiro, a implacabili<strong>da</strong>de não é cruel<strong>da</strong>de, e sim o oposto<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> autopie<strong>da</strong>de ou auto-estima. Implacabili<strong>da</strong>de é so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de. 8:155<<strong>br</strong> />

A implacabili<strong>da</strong>de de um [mestre-feiticeiro] tem muitos aspectos. É<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma ferramenta que se a<strong>da</strong>pta a muitos usos. Implacabili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

é um estado de ser. É um nível de intento que o [mestrefeiticeiro]<<strong>br</strong> />

atinge. 8:165<<strong>br</strong> />

O [mestre-feiticeiro] usa-o para atrair o movimento de seu próprio ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação ou o de seus aprendizes. Ou o usa para espreitar. 8:166<<strong>br</strong> />

90


4.2.6 A DECISÃO DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

A decisão do espírito é outro cerne básico. As histórias de feitiçaria<<strong>br</strong> />

são construí<strong>da</strong>s ao redor deste cerne. 8:189<<strong>br</strong> />

O conhecimento silencioso é uma posição geral do ponto de aglutinação, que<<strong>br</strong> />

eras atrás havia sido a posição normal do homem, mas por razões que seriam impossíveis<<strong>br</strong> />

de determinar, o ponto de aglutinação do homem moveu-se <strong>da</strong>quela localização<<strong>br</strong> />

específica e adotou uma nova, chama<strong>da</strong> razão. 8::193<<strong>br</strong> />

Nem todo ser humano é o representante dessa nova posição. Os pontos de<<strong>br</strong> />

aglutinação <strong>da</strong> maioria de nós não estão localizados exatamente no local <strong>da</strong> própria<<strong>br</strong> />

razão mas em sua vizinhança imediata. O mesmo ocorre no caso do conhecimento<<strong>br</strong> />

silencioso: nem todos os pontos de aglutinação dos seres humanos estão exatamente<<strong>br</strong> />

naquela localização também. 8::193<<strong>br</strong> />

O lugar <strong>da</strong> não-pie<strong>da</strong>de, sendo outra posição do ponto de aglutinação, é o<<strong>br</strong> />

predecessor do conhecimento silencioso. Outra posição ain<strong>da</strong> do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

chama<strong>da</strong> o lugar <strong>da</strong> concernência, é o predecessor <strong>da</strong> razão. 8::193<<strong>br</strong> />

A idéia do abstrato, do espírito, é o único fator importante. Abstrair<<strong>br</strong> />

significa fazer você mesmo disponível ao espírito, estando consciente<<strong>br</strong> />

dele. 8::211<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s coisas mais dramáticas a respeito <strong>da</strong> condição humana é a conexão<<strong>br</strong> />

maca<strong>br</strong>a entre a estupidez e a auto-reflexão. É a estupidez que nos força a descartar<<strong>br</strong> />

qualquer coisa que não se conforme <strong>com</strong> nossas expectativas auto-reflexivas. Por exemplo,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o homens <strong>com</strong>uns, somos cegos à mais crucial peça de conhecimento disponível ao ser<<strong>br</strong> />

humano: a existência do ponto de aglutinação e o fato de que este pode mover-se. 8:211<<strong>br</strong> />

Para um homem racional é impensável que haja um ponto invisível<<strong>br</strong> />

onde a percepção é aglutina<strong>da</strong>. É ain<strong>da</strong> mais impensável que tal<<strong>br</strong> />

ponto não esteja no cére<strong>br</strong>o, caso ele fosse meditar so<strong>br</strong>e sua<<strong>br</strong> />

existência. 8:211<<strong>br</strong> />

O homem racional agarra-se firmemente à sua auto-imagem devido a sua ignorância<<strong>br</strong> />

abismal. Ignora, por exemplo, o fato de que a feitiçaria não são encantações e<<strong>br</strong> />

truques, mas a liber<strong>da</strong>de de perceber, não apenas o mundo aceito <strong>com</strong>o é, mas tudo<<strong>br</strong> />

mais que seja humanamente possível. 8:211<<strong>br</strong> />

A estupidez do homem <strong>com</strong>um é mais perigosa. Ele tem medo de<<strong>br</strong> />

feitiçaria. Ele treme diante <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de liber<strong>da</strong>de. E a liber<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

está na ponta de seus dedos. É chama<strong>da</strong> de terceiro ponto<<strong>br</strong> />

[de referência] e pode ser alcança<strong>da</strong> tão facilmente quanto deslocar<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação. 8:211<<strong>br</strong> />

91


Não precisamos ser estu<strong>da</strong>ntes de feitiçaria para mover nosso ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

Algumas vezes devido a circunstâncias naturais, embora dramáticas, tais <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

a guerra, as privações, o stress, a fadiga, a tristeza, a impotência, os pontos de aglutinação<<strong>br</strong> />

dos homens empreendem profundos movimentos. 8:219<<strong>br</strong> />

Esta é outra contradição dos feiticeiros: apesar de muito difícil, é a<<strong>br</strong> />

coisa mais simples do mundo. Já lhe falei que uma fe<strong>br</strong>e alta pode<<strong>br</strong> />

mover o ponto de aglutinação. Fome, ou medo, ou amor, ou ódio<<strong>br</strong> />

podem fazê-lo; o misticismo também, e assim <strong>com</strong>o o intento<<strong>br</strong> />

inflexivo, que é o método preferido dos feiticeiros. 8:212<<strong>br</strong> />

Se os homens que se encontram em tais circunstâncias fossem capazes<<strong>br</strong> />

de adotar uma ideologia de feiticeiro, seriam capazes de<<strong>br</strong> />

maximizar aquele movimento natural sem problemas. E iriam procurar<<strong>br</strong> />

e encontrar coisas extraordinárias em vez de fazerem o que<<strong>br</strong> />

os homens fazem em tais circunstâncias: ansiarem pelo retorno à<<strong>br</strong> />

normali<strong>da</strong>de. 8:219<<strong>br</strong> />

Quando o movimento do ponto de aglutinação é maximizado, tanto<<strong>br</strong> />

o homem <strong>com</strong>um quanto o aprendiz de feiticeiro se tornam um<<strong>br</strong> />

feiticeiro, porque, ao maximizar aquele movimento, a continui<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

é desmantela<strong>da</strong> além <strong>da</strong> reparação. 8:219<<strong>br</strong> />

4.2.7 A MANIPULAÇÃO DO INTENTO<<strong>br</strong> />

O intento inflexivo é uma espécie de obstinação exibi<strong>da</strong> pelos seres humanos;<<strong>br</strong> />

um propósito extremamente bem definido não controvertido por quaisquer interesses<<strong>br</strong> />

ou desejos conflitantes. Intento inflexivo também é a força engendra<strong>da</strong> quando o ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação se mantém fixo numa posição que não é a usual. 8:212<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros vêem o intento inflexivo <strong>com</strong>o um catalizador para desencadear<<strong>br</strong> />

suas decisões imutáveis, ou <strong>com</strong>o o inverso: suas decisões imutáveis são o catalizador<<strong>br</strong> />

que propele seus pontos de aglutinação a novas posições, as quais geram o intento<<strong>br</strong> />

inflexivo. 8:212<<strong>br</strong> />

O mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana consiste de dois pontos de referência.<<strong>br</strong> />

Temos, por exemplo, aqui e ali, dentro e fora, em cima e embaixo,<<strong>br</strong> />

bem e mal, e assim por diante. Assim propriamente falando, a<<strong>br</strong> />

percepção de nossas vi<strong>da</strong>s é bidimensional. Na<strong>da</strong> do que percebemos<<strong>br</strong> />

a nós mesmos fazendo tem profundi<strong>da</strong>de. 8:212<<strong>br</strong> />

Um feiticeiro percebe suas ações <strong>com</strong> profundi<strong>da</strong>de. Suas ações são<<strong>br</strong> />

tridimensionais para ele. Eles têm um terceiro ponto de referência.<<strong>br</strong> />

Nossos pontos de referência são obtidos primariamente de nossa<<strong>br</strong> />

percepção dos sentidos. Nossos sentidos percebem e diferenci-<<strong>br</strong> />

92


am o que é imediato e o que não é. Usando essa distinção básica,<<strong>br</strong> />

nós concluímos o resto.<<strong>br</strong> />

Para atingir o terceiro ponto de referência é preciso perceber dois<<strong>br</strong> />

lugares ao mesmo tempo. 8:213<<strong>br</strong> />

A percepção normal tem um eixo. Aqui e ali são os perímetros desse eixo, e<<strong>br</strong> />

somos parciais à clareza do aqui. Em percepção normal, apenas aqui é percebido,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pleta, instantânea e diretamente. Ao seu referente gêmeo, ali, falta o senso de<<strong>br</strong> />

imediato. É inferido, deduzido, esperado, mesmo assumido, mas não é apreendido<<strong>br</strong> />

diretamente <strong>com</strong> todos os sentidos. Quando percebemos dois lugares ao mesmo tempo,<<strong>br</strong> />

a clareza total é perdi<strong>da</strong>, mas a percepção imediata do ali é ganha. 8:213-214<<strong>br</strong> />

Estar em dois lugares ao mesmo tempo é um marco usado pelos feiticeiros<<strong>br</strong> />

para anotar o momento em que o ponto de aglutinação alcança o lugar do conhecimento<<strong>br</strong> />

silencioso. Percepção dividi<strong>da</strong>, se realiza<strong>da</strong> por meios do próprio indivíduo, é chamado<<strong>br</strong> />

o movimento livre do ponto de aglutinação. Esse esforço total é criticamente<<strong>br</strong> />

chamado estendendo-se para o terceiro ponto. 8:215<<strong>br</strong> />

O terceiro ponto de referência é liber<strong>da</strong>de de percepção; é o intento;<<strong>br</strong> />

é o espírito; a cambalhota do pensamento para o miraculoso; o<<strong>br</strong> />

ato de nos estendermos além de nossas fronteiras e tocarmos o<<strong>br</strong> />

inconcebível. 8:216<<strong>br</strong> />

Desco<strong>br</strong>ir a possibili<strong>da</strong>de de estar em dois lugares ao mesmo tempo<<strong>br</strong> />

é muito excitante. Uma vez que nossas mentes são nossa<<strong>br</strong> />

racionali<strong>da</strong>de, e nossa racionali<strong>da</strong>de é nossa auto-reflexão, tudo<<strong>br</strong> />

além de nossa auto-reflexão ou nos apavora ou nos atrai, dependendo<<strong>br</strong> />

do tipo de pessoas que somos. 8:216<<strong>br</strong> />

Descrevi para você, de muitas maneiras, os diferentes estágios pelos<<strong>br</strong> />

quais passa o guerreiro ao longo <strong>da</strong> trilha do conhecimento. Em<<strong>br</strong> />

termos de sua conexão <strong>com</strong> o intento, um guerreiro passa por<<strong>br</strong> />

quatro estágios. O primeiro é quando tem um elo enferrujado,<<strong>br</strong> />

não confiável, <strong>com</strong> o intento. O segundo, quando consegue limpálo.<<strong>br</strong> />

O terceiro, quando aprende a manipulá-lo. E o quarto estágio<<strong>br</strong> />

é quando aprende a aceitar os desígnios do abstrato. 8:217<<strong>br</strong> />

4.2.8 OS DESÍGNIOS DO ABSTRATO<<strong>br</strong> />

A desvantagem no mundo dos feiticeiros é a falta de familiari<strong>da</strong>de <strong>com</strong> esse<<strong>br</strong> />

mundo. Nele é preciso relacionar-se a tudo de uma maneira nova, o que é muito mais<<strong>br</strong> />

infinitamente difícil, porque tem pouco a ver <strong>com</strong> a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. 8:218<<strong>br</strong> />

Nenhum de nós resolve coisa alguma. O espírito ou o resolve por<<strong>br</strong> />

nós ou não o faz. Se o faz, o feiticeiro encontra-se agindo no mundo<<strong>br</strong> />

93


dos feiticeiros, mas sem saber <strong>com</strong>o. Esta é a razão pela qual tenho<<strong>br</strong> />

insistido que a impecabili<strong>da</strong>de é tudo o que conta. Um feiticeiro<<strong>br</strong> />

vive uma vi<strong>da</strong> impecável, e isto parece atrair a solução. Por<<strong>br</strong> />

que? Ninguém sabe.<<strong>br</strong> />

Impecabili<strong>da</strong>de não é morali<strong>da</strong>de. Apenas se parece à morali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

A impecabili<strong>da</strong>de é simplesmente o melhor uso de nosso nível<<strong>br</strong> />

de energia. Claro que existe frugali<strong>da</strong>de, simplici<strong>da</strong>de, inocência;<<strong>br</strong> />

e, acima de tudo, exige falta de auto-reflexão. Tudo isso a<<strong>br</strong> />

faz soar <strong>com</strong>o um manual de vi<strong>da</strong> monástica, mas não é. 8:213<<strong>br</strong> />

Segundo os feiticeiros, para <strong>com</strong>an<strong>da</strong>r o espírito, ou seja, <strong>com</strong>an<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

o movimento do ponto de aglutinação, o indivíduo necessita<<strong>br</strong> />

de energia. A única coisa que armazena energia para nós é nossa<<strong>br</strong> />

impecabili<strong>da</strong>de. 8:219<<strong>br</strong> />

[A maximização do movimento do ponto de aglutinação pode ser<<strong>br</strong> />

consegui<strong>da</strong> <strong>com</strong> a inibição <strong>da</strong> auto-reflexão]. Mover o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação ou que<strong>br</strong>ar a continui<strong>da</strong>de de um indivíduo não é a<<strong>br</strong> />

dificul<strong>da</strong>de real. O difícil é concentrar energia. Se o indivíduo tem<<strong>br</strong> />

energia, uma vez que o ponto de aglutinação se move, coisas inconcebíveis<<strong>br</strong> />

estão ali, bastando pedi-las. 8:219<<strong>br</strong> />

A situação do homem é que ele intui seus recursos ocultos, mas não ousa usálos.<<strong>br</strong> />

É por isso que os feiticeiros dizem que a luta do homem é o contraponto entre sua<<strong>br</strong> />

estupidez e sua ignorância. O homem necessita agora, mais do que nunca, que lhe<<strong>br</strong> />

ensinem novas idéias que tenham a ver exclusivamente <strong>com</strong> seu mundo interior –<<strong>br</strong> />

idéias de feiticeiros, idéias pertinentes ao homem encarando o desconhecido, encarando<<strong>br</strong> />

sua morte pessoal. Agora, mais do que qualquer outra coisa, ele necessita aprender<<strong>br</strong> />

os segredos do ponto de aglutinação. 8:219<<strong>br</strong> />

A posição do conhecimento silencioso é considerado o terceiro ponto porque<<strong>br</strong> />

para chegar a ele é preciso passar pelo segundo, o lugar <strong>da</strong> não-pie<strong>da</strong>de. 8:227 O ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação adquire suficiente fluidez para que se duplique, o que lhe permite estar<<strong>br</strong> />

tanto no lugar do conhecimento silencioso quanto no <strong>da</strong> razão, seja alterna<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

ou ao mesmo tempo. 8:228<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> ser humano tem uma capaci<strong>da</strong>de para essa fluidez. Para a maioria de<<strong>br</strong> />

nós, entretanto, está guar<strong>da</strong><strong>da</strong> e nunca a usamos, exceto nas raras ocasiões provoca<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pelos feiticeiros. 8:228<<strong>br</strong> />

A humani<strong>da</strong>de se encontra no primeiro ponto, a razão, mas nem todo ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação dos seres humanos fica exatamente na posição <strong>da</strong> razão. Aqueles que<<strong>br</strong> />

estão exatamente em seu próprio ponto são os ver<strong>da</strong>deiros líderes <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Na<<strong>br</strong> />

maior parte do tempo, pessoas desconheci<strong>da</strong>s cujo gênio é exercitar sua razão. 8:228<<strong>br</strong> />

94


Houve uma época em que a humani<strong>da</strong>de esteve no terceiro ponto, o qual,<<strong>br</strong> />

naturalmente, fora o primeiro ponto na época. Mas, depois disso, a humani<strong>da</strong>de moveu-se<<strong>br</strong> />

para o lugar <strong>da</strong> razão. 8:228<<strong>br</strong> />

Quando o conhecimento silencioso era o primeiro ponto, a mesma condição<<strong>br</strong> />

prevalecia. Nem todos os pontos de aglutinação dos seres humanos também estavam<<strong>br</strong> />

exatamente naquela posição. Isso significava que os ver<strong>da</strong>deiros líderes <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

sempre foram aqueles poucos humanos cujos pontos de aglutinação estavam ou no<<strong>br</strong> />

ponto exato <strong>da</strong> razão ou no do conhecimento silencioso. O resto <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de era<<strong>br</strong> />

meramente a audiência. Em nossa época são os amantes <strong>da</strong> razão. No passado foram<<strong>br</strong> />

os amantes do conhecimento silencioso, que admiraram e cantaram odes aos heróis<<strong>br</strong> />

de qualquer <strong>da</strong>s outras posições. 8:228-229<<strong>br</strong> />

A humani<strong>da</strong>de passou a parte mais longa de sua história na posição do conhecimento<<strong>br</strong> />

silencioso, e isso explica nosso grande anseio por ele. 8:229<<strong>br</strong> />

Apenas um ser humano que seja um modelo <strong>da</strong> razão pode mover seu ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação <strong>com</strong> facili<strong>da</strong>de e ser um modelo do conhecimento silencioso. Apenas<<strong>br</strong> />

aqueles que estão exatamente em qualquer <strong>da</strong>s posições podem ver a outra posição<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> clareza, e esta foi a maneira pela qual a i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> razão veio a existir. A posição <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

razão é vista claramente <strong>da</strong> posição do conhecimento silencioso. 8:229<<strong>br</strong> />

A ponte de mão única do conhecimento silencioso para a razão é chama<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

concernência. Isto é, a concernência que os ver<strong>da</strong>deiros homens do conhecimento<<strong>br</strong> />

silencioso têm acerca <strong>da</strong> fonte do que conhecem. E a outra ponte de mão única, <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

razão para o conhecimento silencioso, é chama<strong>da</strong> entendimento puro. Isto é, o reconhecimento<<strong>br</strong> />

que revelou ao homem <strong>da</strong> razão que a razão é apenas uma ilha num mar<<strong>br</strong> />

infinito de ilhas. 8:229<<strong>br</strong> />

Um ser humano que tenha as duas pontes de mão única funcionando é um<<strong>br</strong> />

feiticeiro em contato direto <strong>com</strong> o espírito, a força vital que faz ambas as posições<<strong>br</strong> />

possíveis. 8:229<<strong>br</strong> />

95


CAPÍTULO 5<<strong>br</strong> />

A ARTE DE SONHAR<<strong>br</strong> />

À medi<strong>da</strong> que o tempo passava e os novos videntes estabeleciam suas práticas,<<strong>br</strong> />

perceberam que, sob as condições prevalecentes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, espreitar deslocava muito<<strong>br</strong> />

pouco os pontos de aglutinação. Para efeito máximo, a espreita necessitava de uma<<strong>br</strong> />

localização ideal; necessitava de pequenos tiranos em posições de grande autori<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

poder. Tornou-se ca<strong>da</strong> vez mais difícil para os novos videntes se colocarem a si próprios<<strong>br</strong> />

em tais situações; a tarefa de improvisá-las ou procurá-las tornou-se uma carga<<strong>br</strong> />

insuportável. 7:166<<strong>br</strong> />

Os novos videntes julgaram imperativo ver as emanações <strong>da</strong> Águia para encontrar<<strong>br</strong> />

uma maneira mais adequa<strong>da</strong> de deslocar o ponto de aglutinação. Quando tentaram<<strong>br</strong> />

ver as emanações, foram confrontados <strong>com</strong> um problema sério. Desco<strong>br</strong>iram<<strong>br</strong> />

que não há maneira de ver as emanações sem correr um risco mortal, e no entanto<<strong>br</strong> />

tinham de vê-las. Essa foi a época em que usaram a técnica de sonhar dos antigos<<strong>br</strong> />

videntes <strong>com</strong>o um escudo para proteger-se do golpe mortal <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia.<<strong>br</strong> />

E, ao agir assim, perceberam que sonhar é na ver<strong>da</strong>de o modo mais eficiente de deslocar<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação. 7:166<<strong>br</strong> />

Um dos princípios mais estritos dos novos videntes é o de que os<<strong>br</strong> />

guerreiros têm de aprender a sonhar enquanto estão em seu estado<<strong>br</strong> />

normal de consciência. Porque sonhar é muito perigoso, e<<strong>br</strong> />

os sonhadores muito vulneráveis. É perigoso porque tem um poder<<strong>br</strong> />

inconcebível; torna os sonhadores vulneráveis porque os deixa<<strong>br</strong> />

à mercê <strong>da</strong> força in<strong>com</strong>preensível do alinhamento.<<strong>br</strong> />

Os novos videntes perceberam que em nosso estado normal de<<strong>br</strong> />

consciência temos incontáveis defesas que podem resguar<strong>da</strong>rnos<<strong>br</strong> />

contra a força de emanações inusuais, que subitamente se<<strong>br</strong> />

alinham durante o sonho. 7:167<<strong>br</strong> />

Sonhar, assim <strong>com</strong>o espreitar, <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> uma simples observação. Os antigos<<strong>br</strong> />

videntes tiveram consciência de que nos sonhos o ponto de aglutinação se desloca<<strong>br</strong> />

ligeiramente para a esquer<strong>da</strong>, de maneira natural. Com efeito, o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

relaxa quando o homem dorme, e todos os tipos de emanações inusuais <strong>com</strong>eçam a<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilhar. 7:167


5.1 A ARTE DE MANEJAR O CORPO SONHADOR<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes ficaram imediatamente intrigados <strong>com</strong> esta observação e <strong>com</strong>eçaram<<strong>br</strong> />

a trabalhar <strong>com</strong> esse deslocamento natural até se tornarem capazes de controlálo.<<strong>br</strong> />

Chamaram esse controle de sonhar, ou a arte de manejar o corpo sonhador. 7:167<<strong>br</strong> />

Não há maneira de descrever a imensidão do conhecimento dos antigos videntes<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e sonhar. Muito pouco deste, entretanto, teve qualquer utili<strong>da</strong>de para os novos<<strong>br</strong> />

videntes. Assim, quando chegou o tempo <strong>da</strong> reconstrução, os novos videntes conservaram<<strong>br</strong> />

apenas os elementos essenciais de sonhar para ajudá-los a ver as emanações<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Águia e a deslocar seus pontos de aglutinação. 7:167<<strong>br</strong> />

Os videntes, antigos e novos, <strong>com</strong>preendem sonhar <strong>com</strong>o o controle do deslocamento<<strong>br</strong> />

natural que o ponto de aglutinação sofre durante o sono. Controlar essa mu<strong>da</strong>nça<<strong>br</strong> />

não quer dizer de modo algum dirigi-la, mas manter o ponto de aglutinação fixo na posição<<strong>br</strong> />

para onde se desloca naturalmente durante o sono, mano<strong>br</strong>a extremamente difícil que<<strong>br</strong> />

exigiu enorme esforço e concentração dos antigos videntes. 7:167-168<<strong>br</strong> />

Os sonhadores precisam atingir um equilí<strong>br</strong>io muito sutil, pois os sonhos não<<strong>br</strong> />

podem sofrer interferência, assim <strong>com</strong>o não podem ser <strong>com</strong>an<strong>da</strong>dos pelo esforço consciente<<strong>br</strong> />

do sonhador. Por outro lado, o deslocamento dos pontos de aglutinação deve<<strong>br</strong> />

obedecer ao <strong>com</strong>ando do sonhador – uma contradição que não pode ser racionaliza<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

mas que precisa ser resolvi<strong>da</strong> na prática. 7:168<<strong>br</strong> />

Após observar os sonhadores enquanto dormiam, os antigos videntes encontraram<<strong>br</strong> />

a solução, deixando os sonhos seguirem seu curso natural. Tinham visto que, em<<strong>br</strong> />

alguns sonhos, o ponto de aglutinação do sonhador penetrava consideravelmente mais<<strong>br</strong> />

fundo no lado esquerdo do que em outros. Essa observação fê-los pensar se é o conteúdo<<strong>br</strong> />

do sonho que faz o ponto de aglutinação deslocar-se, ou se o próprio movimento do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação produz o conteúdo do sonho ao ativar emanações não utiliza<strong>da</strong>s. 7:168<<strong>br</strong> />

Logo perceberam que é o deslocamento do ponto de aglutinação para o lado<<strong>br</strong> />

esquerdo que produz os sonhos. Quanto mais amplo é o movimento, mais vívidos e bizarros<<strong>br</strong> />

eles são. Inevitavelmente, tentaram <strong>com</strong>an<strong>da</strong>r seus sonhos, almejando fazer <strong>com</strong> que<<strong>br</strong> />

seus pontos de aglutinação se deslocassem mais profun<strong>da</strong>mente para o lado esquerdo. Ao<<strong>br</strong> />

tentá-lo, desco<strong>br</strong>iram que, quando os sonhos são manipulados consciente ou semiconscientemente,<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação retorna imediatamente ao seu lugar usual. Como desejavam<<strong>br</strong> />

que esse ponto se deslocasse, chegaram à inevitável conclusão de que interferir <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

os sonhos era interferir <strong>com</strong> o deslocamento natural do ponto de aglutinação. 7:168<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes continuaram desenvolvendo seu impressionante conhecimento<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o assunto – um conhecimento que tinha um valor tremendo para o que os<<strong>br</strong> />

97


novos videntes aspiravam fazer <strong>com</strong> o sonho, mas que lhes era de pouca utili<strong>da</strong>de em<<strong>br</strong> />

sua forma original. 7:168<<strong>br</strong> />

5.2 A POSIÇÃO DE SONHO<<strong>br</strong> />

Os novos videntes são <strong>com</strong>o pescadores equipados <strong>com</strong> uma linha que se<<strong>br</strong> />

agarra em qualquer parte; a única coisa que podem fazer é manter a linha ancora<strong>da</strong> no<<strong>br</strong> />

ponto em que afun<strong>da</strong>. 7:169<<strong>br</strong> />

O lugar para onde o ponto de aglutinação se desloca nos sonhos é<<strong>br</strong> />

chamado de posição de sonho. Os antigos videntes ficaram tão<<strong>br</strong> />

especializados em manter sua posição de sonho que eram até<<strong>br</strong> />

mesmo capazes de acor<strong>da</strong>r enquanto seus pontos de aglutinação<<strong>br</strong> />

estavam ancorados ali.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes chamavam a esse estado de corpo sonhador,<<strong>br</strong> />

porque controlavam-no ao extremo de criar um novo corpo temporário,<<strong>br</strong> />

a ca<strong>da</strong> vez que acor<strong>da</strong>ssem em uma nova posição de<<strong>br</strong> />

sonho. 7:169<<strong>br</strong> />

Devo esclarecer-lhe que sonhar tem um terrível obstáculo. Pertence<<strong>br</strong> />

aos antigos videntes. Está impregnado de seu espírito. Fui muito<<strong>br</strong> />

cui<strong>da</strong>doso ao guiá-lo através disso, mas ain<strong>da</strong> assim não há maneira<<strong>br</strong> />

de estar seguro. 7:169<<strong>br</strong> />

Estou prevenindo-o so<strong>br</strong>e as cila<strong>da</strong>s de sonhar, que são ver<strong>da</strong>deiramente<<strong>br</strong> />

estupen<strong>da</strong>s. No sonho não há realmente qualquer maneira<<strong>br</strong> />

de dirigir o deslocamento do ponto de aglutinação: a única coisa<<strong>br</strong> />

que dita essa mu<strong>da</strong>nça é a força ou a fraqueza interior dos sonhadores.<<strong>br</strong> />

Exatamente aí temos a primeira armadilha 7:169<<strong>br</strong> />

5.3 A TRILHA DO GUERREIRO<<strong>br</strong> />

De início, os novos videntes hesitaram em usar o sonho. Acreditavam que<<strong>br</strong> />

sonhar, em lugar de fortalecer, tornava os guerreiros fracos, <strong>com</strong>pulsivos, caprichosos.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes eram todos assim. Para contrabalançar o efeito nefasto de<<strong>br</strong> />

sonhar, <strong>com</strong>o não tinham outra opção senão usá-lo, os novos videntes desenvolveram<<strong>br</strong> />

um rico e <strong>com</strong>plexo sistema de <strong>com</strong>portamento chamado o caminho do guerreiro, ou a<<strong>br</strong> />

trilha do guerreiro. 7:169<<strong>br</strong> />

Com esse sistema, os novos videntes se fortaleceram e adquiriram força interior<<strong>br</strong> />

necessária para guiar o deslocamento do ponto de aglutinação nos sonhos. [Essa]<<strong>br</strong> />

força não é apenas convicção. Ninguém poderia ter convicções mais fortes do que os<<strong>br</strong> />

antigos videntes, e ain<strong>da</strong> assim eles eram fracos até o âmago. 7:169<<strong>br</strong> />

98


Força [interior] significa um sentido de eqüanimi<strong>da</strong>de, quase de indiferença,<<strong>br</strong> />

uma sensação de estar à vontade, mas, acima de tudo, uma inclinação natural e profun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pelo exame, pela <strong>com</strong>preensão. Os novos videntes chamaram todos esses traços<<strong>br</strong> />

de caráter de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de. 7:170<<strong>br</strong> />

A convicção que os novos videntes têm é de que uma vi<strong>da</strong> de impecabili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

leva inevitavelmente ao sentido de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, e este<<strong>br</strong> />

por sua vez leva ao deslocamento do ponto de aglutinação. 7:170<<strong>br</strong> />

Os novos videntes acreditavam que o ponto de aglutinação pode ser deslocado<<strong>br</strong> />

de dentro. Eles deram mais um passo e afirmaram que homens impecáveis não<<strong>br</strong> />

necessitam de ninguém para guiá-los, e sozinhos, através <strong>da</strong> economia de sua energia,<<strong>br</strong> />

podem fazer tudo que os videntes fazem. Tudo o que necessitam é de uma chance<<strong>br</strong> />

mínima, a de terem conhecimento <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des que os videntes desven<strong>da</strong>ram. 7:170<<strong>br</strong> />

Tudo o que é necessário é a impecabili<strong>da</strong>de, energia, e isto se inicia <strong>com</strong> um<<strong>br</strong> />

ato singular, que deve ser deliberado, preciso e constante. Se esse ato é repetido por<<strong>br</strong> />

tempo suficiente, a pessoa adquire um sentido de intenção inflexível, que pode ser<<strong>br</strong> />

aplicado a qualquer outra coisa. Se isso é realizado, o caminho está aberto. Uma coisa<<strong>br</strong> />

levará a outra até que o guerreiro descu<strong>br</strong>a seu potencial <strong>com</strong>pleto.<<strong>br</strong> />

5.4 CONDIÇÕES DE SONHAR<<strong>br</strong> />

Você não pode explicar o sonhar através de coisas que sabe ou que<<strong>br</strong> />

suspeita saber. 9:56<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros vêem o sonhar <strong>com</strong>o uma arte extremamente sofistica<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

A arte de deslocar à vontade o ponto de aglutinação <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

objetivo de ampliar o âmbito do que pode ser percebido. 9:34<<strong>br</strong> />

Sonhar é perceber mais do que acreditamos que é possível perceber.<<strong>br</strong> />

9:66<<strong>br</strong> />

O sonhar nos dá fluidez para entrar em outros universos, destruindo nossa<<strong>br</strong> />

sensação de conhecer este mundo. Sonhar é uma jorna<strong>da</strong> de dimensões impensáveis,<<strong>br</strong> />

uma jorna<strong>da</strong> que, depois de nos fazer perceber tudo que podemos perceber humanamente,<<strong>br</strong> />

faz <strong>com</strong> que o ponto de aglutinação salte para fora do domínio humano e<<strong>br</strong> />

perceba o inconcebível. 9:90<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos ancoraram a arte de sonhar em cinco condições que eles<<strong>br</strong> />

viram no fluxo de energia dos seres humanos:<<strong>br</strong> />

1) apenas os filamentos de energia que passam diretamente através do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação podem ser aglutinados em percepções coerentes;<<strong>br</strong> />

99


2) se o ponto de aglutinação é deslocado para outro posicionamento – não<<strong>br</strong> />

importando que sejam deslocamentos minúsculos – filamentos de energia diferentes e<<strong>br</strong> />

estranhos <strong>com</strong>eçam a passar através dele, envolvendo a consciência e forçando a aglutinação<<strong>br</strong> />

desses campos de energia estranhos numa percepção fixa e coerente;<<strong>br</strong> />

3) no decorrer de sonhos <strong>com</strong>uns, o ponto de aglutinação facilmente se desloca<<strong>br</strong> />

sozinho para outro posicionamento na superfície ou no interior do ovo luminoso;<<strong>br</strong> />

4) o ponto de aglutinação pode ser movimentado para posicionamentos fora<<strong>br</strong> />

do ovo luminoso, para os filamentos de energia do universo exterior; e<<strong>br</strong> />

5) através de disciplina, é possível cultivar e realizar, no decorrer do sono e<<strong>br</strong> />

dos sonhos <strong>com</strong>uns, um deslocamento sistemático do ponto de aglutinação. 9:34<<strong>br</strong> />

5.5 ATENÇÃO SONHADORA<<strong>br</strong> />

A explicação dos feiticeiros para escolher um tema para sonhar é que<<strong>br</strong> />

o guerreiro escolhe o tema contendo proposita<strong>da</strong>mente uma imagem<<strong>br</strong> />

na mente, enquanto ele desliga seu diálogo interno. Em outras<<strong>br</strong> />

palavras, se ele é capaz de não conversar consigo mesmo<<strong>br</strong> />

por um momento e depois manter a imagem ou o pensamento do<<strong>br</strong> />

que ele deseja ao sonhar, nem que seja apenas por um instante,<<strong>br</strong> />

então o tema desejado lhe virá. Estou certo de que você [já] fez<<strong>br</strong> />

isso, embora não tenha consciência do fato. 4:19<<strong>br</strong> />

Vou ensinar a você o primeiro passo para o poder. Vou ensinar <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

estabelecer o sonhar.<<strong>br</strong> />

Significa ter um <strong>com</strong>ando preciso so<strong>br</strong>e a situação geral de um<<strong>br</strong> />

sonho. Por exemplo, você pode sonhar que está em sua sala de<<strong>br</strong> />

aula. Estabelecer o sonhar significa que você não deixa o sonho<<strong>br</strong> />

virar outra coisa. Você não salta <strong>da</strong> sala de aula para as montanhas,<<strong>br</strong> />

por exemplo. Em outras palavras, você controla a visão <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

sala de aula, e não deixa que ela desapareça enquanto você quiser.<<strong>br</strong> />

Esse controle não é diferente do controle que temos so<strong>br</strong>e qualquer<<strong>br</strong> />

situação em nossas vi<strong>da</strong>s cotidianas. Os feiticeiros estão<<strong>br</strong> />

acostumados <strong>com</strong> ele e conseguem-no sempre que desejem ou<<strong>br</strong> />

precisem. Para se acostumar <strong>com</strong> ele você deve <strong>com</strong>eçar a fazer<<strong>br</strong> />

uma coisa bastante simples. Esta noite, em seus sonhos você deve<<strong>br</strong> />

olhar para as mãos... 9:36<<strong>br</strong> />

[Ou para qualquer outra coisa]. O objetivo do exercício não é desco<strong>br</strong>ir uma<<strong>br</strong> />

coisa específica, mas empenhar a atenção sonhadora. 9:37<<strong>br</strong> />

Pedir que um sonhador encontre um determinado item em seus so-<<strong>br</strong> />

100


nhos é um subterfúgio. A ver<strong>da</strong>deira questão é conscientizar-se<<strong>br</strong> />

de que está caindo no sono. E, por mais estranho que possa parecer,<<strong>br</strong> />

isso não acontece ordenando-se a ficar consciente de estar<<strong>br</strong> />

caindo no sono, e sim mantendo a visão <strong>da</strong> coisa que se está procurando<<strong>br</strong> />

no sono. 9:42<<strong>br</strong> />

Os sonhadores olham rápi<strong>da</strong> e delibera<strong>da</strong>mente tudo o que está no sonho. Se<<strong>br</strong> />

concentram sua atenção em algo específico, é apenas <strong>com</strong>o um ponto de parti<strong>da</strong>. A<<strong>br</strong> />

partir <strong>da</strong>li, os sonhadores passam a olhar outros itens do conteúdo do sonho, voltando<<strong>br</strong> />

ao ponto de parti<strong>da</strong> quantas vezes for possível. 9:42<<strong>br</strong> />

A atenção sonhadora é o controle que adquirimos so<strong>br</strong>e nossos sonhos depois<<strong>br</strong> />

de fixar o ponto de aglutinação em qualquer posicionamento novo para o qual ele<<strong>br</strong> />

tenha se deslocado durante os sonhos. Em termos mais gerais, a atenção sonhadora é<<strong>br</strong> />

uma faceta in<strong>com</strong>preensível <strong>da</strong> consciência, que existe por si, esperando o momento<<strong>br</strong> />

de atrai-la, um momento em que lhe <strong>da</strong>remos um objetivo, uma facul<strong>da</strong>de oculta que<<strong>br</strong> />

todos nós temos em reserva, mas que nunca temos a oportuni<strong>da</strong>de de usar. 9:37<<strong>br</strong> />

Seja tão pesado quanto quiser ao falarmos so<strong>br</strong>e sonhar. As explicações<<strong>br</strong> />

sempre pedem pensamentos profundos. Mas quando estiver<<strong>br</strong> />

sonhando, seja tão leve quanto uma pena. Sonhar tem de ser<<strong>br</strong> />

feito <strong>com</strong> integri<strong>da</strong>de e serie<strong>da</strong>de, mas no meio de risos e <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

confiança de quem não tem qualquer preocupação. Somente nessas<<strong>br</strong> />

condições nossos sonhos podem se transformar em sonhar. 9:36<<strong>br</strong> />

Sonhar tem que ser uma coisa muito só<strong>br</strong>ia. Não é possível se <strong>da</strong>r ao<<strong>br</strong> />

luxo de qualquer movimento em falso. Sonhar é um processo de<<strong>br</strong> />

despertar, de obter controle. Nossa atenção sonhadora deve ser<<strong>br</strong> />

sistematicamente exercita<strong>da</strong>, porque ela é a porta para a segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

atenção. 9:44<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> atenção é <strong>com</strong>o um oceano, e a atenção sonhadora é <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um rio que desagua nele. A segun<strong>da</strong> atenção é estar consciente<<strong>br</strong> />

de mundos inteiros, tão totais quanto o nosso, ao passo que a<<strong>br</strong> />

atenção sonhadora é estar consciente dos itens de nossos sonhos.<<strong>br</strong> />

9:44<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> atenção está disponível a todos, mas o fato de nos agarrarmos à<<strong>br</strong> />

nossa racionali<strong>da</strong>de capenga – alguns <strong>com</strong> mais força do que outros – mantém a segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

atenção fora do alcance. A idéia é que o sonhar derruba os muros que rodeiam<<strong>br</strong> />

e isolam a segun<strong>da</strong> atenção. 9:68<<strong>br</strong> />

A atenção sonhadora é a chave para ca<strong>da</strong> movimento no mundo dos feiticeiros.<<strong>br</strong> />

Entre a imensidão de itens de nossos sonhos existem interferências reais; coisas<<strong>br</strong> />

que foram postas em nossos sonhos por uma força estranha. Poder encontrá-las e<<strong>br</strong> />

segui-las é feitiçaria. 9:44<<strong>br</strong> />

101


5.6 O BATEDORES DOS SONHOS<<strong>br</strong> />

Os sonhos são, se não uma porta, um alçapão para outros mundos.<<strong>br</strong> />

Assim, os sonhos são vias de duas mãos. Por esse alçapão nossa<<strong>br</strong> />

consciência atravessa para outros reinos; e esses outros reinos<<strong>br</strong> />

man<strong>da</strong>m batedores para nossos sonhos – cargas de energia que<<strong>br</strong> />

se misturam aos itens de nossos sonhos normais. São fluxos de<<strong>br</strong> />

energia estranha que entram em nossos sonhos, e que nós interpretamos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o itens familiares ou desconhecidos. 9:44<<strong>br</strong> />

Os batedores são mais numerosos quando nossos sonhos estão na<<strong>br</strong> />

média normal. Os sonhos dos feiticeiros são estranhamente livres<<strong>br</strong> />

de batedores. Quando aparecem, eles são identificáveis pela<<strong>br</strong> />

estranheza e pela incongruência. 9:101 A presença deles não faz nenhum<<strong>br</strong> />

sentido. 9:102<<strong>br</strong> />

Apenas nos sonhos <strong>com</strong>uns as coisas são absur<strong>da</strong>s. Eu diria que é<<strong>br</strong> />

assim porque mais batedores são injetados neles, devido ao fato<<strong>br</strong> />

de as pessoas <strong>com</strong>uns estarem sujeitas a um maior ataque por<<strong>br</strong> />

parte do desconhecido. 9:102<<strong>br</strong> />

Na minha opinião, o que acontece é um equilí<strong>br</strong>io de forças. As pessoas<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uns têm barreiras estupen<strong>da</strong>mente fortes para protegerse<<strong>br</strong> />

desses ataques. Barreiras <strong>com</strong>o as preocupações quanto ao<<strong>br</strong> />

eu. Quanto mais barreiras, maior o ataque.<<strong>br</strong> />

Os sonhadores, por outro lado, têm menos barreiras e menos batedores<<strong>br</strong> />

em seus sonhos. Parece que as coisas absur<strong>da</strong>s desaparecem<<strong>br</strong> />

dos sonhos dos sonhadores, talvez para assegurar que eles<<strong>br</strong> />

captem a presença dos batedores. 9:102<<strong>br</strong> />

Pode apostar que existe uma ordem por trás de tudo isso. Alguns<<strong>br</strong> />

itens [de sonhos] são de importância vital porque se associam ao<<strong>br</strong> />

espírito. Outros são totalmente sem importância por estarem associados<<strong>br</strong> />

à nossa personali<strong>da</strong>de condescendente. 9:102<<strong>br</strong> />

[Você não consegue <strong>com</strong>preender] porque insiste em pensar nos<<strong>br</strong> />

sonhos em termos que você conhece: <strong>com</strong>o aquilo que acontece<<strong>br</strong> />

conosco durante o sono. E eu estou insistindo em <strong>da</strong>r outra versão:<<strong>br</strong> />

o sonho é uma abertura para outras esferas de percepção.<<strong>br</strong> />

Através desse alçapão entram correntes de energias estranhas. A<<strong>br</strong> />

mente – ou o cére<strong>br</strong>o – capta essas correntes de energia e transforma<<strong>br</strong> />

em parte dos nossos sonhos. 9:45<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros têm consciência dessas correntes de energia estranha.<<strong>br</strong> />

Eles percebem-nas e tentam isolá-las dos itens normais de seus<<strong>br</strong> />

sonhos. Porque elas vêm de outras esferas. Se as seguirmos até<<strong>br</strong> />

suas fontes, elas servirão <strong>com</strong>o guias para áreas de um mistério<<strong>br</strong> />

tão grande que os feiticeiros estremecem à simples menção dessa<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>de. 9:45<<strong>br</strong> />

102


[Os feiticeiros isolam essas correntes de energia estranha] através do<<strong>br</strong> />

exercício e do controle de sua atenção sonhadora. Num momento,<<strong>br</strong> />

nossa atenção sonhadora os desco<strong>br</strong>e entre os itens de um<<strong>br</strong> />

sonho, concentra-se neles e então todo o sonho de desmorona,<<strong>br</strong> />

deixando apenas a energia estranha. 9:45<<strong>br</strong> />

O primeiro batedor que você isola estará sempre presente, sob qualquer<<strong>br</strong> />

forma, até mesmo do irídio [uma <strong>da</strong>s substâncias mais duras<<strong>br</strong> />

do mundo]. 9:102<<strong>br</strong> />

Os batedores são espias man<strong>da</strong>dos pelo reino inorgânico. Eles são<<strong>br</strong> />

muito rápidos, ou seja: não ficam por muito tempo.<<strong>br</strong> />

Eles vêm em busca de consciência potencial. Eles têm consciência<<strong>br</strong> />

e objetivo, ain<strong>da</strong> que in<strong>com</strong>preensíveis para nossas mentes;<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>paráveis talvez à consciência e ao objetivo <strong>da</strong>s árvores. A<<strong>br</strong> />

veloci<strong>da</strong>de interna <strong>da</strong>s árvores e dos seres inorgânicos é in<strong>com</strong>preensível<<strong>br</strong> />

para nós porque é infinitamente mais lenta, em <strong>com</strong>paração<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a nossa. 9:103<<strong>br</strong> />

As árvores e os seres inorgânicos duram mais do que nós. São feitos<<strong>br</strong> />

para permanecer fixos. São imóveis, e no entanto fazem tudo se<<strong>br</strong> />

mover ao seu redor. 9:103<<strong>br</strong> />

O que você vê nos sonhos <strong>com</strong>o hastes <strong>br</strong>ilhantes ou escuras são sua<<strong>br</strong> />

projeção. O que ouve <strong>com</strong>o a voz do emissário do sonho é igualmente<<strong>br</strong> />

sua projeção. O mesmo ocorre <strong>com</strong> os seus batedores. 9:104<<strong>br</strong> />

Quanto maior a capaci<strong>da</strong>de de observar os detalhes dos sonhos, maior a facili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de isolar os batedores. Se a escolha for reconhecer os batedores <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

energia estranha, eles permanecem algum tempo no campo perceptivo. Se a escolha<<strong>br</strong> />

for transformar os batedores em objetos semiconhecidos, eles ficam ain<strong>da</strong> mais tempo,<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>ndo erraticamente de forma. Mas se forem seguidos, revelando-se em voz<<strong>br</strong> />

alta o intento de ir, os batedores realmente transportam a atenção sonhadora para um<<strong>br</strong> />

mundo além do que se pode normalmente imaginar. 9:110<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos estão sempre propensos a ensinar. Mas estão propensos<<strong>br</strong> />

apenas a ensinar so<strong>br</strong>e o sonhar. O emissário do sonho, por ter uma voz, é a ponte<<strong>br</strong> />

perfeita entre aquele mundo e o nosso. 9:110<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>e-se, a espreita dos seres inorgânicos era o campo dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos. Para chegar lá eles fixaram <strong>com</strong> to<strong>da</strong> a tenaci<strong>da</strong>de sua atenção<<strong>br</strong> />

sonhadora nos itens dos sonhos. Desse modo podiam isolar os<<strong>br</strong> />

batedores. E quando estavam <strong>com</strong> os batedores em foco, gritavam<<strong>br</strong> />

o intento de segui-los. No instante em que verbalizavam esse intento,<<strong>br</strong> />

eles iam, puxados pela energia estranha. 9:105<<strong>br</strong> />

103


5.6.1 EXPLORADORES DE ENERGIA E CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

Tenha em mente que nem todo batedor que você encontrar pertence<<strong>br</strong> />

ao mundo dos seres inorgânicos. Até agora, todo batedor que<<strong>br</strong> />

você encontrou, excetuando-se o azul, era <strong>da</strong>quele mundo, mas<<strong>br</strong> />

isso foi porque os seres inorgânicos o estavam seduzindo. Estavam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>an<strong>da</strong>ndo o espetáculo. Agora você está por conta própria.<<strong>br</strong> />

Alguns dos batedores que irá encontrar não serão do reino<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos, mas de outros níveis de consciência ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

mais distantes. 9:197<<strong>br</strong> />

[Os batedores são conscientes de si próprios e certamente fazem<<strong>br</strong> />

contato conosco quando estamos acor<strong>da</strong>dos]. Mas nosso grande<<strong>br</strong> />

azar é ter a consciência tão ocupa<strong>da</strong> que não temos tempo de<<strong>br</strong> />

prestar atenção. No sono, entretanto, a<strong>br</strong>e-se o alçapão: nós sonhamos.<<strong>br</strong> />

E nos sonhos fazemos contato. 9:197<<strong>br</strong> />

[Existe um modo de dizer se os batedores são de outro nível além do<<strong>br</strong> />

mundo dos seres inorgânicos]. Quanto maior o crepitar, de mais<<strong>br</strong> />

longe eles vêm. Parece simplista, mas você precisa deixar seu<<strong>br</strong> />

corpo energético dizer o que é o quê. Posso assegurar que ele vai<<strong>br</strong> />

fazer excelentes distinções e julgamentos acertados quando encontrar<<strong>br</strong> />

energia estranha. 9:198<<strong>br</strong> />

[O corpo energético, de início, pode distinguir três tipos gerais de energia<<strong>br</strong> />

alienígena.] O primeiro são os batedores do mundo dos seres inorgânicos. Sua energia<<strong>br</strong> />

crepita medianamente. Não faz qualquer som, mas tem to<strong>da</strong>s as aparências de uma<<strong>br</strong> />

efervescência, ou de água que <strong>com</strong>eça a ferver. A energia do segundo tipo geral de<<strong>br</strong> />

batedores dá a impressão de um poder consideravelmente maior. Aqueles batedores<<strong>br</strong> />

parecem em vias de queimar. Vi<strong>br</strong>am por dentro, <strong>com</strong>o se estivessem cheios de gás<<strong>br</strong> />

pressurizado. 9:198 [Estes dois] são os mais fáceis de detectar. Seus disfarces em nossos<<strong>br</strong> />

sonhos são tão exóticos que imediatamente atraem nossa atenção sonhadora. 9:198<<strong>br</strong> />

Os batedores do terceiro tipo são os mais perigosos em termos de agressivi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

e poder, e porque se escondem sob disfarces sutis. 9:199<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s coisas mais estranhas que os sonhadores encontram, e que<<strong>br</strong> />

você mesmo desco<strong>br</strong>irá é esse terceiro tipo de batedor. Até agora<<strong>br</strong> />

você só desco<strong>br</strong>iu exemplos dos dois primeiros tipos, mas isso<<strong>br</strong> />

foi porque não olhou para o lugar certo. 9:199<<strong>br</strong> />

Mais uma vez você caiu vítima <strong>da</strong>s palavras; desta vez a palavra culpa<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

é itens, que você tomou apenas <strong>com</strong>o coisas, objetos. Bem,<<strong>br</strong> />

os batedores mais ferozes se escondem atrás de pessoas, em<<strong>br</strong> />

nossos sonhos. Tive uma surpresa formidável quando concentrei<<strong>br</strong> />

o olhar na imagem de minha mãe num sonho. Depois de verbalizar<<strong>br</strong> />

meu intento de ver, ela se transformou numa bolha feroz e<<strong>br</strong> />

amedrontadora de energia crepitante.<<strong>br</strong> />

104


Uma coisa desagradável é que eles sempre se associam à imagem<<strong>br</strong> />

de nossos pais ou de amigos íntimos. Talvez por que nos<<strong>br</strong> />

sintamos geralmente à vontade quando sonhamos <strong>com</strong> eles.<<strong>br</strong> />

Uma regra prática para os sonhadores é presumir que o terceiro<<strong>br</strong> />

tipo de batedor está presente sempre que se sentem perturbados<<strong>br</strong> />

pelos pais ou por amigos num sonho. Um bom conselho é evitar<<strong>br</strong> />

essas imagens de sonho. São puro veneno. 9:199<<strong>br</strong> />

A não ser que você saiba exatamente o que está fazendo e o que quer<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> energia alienígena, deve se contentar <strong>com</strong> um olhar rápido.<<strong>br</strong> />

Qualquer coisa além disso é tão perigosa e estúpi<strong>da</strong> quanto <strong>br</strong>incar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> uma cascavel. 9:198<<strong>br</strong> />

Os batedores são sempre muito agressivos e extremamente ousados.<<strong>br</strong> />

Precisam ser assim, para so<strong>br</strong>eviver às suas explorações.<<strong>br</strong> />

Manter nossa atenção sonhadora neles é o mesmo que solicitar<<strong>br</strong> />

que concentrem em nós sua consciência. Assim que concentram<<strong>br</strong> />

sua consciência so<strong>br</strong>e nós, somos <strong>com</strong>pelidos a ir <strong>com</strong> eles. E<<strong>br</strong> />

esse, claro, é o perigo. Podemos acabar em mundos além de nossas<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>des energéticas. 9:198<<strong>br</strong> />

[Os seres inorgânicos] só se mostram no início [dos exercícios de<<strong>br</strong> />

sonhar]. Depois dos batedores nos levarem ao seu mundo, não<<strong>br</strong> />

existe necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s projeções dos seres inorgânicos. Se queremos<<strong>br</strong> />

ver os seres inorgânicos, um batedor nos leva até lá. Já<<strong>br</strong> />

que ninguém, e quero dizer realmente ninguém, pode viajar sozinho<<strong>br</strong> />

até o mundo deles.<<strong>br</strong> />

O mundo deles é lacrado. Ninguém pode entrar ou sair sem o<<strong>br</strong> />

consentimento dos seres inorgânicos. A única coisa que você pode<<strong>br</strong> />

fazer sozinho quando está lá dentro é, claro, verbalizar seu intento<<strong>br</strong> />

de ficar. Dizê-lo em voz alta significa colocar em ação correntes<<strong>br</strong> />

irreversíveis de energia. Nos tempos antigos as palavras eram<<strong>br</strong> />

incrivelmente poderosas. Agora não são mais. No reino dos seres<<strong>br</strong> />

inorgânicos, por outro lado, elas não perderam o poder. 9:200<<strong>br</strong> />

Existe uma última questão relaciona<strong>da</strong> <strong>com</strong> aquele mundo e que nós<<strong>br</strong> />

ain<strong>da</strong> não discutimos. Em última análise, minha aversão às ativi<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros antigos é muito pessoal. Como um [mestrefeiticeiro],<<strong>br</strong> />

detesto o que eles fizeram. Eles buscaram refúgio, covardemente,<<strong>br</strong> />

no mundo dos seres inorgânicos. Argumentaram que,<<strong>br</strong> />

num universo pre<strong>da</strong>tório, disposto a nos despe<strong>da</strong>çar, o único porto<<strong>br</strong> />

possível para nós é naquele lugar.<<strong>br</strong> />

[Eles acreditaram nisso] porque é ver<strong>da</strong>de. Como os seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

não podem mentir, a conversa de vendedor do emissário do<<strong>br</strong> />

sonho é totalmente ver<strong>da</strong>deira. Aquele mundo pode nos <strong>da</strong>r a<strong>br</strong>igo<<strong>br</strong> />

e prolongar nossa consciência durante quase uma eterni<strong>da</strong>de. 9:201<<strong>br</strong> />

105


5.6.2 A CONSCIÊNCIA COMBINADA DE BATEDORES<<strong>br</strong> />

O batedor [azul] é um ser consciente, vindo de outra dimensão. 9:157<<strong>br</strong> />

[É usado pela consciência <strong>com</strong>bina<strong>da</strong> de seres inorgânicos numa mano<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

para raptar nosso corpo energético].<<strong>br</strong> />

A consciência <strong>com</strong>bina<strong>da</strong> de um grupo de seres inorgânicos [pode consumir o<<strong>br</strong> />

corpo energético] forçando-o a um jorro emocional: a vontade de libertar o batedor azul.<<strong>br</strong> />

Em segui<strong>da</strong>, a consciência <strong>com</strong>bina<strong>da</strong> do mesmo grupo de seres inorgânicos [pode puxar<<strong>br</strong> />

a] massa inerte para seu mundo. Sem o corpo energético, somos apenas um bocado de<<strong>br</strong> />

matéria orgânica que pode ser facilmente manipula<strong>da</strong> pela consciência. 9:151<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos são colados entre si, <strong>com</strong>o as células do corpo.<<strong>br</strong> />

Quando reúnem suas consciências, são imbatíveis. Para eles não é<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong> arrancar-nos de nossas amarras e fazer-nos mergulhar em seu<<strong>br</strong> />

mundo. Especialmente se nos tornarmos visíveis e disponíveis. 9:151<<strong>br</strong> />

O motivo de você pensar que está doente é que os seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

descarregaram sua energia e lhe deram a deles. Isso [pode ser]<<strong>br</strong> />

ser o bastante para matar qualquer um. 9:151<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos estão sempre em busca de consciência e energia.<<strong>br</strong> />

Se você lhes der a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s duas coisas, o que acha<<strong>br</strong> />

que eles farão? Jogar beijinhos do outro lado <strong>da</strong> rua? 9:158<<strong>br</strong> />

5.7 OS PORTÕES DE SONHAR<<strong>br</strong> />

Existem sete portões. E os sonhadores precisam a<strong>br</strong>ir todos eles, um<<strong>br</strong> />

de ca<strong>da</strong> vez. Você está diante do primeiro portão que precisa ser<<strong>br</strong> />

aberto caso deseje sonhar. Teria sido inútil falar so<strong>br</strong>e os portões<<strong>br</strong> />

do sonhar antes de você bater de cabeça contra o primeiro. Agora<<strong>br</strong> />

você sabe que há um obstáculo e que precisa superá-lo. 9:37<<strong>br</strong> />

Sonhar exige to<strong>da</strong> a energia disponível. Se houver uma preocupação<<strong>br</strong> />

profun<strong>da</strong> em sua vi<strong>da</strong>, não existe possibili<strong>da</strong>de de sonhar. 9:169<<strong>br</strong> />

Há entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s no fluxo de energia do universo, e no caso específico de<<strong>br</strong> />

sonhar há sete entra<strong>da</strong>s experimenta<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o obstáculos, que os feiticeiros chamam<<strong>br</strong> />

de sete portões do sonhar. 9:37<<strong>br</strong> />

5.7.1 INTENTANDO O CORPO SONHADOR<<strong>br</strong> />

O primeiro portão é o limiar que precisamos atravessar tornandonos<<strong>br</strong> />

conscientes de uma sensação particular antes do sono profundo.<<strong>br</strong> />

Uma sensação <strong>com</strong>o um peso agradável que não nos deixa<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>ir os olhos. Chegamos a esse portão no instante em que<<strong>br</strong> />

106


nos conscientizamos de que estamos caindo no sono, suspensos<<strong>br</strong> />

na escuridão e na sensação de peso.<<strong>br</strong> />

Não existem etapas a seguir. Só precisamos intentar que temos<<strong>br</strong> />

consciência de estar caindo no sono. 9:38<<strong>br</strong> />

Intentar o primeiro portão do sonhar é um dos meios descobertos pelos feiticeiros<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de para chegar à segun<strong>da</strong> atenção e ao corpo energético [sonhador]. 9:41<<strong>br</strong> />

É muito difícil se falar a respeito do intento. Eu, ou qualquer outra<<strong>br</strong> />

pessoa, pareceria idiota tentando explicar. Pense nisso quando<<strong>br</strong> />

ouvir o que tenho a dizer em segui<strong>da</strong>: simplesmente intentando,<<strong>br</strong> />

os feiticeiros intentam alguma coisa que os coloca no intento.<<strong>br</strong> />

Preste muita atenção. Algum dia vai ser sua vez de explicar. A<<strong>br</strong> />

afirmação parece sem sentido porque você não a está colocando<<strong>br</strong> />

no contexto adequado. Como qualquer pessoa racional, você<<strong>br</strong> />

pensa que <strong>com</strong>preender está unicamente no âmbito <strong>da</strong> razão, de<<strong>br</strong> />

sua mente.<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, <strong>com</strong>o a afirmação que fiz tem a ver <strong>com</strong> o intento<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong> intentar, <strong>com</strong>preendê-la está no âmbito <strong>da</strong> energia.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros acreditam que, se intentarmos essa afirmação para<<strong>br</strong> />

o corpo energético, o corpo energético irá entendê-la em termos<<strong>br</strong> />

inteiramente diferentes dos termos <strong>da</strong> mente. O truque é buscar<<strong>br</strong> />

o corpo energético. Para isso você precisa de energia. 9:38<<strong>br</strong> />

[O corpo energético entenderia essa afirmação] em termos de um<<strong>br</strong> />

sentimento corporal, o que é difícil de descrever. Você precisa<<strong>br</strong> />

experimentar, para saber o que estou dizendo. 9:38<<strong>br</strong> />

Nesse ponto você ain<strong>da</strong> não pode <strong>com</strong>preender a importância disso tudo,<<strong>br</strong> />

não só porque não tem energia suficiente, mas também porque não<<strong>br</strong> />

está intentando na<strong>da</strong>. Se estivesse, seu corpo energético <strong>com</strong>preenderia<<strong>br</strong> />

de imediato que o único modo de intentar é concentrando seu<<strong>br</strong> />

intento naquilo que você deseja intentar. 9:40<<strong>br</strong> />

Pode-se colocar desse modo: [O objetivo do sonhar é intentar o corpo<<strong>br</strong> />

energético]. Nesse caso em especial, já que estamos falando<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o primeiro portão do sonhar, o objetivo de sonhar é intentar<<strong>br</strong> />

que o seu corpo energético torna-se consciente de que você<<strong>br</strong> />

está caindo no sono. Deixe seu corpo energético fazê-lo. Intentar<<strong>br</strong> />

é desejar sem desejar, fazer sem fazer. 9:40<<strong>br</strong> />

[O intento ou] a intenção <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> uma ordem. Os antigos videntes<<strong>br</strong> />

costumavam dizer que se os guerreiros vão ter um diálogo<<strong>br</strong> />

interno, devem ter o diálogo apropriado. Para os antigos videntes,<<strong>br</strong> />

isso significava o diálogo so<strong>br</strong>e feitiçaria e o aguçamento de<<strong>br</strong> />

sua reflexão so<strong>br</strong>e si mesmos. Para os novos videntes, não se<<strong>br</strong> />

trata de diálogo, mas <strong>da</strong> manipulação desapaixona<strong>da</strong> <strong>da</strong> intenção<<strong>br</strong> />

por meio de ordens só<strong>br</strong>ias. 7:277<<strong>br</strong> />

107


A manipulação [do intento] <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> uma ordem <strong>da</strong><strong>da</strong> a si mesmo; a ordem<<strong>br</strong> />

é então repeti<strong>da</strong> até tornar-se a ordem <strong>da</strong> Águia, e então o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

se desloca <strong>da</strong> maneira deseja<strong>da</strong> no momento em que os guerreiros atingem o silêncio<<strong>br</strong> />

interior. 7:277<<strong>br</strong> />

O fato de que tal mano<strong>br</strong>a seja possível é algo <strong>da</strong> maior importância para os<<strong>br</strong> />

videntes, tanto os antigos quanto os novos, por motivos diametralmente opostos.<<strong>br</strong> />

Sabê-lo permitiu aos antigos videntes deslocar seus pontos de aglutinação a posições<<strong>br</strong> />

de sonho inconcebíveis no desconhecido imensurável; para os novos videntes, significa<<strong>br</strong> />

recusar-se a ser alimento, significa escapar <strong>da</strong> Águia através do deslocamento de<<strong>br</strong> />

seus pontos de aglutinação para a posição de sonho chama<strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de total.<<strong>br</strong> />

Aceite o desafio de intentar. Empenhe sua determinação silenciosa,<<strong>br</strong> />

sem qualquer pensamento, em convencer-se de que alcançou o<<strong>br</strong> />

corpo energético e de que é um sonhador. Isso irá automaticamente<<strong>br</strong> />

colocá-lo na posição de estar consciente de que está caindo<<strong>br</strong> />

no sono. 9:41<<strong>br</strong> />

Quando você ouve que precisa se convencer [de que é um sonhador],<<strong>br</strong> />

imediatamente se torna mais racional. Como pode se convencer<<strong>br</strong> />

de que é um sonhador quando sabe que não é? Intentar é<<strong>br</strong> />

as duas coisas: o ato de convencer a si próprio de que é de fato<<strong>br</strong> />

um sonhador, apesar de nunca ter sonhado antes, e o ato de ficar<<strong>br</strong> />

convencido. 9:41<<strong>br</strong> />

Intentar é muito mais simples e, ao mesmo tempo, infinitamente mais<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>plexo do que [dizer a si próprio que é um sonhador e tentar o<<strong>br</strong> />

máximo possível acreditar nisso]. Exige imaginação, disciplina, objetivo.<<strong>br</strong> />

Neste caso, intentar significa que você obtém um conhecimento<<strong>br</strong> />

inquestionavelmente corporal de que é um sonhador. Você<<strong>br</strong> />

sente que é um sonhador <strong>com</strong> to<strong>da</strong>s as células do corpo. 9:41<<strong>br</strong> />

5.7.1.1 O PONTO DE PARTIDA<<strong>br</strong> />

Vou repetir o que você deve fazer em seu sonho para atravessar o<<strong>br</strong> />

primeiro portão do sonhar. Primeiro deve focalizar sua vista em<<strong>br</strong> />

qualquer coisa que você escolha <strong>com</strong>o ponto de parti<strong>da</strong>. Em segui<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vire-se para outros itens e dê olha<strong>da</strong>s <strong>br</strong>eves. Focalize seu<<strong>br</strong> />

olhar no máximo de coisas que puder. Lem<strong>br</strong>e-se de que, se você<<strong>br</strong> />

olhar rapi<strong>da</strong>mente, as imagens não mu<strong>da</strong>m. Em segui<strong>da</strong> volte para<<strong>br</strong> />

o item original, o primeiro para o qual você olhou. 9:45<<strong>br</strong> />

Alcançamos o primeiro portão de sonhar ficando conscientes de que<<strong>br</strong> />

estamos caindo no sono ou tendo um sonho gigantescamente real.<<strong>br</strong> />

Depois de termos alcançado o portão, devemos atravessá-lo podendo<<strong>br</strong> />

manter a visão de qualquer item do sonho. 9:46<<strong>br</strong> />

108


[Os itens dos sonhos se dissipam muito rápido]. Para <strong>com</strong>pensar a<<strong>br</strong> />

quali<strong>da</strong>de evanescente dos sonhos, os feiticeiros inventaram o<<strong>br</strong> />

uso do item ponto de parti<strong>da</strong>. To<strong>da</strong> vez que você o isola e olha<<strong>br</strong> />

para ele, recebe um jorro de energia, de modo que no princípio<<strong>br</strong> />

não olhe muitas coisas em seus sonhos. Quatro itens já bastam.<<strong>br</strong> />

Mais tarde você pode alargar o alcance até poder abarcar tudo o<<strong>br</strong> />

que quiser, mas assim que as imagens <strong>com</strong>eçarem a mu<strong>da</strong>r e você<<strong>br</strong> />

sentir que está perdendo o controle, volte para o item ponto de<<strong>br</strong> />

parti<strong>da</strong> e <strong>com</strong>ece tudo de novo. 9:46<<strong>br</strong> />

A coisa mais espantosa que acontece <strong>com</strong> os sonhadores é que, ao<<strong>br</strong> />

chegar ao primeiro portão, também chegam ao corpo energético<<strong>br</strong> />

– uma contraparti<strong>da</strong> do corpo físico. Uma configuração<<strong>br</strong> />

fantasmagórica feita de pura energia, [<strong>com</strong>o um corpo físico]. 9:46<<strong>br</strong> />

A diferença é que o corpo energético tem apenas aparência, não<<strong>br</strong> />

tem massa. Como é energia pura, ele pode realizar atos além <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>des do corpo físico, <strong>com</strong>o se transportar num instante até<<strong>br</strong> />

os confins do universo. Sonhar é a arte de afinar o corpo energético,<<strong>br</strong> />

de torná-lo flexível e coerente através do exercício gradual 9:47<<strong>br</strong> />

Através do sonhar condensamos o corpo energético até que ele<<strong>br</strong> />

se torne uma uni<strong>da</strong>de capaz de perceber. Sua percepção, apesar<<strong>br</strong> />

de afeta<strong>da</strong> por nosso modo normal de perceber o mundo cotidiano,<<strong>br</strong> />

é independente. Tem sua própria esfera.<<strong>br</strong> />

Essa esfera é a energia. O corpo energético li<strong>da</strong> <strong>com</strong> energia em<<strong>br</strong> />

termos de energia. Existem três modos através dos quais ele li<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a energia nos sonhos. Ele pode perceber a energia enquanto<<strong>br</strong> />

ela flui, pode usar a energia para lançar-se <strong>com</strong>o um foguete até<<strong>br</strong> />

áreas inespera<strong>da</strong>s, ou pode perceber <strong>com</strong>o percebemos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>umente o mundo. 9:47<<strong>br</strong> />

[Perceber a energia enquanto ela flui] significa ver. Significa que<<strong>br</strong> />

o corpo energético vê a energia diretamente <strong>com</strong>o uma luz, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma espécie de corrente vi<strong>br</strong>atória ou <strong>com</strong>o uma perturbação.<<strong>br</strong> />

Ou então sente-a <strong>com</strong>o um tranco ou uma sensação que pode ser<<strong>br</strong> />

até dolorosa.<<strong>br</strong> />

Como a energia é a sua esfera, não há problema para o corpo<<strong>br</strong> />

energético usar correntes de energia que existem no universo para<<strong>br</strong> />

impulsioná-lo. Tudo o que precisa é isolar essas correntes, e lá se<<strong>br</strong> />

vai ele. 9:47<<strong>br</strong> />

Já disse antes que, em seus sonhos, os feiticeiros isolam batedores<<strong>br</strong> />

de outras esferas. Seu corpo energético faz isso. Reconhece a<<strong>br</strong> />

energia e vai atrás dela. Mas não é desejável que os feiticeiros<<strong>br</strong> />

fiquem procurando batedores. Eu estava relutando em dizer isso<<strong>br</strong> />

a você, por causa <strong>da</strong> facili<strong>da</strong>de <strong>com</strong> que podemos ficar envolvidos<<strong>br</strong> />

nessa busca. 9:47<<strong>br</strong> />

109


Alcançar, <strong>com</strong> controle deliberado, o primeiro portão de sonhar é um modo de<<strong>br</strong> />

chegar ao corpo energético. Mas manter esse ganho é uma questão que implica apenas<<strong>br</strong> />

energia. Os feiticeiros obtêm essa energia reestruturando de modo mais inteligente<<strong>br</strong> />

a energia que possuem e que usam para perceber o mundo cotidiano. 9:48<<strong>br</strong> />

5.7.1.2 O CAMINHO DOS FEITICEIROS<<strong>br</strong> />

Todos nós temos uma determina<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de energia básica. Essa quanti<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

é to<strong>da</strong> a energia que possuímos, e usamos to<strong>da</strong> ela para perceber e li<strong>da</strong>r <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

nosso mundo envolvente. Em nenhum lugar existe mais energia para nós, já que nossa<<strong>br</strong> />

energia disponível está ocupa<strong>da</strong>, e não so<strong>br</strong>a nem um pouquinho para qualquer percepção<<strong>br</strong> />

extraordinária <strong>com</strong>o, por exemplo, sonhar. 9:48<<strong>br</strong> />

Isto nos deixa tendo que arranjar energia por conta própria, onde<<strong>br</strong> />

quer que possamos encontrá-la. 9:48<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros têm um método de arranjá-la. Eles redistribuem inteligentemente<<strong>br</strong> />

sua energia cortando tudo o que considerem supérfluo em suas vi<strong>da</strong>s. Chama esse método<<strong>br</strong> />

de caminho dos feiticeiros. Em essência, o caminho dos feiticeiros é uma cadeia de escolhas<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>portamento ao li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> o mundo, escolhas muito mais inteligentes do que<<strong>br</strong> />

aquelas que nossos pais nos ensinaram. Essas escolhas dos feiticeiros destinam-se a re<strong>com</strong>por<<strong>br</strong> />

nossas vi<strong>da</strong>s alterando nossas reações básicas <strong>com</strong> relação a estarmos vivos. 9:48<<strong>br</strong> />

Existem dois meios de enfrentar o fato de estarmos vivos. Um é render-se<<strong>br</strong> />

a ele, seja concor<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong> suas exigências, seja lutando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> elas. Outro é mol<strong>da</strong>ndo nossa situação particular de vi<strong>da</strong> para<<strong>br</strong> />

que ela se a<strong>da</strong>pte a nossas próprias configurações.<<strong>br</strong> />

Nossa situação particular de vi<strong>da</strong> pode ser mol<strong>da</strong><strong>da</strong> para se ajustar<<strong>br</strong> />

às nossas especificações. Os sonhadores fazem isso. 9:49<<strong>br</strong> />

Quando os feiticeiros falam de mol<strong>da</strong>r nossa situação de vi<strong>da</strong> estão<<strong>br</strong> />

falando de mol<strong>da</strong>r a consciência de estar vivo. Mol<strong>da</strong>ndo essa<<strong>br</strong> />

consciência podemos conseguir energia suficiente para alcançar<<strong>br</strong> />

e manter o corpo energético, e <strong>com</strong> ele certamente podemos<<strong>br</strong> />

mol<strong>da</strong>r a direção total e as conseqüências de nossas vi<strong>da</strong>s. 9:49<<strong>br</strong> />

5.7.1.3 AS BARREIRAS DA MENTE<<strong>br</strong> />

Não pense meramente no que disse, mas transforme esses conceitos num<<strong>br</strong> />

modo factível de vi<strong>da</strong> através de um processo de repetição. Tudo que é novo em nossas<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>s, <strong>com</strong>o os conceitos dos feiticeiros, deve ser repetido até a exaustão, antes<<strong>br</strong> />

que possamos nos a<strong>br</strong>ir para eles. A repetição é o modo pelo qual nossos progenitores<<strong>br</strong> />

nos socializaram para funcionar no mundo cotidiano. 9:49<<strong>br</strong> />

110


Exercitar a atenção sonhadora é o ponto essencial no sonhar. Para a mente,<<strong>br</strong> />

entretanto, parece impossível podermos nos exercitar para ficar conscientes no nível<<strong>br</strong> />

dos sonhos. O elemento ativo desse treinamento é a persistência, e a mente e to<strong>da</strong>s as<<strong>br</strong> />

suas defesas racionais não podem enfrentar a persistência. Cedo ou tarde, as barreiras<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> mente desmoronam sob seu impacto, e a atenção sonhadora floresce.<<strong>br</strong> />

À medi<strong>da</strong> que ganhamos maior controle so<strong>br</strong>e nossos sonhos, também aumentamos<<strong>br</strong> />

o controle so<strong>br</strong>e nossa atenção sonhadora. A atenção sonhadora entra em<<strong>br</strong> />

ação ao ser chama<strong>da</strong>, quando recebe um objetivo. Ela entrar em ação não é realmente<<strong>br</strong> />

um processo: um sistema contínuo de operações ou uma série de ações ou funções<<strong>br</strong> />

que produzem um resultado. É mais parecido <strong>com</strong> acor<strong>da</strong>r. Uma coisa adormeci<strong>da</strong> que<<strong>br</strong> />

se torna subitamente funcional. 9:50<<strong>br</strong> />

É o fato de você estar entrando na segun<strong>da</strong> atenção que lhe dá a<<strong>br</strong> />

sensação de autoconfiança. Isso pede ain<strong>da</strong> mais so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

sua parte. Vá devagar, mas não pare. E, acima de tudo, não fale a<<strong>br</strong> />

respeito. Apenas faça! 9:52<<strong>br</strong> />

A parte mais difícil é romper a barreira inicial que nos impede de trazer o<<strong>br</strong> />

sonho à atenção consciente: uma barreira psicológica cria<strong>da</strong> por nossa socialização,<<strong>br</strong> />

que valoriza o fato de desconsiderarmos os sonhos. 9:52<<strong>br</strong> />

A barreira é mais que socialização. É o primeiro portão do sonhar.<<strong>br</strong> />

Tem a ver <strong>com</strong> o fluxo de energia no universo. É um obstáculo<<strong>br</strong> />

natural. 9:52<<strong>br</strong> />

Nós não estamos sozinhos neste mundo. Digamos que existem outros<<strong>br</strong> />

mundos disponíveis para os sonhadores; mundos inteiros. Algumas<<strong>br</strong> />

vezes enti<strong>da</strong>des energéticas vêm desses mundos até nós. Da próxima<<strong>br</strong> />

vez em que se ouvir resmungando consigo mesmo nos sonhos,<<strong>br</strong> />

fique <strong>com</strong> raiva e grite uma ordem. Diga: Para <strong>com</strong> isso! 9:54<<strong>br</strong> />

5.7.2 ACORDANDO EM OUTRO SONHO<<strong>br</strong> />

Você alcança o segundo portão do sonhar quando acor<strong>da</strong> de um sonho<<strong>br</strong> />

em outro sonho. Você pode ter quantos sonhos queira ou<<strong>br</strong> />

quantos seja capaz de ter, mas deve exercer um controle adequado<<strong>br</strong> />

e não acor<strong>da</strong>r no mundo que conhecemos. 9:57<<strong>br</strong> />

[Não quis dizer que nunca se deve acor<strong>da</strong>r nesse mundo, mas é] preciso<<strong>br</strong> />

dizer que é uma alternativa. Os feiticeiros <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de costumavam<<strong>br</strong> />

fazer isso, nunca acor<strong>da</strong>r no mundo que conhecemos; mas não<<strong>br</strong> />

re<strong>com</strong>endo. O que desejo é que você acorde naturalmente quando<<strong>br</strong> />

terminar de sonhar. Mas, enquanto está sonhando, quero que sonhe<<strong>br</strong> />

que acordou em outro sonho. Esse controle não é diferente do controle<<strong>br</strong> />

que temos so<strong>br</strong>e qualquer situação de nossas vi<strong>da</strong>s cotidianas. 9:57<<strong>br</strong> />

111


Existe um problema <strong>com</strong> o segundo portão. É um problema que pode<<strong>br</strong> />

ser sério, dependendo <strong>da</strong> tendência do caráter de ca<strong>da</strong> um. Se<<strong>br</strong> />

nossa tendência for para nos entregarmos às coisas ou às situações,<<strong>br</strong> />

poderemos levar um soco no queixo.<<strong>br</strong> />

Pense por um instante. Você já experimentou a alegria exótica de<<strong>br</strong> />

examinar o conteúdo dos seus sonhos. Imagine-se indo de sonho<<strong>br</strong> />

em sonho, olhando tudo, examinando ca<strong>da</strong> detalhe. É muito fácil<<strong>br</strong> />

perceber que podemos afun<strong>da</strong>r em profundezas mortais. Especialmente<<strong>br</strong> />

se somos <strong>da</strong>dos a nos entregar.<<strong>br</strong> />

Se fosse uma situação de sono natural, ou seja, normal, [o corpo<<strong>br</strong> />

ou o cére<strong>br</strong>o poria um ponto final nisso]. Mas essa não é uma<<strong>br</strong> />

situação normal. Isso é o sonhar. Um sonhador, ao cruzar o primeiro<<strong>br</strong> />

portão, já chegou ao corpo energético. O que realmente<<strong>br</strong> />

atravessa o segundo portão, saltando de sonho em sonho, é o<<strong>br</strong> />

corpo energético.<<strong>br</strong> />

A implicação [de tudo isso] é que, ao cruzar o segundo portão, você<<strong>br</strong> />

deve intentar um controle maior e mais só<strong>br</strong>io de sua atenção sonhadora:<<strong>br</strong> />

a única válvula de segurança para os sonhadores.<<strong>br</strong> />

Você vai desco<strong>br</strong>ir sozinho que o ver<strong>da</strong>deiro objetivo do sonhar é<<strong>br</strong> />

aperfeiçoar o corpo energético. Um corpo energético perfeito – entre<<strong>br</strong> />

outras coisas, claro – tem um controle tão grande so<strong>br</strong>e a atenção<<strong>br</strong> />

sonhadora a ponto de fazer <strong>com</strong> que o sonho pare quando for<<strong>br</strong> />

preciso. Essa é a válvula de segurança que os sonhadores têm. Não<<strong>br</strong> />

importa o quanto eles se entreguem num determinado momento,<<strong>br</strong> />

sua atenção sonhadora deve fazer <strong>com</strong> que possam emergir. 9:58<<strong>br</strong> />

5.7.2.1 SEGUINDO OS BATEDORES<<strong>br</strong> />

Você chegou ao segundo portão do sonhar. Em segui<strong>da</strong> você deve<<strong>br</strong> />

atravessá-lo. Atravessar o segundo portão é uma coisa muito séria;<<strong>br</strong> />

requer um esforço extremamente disciplinado. 9:60<<strong>br</strong> />

Existem dois modos de cruzar o segundo portão do sonhar. Um é acor<strong>da</strong>r em<<strong>br</strong> />

outro sonho, isto é, sonhar que está tendo um sonho e em segui<strong>da</strong> sonhar que está<<strong>br</strong> />

acor<strong>da</strong>ndo dele. A outra alternativa é usar os itens de um sonho para disparar outro<<strong>br</strong> />

sonho. 9:60<<strong>br</strong> />

Você já <strong>com</strong>preende que os portões do sonhar são obstáculos específicos,<<strong>br</strong> />

mas ain<strong>da</strong> não <strong>com</strong>preendeu que o exercício para alcançar<<strong>br</strong> />

e atravessar um portão não é o que realmente diz respeito a<<strong>br</strong> />

esse portão. 9:125<<strong>br</strong> />

Quero dizer que não é ver<strong>da</strong>deiro falar, por exemplo, que o segundo<<strong>br</strong> />

portão é alcançado e atravessado quando um sonhador aprende<<strong>br</strong> />

a acor<strong>da</strong>r em outro sonho, ou quando um sonhador aprende a<<strong>br</strong> />

112


mu<strong>da</strong>r de sonhos sem acor<strong>da</strong>r no mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. Porque<<strong>br</strong> />

o segundo portão de sonhar é alcançado e atravessado somente<<strong>br</strong> />

quando o sonhador aprende a isolar e a seguir os batedores<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> energia estranha.<<strong>br</strong> />

Acor<strong>da</strong>r em outro sonho ou mu<strong>da</strong>r de sonho é o exercício imaginado<<strong>br</strong> />

pelos feiticeiros antigos para treinar a capaci<strong>da</strong>de do sonhador<<strong>br</strong> />

isolar e seguir um batedor. 9:125<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>e-se, a espreita dos seres inorgânicos é o campo dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos. Para chegar lá eles fixaram <strong>com</strong> to<strong>da</strong> a tenaci<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

sua atenção sonhadora nos itens de seus sonhos. Desse modo<<strong>br</strong> />

podiam isolar os batedores. E quando estavam <strong>com</strong> os batedores<<strong>br</strong> />

em foco, gritavam o intento de segui-los. No instante em que<<strong>br</strong> />

verbalizavam esse intento, eles iam, puxados pela energia estranha.<<strong>br</strong> />

9:105<<strong>br</strong> />

5.7.2.2 ENTRANDO NUMA ZONA DE GUERRA<<strong>br</strong> />

A capaci<strong>da</strong>de de seguir um batedor é uma grande realização, e quando os<<strong>br</strong> />

sonhadores conseguem fazê-lo, o segundo portão é escancarado e o universo que<<strong>br</strong> />

existe por trás dele torna-se acessível. Esse universo está lá o tempo todo, mas não<<strong>br</strong> />

podemos chegar a ele porque não temos habili<strong>da</strong>de energética e, em essência, o segundo<<strong>br</strong> />

portão do sonhar é a porta para o mundo dos seres inorgânicos, e o sonhar é a<<strong>br</strong> />

chave que a<strong>br</strong>e essa porta. 9:125<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos haviam criado uma série de exercícios perfeitos para atravessar<<strong>br</strong> />

os portões do sonhar e ir até os mundos que existem atrás de ca<strong>da</strong> um deles. O<<strong>br</strong> />

sonhar, sendo invenção dos feiticeiros antigos, deve ser jogado segundo suas regras. 9:126<<strong>br</strong> />

A regra do segundo portão [é descrita] em três etapas: primeiro, através do<<strong>br</strong> />

exercício de mu<strong>da</strong>r os sonhos os sonhadores desco<strong>br</strong>em os batedores; segundo, ao seguir<<strong>br</strong> />

os batedores, eles entram em outro universo verídico; e terceiro, lá, através de seus atos,<<strong>br</strong> />

os feiticeiros desco<strong>br</strong>em sozinhos as leis e os regulamentos <strong>da</strong>quele universo. 9:126<<strong>br</strong> />

Você precisa continuar até chegar ao universo que há por trás do<<strong>br</strong> />

segundo portão. Quero dizer que você sozinho deve aceitar ou<<strong>br</strong> />

rejeitar o chamariz dos seres inorgânicos. 9:127<<strong>br</strong> />

Fui forçado a [ensinar so<strong>br</strong>e sonhar] somente porque esse é o padrão<<strong>br</strong> />

determinado pelos feiticeiros antigos. O caminho do sonhar<<strong>br</strong> />

é cheio de armadilhas, e evitar essas armadilhas ou cair nelas é o<<strong>br</strong> />

problema pessoal e individual de ca<strong>da</strong> sonhador, e devo acrescentar<<strong>br</strong> />

que é um problema definitivo. 9:127<<strong>br</strong> />

113


O desafio é ca<strong>da</strong> um de nós pegar apenas o que for necessário naquele<<strong>br</strong> />

mundo, e na<strong>da</strong> mais. Saber o que é necessário é a virtude<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros; mas pegar apenas o necessário é sua maior realização.<<strong>br</strong> />

Deixar de <strong>com</strong>preender essa regra simples é o meio mais<<strong>br</strong> />

seguro de despencar numa armadilha.<<strong>br</strong> />

Se você cair, você paga o preço, e o preço depende <strong>da</strong>s circunstâncias<<strong>br</strong> />

e do tamanho <strong>da</strong> que<strong>da</strong>. Mas realmente não há meio de<<strong>br</strong> />

falar de uma eventuali<strong>da</strong>de dessas, porque não estamos enfrentando<<strong>br</strong> />

um problema de punição. Aqui o que está em jogo são correntes<<strong>br</strong> />

energéticas; correntes energéticas que criam circunstâncias<<strong>br</strong> />

mais apavorantes do que a morte. Tudo no caminho dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

é questão de vi<strong>da</strong> ou morte, mas no caminho do sonhar<<strong>br</strong> />

essa questão é multiplica<strong>da</strong> por cem. 9:127-128<<strong>br</strong> />

Só sei que o universo por trás do segundo portão é o mais próximo<<strong>br</strong> />

do nosso; e o nosso próprio universo é bastante malicioso e desprovido<<strong>br</strong> />

de sentimentos. De modo que os dois não podem ser tão<<strong>br</strong> />

diferentes. 9:128<<strong>br</strong> />

O universo dos seres inorgânicos está sempre pronto a atacar. Mas o<<strong>br</strong> />

nosso também. Por isso você precisa chegar ao reino deles exatamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se estivesse entrando numa zona de guerra.<<strong>br</strong> />

Uma vez que o sonhador passar para o universo atrás do segundo<<strong>br</strong> />

portão, ou assim que se recusar a considerá-lo uma opção viável,<<strong>br</strong> />

não há mais dor de cabeça. 9:128<<strong>br</strong> />

Somente então os sonhadores ficam livres para prosseguir. 9:128 O universo atrás<<strong>br</strong> />

do segundo portão é tão agressivo que serve <strong>com</strong>o filtro natural ou <strong>com</strong>o um campo de<<strong>br</strong> />

provas onde a fraqueza dos sonhadores é testa<strong>da</strong>. Se so<strong>br</strong>eviverem aos testes, eles<<strong>br</strong> />

podem ir para o portão seguinte; caso contrário, permanecem presos para sempre<<strong>br</strong> />

naquele universo. 9:129<<strong>br</strong> />

5.7.2.3 OS SERES INORGÂNICOS<<strong>br</strong> />

A vi<strong>da</strong> e a consciência, por serem exclusivamente questão de energia, não são<<strong>br</strong> />

proprie<strong>da</strong>de única dos organismos. Os feiticeiros vêem que existem dois tipos de seres<<strong>br</strong> />

conscientes perambulando pela Terra, os orgânicos e os inorgânicos; e, ao <strong>com</strong>parar<<strong>br</strong> />

um <strong>com</strong> o outro, vêem que ambos são massas luminosas atravessa<strong>da</strong>s, de todos os<<strong>br</strong> />

ângulos imagináveis, por milhões dos filamentos de energia do universo. São diferentes<<strong>br</strong> />

entre si na forma e no <strong>br</strong>ilho. Os seres inorgânicos são longos, parecidos <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

velas, porém opacos, enquanto os seres orgânicos são redondos e muito mais <strong>br</strong>ilhantes.<<strong>br</strong> />

Outra diferença digna de nota – que os feiticeiros vêem – é que a vi<strong>da</strong> e a consciência<<strong>br</strong> />

dos seres orgânicos são curtas, porque eles são feitos para o movimento rápido<<strong>br</strong> />

114


e a pressa, enquanto a vi<strong>da</strong> dos seres inorgânicos é infinitamente mais longa, e sua<<strong>br</strong> />

consciência infinitamente mais calma e profun<strong>da</strong>. 9:61<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros não tiveram qualquer problema em interagir <strong>com</strong> eles.<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos possuem o ingrediente crucial para a interação:<<strong>br</strong> />

a consciência. 9:61<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, ter vi<strong>da</strong> significa ter consciência. Significa ter um<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação e o <strong>br</strong>ilho de consciência ao redor. Essa condição<<strong>br</strong> />

mostra aos feiticeiros que o ser que está à sua frente, orgânico<<strong>br</strong> />

ou inorgânico, é totalmente capaz de perceber. A percepção<<strong>br</strong> />

é vista pelos feiticeiros <strong>com</strong>o a precondição para estar vivo. 9:62<<strong>br</strong> />

Com [os seres inorgânicos], é muito difícil dizer o que é o quê. Digamos<<strong>br</strong> />

que esses seres são atraídos por nós, ou melhor, são <strong>com</strong>pelidos<<strong>br</strong> />

a interagir conosco. 9:62<<strong>br</strong> />

A dificul<strong>da</strong>de <strong>com</strong> os seres inorgânicos é que sua consciência é<<strong>br</strong> />

muito lenta em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> a nossa. Leva anos até um feiticeiro<<strong>br</strong> />

ser percebido pelos seres inorgânicos. De modo que é aconselhável<<strong>br</strong> />

ter paciência e esperar. Cedo ou tarde eles aparecem.<<strong>br</strong> />

Mas não <strong>com</strong>o você ou eu. Eles têm um jeito muito especial de se<<strong>br</strong> />

mostrar. 9:62<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros os atraem nos sonhos. Eu disse que o que estava envolvido<<strong>br</strong> />

era mais do que atrai-los; através do ato de sonhar os<<strong>br</strong> />

feiticeiros o<strong>br</strong>igam esses seres a interagir <strong>com</strong> eles. 9:63<<strong>br</strong> />

Sonhar é manter o posicionamento para o qual o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

mudou nos sonhos. Esse ato cria uma carga energética especial<<strong>br</strong> />

que atrai a atenção deles. É <strong>com</strong>o isca para peixe; eles vão atrás.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros, ao atravessar os dois primeiros portões do sonhar,<<strong>br</strong> />

lançam a isca para esses seres e o<strong>br</strong>igam-nos a aparecer. 9:63<<strong>br</strong> />

Atravessando os dois portões você faz <strong>com</strong> que eles notem sua<<strong>br</strong> />

isca. Agora precisa esperar um sinal. Possivelmente o aparecimento<<strong>br</strong> />

de um deles. Sou de opinião que o sinal deles será simplesmente<<strong>br</strong> />

alguma interferência em seu sonhar. Acredito que os<<strong>br</strong> />

choques de medo que você está experimentando atualmente não<<strong>br</strong> />

sejam indigestão, e sim choques de energia man<strong>da</strong>dos pelos seres<<strong>br</strong> />

inorgânicos. 9:63<<strong>br</strong> />

Algumas vezes eles se materializam no mundo cotidiano, bem na<<strong>br</strong> />

nossa frente. Na maioria <strong>da</strong>s vezes, entretanto, sua presença invisível<<strong>br</strong> />

é marca<strong>da</strong> por um choque físico; uma espécie de tremor<<strong>br</strong> />

que vem do tutano dos ossos.<<strong>br</strong> />

No sonhar temos o oposto total. Às vezes nós os sentimos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

você está sentindo, <strong>com</strong>o um choque de medo. Na maioria <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

vezes eles se materializam à nossa frente. Como no início do sonhar<<strong>br</strong> />

não temos qualquer experiência, eles podem nos provocar<<strong>br</strong> />

115


um medo sem tamanho. Um ver<strong>da</strong>deiro perigo para nós. Através<<strong>br</strong> />

do canal do medo eles podem nos seguir até o mundo cotidiano,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> resultados desastrosos.<<strong>br</strong> />

O medo pode se estabelecer em nossas vi<strong>da</strong>s e teríamos de nos<<strong>br</strong> />

desgarrar de tudo para poder li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> ele. Os seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

podem ser piores do que uma peste. Através do medo eles podem<<strong>br</strong> />

facilmente levar-nos à loucura total. 9:64<<strong>br</strong> />

Nossa expectativa normal, ao entrarmos em interação <strong>com</strong> os humanos ou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> outros seres orgânicos, é receber uma resposta imediata à nossa solicitação. Os<<strong>br</strong> />

seres inorgânicos, entretanto, são separados de nós por uma barreira gigantesca: a<<strong>br</strong> />

energia que se move a diferentes veloci<strong>da</strong>des. Os feiticeiros devem levar em conta essa<<strong>br</strong> />

diferença, medir suas expectativas e manter a solicitação pelo tempo necessário para<<strong>br</strong> />

que ela seja confirma<strong>da</strong>. 9:63<<strong>br</strong> />

[A solicitação é a mesma coisa que o treinamento do sonhar], mas<<strong>br</strong> />

para um resultado perfeito você deve acrescentar ao seu treino o<<strong>br</strong> />

intento de alcançar esses seres inorgânicos. Man<strong>da</strong>r para eles um<<strong>br</strong> />

sentimento de poder e de confiança, um sentimento de força, de<<strong>br</strong> />

desprendimento. Evitar a todo custo man<strong>da</strong>r um sentimento de<<strong>br</strong> />

medo ou de morbidez. Eles já são bastante mórbidos; é desnecessário<<strong>br</strong> />

acrescentar a sua morbidez, para dizer o mínimo. 9:64<<strong>br</strong> />

[Eis o que os feiticeiros fazem <strong>com</strong> os seres inorgânicos]: Unem-se a<<strong>br</strong> />

eles. Transformam-nos em aliados. Formam associações, criam amizades<<strong>br</strong> />

extraordinárias. Eu as chamo de vastos empreendimentos,<<strong>br</strong> />

onde a percepção representa o papel principal. Somos seres sociais.<<strong>br</strong> />

Buscamos inevitavelmente a <strong>com</strong>panhia <strong>da</strong> consciência. 9:64<<strong>br</strong> />

O segredo, <strong>com</strong> os seres inorgânicos, é não ter medo. E isso deve ser<<strong>br</strong> />

feito desde o início. Temos de man<strong>da</strong>r para eles um intento de poder<<strong>br</strong> />

e desapego. Nesse intento podemos codificar a mensagem: ‘Não<<strong>br</strong> />

tenho medo de você. Venha me ver. Se vier, dou as boas-vin<strong>da</strong>s. Se<<strong>br</strong> />

não quiser vir, vou sentir sua falta’. Com uma mensagem assim, eles<<strong>br</strong> />

ficarão tão curiosos que certamente irão aparecer. 9:64<<strong>br</strong> />

Os sonhadores, querendo ou não, buscam em seus sonhos associações<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> outros seres. Isso pode ser um choque para você, mas<<strong>br</strong> />

os sonhadores automaticamente buscam grupos de seres; nexos<<strong>br</strong> />

de seres inorgânicos, neste caso. Os sonhadores procuram-nos<<strong>br</strong> />

avi<strong>da</strong>mente. 9:65<<strong>br</strong> />

Para nós, a novi<strong>da</strong>de são os seres inorgânicos. E a novi<strong>da</strong>de para<<strong>br</strong> />

eles é a nossa maneira de cruzar as fronteiras até o seu reino. De<<strong>br</strong> />

agora em diante você deve ter em mente que os seres inorgânicos,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> sua consciência soberba, exercem uma tremen<strong>da</strong> atração<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e os sonhadores e podem facilmente transportá-los para mundos<<strong>br</strong> />

além de qualquer descrição.<<strong>br</strong> />

116


Os feiticeiros <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de usavam-nos, e foram eles que cunharam<<strong>br</strong> />

seu nome: aliados. Seus aliados lhes ensinaram a mover<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação para fora dos limites do ovo, para o universo<<strong>br</strong> />

não-humano. Quando transportam um feiticeiro, eles transportam-no<<strong>br</strong> />

para mundos além do domínio humano. 9:65<<strong>br</strong> />

Nas questões dos seres inorgânicos sou praticamente um principiante.<<strong>br</strong> />

Recusei essa parte do conhecimento dos feiticeiros porque é<<strong>br</strong> />

muito confusa e caprichosa. Não desejo ficar à mercê de qualquer<<strong>br</strong> />

enti<strong>da</strong>de, orgânica ou inorgânica. 9:72<<strong>br</strong> />

A melhor coisa a fazer <strong>com</strong> os seres inorgânicos é o que você faz:<<strong>br</strong> />

negar sua existência, mas visitá-los <strong>com</strong> regulari<strong>da</strong>de e afirmar<<strong>br</strong> />

que está sonhando, e que nos sonhos tudo é possível. Desse modo<<strong>br</strong> />

você não se <strong>com</strong>promete. 9:74<<strong>br</strong> />

Minha re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>ção é que você expulse o medo dos sonhos e <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>, para salvaguar<strong>da</strong>r sua uni<strong>da</strong>de. 9:72<<strong>br</strong> />

5.7.2.4 UM ALIADO NO CAMINHO DO CONHECIMENTO<<strong>br</strong> />

Um aliado é um poder que um homem pode introduzir em sua vi<strong>da</strong> para ajudálo,<<strong>br</strong> />

aconselhá-lo e <strong>da</strong>r-lhe a força necessária para executar atos, grande ou pequenos,<<strong>br</strong> />

certos ou errados. Este aliado é necessário para realçar a vi<strong>da</strong> de um homem, orientar<<strong>br</strong> />

suas ações e aumentar seus conhecimentos. 1:58<<strong>br</strong> />

Um aliado o fará ver e <strong>com</strong>preender coisas a respeito <strong>da</strong>s quais nenhum<<strong>br</strong> />

ser humano poderia esclarecê-lo. Não é guar<strong>da</strong> nem anjo.<<strong>br</strong> />

De fato, um aliado é o auxiliar indispensável do conhecimento. 1:58<<strong>br</strong> />

Um aliado é um poder capaz de transportar o homem além dos limites<<strong>br</strong> />

dele mesmo. É assim que um aliado pode revelar assuntos<<strong>br</strong> />

que nenhum ser humano poderia revelar. Um aliado [tira a pessoa<<strong>br</strong> />

dela mesma] para lhe <strong>da</strong>r poder. 1:59<<strong>br</strong> />

Os aliados não são nem bons nem maus, mas são utilizados pelos<<strong>br</strong> />

feiticeiros para qualquer fim que eles queiram. 2:42<<strong>br</strong> />

As pessoas reais parecem ovos luminosos quando você as vê. As<<strong>br</strong> />

não-pessoas sempre parecem pessoas. É isso que eu quero dizer<<strong>br</strong> />

quando digo que a gente não pode ver um aliado. Os aliados assumem<<strong>br</strong> />

formas diferentes. Parecem cães, coiotes, pássaros, até o<<strong>br</strong> />

amaranto, ou qualquer outra coisa. A única diferença é que quando<<strong>br</strong> />

você os vê, eles continuam a parecer exatamente o que fingem<<strong>br</strong> />

ser. Tudo tem o seu jeito de ser quando você vê. Assim <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

os homens parecem ovos, outras coisas parecem outras coisas,<<strong>br</strong> />

mas os aliados só podem ser vistos na forma que aparentam. Essa<<strong>br</strong> />

forma serve para tapear a vista; isto é, a nossa vista.<<strong>br</strong> />

117


Tudo o que [os aliados] fazem tem um significado. Dos atos deles, às<<strong>br</strong> />

vezes, um feiticeiro pode extrair seu poder. Mesmo que um feiticeiro<<strong>br</strong> />

não tenha um aliado próprio, conquanto que saiba ver, pode<<strong>br</strong> />

manejar o poder observando os atos dos aliados. 2:44<<strong>br</strong> />

Em <strong>com</strong>panhia dos homens, <strong>com</strong>portam-se <strong>com</strong>o homens. Na <strong>com</strong>panhia<<strong>br</strong> />

de animais, <strong>com</strong>portam-se <strong>com</strong>o animais. Os animais geralmente<<strong>br</strong> />

têm medo deles; mas se estiverem habituados a ver os<<strong>br</strong> />

aliados, não os importunam. Nós mesmos fazemos coisa semelhante.<<strong>br</strong> />

Temos centenas de aliados entre nós, mas não os importunamos.<<strong>br</strong> />

Como os nossos olhos só podem olhar para as coisas,<<strong>br</strong> />

nem reparamos neles. 2:44<<strong>br</strong> />

Os aliados apenas tomam a aparência exterior do que estiver por<<strong>br</strong> />

perto e então pensamos que eles são o que não são. Não é culpa<<strong>br</strong> />

deles que tenhamos ensinado a nossos olhos a só olhar para as<<strong>br</strong> />

coisas. 2:42<<strong>br</strong> />

Um aliado é uma força, uma tensão. O único meio de saber o que é<<strong>br</strong> />

um aliado é experimentando-o. 4:78<<strong>br</strong> />

Felizmente não é a razão que junta o aliado. É o corpo. Você já percebeu<<strong>br</strong> />

o aliado em muitos graus e muitas ocasiões. Ca<strong>da</strong> uma dessas<<strong>br</strong> />

percepções estava armazena<strong>da</strong> em seu corpo. A soma dessas<<strong>br</strong> />

partes é o aliado. Não conheço outro modo de descrevê-lo. 4:78<<strong>br</strong> />

Nossa razão é mesquinha e está sempre divergindo de nosso corpo.<<strong>br</strong> />

Isso, claro, é só maneira de dizer, mas o triunfo de um homem de<<strong>br</strong> />

conhecimento é ter unido os dois [corpo e razão]. Como você [ain<strong>da</strong>]<<strong>br</strong> />

não é um homem de conhecimento, seu corpo agora faz coisas<<strong>br</strong> />

que sua razão não <strong>com</strong>preende. O aliado é uma dessas coisas. 4:79<<strong>br</strong> />

O aliado está à sua espera, é certo, mas não [somente] na orla de uma<<strong>br</strong> />

planície. Está bem aqui, ou ali, ou em qualquer outro lugar. O<<strong>br</strong> />

aliado está à sua espera, assim <strong>com</strong>o a morte está à sua espera,<<strong>br</strong> />

em to<strong>da</strong> parte e em lugar nenhum. 4:79<<strong>br</strong> />

[O aliado está à sua espera] pelo mesmo motivo que a morte o<<strong>br</strong> />

espera. Porque você nasceu. Não há possibili<strong>da</strong>de de explicar<<strong>br</strong> />

agora o que isso significa. Primeiro, você tem de experimentar o<<strong>br</strong> />

aliado. Tem de percebê-lo em to<strong>da</strong> a sua força, e aí a explicação<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros poderá esclarecê-lo. 4:79<<strong>br</strong> />

A maneira de entender um aliado é uma coisa pessoal. 4:80<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes ficaram mesmerizados [pela] devoção de seus<<strong>br</strong> />

aliados. As histórias dizem que os antigos videntes podiam fazer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que seus aliados atendessem a tudo que desejavam. Essa foi<<strong>br</strong> />

uma <strong>da</strong>s razões para acreditarem em sua própria invulnerabili<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Foram enganados por sua vai<strong>da</strong>de. Os aliados têm poder somente<<strong>br</strong> />

se o vidente que os vê for um modelo de impecabili<strong>da</strong>de, o que<<strong>br</strong> />

não era o caso desses antigos videntes. 7:157<<strong>br</strong> />

118


5.7.2.5 O EMISSÁRIO DO SONHO<<strong>br</strong> />

Através dos contatos de sonho <strong>com</strong> os seres inorgânicos, os feiticeiros antigos<<strong>br</strong> />

tornaram-se enormemente versados na manipulação do ponto de aglutinação; um<<strong>br</strong> />

tema vasto e soturno. 9:72<<strong>br</strong> />

Eu não queria discutir isso, mas acho que está na hora de dizer que a<<strong>br</strong> />

voz que você ouve, lem<strong>br</strong>ando-o para fixar sua atenção sonhadora<<strong>br</strong> />

nos itens dos sonhos, é a voz de um ser inorgânico. 9:64<<strong>br</strong> />

Digamos que o emissário do sonho é uma força que vem <strong>da</strong>s esferas<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos. É por isso que os sonhadores sempre o<<strong>br</strong> />

encontram. 9:82<<strong>br</strong> />

Todos ouvem o emissário; muito poucos o vêem ou sentem-no. 9:82<<strong>br</strong> />

Você deve entender de uma vez por to<strong>da</strong>s que [as vozes nos sonhos]<<strong>br</strong> />

são coisas normais na vi<strong>da</strong> de um feiticeiro. Você não está ficando<<strong>br</strong> />

louco; está simplesmente ouvindo a voz do emissário do sonhar.<<strong>br</strong> />

Depois de atravessar o primeiro ou o segundo portão de<<strong>br</strong> />

sonhar, os feiticeiros chegam a uma fronteira de energia e <strong>com</strong>eçam<<strong>br</strong> />

a ver coisas ou a ouvir vozes. Na ver<strong>da</strong>de não são vozes, e<<strong>br</strong> />

sim uma única voz. Os feiticeiros chamam-na de voz do emissário<<strong>br</strong> />

do sonho – energia alienígena consciente. Energia alienígena que<<strong>br</strong> />

procura aju<strong>da</strong>r os sonhadores dizendo coisas. O problema <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

emissário do sonho é que ele só pode dizer o que os feiticeiros já<<strong>br</strong> />

sabem ou deveriam saber. 9:80<<strong>br</strong> />

É exatamente o que eu disse: energia alienígena. Uma força impessoal<<strong>br</strong> />

que transformamos em muito pessoal, porque tem uma voz.<<strong>br</strong> />

Alguns feiticeiros têm confiança absoluta nela. Até mesmo a vêem.<<strong>br</strong> />

Ou simplesmente ouvem-na <strong>com</strong>o voz de homem ou de mulher.<<strong>br</strong> />

E a voz pode falar <strong>com</strong> eles so<strong>br</strong>e o estado <strong>da</strong>s coisas, o que na<<strong>br</strong> />

maior parte <strong>da</strong>s vezes é visto <strong>com</strong>o um conselho sagrado. 9:81<<strong>br</strong> />

[Mas] não pode ser um conselho. Ele só diz o que é o quê, e nós<<strong>br</strong> />

tiramos as conclusões. 9:81<<strong>br</strong> />

O emissário não diz na<strong>da</strong> de novo. Sua afirmação é correta, mas só<<strong>br</strong> />

na aparência é uma coisa reveladora. O que o emissário faz é<<strong>br</strong> />

meramente repetir o que você já sabe. 9:81<<strong>br</strong> />

Nós vemos ou ouvimos porque mantemos o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

fixo num determinado posicionamento; quanto mais intensa a fixação,<<strong>br</strong> />

mais intensa nossa percepção do emissário. 9:81<<strong>br</strong> />

Certamente [essa força é capaz de se materializar]. E tudo depende<<strong>br</strong> />

de <strong>com</strong>o o ponto de aglutinação está fixo. Mas fique tranqüilo, se<<strong>br</strong> />

você for capaz de manter um grau de desapego, na<strong>da</strong> acontece.<<strong>br</strong> />

O emissário continua sendo o que é: uma força impessoal que<<strong>br</strong> />

age em nós por causa <strong>da</strong> fixação do ponto de aglutinação. 9:81<<strong>br</strong> />

119


To<strong>da</strong> a esfera dos seres inorgânicos tem sempre uma postura de ensinar. Talvez<<strong>br</strong> />

porque tenham uma consciência mais profun<strong>da</strong> do que a nossa, os seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

sentem-se <strong>com</strong>pelidos a nos manter debaixo de suas asas. 9:83<<strong>br</strong> />

Se um feiticeiro deseja viver na esfera dos seres inorgânicos, o emissário<<strong>br</strong> />

é a ponte perfeita; ele fala [sem mentiras], e sua tendência é ensinar,<<strong>br</strong> />

guiar. 9:84<<strong>br</strong> />

[Eles ensinam] coisas pertinentes ao seu mundo. O mesmo que nós ensinaríamos<<strong>br</strong> />

se fôssemos capazes de ensinar-lhes: coisas pertinentes<<strong>br</strong> />

ao nosso mundo. O método deles, entretanto, é tomar nosso eu básico<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um medidor para o que precisamos, e em segui<strong>da</strong> nos<<strong>br</strong> />

ensinar de acordo <strong>com</strong> isso. Uma coisa tremen<strong>da</strong>mente perigosa!<<strong>br</strong> />

Se alguém vai usar seu eu básico <strong>com</strong>o um medidor, <strong>com</strong> todos<<strong>br</strong> />

os seus medos, suas ganâncias e sua inveja etc. etc., e ensinar<<strong>br</strong> />

coisas que preencham esse estado de ser, qual você acha que<<strong>br</strong> />

seria o resultado? 9:83<<strong>br</strong> />

O problema <strong>com</strong> os feiticeiros antigos é que eles aprenderam coisas<<strong>br</strong> />

maravilhosas, mas isso foi feito a partir de seu eu inferior nãoadulterado.<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos tornaram-se seus aliados, e através<<strong>br</strong> />

de exemplos intencionais ensinaram maravilhas aos feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos. Os aliados executavam as ações e os feiticeiros eram<<strong>br</strong> />

guiados passo a passo para copiar essas ações, sem mu<strong>da</strong>r em<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong> <strong>com</strong> relação à sua natureza básica.<<strong>br</strong> />

Os envolvimentos dessa natureza interrompem nossa busca de<<strong>br</strong> />

liber<strong>da</strong>de ao consumir to<strong>da</strong> a nossa energia disponível. Com o<<strong>br</strong> />

objetivo de realmente seguir o exemplo de seus aliados, os feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos passaram suas vi<strong>da</strong>s na região dos seres<<strong>br</strong> />

inorgânicos. É uma coisa assom<strong>br</strong>osa a quanti<strong>da</strong>de de energia<<strong>br</strong> />

necessária para se realizar uma jorna<strong>da</strong> ininterrupta <strong>com</strong>o essa. 9:84<<strong>br</strong> />

Só porque não nos ensinaram a enfatizar os sonhos <strong>com</strong>o um genuíno<<strong>br</strong> />

campo de exploração não significa que eles não o sejam. Os<<strong>br</strong> />

sonhos são analisados em busca de seu sentido ou vistos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

indicações de portentos, mas nunca são encarados <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

esfera onde ocorrem eventos reais. Que eu saiba, só os feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos fizeram isso. Mas no final eles estragaram tudo. Ficaram<<strong>br</strong> />

cheios de cobiça e, quando chegaram a uma encruzilha<strong>da</strong> crucial,<<strong>br</strong> />

pegaram o caminho errado. Puseram todos os ovos numa única<<strong>br</strong> />

cesta: a fixação do ponto de aglutinação nos milhares de posicionamentos<<strong>br</strong> />

que ele pode adotar. 9:85-86<<strong>br</strong> />

5.7.2.6 LABIRINTO DE PENUMBRA<<strong>br</strong> />

Você quer que eu diga se está certo viver num <strong>da</strong>queles túneis [<strong>com</strong><<strong>br</strong> />

os seres inorgânicos]; nem que seja só para saber o que a voz do<<strong>br</strong> />

emissário está falando. 9:113<<strong>br</strong> />

120


Eu próprio passei pelo mesmo problema. E ninguém pôde me aju<strong>da</strong>r,<<strong>br</strong> />

porque essa é uma decisão pessoal e definitiva, uma decisão definitiva<<strong>br</strong> />

toma<strong>da</strong> no momento em que você verbaliza o desejo de viver<<strong>br</strong> />

naquele mundo. Para conseguir que você verbalize esse desejo, os<<strong>br</strong> />

seres inorgânicos vão atender aos desejos mais secretos. 9:113<<strong>br</strong> />

[Isso é realmente diabólico.] Mas não somente <strong>com</strong> relação ao que<<strong>br</strong> />

está pensando. Para você, a parte diabólica é a tentação de ceder,<<strong>br</strong> />

especialmente quando existem tantas re<strong>com</strong>pensas enormes em<<strong>br</strong> />

jogo. Para mim, a natureza diabólica do reino dos seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

é que ele pode muito bem ser o único santuário que os sonhadores<<strong>br</strong> />

têm num universo hostil. Ele é definitivamente um porto seguro<<strong>br</strong> />

para alguns sonhadores. Não para mim. Não preciso de escoras nem<<strong>br</strong> />

de corrimãos. Sei quem sou. Estou sozinho num universo hostil e<<strong>br</strong> />

aprendi a dizer: que seja! 9:114<<strong>br</strong> />

5.7.2.7 EXPANDINDO A PERCEPÇÃO<<strong>br</strong> />

Sob a influência do sonhar a reali<strong>da</strong>de sofre uma metamorfose. [Existem duas<<strong>br</strong> />

opções a serem enfrenta<strong>da</strong>s pelos sonhadores:] ou remodelamos cui<strong>da</strong>dosamente nosso<<strong>br</strong> />

sistema de interpretação dos <strong>da</strong>dos sensoriais ou o deixamos <strong>com</strong>pletamente de lado. 9:114<<strong>br</strong> />

Remodelar nosso sistema de interpretação significa intentar seu recondicionamento.<<strong>br</strong> />

Significa tentar delibera<strong>da</strong> e cui<strong>da</strong>dosamente alargar suas capaci<strong>da</strong>des. Vivendo<<strong>br</strong> />

de acordo <strong>com</strong> o caminho dos feiticeiros, os sonhadores economizam e acumulam<<strong>br</strong> />

a energia necessária para suspender o julgamento e, assim, facilitar essa remodelação<<strong>br</strong> />

pretendi<strong>da</strong>. Se escolhermos o recondicionamento de nossos sistemas de interpretação,<<strong>br</strong> />

a reali<strong>da</strong>de se torna flui<strong>da</strong>, e o âmbito do que pode ser real é ampliado sem<<strong>br</strong> />

colocar em perigo a integri<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Sonhar, então, a<strong>br</strong>e de fato as portas<<strong>br</strong> />

para outros aspectos do que é real. 9:115<<strong>br</strong> />

Se escolhermos deixar de lado nosso sistema, o âmbito do que pode ser percebido<<strong>br</strong> />

sem interpretação cresce imensuravelmente. A expansão de nossa percepção é<<strong>br</strong> />

tão gigantesca que ficamos <strong>com</strong> muito poucas ferramentas para a interpretação sensorial.<<strong>br</strong> />

Resta-nos, assim, uma sensação de infinita reali<strong>da</strong>de, que é irreal, ou de infinita<<strong>br</strong> />

irreali<strong>da</strong>de que pode muito bem ser real, mas não é.<<strong>br</strong> />

É a natureza <strong>da</strong>quele reino [inorgânico], estimular o segredo. Os seres<<strong>br</strong> />

inorgânicos se escondem em mistério, na escuridão. Pense<<strong>br</strong> />

naquele mundo: estacionário, <strong>com</strong> o objetivo fixo de atrair-nos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o moscas em direção ao fogo. 9:117<<strong>br</strong> />

Há uma coisa que, até agora, o emissário não ousou lhe contar: que<<strong>br</strong> />

os seres inorgânicos estão atrás de nossa consciência, ou <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

de qualquer ser que caia em suas redes. Eles dão conhecimento,<<strong>br</strong> />

mas co<strong>br</strong>am um preço: nosso ser total. 9:117<<strong>br</strong> />

121


[Os seres inorgânicos são <strong>com</strong>o pescadores]. Em algum momento o<<strong>br</strong> />

emissário vai lhe mostrar pessoas que ficaram presas lá, ou outros<<strong>br</strong> />

seres que não são humanos e que também ficaram presos. 9:117<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos não podem forçar ninguém a ficar <strong>com</strong> eles.<<strong>br</strong> />

Viver no mundo deles é uma questão voluntária. Mas eles são<<strong>br</strong> />

capazes de aprisionar qualquer um atendendo aos nossos desejos,<<strong>br</strong> />

mimando-nos e cedendo às nossas vontades. Cui<strong>da</strong>do <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

consciência, que é imóvel. Consciências assim precisam buscar<<strong>br</strong> />

movimento, e fazem isso, <strong>com</strong>o eu disse, criando projeções<<strong>br</strong> />

fantasmagóricas, às vezes. 9:117<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos prendem-se aos sentimentos mais íntimos dos sonhadores<<strong>br</strong> />

e jogam impiedosamente <strong>com</strong> eles. Criam fantasmas para agra<strong>da</strong>r ou apavorar os<<strong>br</strong> />

sonhadores. Os seres inorgânicos são soberbos projecionistas que se deliciam em se<<strong>br</strong> />

projetar <strong>com</strong>o imagens na parede; projeções fantasmagóricas, às vezes. 9:117<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos foram derrubados por sua confiança vazia naquelas<<strong>br</strong> />

projeções. Os feiticeiros antigos acreditavam que seus aliados<<strong>br</strong> />

tinham poder. Não percebiam que seus aliados eram energias tênues<<strong>br</strong> />

projeta<strong>da</strong>s através de mundos, <strong>com</strong>o num filme cósmico.<<strong>br</strong> />

Quero dizer que, em nosso mundo, os seres inorgânicos são <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

imagens de cinema projeta<strong>da</strong>s numa tela; e posso até mesmo<<strong>br</strong> />

acrescentar que são <strong>com</strong>o imagens móveis de energia rarefeita<<strong>br</strong> />

projeta<strong>da</strong> através <strong>da</strong>s fronteiras de dois mundos. 9:118<<strong>br</strong> />

5.7.2.8 CONFRONTAÇÕES DE VIDA OU MORTE<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos descreviam o mundo dos seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma bolha de cavernas e poros flutuando num espaço escuro.<<strong>br</strong> />

E descreviam os seres inorgânicos <strong>com</strong>o tubos ocos colados<<strong>br</strong> />

juntos, <strong>com</strong>o células de nosso corpo. Os feiticeiros antigos<<strong>br</strong> />

chamavam-no de cacho imenso, de labirinto de penum<strong>br</strong>a. 9:118<<strong>br</strong> />

Na opinião dos feiticeiros, o universo é pre<strong>da</strong>dor, e os feiticeiros, melhores do<<strong>br</strong> />

que qualquer pessoa, precisam levar isso em conta em suas ativi<strong>da</strong>des diárias de feitiçaria.<<strong>br</strong> />

A consciência é intrinsecamente <strong>com</strong>peli<strong>da</strong> a crescer, e o único modo de crescer<<strong>br</strong> />

é através de lutas, de confrontações de vi<strong>da</strong> ou morte. 9:119<<strong>br</strong> />

A consciência dos feiticeiros cresce enquanto eles sonham. E no<<strong>br</strong> />

momento em que ela cresce, alguma coisa lá fora reconhece o<<strong>br</strong> />

crescimento, reconhece e faz uma oferta. Os seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

são os <strong>com</strong>pradores dessa consciência nova e aumenta<strong>da</strong>. Os<<strong>br</strong> />

sonhadores precisam estar em alerta o tempo todo. São a presa,<<strong>br</strong> />

no momento em que se aventuram naquele universo pre<strong>da</strong>dor. 9:119<<strong>br</strong> />

122


Os seres inorgânicos fizeram <strong>com</strong> [os feiticeiros antigos o que podem<<strong>br</strong> />

estar fazendo] agora <strong>com</strong> você; criaram o sentimento de que<<strong>br</strong> />

eram especiais, exclusivos; e um sentimento ain<strong>da</strong> mais pernicioso:<<strong>br</strong> />

o sentimento de poder. O poder e a sensação de ser especial<<strong>br</strong> />

são forças corruptoras insuportáveis. Cui<strong>da</strong>do! 9:118<<strong>br</strong> />

[Para se estar seguro, é preciso] estar alerta a ca<strong>da</strong> segundo! Não<<strong>br</strong> />

deixar que na<strong>da</strong> nem ninguém deci<strong>da</strong> por você. Só vá ao mundo<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos quando quiser. 9:119<<strong>br</strong> />

Você deve considerar seriamente que os seres inorgânicos têm meios<<strong>br</strong> />

espantosos à disposição. Sua consciência é soberba. Em <strong>com</strong>paração,<<strong>br</strong> />

nós somos crianças; crianças <strong>com</strong> muita energia, que os<<strong>br</strong> />

seres inorgânicos cobiçam. 9:124<<strong>br</strong> />

5.7.3 A FUSÃO DE DUAS REALIDADES<<strong>br</strong> />

O terceiro portão de sonhar é alcançado quando você se pega num<<strong>br</strong> />

sonho olhando para outra pessoa adormeci<strong>da</strong>. E desco<strong>br</strong>e que<<strong>br</strong> />

essa pessoa é você mesmo. 9:160<<strong>br</strong> />

Existem duas fases em ca<strong>da</strong> portão de sonhar. A primeira, <strong>com</strong>o você<<strong>br</strong> />

sabe, é chegar ao portão; a segun<strong>da</strong> é atravessá-lo. Sonhando o<<strong>br</strong> />

que sonhou, que se viu dormindo, você chegou ao terceiro portão.<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> fase é movimentar-se assim que vir você mesmo dormindo.<<strong>br</strong> />

No terceiro portão de sonhar você <strong>com</strong>eça delibera<strong>da</strong>mente a<<strong>br</strong> />

fundir sua reali<strong>da</strong>de de sonho <strong>com</strong> a reali<strong>da</strong>de do mundo cotidiano.<<strong>br</strong> />

Esse é o exercício, e os feiticeiros chamam-no de <strong>com</strong>pletar o<<strong>br</strong> />

corpo energético. A fusão entre as duas reali<strong>da</strong>des tem de ser tão<<strong>br</strong> />

absoluta que você precisa ser mais fluído do que nunca. Examine<<strong>br</strong> />

tudo no terceiro portão <strong>com</strong> grande cui<strong>da</strong>do e curiosi<strong>da</strong>de. 9:161<<strong>br</strong> />

No terceiro portão nossa tendência é ficarmos perdidos nos detalhes.<<strong>br</strong> />

Ver as coisas <strong>com</strong> grande cui<strong>da</strong>do e curiosi<strong>da</strong>de significa<<strong>br</strong> />

resistir à tentação quase irresistível de mergulhar no detalhe.<<strong>br</strong> />

O exercício no terceiro portão, <strong>com</strong>o eu disse, é consoli<strong>da</strong>r o corpo<<strong>br</strong> />

energético. Os sonhadores <strong>com</strong>eçam a forjar o corpo<<strong>br</strong> />

energético fazendo os exercícios do primeiro e do segundo portão.<<strong>br</strong> />

Quando chegam ao terceiro, o corpo energético está pronto para<<strong>br</strong> />

sair, ou talvez seja melhor dizer que ele está pronto para agir.<<strong>br</strong> />

Infelizmente isso também significa que está pronto para ficar hipnotizados<<strong>br</strong> />

pelos detalhes. 9:161<<strong>br</strong> />

O corpo energético é <strong>com</strong>o uma criança que ficou presa durante to<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

a vi<strong>da</strong>. No momento em que se liberta ela chafur<strong>da</strong> em tudo o que<<strong>br</strong> />

pode encontrar, e estou falando de tudo, mesmo. Ca<strong>da</strong> detalhe<<strong>br</strong> />

minúsculo e irrelevante absorve totalmente o corpo energético. 9:161<<strong>br</strong> />

123


O detalhe mais idiota torna-se um mundo para o corpo energético. É<<strong>br</strong> />

estonteante o esforço que os sonhadores precisam fazer para<<strong>br</strong> />

direcionar o corpo energético. Sei que parece esquisito dizer para<<strong>br</strong> />

você olhar as coisas <strong>com</strong> cui<strong>da</strong>do e curiosi<strong>da</strong>de, mas é o melhor<<strong>br</strong> />

modo de descrever. No terceiro portão os sonhadores precisam<<strong>br</strong> />

evitar um impulso quase irresistível de mergulhar em tudo; e eles<<strong>br</strong> />

evitam-no sendo tão curiosos, tão desesperados para entrar em<<strong>br</strong> />

tudo que não deixam uma coisa em particular aprisioná-los. 9:162<<strong>br</strong> />

[Essas] re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>ções [que podem parecer absur<strong>da</strong>s] visam diretamente o<<strong>br</strong> />

corpo energético [que] tem de juntar todos os seus recursos para agir. 9:162<<strong>br</strong> />

[Parte do corpo energético não está agindo o tempo inteiro, mas]<<strong>br</strong> />

parte dele, sim. De outra forma você não teria ido até o mundo<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos. Agora todo o seu corpo energético precisa<<strong>br</strong> />

ser posto em ativi<strong>da</strong>de para realizar o exercício do terceiro<<strong>br</strong> />

portão. Portanto, para tornar as coisas mais fáceis ao seu corpo<<strong>br</strong> />

energético, você deve prender o seu cão-de-guar<strong>da</strong> racional. 9:162<<strong>br</strong> />

Os sonhadores precisam ser imaginativos [...] para movimentar o corpo<<strong>br</strong> />

energético. 9:173<<strong>br</strong> />

No terceiro portão a racionali<strong>da</strong>de é responsável pela insistência de<<strong>br</strong> />

nosso corpo energético em se obcecar <strong>com</strong> detalhes supérfluos.<<strong>br</strong> />

No terceiro portão precisamos de fluidez irracional, de abandono<<strong>br</strong> />

irracional para contrabalançar essa insistência. 9:162<<strong>br</strong> />

5.7.3.1 APERFEIÇOANDO O CORPO ENERGÉTICO<<strong>br</strong> />

[Está é] a chara<strong>da</strong> so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>o é impossível, e ao mesmo tempo fácil,<<strong>br</strong> />

mover o corpo energético. Você está tentando movê-lo <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

estivesse no mundo cotidiano. Nós gastamos tanto tempo e esforço<<strong>br</strong> />

aprendendo a an<strong>da</strong>r, que acreditamos que nosso corpo energético<<strong>br</strong> />

também deva an<strong>da</strong>r. Não há motivo para isso, a não ser<<strong>br</strong> />

que an<strong>da</strong>r vem em primeiro lugar na nossa mente. 9:173<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros dizem que, no terceiro portão, todo o corpo energético<<strong>br</strong> />

pode se mover <strong>com</strong>o a energia se move: rápi<strong>da</strong> e diretamente.<<strong>br</strong> />

Seu corpo energético sabe exatamente <strong>com</strong>o se movimentar. Ele<<strong>br</strong> />

pode se movimentar <strong>com</strong>o no mundo dos seres inorgânicos. 9:173<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros levam um tempo infinito para aprender a movimentar o<<strong>br</strong> />

corpo energético. 9:176 [Depois que aprender <strong>com</strong>o mover sozinho<<strong>br</strong> />

seu corpo energético] continue se movimentando. Mover seu<<strong>br</strong> />

corpo energético a<strong>br</strong>e uma nova área, uma área de explorações<<strong>br</strong> />

extraordinárias. 9:176<<strong>br</strong> />

Como você sabe, ser transportado por um batedor é a ver<strong>da</strong>deira<<strong>br</strong> />

tarefa de sonho do segundo portão. É uma coisa muito séria, mas<<strong>br</strong> />

não tão séria quanto forjar e movimentar o corpo energético. As-<<strong>br</strong> />

124


sim, você deve certificar-se, de algum modo pessoal, de que está<<strong>br</strong> />

realmente vendo você mesmo adormecido, ou se está meramente<<strong>br</strong> />

sonhando que está se vendo adormecido. Sua nova exploração<<strong>br</strong> />

extraordinária depende de realmente se ver dormindo. 9:176<<strong>br</strong> />

Neste ponto você precisa fazer uma mano<strong>br</strong>a drástica. O emissário<<strong>br</strong> />

do sonho não tem na<strong>da</strong> que interferir em seus exercícios. Ou<<strong>br</strong> />

melhor, você não deve, sob qualquer condição, permitir isso.<<strong>br</strong> />

Faça uma mano<strong>br</strong>a simples, porém difícil. Depois de <strong>com</strong>eçar a<<strong>br</strong> />

sonhar, verbalize em voz alta seu desejo de não contar mais <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

o emissário do sonho. Você vai se livrar dele para sempre. 9:178<<strong>br</strong> />

Essencialmente não há necessi<strong>da</strong>de de você eliminar o emissário. O<<strong>br</strong> />

importante é o<strong>br</strong>igá-lo a propor um modo alternativo, conveniente<<strong>br</strong> />

para você. 9:179<<strong>br</strong> />

Os sonhadores demoram muito para aperfeiçoar seus corpos<<strong>br</strong> />

energéticos. E é exatamente isso que está em jogo: aperfeiçoar<<strong>br</strong> />

seu corpo energético. 9:180<<strong>br</strong> />

O motivo do corpo energético ser <strong>com</strong>pelido a examinar o detalhe e ficar<<strong>br</strong> />

inextrincavelmente preso a ele deve-se à sua inexperiência, sua in<strong>com</strong>pletude. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

passam a vi<strong>da</strong> inteira <strong>com</strong>pletando o corpo energético, deixando que ele absorva<<strong>br</strong> />

tudo que for possível, <strong>com</strong>o uma esponja. 9:180<<strong>br</strong> />

Até que o corpo energético esteja <strong>com</strong>pleto e maduro, ele é autoabsorvido.<<strong>br</strong> />

Ele não consegue se libertar <strong>da</strong> <strong>com</strong>pulsão de ser absorvido<<strong>br</strong> />

por tudo. Mas se levarmos isso em consideração, em vez<<strong>br</strong> />

de lutar contra o corpo energético, podemos ajudá-lo.<<strong>br</strong> />

Direcionando o <strong>com</strong>portamento dele; isto é, espreitando-o. 9:180<<strong>br</strong> />

Como tudo que é relacionado ao corpo energético depende do posicionamento<<strong>br</strong> />

adequado do ponto de aglutinação, e <strong>com</strong>o o sonhar na<strong>da</strong> mais é do que um meio de<<strong>br</strong> />

deslocá-lo, espreitar – conseqüentemente – é o meio de fazer o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

fixar-se na posição ideal; neste caso, a posição onde o corpo energético pode ser consoli<strong>da</strong>do,<<strong>br</strong> />

e <strong>da</strong> qual ele finalmente emerge. 9:181<<strong>br</strong> />

No momento em que o corpo energético consegue se movimentar sozinho, os<<strong>br</strong> />

feiticeiros presumem que foi encontrado o posicionamento ideal do ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

O passo seguinte é espreitá-lo, isto é, fixá-lo naquela posição para <strong>com</strong>pletar o corpo<<strong>br</strong> />

energético. O procedimento é de uma simplici<strong>da</strong>de total. Basta intentar espreitá-lo. 9:181<<strong>br</strong> />

Deixe seu corpo energético intentar a chega<strong>da</strong> ao melhor posicionamento<<strong>br</strong> />

de sonhar. Em segui<strong>da</strong>, deixe seu corpo energético intentar a permanência<<strong>br</strong> />

naquele posicionamento, e você estará espreitando. 9:181<<strong>br</strong> />

125


Intentar é o segredo, mas você já sabe disso. Os feiticeiros deslocam<<strong>br</strong> />

seu ponto de aglutinação através do intento, e fixam-no, igualmente,<<strong>br</strong> />

através do intento. E não existe técnica para intentar.<<strong>br</strong> />

Aprendemos a intentar através <strong>da</strong> prática. 9:181<<strong>br</strong> />

O posicionamento ideal e a fixação do ponto de aglutinação são metáforas.<<strong>br</strong> />

Não têm na<strong>da</strong> a ver <strong>com</strong> as palavras usa<strong>da</strong>s para descrevê-las. 9:182<<strong>br</strong> />

5.7.3.2 CONDIÇÃO GERADORA DE ENERGIA<<strong>br</strong> />

O problema específico dos feiticeiros tem dois aspectos. Um é a impossibili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de usar a continui<strong>da</strong>de estilhaça<strong>da</strong>; outro é a impossibili<strong>da</strong>de de usar a continui<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

dita<strong>da</strong> pela nova posição de seus pontos de aglutinação, pois a nova continui<strong>da</strong>de é<<strong>br</strong> />

sempre tênue e instável demais, e não oferece aos feiticeiros a segurança que necessitam<<strong>br</strong> />

para funcionar <strong>com</strong>o se estivessem no mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. 8:218<<strong>br</strong> />

[So<strong>br</strong>e esse problema,] nenhum de nós resolve coisa alguma. O espírito<<strong>br</strong> />

ou o resolve por nós ou não o faz. Se o faz, o feiticeiro encontra-se<<strong>br</strong> />

agindo no mundo dos feiticeiros, mas sem saber <strong>com</strong>o. Esta<<strong>br</strong> />

é a razão pela qual tenho insistido em que a impecabili<strong>da</strong>de é<<strong>br</strong> />

tudo o que conta. Um feiticeiro vive uma vi<strong>da</strong> impecável, e isto<<strong>br</strong> />

parece atrair a solução. Por quê? Ninguém sabe. 8:218<<strong>br</strong> />

Existe uma diferença enorme entre os pensamentos e os feitos dos homens <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

antigüi<strong>da</strong>de e os do homem moderno. Os homens dos tempos antigos tinham uma<<strong>br</strong> />

visão muito realista <strong>da</strong> percepção e <strong>da</strong> consciência, porque seus pontos de vista decorriam<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s observações do universo ao redor. Os homens modernos, por outro lado, têm<<strong>br</strong> />

uma visão absur<strong>da</strong>mente irreal <strong>da</strong> percepção e <strong>da</strong> consciência, porque seus pontos de<<strong>br</strong> />

vista decorrem de sua observação <strong>da</strong> ordem social, e de suas relações <strong>com</strong> ela. 9:193<<strong>br</strong> />

[Estou dizendo isso] porque você é um homem moderno envolvido<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os pontos de vista e as observações dos homens <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

E nem essas visões nem as observações são familiares para<<strong>br</strong> />

você. Agora mais do que nunca você precisa de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

autodomínio. Estou tentando fazer uma ponte sóli<strong>da</strong>, uma ponte<<strong>br</strong> />

que você possa atravessar, entre as visões dos homens <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

e os homens modernos. 9:193<<strong>br</strong> />

De to<strong>da</strong>s as observações transcendentais dos homens <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de, a única<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a qual você está familiarizado, porque ela foi filtra<strong>da</strong> até nossos dias, é a idéia de<<strong>br</strong> />

vender a alma ao diabo em troca <strong>da</strong> imortali<strong>da</strong>de; uma idéia que soa <strong>com</strong>o algo que<<strong>br</strong> />

vem direto do relacionamento dos feiticeiros antigos <strong>com</strong> os seres inorgânicos [que]<<strong>br</strong> />

tentam seduzir a ficar em seu reino ao oferecer a possibili<strong>da</strong>de de manter a individuali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

e autoconsciência durante praticamente uma eterni<strong>da</strong>de. 9:193<<strong>br</strong> />

126


Como você sabe, sucumbir ao fascínio dos seres inorgânicos não é<<strong>br</strong> />

simplesmente uma idéia, é real. Mas você ain<strong>da</strong> não percebeu<<strong>br</strong> />

totalmente a implicação dessa reali<strong>da</strong>de. O sonhar, do mesmo<<strong>br</strong> />

modo, é uma coisa real; é uma condição geradora de energia.<<strong>br</strong> />

Você ouve minhas afirmações e certamente entende o que quero<<strong>br</strong> />

dizer, mas sua consciência ain<strong>da</strong> não captou to<strong>da</strong> a implicação<<strong>br</strong> />

disso. 9:193<<strong>br</strong> />

[Eu posso assegurar que você não está totalmente consciente do que<<strong>br</strong> />

significa uma condição geradora de energia]. Se estivesse, teria<<strong>br</strong> />

mais cui<strong>da</strong>do e deliberação no sonhar. Como você acredita que<<strong>br</strong> />

está simplesmente sonhando, se arrisca cegamente. Seu raciocínio<<strong>br</strong> />

falho diz que, não importa o que aconteça, seu sonho acabará<<strong>br</strong> />

num determinado momento e você acor<strong>da</strong>rá. 9:194<<strong>br</strong> />

Estou falando so<strong>br</strong>e os pontos de vista dos homens <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

dos pontos de vista dos homens modernos porque sua consciência,<<strong>br</strong> />

que é a consciência do homem moderno, prefere li<strong>da</strong>r <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

um conceito não-familiar <strong>com</strong>o se fosse uma idéia vazia. Se eu<<strong>br</strong> />

deixasse por sua conta, você veria o sonhar <strong>com</strong>o uma idéia. Claro<<strong>br</strong> />

que tenho certeza de que você leva o sonhar a sério, mas não<<strong>br</strong> />

acredita de fato na sua reali<strong>da</strong>de. 9:194<<strong>br</strong> />

Estou dizendo isso tudo porque agora você está, pela primeira vez,<<strong>br</strong> />

na posição adequa<strong>da</strong> para entender que o sonhar é uma condição<<strong>br</strong> />

geradora de energia. Pela primeira vez você pode entender<<strong>br</strong> />

que os sonhos <strong>com</strong>uns são os dispositivos usados para treinar o<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação a alcançar o posicionamento que cria essa<<strong>br</strong> />

condição geradora de energia, que chamamos de o sonhar. 9:194<<strong>br</strong> />

Como os sonhadores entram em mundos reais – para todos os efeitos inclusivos<<strong>br</strong> />

– eles devem ficar num estado de alerta contínuo e intenso; já que qualquer desvio<<strong>br</strong> />

do estado de alerta absoluto põe o sonhador em perigos mais do que apavorantes. 9:195<<strong>br</strong> />

Veja o sonhar <strong>com</strong>o uma coisa extremamente perigosa! E <strong>com</strong>ece isso<<strong>br</strong> />

agora! Não venha <strong>com</strong> nenhuma de suas mano<strong>br</strong>as suspeitas.<<strong>br</strong> />

O que está acontecendo é que você consegue deslocar o ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação rápi<strong>da</strong> e facilmente. Mas essa facili<strong>da</strong>de tem a tendência<<strong>br</strong> />

de tornar o deslocamento errático. Controle sua facili<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

E não se permita nem mesmo um milímetro de folga. 9:195<<strong>br</strong> />

O <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> luz interna<<strong>br</strong> />

A energia de nosso mundo ondula. Cintila. Não somente os seres vivos, mas<<strong>br</strong> />

tudo em nosso mundo <strong>br</strong>ilha <strong>com</strong> uma luz interna. A energia de nosso mundo consiste<<strong>br</strong> />

em cama<strong>da</strong>s de diferentes matizes <strong>br</strong>ilhantes. A cama<strong>da</strong> de cima é es<strong>br</strong>anquiça<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

outra imediatamente adjacente é verde-amarela<strong>da</strong>, e outra mais distante é âmbar. 9:196<<strong>br</strong> />

127


Vê-se o <strong>br</strong>ilho deles sempre que os itens [encontrados] nos estados oníricos<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>m de forma. Mas um <strong>br</strong>ilho es<strong>br</strong>anquiçado é sempre o impacto inicial de ver<<strong>br</strong> />

qualquer coisa que gera energia. 9:196<<strong>br</strong> />

[Existe um número infinito de matizes diferentes. Mas para os objetivos<<strong>br</strong> />

de uma ordem inicial você deve se concentrar nesses três.<<strong>br</strong> />

Mais tarde pode ficar tão sofisticado quanto quiser e isolar dezenas<<strong>br</strong> />

de matizes, se puder.<<strong>br</strong> />

A cama<strong>da</strong> es<strong>br</strong>anquiça<strong>da</strong> é o matiz do posicionamento atual do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Digamos que é um matiz moderno.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros acreditam que tudo que o homem faz hoje em dia é<<strong>br</strong> />

pintado <strong>com</strong> esse matiz es<strong>br</strong>anquiçado. Em outra época o posicionamento<<strong>br</strong> />

do ponto de aglutinação <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de tornou verdeamarelado<<strong>br</strong> />

o matiz <strong>da</strong> energia dominante no mundo; e em outra época,<<strong>br</strong> />

ain<strong>da</strong> mais distante, tornou-se âmbar. A cor <strong>da</strong> energia dos<<strong>br</strong> />

feitceiros é âmbar, o que significa que são energeticamente associados<<strong>br</strong> />

aos homens que existiram num passado distante. 9:196<<strong>br</strong> />

[O atual matiz es<strong>br</strong>anquiçado irá mu<strong>da</strong>r algum dia] se o homem for<<strong>br</strong> />

capaz de evoluir. A grande tarefa dos feiticeiros é trazer a idéia de<<strong>br</strong> />

que, para evoluir, o homem deve primeiro libertar sua consciência<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s amarras <strong>da</strong> ordem social. Uma vez que a consciência estiver<<strong>br</strong> />

livre, o intento irá redirecioná-la para um novo caminho<<strong>br</strong> />

evolucionário. 9:197<<strong>br</strong> />

5.7.3.3 ITENS GERADORES DE ENERGIA<<strong>br</strong> />

O que vem em segui<strong>da</strong> para você é uma jóia dos feiticeiros. Vai exercitar<<strong>br</strong> />

ver a energia em seu sonhar. Você passou pela prova do<<strong>br</strong> />

terceiro portão do sonhar: movimentou sozinho o corpo<<strong>br</strong> />

energético. Agora vai realizar a ver<strong>da</strong>deira tarefa: ver a energia<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> seu corpo energético.<<strong>br</strong> />

Você já viu energia antes. Muitas vezes, na ver<strong>da</strong>de. Mas, em to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

essas vezes, ver foi um acaso. Agora irá fazê-lo delibera<strong>da</strong>mente.<<strong>br</strong> />

Os sonhadores têm um método empírico. Se o corpo energético<<strong>br</strong> />

estiver <strong>com</strong>pleto, eles vêem a energia to<strong>da</strong> vez que olham fixos<<strong>br</strong> />

para algum item no mundo cotidiano. Nos sonhos, se vêem a energia<<strong>br</strong> />

de um item, eles sabem que estão li<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong> um mundo<<strong>br</strong> />

real, não importa o quanto esse mundo possa parecer distorcido<<strong>br</strong> />

para sua atenção sonhadora. Se não puderem ver a energia de<<strong>br</strong> />

um determinado item, eles estão num sonho <strong>com</strong>um, e não em<<strong>br</strong> />

um mundo real – um mundo que gera energia; o oposto de um<<strong>br</strong> />

mundo fantasmagórico de projeções, onde na<strong>da</strong> gera energia;<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o na maioria de nossos sonhos, onde na<strong>da</strong> tem efeito<<strong>br</strong> />

energético. 9:184<<strong>br</strong> />

128


Sonhar é um processo através do qual os sonhadores isolam condições de<<strong>br</strong> />

sonho em que podem encontrar elementos geradores de energia. É o processo através<<strong>br</strong> />

do qual intentamos encontrar posicionamentos adequados do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

posicionamentos que permitem que percebamos itens geradores de energia em estados<<strong>br</strong> />

de aparência onírica 9:184<<strong>br</strong> />

O corpo energético também é capaz de perceber energias muito diferentes <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

energia de nosso mundo. Como no caso dos itens do reino dos seres inorgânicos, que<<strong>br</strong> />

o corpo energético percebe <strong>com</strong>o energia crepitante. Em nosso mundo na<strong>da</strong> crepita;<<strong>br</strong> />

aqui tudo ondula.<<strong>br</strong> />

De agora em diante a questão em seu sonhar será determinar se os<<strong>br</strong> />

itens nos quais você concentra sua atenção sonhadora são geradores<<strong>br</strong> />

de energia ou meras projeções fantasmagóricas, ou se são<<strong>br</strong> />

geradores de energia alienígena. 9:184<<strong>br</strong> />

5.7.3.4 ALINHANDO OUTROS MUNDOS<<strong>br</strong> />

O deslocamento do ponto de aglutinação além <strong>da</strong> linha média do casulo do<<strong>br</strong> />

homem faz <strong>com</strong> que o mundo inteiro que conhecemos desapareça instantaneamente<<strong>br</strong> />

de nossas vistas, <strong>com</strong>o se tivesse sido apagado – pois a estabili<strong>da</strong>de, a substanciali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

que parece pertencer ao nosso mundo perceptível é apenas a força de alinhamento.<<strong>br</strong> />

Certas emanações são rotineiramente alinha<strong>da</strong>s devido à fixação do ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

em uma posição específica; e nosso mundo é apenas isso. 7:265<<strong>br</strong> />

A única força que pode cancelar temporariamente o alinhamento é o<<strong>br</strong> />

alinhamento. Você terá de cancelar o alinhamento que o mantém<<strong>br</strong> />

percebendo o mundo <strong>da</strong>s coisas diárias. Intentando uma nova<<strong>br</strong> />

posição para seu ponto de aglutinação e intentando mantê-lo fixo<<strong>br</strong> />

ali o tempo suficiente, você irá aglomerar um outro mundo e escapará<<strong>br</strong> />

deste.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes ain<strong>da</strong> estão desafiando a morte até hoje, fazendo<<strong>br</strong> />

exatamente isso, intentando que seus pontos de aglutinação<<strong>br</strong> />

permaneçam fixos em posições que os colocam em qualquer<<strong>br</strong> />

dos sete mundos. 7:270<<strong>br</strong> />

Aglomerar outros mundos não é apenas uma questão de prática, mas<<strong>br</strong> />

uma questão de intenção. E não se trata meramente de um exercício<<strong>br</strong> />

de saltar para fora <strong>da</strong>queles mundos <strong>com</strong>o que puxado por<<strong>br</strong> />

um elástico. Um vidente deve ser ousado. Depois que você rompe<<strong>br</strong> />

a barreira <strong>da</strong> percepção, não precisa voltar ao mesmo lugar no<<strong>br</strong> />

mundo. Entende o que eu quero dizer? 7:274<<strong>br</strong> />

A integri<strong>da</strong>de do mundo não é a miragem; a miragem é a fixação do<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação em qualquer posição. Quando os videntes<<strong>br</strong> />

deslocam seus pontos de aglutinação, não se defrontam <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

129


ilusão; defrontam-se <strong>com</strong> outro mundo; esse novo mundo é tão<<strong>br</strong> />

real <strong>com</strong>o o que estamos olhando agora, mas a nova fixação de<<strong>br</strong> />

seus pontos de aglujtinação, que produz esse novo mundo, é tanto<<strong>br</strong> />

uma miragem quanto a antiga fixação.<<strong>br</strong> />

[Se] você, por exemplo, agora encontra-se num estado de consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>, tudo o que você é capaz de fazer neste estado<<strong>br</strong> />

não é uma ilusão; é tão real quanto o mundo que irá encarar<<strong>br</strong> />

amanhã em sua vi<strong>da</strong> diária. Entretanto, amanhã, o mundo que<<strong>br</strong> />

você está testemunhando agora não irá existir. Ele só existe quando<<strong>br</strong> />

o seu ponto de aglutinação se desloca até a posição onde você<<strong>br</strong> />

está agora. 7:265<<strong>br</strong> />

5.7.3.5 A PERCEPÇÃO ESPREITADORA<<strong>br</strong> />

Dentre to<strong>da</strong>s as coisas maravilhosas que os feiticeiros antigos aprenderam<<strong>br</strong> />

explorando esses milhares de posicionamentos, somente a arte de sonhar e a arte <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

espreita permanecem hoje em dia. A arte de sonhar tem a ver <strong>com</strong> o deslocamento do<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação; a espreita é uma arte que li<strong>da</strong> <strong>com</strong> a fixação do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação em qualquer posicionamento para o qual foi deslocado. 9:86<<strong>br</strong> />

Minha intenção é explicar que o posicionamento do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação é <strong>com</strong>o um cofre onde os feiticeiros mantêm seus<<strong>br</strong> />

registros. O corpo energético sabe uma imensidão de coisas. 9:162<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros são capazes de deixar, no posicionamento do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

registros acurados so<strong>br</strong>e suas descobertas. Quando se trata de captar a essência de<<strong>br</strong> />

um registro escrito, precisamos usar nosso sentido de participação simpática ou imaginativa<<strong>br</strong> />

para ir além <strong>da</strong> mera página escrita e chegar à própria experiência. Mas no<<strong>br</strong> />

mundo dos feiticeiros, <strong>com</strong>o não existem páginas escritas, são deixados registros –<<strong>br</strong> />

que podem ser revividos, em vez de lidos – no posicionamento do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação. 9:165<<strong>br</strong> />

Os ensinamentos dos feiticeiros so<strong>br</strong>e a segun<strong>da</strong> atenção são <strong>da</strong>dos quando o<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação do aprendiz está num lugar que não é o normal. Assim, o posicionamento<<strong>br</strong> />

do ponto de aglutinação torna-se o registro <strong>da</strong> lição. Para recuperar a lição<<strong>br</strong> />

o aprendiz precisa voltar o ponto de aglutinação ao posicionamento que ele ocupava<<strong>br</strong> />

quando a lição foi <strong>da</strong><strong>da</strong>. 9:165<<strong>br</strong> />

É um feito <strong>da</strong> maior magnitude trazer o ponto de aglutinação de volta a todos<<strong>br</strong> />

os posicionamentos que ele ocupou durante as lições. 9:165<<strong>br</strong> />

Fixar o ponto de aglutinação em qualquer novo posicionamento para<<strong>br</strong> />

o qual foi deslocado significa adquirir coesão.<<strong>br</strong> />

Sonhar faz isso forçando os sonhadores a fixar o ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

130


A atenção sonhadora, o corpo energético, a segun<strong>da</strong> atenção, o relacionamento<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> seres inorgânicos, o emissário do sonho, são apenas<<strong>br</strong> />

subprodutos do processo de adquirir coesão; em outras palavras,<<strong>br</strong> />

são todos subprodutos de fixar o ponto de aglutinação em várias<<strong>br</strong> />

posições do sonhar – qualquer novo posicionamento para onde<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação tenha se deslocado durante o sono. 9:86<<strong>br</strong> />

[Nós fixamos o ponto de aglutinação numa posição de sonhar] sustentando<<strong>br</strong> />

a visão de qualquer item dos sonhos, ou mu<strong>da</strong>ndo os<<strong>br</strong> />

sonhos à vontade. Através de seus exercícios de sonhar você na<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de está exercitando sua capaci<strong>da</strong>de de manter uma nova<<strong>br</strong> />

forma energética, sustentando o ponto de aglutinação no posicionamento<<strong>br</strong> />

de qualquer sonho específico que esteja tendo. 9:86<<strong>br</strong> />

Os deslocamentos do ponto de aglutinação produzem mu<strong>da</strong>nças minúsculas,<<strong>br</strong> />

que são praticamente imperceptíveis. O desafio dos<<strong>br</strong> />

deslocamentos é que eles são tão pequenos e tão numerosos que<<strong>br</strong> />

manter a coesão em todos eles é um triunfo. 9:87<<strong>br</strong> />

[O mundo do sonhar] existe no posicionamento preciso em que o<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação se encontrar [em <strong>da</strong>do momento]. Para<<strong>br</strong> />

percebê-lo você precisa de coesão, isto é, você precisa manter<<strong>br</strong> />

seu ponto de aglutinação fixo naquele posicionamento. 9:94<<strong>br</strong> />

[Mas outras pessoas perceberão esse mesmo mundo de sonhar] se<<strong>br</strong> />

tiverem uniformi<strong>da</strong>de e coesão. Uniformi<strong>da</strong>de é manter em uníssono<<strong>br</strong> />

o mesmo posicionamento do ponto de aglutinação. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos chamavam de percepção espreitadora o ato de<<strong>br</strong> />

adquirir uniformi<strong>da</strong>de e coesão fora do mundo normal. 9:94<<strong>br</strong> />

A arte de espreitar, <strong>com</strong>o já disse, tem a ver <strong>com</strong> a fixação do ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação. Através <strong>da</strong> prática os feiticeiros antigos desco<strong>br</strong>iram<<strong>br</strong> />

que ain<strong>da</strong> mais importante do que deslocar o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação é fazer <strong>com</strong> que ele fique no novo posicionamento,<<strong>br</strong> />

onde quer que seja. 9:94<<strong>br</strong> />

5.7.3.6 COERÊNCIA E UNIFORMIDADE<<strong>br</strong> />

Se o ponto de aglutinação não ficar estacionário, não há possibili<strong>da</strong>de de percebermos<<strong>br</strong> />

coerentemente. O que perceberíamos seria um caleidoscópio de imagens<<strong>br</strong> />

desassocia<strong>da</strong>s. Por isso os feiticeiros antigos punham tanta ênfase no sonhar quanto<<strong>br</strong> />

na espreita. Uma arte não pode existir sem a outra, especialmente para o tipo de<<strong>br</strong> />

ativi<strong>da</strong>de em que eles estão envolvidos. 9:94<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos chamavam-nas de <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

atenção e de grande aventura do desconhecido. 9:94<<strong>br</strong> />

Essas ativi<strong>da</strong>des são resultantes dos deslocamentos do ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos aprenderam não somente a deslocar seu ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

131


para milhares de posicionamentos na superfície ou no interior de sua massa energética,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o também a fixar o ponto de aglutinação nessas posições, e assim manter<<strong>br</strong> />

indefini<strong>da</strong>mente a coesão. 9:94<<strong>br</strong> />

Quanto mais clara a visão dos sonhos, maior nossa coesão. 9:87<<strong>br</strong> />

A coesão dos feiticeiros antigos era tamanha a ponto de permitir que se tornasse<<strong>br</strong> />

perceptivo e fisicamente tudo que fosse ditado pelo posicionamento específico<<strong>br</strong> />

de seu ponto de aglutinação. Podiam transformar-se em qualquer coisa para a qual<<strong>br</strong> />

tivessem um inventário específico. Um inventário é a relação de todos os detalhes de<<strong>br</strong> />

percepção envolvidos em tornar-se, por exemplo, jaguares, pássaros, insetos etc. etc. 9:95<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos tinham uma fluidez soberba. Tudo o que precisavam era<<strong>br</strong> />

um deslocamento mínimo de seu ponto de aglutinação, uma minúscula pista perceptiva<<strong>br</strong> />

vin<strong>da</strong> do sonhar, e instantaneamente espreitavam aquela percepção; rearranjavam sua<<strong>br</strong> />

coesivi<strong>da</strong>de para se ajustar ao novo estado de consciência e tornar-se um animal, outra<<strong>br</strong> />

pessoa, um pássaro ou qualquer coisa. 9:95<<strong>br</strong> />

Os doentes mentais imaginam uma reali<strong>da</strong>de pessoal porque não têm<<strong>br</strong> />

nenhum objetivo preconcebido. Os loucos trazem o caos para<<strong>br</strong> />

dentro do caos. Os feiticeiros, ao contrário, trazem a ordem para<<strong>br</strong> />

o caos. Seu objetivo preconcebido e transcendental é libertar a<<strong>br</strong> />

percepção. Os feiticeiros não criam o mundo que estão percebendo;<<strong>br</strong> />

eles percebem a energia diretamente, e em segui<strong>da</strong> desco<strong>br</strong>em<<strong>br</strong> />

que o que estão percebendo é um mundo novo e desconhecido,<<strong>br</strong> />

que os pode engolir porque é tão real quanto qualquer<<strong>br</strong> />

coisa que sabemos ser real. 9:95<<strong>br</strong> />

Ao ver os pontos de aglutinação <strong>da</strong>s crianças flutuando constantemente, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

se movimentados por um tremor, mu<strong>da</strong>ndo de lugar <strong>com</strong> facili<strong>da</strong>de, os feiticeiros antigos<<strong>br</strong> />

concluíram que o posicionamento habitual do ponto de aglutinação não é inato, e<<strong>br</strong> />

sim estabelecido a partir do hábito. Vendo que somente nos adultos eles eram fixados<<strong>br</strong> />

num posicionamento, deduziram que a localização específica do ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

permite um modo específico de perceber. Através do uso, esse modo específico de<<strong>br</strong> />

perceber torna-se um sistema para interpretar <strong>da</strong>dos sensoriais. 9:92<<strong>br</strong> />

Por nascermos nesse sistema, desde o instante do nascimento lutamos imperativamente<<strong>br</strong> />

para ajustar nossa percepção às exigências dele; um sistema que nos<<strong>br</strong> />

governa durante to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. Portanto, os feiticeiros antigos estavam totalmente certos<<strong>br</strong> />

em acreditar que o ato de contrariá-lo e perceber a energia diretamente [enquanto<<strong>br</strong> />

ela flui] é o que transforma uma pessoa num feiticeiro. 9:93<<strong>br</strong> />

A maior realização de nosso desenvolvimento humano é travar o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação em seu posicionamento habitual. Já que, assim que ele se imobiliza ali,<<strong>br</strong> />

132


nossa percepção pode ser ensina<strong>da</strong> e leva<strong>da</strong> a interpretar o que percebemos. Em outras<<strong>br</strong> />

palavras, podemos ser levados a perceber mais em termos do nosso sistema do<<strong>br</strong> />

que em termos de nossos sentidos. A percepção humana é universalmente homogênea<<strong>br</strong> />

porque o ponto de aglutinação de to<strong>da</strong> a raça humana é fixado no mesmo local. 9:93<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros provaram tudo isso a si próprios quando viram que, no momento<<strong>br</strong> />

em que o ponto de aglutinação é deslocado além de um certo limite, e novos filamentos<<strong>br</strong> />

de energia universal <strong>com</strong>eçam a ser captados, o que percebemos não faz sentido.<<strong>br</strong> />

A causa imediata é que os novos <strong>da</strong>dos sensoriais tornaram nosso sistema inoperante,<<strong>br</strong> />

e ele não pode mais ser usado para interpretar o que estamos percebendo. 9:93<<strong>br</strong> />

Perceber sem o nosso sistema, claro, é uma coisa caótica. Mas estranhamente,<<strong>br</strong> />

quando achamos que perdemos a cabeça, nosso velho<<strong>br</strong> />

sistema vem nos resgatar e transforma a percepção in<strong>com</strong>preensível<<strong>br</strong> />

num mundo novo totalmente <strong>com</strong>preensível. 9:93<<strong>br</strong> />

5.7.3.7 MUNDOS ALÉM DA IMAGINAÇÃO<<strong>br</strong> />

Usar técnicas do sonhar no mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana é uma <strong>da</strong>s ferramentas<<strong>br</strong> />

mais eficazes dos feiticeiros antigos. Ela torna a percepção direta <strong>da</strong> energia uma coisa<<strong>br</strong> />

onírica, em vez de totalmente caótica, até um momento em que alguma coisa rearranje<<strong>br</strong> />

a percepção e os feiticeiros se vejam diante de um mundo novo. 9:96<<strong>br</strong> />

Sei <strong>com</strong>o é difícil a mente permitir que possibili<strong>da</strong>des irracionais se<<strong>br</strong> />

tornem reais. Mas existem mundo novos! Estão envoltos uns so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

os outros <strong>com</strong>o as cama<strong>da</strong>s de uma cebola. O mundo onde<<strong>br</strong> />

existimos é apenas uma dessas cama<strong>da</strong>s. 9:96<<strong>br</strong> />

Só vamos até esses mundos <strong>com</strong>o um exercício. Essas jorna<strong>da</strong>s são<<strong>br</strong> />

os antecedentes dos feiticeiros de hoje em dia. Fazemos o mesmo<<strong>br</strong> />

tipo de sonhar que os feiticeiros antigos faziam, mas num<<strong>br</strong> />

determinado momento nos desviamos para um novo terreno. Os<<strong>br</strong> />

feiticeiros antigos preferiram os deslocamentos do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

de modo a estar sempre em terrenos mais ou menos previsíveis.<<strong>br</strong> />

Nós preferimos os movimentos do ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros estavam atrás do desconhecido humano. Nós estamos<<strong>br</strong> />

atrás do desconhecido não-humano. 9:96<<strong>br</strong> />

[O ser não-humano é] libertar-se do ser humano. Mundos inconcebíveis<<strong>br</strong> />

que estão fora do âmbito humano, mas que podem ser percebidos.<<strong>br</strong> />

É aí que os feiticeiros [de hoje em dia] pegam a outra<<strong>br</strong> />

estra<strong>da</strong>. Eles preferem o que está fora do domínio humano. E o<<strong>br</strong> />

que está fora do domínio humano são todos os mundos, não apenas<<strong>br</strong> />

a esfera dos pássaros, dos animais ou dos homens, ain<strong>da</strong> que<<strong>br</strong> />

seja de um homem desconhecido. Estou falando de mundos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

esse em que vivemos; mundos totais <strong>com</strong> incontáveis esferas. 9:97<<strong>br</strong> />

133


[Esses mundos ficam] em posicionamentos diferentes do ponto de aglutinação,<<strong>br</strong> />

mas posicionamentos aos quais os feiticeiros chegam <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

um movimento do ponto de aglutinação, não <strong>com</strong> um deslocamento.<<strong>br</strong> />

Entrar nesses mundos é o tipo de sonhar que apenas os feiticeiros<<strong>br</strong> />

de hoje em dia fazem. Os feiticeiros antigos ficaram longe dele,<<strong>br</strong> />

porque é necessário um grande desprendimento e nenhuma autoimportância.<<strong>br</strong> />

Um preço que eles não podiam se <strong>da</strong>r ao luxo de pagar.<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros que o praticam atualmente, o sonhar é a liber<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de perceber mundos além <strong>da</strong> imaginação. 9:97-98<<strong>br</strong> />

Liber<strong>da</strong>de é uma aventura sem fim, onde arriscamos nossas vi<strong>da</strong>s e<<strong>br</strong> />

muito mais por alguns momentos e alguma coisa além dos mundos,<<strong>br</strong> />

além de pensamentos ou sentimentos.<<strong>br</strong> />

A busca <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de é a única força que eu conheço. Liber<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de voar até aquele infinito lá fora. Liber<strong>da</strong>de para se dissolver;<<strong>br</strong> />

para decolar; para ser <strong>com</strong>o a chama de uma vela que, mesmo<<strong>br</strong> />

diante <strong>da</strong> luz de um bilhão de estrelas, permanece intacta, porque<<strong>br</strong> />

jamais pretendeu ser mais do que é: uma simples vela. 9:98<<strong>br</strong> />

5.7.3.8 UMA NOVA ÁREA DE EXPLORAÇÃO<<strong>br</strong> />

Para ver durante o sonhar [precisa-se] do intento de ver, mas também de<<strong>br</strong> />

colocar o intento em palavras ditas em voz alta. Existem outros meios de se chegar ao<<strong>br</strong> />

mesmo resultado, mas verbalizar o intento é o modo mais simples e mais direto. 9:186<<strong>br</strong> />

Você precisa ter paciência. Está aprendendo a fazer uma coisa extraordinária.<<strong>br</strong> />

Você está aprendendo o intento de ver em seus sonhos.<<strong>br</strong> />

Um dia não vai precisar mais verbalizar o intento, bastará<<strong>br</strong> />

desejá-lo, em silêncio. 9:186<<strong>br</strong> />

[Quando na<strong>da</strong> acontece depois de intentar o ver é porque] até agora<<strong>br</strong> />

seus sonhos foram sonhos <strong>com</strong>uns; foram projeções<<strong>br</strong> />

fantasmagóricas; imagens que vivem apenas em sua atenção sonhadora.<<strong>br</strong> />

9:187<<strong>br</strong> />

Algum dia você vai ver <strong>com</strong>o tudo isso é engraçado. Enquanto isso,<<strong>br</strong> />

não desista nem se sinta desencorajado. Continue tentando. Cedo<<strong>br</strong> />

ou tarde você vai tocar a nota certa. 9:187<<strong>br</strong> />

Os sonhos podem acontecer na reali<strong>da</strong>de consensual de nosso mundo cotidiano.<<strong>br</strong> />

9:189 Nos sonhos especiais, nossa atenção sonhadora se concentra no mundo cotidiano,<<strong>br</strong> />

e ela se move instantaneamente de algum objeto real para outro objeto real do<<strong>br</strong> />

mundo. O que torna possível esse movimento é que o ponto de aglutinação está na<<strong>br</strong> />

posição sonhadora adequa<strong>da</strong>. A partir desse posicionamento o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

dá tamanha fluidez à atenção sonhadora que ela pode se mover num piscar de olhos<<strong>br</strong> />

134


através de distâncias incríveis; e ao fazer isso produz uma percepção tão rápi<strong>da</strong>, tão<<strong>br</strong> />

fugidia, que parece um sonho <strong>com</strong>um. 9:190<<strong>br</strong> />

Sei <strong>com</strong>o isso é perturbador. Por algum motivo <strong>da</strong> mente, ver energia<<strong>br</strong> />

durante o sonhar é muito mais perturbador do que qualquer<<strong>br</strong> />

coisa em que possamos pensar. 9:190<<strong>br</strong> />

Agora seu corpo energético está <strong>com</strong>pleto e funcionando. Portanto a<<strong>br</strong> />

implicação de ver no sonho é que você está percebendo um mundo<<strong>br</strong> />

real, através do véu de um sonho. Essa é a importância [dessa]<<strong>br</strong> />

viagem. Ela é real. Envolve itens geradores de energia. 9:190<<strong>br</strong> />

A não ser que vejamos no sonhar, não podemos diferenciar uma coisa<<strong>br</strong> />

real, geradora de energia, de uma projeção fantasmagórica.<<strong>br</strong> />

Apesar de você ter lutado contra os seres inorgânicos e visto os<<strong>br</strong> />

batedores e os túneis, seu corpo energético não sabe <strong>com</strong> certeza<<strong>br</strong> />

se eles são reais, ou seja, geradores de energia. Você tem noventa<<strong>br</strong> />

e nove, mas não cem por cento de certeza. 9:191<<strong>br</strong> />

O mundo é <strong>com</strong>o uma cebola. Tem muitas peles. O mundo que conhecemos<<strong>br</strong> />

é apenas uma delas. Algumas vezes atravessamos fronteiras<<strong>br</strong> />

e entramos em outra pele: outro mundo, muito parecido<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> este, mas não o mesmo. E você entrou em outro, sozinho. 9:191<<strong>br</strong> />

[Como é possível essa viagem?] é uma pergunta sem sentido, porque<<strong>br</strong> />

ninguém pode responder. Na visão dos feiticeiros o universo é<<strong>br</strong> />

construido em cama<strong>da</strong>s que o corpo energético pode atravessar.<<strong>br</strong> />

Sabe onde os feiticeiros <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de estão vivendo até hoje?<<strong>br</strong> />

Em outra cama<strong>da</strong>, em outra pele de cebola. 9:191<<strong>br</strong> />

5.7.3.9 A ESPREITA DEFINITIVA<<strong>br</strong> />

[Você deve estar] pronto para uma última afirmação so<strong>br</strong>e [o mundo<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos]. A afirmação mais aterrorizante que posso<<strong>br</strong> />

fazer.<<strong>br</strong> />

A energia necessária para mover o ponto de aglutinação dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

vem do mundo dos seres inorgânicos. Essa é a ver<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

o legado dos feiticeiros antigos para nós. Eles nos mantêm presos<<strong>br</strong> />

até hoje. Este é o motivo pelo qual não gosto deles. Fico indignado<<strong>br</strong> />

por ter de mergulhar apenas numa fonte. Pessoalmente,<<strong>br</strong> />

me recuso a fazê-lo. E tentei afastá-lo disso. Mas não tive sucesso<<strong>br</strong> />

porque alguma coisa puxa-o para aquele mundo, <strong>com</strong>o um ímã. 9:201<<strong>br</strong> />

Não podemos fazer negócios <strong>com</strong> eles, e mesmo assim não podemos<<strong>br</strong> />

ficar longe deles. Minha solução tem sido tomar a energia,<<strong>br</strong> />

mas não ceder à influência deles. Isso é conhecido <strong>com</strong>o a espreita<<strong>br</strong> />

definitiva. É feita sustentando o firme intento de liber<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

ain<strong>da</strong> que nenhum feiticeiro saiba o que é realmente liber<strong>da</strong>de. 9:202<<strong>br</strong> />

135


[Os feiticeiros precisam pegar energia do mundo dos seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

porque] não existe outra energia viável para os feiticeiros.<<strong>br</strong> />

Para mano<strong>br</strong>ar o ponto de aglutinação do jeito que fazem, os feiticeiros<<strong>br</strong> />

precisam de uma quanti<strong>da</strong>de enorme de energia. 9:202<<strong>br</strong> />

Não existe modo de os feiticeiros terem acesso àquela quanti<strong>da</strong>de de energia<<strong>br</strong> />

procurando-a apenas em si próprios. Não importa o quanto reestruturem sua energia<<strong>br</strong> />

básica e natural, ain<strong>da</strong> não basta. 9:202<<strong>br</strong> />

Para <strong>com</strong>eçar a sonhar os feiticeiros precisam redefinir suas premissas<<strong>br</strong> />

e economizar a energia; mas essa redefinição só é váli<strong>da</strong> para<<strong>br</strong> />

a energia destina<strong>da</strong> ao início do sonhar. Voar até outros mundos,<<strong>br</strong> />

ver energia, forjar o corpo energético etc. etc. é outra coisa. Para<<strong>br</strong> />

essas mano<strong>br</strong>as os feiticeiros precisam de montes de energia escura,<<strong>br</strong> />

alienígena. [Energia escura que pode ser retira<strong>da</strong> do mundo<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos] através do simples ato de ir àquele mundo.<<strong>br</strong> />

Todos os feiticeiros de nossa linha precisam fazer isso. 9:202<<strong>br</strong> />

5.7.3.10 VIAGEM ENERGÉTICA PARA OUTROS MUNDOS<<strong>br</strong> />

O uso <strong>da</strong> consciência <strong>com</strong>o um elemento energético do universo é a essência<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> feitiçaria. Em termos práticos, a trajetória <strong>da</strong> feitiçaria é, primeiro, libertar a energia<<strong>br</strong> />

existente em nós seguindo implacavelmente o caminho dos feiticeiros; segundo,<<strong>br</strong> />

usar essa energia para desenvolver o corpo energético através do sonhar; e terceiro,<<strong>br</strong> />

usar a consciência <strong>com</strong>o um elemento do ambiente para entrar <strong>com</strong> o corpo energético<<strong>br</strong> />

e to<strong>da</strong> a nossa fisicali<strong>da</strong>de em outros mundos. 9:206<<strong>br</strong> />

Todo feiticeiro passa pela mesma agonia [de um tumulto interior]. A<<strong>br</strong> />

consciência é uma área infinita de exploração para os feiticeiros e<<strong>br</strong> />

para os homens em geral. Com o objetivo de aumentar a consciência,<<strong>br</strong> />

não existe risco que não devamos correr; nenhum meio<<strong>br</strong> />

que devamos recusar. Mas não se esqueça de que a consciência<<strong>br</strong> />

só pode ser aumenta<strong>da</strong> <strong>com</strong> mente sã. 9:205<<strong>br</strong> />

Vou propor uma linha de ação para você. É a última tarefa do terceiro<<strong>br</strong> />

portão do sonhar, e consiste em espreitar os espreitadores; uma<<strong>br</strong> />

mano<strong>br</strong>a misteriosíssima. Espreitar os espreitadores significa que<<strong>br</strong> />

você delibera<strong>da</strong>mente retira energia do mundo dos seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o objetivo de realizar um ato de feitiçaria. 9:205<<strong>br</strong> />

Uma viagem; uma viagem que usa a consciência <strong>com</strong>o um elemento<<strong>br</strong> />

do ambiente. No mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana a água é um<<strong>br</strong> />

elemento do ambiente que usamos para viajar. Imagine a consciência<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um elemento semelhante, que pode ser usado para<<strong>br</strong> />

viajar. Através <strong>da</strong> consciência batedores de todo o universo vêm<<strong>br</strong> />

até nós. E através <strong>da</strong> consciência os feiticeiros vão aos confins do<<strong>br</strong> />

universo. 9:206<<strong>br</strong> />

136


[A consciência não é um elemento físico mas] um elemento energético.<<strong>br</strong> />

Você precisa fazer essa distinção. Para os feiticeiros que<<strong>br</strong> />

vêem, a consciência é um <strong>br</strong>ilho. Eles podem atrelar seu corpo<<strong>br</strong> />

energético àquele <strong>br</strong>ilho e viajar <strong>com</strong> ele. 9:207<<strong>br</strong> />

A diferença é que os elementos físicos são parte de nosso sistema de<<strong>br</strong> />

interpretação, mas os elementos energéticos não. Os elementos<<strong>br</strong> />

energéticos, <strong>com</strong>o a consciência, existem em nosso universo. Mas<<strong>br</strong> />

nós, <strong>com</strong>o pessoas <strong>com</strong>uns, só percebemos os elementos físicos<<strong>br</strong> />

porque nos ensinaram isso. Os feiticeiros percebem os elementos<<strong>br</strong> />

energéticos pelo mesmo motivo: porque lhes ensinaram a fazê-lo. 9:207<<strong>br</strong> />

Existem dois tipos de viagem energética para outros mundos. Uma é<<strong>br</strong> />

quando a consciência pega o corpo energético e leva-o para onde<<strong>br</strong> />

quer; e a outra é quando o feiticeiro decide, <strong>com</strong> consciência total,<<strong>br</strong> />

usar a aveni<strong>da</strong> <strong>da</strong> consciência <strong>com</strong> o objetivo de fazer uma<<strong>br</strong> />

viagem. Você já fez o primeiro tipo de viagem. O segundo exige<<strong>br</strong> />

uma disciplina enorme. 9:207<<strong>br</strong> />

Na vi<strong>da</strong> dos feiticeiros existem questões que exigem um domínio de mestre, e<<strong>br</strong> />

li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> a consciência, <strong>com</strong>o um elemento de energia aberto ao corpo energético, é a<<strong>br</strong> />

questão mais importante, vital e perigosa. 9:207<<strong>br</strong> />

Sozinho você não tem energia suficiente para realizar a última tarefa<<strong>br</strong> />

do terceiro portão de sonhar. 9:207<<strong>br</strong> />

Quero que você rompa as fronteiras do mundo normal e, usando a consciência<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um elemento energético, entre em outro. Essa que<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

e essa entra<strong>da</strong> têm a ver <strong>com</strong> espreitar os espreitadores. O uso <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

consciência <strong>com</strong>o elemento do ambiente passa ao largo <strong>da</strong> influência<<strong>br</strong> />

dos seres inorgânicos, mas mesmo assim utiliza sua energia. 9:207<<strong>br</strong> />

A tarefa é surrupiar energia dos seres inorgânicos, e não ser <strong>com</strong>an<strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

por eles. 9:218<<strong>br</strong> />

Para usar a consciência <strong>com</strong>o um elemento do ambiente os feiticeiros precisam<<strong>br</strong> />

fazer primeiro uma viagem ao mundo dos seres inorgânicos. Em segui<strong>da</strong> precisam<<strong>br</strong> />

usar essa viagem <strong>com</strong>o um trampolim e, enquanto estiverem de posse <strong>da</strong> energia<<strong>br</strong> />

escura necessária, devem intentar ser lançados, através do meio <strong>da</strong> consciência, até<<strong>br</strong> />

outro mundo. 9:219<<strong>br</strong> />

5.7.4 AS ORDENS DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

Seguindo as ordens do espírito, tenho de lhe dizer o que é o quarto<<strong>br</strong> />

portão de sonhar, apesar de não poder mais guiá-lo. 9:222<<strong>br</strong> />

Se você pode ou não [atravessar sozinho o quarto portão], só quem<<strong>br</strong> />

sabe é o espírito. 9:222<<strong>br</strong> />

137


No quarto portão do sonhar, o corpo viaja a lugares concretos e específicos.<<strong>br</strong> />

Existem três modos de usar o quarto portão. Um é viajar a lugares concretos neste<<strong>br</strong> />

mundo; dois, viajar a lugares concretos fora deste mundo, e três, viajar a lugares que<<strong>br</strong> />

existem apenas no intento dos outros. Este último é o mais difícil e perigoso mas é, de<<strong>br</strong> />

longe, o preferido dos feiticeiros <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de. 9:222<<strong>br</strong> />

Só posso dizer que [agora] você vai ter uma lição no sonhar, do modo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o costumam ser as lições no sonhar, mas você não vai receber<<strong>br</strong> />

de mim essa lição. Outra pessoa será seu professor e seu guia.<<strong>br</strong> />

Um visitante, que para você pode ser uma surpresa horren<strong>da</strong> ou<<strong>br</strong> />

então surpresa nenhuma. 9:228<<strong>br</strong> />

É uma lição so<strong>br</strong>e o quarto portão do sonhar. E é <strong>da</strong><strong>da</strong> em duas partes.<<strong>br</strong> />

A primeira parte explicarei agora. A segun<strong>da</strong>, ninguém pode<<strong>br</strong> />

explicar, porque é uma coisa que diz respeito somente a você.<<strong>br</strong> />

Todos os [mestres-feiticeiros] de minha linha tiveram essa lição<<strong>br</strong> />

de duas partes, mas não houve duas iguais; elas foram cria<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

para atender às tendências pessoais do caráter desses [mestresfeiticeiros].<<strong>br</strong> />

9:228<<strong>br</strong> />

Como você já sabe, perceber diretamente a energia, para os feiticeiros<<strong>br</strong> />

[de hoje em dia], é uma realização pessoal. Nós mano<strong>br</strong>amos<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação através <strong>da</strong> autodisciplina. Para os feiticeiros<<strong>br</strong> />

antigos, o deslocamento do ponto de aglutinação era conseqüência<<strong>br</strong> />

de sua submissão a outros: seus professores, que realizavam<<strong>br</strong> />

esses deslocamentos através de operações obscuras e os<<strong>br</strong> />

ofereciam aos discípulos <strong>com</strong>o dons de poder.<<strong>br</strong> />

Para alguém que tenha mais energia do que nós é possível fazer<<strong>br</strong> />

qualquer coisa conosco. Os feiticeiros antigos não eram tão impecáveis,<<strong>br</strong> />

e através dos esforços incessantes para obter controle<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e os outros eles criavam uma situação de escuridão e terror<<strong>br</strong> />

que passava de professor para discípulo. 9:228<<strong>br</strong> />

5.7.4.1 O DESAFIADOR DA MORTE<<strong>br</strong> />

[O desafiador do morte, conhecido <strong>com</strong>o inquilino] nos oferece dons<<strong>br</strong> />

de poder a ca<strong>da</strong> geração. E foi a natureza específica desses dons<<strong>br</strong> />

de poder que mudou o curso de nossa linhagem. 9:229<<strong>br</strong> />

Sendo um feiticeiro dos tempos antigos, o inquilino aprendeu de seus professores<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>des de mu<strong>da</strong>r seu ponto de aglutinação. Como tem, talvez, milhares<<strong>br</strong> />

de anos de uma vi<strong>da</strong> e uma consciência estranha – tempo suficiente para aperfeiçoar qualquer<<strong>br</strong> />

coisa – ele agora sabe <strong>com</strong>o alcançar e manter centenas, se não milhares, de posicionamentos<<strong>br</strong> />

do ponto de aglutinação. Seus dons são <strong>com</strong>o mapas para deslocar o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação para locais específicos e <strong>com</strong>o manuais so<strong>br</strong>e <strong>com</strong>o imobilizá-los em qualquer<<strong>br</strong> />

desses posicionamentos, e <strong>com</strong> isso adquirir coesão. 9:230<<strong>br</strong> />

138


Nós estivemos discutindo as estranhas realizações dos feiticeiros <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

antigüi<strong>da</strong>de. Mas é sempre difícil quando precisamos falar exclusivamente<<strong>br</strong> />

em idéias, sem o conhecimento em primeira mão. Posso<<strong>br</strong> />

repetir de hoje até o dia do juizo alguma coisa que para mim é<<strong>br</strong> />

clara <strong>com</strong>o cristal, mas que para você é impossível de entender<<strong>br</strong> />

ou acreditar, porque você não tem o conhecimento prático so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

ela. 9:231<<strong>br</strong> />

[Para um feiticeiro desafiador <strong>da</strong> morte,] tão versado nos deslocamentos<<strong>br</strong> />

dos pontos de aglutinação, ser homem ou mulher é questão<<strong>br</strong> />

de escolha ou conveniência. Esta é a primeira parte <strong>da</strong> lição<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o sonhar, que eu disse que você receberia. E o desafiador<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> morte é o visitante misterioso que vai guiá-lo através dele.<<strong>br</strong> />

Não posso lhe dizer o que fazer. Só posso, <strong>com</strong>o qualquer outro<<strong>br</strong> />

[mestre-feiticeiro], colocá-lo diante de seu desafio depois de dizer,<<strong>br</strong> />

em termos bastante oblíquos, tudo que é pertinente. Esta é<<strong>br</strong> />

outra <strong>da</strong>s mano<strong>br</strong>as do [mestre-feiticeiro]: dizer tudo sem dizer,<<strong>br</strong> />

ou perguntar sem perguntar. 9:233<<strong>br</strong> />

A primeira parte desta lição do sonhar é que a masculini<strong>da</strong>de e a<<strong>br</strong> />

feminili<strong>da</strong>de não são estados definitivos, e sim o resultado de um<<strong>br</strong> />

ato específico de posicionamento do ponto de aglutinação. E esse<<strong>br</strong> />

ato de rearrumar o ponto de aglutinação é, naturalmente, questão<<strong>br</strong> />

de vontade e treinamento. Como era um tema caro aos feiticeiros<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de, apenas eles podem lançar alguma luz so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

isso. 9:233<<strong>br</strong> />

[Tudo o que você pensa a respeito do masculino e do feminino] é<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de enquanto nosso ponto de aglutinação permanecer em<<strong>br</strong> />

seu posicionamento habitual. Mas no momento em que ele se<<strong>br</strong> />

desloca para além de certas fronteiras, e nosso mundo cotidiano<<strong>br</strong> />

não funciona mais, nenhum dos princípios que você nutre <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

carinho tem esse valor absoluto [no qual está pensando].<<strong>br</strong> />

Seu erro é esquecer que o desafiador <strong>da</strong> morte transcendeu essas<<strong>br</strong> />

fronteiras milhares e milhares de vezes. Não é preciso ser gênio<<strong>br</strong> />

para perceber que o inquilino não está mais preso às mesmas<<strong>br</strong> />

forças que atualmente governam você. 9:234<<strong>br</strong> />

É preciso entender que somente você pode tomar a decisão de encontrar<<strong>br</strong> />

ou não encontrar o inquilino, e de aceitar ou rejeitar seus<<strong>br</strong> />

dons de poder. Mas sua decisão precisa ser verbaliza<strong>da</strong> para [o<<strong>br</strong> />

inquilino], cara a cara e a sós; de outro modo não será váli<strong>da</strong>. 9:236<<strong>br</strong> />

Antes de tomar sua ver<strong>da</strong>deira decisão você precisa conhecer<<strong>br</strong> />

todos os detalhes de nossas transações <strong>com</strong> aquele feiticeiro. 9:237<<strong>br</strong> />

Isso não é uma questão de se esconder até que o perigo passe. Este<<strong>br</strong> />

é o momento <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. Tudo o que você já fez e experimentou<<strong>br</strong> />

no mundo dos feiticeiros canalizou-o para este ponto. Eu não<<strong>br</strong> />

139


queria dizer, porque sabia que seu corpo energético iria contar,<<strong>br</strong> />

mas não há <strong>com</strong>o sair desse <strong>com</strong>promisso. Nem mesmo morrendo.<<strong>br</strong> />

Compreende? 9:237<<strong>br</strong> />

Você deve enfrentar o desafiador <strong>da</strong> morte a frio [sem mu<strong>da</strong>r o nível<<strong>br</strong> />

de consciência], e <strong>com</strong> premeditação absoluta. E não pode fazer<<strong>br</strong> />

isso por procuração. 9:237<<strong>br</strong> />

O desafiador <strong>da</strong> morte, sendo definitivamente uma criatura de hábitos rituais,<<strong>br</strong> />

sempre encontra os [mestres-feiticeiros] de sua linha primeiro <strong>com</strong>o homem, depois<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o mulher. 9:239<<strong>br</strong> />

[Os dons do desafiador <strong>da</strong> morte são dons de poder. São assim chamados]<<strong>br</strong> />

porque são produtos do conhecimento especializado dos<<strong>br</strong> />

feiticeiros antigos. O mistério so<strong>br</strong>e os dons é que ninguém na<<strong>br</strong> />

terra, <strong>com</strong> exceção do desafiador <strong>da</strong> morte, pode nos <strong>da</strong>r uma<<strong>br</strong> />

amostra desse conhecimento. E, claro, eu posso deslocar meu<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação para onde quiser, dentro ou fora <strong>da</strong> forma<<strong>br</strong> />

energética humana. Mas o que não consigo, e somente o desafiador<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> morte consegue, é saber o que fazer <strong>com</strong> meu corpo<<strong>br</strong> />

energético em ca<strong>da</strong> um desses pontos, <strong>com</strong> o objetivo de obter<<strong>br</strong> />

uma percepção total, uma coesão total. 9:240<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros [de hoje em dia] não conhecem os detalhes dos milhares e milhares<<strong>br</strong> />

de posicionamentos possíveis do ponto de aglutinação. [Detalhes são] maneiras<<strong>br</strong> />

particulares de tratar o corpo energético para manter o ponto de aglutinação fixo<<strong>br</strong> />

em posições específicas. 9:240<<strong>br</strong> />

A maioria dos deslocamentos experimentados pelos feiticeiros [de hoje em<<strong>br</strong> />

dia] são deslocamentos intermediários dentro de um feixe de filamentos de energia<<strong>br</strong> />

luminosa no interior do ovo luminoso, um feixe chamado de faixa do homem, ou o<<strong>br</strong> />

aspecto puramente humano <strong>da</strong> energia do universo. Para além dessa faixa, mas ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

dentro do ovo luminoso, está o âmbito dos grandes deslocamentos. Quando o ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação se desloca para qualquer ponto <strong>da</strong>quela área a percepção continua<<strong>br</strong> />

sendo <strong>com</strong>preensível para nós, mas são necessários procedimentos extremamente detalhados<<strong>br</strong> />

para que a percepção não seja apenas <strong>com</strong>preensível, mas total. 9:240<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> grande deslocamento tem um funcionamento interno diferente,<<strong>br</strong> />

que os feiticeiros [de hoje em dia] podem aprender se souberem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o fixar o ponto de aglutinação por tempo suficiente em qualquer<<strong>br</strong> />

deslocamento grande. Somente os feiticeiros <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

tinham o conhecimento específico necessário para fazer<<strong>br</strong> />

isso. 9:241<<strong>br</strong> />

Pense nisso: se você ain<strong>da</strong> não consegue lem<strong>br</strong>ar de to<strong>da</strong>s as coisas<<strong>br</strong> />

que eu lhe ensinei e fiz <strong>com</strong> você na segun<strong>da</strong> atenção, imagine o<<strong>br</strong> />

quanto mais difícil deve ser lem<strong>br</strong>ar o que o desafiador <strong>da</strong> morte<<strong>br</strong> />

140


lhe ensinou e fez <strong>com</strong> você. Eu só fiz mu<strong>da</strong>r de nível de consciência.<<strong>br</strong> />

O desafiador <strong>da</strong> morte fez você mu<strong>da</strong>r de universos. 9:282<<strong>br</strong> />

O dom concedido pelo desafiador <strong>da</strong> morte consiste em infinitas possibili<strong>da</strong>des<<strong>br</strong> />

de sonhar. O sentimento pendente é que você não apenas<<strong>br</strong> />

viverá essas possibili<strong>da</strong>des, mas um dia irá <strong>com</strong>preendê-las. 9:285<<strong>br</strong> />

141


CAPÍTULO 6<<strong>br</strong> />

A RECAPITULAÇÃO<<strong>br</strong> />

6.1 RECONTAR OS EVENTOS DE SUA VIDA<<strong>br</strong> />

A premissa dos feiticeiros é que para se introduzir algo, precisa-se de<<strong>br</strong> />

espaço para colocá-lo. Se você estiver cheio até a bor<strong>da</strong> <strong>com</strong> itens<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana, não há espaço para na<strong>da</strong> novo. Esse espaço precisa<<strong>br</strong> />

ser construido. Percebe o que eu quero dizer? O feiticeiros dos<<strong>br</strong> />

tempos antigos acreditavam que a recapitulação <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> a<strong>br</strong>ia<<strong>br</strong> />

esse espaço. Ela fazia isso e muito mais, claro. 12:180<<strong>br</strong> />

A recapitulação liberta a energia aprisiona<strong>da</strong> dentro de nós, e sem<<strong>br</strong> />

essa energia libera<strong>da</strong> o sonhar não é possível. 9:167<<strong>br</strong> />

Recapitular e sonhar an<strong>da</strong>m lado a lado. À medi<strong>da</strong> que regurgitamos<<strong>br</strong> />

nossas vi<strong>da</strong>s nós ficamos mais e mais leves. 9:167<<strong>br</strong> />

A recapitulação consiste em reviver a totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s experiências de vi<strong>da</strong> lem<strong>br</strong>ando-se<<strong>br</strong> />

de ca<strong>da</strong> detalhe possível. A recapitulação é fator essencial na redefinição e<<strong>br</strong> />

reestruturação <strong>da</strong> energia do sonhador.<<strong>br</strong> />

A recapitulação de nossa vi<strong>da</strong> nunca termina, não importa que tenhamos<<strong>br</strong> />

recapitulado direito. O motivo <strong>da</strong>s pessoas <strong>com</strong>uns não terem<<strong>br</strong> />

vontade própria nos sonhos é nunca terem recapitulado, e<<strong>br</strong> />

suas vi<strong>da</strong>s ficam cheias até a bor<strong>da</strong> de emoções <strong>com</strong>o lem<strong>br</strong>anças,<<strong>br</strong> />

esperanças, medos etc. etc.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros, por outro lado, são relativamente livres de emoções pesa<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

e opressivas, por causa <strong>da</strong> recapitulação. E se alguma coisa faz<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> que eles fiquem bloqueados, a suposição é que ain<strong>da</strong> existe<<strong>br</strong> />

alguma coisa neles que não está suficientemente clara. 9:167<<strong>br</strong> />

Recor<strong>da</strong>r não é o mesmo que relem<strong>br</strong>ar. Relem<strong>br</strong>ar é ditado pelo<<strong>br</strong> />

tipo de pensamento cotidiano, enquanto recor<strong>da</strong>r é ditado pelo<<strong>br</strong> />

movimento do ponto de aglutinação. Uma recapitulação de suas<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>s, que os feiticeiros fazem, é a chave para movimentar seus<<strong>br</strong> />

pontos de aglutinação. Os feiticeiros <strong>com</strong>eçam sua recapitulação<<strong>br</strong> />

pensando, relem<strong>br</strong>ando os atos mais importantes de suas vi<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Após apenas pensar a respeito deles, movem-se então para estar<<strong>br</strong> />

realmente no local do evento. Quando conseguem fazer isso, estar<<strong>br</strong> />

no local do evento, foi porque moveram <strong>com</strong> sucesso seu ponto<<strong>br</strong> />

de aglutinação ao lugar preciso onde estava quando o evento teve<<strong>br</strong> />

lugar. Trazer de volta o evento total por meio do [deslocamento]


do ponto de aglutinação é conhecido <strong>com</strong>o a recor<strong>da</strong>ção dos feiticeiros.<<strong>br</strong> />

8:129<<strong>br</strong> />

Nossos pontos de aglutinação estão constantemente se movendo,<<strong>br</strong> />

movimentos imperceptíveis. Os feiticeiros acreditam que, para<<strong>br</strong> />

fazer seus pontos de aglutinação se moverem a pontos precisos,<<strong>br</strong> />

devemos empenhar por intento. Uma vez que não há maneira de<<strong>br</strong> />

saber o que é o intento, os feiticeiros deixam que seus olhos o<<strong>br</strong> />

chamem. 8:130<<strong>br</strong> />

Você precisa recor<strong>da</strong>r a primeira vez em que seus olhos <strong>br</strong>ilharam,<<strong>br</strong> />

porque aquela foi a primeira vez que seu ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

alcançou o lugar <strong>da</strong> não-pie<strong>da</strong>de. A implacabili<strong>da</strong>de possuiu-o<<strong>br</strong> />

então. Ela faz os olhos dos feiticeiros <strong>br</strong>ilharem, e este <strong>br</strong>ilho convi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

o intento. Ca<strong>da</strong> ponto para o qual seus pontos de aglutinação<<strong>br</strong> />

se movem é indicado por um <strong>br</strong>ilho específico de seus olhos.<<strong>br</strong> />

Como seus olhos têm sua própria memória, podem convocar a<<strong>br</strong> />

recor<strong>da</strong>ção de qualquer lugar, convocando o <strong>br</strong>ilho específico<<strong>br</strong> />

associado àquele ponto. 8:130<<strong>br</strong> />

A razão pela qual os feiticeiros colocam tanta ênfase no <strong>br</strong>ilho de seus olhos e em<<strong>br</strong> />

seu olhar é porque os olhos são diretamente ligados ao intento. Contraditória <strong>com</strong>o possa<<strong>br</strong> />

parecer, a ver<strong>da</strong>de é que os olhos são conectados apenas superficialmente ao mundo <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> cotidiana. Sua conexão mais profun<strong>da</strong> é <strong>com</strong> o abstrato. As possibili<strong>da</strong>des do homem<<strong>br</strong> />

são tão vastas e misteriosas que os feiticeiros, antes de pensar a respeito, escolheram<<strong>br</strong> />

explorá-las, <strong>com</strong> nenhuma esperança de algum dia <strong>com</strong>preendê-las. 8:131<<strong>br</strong> />

As únicas vantagens que os feiticeiros podem ter so<strong>br</strong>e os homens<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uns é que armazenaram sua energia, o que significa uma conexão<<strong>br</strong> />

mais precisa, mais clara <strong>com</strong> o intento. Isso também significa<<strong>br</strong> />

que podem recor<strong>da</strong>r a vontade, usando o <strong>br</strong>ilho de seus olhos<<strong>br</strong> />

para mover o ponto de aglutinação. 8:131<<strong>br</strong> />

6.1.1 CICLOS DA RECAPITULAÇÃO<<strong>br</strong> />

Existem dois ciclos básicos para a recapitulação: o primeiro é chamado de<<strong>br</strong> />

formali<strong>da</strong>de e rigidez, e o segundo de fluidez. 9:170<<strong>br</strong> />

A recapitulação de um evento <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a mente arrumando tudo que tem<<strong>br</strong> />

a ver <strong>com</strong> o que está sendo recapitulado. Arrumar significa reconstruir o evento, peça<<strong>br</strong> />

por peça, <strong>com</strong>eçando pela lem<strong>br</strong>ança dos detalhes físicos ao redor, e em segui<strong>da</strong> passando<<strong>br</strong> />

à pessoa <strong>com</strong> quem <strong>com</strong>partilhamos a interação, e em segui<strong>da</strong> para nós mesmos;<<strong>br</strong> />

para o exame de nossos sentimentos. 9:168<<strong>br</strong> />

A maneira <strong>com</strong>o os feiticeiros realizam a recapitulação é muito formal.<<strong>br</strong> />

Consiste em fazer uma lista de to<strong>da</strong>s as pessoas que conhe-<<strong>br</strong> />

143


ceram, desde o presente até o início de suas vi<strong>da</strong>s. Uma vez feita<<strong>br</strong> />

essa lista, pegam a primeira pessoa dela e lem<strong>br</strong>am-se de tudo o<<strong>br</strong> />

que puderem so<strong>br</strong>e essa pessoa. E quero dizer tudo, ca<strong>da</strong> detalhe.<<strong>br</strong> />

É melhor recapitular do presente para o passado, porque as<<strong>br</strong> />

memórias do presente estão frescas e dessa maneira a capaci<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de lem<strong>br</strong>ar é afia<strong>da</strong>. O que os praticantes fazem é lem<strong>br</strong>ar e<<strong>br</strong> />

respirar. Inspiram lenta e delibera<strong>da</strong>mente, girando a cabeça <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

direita para a esquer<strong>da</strong>, num balanço quase imperceptível, e expiram<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> mesma forma. 12:180<<strong>br</strong> />

O inspirar e o expirar devem ser naturais; se forem rápidos demais, uma pessoa<<strong>br</strong> />

entraria no que se chama de respiração cansativa: respirações que depois precisam<<strong>br</strong> />

de respirações lentas a fim de acalmar os músculos. 12:180<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros falam so<strong>br</strong>e esse ato <strong>com</strong>o inalar todos os sentimentos que a<<strong>br</strong> />

pessoa teve no acontecimento sendo recor<strong>da</strong>do e expelir todos os humores indesejáveis<<strong>br</strong> />

e os sentimentos irrelevantes que permaneceram nela. Os feiticeiros acreditam<<strong>br</strong> />

que o mistério <strong>da</strong> recapitulação reside no ato de inalar e exalar. Uma vez que a respiração<<strong>br</strong> />

é uma função de manutenção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, os feiticeiros têm certeza de que através<<strong>br</strong> />

dela a pessoa também pode entregar ao mar escuro <strong>da</strong> consciência [ou à Águia] o facsímile<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s suas experiências de vi<strong>da</strong> 10:116<<strong>br</strong> />

Comece a fazer a sua lista hoje. Divi<strong>da</strong>-a por anos, por ocupações,<<strong>br</strong> />

organize-a <strong>da</strong> maneira que quiser, porém faça-a em seqüência,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a pessoa mais recente primeiro e terminando <strong>com</strong> sua mãe e<<strong>br</strong> />

o seu pai. Depois, lem<strong>br</strong>e-se de tudo so<strong>br</strong>e elas. Não há na<strong>da</strong> mais<<strong>br</strong> />

para se fazer além disso. À medi<strong>da</strong> que você pratica, perceberá o<<strong>br</strong> />

que está fazendo. 12:180<<strong>br</strong> />

A recapitulação é uma mano<strong>br</strong>a dos feiticeiros para induzir um deslocamento minúsculo,<<strong>br</strong> />

porém firme, do ponto de aglutinação. Sob o impacto de rever sentimentos e<<strong>br</strong> />

ações do passado, o ponto de aglutinação fica indo e vindo e voltando do posicionamento<<strong>br</strong> />

atual para o que ele ocupava quando aconteceu o evento que está sendo recapitulado. 9:168<<strong>br</strong> />

O raciocínio dos feiticeiros antigos, para explicar a recapitulação, era sua convicção<<strong>br</strong> />

de que existe uma inconcebível força de dissolução no universo, [a Águia,] que<<strong>br</strong> />

faz os organismos viverem emprestando-lhes consciência. A mesma forma também faz<<strong>br</strong> />

os organismos morrerem, para extrair deles a mesma consciência empresta<strong>da</strong>, que os<<strong>br</strong> />

organismos aprimoraram através de suas experiências de vi<strong>da</strong>. 9:169<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos acreditavam que, <strong>com</strong>o essa força estava atrás de nossa<<strong>br</strong> />

experiência de vi<strong>da</strong>, era de suprema importância o fato de que ela poderia satisfazer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> um fac-símile de nossa experiência de vi<strong>da</strong>: a recapitulação. Ao receber o que<<strong>br</strong> />

deseja, a força de dissolução deixa os feiticeiros livres para expandir sua capaci<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

perceber e de chegar <strong>com</strong> ela aos confins do tempo e do espaço. 9:169<<strong>br</strong> />

144


6.1.2 RECAPITULANDO PEÇAS DE UM QUEBRA-CABEÇA<<strong>br</strong> />

O poder <strong>da</strong> recapitulação é que revolve todo o lixo <strong>da</strong>s nossas vi<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

e o traz para a superfície. 12:183<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros acreditam que à medi<strong>da</strong> que recapitulamos as nossas<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>s, todo o entulho chega à superfície. Percebemos as nossas<<strong>br</strong> />

inconsistências, nossas repetições, mas algo em nós coloca uma<<strong>br</strong> />

tremen<strong>da</strong> resistência para recapitularmos. Os feiticeiros dizem que<<strong>br</strong> />

o caminho fica livre somente depois de uma revolução gigantesca,<<strong>br</strong> />

depois de aparecer na nossa tela <strong>da</strong> memória um evento que<<strong>br</strong> />

mexe <strong>com</strong> as nossas bases <strong>com</strong> uma clareza de detalhes aterrorizadora.<<strong>br</strong> />

É o evento que nos arrasta para o momento exato em que<<strong>br</strong> />

o vivemos. Os feiticeiros chamam aquele evento de condutor,<<strong>br</strong> />

porque <strong>da</strong>í em diante ca<strong>da</strong> evento que mencionamos é revivido,<<strong>br</strong> />

não meramente lem<strong>br</strong>ado. 12:186<<strong>br</strong> />

Caminhar é sempre algo que precipita as memórias. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

[dos tempos antigos] acreditavam que tudo o que vivemos armazenamos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma sensação na parte posterior de nossas pernas.<<strong>br</strong> />

Consideravam a parte posterior <strong>da</strong>s nossas penas <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

armazém <strong>da</strong> história pessoal do homem. Portanto, vamos agora<<strong>br</strong> />

caminhar nas montanhas. 12:186<<strong>br</strong> />

[Depois de uma boa caminha<strong>da</strong> você estará pronto] para <strong>com</strong>eçar<<strong>br</strong> />

essa mano<strong>br</strong>a dos feiticeiros de encontrar um condutor: um evento<<strong>br</strong> />

na sua vi<strong>da</strong> que você lem<strong>br</strong>ará <strong>com</strong> tal clareza que servirá <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

holofote para iluminar todo o resto <strong>da</strong> sua recapitulação <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

mesma clareza, ou <strong>com</strong> clareza <strong>com</strong>parável. Faça o que os feiticeiros<<strong>br</strong> />

chamam de recapitulando peças de um que<strong>br</strong>a-cabeça.<<strong>br</strong> />

Alguma coisa o levará a se lem<strong>br</strong>ar do evento que servirá <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

seu condutor. Dedique a isso o seu melhor. Faça o seu melhor. 12:196<<strong>br</strong> />

Contar minuciosamente eventos é mágico para os feiticeiros. Não é<<strong>br</strong> />

apenas contar histórias. É ver a trama por baixo dos eventos. Essa<<strong>br</strong> />

é a razão porque esse relato é tão importante e vasto. 12:197<<strong>br</strong> />

O único <strong>com</strong>entário que posso fazer é que os guerreiros se deixam<<strong>br</strong> />

levar. Vão aonde o impulso os leva. O poder dos guerreiros é<<strong>br</strong> />

estarem alertas, obter o máximo efeito <strong>com</strong> o menor impulso. E<<strong>br</strong> />

acima de tudo, o poder deles consiste em não interferir. Os eventos<<strong>br</strong> />

possuem uma força, uma gravi<strong>da</strong>de própria, e viajantes são<<strong>br</strong> />

apenas viajantes. Tudo à sua volta é só para seus olhos. Dessa<<strong>br</strong> />

forma, os viajantes constroem o significado de ca<strong>da</strong> situação, sem<<strong>br</strong> />

nunca perguntar porque ocorreu dessa ou <strong>da</strong>quela maneira. 12:198<<strong>br</strong> />

6.1.3 A VOZ DO ESPÍRITO<<strong>br</strong> />

Há uma opção secreta para a recapitulação. Assim <strong>com</strong>o lhe disse<<strong>br</strong> />

que há uma opção secreta para morrer, uma opção que somente<<strong>br</strong> />

145


os feiticeiros fazem. No caso de morrer, uma opção secreta é que<<strong>br</strong> />

os seres humanos podem reter a sua força vital e renunciar somente<<strong>br</strong> />

à sua consciência, o produto de suas vi<strong>da</strong>s. No caso <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

recapitulação, a opção secreta que somente os feiticeiros fazem é<<strong>br</strong> />

escolher intensificar as suas mentes ver<strong>da</strong>deiras.<<strong>br</strong> />

A mente inquietante de suas recor<strong>da</strong>ções só poderia vir de sua<<strong>br</strong> />

mente ver<strong>da</strong>deira. A outra mente que todos temos e <strong>com</strong>partilhamos,<<strong>br</strong> />

eu diria, é um modelo barato: um poder econômico, o mesmo<<strong>br</strong> />

tamanho serve para todos. Porém, esse é um assunto [relacionado<<strong>br</strong> />

ao pre<strong>da</strong>dor alienígena]. 12:209<<strong>br</strong> />

O que está em jogo agora é o advento de uma força desintegradora.<<strong>br</strong> />

Mas não a força que o está desintegrando, não é isso o que quero<<strong>br</strong> />

dizer. Ela está desintegrando o que os feiticeiros chamam de instalação<<strong>br</strong> />

forânea [alienígena], que existe em você e em todo ser<<strong>br</strong> />

humano. O efeito <strong>da</strong> forma que está surgindo em você, que está<<strong>br</strong> />

desintegrando a instalação forânea, é que puxa os feiticeiros para<<strong>br</strong> />

fora <strong>da</strong> sintaxe dela. 12:209<<strong>br</strong> />

Sei <strong>com</strong>o é difícil li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> essa faceta <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Ca<strong>da</strong> feiticeiro que<<strong>br</strong> />

conheci passou por isso. Os homens que passam por isso sofrem<<strong>br</strong> />

infinitamente mais <strong>da</strong>nos do que as mulheres. Os feiticeiros [<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

antigui<strong>da</strong>de], agindo em grupo, tentaram o melhor que puderam<<strong>br</strong> />

amortecer o impacto dessa força desintegradora. Em nossos dias,<<strong>br</strong> />

não temos meio de agir <strong>com</strong>o um grupo, assim devemos nos apoiar<<strong>br</strong> />

em nós mesmos para enfrentar solitariamente essa força que<<strong>br</strong> />

vai nos levar para longe <strong>da</strong> linguagem, pois não há meios de descrever<<strong>br</strong> />

adequa<strong>da</strong>mente o que está acontecendo. 12:209<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros enfrentam o desconhecido nos incidentes mais <strong>com</strong>uns que se pode<<strong>br</strong> />

imaginar. Quando se confrontam <strong>com</strong> eles e não podem interpretar o que estão percebendo,<<strong>br</strong> />

devem confiar em uma fonte externa para saber a direção. [Essa fonte é] o infinito ou<<strong>br</strong> />

a voz do espírito. Se os feiticeiros não tentam ser racionais so<strong>br</strong>e o que não pode ser<<strong>br</strong> />

racionalizado, o espírito infalivelmente dirá a eles o que está ocorrendo. 12:209 [É preciso]<<strong>br</strong> />

aceitar a idéia de que o infinito é uma força que tem uma voz e é consciente de si. 12:210<<strong>br</strong> />

É inacreditável, mas não impossível. O universo não tem limites, e as<<strong>br</strong> />

possibili<strong>da</strong>des que existem no universo <strong>com</strong>o um todo são realmente<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>ensuráveis. Portanto, não caia <strong>com</strong>o uma presa no<<strong>br</strong> />

axioma: “Só acredito no que vejo”, porque é a posição mais estúpi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

que alguém pode adotar. 12:225<<strong>br</strong> />

6.2 UM ÁLBUM DE EVENTOS MEMORÁVEIS<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> guerreiro, o<strong>br</strong>igatoriamente, coleciona material para um álbum<<strong>br</strong> />

especial, um álbum que revela a personali<strong>da</strong>de do guerreiro, um<<strong>br</strong> />

álbum que é o testemunho <strong>da</strong>s circunstâncias de sua vi<strong>da</strong>. 12:19<<strong>br</strong> />

146


É so<strong>br</strong>etudo <strong>com</strong>o um álbum de retratos feito de recor<strong>da</strong>ções, retratos<<strong>br</strong> />

que surgem ao recor<strong>da</strong>r eventos memoráveis. 12:19<<strong>br</strong> />

São memoráveis porque têm um significado especial para a vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de uma pessoa. O que lhe proponho é que faça o seu álbum, incluindo<<strong>br</strong> />

nele um relato <strong>com</strong>pleto dos eventos que tenham tido<<strong>br</strong> />

um significado profundo para você. 12:19<<strong>br</strong> />

Nem todos os eventos na sua vi<strong>da</strong> tiveram um significado profundo.<<strong>br</strong> />

Há uns tantos, entretanto, que considero passíveis de terem mu<strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

algo em você, de terem iluminado o seu caminho. Mas, no<<strong>br</strong> />

geral, os eventos que mu<strong>da</strong>m o nosso curso são assuntos impessoais<<strong>br</strong> />

e, ao mesmo tempo, extremamente pessoais. 12:19<<strong>br</strong> />

Não pense nesse álbum em termos de banali<strong>da</strong>des, ou em termos de<<strong>br</strong> />

repassar as experiências de sua vi<strong>da</strong> de modo trivial. 12:20<<strong>br</strong> />

Devo acrescentar que tal álbum é um exercício em disciplina e imparciali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Considere esse álbum <strong>com</strong>o um ato de guerra. 12:20<<strong>br</strong> />

Tal álbum, sendo um ato de guerra, possui todo o significado do<<strong>br</strong> />

mundo para mim [por exemplo]. 12:20<<strong>br</strong> />

Meu próprio álbum, sendo um ato de guerra, precisou ser uma<<strong>br</strong> />

seleção feita <strong>com</strong> muitíssimo cui<strong>da</strong>do. Agora ele é uma coleção<<strong>br</strong> />

precisa dos momentos inesquecíveis de minha vi<strong>da</strong>, e de tudo o<<strong>br</strong> />

que me levou até eles. Concentrei nele tudo o que foi e o que será<<strong>br</strong> />

significativo para mim. A meu ver, o álbum de um guerreiro é<<strong>br</strong> />

algo muito concreto, algo tão preciso que acaba <strong>com</strong> tudo. 12:24<<strong>br</strong> />

[Aconselho-o] a sentar-se, sozinho, e deixar seus pensamentos, memórias e<<strong>br</strong> />

idéias <strong>br</strong>otarem livremente. Re<strong>com</strong>endo que faça um esforço para deixar a voz <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

suas profundezas falar e lhe dizer o que selecionar. 12:24<<strong>br</strong> />

Devo lhe dizer que a seleção do que colocar no seu álbum não é coisa<<strong>br</strong> />

fácil. Essa é a razão pela qual eu disse que fazer esse álbum é<<strong>br</strong> />

um ato de guerra. Você deve refazer a si mesmo mais de dez vezes<<strong>br</strong> />

a fim de saber o que selecionar. 12:25-26<<strong>br</strong> />

Os eventos memoráveis do álbum de um [guerreiro] são assuntos<<strong>br</strong> />

que so<strong>br</strong>eviverão à prova do tempo porque não têm na<strong>da</strong> a ver<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> ele, embora ele esteja no meio deles. E estará sempre no<<strong>br</strong> />

meio deles, durante to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>, talvez até além dela, mas não de<<strong>br</strong> />

maneira pessoal. As histórias do álbum de um guerreiro não são<<strong>br</strong> />

pessoais. 12:29<<strong>br</strong> />

Os eventos memoráveis que procuramos possuem o toque escuro<<strong>br</strong> />

do impessoal. Esse toque as permeia. Não sei de que outra maneira<<strong>br</strong> />

explicar isso. 12:30<<strong>br</strong> />

147


CAPÍTULO 7<<strong>br</strong> />

NO CAMINHO DO CONHECIMENTO<<strong>br</strong> />

7.1 O HOMEM DE CONHECIMENTO<<strong>br</strong> />

Você está numa encruzilha<strong>da</strong> muito emocionante. Talvez seja a última,<<strong>br</strong> />

e também talvez a mais difícil de entender. Algumas <strong>da</strong>s coisas<<strong>br</strong> />

que vou lhe mostrar hoje provavelmente nunca ficarão claras.<<strong>br</strong> />

Mas também não são para ser claras. Portanto, não fique constrangido<<strong>br</strong> />

nem desencorajado. Todos nós somos criaturas burras<<strong>br</strong> />

quando entramos para o mundo <strong>da</strong> feitiçaria, e ingressar nele não<<strong>br</strong> />

nos assegura, de forma alguma, que mudemos. Alguns de nós<<strong>br</strong> />

continuamos burros até o fim.<<strong>br</strong> />

Não se apoquente se você não conseguir fazer sentido do que<<strong>br</strong> />

vou lhe dizer. Considerando seu temperamento, receio que você<<strong>br</strong> />

possa esgotar-se, tentando <strong>com</strong>preender. Não faça isso! O que<<strong>br</strong> />

vou dizer só pretende mostrar uma direção. 4:108<<strong>br</strong> />

Não terei tempo de ensinar tudo o que desejo. Só terei tempo de pôlo<<strong>br</strong> />

no caminho e esperar que você procure <strong>da</strong> mesma maneira<<strong>br</strong> />

que eu. 2:108<<strong>br</strong> />

Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve ter<<strong>br</strong> />

sempre em mente que um caminho não é mais do que um caminho;<<strong>br</strong> />

se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele,<<strong>br</strong> />

sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso<<strong>br</strong> />

levar uma vi<strong>da</strong> disciplina<strong>da</strong>. Só então você saberá que qualquer<<strong>br</strong> />

caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para<<strong>br</strong> />

você nem para os outros, em largá-lo, se é isso o que seu coração<<strong>br</strong> />

lhe man<strong>da</strong> fazer. Mas sua decisão de continuar no caminho ou<<strong>br</strong> />

largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso. Olhe<<strong>br</strong> />

bem para ca<strong>da</strong> caminho, e <strong>com</strong> propósito. Experimente-o tantas<<strong>br</strong> />

vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma<<strong>br</strong> />

coisa. Essa pergunta é uma que só os muito velhos fazem: Esse<<strong>br</strong> />

caminho tem coração?<<strong>br</strong> />

Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os<<strong>br</strong> />

caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e<<strong>br</strong> />

o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir,<<strong>br</strong> />

será um <strong>com</strong> ele. O outro o fará maldizer sua vi<strong>da</strong>. Um o torna<<strong>br</strong> />

forte; o outro o enfraquece. 1:114<<strong>br</strong> />

Já lhe disse uma vez que nosso destino <strong>com</strong>o homem é aprender,<<strong>br</strong> />

para melhor ou pior. Aprendi ver e lhe digo que na<strong>da</strong> realmente<<strong>br</strong> />

importa. Agora é sua vez. Talvez algum dia você apren<strong>da</strong> a ver e


então saberá se as coisas importam ou não. Para mim na<strong>da</strong> importa,<<strong>br</strong> />

mas para você tudo importará.<<strong>br</strong> />

Um homem de conhecimento vive pelos atos, não por pensar nos<<strong>br</strong> />

atos, e não por pensar no que vai pensar depois que acabar de<<strong>br</strong> />

agir. Um homem de conhecimento escolhe um caminho de coração<<strong>br</strong> />

e o segue; e depois olha e se regozija e ri; e então ele vê e<<strong>br</strong> />

sabe. Sabe que sua vi<strong>da</strong> terminará muito depressa; sabe que ele,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o todos os outros, não vai a parte alguma; sabe, porque vê,<<strong>br</strong> />

que na<strong>da</strong> é mais importante do que qualquer outra coisa.<<strong>br</strong> />

Em outras palavras, um homem de conhecimento não tem honra,<<strong>br</strong> />

nem digni<strong>da</strong>de, nem família, nem nome, nem prática, mas apenas<<strong>br</strong> />

a vi<strong>da</strong> a ser vivi<strong>da</strong>, e, nessas circunstâncias, sua única ligação <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

seus semelhantes é sua loucura controla<strong>da</strong>. Assim, o homem de<<strong>br</strong> />

conhecimento se esforça, transpira e bufa; e, se se olhar para ele,<<strong>br</strong> />

parece um homem <strong>com</strong>um, só que tem que a loucura de sua vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

está controla<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Como na<strong>da</strong> é mais importante do que outra coisa qualquer, um<<strong>br</strong> />

homem de conhecimento escolhe qualquer ato e age <strong>com</strong>o se lhe<<strong>br</strong> />

importasse. Sua loucura controla<strong>da</strong> o leva a dizer que o que ele<<strong>br</strong> />

faz importa e o faz agir <strong>com</strong>o se importasse, e no entanto ele sabe<<strong>br</strong> />

que não é assim; de modo que, quando pratica seus atos, ele se<<strong>br</strong> />

retira em paz, e quer seus atos sejam bons ou maus, dêem certo<<strong>br</strong> />

ou não, isso não o afeta de todo.<<strong>br</strong> />

Um homem de conhecimento pode preferir, por outro lado, permanecer<<strong>br</strong> />

totalmente impassível e nunca agir, e <strong>com</strong>portar-se <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

ser impassível realmente lhe importasse; ele também será sincero<<strong>br</strong> />

agindo assim, pois isso também seria sua loucura controla<strong>da</strong>. 2:82<<strong>br</strong> />

7.2. ATRIBUTOS DO HOMEM DE CONHECIMENTO<<strong>br</strong> />

[Estes são, segundo os novos videntes, os quatro passos no caminho do conhecimento:]<<strong>br</strong> />

O primeiro passo é a decisão de tornar-se aprendiz. Depois que os aprendizes<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>m sua visão so<strong>br</strong>e si mesmos e so<strong>br</strong>e o mundo dão o segundo passo e<<strong>br</strong> />

tornam-se guerreiros, ou seja, seres capazes de extrema disciplina e autocontrole. O<<strong>br</strong> />

terceiro passo, depois de adquirirem paciência e senso de oportuni<strong>da</strong>de, é tornar-se<<strong>br</strong> />

um homem de conhecimento. Quando homens de conhecimento aprendem a ver, dão o<<strong>br</strong> />

quarto passo, tornando-se videntes. 7:34<<strong>br</strong> />

[Quem está no caminho do conhecimento pode] adquirir um mínimo dos dois<<strong>br</strong> />

primeiros atributos: controle e disciplina. Esses atributos referem-se a um estado<<strong>br</strong> />

interior. Um guerreiro é auto-orientado, não de um modo egoista, mas no sentido de<<strong>br</strong> />

um exame total e contínuo de si mesmo. 7:34<<strong>br</strong> />

149


Os outros dois atributos: paciência e oportuni<strong>da</strong>de não são realmente<<strong>br</strong> />

um estado interior. Estão no domínio do homem de conhecimento.<<strong>br</strong> />

7:34<<strong>br</strong> />

A estratégia mais eficaz foi elabora<strong>da</strong> [por] mestres inquestionáveis <strong>da</strong> espreita.<<strong>br</strong> />

Consiste de seis elementos que interagem entre si. Cinco deles são chamados<<strong>br</strong> />

de atributos do guerreiro: controle, disciplina, paciência, oportuni<strong>da</strong>de e vontade. Estes<<strong>br</strong> />

dizem respeito ao mundo do guerreiro, que está lutando para perder a vai<strong>da</strong>de. O<<strong>br</strong> />

sexto elemento, talvez o mais importante de todos, pertence ao mundo exterior, e é<<strong>br</strong> />

chamado de pequeno tirano. 7:27<<strong>br</strong> />

[É aconselhável] ser impecável e praticar meticulosamente tudo aquilo que aprender,<<strong>br</strong> />

e acima de tudo, a ser cui<strong>da</strong>doso e deliberado nas ações a fim de não exaurir a força de<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> em vão. O pré-requisito de entra<strong>da</strong> em qualquer dos estágios de atenção é a posse <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

força de vi<strong>da</strong>, pois sem ela os guerreiros não podem ter direção ou objetivo. 6:197<<strong>br</strong> />

7.3 OS INIMIGOS NATURAIS DO CONHECIMENTO<<strong>br</strong> />

Somos homens e nosso destino é aprender e sermos lançados em<<strong>br</strong> />

novos mundos inconcebíveis. 2:145<<strong>br</strong> />

Nosso destino <strong>com</strong>o homens é aprender e a gente procura o conhecimento<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o vai para a guerra. Vai-se ao conhecimento ou à<<strong>br</strong> />

guerra <strong>com</strong> medo, <strong>com</strong> respeito, sabendo que se vai à guerra, e<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> uma confiança absoluta em si mesmo. Deposite sua confiança<<strong>br</strong> />

em si, não em mim. 2:85<<strong>br</strong> />

Um homem vai para o conhecimento <strong>com</strong>o vai para a guerra, bem<<strong>br</strong> />

desperto, <strong>com</strong> medo, <strong>com</strong> respeito e <strong>com</strong> uma segurança absoluta.<<strong>br</strong> />

Ir para o conhecimento ou ir para a guerra de qualquer outra<<strong>br</strong> />

maneira é um erro, e quem o <strong>com</strong>eter há de se arrepender. 1:57<<strong>br</strong> />

Quando o homem preenche esses quatro requisitos, não há erros que ele<<strong>br</strong> />

tenha de explicar; nessas condições, seus atos perdem a quali<strong>da</strong>de desastra<strong>da</strong> dos<<strong>br</strong> />

atos de um tolo. Se um homem desses fracassar, ou sofrer uma derrota, terá perdido<<strong>br</strong> />

apenas uma batalha, e não haverá remorsos por isso. 1:58<<strong>br</strong> />

Quando um homem <strong>com</strong>eça a aprender, ele nunca sabe muito claramente<<strong>br</strong> />

quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção,<<strong>br</strong> />

vaga. Espera re<strong>com</strong>pensas que nunca se materializarão, pois<<strong>br</strong> />

não conhece na<strong>da</strong> <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> aprendizagem. 1:90<<strong>br</strong> />

150


7.3.1 O MEDO<<strong>br</strong> />

Devagar, ele <strong>com</strong>eça a aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois<<strong>br</strong> />

em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em<<strong>br</strong> />

choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava, de modo<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong>eça a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

passo <strong>da</strong> aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem<<strong>br</strong> />

sente <strong>com</strong>eça a crescer impiedosamente, sem ceder. Seu<<strong>br</strong> />

propósito torna-se um campo de batalha.<<strong>br</strong> />

E assim ele se depara <strong>com</strong> o primeiro de seus inimigos naturais:<<strong>br</strong> />

o medo! Um inimigo terrível, traiçoeiro, e difícil de vencer. Permanece<<strong>br</strong> />

oculto em to<strong>da</strong>s as voltas do caminho, ron<strong>da</strong>ndo, à espreita.<<strong>br</strong> />

E se o homem, apavorado <strong>com</strong> sua presença, foge, seu<<strong>br</strong> />

inimigo terá posto um fim à sua busca. 1:90<<strong>br</strong> />

Na<strong>da</strong> [mais] lhe acontece, a não ser que nunca aprenderá. Nunca se<<strong>br</strong> />

tornará um homem de conhecimento. Talvez se torne um tirano,<<strong>br</strong> />

ou um po<strong>br</strong>e homem apavorado e inofensivo; de qualquer forma,<<strong>br</strong> />

será um homem vencido. Seu primeiro inimigo terá posto<<strong>br</strong> />

fim a seus desejos. 1:90<<strong>br</strong> />

[O que ele deve fazer para vencer o medo] é muito simples. Não deve<<strong>br</strong> />

fugir. Deve desafiar o medo, e, a despeito dele, deve <strong>da</strong>r o passo<<strong>br</strong> />

seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve ter<<strong>br</strong> />

medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra! E<<strong>br</strong> />

o momento chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça a se sentir seguro de si. Seu propósito torna-se mais<<strong>br</strong> />

forte. Aprender não é mais uma tarefa aterradora. Quando chega<<strong>br</strong> />

esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que derrotou<<strong>br</strong> />

seu primeiro inimigo natural. 1:90<<strong>br</strong> />

Isso acontece aos poucos, e no entanto o medo é vencido de repente<<strong>br</strong> />

e depressa. 1:91<<strong>br</strong> />

Uma vez que o homem venceu o medo, fica livre dele para o resto <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>, porque, em vez do medo, ele adquiriu a clareza... uma clareza<<strong>br</strong> />

de espírito que apaga o medo. Então, o homem já conhece<<strong>br</strong> />

seus desejos; sabe <strong>com</strong>o satisfazê-los. Pode antecipar os novos<<strong>br</strong> />

passos na aprendizagem e uma clareza viva cerca tudo. O homem<<strong>br</strong> />

sente que na<strong>da</strong> se lhe oculta. 1:91<<strong>br</strong> />

E assim ele encontra seu segundo inimigo: a clareza! Essa clareza de<<strong>br</strong> />

espírito, que é tão difícil de obter, elimina o medo, mas também<<strong>br</strong> />

cega. 1:91<<strong>br</strong> />

7.3.2 A CLAREZA<<strong>br</strong> />

[A clareza] o<strong>br</strong>iga o homem a nunca duvi<strong>da</strong>r de si. Dá-lhe a segurança<<strong>br</strong> />

de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo<<strong>br</strong> />

151


claramente. E ele é corajoso, porque é claro; e não pára diante de<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong> porque é claro. Mas tudo isso é um engano; é <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

coisa in<strong>com</strong>pleta. Se o homem sucumbir a esse poder de faz-deconta,<<strong>br</strong> />

terá sucumbido a seu segundo inimigo e tateará <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

aprendizagem. Vai precipitar-se quando devia ser paciente, ou vai<<strong>br</strong> />

ser paciente quando devia precipitar-se. E tateará <strong>com</strong> a aprendizagem<<strong>br</strong> />

até acabar incapaz de aprender qualquer coisa mais.<<strong>br</strong> />

Seu inimigo acaba de impedi-lo de se tornar um homem de conhecimento;<<strong>br</strong> />

em vez disso, o homem pode tornar-se um guerreiro valente,<<strong>br</strong> />

ou um palhaço. No entanto, a clareza, pela qual ele pagou tão<<strong>br</strong> />

caro, nunca mais se transformará de novo em trevas ou medo. Será<<strong>br</strong> />

claro enquanto viver, mas não aprenderá nem desejará na<strong>da</strong>. 1:91<<strong>br</strong> />

[Para não ser vencido, o homem] tem de fazer o que fez <strong>com</strong> o medo:<<strong>br</strong> />

tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

paciência e medir <strong>com</strong> cui<strong>da</strong>do antes de <strong>da</strong>r novos passos; deve<<strong>br</strong> />

pensar, acima de tudo, que sua clareza é quase um erro. E virá um<<strong>br</strong> />

momento em que ele <strong>com</strong>preenderá que sua clareza era apenas<<strong>br</strong> />

um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu segundo<<strong>br</strong> />

inimigo, e estará numa posição em que na<strong>da</strong> mais poderá<<strong>br</strong> />

prejudicá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto diante<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> vista. Será o ver<strong>da</strong>deiro poder. 1:91<<strong>br</strong> />

7.3.3 O PODER<<strong>br</strong> />

Ele saberá a essa altura que o poder que vem buscando há tanto<<strong>br</strong> />

tempo é seu, por fim. Pode fazer o que quiser <strong>com</strong> ele. Seu aliado<<strong>br</strong> />

está às suas ordens. Seu desejo é uma ordem. Vê tudo o que está<<strong>br</strong> />

em volta. Mas também encontra seu terceiro inimigo: o poder! 1:92<<strong>br</strong> />

O poder é o mais forte de todos os inimigos. E, naturalmente, a coisa<<strong>br</strong> />

mais fácil é ceder; afinal de contas, o homem é realmente<<strong>br</strong> />

invencível. Ele <strong>com</strong>an<strong>da</strong>; <strong>com</strong>eça correndo riscos calculados e<<strong>br</strong> />

termina estabelecendo regras, porque é um senhor.<<strong>br</strong> />

Um homem nesse estágio quase nem nota que seu terceiro inimigo<<strong>br</strong> />

se aproxima. E de repente, sem saber, certamente terá perdido<<strong>br</strong> />

a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel<<strong>br</strong> />

e caprichoso. 1:92<<strong>br</strong> />

[Mesmo assim] ele nunca perderá sua clareza nem seu poder. 1:92<<strong>br</strong> />

Um homem que é derrotado pelo poder morre sem realmente saber<<strong>br</strong> />

manejá-lo. O poder é apenas uma carga em seu destino. Um homem<<strong>br</strong> />

desses não tem domínio so<strong>br</strong>e si, e não sabe quando ou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o usar seu poder. 1:92<<strong>br</strong> />

[A derrota por alguns desses inimigos é uma derrota final, claro. Uma<<strong>br</strong> />

vez que esses inimigos dominem o homem, não há na<strong>da</strong> que ele<<strong>br</strong> />

152


possa fazer. Uma vez que o homem cede, está liqui<strong>da</strong>do. [Mas se<<strong>br</strong> />

ele estiver temporariamente cego pelo poder e depois o recusar]<<strong>br</strong> />

isso significa que a batalha continua. Isso significa que ele ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

está tentando ser um homem de conhecimento. O indivíduo é derrotado<<strong>br</strong> />

quando não tenta mais e se abandona. 1:92<<strong>br</strong> />

Se o homem ceder ao medo nunca o vencerá, porque se desviará<<strong>br</strong> />

do conhecimento e nunca mais tentará. Mas se procurar aprender<<strong>br</strong> />

durante anos no meio de seu medo, acabará dominando-o, porque<<strong>br</strong> />

nunca se entregou realmente a ele. 1:92<<strong>br</strong> />

[Para vencer seu terceiro inimigo, o homem] também tem de desafiálo,<<strong>br</strong> />

proposita<strong>da</strong>mente. Tem de vir a <strong>com</strong>preender que o poder<<strong>br</strong> />

que parece ter adquirido na ver<strong>da</strong>de nunca é seu. Deve controlarse<<strong>br</strong> />

em to<strong>da</strong>s as ocasiões, tratando <strong>com</strong> cui<strong>da</strong>do e leal<strong>da</strong>de tudo o<<strong>br</strong> />

que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem controle,<<strong>br</strong> />

são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que<<strong>br</strong> />

tudo está controlado. Então saberá quando e <strong>com</strong>o usar seu poder.<<strong>br</strong> />

E assim terá derrotado seu terceiro inimigo.<<strong>br</strong> />

O homem estará, então, no fim de sua jorna<strong>da</strong> do saber, e quase<<strong>br</strong> />

sem perceber encontrará seu último inimigo: a velhice! Este inimigo<<strong>br</strong> />

é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá<<strong>br</strong> />

derrotar <strong>com</strong>pletamente, mas apenas afastar.<<strong>br</strong> />

7.3.4 A VELHICE<<strong>br</strong> />

É o momento em que o homem não tem mais receios, não tem<<strong>br</strong> />

mais impaciências de clareza de espírito... um momento em que<<strong>br</strong> />

todo o seu poder está controlado, mas também o momento em<<strong>br</strong> />

que ele sente um desejo irresistível de descansar. Se ele ceder<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletamente a seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se<<strong>br</strong> />

afun<strong>da</strong>r na fadiga, terá perdido a última batalha, e seu inimigo o<<strong>br</strong> />

reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar<<strong>br</strong> />

dominará to<strong>da</strong> a sua clareza, seu poder e sabedoria.<<strong>br</strong> />

Mas se o homem sacode sua fadiga e vive seu destino <strong>com</strong>pletamente,<<strong>br</strong> />

então poderá ser chamado de um homem de conhecimento,<<strong>br</strong> />

nem que seja no <strong>br</strong>eve momento em que ele consegue lutar<<strong>br</strong> />

contra seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza,<<strong>br</strong> />

poder e conhecimento é o suficiente. 1:93<<strong>br</strong> />

Não existe vazio na vi<strong>da</strong> de um homem de conhecimento. Tudo está<<strong>br</strong> />

cheio até a bor<strong>da</strong>. E tudo é igual. 2:84<<strong>br</strong> />

A fim de se tornar um homem de conhecimento, a pessoa tem de ser<<strong>br</strong> />

um guerreiro. É preciso lutar sem desistir, sem reclamar, sem<<strong>br</strong> />

hesitar, até ver, só para <strong>com</strong>preender então que na<strong>da</strong> importa. 2:86<<strong>br</strong> />

153


Um homem de conhecimento é aquele que seguiu fielmente as provações<<strong>br</strong> />

do aprendizado. Um homem que, sem se precipitar nem<<strong>br</strong> />

se deter, foi tão longe quanto possível para decifrar os segredos<<strong>br</strong> />

do poder pessoal. 3:154<<strong>br</strong> />

7.4 O PODER PESSOAL<<strong>br</strong> />

O que determina a maneira de se fazer qualquer coisa é o poder pessoal.<<strong>br</strong> />

O homem apenas é a soma de seu poder pessoal, e essa<<strong>br</strong> />

soma determina <strong>com</strong>o ele vive e <strong>com</strong>o morre. 3:153<<strong>br</strong> />

O poder pessoal é um sentimento. Uma coisa <strong>com</strong>o ter sorte. Ou podese<<strong>br</strong> />

chamá-lo de um estado de espírito. O poder pessoal é uma<<strong>br</strong> />

coisa que a pessoa adquire sem considerações de sua origem.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro é um caçador de poder [e estou lhe] ensinando a<<strong>br</strong> />

caçá-lo e armazená-lo. A dificul<strong>da</strong>de <strong>com</strong> você, que é a mesma de<<strong>br</strong> />

todos nós, é a de se convencer. Precisa acreditar que o poder<<strong>br</strong> />

pessoal pode ser usado e que é possível armazená-lo, mas até<<strong>br</strong> />

agora ain<strong>da</strong> não se convenceu. 3:153 Estar convencido significa que<<strong>br</strong> />

você pode agir sozinho. 3:154<<strong>br</strong> />

Caçar poder é um negócio muito esquisito. Não há possibili<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

se planejar <strong>com</strong> antecedência. É por isso que é tão emocionante.<<strong>br</strong> />

Porém, um guerreiro procede <strong>com</strong>o se tivesse um plano, porque<<strong>br</strong> />

confia em seu poder pessoal. Sabe <strong>com</strong> certeza que esse poder o<<strong>br</strong> />

fará agir <strong>da</strong> maneira mais correta. 3:155<<strong>br</strong> />

O poder não pertence a ninguém. Alguns de nós podem juntá-lo e<<strong>br</strong> />

depois ele pode ser <strong>da</strong>do diretamente a outra pessoa. A chave<<strong>br</strong> />

para o poder armazenado é que ele só pode ser utilizado para<<strong>br</strong> />

aju<strong>da</strong>r outra pessoa a armazenar poder. 3:159<<strong>br</strong> />

Tudo o que o homem faz depende de seu poder pessoal. Portanto,<<strong>br</strong> />

para aqueles que não têm nenhum, os feitos de um homem poderoso<<strong>br</strong> />

são incríveis. É preciso poder para apenas conceber o que é<<strong>br</strong> />

o poder. 3:159<<strong>br</strong> />

Só há um meio de aprender... e este é fazendo as coisas. Só falar do<<strong>br</strong> />

poder não adianta. Se você quer saber o que é o poder, e se quer<<strong>br</strong> />

armazená-lo, tem de tratar de tudo você mesmo. O caminho para<<strong>br</strong> />

o conhecimento e o poder é muito difícil e muito longo. 3:169<<strong>br</strong> />

O poder é uma coisa <strong>com</strong> que o guerreiro li<strong>da</strong>. A princípio é uma coisa<<strong>br</strong> />

incrível e rebusca<strong>da</strong>; é difícil até pensar nele. É isto que lhe está acontecendo<<strong>br</strong> />

agora. Depois, o poder torna-se um assunto sério; a pessoa<<strong>br</strong> />

pode não o possuir; ou pode até nem perceber plenamente que ele<<strong>br</strong> />

existe e, no entanto, sabe que há algo ali, algo que antes não era<<strong>br</strong> />

observado. Em segui<strong>da</strong>, o poder se manifesta <strong>com</strong>o uma coisa<<strong>br</strong> />

incontrolável que acontece à pessoa. Não me é possível dizer <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

acontece nem o que é, realmente. Não é na<strong>da</strong> e, contudo, faz <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

154


que apareçam maravilhas diante de seus olhos. E, por fim, o poder é<<strong>br</strong> />

uma coisa na gente, uma coisa que controla os atos <strong>da</strong> gente e, contudo,<<strong>br</strong> />

obedece a nosso <strong>com</strong>ando. 3:102<<strong>br</strong> />

O poder tem a peculiari<strong>da</strong>de de passar despercebido quando está<<strong>br</strong> />

sendo armazenado. 3:170<<strong>br</strong> />

Um guerreiro age <strong>com</strong>o se soubesse o que está fazendo, quando, na ver<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

não sabe na<strong>da</strong>. 3:161<<strong>br</strong> />

Confie em seu poder pessoal. É isso tudo o que temos neste mundo<<strong>br</strong> />

misterioso. 3:161<<strong>br</strong> />

A fim de possuir o poder é preciso conviver <strong>com</strong> ele. 3:132<<strong>br</strong> />

Um guerreiro é impecável quando confia em seu poder pessoal, sem<<strong>br</strong> />

considerar que ele seja pequeno ou grande. 3:162<<strong>br</strong> />

Para seguir a trilha do conhecimento é preciso ser muito imaginativo.<<strong>br</strong> />

Na trilha do conhecimento, na<strong>da</strong> é tão claro <strong>com</strong>o gostaríamos<<strong>br</strong> />

que fosse. 7:26<<strong>br</strong> />

Nós somos criaturas de pensamento. Procuramos os esclarecimentos.<<strong>br</strong> />

4:14<<strong>br</strong> />

Acumulando o poder pessoal [chega-se à explicação dos feiticeiros].<<strong>br</strong> />

O poder pessoal o levará <strong>com</strong> to<strong>da</strong> a facili<strong>da</strong>de. A explicação<<strong>br</strong> />

não é o que você chamaria de explicação; não obstante, torna<<strong>br</strong> />

o mundo e seus mistérios, se não claros, pelo menos não assom<strong>br</strong>osos.<<strong>br</strong> />

Esta é a essência de uma explicação. 4:14<<strong>br</strong> />

7.5 A ENERGIA SEXUAL<<strong>br</strong> />

A consciência se desenvolve desde o momento <strong>da</strong> concepção. Sempre<<strong>br</strong> />

afirmei que a energia sexual é algo de extrema importância, e<<strong>br</strong> />

que deve ser controla<strong>da</strong>. 7:64<<strong>br</strong> />

A única energia real que possuímos é a energia sexual, que confere<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>. Esse conhecimento torna [os guerreiros] conscientes de sua<<strong>br</strong> />

responsabili<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Se os guerreiros desejam ter energia suficiente para ver, devem<<strong>br</strong> />

tornar-se ávaros <strong>com</strong> sua energia sexual. 7:67<<strong>br</strong> />

Fazer sexo é uma questão de energia. 7:65 O sexo é uma doação do<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência. 7:65<<strong>br</strong> />

Nossa energia sexual é o que governa sonhar. Você ou faz amor <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

sua energia sexual ou sonha <strong>com</strong> ela. Não há outra maneira. Esta<<strong>br</strong> />

é a regra para os sonhadores. Os espreitadores são o oposto. 8:53<<strong>br</strong> />

155


A Águia ordena que a energia sexual seja usa<strong>da</strong> para que haja vi<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Através <strong>da</strong> energia sexual, a Águia confere consciência. Assim,<<strong>br</strong> />

quando seres conscientes estão engajados em relações sexuais,<<strong>br</strong> />

as emanações dentro de seus casulos fazem o possível para conferir<<strong>br</strong> />

consciência ao novo ser que estão criando. 7:66<<strong>br</strong> />

Durante o ato sexual, as emanações conti<strong>da</strong>s dentro do casulo dos dois parceiros<<strong>br</strong> />

passam por uma profun<strong>da</strong> agitação, cujo ponto culminante é uma junção, uma<<strong>br</strong> />

fusão de duas partes do <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência, uma de ca<strong>da</strong> parceiro, que se separam<<strong>br</strong> />

de seus casulos. 7:66<<strong>br</strong> />

A relação sexual é sempre uma doação de consciência, mesmo quando<<strong>br</strong> />

a doação termine não sendo consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>. As emanações do<<strong>br</strong> />

interior do casulo dos seres humanos não conhecem o sexo por<<strong>br</strong> />

prazer. 7:66<<strong>br</strong> />

Um erro do homem é agir <strong>com</strong> total desrespeito pelo mistério <strong>da</strong> existência, e<<strong>br</strong> />

acreditar que um ato tão sublime quanto conferir vi<strong>da</strong> e consciência é meramente um<<strong>br</strong> />

impulso físico que a pessoa pode manipular à vontade. 7:66<<strong>br</strong> />

O equilí<strong>br</strong>io mental na<strong>da</strong> mais é que a fixação do ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

num lugar ao qual estamos acostumados. Se os sonhos fazem<<strong>br</strong> />

esse ponto mover-se e sonhar é usado para controlar esse movimento<<strong>br</strong> />

natural, e energia sexual é necessária para sonhar, o resultado<<strong>br</strong> />

é às vezes desastroso quando a energia sexual é dissipa<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

em sexo em vez de sonhar. Então os sonhadores movem seus<<strong>br</strong> />

pontos de aglutinação erraticamente, porque sua energia sexual<<strong>br</strong> />

não está equili<strong>br</strong>a<strong>da</strong>. 8:53<<strong>br</strong> />

Não há na<strong>da</strong> de errado <strong>com</strong> a sensuali<strong>da</strong>de do homem. É a ignorância<<strong>br</strong> />

do homem e o desrespeito por sua natureza mágica que estão<<strong>br</strong> />

errados. É um engano desperdiçar à-toa a força do sexo que confere<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> e não ter filhos, mas também é um engano não saber<<strong>br</strong> />

que, tendo filhos, a pessoa <strong>com</strong>promete o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência. 7:67<<strong>br</strong> />

[Os videntes] vêem que, ao terem um filho, o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

dos pais diminui e o <strong>da</strong> criança aumenta. Em alguns pais<<strong>br</strong> />

supersensíveis e frágeis, o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência quase desaparece.<<strong>br</strong> />

À medi<strong>da</strong> que as crianças aumentam a consciência, uma grande<<strong>br</strong> />

mancha preta se desenvolve no casulo luminoso dos pais, no<<strong>br</strong> />

exato lugar do qual o <strong>br</strong>ilho foi retirado. Isso ocorre geralmente<<strong>br</strong> />

na seção média do casulo. Às vezes, esses pontos podem mesmo<<strong>br</strong> />

ser vistos so<strong>br</strong>epostos no próprio corpo. 7:67<<strong>br</strong> />

7.6 A IMPECABILIDADE<<strong>br</strong> />

A impecabili<strong>da</strong>de não é na<strong>da</strong> mais do que o uso apropriado <strong>da</strong> energia<<strong>br</strong> />

[poder]. As minhas afirmações não têm um pingo de morali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

156


Economizei energia, e isso me torna impecável. Para <strong>com</strong>preender<<strong>br</strong> />

isso, você mesmo tem de economizar energia suficiente. 7:26<<strong>br</strong> />

Os guerreiros elaboram listas estratégicas. Anotam tudo o que fazem.<<strong>br</strong> />

Depois decidem quais dessas coisas podem ser mu<strong>da</strong><strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

de modo a permitir que poupem parte <strong>da</strong> energia que<<strong>br</strong> />

dispendem. 7:27<<strong>br</strong> />

[Essa] lista estratégica co<strong>br</strong>e apenas padrões de <strong>com</strong>portamento que não são<<strong>br</strong> />

essenciais à nossa so<strong>br</strong>evivência e bem-estar. 7:27<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s principais preocupações dos guerreiros é libertar [essa energia]<<strong>br</strong> />

para poder encarar o desconhecido <strong>com</strong> ela. A ação de<<strong>br</strong> />

recanalizar a energia é a impecabili<strong>da</strong>de. 7:27<<strong>br</strong> />

7.6.1 O SENTIDO DE NÃO SE TER TEMPO<<strong>br</strong> />

Não importa o que os outros façam ou digam. Você por si tem de ser<<strong>br</strong> />

um homem impecável. A luta trava-se bem aqui no peito. 5:178<<strong>br</strong> />

É preciso todo o tempo e to<strong>da</strong> a energia que tivermos para vencer a<<strong>br</strong> />

idiotice dentro de nós. E é isso o que importa. O resto não tem<<strong>br</strong> />

importância. Ser um guerreiro impecável lhe <strong>da</strong>rá vigor e juventude<<strong>br</strong> />

e poder. 5:178<<strong>br</strong> />

As razões dos guerreiros são muito simples, mas sua finura é extrema.<<strong>br</strong> />

É uma oportuni<strong>da</strong>de rara para um guerreiro ter uma genuína<<strong>br</strong> />

chance de ser impecável apesar de seus sentimentos básicos. 8:134<<strong>br</strong> />

A impecabli<strong>da</strong>de, <strong>com</strong>o afirmei tantas vezes, não é morali<strong>da</strong>de. Apenas<<strong>br</strong> />

se parece à morali<strong>da</strong>de. A impecabili<strong>da</strong>de é simplesmente o<<strong>br</strong> />

melhor uso de nosso nível de energia. Claro que exige frugali<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

simplici<strong>da</strong>de, inocência; e, acima de tudo, exige falta de autoreflexão.<<strong>br</strong> />

Tudo isso a faz soar <strong>com</strong>o um manual de vi<strong>da</strong> monástica,<<strong>br</strong> />

mas não é. 8:218<<strong>br</strong> />

Segundo os feiticeiros, para <strong>com</strong>an<strong>da</strong>r o espírito, ou seja, <strong>com</strong>an<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

o movimento do ponto de aglutinação, o indivíduo necessita<<strong>br</strong> />

de energia. A única coisa que armazena energia para nós é nossa<<strong>br</strong> />

impecabili<strong>da</strong>de. 8:219<<strong>br</strong> />

Um guerreiro não pode ser desamparado. Nem confuso nem assustado,<<strong>br</strong> />

em nenhuma circunstância. Para um guerreiro só há tempo<<strong>br</strong> />

para sua impecabili<strong>da</strong>de; tudo o mais esgota seu poder, a impecabili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

o renova. 4:174<<strong>br</strong> />

A impecabili<strong>da</strong>de é fazer o máximo em tudo que você empreender. 4:174<<strong>br</strong> />

A chave para todos esses assuntos de impecabili<strong>da</strong>de é o sentido de<<strong>br</strong> />

não ter tempo. Via de regra, quando você sente e age <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

157


ser imortal que tem todo o tempo do mundo, você não é impecável;<<strong>br</strong> />

nessas ocasiões, você deveria virar-se, olhar em volta e aí<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender que sua impressão de ter tempo é uma idiotice. Não<<strong>br</strong> />

há so<strong>br</strong>eviventes neste mundo! 4:174<<strong>br</strong> />

Ver é para homens impecáveis. Tempere seu espírito agora, torne-se<<strong>br</strong> />

um guerreiro, apren<strong>da</strong> a ver, e depois saberá que não há limite<<strong>br</strong> />

para os novos mundos, para nossa visão. 2:145<<strong>br</strong> />

7.7 A IMPORTÂNCIA PRÓPRIA<<strong>br</strong> />

O mundo que nos cerca é muito misterioso. Não revela seus segredos<<strong>br</strong> />

tão facilmente. 3:36<<strong>br</strong> />

Enquanto se achar que é a coisa mais importante do mundo, não pode<<strong>br</strong> />

apreciar realmente o universo em volta de si. É <strong>com</strong>o um cavalo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> antolhos, só o que vê é você separado de tudo o mais. 3:36<<strong>br</strong> />

O mundo que nos cerca é um mistério. E os homens não são melhores<<strong>br</strong> />

do que as outras coisas. 3:39<<strong>br</strong> />

A sensação de importância faz a pessoa sentir-se pesa<strong>da</strong>, desajeita<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

e vaidosa. Para ser um homem de conhecimento, ela tem de ser<<strong>br</strong> />

leve e flui<strong>da</strong>. 2:13<<strong>br</strong> />

A importância própria é outra coisa que tem de ser abandona<strong>da</strong>, assim<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a história pessoal. 3:36<<strong>br</strong> />

7.8 O PROBLEMA DA VAIDADE<<strong>br</strong> />

Os videntes, antigos e novos, são divididos em duas categorias. A primeira é<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>posta por aqueles que se dispõem a exercitar o autocontrole e são capazes de<<strong>br</strong> />

canalizar suas ativi<strong>da</strong>des para metas pragmáticas, que iriam beneficiar outros videntes<<strong>br</strong> />

e o homem em geral. A outra categoria é forma<strong>da</strong> pelos que não se interessam pelo<<strong>br</strong> />

autocontrole ou qualquer meta pragmática. É consenso entre os videntes que os últimos<<strong>br</strong> />

não conseguiram resolver o problema <strong>da</strong> vai<strong>da</strong>de. 7:25-26<<strong>br</strong> />

A vai<strong>da</strong>de não é algo simples e ingênuo. De um lado, é o núcleo de<<strong>br</strong> />

tudo que é bom em nós e, por outro, o núcleo de tudo que não<<strong>br</strong> />

presta. Livrar-se <strong>da</strong> vai<strong>da</strong>de que não presta requer prodígios de<<strong>br</strong> />

estratégia. Através dos tempos, os videntes renderam homenagens<<strong>br</strong> />

àqueles que conseguiram. 7:24<<strong>br</strong> />

[Disfarçando-se no meio dos quatro inimigos naturais: medo, clareza,<<strong>br</strong> />

poder e velhice] a vai<strong>da</strong>de é o nosso maior inimigo, pense so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

isso... o que nos enfraquece é nos sentirmos ofendidos pelos feitos<<strong>br</strong> />

e desfeitas de nossos semelhantes. Nossa vai<strong>da</strong>de faz <strong>com</strong> que passemos<<strong>br</strong> />

a maior parte de nossas vi<strong>da</strong>s ofendidos por alguém. 7:24<<strong>br</strong> />

158


Os novos videntes re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>m que todo esforço deve ser feito<<strong>br</strong> />

para erradicar a vai<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos guerreiros. 7:24<<strong>br</strong> />

A vai<strong>da</strong>de não pode ser <strong>com</strong>bati<strong>da</strong> <strong>com</strong> delicadeza. 7:25<<strong>br</strong> />

Os guerreiros <strong>com</strong>batem a vai<strong>da</strong>de por uma questão de estratégia, e<<strong>br</strong> />

não de princípio. 7:26<<strong>br</strong> />

7.9 O NÃO FAZER<<strong>br</strong> />

Vou lhe dizer uma coisa que é muito simples, mas muito difícil de<<strong>br</strong> />

fazer; vou falar-lhe so<strong>br</strong>e não fazer, a despeito do fato de não<<strong>br</strong> />

haver meio de falar so<strong>br</strong>e isso, pois é o corpo que o faz. 3:178<<strong>br</strong> />

Não fazer é tão difícil e tão possante que você nem deve mencionálo.<<strong>br</strong> />

Só pode fazê-lo quando tiver parado o mundo [<strong>da</strong> primeira<<strong>br</strong> />

atenção]; só então é que você pode falar a respeito livremente, se<<strong>br</strong> />

é isso que você quer. 3:178<<strong>br</strong> />

Aquela pedra ali é uma pedra por causa de fazer. Fazer é o que torna<<strong>br</strong> />

aquela pedra uma pedra e um arbusto um arbusto. Fazer é o que<<strong>br</strong> />

torna você e eu eu. 3:178<<strong>br</strong> />

Tome aquela pedra, por exemplo. Olhar para ela é fazer, mas vê-la é<<strong>br</strong> />

não fazer. Aquela pedra é uma pedra por causa de to<strong>da</strong>s as coisas<<strong>br</strong> />

que você sabe fazer em relação a ela. Chamo isso de fazer. Um<<strong>br</strong> />

homem de conhecimento, por exemplo, sabe que aquela pedra<<strong>br</strong> />

só é uma pedra por causa de fazer, de modo que, se não quiser<<strong>br</strong> />

que a pedra seja uma pedra, basta ele não fazer. 3:179<<strong>br</strong> />

O mundo é o mundo porque você conhece o fazer necessário para<<strong>br</strong> />

torná-lo o mundo. Se você não soubesse o seu fazer, o mundo<<strong>br</strong> />

seria diferente. 3:179<<strong>br</strong> />

Um guerreiro sempre tenta mu<strong>da</strong>r a força de fazer transformando-a<<strong>br</strong> />

em não fazer. 3:180<<strong>br</strong> />

É aqui que o guerreiro leva vantagem so<strong>br</strong>e o homem <strong>com</strong>um. O<<strong>br</strong> />

homem <strong>com</strong>um se importa em saber se as coisas são ver<strong>da</strong>deiras<<strong>br</strong> />

ou falsas, mas um guerreiro não. Um homem <strong>com</strong>um procede de<<strong>br</strong> />

maneira específica <strong>com</strong> as coisas que ele sabe serem ver<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

de maneira diversa <strong>com</strong> o que sabe não ser ver<strong>da</strong>de. Se se supõe<<strong>br</strong> />

que as coisas são ver<strong>da</strong>deiras, ele age e acredita no que faz. Mas<<strong>br</strong> />

se as coisas são supostamente falsas, ele não quer agir, ou não<<strong>br</strong> />

crê no que faz. Um guerreiro, ao contrário, age em ambos os casos.<<strong>br</strong> />

Se se supõe que as coisas são ver<strong>da</strong>deiras, ele age a fim de<<strong>br</strong> />

estar fazendo. Se se supõe que as coisas são falsas, ele ain<strong>da</strong> assim<<strong>br</strong> />

age, a fim de não fazer. Entende o que digo? 3:181<<strong>br</strong> />

Não fazer é muito simples, mas muito difícil. Não é questão de entender,<<strong>br</strong> />

mas de dominar a coisa. Ver, naturalmente, é a realização<<strong>br</strong> />

159


final de um homem de conhecimento, e ver só é conseguido quando<<strong>br</strong> />

a pessoa parou o mundo [conhecido] pela técnica de não fazer.<<strong>br</strong> />

3:183<<strong>br</strong> />

Tudo isso é assunto <strong>da</strong> luta de um guerreiro; e você continuará a<<strong>br</strong> />

lutar, se não sob seu próprio poder, então talvez, sob o impacto<<strong>br</strong> />

de um adversário valoroso, ou <strong>com</strong> o auxílio de alguns aliados,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o que já o está seguindo. 3:187<<strong>br</strong> />

Tudo o que lhe ensinei até agora foi um aspecto de não fazer. Um<<strong>br</strong> />

guerreiro aplica não fazer a tudo no mundo e, no entanto, não lhe<<strong>br</strong> />

posso dizer mais a respeito do que já lhe falei. Deve deixar que<<strong>br</strong> />

seu próprio corpo descu<strong>br</strong>a o poder e a sensação de não fazer. 3:187<<strong>br</strong> />

Quando ca<strong>da</strong> um de nós nasce, traz consigo um circulozinho de poder.<<strong>br</strong> />

Esse pequeno circulo é posto em uso quase que imediatamente.<<strong>br</strong> />

Assim, ca<strong>da</strong> um de nós já está preso desde que nasce e os<<strong>br</strong> />

nossos círculos de poder são ligados aos de todos os outros. Em<<strong>br</strong> />

outras palavras, os nossos círculos de poder são ligados ao fazer<<strong>br</strong> />

do mundo a fim de formar o mundo. 3:198<<strong>br</strong> />

Por exemplo, nossos círculos de poder, o seu e o meu, estão ligados<<strong>br</strong> />

neste momento ao fazer este [livro]. Estamos formando este [livro].<<strong>br</strong> />

Nossos círculos de poder estão girando e formando este [livro]<<strong>br</strong> />

neste momento mesmo. 3:198 [O livro que estamos olhando é<<strong>br</strong> />

conservado assim por causa <strong>da</strong> força do nosso círculo de poder.]<<strong>br</strong> />

3:198<<strong>br</strong> />

Enten<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> um de nós conhece o fazer de [livros] porque, de uma<<strong>br</strong> />

maneira ou de outra, já passamos grande parte de nossas vi<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

[<strong>com</strong> eles]. Um homem de conhecimento, por outro lado, desenvolve<<strong>br</strong> />

outro círculo de poder. Eu o chamaria o círculo de não fazer,<<strong>br</strong> />

pois é ligado a não fazer. Com esse círculo, portanto, ele pode<<strong>br</strong> />

fazer girar outro mundo. 3:198<<strong>br</strong> />

O problema <strong>com</strong> você é que ain<strong>da</strong> não desenvolveu seu círculo de<<strong>br</strong> />

poder extra e seu corpo não conhece o não fazer. 3:198<<strong>br</strong> />

Nós todos fomos ensinados a concor<strong>da</strong>r so<strong>br</strong>e fazer. Você não tem<<strong>br</strong> />

idéia do poder que essa concordância acarreta. Mas, felizmente,<<strong>br</strong> />

não fazer é igualmente milagroso e poderoso. 3:199<<strong>br</strong> />

Seu mundo é [este]. Você é um homem [deste] mundo. E [aqui], neste<<strong>br</strong> />

mundo, é o lugar de você caçar. Não há meio de se escapar do<<strong>br</strong> />

fazer de nosso mundo, pois o que um guerreiro faz é transformar<<strong>br</strong> />

seu mundo em seu terreno de caça<strong>da</strong>. Como caçador, um guerreiro<<strong>br</strong> />

sabe que o mundo foi feito para ser usado. Portanto, usa<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>cinho dele. Um guerreiro é <strong>com</strong>o um pirata que não<<strong>br</strong> />

tem dúvi<strong>da</strong>s em pegar e usar o que quiser, só que o guerreiro não<<strong>br</strong> />

se importa, nem se sente insultado, quando é utilizado e apanhado<<strong>br</strong> />

ele mesmo. 3:200<<strong>br</strong> />

160


CAPÍTULO 8<<strong>br</strong> />

A ARTE DO CAÇADOR<<strong>br</strong> />

Sou um caçador. Deixo muito pouco ao acaso. Talvez eu deva explicar-lhe<<strong>br</strong> />

que aprendi a ser caçador. Nem sempre vivi do jeito que<<strong>br</strong> />

vivo hoje. Num ponto de minha vi<strong>da</strong>, tive de mu<strong>da</strong>r. Agora estoulhe<<strong>br</strong> />

apontando a direção. Estou guiando você. Sei do que estou<<strong>br</strong> />

falando; uma pessoa ensinou-me tudo isso. Não desco<strong>br</strong>i tudo<<strong>br</strong> />

sozinho. 3:66<<strong>br</strong> />

Creio que antigamente caçar era um dos atos mais notáveis que o<<strong>br</strong> />

homem podia praticar. Todos os caçadores foram homens poderosos.<<strong>br</strong> />

De fato, o caçador tinha de ser poderoso de saí<strong>da</strong> para<<strong>br</strong> />

poder suportar os rigores <strong>da</strong>quela vi<strong>da</strong>. 3:66<<strong>br</strong> />

Em certa época, todo mundo sabia que o caçador era o melhor dos<<strong>br</strong> />

homens. Hoje, nem todos sabem disso, mas há bastante gente<<strong>br</strong> />

que sabe. Eu o sei, e um dia você o saberá. 3:66<<strong>br</strong> />

Ser caçador quer dizer que a pessoa sabe muita coisa. Significa que a<<strong>br</strong> />

pessoa vê o mundo de diversas maneiras. Para se ser caçador, é<<strong>br</strong> />

preciso estar em equilí<strong>br</strong>io perfeito <strong>com</strong> tudo o mais, senão a caça<<strong>br</strong> />

se tornaria uma tarefa sem significado. 3:64<<strong>br</strong> />

Não precisa se interessar pela caça<strong>da</strong>, nem gostar dela. Creio que os<<strong>br</strong> />

melhores caçadores não gostam mesmo de caçar; caçam bem,<<strong>br</strong> />

só isso. 3:65<<strong>br</strong> />

Os caçadores devem ser indivíduos bem ajustados. Um caçador deixa<<strong>br</strong> />

muito pouca coisa ao acaso. [Você] deve aprender a viver de<<strong>br</strong> />

maneira diferente. 3:65<<strong>br</strong> />

8.1 SER INACESSÍVEL<<strong>br</strong> />

Eis [aqui] o segredo dos grandes caçadores. Mostrar-se e esquivarse<<strong>br</strong> />

no momento exato. 3:74<<strong>br</strong> />

Você deve aprender a tornar-se proposita<strong>da</strong>mente disponível e não<<strong>br</strong> />

disponível. 3:74<<strong>br</strong> />

Não faz diferença esconder-se, se todos sabem que você se está<<strong>br</strong> />

escondendo. Seus problemas [de <strong>com</strong>preensão] vêm <strong>da</strong>í. Quando<<strong>br</strong> />

você se está escondendo, todos sabem que se está escondendo,<<strong>br</strong> />

e quando você não está, está disponível para todo mundo<<strong>br</strong> />

marretá-lo. 3:74


Você deve levar-se embora. Deve retomar-se do meio de um caminho<<strong>br</strong> />

movimentado. Todo o seu ser está lá, de modo que não adianta<<strong>br</strong> />

você se esconder; só imaginaria que está escondido. Estar<<strong>br</strong> />

no meio do caminho significa que todo mundo que passa assiste<<strong>br</strong> />

a suas i<strong>da</strong>s e vin<strong>da</strong>s. 3:75<<strong>br</strong> />

Ser inacessível é a finali<strong>da</strong>de. A arte do caçador é tonar-se inacessível.<<strong>br</strong> />

Ser inacessível significa que você toca o mundo que o cerca modera<strong>da</strong>mente.<<strong>br</strong> />

Não <strong>com</strong>e cinco [porções de <strong>com</strong>i<strong>da</strong>]; <strong>com</strong>e uma. Não<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>nifica as plantas só para fazer uma churrasqueira. Não se expõe<<strong>br</strong> />

ao vento, a não ser que seja imprescindível. Não utiliza e espreme<<strong>br</strong> />

as pessoas até elas mirrarem e sumirem, especialmente<<strong>br</strong> />

aquelas que você ama. 3:77<<strong>br</strong> />

Não estar disponível significa que você proposita<strong>da</strong>mente evita esgotar-se<<strong>br</strong> />

a si e aos outros. Significa que você não está faminto<<strong>br</strong> />

nem desesperado, <strong>com</strong>o o po<strong>br</strong>e filho <strong>da</strong> mãe que acha que nunca<<strong>br</strong> />

mais vai <strong>com</strong>er na vi<strong>da</strong> e então devora to<strong>da</strong> a <strong>com</strong>i<strong>da</strong> que<<strong>br</strong> />

pode. 3:77<<strong>br</strong> />

Um caçador sabe que atrairá a caça várias vezes para sua armadilha,<<strong>br</strong> />

de modo que não se preocupa. Preocupar-se é tornar-se acessível,<<strong>br</strong> />

acessível sem o saber. E depois que você se preocupa, agarra-se<<strong>br</strong> />

a qualquer coisa, em desespero; e uma vez que você se<<strong>br</strong> />

agarra, é provável que se esgote ou esgote a quem ou que você<<strong>br</strong> />

estiver agarrando. 3:78<<strong>br</strong> />

Ser inacessível não significa esconder-se, nem ser misterioso. Não<<strong>br</strong> />

significa tampouco que você não possa li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> as pessoas. Um<<strong>br</strong> />

caçador usa seu mundo <strong>com</strong> parcimônia e ternura, sem considerar<<strong>br</strong> />

se o mundo é de coisas, plantas, animais, pessoas ou poder.<<strong>br</strong> />

Um caçador trata intimamente <strong>com</strong> seu mundo e, no entanto, é<<strong>br</strong> />

inacessível a esse mesmo mundo.<<strong>br</strong> />

Ele está inacessível porque não está espremendo o mundo até<<strong>br</strong> />

este perder a forma. Ele o toca de leve, fica o tempo que precisa,<<strong>br</strong> />

e depois passa adiante rapi<strong>da</strong>mente, quase sem deixar marca. 3:78<<strong>br</strong> />

8.2 AS ROTINA DA VIDA<<strong>br</strong> />

Agora já sabe muita coisa so<strong>br</strong>e a caça. Será fácil para você <strong>com</strong>preender<<strong>br</strong> />

que um bom caçador sabe de uma coisa acima de to<strong>da</strong>s as<<strong>br</strong> />

outras... conhece a rotina de sua presa. É isso que o torna um<<strong>br</strong> />

bom caçador. 3:82<<strong>br</strong> />

Ser um caçador não é apenas apanhar a caça na armadilha. Um caçador<<strong>br</strong> />

digno desse nome não apanha a caça porque prepara armadilhas,<<strong>br</strong> />

ou porque conhece a rotina de sua presa, e sim porque ele<<strong>br</strong> />

162


mesmo não tem rotina. É esta a vantagem que ele leva. Não é em<<strong>br</strong> />

absoluto <strong>com</strong>o os animais que persegue, fixado por rotinas pesa<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

e esquisitices fixas; é livre, fluido, imprevisível. 3:82<<strong>br</strong> />

A fim de ser um caçador, você tem de romper as rotinas de sua vi<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Estou falando de caça. Portanto, refiro-me às coisas que os animais<<strong>br</strong> />

fazem; os lugares onde <strong>com</strong>em; o lugar, o modo e o tempo<<strong>br</strong> />

que dormem; onde fazem seus ninhos; <strong>com</strong>o caminham. São essas<<strong>br</strong> />

rotinas que lhe estou indicando, para você poder tomar ciência<<strong>br</strong> />

delas no seu próprio ser. 3:82<<strong>br</strong> />

Nós todos nos <strong>com</strong>portamos <strong>com</strong>o a presa que perseguimos. Isso,<<strong>br</strong> />

naturalmente, nos torna presa para alguma outra coisa ou alguém.<<strong>br</strong> />

Ora, o cui<strong>da</strong>do do caçador, que sabe de tudo isso, é deixar de ser<<strong>br</strong> />

uma presa ele mesmo. Enten<strong>da</strong> o que quero dizer. 3:83<<strong>br</strong> />

8.3 A ÚLTIMA BATALHA<<strong>br</strong> />

Não basta saber construir e preparar armadilhas. Um caçador deve<<strong>br</strong> />

viver <strong>com</strong>o caçador a fim de aproveitar ao máximo sua vi<strong>da</strong>. Infelizmente,<<strong>br</strong> />

as modificações são difíceis e acontecem muito devagar;<<strong>br</strong> />

às vezes, leva anos para o homem convencer-se <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de mu<strong>da</strong>r. 3:86<<strong>br</strong> />

Um bom caçador mu<strong>da</strong> sua maneira de ser tantas vezes quantas são<<strong>br</strong> />

necessárias.<<strong>br</strong> />

Um caçador deve não só conhecer os hábitos de sua presa, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

também saber que há forças neste mundo que dirigem os homens<<strong>br</strong> />

e os animais e tudo o que é vivo. [São] as forças que dirigem<<strong>br</strong> />

nossas vi<strong>da</strong>s e nossas mortes. 3:87<<strong>br</strong> />

Os atos têm poder. Especialmente quando a pessoa que age sabe<<strong>br</strong> />

que aqueles atos são sua última batalha. Há uma estranha felici<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

em se agir <strong>com</strong> o pleno conhecimento de que o que quer<<strong>br</strong> />

que se esteja fazendo pode bem ser o último ato so<strong>br</strong>e a terra.<<strong>br</strong> />

Re<strong>com</strong>endo que você reconsidere sua vi<strong>da</strong> e veja seus atos sob<<strong>br</strong> />

essa luz. 3:90<<strong>br</strong> />

Você não tem tempo, meu amigo. É essa a desgraça dos seres humanos.<<strong>br</strong> />

Nenhum de nós tem tempo suficiente, e sua continui<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

não tem significado neste mundo assom<strong>br</strong>oso e misterioso.<<strong>br</strong> />

Sua continui<strong>da</strong>de só o torna tímido. Seus atos não podem ter o<<strong>br</strong> />

discernimento, o poder, a força <strong>com</strong>pulsiva que têm os atos de<<strong>br</strong> />

um homem que sabe que está travando sua última batalha na terra.<<strong>br</strong> />

Em outras palavras, sua continui<strong>da</strong>de não o torna feliz nem<<strong>br</strong> />

poderoso. 3:90-91<<strong>br</strong> />

163


Nossa morte está esperando e este mesmo ato que praticamos agora<<strong>br</strong> />

pode bem ser nossa última batalha na terra. Eu a chamo batalha porque<<strong>br</strong> />

é um conflito. A maioria <strong>da</strong>s pessoas passa de um ato a outro<<strong>br</strong> />

sem qualquer conflito nem pensamento. Um caçador, ao contrário,<<strong>br</strong> />

avalia ca<strong>da</strong> ato; e <strong>com</strong>o tem um conhecimento íntimo de sua morte,<<strong>br</strong> />

procede sabiamente, <strong>com</strong>o se ca<strong>da</strong> ato fosse sua última batalha. Só<<strong>br</strong> />

um tolo deixaria de perceber a vantagem que um caçador leva so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

seus semelhantes. Um caçador dá à sua última batalha o devido respeito.<<strong>br</strong> />

É mais que natural que seu último ato na Terra seja o que há<<strong>br</strong> />

de melhor nele. É agradável, assim. Amortece seu medo. 3:92<<strong>br</strong> />

As forças que dirigem os homens são imprevisíveis, assom<strong>br</strong>osas; e,<<strong>br</strong> />

no entanto, o esplendor delas é uma coisa de se ver. 392<<strong>br</strong> />

Um caçador de poder vigia tudo. E tudo lhe conta algum segredo. 3:132<<strong>br</strong> />

Quando um homem toma os caminhos <strong>da</strong> feitiçaria, torna-se consciente,<<strong>br</strong> />

aos poucos, de que a vi<strong>da</strong> <strong>com</strong>um ficou para trás para sempre;<<strong>br</strong> />

que o conhecimento é na ver<strong>da</strong>de uma coisa assustadora;<<strong>br</strong> />

que os meios do mundo <strong>com</strong>um não são mais um escudo para<<strong>br</strong> />

ele; e que tem de adotar um novo modo de vi<strong>da</strong>, para so<strong>br</strong>eviver.<<strong>br</strong> />

A primeira coisa que ele deve fazer, nesse ponto, é desejar tornar-se<<strong>br</strong> />

um guerreiro, um passo e decisão muito importantes. A<<strong>br</strong> />

natureza assustadora do conhecimento não nos deixa nenhuma<<strong>br</strong> />

alternativa senão tornar-nos um guerreiro.<<strong>br</strong> />

Quando o conhecimento se torna uma coisa assustadora, o homem<<strong>br</strong> />

também <strong>com</strong>preende que a morte é a <strong>com</strong>panheira<<strong>br</strong> />

insubstituível, que se senta ao lado dele na esteira. Ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

pouquinho de conhecimento que se torna poder tem a morte <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

sua força central. A morte dá o último toque, e o que for tocado<<strong>br</strong> />

pela morte torna-se realmente poder. 2:142<<strong>br</strong> />

A morte é nossa eterna <strong>com</strong>panheira. Está sempre à nossa esquer<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

à distância de um <strong>br</strong>aço. Ela sempre o espreitou. Sempre o fará,<<strong>br</strong> />

até o dia em que o tocar. 3:46<<strong>br</strong> />

Como é que alguém pode sentir-se tão importante quando sabe que<<strong>br</strong> />

a morte está no seu encalço?<<strong>br</strong> />

O que se deve fazer quando se é impaciente é virar-se para a esquer<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

e pedir conselhos à sua morte. Você perderá uma quanti<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

enorme de mesquinhez se sua morte lhe fizer um gesto, ou<<strong>br</strong> />

se a vir de relance, ou se, ao menos tiver a sensação de que sua<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheira está ali, vigiando-o. 3:46-47<<strong>br</strong> />

A morte é a única conselheira sábia que possuímos. To<strong>da</strong> vez que<<strong>br</strong> />

sentir, <strong>com</strong>o sente sempre, que está tudo errado e você está prestes<<strong>br</strong> />

a ser aniquilado, vire-se para sua morte e pergunte se é ver<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Ela lhe dirá que você está errado; que na<strong>da</strong> importa realmente,<<strong>br</strong> />

além do toque dela. Sua morte lhe dirá: Ain<strong>da</strong> não o toquei. 3:47<<strong>br</strong> />

164


8.4 A RESPONSABILIDADE PELOS ATOS<<strong>br</strong> />

[Você] sempre se sente forçado a explicar seus atos, <strong>com</strong>o se fosse o<<strong>br</strong> />

único homem no mundo a errar. É seu sentimento de importância.<<strong>br</strong> />

Você tem isso em alto grau; também possui história pessoal<<strong>br</strong> />

demais. Por outro lado, não assume a responsabili<strong>da</strong>de de seus<<strong>br</strong> />

atos; não está usando sua morte <strong>com</strong>o conselheira e, acima de<<strong>br</strong> />

tudo, é acessível demais. 3:88<<strong>br</strong> />

A gente deve assumir a responsabili<strong>da</strong>de por estar num mundo fantástico.<<strong>br</strong> />

Para você, o mundo é fantástico porque, se não está caceteado<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> ele, está <strong>com</strong> raiva dele. Para mim o mundo é fantástico<<strong>br</strong> />

porque é estupendo, assom<strong>br</strong>oso, misterioso, insondável; meu<<strong>br</strong> />

interesse tem sido convencê-lo de que você deve assumir a responsabili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

de estar aqui, nesse mundo maravilhoso, neste [lugar]<<strong>br</strong> />

maravilhoso, nessa época maravilhosa. Queria convencê-lo<<strong>br</strong> />

de que deve fazer todos os atos contarem, já que só vai ficar aqui<<strong>br</strong> />

pouco tempo; na ver<strong>da</strong>de, tempo de menos para presenciar to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

as suas maravilhas. 3:88<<strong>br</strong> />

O que re<strong>com</strong>endo que você faça é notar que não temos nenhuma<<strong>br</strong> />

garantia de que nossas vi<strong>da</strong>s continuem indefini<strong>da</strong>mente. A mu<strong>da</strong>nça<<strong>br</strong> />

vem de repente e inespera<strong>da</strong>mente, [assim] <strong>com</strong>o a morte.<<strong>br</strong> />

O que pensa que podemos fazer a respeito?! [Viver o mais felizes<<strong>br</strong> />

possível.] 3:90<<strong>br</strong> />

Há pessoas que têm muito cui<strong>da</strong>do <strong>com</strong> a natureza de seus atos. Sua<<strong>br</strong> />

felici<strong>da</strong>de é agir <strong>com</strong> plena consciência de que não tem tempo;<<strong>br</strong> />

portanto, seus atos têm um poder especial; tem um sentido de... 3:90<<strong>br</strong> />

Pense em sua morte agora. Ela está a um <strong>br</strong>aço de distância. Pode<<strong>br</strong> />

tocá-lo a qualquer momento, de modo que você não tem realmente<<strong>br</strong> />

tempo para pensamentos nem estados de espírito bestas.<<strong>br</strong> />

Nenhum de nós tem tempo para isso. 3:51<<strong>br</strong> />

Quando um homem resolve fazer alguma coisa, tem de ir até o fim.<<strong>br</strong> />

Mas ele tem de assumir a responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quilo que faz. Não<<strong>br</strong> />

importa o que fizer; primeiro, ele tem de saber por que faz, e depois<<strong>br</strong> />

tem de prosseguir <strong>com</strong> seus atos sem ter dúvi<strong>da</strong>s ou remorsos<<strong>br</strong> />

a respeito. 3:52<<strong>br</strong> />

Num mundo em que a morte é a caçadora, meu amigo, não há tempo<<strong>br</strong> />

para remorsos ou dúvi<strong>da</strong>s. Só há tempo para decisões. 3:52<<strong>br</strong> />

Assumir a responsabili<strong>da</strong>de de nossas decisões significa que estamos<<strong>br</strong> />

prontos a morrer por elas. 3:55<<strong>br</strong> />

Não importa qual seja a decisão. Na<strong>da</strong> poderia ser mais ou menos<<strong>br</strong> />

sério do que qualquer outra coisa. Não vê? Num mundo em que a<<strong>br</strong> />

morte é a caçadora, não há decisões pequenas ou grandes. Só há<<strong>br</strong> />

decisões que tomamos diante de nossa morte inevitável. 3:55<<strong>br</strong> />

165


8.5 A FORÇA DE UM GUERREIRO<<strong>br</strong> />

O caminho do conhecimento é um caminho forçado. A fim de aprender,<<strong>br</strong> />

temos de ser empurrados. No caminho do conhecimento,<<strong>br</strong> />

estamos sempre lutando contra alguma coisa, evitando alguma<<strong>br</strong> />

coisa, preparados para alguma coisa; e essa coisa é sempre<<strong>br</strong> />

inexplicável, maior, mais poderosa do que nós. As forças<<strong>br</strong> />

inexplicáveis lhe chegarão.<<strong>br</strong> />

O mundo está realmente cheio de coisas assustadoras e nós somos<<strong>br</strong> />

criaturas indefesas, rodea<strong>da</strong>s por forças que são inexplicáveis<<strong>br</strong> />

e inflexíveis. O homem <strong>com</strong>um, por ignorância, acredita que<<strong>br</strong> />

essas forças podem ser explica<strong>da</strong>s ou modifica<strong>da</strong>s; não sabe <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

realmente fazer isso, mas espera que os atos <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de as<<strong>br</strong> />

expliquem ou modifiquem mais cedo ou mais tarde. O feiticeiro,<<strong>br</strong> />

ao contrário, não pensa em explicá-las ou modificá-las; ele aprende<<strong>br</strong> />

a utilizar essas forças, se redirigindo e a<strong>da</strong>ptando ao curso<<strong>br</strong> />

delas. É esse o truque deles. Há muito pouco mistério na feitiçaria,<<strong>br</strong> />

uma vez que você descu<strong>br</strong>a o truque. Um feiticeiro está só um<<strong>br</strong> />

pouco melhor do que o homem <strong>com</strong>um. A feitiçaria não o aju<strong>da</strong> a<<strong>br</strong> />

viver uma vi<strong>da</strong> melhor; de fato, eu diria que a feitiçaria o atrapalha;<<strong>br</strong> />

torna a vi<strong>da</strong> dele <strong>com</strong>plica<strong>da</strong> e precária. A<strong>br</strong>indo-se para o<<strong>br</strong> />

conhecimento, o feiticeiro torna-se mais vulnerável do que o homem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um. Por um lado, seus semelhantes o detestam e temem<<strong>br</strong> />

e procurarão extinguir sua vi<strong>da</strong>; por outro, as forças<<strong>br</strong> />

inexplicáveis e inflexíveis que cercam a ca<strong>da</strong> um de nós são, para<<strong>br</strong> />

um feiticeiro, uma fonte de perigo maior ain<strong>da</strong>. Ser furado por<<strong>br</strong> />

um semelhante é realmente doloroso, mas na<strong>da</strong> que se <strong>com</strong>pare<<strong>br</strong> />

a ser tocado por um aliado. Um feiticeiro, expondo-se ao conhecimento,<<strong>br</strong> />

fica à mercê dessas forças e só tem um meio de se equili<strong>br</strong>ar,<<strong>br</strong> />

a sua vontade; assim, tem de sentir e agir <strong>com</strong>o um guerreiro.<<strong>br</strong> />

Só <strong>com</strong>o guerreiro é que a pessoa pode so<strong>br</strong>eviver no caminho<<strong>br</strong> />

do conhecimento. O que aju<strong>da</strong> um feiticeiro a viver uma<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> melhor é a força de ser um guerreiro. 2:199<<strong>br</strong> />

Tenho <strong>com</strong>promisso de lhe ensinar a ver. Não porque eu pessoalmente<<strong>br</strong> />

queira fazê-lo, mas porque você foi escolhido; você me foi<<strong>br</strong> />

apontado. Contudo, sou levado, por meu desejo pessoal, a ensinar-lhe<<strong>br</strong> />

a sentir e agir <strong>com</strong>o um guerreiro. Pessoalmente, acredito<<strong>br</strong> />

que ser um guerreiro é mais próprio do que qualquer outra coisa.<<strong>br</strong> />

Por isso, procuro mostrar-lhe essas forças <strong>com</strong>o um feiticeiro as<<strong>br</strong> />

percebe, pois somente sob seu impacto aterrador é que a pessoa<<strong>br</strong> />

pode tornar-se um guerreiro. Ver sem ser primeiro um guerreiro<<strong>br</strong> />

o tornaria fraco; isso lhe <strong>da</strong>ria uma falsa humil<strong>da</strong>de, um desejo<<strong>br</strong> />

de recuar; seu corpo degeneraria porque você se tornaria indiferente.<<strong>br</strong> />

É meu <strong>com</strong>promisso pessoal torná-lo um guerreiro, para<<strong>br</strong> />

você não desmoronar. 2:200<<strong>br</strong> />

Um guerreiro só deve estar preparado para <strong>com</strong>bater [não para morrer].<<strong>br</strong> />

2:200<<strong>br</strong> />

166


O espírito do guerreiro não é <strong>da</strong>do a caprichos nem reclamações,<<strong>br</strong> />

nem a vencer ou perder. O espírito do guerreiro só é <strong>da</strong>do à luta,<<strong>br</strong> />

e ca<strong>da</strong> embate é a última batalha de um guerreiro so<strong>br</strong>e a face <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

Terra. Assim, o resultado lhe importa muito pouco. Em sua última<<strong>br</strong> />

batalha na Terra, o guerreiro deixa seu espírito correr, livre e claro.<<strong>br</strong> />

E enquanto trava sua batalha, sabendo que sua vontade é impecável,<<strong>br</strong> />

o guerreiro ri-se à grande. 2:200<<strong>br</strong> />

Deve <strong>com</strong>preender que um guerreiro não é um tolo. Um guerreiro é<<strong>br</strong> />

um caçador imaculado que caça o poder; não é bêbado nem doido,<<strong>br</strong> />

e não tem tempo nem vontade de fingir, mentir a si mesmo ou<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>r um passo errado. O jogo é muito caro para isso. Está arriscando<<strong>br</strong> />

sua própria vi<strong>da</strong> ordena<strong>da</strong>, que ele levou tanto tempo para<<strong>br</strong> />

ajustar e aperfeiçoar. Não vai jogar tudo isso fora por <strong>com</strong>eter um<<strong>br</strong> />

engano de cálculo tolo, tomando uma coisa por outra. 3:97<<strong>br</strong> />

Conforme já lhe disse, um guerreiro é um caçador impecável que caça<<strong>br</strong> />

o poder. Se ele tiver êxito em sua caça<strong>da</strong>, pode tornar-se um homem<<strong>br</strong> />

de conhecimento. Qualquer guerreiro pode tornar-se um<<strong>br</strong> />

homem de conhecimento. 3:110<<strong>br</strong> />

167


CAPÍTULO 9<<strong>br</strong> />

A ARTE DO GUERREIRO<<strong>br</strong> />

Vou ensinar-lhe a ser um guerreiro <strong>da</strong> mesma maneira que lhe ensinei<<strong>br</strong> />

a caçar. Mas devo avisar-lhe de que aprender a caçar não fez<<strong>br</strong> />

de você um caçador, nem aprender a ser guerreiro o transformará<<strong>br</strong> />

em guerreiro. 3:96<<strong>br</strong> />

O meio mais eficaz de se viver é <strong>com</strong>o guerreiro. Preocupe-se e pense<<strong>br</strong> />

antes de tomar qualquer decisão, porém, uma vez toma<strong>da</strong>, siga seu<<strong>br</strong> />

caminho, livre de preocupações e pensamentos; haverá mil outras<<strong>br</strong> />

decisões ain<strong>da</strong> à sua espera. É assim a maneira do guerreiro. 2:49<<strong>br</strong> />

Agora, chegou o momento de tornar-se acessível ao poder, e você<<strong>br</strong> />

vai <strong>com</strong>eçar li<strong>da</strong>ndo <strong>com</strong> sonhar. 3:97<<strong>br</strong> />

Um caçador não se preocupa <strong>com</strong> a manipulação do poder e, portanto,<<strong>br</strong> />

seus sonhos são apenas sonhos. Podem ser pungentes, porém<<strong>br</strong> />

não são sonhar.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro, por outro lado, procura o poder e um dos caminhos<<strong>br</strong> />

para o poder é sonhar. Pode-se dizer que a diferença entre<<strong>br</strong> />

um caçador e um guerreiro é que este está a caminho do poder,<<strong>br</strong> />

enquanto aquele não sabe na<strong>da</strong>, ou muito pouco, a respeito do<<strong>br</strong> />

poder.<<strong>br</strong> />

Não cabe a nós resolver quem pode ser um guerreiro, e quem só<<strong>br</strong> />

pode ser caçador. Essa decisão é do reino dos poderes que dirigem<<strong>br</strong> />

os homens. 3:97<<strong>br</strong> />

Torne-se acessível ao poder; trate dos seus sonhos. Você os chama<<strong>br</strong> />

de sonhos porque não tem poder. Um guerreiro, sendo um homem<<strong>br</strong> />

que busca o poder, não os chama de sonhos, mas sim reali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Sonhar é real para um guerreiro porque nisso ele pode agir<<strong>br</strong> />

delibera<strong>da</strong>mente, pode escolher ou recusar, pode escolher dentro<<strong>br</strong> />

de uma varie<strong>da</strong>de de itens aqueles que conduzem ao poder e<<strong>br</strong> />

depois pode manipulá-los e utilizá-los, enquanto que, num sonho<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um, ele não pode agir delibera<strong>da</strong>mente. 3:98<<strong>br</strong> />

Se você quiser <strong>com</strong>parar as coisas, posso dizer que [sonhar é] mais real.<<strong>br</strong> />

No sonhar você tem poder; pode modificar as coisas; pode desco<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />

uma infini<strong>da</strong>de de fatos ocultos; pode controlar o que quiser. 3:98<<strong>br</strong> />

Sonhar também se realiza. Bem <strong>com</strong>o caçar, caminhar, rir. 3:98


9.1 A DISPOSIÇÃO DE GUERREIRO<<strong>br</strong> />

[Você é] um homem. E, <strong>com</strong>o todo homem [você] merece tudo o que é destinado<<strong>br</strong> />

ao homem – alegria, dor, tristeza e luta. A natureza dos atos <strong>da</strong> pessoa não tem<<strong>br</strong> />

importância, enquanto ela agir <strong>com</strong>o guerreiro. 3:112<<strong>br</strong> />

Se realmente acha que seu espírito está desviado, [você] simplesmente terá<<strong>br</strong> />

de endireitá-lo, purgá-lo, fazê-lo perfeito, pois não há nenhum outro trabalho em to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

as nossas vi<strong>da</strong>s que valha mais a pena. Não endireitar o espírito é procurar a<<strong>br</strong> />

morte, e isso é o mesmo que não procurar na<strong>da</strong>, desde que a morte nos alcançará, não<<strong>br</strong> />

importa o que acontecer. 3:112<<strong>br</strong> />

Procurar a perfeição do espírito do guerreiro é o único empreendimento<<strong>br</strong> />

digno de nossa virili<strong>da</strong>de. 3:112<<strong>br</strong> />

A coisa mais difícil deste mundo é adquirir a disposição de um guerreiro.<<strong>br</strong> />

Não adianta ficar triste, queixar-se e achar justificativa para<<strong>br</strong> />

isso [ou aquilo], acreditando que alguém está sempre nos fazendo<<strong>br</strong> />

alguma coisa. Ninguém faz na<strong>da</strong> a ninguém, muito menos a<<strong>br</strong> />

um guerreiro. 3:113<<strong>br</strong> />

A auto<strong>com</strong>iseração não condiz <strong>com</strong> o poder. A disposição de um<<strong>br</strong> />

guerreiro exige controle so<strong>br</strong>e si e, ao mesmo tempo, exige que<<strong>br</strong> />

ele se entregue. 3:114<<strong>br</strong> />

Você pode forçar-se além de seus limites, se estiver <strong>com</strong> disposição<<strong>br</strong> />

para isso. Um guerreiro faz a sua própria disposição. 3:121<<strong>br</strong> />

Precisamos <strong>da</strong> disposição de guerreiro para todos os atos. Senão,<<strong>br</strong> />

ficamos fracos e feios. Não existe poder numa vi<strong>da</strong> que não tenha<<strong>br</strong> />

essa disposição. 3:121<<strong>br</strong> />

Um guerreiro é um caçador. Calcula tudo. Isso é controle. Mas, uma<<strong>br</strong> />

vez terminados seus cálculos, ele age. Entrega-se. Isso é abandono.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro não é uma folha à mercê do vento. Ninguém<<strong>br</strong> />

pode empurrá-lo; ninguém pode o<strong>br</strong>igá-lo a fazer coisas contra si<<strong>br</strong> />

ou contra o que ele acha certo. Um guerreiro é preparado para<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>eviver e ele so<strong>br</strong>evive <strong>da</strong> melhor maneira possível. 3:121<<strong>br</strong> />

Um guerreiro pode ser ferido, mas não ofendido. Para um guerreiro,<<strong>br</strong> />

não há na<strong>da</strong> ofensivo nos atos de seus semelhantes, enquanto<<strong>br</strong> />

ele estiver agindo dentro <strong>da</strong> disposição correta. 3:121<<strong>br</strong> />

Conseguir a disposição de um guerreiro não é coisa fácil. É uma revolução.<<strong>br</strong> />

Considerar [os animais] e nossos semelhantes <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

iguais é um ato magnífico do espírito do guerreiro. É preciso poder<<strong>br</strong> />

para fazer isso. 3:122<<strong>br</strong> />

169


Todo mundo que quer seguir os passos de guerreiro, o caminho do<<strong>br</strong> />

feiticeiro, tem de se livrar de sua fixação. 6:23<<strong>br</strong> />

9.2 EXPERIÊNCIA DAS EXPERIÊNCIAS<<strong>br</strong> />

A re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>ção para os guerreiros é não ter nenhuma coisa material<<strong>br</strong> />

na qual focalizar seu poder, mas focalizá-lo no espírito, no ver<strong>da</strong>deiro<<strong>br</strong> />

vôo ao desconhecido, e não em campos triviais. 3:23<<strong>br</strong> />

É seu dever tranqüilizar sua mente. Os guerreiros não conquistaram<<strong>br</strong> />

suas vitórias batendo <strong>com</strong> a cabeça de encontro aos muros e sim<<strong>br</strong> />

conquistando os muros. Os guerreiros saltam por cima dos muros;<<strong>br</strong> />

não os destroem. 4:52<<strong>br</strong> />

Existem três tipos de maus hábitos que usamos repeti<strong>da</strong>mente quando<<strong>br</strong> />

nos defrontamos <strong>com</strong> situações desconheci<strong>da</strong>s na vi<strong>da</strong>. Primeiro,<<strong>br</strong> />

podemos não levar em consideração o que está acontecendo<<strong>br</strong> />

ou já aconteceu, e sentir que nunca aconteceu. Isso é o<<strong>br</strong> />

método do fanático. Segundo, podemos aceitar tudo pelas aparências<<strong>br</strong> />

e sentir que sabemos o que está se passando. Esse é o<<strong>br</strong> />

método do devoto. Terceiro, podemos ficar presos a um fato porque<<strong>br</strong> />

não conseguimos desprezá-lo, nem conseguimos aceitá-lo<<strong>br</strong> />

totalmente. Esse é o método do tolo.<<strong>br</strong> />

Existe um quarto, o correto, o método do guerreiro. Um guerreiro<<strong>br</strong> />

não age <strong>com</strong>o se na<strong>da</strong> tivesse acontecido, jamais, porque não<<strong>br</strong> />

acredita em na<strong>da</strong> e no entanto aceita tudo pelas aparências. Aceita<<strong>br</strong> />

sem aceitar e despreza sem desprezar. Nunca acha que sabe,<<strong>br</strong> />

nem sente que na<strong>da</strong> aconteceu. Age <strong>com</strong>o se estivesse controlado,<<strong>br</strong> />

mesmo que esteja tremendo por dentro. Agir desse modo<<strong>br</strong> />

desfaz a obsessão. 4:52<<strong>br</strong> />

Você deve cultivar a idéia de que um guerreiro não precisa de na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Você tem tudo o que é preciso para a viagem extravagante que é a<<strong>br</strong> />

sua vi<strong>da</strong>. A ver<strong>da</strong>deira experiência é ser um homem e o que conta é<<strong>br</strong> />

estar vivo; a vi<strong>da</strong> é um desviozinho que estamos seguindo agora. A<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> em si é suficiente, auto-explicativa e <strong>com</strong>pleta. Um guerreiro<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preende isso e vive de acordo; portanto, pode-se dizer, sem<<strong>br</strong> />

presunção, que a experiência <strong>da</strong>s experiências é ser um guerreiro. 4:53<<strong>br</strong> />

[Não] é questão de escolha pessoal saber quem é escolhido para<<strong>br</strong> />

aprender o conhecimento do feiticeiro, que leva [ao domínio <strong>da</strong>]<<strong>br</strong> />

consciência. Você já se perguntou, por que você, em especial?<<strong>br</strong> />

Eu não estou dizendo que você deva perguntar isso <strong>com</strong>o coisa<<strong>br</strong> />

que exije resposta, e sim no sentido de o guerreiro meditar so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a sua grande boa sorte, a sorte de ter encontrado um desafio.<<strong>br</strong> />

Fazer disso uma pergunta <strong>com</strong>um é coisa de um homem presunçoso,<<strong>br</strong> />

que deseja ser ou admirado ou deplorado. Não me interessa<<strong>br</strong> />

tal tipo de pergunta, pois não há meio de responder a ela. A<<strong>br</strong> />

170


esolução de escolher você foi um desígnio do poder; ninguém<<strong>br</strong> />

pode distinguir os desígnios do poder. Agora que você foi escolhido,<<strong>br</strong> />

não há na<strong>da</strong> que possa fazer para deter a realização desse<<strong>br</strong> />

desígnio. 4:252<<strong>br</strong> />

9.2.1 UMA LUTA INTERMINÁVEL<<strong>br</strong> />

[A gente sempre pode fracassar] é ver<strong>da</strong>de. Mas creio que você se<<strong>br</strong> />

refere a outra coisa. Você quer encontrar uma saí<strong>da</strong>. Quer ter a<<strong>br</strong> />

liber<strong>da</strong>de de fracassar e desistir nos seus próprios termos. É tarde<<strong>br</strong> />

para isso. Um guerreiro está nas mãos do poder e sua única<<strong>br</strong> />

liber<strong>da</strong>de é escolher uma vi<strong>da</strong> impecável. Não há meio de forjar<<strong>br</strong> />

um triunfo ou uma derrota. Sua razão pode querer que você fracasse<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletamente, a fim de apagar a totali<strong>da</strong>de de seu ser.<<strong>br</strong> />

Mas existe uma contramedi<strong>da</strong> que não permitirá que você declare<<strong>br</strong> />

uma vitória ou derrota falsa. Se você acha que pode fugir para<<strong>br</strong> />

o a<strong>br</strong>igo do fracasso, está maluco. O seu corpo montará guar<strong>da</strong> e<<strong>br</strong> />

não o deixará seguir tais caminhos. 4:55<<strong>br</strong> />

Você está numa situação terrível. É tarde para recuar, mas é cedo para<<strong>br</strong> />

agir. Só o que pode fazer é presenciar. Está na situação triste de uma<<strong>br</strong> />

criança que não pode voltar para o ventre <strong>da</strong> mãe, e nem pode an<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

e agir. O bebê só pode é presenciar e escutar as tremen<strong>da</strong>s histórias<<strong>br</strong> />

de ação que lhe contam. Você está agora exatamente nesse ponto.<<strong>br</strong> />

Não pode voltar para o ventre do seu velho mundo, mas também<<strong>br</strong> />

não pode agir <strong>com</strong> poder. Para você, só existe presenciar atos de<<strong>br</strong> />

poder e escutar histórias, contos de poder. 4:56<<strong>br</strong> />

O sósia [o corpo sonhador, o corpo energético] é um desses contos.<<strong>br</strong> />

Você sabe disso, e é por isso que sua razão está tão impressiona<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> isso. Estará batendo a cabeça contra uma parede se fingir<<strong>br</strong> />

que entende. Só o que posso dizer so<strong>br</strong>e isso, <strong>com</strong>o explicação,<<strong>br</strong> />

é que o sósia, embora seja atingido por meio do sonho, é bem<<strong>br</strong> />

real. 4:56<<strong>br</strong> />

Não há sentido hipotético quando falamos do mundo dos homens de<<strong>br</strong> />

conhecimento. Um homem de conhecimento não pode agir para<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> seus semelhantes em termos injuriosos, hipoteticamente ou<<strong>br</strong> />

não. 4:57<<strong>br</strong> />

Ninguém pode tramar contra a segurança e bem-estar de um homem<<strong>br</strong> />

de conhecimento. Ele vê, de modo que tomaria providências para<<strong>br</strong> />

evitar qualquer coisa nesse gênero. Um homem de conhecimento<<strong>br</strong> />

[entretanto,] tem o controle sem na<strong>da</strong> controlar. 4:57<<strong>br</strong> />

Um guerreiro está sempre preparado. Ser guerreiro não é apenas<<strong>br</strong> />

querer sê-lo. É, antes, uma luta interminável que continua até ao<<strong>br</strong> />

último momento de nossas vi<strong>da</strong>s. Ninguém nasce guerreiro, assim<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ninguém nasce um ser racional. Nós é que nos tornamos<<strong>br</strong> />

um ou outro. 4:58<<strong>br</strong> />

171


9.3 AGIR EM VEZ DE FALAR<<strong>br</strong> />

A explicação dos feiticeiros, que não parece ser uma explicação, de<<strong>br</strong> />

todo, é letal. Parece inofensiva e encantadora, mas assim que o<<strong>br</strong> />

guerreiro se expõe a ela, dá um golpe que ninguém pode revi<strong>da</strong>r.<<strong>br</strong> />

Portanto, prepare-se para o pior, mas não se apresse nem entre<<strong>br</strong> />

em pânico. Você não tem tempo, e no entanto está cercado pela<<strong>br</strong> />

eterni<strong>da</strong>de. Que paradoxo para a sua razão! 4:206<<strong>br</strong> />

O conhecimento e o poder. Os homens de conhecimento possuem<<strong>br</strong> />

ambos. No entanto, nenhum deles poderia dizer <strong>com</strong>o os adquirira,<<strong>br</strong> />

a não ser que continuou a agir <strong>com</strong>o guerreiro e, num <strong>da</strong>do<<strong>br</strong> />

momento, tudo se modificou. 4:29<<strong>br</strong> />

Eis os defeitos <strong>da</strong>s palavras. Sempre nos o<strong>br</strong>igam a sentir-nos esclarecidos,<<strong>br</strong> />

mas, quando nos viramos para enfrentar o mundo, elas<<strong>br</strong> />

sempre nos falham e terminamos enfrentando o mundo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

sempre o fizemos, sem esclarecimento. Por este motivo, o feiticeiro<<strong>br</strong> />

procura agir em vez de falar e para isso ele consegue uma<<strong>br</strong> />

nova descrição em que falar não é assim tão importante, e em<<strong>br</strong> />

que novos atos têm novos reflexos. 4:29<<strong>br</strong> />

Depois que o guerreiro conquista os sonhos e viu e cria [seu corpo sonhador],<<strong>br</strong> />

também deve ter conseguido apagar a história pessoal, a auto-importância e as<<strong>br</strong> />

rotinas. To<strong>da</strong>s técnicas ensina<strong>da</strong>s, são, em essência, meios de possibilitar ter um [corpo<<strong>br</strong> />

energético] no mundo <strong>com</strong>um, tornando-se o ser e o mundo fluidos, e colocando-os<<strong>br</strong> />

fora dos limites <strong>da</strong>s previsões. 4:47<<strong>br</strong> />

Um guerreiro fluido não pode mais tornar o mundo cronológico. E,<<strong>br</strong> />

quanto a ele, o mundo e ele não são mais objetos. Ele é um ser<<strong>br</strong> />

luminoso existindo num mundo luminoso. 4:49<<strong>br</strong> />

Pense assim. O mundo não cede a nós diretamente, a descrição do<<strong>br</strong> />

mundo se interpõe. Assim, a bem dizer, estamos sempre um passo<<strong>br</strong> />

afastados e nossa experiência do mundo é sempre uma recor<strong>da</strong>ção<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> experiência. Estamos constantemente recor<strong>da</strong>ndo o instante<<strong>br</strong> />

que passou, que aconteceu. Recor<strong>da</strong>mos, recor<strong>da</strong>mos, recor<strong>da</strong>mos.<<strong>br</strong> />

Se to<strong>da</strong> a nossa experiência do mundo é a recor<strong>da</strong>ção, então não é<<strong>br</strong> />

assim tão absurdo concluir que um feiticeiro possa estar em dois<<strong>br</strong> />

lugares ao mesmo tempo. Não é o caso do ponto de vista <strong>da</strong> percepção<<strong>br</strong> />

dele, pois, para experimentar o mundo, o feiticeiro, <strong>com</strong>o qualquer<<strong>br</strong> />

outro tem de recor<strong>da</strong>r o ato que acaba de praticar, o acontecimento<<strong>br</strong> />

que acaba de presenciar, a experiência que acaba de viver.<<strong>br</strong> />

Em sua consciência, só há uma recor<strong>da</strong>ção. Mas para um estranho,<<strong>br</strong> />

olhando para o feiticeiro, pode parecer que o feiticeiro está representando<<strong>br</strong> />

dois episódios diferentes ao mesmo tempo. O feiticeiro,<<strong>br</strong> />

porém, recor<strong>da</strong>-se de dois instantes únicos e isolados, porque a cola<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> descrição do tempo não o prende mais. 4:48<<strong>br</strong> />

172


9.4 ESCUDOS PROTETORES<<strong>br</strong> />

O guerreiro escolhe as coisas que fazem seu mundo. Escolhe proposita<strong>da</strong>mente,<<strong>br</strong> />

pois ca<strong>da</strong> coisa que prefere é um escudo que o protege<<strong>br</strong> />

dos assaltos <strong>da</strong>s forças que ele está procurando utilizar. Um<<strong>br</strong> />

guerreiro usaria seus escudos para se proteger contra seu aliado,<<strong>br</strong> />

por exemplo. Um homem <strong>com</strong>um, que é igualmente cercado <strong>da</strong>quelas<<strong>br</strong> />

forças inexplicáveis, se esquece delas, porque tem outros<<strong>br</strong> />

tipos de escudos especiais para se proteger. 2:201<<strong>br</strong> />

[Esses escudos são] aquilo que as pessoas fazem. As pessoas estão<<strong>br</strong> />

ocupa<strong>da</strong>s fazendo o que sempre fazem. São esses seus escudos.<<strong>br</strong> />

Sempre que um feiticeiro tem um encontro <strong>com</strong> alguma dessas<<strong>br</strong> />

forças inexplicáveis e inflexíveis de que falamos, sua <strong>br</strong>echa se<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>e, deixando-o mais suscetível à sua morte do que ele normalmente<<strong>br</strong> />

é; já lhe disse que morremos por aquela <strong>br</strong>echa; portanto,<<strong>br</strong> />

se ela estiver aberta, a gente deve estar <strong>com</strong> a vontade prepara<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

para tapá-la; isto é, se a pessoa for um guerreiro. Em caso contrário,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o você, então não se tem outro recurso senão utilizar as<<strong>br</strong> />

ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> diária para desviar o espírito do susto do encontro<<strong>br</strong> />

e assim permitir que a <strong>br</strong>echa se feche.<<strong>br</strong> />

Mas nesse momento de sua vi<strong>da</strong>, não pode mais usar esses escudos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> tanta eficácia quanto um homem <strong>com</strong>um. Você já conhece demais<<strong>br</strong> />

a respeito <strong>da</strong>s forças e agora está finalmente no limiar de sentir<<strong>br</strong> />

e agir <strong>com</strong>o um guerreiro. Seus escudos não são mais seguros. 2:202<<strong>br</strong> />

[O que deve fazer é] agir <strong>com</strong>o um guerreiro e escolher as coisas de<<strong>br</strong> />

seu mundo. Você não pode mais se cercar de todo tipo de coisas.<<strong>br</strong> />

Digo-lhe isso muito seriamente. Agora, pela primeira vez, você<<strong>br</strong> />

não está mais seguro em seu antigo modo de vi<strong>da</strong>. 2:202<<strong>br</strong> />

Um guerreiro encontra aquelas forças inexplicáveis e inflexíveis porque<<strong>br</strong> />

ele as está procurando proposita<strong>da</strong>mente, e assim está sempre<<strong>br</strong> />

preparado para o encontro.<<strong>br</strong> />

Se alguma dessas forças o tocar e a<strong>br</strong>ir sua <strong>br</strong>echa, deve tentar proposita<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

fechá-la você mesmo. Para isso, precisa ter um certo<<strong>br</strong> />

número de coisas escolhi<strong>da</strong>s que lhe dêem muita paz e prazer, coisas<<strong>br</strong> />

que você possa usar proposita<strong>da</strong>mente para desviar seus pensamentos<<strong>br</strong> />

de seu medo e fechar sua <strong>br</strong>echa e torná-lo sólido. 2:202<<strong>br</strong> />

9.4.1 O CAMINHO DO CORAÇÃO<<strong>br</strong> />

Em sua vi<strong>da</strong> diária, o guerreiro escolhe seguir o caminho <strong>com</strong> o coração.<<strong>br</strong> />

É a escolha constante do caminho do coração que torna o guerreiro<<strong>br</strong> />

diferente dos homens <strong>com</strong>uns. Ele sabe que um caminho tem<<strong>br</strong> />

coração quando é um <strong>com</strong> ele, quando sente muita paz e prazer<<strong>br</strong> />

percorrendo sua extensão. As coisas que o guerreiro escolhe para<<strong>br</strong> />

fazer seus escudos são os itens do caminho <strong>com</strong> coração. 2:202<<strong>br</strong> />

173


Esta é a sua encruzilha<strong>da</strong>. Digamos que, antes, você não precisava<<strong>br</strong> />

realmente viver <strong>com</strong>o guerreiro. Agora é diferente. Você tem de<<strong>br</strong> />

se cercar <strong>da</strong>s coisas de um caminho <strong>com</strong> coração e deve recusar<<strong>br</strong> />

o resto, senão morrerá no próximo encontro. Posso acrescentar<<strong>br</strong> />

que você não precisa mais pedir um encontro. Agora, um aliado<<strong>br</strong> />

pode vir a você durante seu sono; enquanto está conversando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> amigos; enquanto está escrevendo. 2:202<<strong>br</strong> />

9.4.2 CONSCIÊNCIA DAS MODIFICAÇÕES<<strong>br</strong> />

Algo no guerreiro sempre tem consciência de to<strong>da</strong>s as modificações. É<<strong>br</strong> />

precisamente o objetivo do guerreiro incentivar e manter essa consciência.<<strong>br</strong> />

O guerreiro a limpa, lustra e conserva em funcionamento. 4:62<<strong>br</strong> />

É muito importante você reparar. Você repara nas coisas quando acha<<strong>br</strong> />

que deve; a condição de um guerreiro, porém, é reparar em tudo<<strong>br</strong> />

sempre. 4:107<<strong>br</strong> />

Cui<strong>da</strong>do! Um guerreiro nunca se descui<strong>da</strong> de suas defesas. Se você continuar<<strong>br</strong> />

assim tão feliz [ou infeliz], vai esgotar o pouco poder que lhe<<strong>br</strong> />

resta. Seja você mesmo. Duvide de tudo. Seja desconfiado.<<strong>br</strong> />

O que importa é o que você pode usar <strong>com</strong>o escudo. Um guerreiro<<strong>br</strong> />

tem de usar tudo o que puder para fechar sua <strong>br</strong>echa mortal, quando<<strong>br</strong> />

ela se a<strong>br</strong>e. Portanto, não importa que você goste de ser desconfiado<<strong>br</strong> />

ou de fazer perguntas. Agora isso é seu único escudo. 4:71<<strong>br</strong> />

Um guerreiro morre <strong>com</strong> dificul<strong>da</strong>de. Sua morte tem de lutar para<<strong>br</strong> />

levá-lo. Um guerreiro não se entrega. 4:71<<strong>br</strong> />

Não há defeito no modo do guerreiro. Siga-o e seus atos não poderão<<strong>br</strong> />

ser criticados por ninguém. 4:71<<strong>br</strong> />

9.5 A CONVERSA INTERNA<<strong>br</strong> />

Vou dizer-lhe a respeito de que conversamos conosco. Conversamos<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o nosso mundo. Na ver<strong>da</strong>de, conservamos nosso mundo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

nossas conversas internas. Sempre que terminamos de falar conosco,<<strong>br</strong> />

o mundo está sempre <strong>com</strong>o devia ser. Nós o renovamos, o animamos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> vi<strong>da</strong>, o mantemos <strong>com</strong> nossa conversa interna. Não só<<strong>br</strong> />

isso, mas nós também escolhemos nossos caminhos, ao conversarmos<<strong>br</strong> />

conosco. Assim, repetimos as mesmas escolhas várias vezes<<strong>br</strong> />

até o dia de nossa morte, pois ficamos repetindo a mesma conversa<<strong>br</strong> />

interna to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>, até morrermos. Um guerreiro sabe disso e procura<<strong>br</strong> />

parar de falar. Esse é o último item que você tem de aprender,<<strong>br</strong> />

se quiser viver <strong>com</strong>o guerreiro. 2:203<<strong>br</strong> />

Um guerreiro sabe que o mundo se modifica assim que ele pára de<<strong>br</strong> />

conversar consigo, e deve estar preparado para esse abalo monumental.<<strong>br</strong> />

2:203<<strong>br</strong> />

174


O mundo é assim e assado, e tal e tal, só porque nos dizemos que<<strong>br</strong> />

é dessa maneira. Se pararmos de nos dizer que o mundo é tal e<<strong>br</strong> />

tal, o mundo deixará de ser tal e tal. Neste momento, não creio<<strong>br</strong> />

que você esteja pronto para esse golpe monumental, e, portanto,<<strong>br</strong> />

deve <strong>com</strong>eçar lentamente a desfazer o mundo. 2:203<<strong>br</strong> />

Seu problema é que confunde o mundo <strong>com</strong> o que as pessoas<<strong>br</strong> />

fazem. Ain<strong>da</strong> nisso, não é o único. Todos nós fazemos isso. As<<strong>br</strong> />

coisas que as pessoas fazem são os escudos contra as forças que<<strong>br</strong> />

nos cercam; o que fazem <strong>com</strong>o pessoas nos dá conforto e nos faz<<strong>br</strong> />

sentir seguros; o que as pessoas fazem é muito importante em si,<<strong>br</strong> />

mas apenas <strong>com</strong>o escudo. Nunca aprendemos que as coisas que<<strong>br</strong> />

fazemos <strong>com</strong>o pessoas são apenas escudos e deixamos que elas<<strong>br</strong> />

dominem e transtornem nossas vi<strong>da</strong>s. Na ver<strong>da</strong>de, eu diria que,<<strong>br</strong> />

para a humani<strong>da</strong>de, aquilo que as pessoas fazem é maior e mais<<strong>br</strong> />

importante do que o próprio mundo. 2:204<<strong>br</strong> />

O mundo é tudo o que está encerrado aqui... a vi<strong>da</strong>, a morte, pessoas,<<strong>br</strong> />

aliados, e tudo o mais que nos cerca. O mundo é in<strong>com</strong>preensível.<<strong>br</strong> />

Nunca o <strong>com</strong>preenderemos; nunca desven<strong>da</strong>remos seus segredos.<<strong>br</strong> />

Assim, temos de tratá-lo <strong>com</strong>o ele é, um simples mistério!<<strong>br</strong> />

Mas o homem <strong>com</strong>um não faz isso. O mundo nunca é mistério<<strong>br</strong> />

para ele e, quando ele chega à velhice, está convencido de que<<strong>br</strong> />

não tem mais na<strong>da</strong> por que viver. Um velho não esgotou o mundo.<<strong>br</strong> />

Só esgotou o que as pessoas fazem. Mas, em sua estúpi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

confusão, acredita que o mundo não tem mais mistérios para ele.<<strong>br</strong> />

Que preço triste para pagar por nossos escudos!<<strong>br</strong> />

Um guerreiro sabe dessa confusão e aprende a tratar as coisas<<strong>br</strong> />

direito. As coisas que as pessoas fazem não podem, de jeito nenhum,<<strong>br</strong> />

ser mais importantes do que o mundo. E assim o guerreiro<<strong>br</strong> />

trata o mundo <strong>com</strong>o um mistério infindável e o que as pessoas<<strong>br</strong> />

fazem <strong>com</strong>o uma imensa loucura. 2:204<<strong>br</strong> />

Os novos videntes pretendem ser livres. E a liber<strong>da</strong>de tem as implicações<<strong>br</strong> />

mais devastadoras. Entre elas, está a implicação de que<<strong>br</strong> />

os guerreiros devem procurar delibera<strong>da</strong>mente a mu<strong>da</strong>nça. 7:115<<strong>br</strong> />

9.6 ENCONTRO COM O ALIADO<<strong>br</strong> />

O aliado virá ter <strong>com</strong> você, não importa o que sinta. Quero dizer,<<strong>br</strong> />

você não precisa fazer na<strong>da</strong> para atrai-lo. Pode estar sentado, remexendo<<strong>br</strong> />

os dedos, ou pensando nas mulheres e, de repente, um<<strong>br</strong> />

tapa no om<strong>br</strong>o, você se vira e o aliado está ali a seu lado. O que<<strong>br</strong> />

pode um guerreiro fazer? 2:231<<strong>br</strong> />

O medo é uma coisa que a gente nunca consegue vencer [totalmente].<<strong>br</strong> />

Quando um guerreiro é apanhado numa situação muito difícil,<<strong>br</strong> />

simplesmente dá as costas ao aliado, sem pensar duas vezes.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro não pode ter caprichos, e assim não pode morrer<<strong>br</strong> />

175


de susto. Um guerreiro só permite que o aliado venha quando<<strong>br</strong> />

está bem preparado. Quando está suficientemente forte para lutar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o aliado, a<strong>br</strong>e sua <strong>br</strong>echa e avança, agarra o aliado, mantém-no<<strong>br</strong> />

imóvel e conserva o olhar nele pelo tempo exato; depois,<<strong>br</strong> />

desvia o olhar, solta o aliado e o deixa partir. Um guerreiro, meu<<strong>br</strong> />

amiguinho, é o senhor em to<strong>da</strong>s as decisões. 2:232<<strong>br</strong> />

Só pode so<strong>br</strong>eviver no mundo de um feiticeiro, se for um guerreiro.<<strong>br</strong> />

Este trata tudo <strong>com</strong> respeito e não espezinha na<strong>da</strong>, a não ser que<<strong>br</strong> />

seja o<strong>br</strong>igado. Um guerreiro não se entrega a na<strong>da</strong>, nem mesmo<<strong>br</strong> />

à sua morte. Um guerreiro não é um parceiro dócil; um guerreiro<<strong>br</strong> />

não está disponível, e se ele se envolve <strong>com</strong> alguma coisa, pode<<strong>br</strong> />

ter certeza de que sabe o que está fazendo. 2:169<<strong>br</strong> />

9.7 A IDÉIA DA MORTE<<strong>br</strong> />

A vi<strong>da</strong> para um guerreiro é um exercício de estratégia. Mas você quer<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>ir o significado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Um guerreiro não se importa <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

significados. 2:170<<strong>br</strong> />

Só o que posso lhe dizer é que um guerreiro nunca está disponível;<<strong>br</strong> />

nunca fica esperando na estra<strong>da</strong>, aguar<strong>da</strong>ndo para ser massacrado.<<strong>br</strong> />

Assim, ele reduz ao mínimo suas probali<strong>da</strong>des de imprevisto.<<strong>br</strong> />

O que você chama de acidentes são, na maioria <strong>da</strong>s vezes, muito<<strong>br</strong> />

fáceis de se evitar, a não ser no caso de tolos que vivem de qualquer<<strong>br</strong> />

maneira. 2:171<<strong>br</strong> />

O que nos torna infelizes é desejar. E, no entanto, se aprendermos a<<strong>br</strong> />

reduzir nossos desejos a zero, a menor coisa que recebermos será<<strong>br</strong> />

um presente ver<strong>da</strong>deiro. 2:135<<strong>br</strong> />

Ser po<strong>br</strong>e ou necessitado é apenas uma idéia; assim também é o<<strong>br</strong> />

ódio, ou a fome, ou a dor. O poder de fazer isso é só o que temos,<<strong>br</strong> />

preste bem atenção, para opor às forças de nossas vi<strong>da</strong>s; sem<<strong>br</strong> />

esse poder somos lixo, poeira no vento. 2:135<<strong>br</strong> />

Cabe a nós, <strong>com</strong>o indivíduos isolados, opor-nos às forças de nossas<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>s. Já lhe disse isso algumas vezes: só o guerreiro pode so<strong>br</strong>eviver.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro sabe que está esperando e o que está esperando;<<strong>br</strong> />

e, enquanto espera, não precisa de na<strong>da</strong>, e assim qualquer<<strong>br</strong> />

coisinha que ele receba é mais do que pode tomar. Se ele<<strong>br</strong> />

precisa <strong>com</strong>er, dá um jeito, pois não tem fome; se alguma coisa<<strong>br</strong> />

lhe machuca o corpo, ele dá um jeito de parar aquilo, pois não<<strong>br</strong> />

sente dor. Ter fome ou sentir dor significam que o homem se largou<<strong>br</strong> />

e não é mais um guerreiro; e as forças de sua fome e de sua<<strong>br</strong> />

dor o destruirão. 2:135<<strong>br</strong> />

Um guerreiro pensa em sua morte quando as coisas se turvam. Porque<<strong>br</strong> />

a idéia <strong>da</strong> morte é a única coisa que modera nossos espíritos.<<strong>br</strong> />

2:49<<strong>br</strong> />

176


O desprendimento [do guerreiro] não quer dizer automaticamente sabedoria,<<strong>br</strong> />

mas é uma vantagem, pois permite-lhe parar momentaneamente para reavaliar situações,<<strong>br</strong> />

reconsiderar posições. Para usar esse momento extra <strong>com</strong> consciência e correção,<<strong>br</strong> />

entretanto, é necessário que um guerreiro lute sem cessar durante to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. 6:94<<strong>br</strong> />

Um guerreiro nunca fica assediado. Ficar assediado implica que se tenha posses<<strong>br</strong> />

pessoais que possam ser bloquea<strong>da</strong>s. Um guerreiro não tem na<strong>da</strong> no mundo a não ser sua<<strong>br</strong> />

impecabili<strong>da</strong>de, e a impecabili<strong>da</strong>de não pode ser ameaça<strong>da</strong>. Entretanto, numa batalha pela<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>, um guerreiro deve usar estrategicamente todos os meios disponíveis. 6:174<<strong>br</strong> />

Um guerreiro é apenas um homem. Um homem humilde. Ele não pode<<strong>br</strong> />

modificar os desígnios de sua morte. Mas seu espírito impecável,<<strong>br</strong> />

que armazenou o poder depois de privações tremen<strong>da</strong>s, certamente<<strong>br</strong> />

pode deter sua morte por um momento, um momento suficientemente<<strong>br</strong> />

longo para deixá-lo regozijar-se pela última vez ao<<strong>br</strong> />

recor<strong>da</strong>r seu poder. Podemos dizer que é um gesto que a morte<<strong>br</strong> />

tem para <strong>com</strong> aqueles que possuem um espírito impecável. 3:150<<strong>br</strong> />

Um dos atos de um guerreiro é nunca deixar que coisa alguma o afete.<<strong>br</strong> />

Assim, um guerreiro pode estar vendo o próprio diabo, mas<<strong>br</strong> />

não permite que ninguém o saiba. O controle do guerreiro tem de<<strong>br</strong> />

ser impecável. 4:129<<strong>br</strong> />

9.8 OS PEQUENOS TIRANOS<<strong>br</strong> />

Um pequeno tirano é um atormentador. Alguém que ou mantém poder<<strong>br</strong> />

de vi<strong>da</strong> e morte so<strong>br</strong>e guerreiros ou simplesmente os perturba,<<strong>br</strong> />

levando-os à distração. 7:28<<strong>br</strong> />

Os novos videntes desenvolveram sua própria classificação de pequenos tiranos;<<strong>br</strong> />

embora o conceito seja uma de suas descobertas mais sérias e importantes, os<<strong>br</strong> />

novos videntes têm senso de humor a esse respeito. Há uma isca de malícia, em ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

uma de suas classificações, pois o humor é o único meio de fazer frente à <strong>com</strong>pulsão<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> consciência humana de elaborar listas e classificações incômo<strong>da</strong>s. 7:28<<strong>br</strong> />

Os novos videntes, de acordo <strong>com</strong> sua prática, acharam oportuno encabeçar<<strong>br</strong> />

sua classificação <strong>com</strong> a fonte primária de energia, o único e absoluto governante do<<strong>br</strong> />

universo, e chamaram-no de tirano. O restante dos déspotas e autoritários foi considerado,<<strong>br</strong> />

naturalmente, infinitamente abaixo <strong>da</strong> categoria de tirano. Comparados à fonte<<strong>br</strong> />

de tudo, os homens mais assustadores e tirânicos são bufões; em conseqüência<<strong>br</strong> />

disso, foram classificados de pequenos tiranos. 7:28<<strong>br</strong> />

Há duas subclasses de tiranos inferiores. A primeira subclasse reune os pequenos<<strong>br</strong> />

tiranos que perseguem e infligem miséria, mas sem chegar a causar a morte de<<strong>br</strong> />

177


ninguém. Esses são chamados de pequenos tiraninhos. A segun<strong>da</strong> consiste dos pequenos<<strong>br</strong> />

tiranos que são apenas desesperantes e aborrecidos ao extremo. Estes são<<strong>br</strong> />

chamados de minúsculos tiraninhos, ou minúsculos pequenos tiraninhos. 7:28<<strong>br</strong> />

Os pequenos tiraninhos são ain<strong>da</strong> divididos em quatro categorias. Uma que<<strong>br</strong> />

atormenta <strong>com</strong> <strong>br</strong>utali<strong>da</strong>de e violência. Outra que o faz criando uma ansie<strong>da</strong>de intolerável<<strong>br</strong> />

através <strong>da</strong> desonesti<strong>da</strong>de. Outra que oprime <strong>com</strong> a tristeza. E a última, que<<strong>br</strong> />

atormenta fazendo os guerreiros se enraivecerem. 7:29<<strong>br</strong> />

Você ain<strong>da</strong> não reuniu todos os ingredientes <strong>da</strong> estratégia dos novos<<strong>br</strong> />

videntes. Quando o fizer, irá saber <strong>com</strong>o é eficiente e engenhoso<<strong>br</strong> />

o artifício de usar um pequeno tirano. Eu certamente diria que a<<strong>br</strong> />

estratégia não apenas elimina a vai<strong>da</strong>de, <strong>com</strong>o também prepara<<strong>br</strong> />

os guerreiros para a <strong>com</strong>preensão final de que a impecabili<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

é a única coisa que conta no caminho do conhecimento. 7:29<<strong>br</strong> />

A idéia de usar um pequeno tirano não serve apenas para aperfeiçoar<<strong>br</strong> />

o espírito do guerreiro, mas também para diversão e felici<strong>da</strong>de. 7:35<<strong>br</strong> />

9.8.1 INTERAÇÃO DOS ATRIBUTOS DO GUERREIRO<<strong>br</strong> />

[Os antigos videntes] provaram que mesmo os piores tiranos podem trazer<<strong>br</strong> />

encanto, naturalmente desde que a pessoa seja um guerreiro. 7:35<<strong>br</strong> />

Os novos videntes conceberam uma mano<strong>br</strong>a mortal, na qual o pequeno tirano<<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>o um pico montanhoso e os atributos do guerreiro são <strong>com</strong>o alpinistas que se<<strong>br</strong> />

encontram no topo. 7:29<<strong>br</strong> />

Normalmente, apenas quatro atributos são usados. O quinto, a vontade,<<strong>br</strong> />

é sempre reservado para uma confrontação extrema, quando<<strong>br</strong> />

os guerreiros estão diante do esquadrão de fuzilamento, por<<strong>br</strong> />

assim dizer.<<strong>br</strong> />

[Isso é feito desse modo] porque a vontade pertence a outra esfera,<<strong>br</strong> />

o desconhecido. Os outros quatro pertencem ao conhecido,<<strong>br</strong> />

exatamente onde estão alojados os pequenos tiranos. Na ver<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

o que transforma os seres humanos em pequenos tiranos é<<strong>br</strong> />

precisamente a manipulação obsessiva do conhecido. 7:29<<strong>br</strong> />

A interação de todos os cinco atributos do guerreiro é feita apenas por videntes,<<strong>br</strong> />

que são também guerreiros impecáveis e têm domínio <strong>da</strong> vontade. Esta interação é uma<<strong>br</strong> />

mano<strong>br</strong>a suprema, que não pode ser executa<strong>da</strong> no estágio cotidiano dos homens. 7:29<<strong>br</strong> />

Quatro atributos são tudo o que é necessário para li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> os piores<<strong>br</strong> />

dos pequenos tiranos. Desde que, naturalmente, um pequeno<<strong>br</strong> />

tirano tenha sido encontrado. Como eu disse, o pequeno tirano é<<strong>br</strong> />

178


o elemento externo, aquele que não podemos controlar, o que é<<strong>br</strong> />

talvez o mais importante de todos eles. O guerreiro que tropeça<<strong>br</strong> />

num pequeno tirano é um guerreiro afortunado. [Isso quer dizer]<<strong>br</strong> />

que você será afortunado se topar <strong>com</strong> um em seu caminho, porque,<<strong>br</strong> />

caso contrário, terá de sair a procurar por um. 7:30<<strong>br</strong> />

9.8.2 EXERCÍCIO DE ESTRATÉGIA<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s maiores realizações dos videntes é um conceito de progressão de<<strong>br</strong> />

três fases. Compreendendo a natureza do homem, eles foram capazes de chegar à<<strong>br</strong> />

incontestável conclusão de que, se os videntes conseguem manter-se inteiros ao defrontar-se<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> pequenos tiranos, podem certamente encarar o desconhecido <strong>com</strong> impuni<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

e então podem suportar até mesmo a presença do incognoscível. 7:30<<strong>br</strong> />

A reação do homem médio é pensar que a ordem dessa afirmação<<strong>br</strong> />

deveria ser inverti<strong>da</strong>. O vidente que pode permanecer inteiro em<<strong>br</strong> />

face do desconhecido pode certamente encarar pequenos tiranos.<<strong>br</strong> />

Mas não é assim. O que destruiu videntes soberbos dos tempos<<strong>br</strong> />

antigos foi essa presunção. Agora, já sabemos. Sabemos que<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong> pode temperar tanto o espírito de um guerreiro quanto o<<strong>br</strong> />

desafio de li<strong>da</strong>r <strong>com</strong> pessoas intoleráveis em posições de poder.<<strong>br</strong> />

Apenas sob essas condições podem os guerreiros adquirir so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

e sereni<strong>da</strong>de para suportar a pressão do incognoscível. 7:30<<strong>br</strong> />

O ingrediente perfeito para forjar um vidente soberbo é um pequeno<<strong>br</strong> />

tirano <strong>com</strong> privilégios ilimitados. 7:31<<strong>br</strong> />

O engano que os homens <strong>com</strong>uns <strong>com</strong>etem ao se defrontarem <strong>com</strong> pequenos<<strong>br</strong> />

tiranos é não possuírem uma estratégia que os apóie; a falha fatal é que os homens<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uns levam-se por demais a sério; suas ações e sentimentos, assim <strong>com</strong>o as ações<<strong>br</strong> />

e sentimentos dos pequenos tiranos, são de suma importância. Os guerreiros, por<<strong>br</strong> />

outro lado, não apenas têm uma estratégia bem elabora<strong>da</strong>, <strong>com</strong>o estão livres <strong>da</strong> vai<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

O que restringe sua vai<strong>da</strong>de é que eles <strong>com</strong>preenderam que a reali<strong>da</strong>de é uma<<strong>br</strong> />

interpretação que fazemos. Esse conhecimento é a vantagem definitiva que os videntes<<strong>br</strong> />

têm so<strong>br</strong>e os simplórios. 7:35<<strong>br</strong> />

Os pequenos tiranos levam-se mortalmente a sério, ao contrário dos guerreiros. 7:35<<strong>br</strong> />

O que nos exaure em uma situação [<strong>com</strong> um pequeno tirano] é o desgaste<<strong>br</strong> />

em nossa vai<strong>da</strong>de. Qualquer homem que tenha um pingo de<<strong>br</strong> />

orgulho dilacera-se quando o fazem sentir-se desvalorizado. 7:36<<strong>br</strong> />

Dominar o espírito quando alguém está pisando em você chama-se<<strong>br</strong> />

controle. 7:36<<strong>br</strong> />

179


A estratégia requer que, em vez de sentir pena de si mesmo, [o guerreiro deve<<strong>br</strong> />

anotar] os pontos fortes do [pequeno tirano], suas fraquezas, as características de<<strong>br</strong> />

seu <strong>com</strong>portamento. 7:36<<strong>br</strong> />

Juntar to<strong>da</strong> essa informação, enquanto estão batendo em você, chama-se<<strong>br</strong> />

disciplina. Segundo os novos videntes, um pequeno tirano<<strong>br</strong> />

perfeito não tem qualquer aspecto positivo. 7:37<<strong>br</strong> />

Os outros atributos do guerreiro, paciência e sentido de oportuni<strong>da</strong>de, [devem]<<strong>br</strong> />

estar incluídos na estratégia. Paciência é esperar calmamente – sem pressa, sem<<strong>br</strong> />

ansie<strong>da</strong>de. Trata-se de um simples e alegre adiamento do que é devido. 7:37<<strong>br</strong> />

Paciência significa reter <strong>com</strong> o espírito algo que o guerreiro sabe que,<<strong>br</strong> />

por justiça, deve fazer. Isto não significa que um guerreiro saia<<strong>br</strong> />

por aí planejando causar prejuízos a alguém ou acertar contas<<strong>br</strong> />

passa<strong>da</strong>s. A paciência é algo independente. Desde que o guerreiro<<strong>br</strong> />

tenha controle, disciplina e sentido de oportuni<strong>da</strong>de, a paciência<<strong>br</strong> />

assegura <strong>da</strong>r o que se deve a quem quer que o mereça. 7:39<<strong>br</strong> />

O sentido de oportuni<strong>da</strong>de é a quali<strong>da</strong>de que governa a liberação de tudo o<<strong>br</strong> />

que está contido. Controle, disciplina e paciência são <strong>com</strong>o um dique por trás do qual<<strong>br</strong> />

tudo é represado. O sentido de oportuni<strong>da</strong>de é a abertura do dique. 7:38<<strong>br</strong> />

A estratégia re<strong>com</strong>en<strong>da</strong> que se esteja alerta para um momento [especial de<<strong>br</strong> />

confronto] e o use para virar a mesa so<strong>br</strong>e o pequeno tirano. Coisas inespera<strong>da</strong>s sempre<<strong>br</strong> />

acontecem desse modo. 7:38<<strong>br</strong> />

Os novos videntes usam pequenos tiranos não apenas para livrar-se de<<strong>br</strong> />

sua vai<strong>da</strong>de, mas também para realizar a mano<strong>br</strong>a muito sofistica<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de se deslocar para fora deste mundo. Você irá entender essa mano<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

[se voltar ao conhecimento do domínio <strong>da</strong> consciência]. 7:39<<strong>br</strong> />

Ser derrotado por um minúsculo pequeno tiraninho não é mortal,<<strong>br</strong> />

mas devastador. O grau de mortali<strong>da</strong>de, no sentido figurado, é<<strong>br</strong> />

quase tão alto. Quero dizer <strong>com</strong> isso que os guerreiros que sucumbem<<strong>br</strong> />

a um minúsculo pequeno tiraninho são eliminados pelo<<strong>br</strong> />

próprio senso de fracasso e inutili<strong>da</strong>de. Isto para mim significa<<strong>br</strong> />

alta mortali<strong>da</strong>de. 7:40<<strong>br</strong> />

Todos os que se juntam ao pequeno tirano são derrotados. Agir <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

raiva, sem controle e disciplina, não ter paciência, é ser derrotado. 7:40<<strong>br</strong> />

[Depois que os guerreiros são derrotados] eles ou se reagrupam ou<<strong>br</strong> />

abandonam a busca de conhecimento e juntam-se às fileiras dos<<strong>br</strong> />

pequenos tiranos por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. 7:29<<strong>br</strong> />

Mu<strong>da</strong>r o ponto de aglutinação é a razão pela qual os novos videntes atribuem<<strong>br</strong> />

um valor tão alto à interação <strong>com</strong> os pequenos tiranos. Os pequenos tiranos forçam os<<strong>br</strong> />

180


videntes a usar os princípios <strong>da</strong> espreita e, ao fazê-lo, aju<strong>da</strong>m-nos a deslocar seus<<strong>br</strong> />

pontos de aglutinação. 7:164<<strong>br</strong> />

9.8.3 UM ADVERSÁRIO VALOROSO<<strong>br</strong> />

Quando um guerreiro encontra seu adversário e este não é um ser<<strong>br</strong> />

humano <strong>com</strong>um, ele tem de tomar posição. É essa a única coisa<<strong>br</strong> />

que o torna invulnerável. 3:210<<strong>br</strong> />

No momento em que a pessoa <strong>com</strong>eça a viver <strong>com</strong>o guerreiro, deixa de<<strong>br</strong> />

ser <strong>com</strong>um. Além disso, um adversário valoroso pode empurrá-lo<<strong>br</strong> />

para a frente; sob a influência de um adversário [de valor], você terá<<strong>br</strong> />

de utilizar tudo o que lhe ensinei. Não tem outra alternativa. 3:210<<strong>br</strong> />

O importante, <strong>da</strong>qui por diante, é a estratégia de sua vi<strong>da</strong>. 3:211<<strong>br</strong> />

Pode ir a qualquer lugar que queira, mas, se for, tem de assumir plena<<strong>br</strong> />

responsabili<strong>da</strong>de por esse ato. Um guerreiro vive sua vi<strong>da</strong> estrategicamente.<<strong>br</strong> />

Ele só iria [a algum lugar] se sua estratégia o exigisse.<<strong>br</strong> />

Isso significa, é claro, que ele estaria num controle total e<<strong>br</strong> />

praticaria todos os atos que achasse necessários. 3:211<<strong>br</strong> />

Quando tem de agir <strong>com</strong> seus semelhantes, um guerreiro segue o<<strong>br</strong> />

fazer <strong>da</strong> estratégia, e nesse fazer não há vitórias nem derrotas.<<strong>br</strong> />

Nesse fazer só existem atos. 3:211<<strong>br</strong> />

9.9 O CONSTRANGIMENTO DO TONAL<<strong>br</strong> />

Um guerreiro nunca deixa a ilha do tonal. Ele a utiliza.<<strong>br</strong> />

Este é o seu mundo. Não pode renunciar a ele. Não adianta ficar<<strong>br</strong> />

zangado e desapontado consigo mesmo. Isso só prova que nosso<<strong>br</strong> />

tonal está empenhado numa luta interna; uma luta dentro do<<strong>br</strong> />

tonal <strong>da</strong> gente é uma <strong>da</strong>s conten<strong>da</strong>s mais inúteis que posso imaginar.<<strong>br</strong> />

A vi<strong>da</strong> aperta<strong>da</strong> de um guerreiro destina-se a terminar essa<<strong>br</strong> />

luta. Desde o princípio eu lhe ensinei <strong>com</strong>o evitar o desgaste.<<strong>br</strong> />

Agora, não há mais uma guerra dentro de você, não <strong>com</strong>o antes,<<strong>br</strong> />

porque o caminho do guerreiro é a harmonia entre os atos e as<<strong>br</strong> />

decisões, primeiro, e depois a harmonia entre o tonal e o nagual.<<strong>br</strong> />

Durante todo o tempo [venho falando] tanto a seu tonal <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

seu nagual. É assim que a instrução deve ser conduzi<strong>da</strong>. No princípio<<strong>br</strong> />

a gente tem de falar <strong>com</strong> o tonal. É o tonal que tem de largar<<strong>br</strong> />

o controle. Mas isso deve ser feito de boa vontade. Em outras<<strong>br</strong> />

palavras, o tonal é o<strong>br</strong>igado a ceder coisas desnecessárias, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

a auto-importância e o entregar-se, que só levam ao tédio. O problema<<strong>br</strong> />

todo é que o tonal se agarra a tais coisas, quando devia<<strong>br</strong> />

ficar feliz por se ver livre de besteiras. O trabalho então é convencer<<strong>br</strong> />

o tonal a tornar-se fluido e livre. É disso que o feiticeiro preci-<<strong>br</strong> />

181


sa, acima de tudo, um tonal forte e livre. Quanto mais forte ele<<strong>br</strong> />

fica, menos se agarra a seus feitos, e mais fácil se torna reduzi-lo.<<strong>br</strong> />

O tonal se encolhe, em <strong>da</strong>dos momentos, especialmente quando<<strong>br</strong> />

fica constrangido. De fato, uma <strong>da</strong>s características do tonal é a<<strong>br</strong> />

timidez. Há certos casos em que o tonal é tomado de surpresa, e<<strong>br</strong> />

sua timidez inevitavelmente o faz encolher-se. 4:140-141<<strong>br</strong> />

Um ser imortal tem todo o tempo do mundo para dúvi<strong>da</strong>s e confusão<<strong>br</strong> />

e medos. Um guerreiro, por outro lado, não se pode agarrar aos<<strong>br</strong> />

significados obtidos sob a ordem do tonal, pois ele sabe que a<<strong>br</strong> />

totali<strong>da</strong>de dele só tem pouco tempo neste terra. 4:174<<strong>br</strong> />

9.9.1 A HORA DE PODER<<strong>br</strong> />

Para um tonal conveniente, tudo na ilha do tonal é um desafio. Outro<<strong>br</strong> />

meio de dizer isso é que para um guerreiro, tudo nesse mundo é<<strong>br</strong> />

um desafio. O maior desafio de todos, naturalmente, é sua pretensão<<strong>br</strong> />

ao poder. Mas o poder vem do nagual e quando um guerreiro<<strong>br</strong> />

se encontra [em seu augúrio], isso significa que a hora do<<strong>br</strong> />

nagual se aproxima, a hora de poder do guerreiro. 4:131<<strong>br</strong> />

9.10 O CONHECIMENTO ASSUSTADOR<<strong>br</strong> />

Não fique nervoso. Na<strong>da</strong> há nesse mundo que um guerreiro não possa<<strong>br</strong> />

enfrentar. Enten<strong>da</strong>: um guerreiro já se considera morto, de<<strong>br</strong> />

modo que na<strong>da</strong> tem a perder. O pior já lhe aconteceu, e portanto<<strong>br</strong> />

ele está lúcido e calmo; a julgar por seus atos ou suas palavras,<<strong>br</strong> />

nunca se suspeitaria de que ele tenha presenciado tudo. 4:32<<strong>br</strong> />

Lá fora está o conhecimento. O conhecimento é assustador, é ver<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

mas, se um guerreiro aceita a natureza assustadora do conhecimento,<<strong>br</strong> />

cancela o pavor que ele possa inspirar. 4:32<<strong>br</strong> />

O conhecimento é uma coisa muito curiosa. Especialmente para um<<strong>br</strong> />

guerreiro. O conhecimento para um guerreiro é uma coisa que<<strong>br</strong> />

vem de repente, envolvendo-o, e que continua adiante. 4:33<<strong>br</strong> />

Fique assustado sem ficar aterrorizado. 7:109<<strong>br</strong> />

Quando o medo desaparece, todos os laços que nos atam dissolvem-se.<<strong>br</strong> />

7:232<<strong>br</strong> />

O medo deixa de existir assim que o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência se move<<strong>br</strong> />

além de certo um<strong>br</strong>al, dentro do casulo humano. 7:109<<strong>br</strong> />

9.11 EM HARMONIA COM O MUNDO<<strong>br</strong> />

Seja <strong>com</strong>o for, os guerreiros estão no mundo a fim de se treinarem para<<strong>br</strong> />

ser testemunhas imparciais; assim <strong>com</strong>preenderão o mistério de nós<<strong>br</strong> />

182


mesmos e desfrutarão a alegria de desco<strong>br</strong>ir o que realmente somos.<<strong>br</strong> />

Esta é a mais eleva<strong>da</strong> <strong>da</strong>s metas dos novos videntes. 7:145<<strong>br</strong> />

Uma regra básica de um guerreiro é que ele toma suas decisões <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

tanto cui<strong>da</strong>do que na<strong>da</strong> que possa acontecer em conseqüência<<strong>br</strong> />

delas pode surpreendê-lo, e muito menos esgotar seu poder. Ser<<strong>br</strong> />

um guerreiro significa ser humilde e alerta. 4:139<<strong>br</strong> />

Somente <strong>com</strong>o guerreiro é que podemos suportar o caminho do conhecimento.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro não pode reclamar nem lamentar na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Sua vi<strong>da</strong> é um desafio interminável, e os desafios não podem ser<<strong>br</strong> />

bons ou maus. Os desafios são simplesmente desafios. 4:98<<strong>br</strong> />

Um guerreiro deve ficar calmo e controlado e nunca perder o pulso. 4:29<<strong>br</strong> />

Como é sempre o caso nos feitos e não feitos dos guerreiros, o poder<<strong>br</strong> />

pessoal é a única coisa que importa. 4:98<<strong>br</strong> />

A diferença básica entre um homem <strong>com</strong>um e um guerreiro é que um<<strong>br</strong> />

guerreiro aceita tudo <strong>com</strong>o um desafio, enquanto que um homem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um aceita tudo ou <strong>com</strong>o uma bênção ou uma praga. O fato<<strong>br</strong> />

de que você está aqui [agora] indica que você fez pender o <strong>br</strong>aço<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> balança para o lado do guerreiro. 4:98<<strong>br</strong> />

Um guerreiro tem de ser fluido e mu<strong>da</strong>r em harmonia <strong>com</strong> o mundo que<<strong>br</strong> />

o rodeia, seja o mundo <strong>da</strong> razão ou o mundo <strong>da</strong> vontade. O aspecto<<strong>br</strong> />

mais perigoso dessa mu<strong>da</strong>nça se manifesta ca<strong>da</strong> vez que o guerreiro<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>e que o mundo não é uma coisa nem outra. Disseram-me<<strong>br</strong> />

que o único meio de vencer nessa mu<strong>da</strong>nça é proceder em seus<<strong>br</strong> />

atos <strong>com</strong>o se a gente acreditasse. Em outras palavras, o segredo de<<strong>br</strong> />

um guerreiro é que ele acredita sem acreditar. Mas, obviamente, um<<strong>br</strong> />

guerreiro não pode simplesmente dizer que acredita e deixar as coisas<<strong>br</strong> />

por isso mesmo. Isso seria fácil demais. Simplesmente acreditar<<strong>br</strong> />

o deso<strong>br</strong>igaria de examinar sua situação. Um guerreiro, sempre que<<strong>br</strong> />

tem de se envolver em acreditar, faz isso conscientemente, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

expressão de sua escolha íntima. Um guerreiro não acredita, simplesmente:<<strong>br</strong> />

um guerreiro tem de acreditar. 4:99<<strong>br</strong> />

Acreditar é fácil. Ter de acreditar é outra coisa. Se você tem de acreditar,<<strong>br</strong> />

tem de utilizar o fato todo. Significa que você também tem<<strong>br</strong> />

de explicar o outro [lado]; que você tem de considerar tudo. 4:102<<strong>br</strong> />

Ter de acreditar que o mundo é misterioso e insondável é a expressão <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

preferência íntima do guerreiro. Sem isso ele na<strong>da</strong> tem. 4:1060,<<strong>br</strong> />

9.12 CENTÍMETRO CÚBICO DE OPORTUNIDADE<<strong>br</strong> />

Há uma coisa que você já deve conhecer, a essa altura. Eu a chamo<<strong>br</strong> />

de centímetro cúbico de oportuni<strong>da</strong>de. Todos nós, sejamos guerreiros<<strong>br</strong> />

ou não, temos um centímetro cúbico de oportuni<strong>da</strong>de, que<<strong>br</strong> />

183


aparece diante de nossos olhos de vez em quando. A diferença<<strong>br</strong> />

entre um homem <strong>com</strong>um e um guerreiro é que o guerreiro sabe<<strong>br</strong> />

disso e uma de suas tarefas é estar alerta, esperando proposita<strong>da</strong>mente,<<strong>br</strong> />

de modo que, quando seu centímetro cúbico aparece,<<strong>br</strong> />

ele tem a veloci<strong>da</strong>de necessária e a habili<strong>da</strong>de de apanhá-lo.<<strong>br</strong> />

Oportuni<strong>da</strong>de, boa sorte, poder pessoal, ou <strong>com</strong>o quiser chamá-lo,<<strong>br</strong> />

é um estado de coisas especial. É <strong>com</strong>o um pauzinho pequenino<<strong>br</strong> />

que aparece na nossa frente e nos convi<strong>da</strong> a pegá-lo. Geralmente,<<strong>br</strong> />

estamos por demais ocupados, ou preocupados, ou apenas muito<<strong>br</strong> />

burros e preguiçosos para <strong>com</strong>preender que aquele é o nosso centímetro<<strong>br</strong> />

cúbico de sorte. Um guerreiro, ao contrário, está sempre alerta<<strong>br</strong> />

e ajustado, e tem o impulso, a fi<strong>br</strong>a necessária para pegá-lo. 3:219<<strong>br</strong> />

9.13 A MARCA DE UM GUERREIRO<<strong>br</strong> />

A mente para um vidente, não é na<strong>da</strong> mais que o reflexo do inventário<<strong>br</strong> />

do homem. Se você perde esse reflexo, mas não perde seus<<strong>br</strong> />

alicerces, vive realmente uma vi<strong>da</strong> infinitamente mais forte do que<<strong>br</strong> />

se o conservasse. 7:121<<strong>br</strong> />

Os guerreiros são incapazes de sentir <strong>com</strong>paixão porque não mais<<strong>br</strong> />

sentem pena de si mesmos. Sem a força propulsora <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

autopie<strong>da</strong>de, a <strong>com</strong>paixão não tem significado. 8:49<<strong>br</strong> />

Para um guerreiro tudo <strong>com</strong>eça e termina consigo mesmo. Entretanto<<strong>br</strong> />

o seu contato <strong>com</strong> o abstrato faz <strong>com</strong> que supere seu sentimento<<strong>br</strong> />

de auto-importância. Então o eu torna-se abstrato e impessoal.<<strong>br</strong> />

8:50<<strong>br</strong> />

Um guerreiro está em guar<strong>da</strong> permanente contra a aspereza do <strong>com</strong>portamento<<strong>br</strong> />

humano. Um guerreiro é mágico e implacável, um dissidente <strong>com</strong> o gosto e as<<strong>br</strong> />

maneiras mais refinados, cuja tarefa mun<strong>da</strong>na é falar, mas <strong>com</strong> disfarce, de suas bor<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

cortantes, de modo que ninguém seja capaz de suspeitar de sua implacabili<strong>da</strong>de. 8:113<<strong>br</strong> />

Quanto mais sofisticado o guerreiro, maior sua fineza e elaboração<<strong>br</strong> />

de seus choques [ou impactos]. 8:91<<strong>br</strong> />

A idéia de a pessoa se tornar acessível ao poder tem sérios reflexos. O poder é<<strong>br</strong> />

uma força devastadora, que pode facilmente conduzir as pessoa à sua morte e tem de<<strong>br</strong> />

ser tratado <strong>com</strong> muito cui<strong>da</strong>do. Ser acessível ao poder é coisa que tem de ser feita<<strong>br</strong> />

sistematicamente, mas sempre <strong>com</strong> muito cui<strong>da</strong>do. 3:108<<strong>br</strong> />

Implica em tornar a presença <strong>da</strong> pessoa evidente por uma demonstração controla<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de conversas altas ou qualquer outro tipo de ativi<strong>da</strong>de ruidosa, e depois é<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igatório observar um silêncio prolongado e total. Um rompante controlado e uma<<strong>br</strong> />

quietude controla<strong>da</strong> são a marca de um guerreiro. Em direção ao desconhecido.<<strong>br</strong> />

184


A guerra, para um guerreiro, não significa atos de estupidez individual<<strong>br</strong> />

ou coletiva ou de violência sangrenta. A guerra, para um guerreiro,<<strong>br</strong> />

é a luta total contra aquele eu individual que privou o homem<<strong>br</strong> />

de seu poder. 8:151<<strong>br</strong> />

Há duas opções abertas aos guerreiros cujo ponto de aglutinação se desloca.<<strong>br</strong> />

Uma é considerar que estão doentes e proceder de maneira incongruente, reagindo<<strong>br</strong> />

emocionalmente aos mundos estranhos que suas mu<strong>da</strong>nças forçam-nos a testemunhar;<<strong>br</strong> />

a outra é permanecer impassíveis, intocados, sabendo que o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

sempre volta à sua posição original. 7:120<<strong>br</strong> />

[Se o ponto de aglutinação não retornar] essas pessoas estão perdi<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Ou ficam incuravelmente loucas, porque seus pontos de<<strong>br</strong> />

aglutinação jamais poderiam aglutinar o mundo <strong>com</strong>o o conhecemos,<<strong>br</strong> />

ou se tornam videntes impecáveis que <strong>com</strong>eçaram seu movimento<<strong>br</strong> />

em direção ao desconhecido. 7:121<<strong>br</strong> />

[O que determina um caso ou outro é] energia! Impecabili<strong>da</strong>de. Guerreiros<<strong>br</strong> />

impecáveis não perdem a linha. Permanecem intocáveis.<<strong>br</strong> />

Os guerreiros impecáveis podem ver mundos aterrorizantes e,<<strong>br</strong> />

entretanto, no momento seguinte contar uma pia<strong>da</strong>, rindo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

amigos ou estranhos. 7:121<<strong>br</strong> />

O toque dos guerreiros é muito suave, apesar de ser cultivado. A<<strong>br</strong> />

mão de um guerreiro <strong>com</strong>eça <strong>com</strong>o uma mão de ferro pesa<strong>da</strong>, e<<strong>br</strong> />

aperta<strong>da</strong>, mas se torna <strong>com</strong>o a mão de um fantasma, uma mão de<<strong>br</strong> />

teia de aranha. Os guerreiros não deixam marcas nem pistas. Esse<<strong>br</strong> />

é o desafio dos guerreiros. 12:183<<strong>br</strong> />

9.14 A HUMILDADE DO GUERREIRO<<strong>br</strong> />

O curso do destino de um guerreiro é inalterável. O desafio é quão<<strong>br</strong> />

longe ele pode ir dentro desses limites rígidos, o quão impecável<<strong>br</strong> />

ele pode ser dentro desses limites rígidos. Se há obstáculos no<<strong>br</strong> />

seu caminho, o guerreiro luta impecavelmente para ultrapassálos.<<strong>br</strong> />

Se acha dificul<strong>da</strong>des e dores insuportáveis no seu caminho<<strong>br</strong> />

ele chora, mas to<strong>da</strong>s as suas lágrimas juntas não movem a linha<<strong>br</strong> />

do destino nem um milímetro. 6:90<<strong>br</strong> />

Um guerreiro aceita seu destino, seja qual for, e o aceita na mais total<<strong>br</strong> />

humil<strong>da</strong>de. Aceita <strong>com</strong> humil<strong>da</strong>de aquilo que ele é, não <strong>com</strong>o fonte<<strong>br</strong> />

de pesar, mas <strong>com</strong>o um desafio vivo. É preciso tempo para ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

um de nós <strong>com</strong>preender esse ponto e vivê-lo plenamente. Hoje<<strong>br</strong> />

sei que a humil<strong>da</strong>de de um guerreiro não é a humil<strong>da</strong>de de um<<strong>br</strong> />

mendigo. O guerreiro não curva a cabeça para ninguém, mas ao<<strong>br</strong> />

mesmo tempo, não permite que pessoa alguma curve a cabeça<<strong>br</strong> />

para ele. O mendigo, ao contrário, prosta-se de joelhos por qualquer<<strong>br</strong> />

coisa e lambe as botas de quem quer que ele considere seu<<strong>br</strong> />

185


superior; mas ao mesmo tempo, exige que alguém que lhe seja<<strong>br</strong> />

inferior lhe lamba as botas. 4:25<<strong>br</strong> />

A autoconfiança do guerreiro não é a mesma que a do homem <strong>com</strong>um.<<strong>br</strong> />

Este busca a certeza aos olhos do espectador e chama a<<strong>br</strong> />

isso autoconfiança. O guerreiro busca a impecabili<strong>da</strong>de a seus<<strong>br</strong> />

próprios olhos e chama a isso humil<strong>da</strong>de. O homem <strong>com</strong>um está<<strong>br</strong> />

agarrado a seus semelhantes, enquanto o guerreiro só se agarra<<strong>br</strong> />

a si mesmo. Talvez você esteja perseguindo uma quimera. Busca<<strong>br</strong> />

a autoconfiança do homem <strong>com</strong>um, enquanto devia estar por trás<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> humil<strong>da</strong>de do guerreiro. A diferença entre os dois é notável. A<<strong>br</strong> />

confiança em si significa saber algo <strong>com</strong> certeza; a humil<strong>da</strong>de significa<<strong>br</strong> />

ser impecável em suas ações e sentimentos. 4:14<<strong>br</strong> />

[Todos temos de agir dentro de certos limites.] O poder é que estabelece<<strong>br</strong> />

esses limites e um guerreiro é, digamos, prisioneiro do<<strong>br</strong> />

poder; um prisioneiro tem uma escolha livre: a escolha de agir<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um guerreiro impecável, ou <strong>com</strong>o um asno. Em última análise,<<strong>br</strong> />

talvez o guerreiro não seja um prisioneiro, e sim um escravo<<strong>br</strong> />

do poder, pois essa escolha não é mais uma escolha para ele.<<strong>br</strong> />

Agir <strong>com</strong>o um asno o esgotaria e provocaria sua morte. 4:173<<strong>br</strong> />

Entregar-se às suas maniazinhas é não só estupidez, mas um desperdício<<strong>br</strong> />

[de poder] e um malefício. Um guerreiro que se esgota não<<strong>br</strong> />

pode viver. O corpo não é uma coisa indestrutível. 4:73<<strong>br</strong> />

Um guerreiro <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a certeza de que seu espírito está desequili<strong>br</strong>ado;<<strong>br</strong> />

aí, vivendo num controle e consciência <strong>com</strong>pletos mas<<strong>br</strong> />

sem pressa nem <strong>com</strong>pulsão, ele faz o máximo para conseguir o<<strong>br</strong> />

equilí<strong>br</strong>io. 4:31<<strong>br</strong> />

Os guerreiros não têm vi<strong>da</strong> própria. No momento em que <strong>com</strong>preendem a<<strong>br</strong> />

natureza <strong>da</strong> conscientização, deixam de ser pessoas e a condição humana não mais<<strong>br</strong> />

lhes interessa. 6:243<<strong>br</strong> />

O que importa é o guerreiro ser impecável. Mas isso é apenas uma<<strong>br</strong> />

maneira de dizer, de falar por rodeios. Você já realizou algumas<<strong>br</strong> />

tarefas <strong>da</strong> feitiçaria e acredito que seja este o momento de mencionar<<strong>br</strong> />

a fonte de tudo o que importa. Assim, vou dizer que o importante<<strong>br</strong> />

para um guerreiro é alcançar a totali<strong>da</strong>de de seu ser. 4:13<<strong>br</strong> />

9.15 A GRANDE AVENTURA DO DESCONHECIDO<<strong>br</strong> />

Para ser um [mestre-feiticeiro] imaculado, a pessoa precisa amar a liber<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

e deve ter um desprendimento supremo. O que torna o caminho do guerreiro tão<<strong>br</strong> />

perigoso é que ele é o oposto <strong>da</strong> situação de vi<strong>da</strong> do homem moderno. O homem<<strong>br</strong> />

moderno abandonou o reino do desconhecido e do misterioso, instalando-se no reino<<strong>br</strong> />

do funcional. Voltou as costas para o mundo do proibitivo e <strong>da</strong> exultação e deu boasvin<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

ao mundo do enfado. 7:145<<strong>br</strong> />

186


Receber a oportuni<strong>da</strong>de de voltar novamente ao mistério do mundo<<strong>br</strong> />

é às vezes demais para os guerreiros, e eles sucumbem; são desviados<<strong>br</strong> />

pelo que chamei de grande aventura do desconhecido.<<strong>br</strong> />

Esquecem <strong>da</strong> busca <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de; esquecem de ser testemunhas<<strong>br</strong> />

imparciais. Afun<strong>da</strong>m-se no desconhecido e o amam. 7:145<<strong>br</strong> />

Para tornarmo-nos testemunhas imparciais, <strong>com</strong>eçamos por <strong>com</strong>preender<<strong>br</strong> />

que a fixação ou o deslocamento do ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

é tudo o que existe para nós e para o mundo que testemunhamos,<<strong>br</strong> />

seja qual for esse mundo. 7:145<<strong>br</strong> />

9.16 A ANSIEDADE MORTÍFERA<<strong>br</strong> />

Qualquer movimento do ponto de aglutinação é <strong>com</strong>o morrer. Tudo<<strong>br</strong> />

em nós fica desconectado, depois reconectado outra vez a uma<<strong>br</strong> />

fonte de poder muito maior. Essa amplificação de energia é senti<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma ansie<strong>da</strong>de mortífera. 8:150<<strong>br</strong> />

[Quando isso acontece não há na<strong>da</strong> a fazer]. Apenas espere. A explosão de<<strong>br</strong> />

energia irá passar. O perigo é você não saber o que lhe está acontecendo. Como você<<strong>br</strong> />

sabe, não há perigo real. 8:150<<strong>br</strong> />

9.17 UMA MELANCOLIA SEM RAZÃO<<strong>br</strong> />

Na vi<strong>da</strong> dos guerreiros é extremamente natural ficar triste sem razão clara. Os<<strong>br</strong> />

videntes dizem que o ovo luminoso, <strong>com</strong>o campo de energia, sente seu destino final<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s as vezes que os limites do conhecido são que<strong>br</strong>ados. Um mero vislum<strong>br</strong>e <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

eterni<strong>da</strong>de fora do casulo é suficiente para romper o aconchego de nossos inventários.<<strong>br</strong> />

A melancolia resultante é, às vezes, tão intensa que pode até provocar a morte. 7:100<<strong>br</strong> />

A melhor maneira de se livrar <strong>da</strong> melancolia é rir-se dela. A primeira atenção<<strong>br</strong> />

faz tudo para restaurar a ordem rompi<strong>da</strong> pelo contato <strong>com</strong> o [desconhecido]. Uma vez<<strong>br</strong> />

que não há maneira de restaurá-la por meios racionais, a primeira atenção focaliza<<strong>br</strong> />

todo o seu poder na tristeza. 7:100<<strong>br</strong> />

Não existe na<strong>da</strong> mais solitário do que a eterni<strong>da</strong>de. E na<strong>da</strong> é mais<<strong>br</strong> />

aconchegante para nós do que ser um ser humano. Com efeito,<<strong>br</strong> />

essa é outra contradição: <strong>com</strong>o o homem pode manter os laços<<strong>br</strong> />

de sua condição de humani<strong>da</strong>de e ain<strong>da</strong> aventurar-se alegre e<<strong>br</strong> />

voluntariamente na absoluta solidão <strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de? Quando você<<strong>br</strong> />

resolver esse enigma, estará pronto para a viagem definitiva. 7:100<<strong>br</strong> />

É ver<strong>da</strong>de que na<strong>da</strong> somos [diante <strong>da</strong> imensidão do desconhecido], mas<<strong>br</strong> />

é justamente isso que cria o desafio supremo: nós, que somos na<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

podermos realmente encarar a solidão <strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de. 7:101<<strong>br</strong> />

187


Os guerreiros preparam-se para ser conscientes, e a consciência plena<<strong>br</strong> />

só chega quando não há mais vai<strong>da</strong>de neles. Apenas quando<<strong>br</strong> />

são na<strong>da</strong> tornam-se tudo. 7:128<<strong>br</strong> />

A vai<strong>da</strong>de é a força motivadora de todos os ataques de melancolia. Os guerreiros<<strong>br</strong> />

podem ter profundos estados de tristeza, mas a tristeza está presente apenas<<strong>br</strong> />

para fazê-los rir. 7:128<<strong>br</strong> />

9.18 UMA PONTADA DA TRISTEZA UNIVERSAL<<strong>br</strong> />

Contei-lhe repeti<strong>da</strong>mente que os guerreiros são pragmáticos. Não se<<strong>br</strong> />

envolvem <strong>com</strong> sentimentalismo, nostalgia, nem melancolia. Para<<strong>br</strong> />

os guerreiros, só há luta, e é uma luta sem fim. Se você acha que<<strong>br</strong> />

[a<strong>br</strong>iu esta <strong>com</strong>pilação] para encontrar paz, ou que [ela] é um intervalo<<strong>br</strong> />

em sua vi<strong>da</strong>, está enganado. 12:162<<strong>br</strong> />

Tristeza, para os feiticeiros, não é pessoal. Não é bem tristeza. É uma<<strong>br</strong> />

on<strong>da</strong> de energia que vem <strong>da</strong>s profundezas do cosmo e atinge os<<strong>br</strong> />

feiticeiros quando eles estão receptivos, quando são <strong>com</strong>o rádios,<<strong>br</strong> />

capazes de captar suas on<strong>da</strong>s. 12:128<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros de antigamente, que nos deram o formato inteiro <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

feitiçaria, acreditavam que há tristeza no universo, <strong>com</strong>o uma força,<<strong>br</strong> />

uma condição, uma luz, <strong>com</strong>o intento, e que essa força perene<<strong>br</strong> />

age especialmente nos feiticeiros porque eles não possuem mais<<strong>br</strong> />

qualquer escudo protetor. Não podem se esconder atrás do amor,<<strong>br</strong> />

do ódio, <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> miséria. Não podem se esconder atrás<<strong>br</strong> />

de na<strong>da</strong>. 12:129<<strong>br</strong> />

A condição dos feiticeiros é que a tristeza para eles é abstrata. Não<<strong>br</strong> />

vem de cobiçar algo ou pela falta de algo, ou de auto-importância.<<strong>br</strong> />

Não vem do eu. Vem do infinito. 12:129<<strong>br</strong> />

9.19 RECLAMAÇÕES E JULGAMENTOS<<strong>br</strong> />

Os guerreiros não reclamam. Eles pegam tudo o que o infinito lhes<<strong>br</strong> />

dá <strong>com</strong>o um desafio. Um desafio é um desafio. Não é pessoal.<<strong>br</strong> />

Não pode ser tomado <strong>com</strong>o uma maldição ou uma bênção. Um<<strong>br</strong> />

guerreiro ou vence o desafio ou o desafio o destrói. É mais excitante<<strong>br</strong> />

vencer, portanto, vença! 12:256<<strong>br</strong> />

Não são as pessoas à sua volta que estão erra<strong>da</strong>s. Elas não têm culpa. A<<strong>br</strong> />

falha é sua, porque você pode fazer algo para si mesmo, mas está<<strong>br</strong> />

pronto para julgá-los, em um nível profundo de silêncio. Qualquer<<strong>br</strong> />

idiota pode julgar. Se você os julga, receberá somente a pior parte<<strong>br</strong> />

deles. Todos nós, seres humanos, somos prisioneiros, e é essa prisão<<strong>br</strong> />

que nos faz agir dessa maneira miserável. Seu desafio é aceitar<<strong>br</strong> />

as pessoas <strong>com</strong>o elas são! Deixe as pessoas em paz. 12:256<<strong>br</strong> />

188


Você sabe do que estou falando. Se você não está consciente de seu<<strong>br</strong> />

desejo de julgá-los, está pior do que eu pensava. Essa é a falha<<strong>br</strong> />

dos guerreiros-viajantes quando <strong>com</strong>eçam a prosseguir suas viagens.<<strong>br</strong> />

Tornam-se arrogantes, indisciplinados. 12:256<<strong>br</strong> />

9.20 AS MULHERES GUERREIRAS<<strong>br</strong> />

[As mulheres podem ter um tonal conveniente] e estão ain<strong>da</strong> mais<<strong>br</strong> />

bem prepara<strong>da</strong>s para o caminho do conhecimento do que os homens.<<strong>br</strong> />

Mas, também, os homens são mais elásticos. Eu diria que,<<strong>br</strong> />

em conjunto, as mulheres levam uma ligeira vantagem. 4:130<<strong>br</strong> />

[Existem duas categorias] nas quais to<strong>da</strong>s as mulheres guerreiras são necessariamente<<strong>br</strong> />

dividi<strong>da</strong>s: as sonhadoras e as espreitadoras. Todos os mem<strong>br</strong>os do [nosso<<strong>br</strong> />

grupo] sonhavam e espreitavam <strong>com</strong>o ações habituais de suas vi<strong>da</strong>s diárias, mas as<<strong>br</strong> />

mulheres que formavam o planeta <strong>da</strong>s sonhadoras e o planeta <strong>da</strong>s espreitadoras eram<<strong>br</strong> />

as grandes autori<strong>da</strong>des nas suas respectivas ativi<strong>da</strong>des. 6:169<<strong>br</strong> />

As espreitadoras eram as que recebiam o impacto do mundo diário; as gerentes<<strong>br</strong> />

de negócios, as que li<strong>da</strong>vam <strong>com</strong> as pessoas. Tudo que se relacionava ao mundo de<<strong>br</strong> />

assuntos <strong>com</strong>uns passava por elas. As espreitadoras eram praticantes <strong>da</strong> loucura controla<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

assim <strong>com</strong>o as sonhadoras eram praticantes do sonho. 6:169<<strong>br</strong> />

A razão <strong>da</strong> Águia exigir duas vezes mais guerreiras que guerreiros é precisamente<<strong>br</strong> />

pelo fato <strong>da</strong>s mulheres terem um equilí<strong>br</strong>io inerente a elas e os homens não. No<<strong>br</strong> />

momento crucial é o homem que fica histérico e <strong>com</strong>ete suicídio quando julga que está<<strong>br</strong> />

tudo perdido. A mulher pode se matar por falta de direção e objetivo, mas não por<<strong>br</strong> />

derrota de um sistema ao qual pertença. 6:179<<strong>br</strong> />

9.20.1 A LIBERAÇÃO DO ÚTERO<<strong>br</strong> />

Um dos interesses mais específicos [dos feiticeiros antigos] era o que eles<<strong>br</strong> />

chamavam de a liberação do útero. A liberação do útero acarreta o despertar <strong>da</strong>s suas<<strong>br</strong> />

funções secundárias, já que a função primária do útero, sob circunstâncias normais, é<<strong>br</strong> />

a reprodução. [Os feiticeiros estão] interessados unicamente [na] sua função secundária:<<strong>br</strong> />

a evolução. No caso do útero, a evolução é o despertar e a plena utilização <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

capaci<strong>da</strong>de do útero de processar o conhecimento direto, isto é a possibili<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

aprender <strong>da</strong>dos sensoriais e interpretá-los diretamente, sem a aju<strong>da</strong> de processos de<<strong>br</strong> />

interpretação <strong>com</strong> os quais estamos familiarizados. 10:81<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, o momento em que os praticantes são transformados de<<strong>br</strong> />

seres que estão socializados para reproduzir em seres capazes de evoluir é o momento<<strong>br</strong> />

189


em que eles se tornam conscientes <strong>da</strong> energia visível <strong>com</strong>o ela flui no universo. As<<strong>br</strong> />

fêmeas podem ver a energia diretamente <strong>com</strong> mais facili<strong>da</strong>de que os machos devido ao<<strong>br</strong> />

efeito dos seus úteros. Sob condições normais, independentemente <strong>da</strong> facili<strong>da</strong>de que<<strong>br</strong> />

as mulheres têm, é quase impossível para as mulheres ou para os homens se tornarem<<strong>br</strong> />

delibera<strong>da</strong>mente conscientes de que podem ver a energia diretamente. A razão para<<strong>br</strong> />

essa incapaci<strong>da</strong>de é algo que os feiticeiros consideram ser uma caricatura: o fato de<<strong>br</strong> />

não existir ninguém para ressaltar aos seres humanos que é natural eles verem a<<strong>br</strong> />

energia diretamente. 10:81<<strong>br</strong> />

As mulheres, porque têm útero, são tão versáteis, tão individualistas em sua<<strong>br</strong> />

capaci<strong>da</strong>de de ver a energia diretamente que essa realização, que deveria ser um triunfo<<strong>br</strong> />

do espírito humano, não é reconheci<strong>da</strong>. As mulheres nunca estão conscientes de<<strong>br</strong> />

suas capaci<strong>da</strong>des. A esse respeito os homens são mais <strong>com</strong>petentes. Já que para eles<<strong>br</strong> />

é mais difícil ver a energia diretamente, quando realizam essa façanha dão valor a ela.<<strong>br</strong> />

Conseqüentemente, os feiticeiros do sexo masculino foram os que estabeleceram os<<strong>br</strong> />

parâmetros de perceber a energia diretamente e os que tentaram descrever o fenômeno.<<strong>br</strong> />

10:81-82<<strong>br</strong> />

[Como se sabe] a premissa básica <strong>da</strong> feitiçaria é a de que nós somos<<strong>br</strong> />

percebedores. A totali<strong>da</strong>de [do ser] é um instrumento de percepção.<<strong>br</strong> />

Entretanto, a predominância em nós do visual dá à percepção<<strong>br</strong> />

a disposição global dos olhos. De acordo <strong>com</strong> os antigos feiticeiros,<<strong>br</strong> />

essa disposição é simplesmente a herança de um estado<<strong>br</strong> />

puramente pre<strong>da</strong>tório.<<strong>br</strong> />

O esforço dos antigos feiticeiros, que permanece até os nossos dias,<<strong>br</strong> />

era engendrado no sentido de se colocarem além do domínio do<<strong>br</strong> />

olho pre<strong>da</strong>dor. Eles concebiam o olho pre<strong>da</strong>dor <strong>com</strong>o sendo o domínio<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> percepção pura, que não é visualmente orienta<strong>da</strong>. 10:82<<strong>br</strong> />

O ponto de discórdia para os [feiticeiros antigos] era o fato de as mulheres,<<strong>br</strong> />

que têm estrutura orgânica, o útero, que poderia facilitar a entra<strong>da</strong> delas no domínio<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> percepção pura, não terem nenhum interesse em utilizá-lo. Tais feiticeiros viam<<strong>br</strong> />

isso <strong>com</strong>o o paradoxo <strong>da</strong> mulher: ter poder infinito à sua disposição e nenhum interesse<<strong>br</strong> />

em obter acesso a ele. Essa falta de desejo em fazer alguma coisa não era natural;<<strong>br</strong> />

era aprendi<strong>da</strong>. 10:82<<strong>br</strong> />

9.20.2 A CAIXA DA PERCEPÇÃO<<strong>br</strong> />

O útero e os ovários, [conjunto denominado de caixa de percepção], se forem<<strong>br</strong> />

afastados do ciclo reprodutivo, podem se tornar ferramentas de percepção e, na ver<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

o epicentro <strong>da</strong> evolução. O primeiro passo <strong>da</strong> evolução é a aceitação <strong>da</strong> premissa<<strong>br</strong> />

de que os seres humanos são percebedores. 10:82<<strong>br</strong> />

190


A percepção só desempenha uma função mínima em nossas vi<strong>da</strong>s e,<<strong>br</strong> />

no entanto, a única coisa que somos de fato é percebedores. Os<<strong>br</strong> />

seres humanos apreendem livremente a energia e a transformam<<strong>br</strong> />

em <strong>da</strong>dos sensoriais. Depois interpretam esses <strong>da</strong>dos sensoriais<<strong>br</strong> />

no mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. É a essa interpretação que chamamos<<strong>br</strong> />

de percepção. 10:83<<strong>br</strong> />

Como você já sabe, os [feiticeiros antigos] estavam convencidos de<<strong>br</strong> />

que a interpretação ocorria em um ponto de luminosi<strong>da</strong>de intensa,<<strong>br</strong> />

o ponto de aglutinação, que eles desco<strong>br</strong>iram quando viram o<<strong>br</strong> />

corpo humano <strong>com</strong>o um conglomerado de campos de energia<<strong>br</strong> />

que se assemelhava a uma esfera de luminosi<strong>da</strong>de. A vantagem<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s mulheres é a sua capaci<strong>da</strong>de de transferirem a função<<strong>br</strong> />

interpretativa do ponto de aglutinação para o útero. O resultado<<strong>br</strong> />

dessa transferência de função é algo que não pode ser <strong>com</strong>entado,<<strong>br</strong> />

não porque seja proibido, mas porque é indescritível. 10:83<<strong>br</strong> />

O útero fica ver<strong>da</strong>deiramente em um estado caótico de alvoroço<<strong>br</strong> />

devido a essa capaci<strong>da</strong>de vela<strong>da</strong> que existe, em remissão, desde<<strong>br</strong> />

o momento do nascimento até à morte, mas que nunca é utiliza<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Essa função de interpretação nunca cessa de agir e, no entanto,<<strong>br</strong> />

nunca tem sido eleva<strong>da</strong> ao nível <strong>da</strong> consciência plena. 10:83<<strong>br</strong> />

9.20.3 A EVOLUÇÃO<<strong>br</strong> />

A evolução é o produto de intentar a um nível muito profundo. No caso dos feiticeiros,<<strong>br</strong> />

esse nível profundo é indicado pelo que [se] denomina de silêncio interior. 10:84<<strong>br</strong> />

Por exemplo, os feiticeiros têm certeza de que os dinossauros voavam<<strong>br</strong> />

porque intentaram voar. Porém, o que é muito difícil de entender,<<strong>br</strong> />

e mais ain<strong>da</strong> de aceitar, é que as asas sejam a única solução<<strong>br</strong> />

para voar. Nesse caso, a solução dos dinossauros. Contudo<<strong>br</strong> />

essa não é a única solução possível. É a única que está disponível<<strong>br</strong> />

a nós por imitação. Os nossos aviões estão voando <strong>com</strong> asas imitando<<strong>br</strong> />

os dinossauros, talvez porque voar nunca mais tenha sido<<strong>br</strong> />

intentado novamente desde a época dos dinossauros. Talvez as<<strong>br</strong> />

asas tenham sido adota<strong>da</strong>s porque eram a solução mais fácil. 10:84<<strong>br</strong> />

Se fôssemos intentar isso agora, não haveria nenhuma maneira de saber que<<strong>br</strong> />

outras opções para voar estariam disponíveis além <strong>da</strong>s asas. Porque o intento é infinito,<<strong>br</strong> />

não há nenhuma maneira lógica pela qual a mente, seguindo processos de dedução<<strong>br</strong> />

e indução, possa calcular ou determinar quais podem ser essas opções. 10:84<<strong>br</strong> />

9.21 A ALEGRIA DE UM GUERREIRO<<strong>br</strong> />

Um guerreiro reconhece sua dor, mas não se entrega a ela. Assim, o<<strong>br</strong> />

estado de espírito do guerreiro que penetra no desconhecido não<<strong>br</strong> />

191


é de tristeza; pelo contrário, ele está alegre porque se sente humilhado<<strong>br</strong> />

diante de sua grande boa sorte, confiante que seu espírito<<strong>br</strong> />

é impecável e, acima de tudo, plenamente consciente de sua<<strong>br</strong> />

eficiência. A alegria de um guerreiro vem de ter aceitado seu destino,<<strong>br</strong> />

e de ter avaliado lealmente o que espera. 4:254<<strong>br</strong> />

Um guerreiro sabe que está esperando e sabe também o que está<<strong>br</strong> />

esperando, e enquanto espera regozija seus olhos <strong>com</strong> o mundo.<<strong>br</strong> />

A extrema realização de um guerreiro é a alegria. 6:73<<strong>br</strong> />

A vi<strong>da</strong> de um guerreiro não pode ser fria e solitária e sem sentimentos<<strong>br</strong> />

porque é basea<strong>da</strong> so<strong>br</strong>e a afeição, a sua dedicação, sua leal<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

a seus queridos. 4:255<<strong>br</strong> />

Esta é a predileção [dos] guerreiros. Esta Terra, este mundo. Para um<<strong>br</strong> />

guerreiro, não pode haver amor maior.<<strong>br</strong> />

Somente se a pessoa ama esta Terra <strong>com</strong> uma paixão constante é<<strong>br</strong> />

que pode deixar sua tristeza. Um guerreiro é sempre alegre porque<<strong>br</strong> />

seu amor é inalterável e sua ama<strong>da</strong>, a Terra, o a<strong>br</strong>aça e lhe<<strong>br</strong> />

concede dádivas inconcebíveis. A tristeza pertence apenas àqueles<<strong>br</strong> />

que detestam aquilo mesmo que a<strong>br</strong>iga seus seres.<<strong>br</strong> />

Este lindo ser, que é vivo até suas profundezas e <strong>com</strong>preende<<strong>br</strong> />

todos os sentimentos, aliviou-me, curou-me de minhas dores e<<strong>br</strong> />

por fim, quando finalmente <strong>com</strong>preendi o meu amor por ela, ensinou-me<<strong>br</strong> />

a liber<strong>da</strong>de. 4:257<<strong>br</strong> />

A explicação dos feiticeiros não pode de todo libertar o espírito. Você,<<strong>br</strong> />

por exemplo, alcançou a explicação dos feiticeiros, mas não faz<<strong>br</strong> />

diferença que você a conheça. Está mais sozinho do que nunca,<<strong>br</strong> />

porque sem um amor constante pelo ser que lhes dá a<strong>br</strong>igo, estar<<strong>br</strong> />

sozinho é a solidão. Somente o amor por este ser esplendoroso<<strong>br</strong> />

pode <strong>da</strong>r a liber<strong>da</strong>de ao espírito do guerreiro; e a liber<strong>da</strong>de é a<<strong>br</strong> />

alegria, eficiência, e a renúncia diante de qualquer dificul<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Esta é a última lição. Fica sempre para o último momento, o momento<<strong>br</strong> />

de solidão final em que o homem enfrenta sua morte e sua<<strong>br</strong> />

solidão. Só então é que faz sentido. 4:258<<strong>br</strong> />

192


CAPÍTULO 10<<strong>br</strong> />

MANOBRAS, TÉCNICAS E TRUQUES<<strong>br</strong> />

10.1 O DIÁLOGO INTERNO<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong> a raça humana mantém um determinado nível de função e eficácia<<strong>br</strong> />

através do diálogo interno. O diálogo interno é a chave para<<strong>br</strong> />

manter o ponto de aglutinação estacionário na posição <strong>com</strong>partilha<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

por to<strong>da</strong> a raça humana: na altura <strong>da</strong>s omoplatas, a um <strong>br</strong>aço<<strong>br</strong> />

de distância.<<strong>br</strong> />

Realizando o oposto do diálogo interno, isto é, o silêncio interior,<<strong>br</strong> />

o praticante pode romper a fixação do seu ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

adquirindo assim uma extraordinária fluidez de percepção. 10:32<<strong>br</strong> />

A passagem para o mundo dos feiticeiros se a<strong>br</strong>e depois que o guerreiro aprende<<strong>br</strong> />

a parar o diálogo interno. 4:20<<strong>br</strong> />

Modificar nossa concepção do mundo é o ponto nevrálgico <strong>da</strong> feitiçaria.<<strong>br</strong> />

E parar o diálogo interno é o único meio de conseguir isso.<<strong>br</strong> />

O resto é só enchimento. Agora você está em condição de saber<<strong>br</strong> />

que na<strong>da</strong> do que você viu ou fez, <strong>com</strong> a exceção de ter parado o<<strong>br</strong> />

diálogo interno, poderia por si só ter modificado alguma coisa<<strong>br</strong> />

em você, ou em sua concepção do mundo. A condição, naturalmente,<<strong>br</strong> />

é que essa modificação não seja perturba<strong>da</strong>. 4:20<<strong>br</strong> />

Desligar o diálogo interno é a chave do mundo dos feiticeiros. As<<strong>br</strong> />

outras ativi<strong>da</strong>des são meros auxílios; só o que fazem é acelerar o<<strong>br</strong> />

efeito de desligar o diálogo interno. 4:210<<strong>br</strong> />

O diálogo interno é o que nos prende à Terra. O mundo é isso e aquilo<<strong>br</strong> />

somente porque falamos conosco dizendo que ele é isso e aquilo. 4:20<<strong>br</strong> />

[A suspensão do diálogo interno – o eterno <strong>com</strong>panheiro dos pensamentos –<<strong>br</strong> />

significa] um estado de profun<strong>da</strong> quietude. Um estado especial de ser, em que pensamentos<<strong>br</strong> />

são cancelados e pode-se funcionar a partir de outro nível que não o <strong>da</strong> consciência<<strong>br</strong> />

cotidiana. 12:129<<strong>br</strong> />

Os antigos feiticeiros chamavam [esse estado] de silêncio interior,<<strong>br</strong> />

porque é o estado em que a percepção não depende dos sentidos.<<strong>br</strong> />

O que está funcionando durante o silêncio interior é outra<<strong>br</strong> />

facul<strong>da</strong>de que o homem tem, a facul<strong>da</strong>de que o torna um ser mágico,<<strong>br</strong> />

a mesma facul<strong>da</strong>de que foi restringi<strong>da</strong> não pelo homem propriamente<<strong>br</strong> />

dito, mas pela [instalação forânea]. 12:131


Silêncio interior é a postura, na qual tudo deriva, na feitiçaria. Em<<strong>br</strong> />

outras palavras, tudo o que fazemos conduz a essa postura, que<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o todo o resto no mundo dos feiticeiros não se revela até que<<strong>br</strong> />

algo gigantesco nos aconteça. 12:132<<strong>br</strong> />

Os [antigos] feiticeiros conceberam maneiras intermináveis para sacudi-los ou<<strong>br</strong> />

aos outros praticantes de feitiçaria até suas bases, a fim de alcançar esse cobiçado<<strong>br</strong> />

estado de silêncio interior. Consideravam os atos mais disparatados, que podem não<<strong>br</strong> />

parecer relacionados <strong>com</strong> a busca do silêncio interior, tais <strong>com</strong>o, por exemplo, pular<<strong>br</strong> />

em cachoeiras ou passar noites dependurado de cabeça para baixo de um galho do alto<<strong>br</strong> />

de uma árvore, <strong>com</strong>o sendo os pontos-chave para o seu aparecimento. 12:132<<strong>br</strong> />

O silêncio interior se acumula, aumenta. [É necessário] construir um núcleo<<strong>br</strong> />

de silêncio interior e depois adicionar a ele, segundo por segundo, em ca<strong>da</strong> ocasião<<strong>br</strong> />

que o praticar. 12:132<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> indivíduo tem um limiar diferente de silêncio interior em termos de tempo,<<strong>br</strong> />

o que significa que o silêncio interior deve ser mantido individualmente, durante o<<strong>br</strong> />

tempo de nosso limiar específico, antes de poder funcionar. 12:132<<strong>br</strong> />

O silêncio interior funciona a partir do momento que você <strong>com</strong>eça a<<strong>br</strong> />

acumulá-lo. O que os feiticeiros antigos pretendiam era o dramático<<strong>br</strong> />

resultado final de atingir aquele limiar individual de silêncio.<<strong>br</strong> />

Alguns praticantes muito talentosos precisam somente de alguns<<strong>br</strong> />

minutos de silêncio para atingir a cobiça<strong>da</strong> meta. Outros, menos<<strong>br</strong> />

talentosos, precisam de longos períodos de silêncio, talvez mais<<strong>br</strong> />

de uma hora de <strong>com</strong>pleta quietude, antes de atingirem o objetivo<<strong>br</strong> />

desejado. O resultado desejado é o que os velhos feiticeiros chamavam<<strong>br</strong> />

de parar o mundo, o momento em que tudo à nossa volta<<strong>br</strong> />

cessa de ser o que sempre foi. 12:132-133<<strong>br</strong> />

Este é o momento em que os feiticeiros voltam para a ver<strong>da</strong>deira<<strong>br</strong> />

natureza do homem. Os feiticeiros antigos também chamavamno<<strong>br</strong> />

de liber<strong>da</strong>de total. É o momento em que o homem escravo<<strong>br</strong> />

torna-se um ser livre, capaz de feitos de percepção que desafiam<<strong>br</strong> />

a nossa imaginação linear. 12:133<<strong>br</strong> />

O silêncio interior é o caminho que leva a uma ver<strong>da</strong>deira suspensão do julgamento<<strong>br</strong> />

– a um momento em que a informação sensorial que emana do universo em liber<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

deixa de ser interpreta<strong>da</strong> pelos sentidos; o momento em que a cognição cessa de ser a<<strong>br</strong> />

força que, através do uso e <strong>da</strong> repetição, decide a natureza do mundo. 12:133<<strong>br</strong> />

10.1.1 O PONTO DE RUPTURA<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros precisam do ponto de ruptura para que o funcionamento<<strong>br</strong> />

do silêncio interior <strong>com</strong>ece. O ponto de ruptura é <strong>com</strong>o a argamassa<<strong>br</strong> />

194


que um pedreiro coloca entre os tijolos. Só quando a argamassa<<strong>br</strong> />

endurece é que os tijolos soltos se tornam uma estrutura. 12:133<<strong>br</strong> />

Como já lhe contei antes, todos os feiticeiros que conheço, homens<<strong>br</strong> />

ou mulheres, mais cedo ou mais tarde chegam ao ponto de ruptura<<strong>br</strong> />

em suas vi<strong>da</strong>s. 12:134<<strong>br</strong> />

O que eu quero dizer é que em um <strong>da</strong>do momento a continui<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

suas vi<strong>da</strong>s tem de se que<strong>br</strong>ar para que o silêncio interior <strong>com</strong>ece<<strong>br</strong> />

e se torne uma parte ativa de suas estruturas. 12:134<<strong>br</strong> />

É muito, muito, importante que você mesmo delibera<strong>da</strong>mente chegue<<strong>br</strong> />

a esse ponto de ruptura, ou que você o crie artificial e inteligentemente.<<strong>br</strong> />

12:134<<strong>br</strong> />

O seu ponto de ruptura é interromper a sua vi<strong>da</strong> <strong>com</strong>o você a conhece.<<strong>br</strong> />

12:134 Não é possível para você continuar no caminho dos guerreiros<<strong>br</strong> />

levando sua história pessoal <strong>com</strong> você, e a não ser que<<strong>br</strong> />

você interrompa seu modo de viver, [impiedosamente, você não<<strong>br</strong> />

será capaz de continuar seguindo estas instruções]. 12:135<<strong>br</strong> />

[Deve que<strong>br</strong>ar os seus pontos de referência], deixá-los. Os feiticeiros<<strong>br</strong> />

só tem um ponto de referência: o infinito. 12:135<<strong>br</strong> />

Minha re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>ção é que alugue um quarto num <strong>da</strong>queles hotéis<<strong>br</strong> />

baratos que conhece. Quanto mais feio o lugar, melhor. Se o quarto<<strong>br</strong> />

tiver carpete verde desbotado, cortinas verdes desbota<strong>da</strong>s e<<strong>br</strong> />

paredes verdes desbota<strong>da</strong>s, melhor ain<strong>da</strong>. 12:135<<strong>br</strong> />

[Tal hotel] é para mim a ver<strong>da</strong>deira representação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> na Terra<<strong>br</strong> />

para a pessoa <strong>com</strong>um. Se você tiver sorte, ou for insensível, vai<<strong>br</strong> />

conseguir um quarto <strong>com</strong> vista para a rua, onde verá essa procissão<<strong>br</strong> />

interminável <strong>da</strong> miséria humana. Se você não tiver tanta sorte<<strong>br</strong> />

nem tanta insensibili<strong>da</strong>de, terá um quarto interno, <strong>com</strong> janelas<<strong>br</strong> />

para a parede do prédio vizinho. Pense em passar a vi<strong>da</strong> to<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

dividido entre essas duas vistas, invejando a vista <strong>da</strong> rua se estiver<<strong>br</strong> />

no quarto interno e invejando a vista <strong>da</strong> parede se estiver no<<strong>br</strong> />

quarto que dá para a rua, cansado de olhar para fora. 12:136<<strong>br</strong> />

Um feiticeiro usa um lugar <strong>com</strong>o esse para morrer. Você nunca esteve<<strong>br</strong> />

só em sua vi<strong>da</strong>. Chegou a hora de ficar só. Você ficará naquele<<strong>br</strong> />

quarto até morrer. 12:136<<strong>br</strong> />

Não quero que seu corpo morra fisicamente. Quero que a sua pessoa<<strong>br</strong> />

morra. As duas coisas são muito diferentes. Na essência, a sua pessoa<<strong>br</strong> />

tem muito pouco a ver <strong>com</strong> o seu corpo. Sua pessoa é a mente,<<strong>br</strong> />

e, acredite-me, a sua mente não é sua [mas <strong>da</strong> instalação forânea]. 12:137<<strong>br</strong> />

O critério que indica que um feiticeiro está morto é quando não faz diferença<<strong>br</strong> />

para ele se tem <strong>com</strong>panhia ou está só. O dia em que você não<<strong>br</strong> />

almejar a <strong>com</strong>panhia dos seus amigos, que você utiliza <strong>com</strong>o escudo,<<strong>br</strong> />

nesse dia a sua pessoa morre. O que me diz? 12:137<<strong>br</strong> />

195


10.1.2 PROJEÇÃO DO INFINITO<<strong>br</strong> />

Um dos resultados mais almejados do silêncio interior é a interação específica<<strong>br</strong> />

de energia, que sempre se anuncia através de uma forte emoção. Tal interação se<<strong>br</strong> />

manifesta em termos de tonali<strong>da</strong>des que são projeta<strong>da</strong>s em qualquer horizonte no<<strong>br</strong> />

mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana, seja uma montanha, o céu, uma parede ou simplesmente as<<strong>br</strong> />

palmas <strong>da</strong>s mãos. Essa interação de tonali<strong>da</strong>des <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a aparição de uma tênue<<strong>br</strong> />

pincela<strong>da</strong> lavan<strong>da</strong> no horizonte. Com o tempo, essa pincela<strong>da</strong> lavan<strong>da</strong> <strong>com</strong>eça a se<<strong>br</strong> />

expandir até co<strong>br</strong>ir o horizonte visível, <strong>com</strong>o as nuvens de uma tempestade que se<<strong>br</strong> />

aproxima. 12:215<<strong>br</strong> />

Saindo <strong>da</strong>s nuvens de cor lavan<strong>da</strong>, surge um ponto de um vermelho cor de<<strong>br</strong> />

romã, peculiar, rico. À medi<strong>da</strong> que os feiticeiros se tornam mais disciplinados e experientes,<<strong>br</strong> />

o ponto cor de romã se expande e finalmente explode em pensamentos ou<<strong>br</strong> />

visões [velozes], ou no caso do homem letrado, em palavras escritas; os feiticeiros<<strong>br</strong> />

têm visões engendra<strong>da</strong>s por energia, ouvem pensamentos sendo enunciados por palavras,<<strong>br</strong> />

ou lêem palavras escritas. 12:216<<strong>br</strong> />

Em relação à veloci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s visões, você mesmo vai precisar aprender<<strong>br</strong> />

a se ajustar a elas. Para alguns feiticeiros, isso é um trabalho para a<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> to<strong>da</strong>. Mas de agora em diante, a energia vai aparecer para você<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se estivesse sendo projeta<strong>da</strong> numa tela de cinema. 12:217<<strong>br</strong> />

Se você entender ou não a projeção, é outro assunto. Para se fazer<<strong>br</strong> />

uma interpretação exata, você precisa de experiência. Minha re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>ção<<strong>br</strong> />

é que você não seja tímido, e deve <strong>com</strong>eçar agora.<<strong>br</strong> />

Leia energia na parede! Sua mente ver<strong>da</strong>deira está emergindo, e<<strong>br</strong> />

não tem na<strong>da</strong> a ver <strong>com</strong> a mente que é a instalação forânea. Deixe<<strong>br</strong> />

a sua mente ver<strong>da</strong>deira ajustar a veloci<strong>da</strong>de. Fique em silêncio,<<strong>br</strong> />

não se atormente, aconteça o que acontecer. 12:217<<strong>br</strong> />

10.1.3 VIAJANDO NO MAR ESCURO DA CONSCIÊNCIA<<strong>br</strong> />

O que se faz a partir do silêncio interior [é muito parecido <strong>com</strong>] o que é feito<<strong>br</strong> />

no sonhar quando se dorme. Entretanto, quando se viaja através do mar escuro <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

consciência [ou em meio às emanações <strong>da</strong> Águia], não há interrupção de qualquer tipo<<strong>br</strong> />

causa<strong>da</strong> pelo adormecer, nem há qualquer tentativa de controlar a atenção enquanto<<strong>br</strong> />

se está sonhando. A viagem através do mar escuro <strong>da</strong> consciência implica uma resposta<<strong>br</strong> />

imediata. Há uma sensação predominante do aqui e agora. [É de se lamentar] que<<strong>br</strong> />

alguns feiticeiros idiotas dão o nome de sonhar acor<strong>da</strong>do a este ato de atingir o mar<<strong>br</strong> />

escuro <strong>da</strong> consciência diretamente, tornando o termo sonhar ain<strong>da</strong> mais ridículo. 12:224<<strong>br</strong> />

Você deve delibera<strong>da</strong>mente viajar através do mar escuro <strong>da</strong> consciência,<<strong>br</strong> />

mas você nunca saberá <strong>com</strong>o isso é feito. Digamos que o<<strong>br</strong> />

196


silêncio interior faz isso, seguindo maneiras inexplicáveis, maneiras<<strong>br</strong> />

que não podem ser <strong>com</strong>preendi<strong>da</strong>s, somente pratica<strong>da</strong>s. 12:226<<strong>br</strong> />

[Que<strong>br</strong>ar] a continui<strong>da</strong>de do tempo. Isso é o que o silêncio interior<<strong>br</strong> />

faz. 12:230<<strong>br</strong> />

A interrupção do fluxo de continui<strong>da</strong>de que torna o mundo <strong>com</strong>preensível para<<strong>br</strong> />

nós é feitiçaria. 12:230<<strong>br</strong> />

10.1.4 VER A PARTIR DO SILÊNCIO INTERIOR<<strong>br</strong> />

Gostaria de propor uma idéia estranha a você. Devo enfatizar que é<<strong>br</strong> />

uma idéia estranha que encontrará uma enorme resistência em<<strong>br</strong> />

você. Vou lhe dizer antes de mais na<strong>da</strong> que você não a aceitará<<strong>br</strong> />

facilmente. Porém, o fato de ser estranha não deve ser um impedimento.<<strong>br</strong> />

12:280<<strong>br</strong> />

A idéia estranha é que ca<strong>da</strong> ser humano nesta Terra parece ter exatamente<<strong>br</strong> />

as mesmas reações, os mesmos pensamentos, os mesmos<<strong>br</strong> />

sentimentos. Parecem responder mais ou menos <strong>da</strong> mesma forma<<strong>br</strong> />

aos mesmos estímulos. Essas reações parecem ser um pouco<<strong>br</strong> />

obscureci<strong>da</strong>s pela linguagem que eles falam, mas se eliminarmos<<strong>br</strong> />

isso, são exatamente as mesmas reações que assediam todos os<<strong>br</strong> />

seres humanos na Terra. Gostaria que você se interessasse por<<strong>br</strong> />

isso, <strong>com</strong>o um cientista, claro, e veja se consegue formalmente<<strong>br</strong> />

explicar tal homogenei<strong>da</strong>de. 12:282<<strong>br</strong> />

A tarefa do dia para você é uma <strong>da</strong>s coisas mais misteriosas <strong>da</strong> feitiçaria,<<strong>br</strong> />

alguma coisa que vai além <strong>da</strong> linguagem. O mistério <strong>da</strong> feitiçaria<<strong>br</strong> />

deve ser amortecido no mun<strong>da</strong>no [caminhar, conversar etc.]<<strong>br</strong> />

Deve provir do na<strong>da</strong> e voltar novamente para o na<strong>da</strong>. Essa é a<<strong>br</strong> />

parte do guerreiro: passar através do buraco de uma agulha despercebido.<<strong>br</strong> />

12:283<<strong>br</strong> />

Prepare-se, apoiando as costas contra a parede. Quero que você cruze<<strong>br</strong> />

as pernas e entre no silêncio interior. Digamos que você queira<<strong>br</strong> />

desco<strong>br</strong>ir quais artigos poderia procurar para refutar ou provar o<<strong>br</strong> />

que lhe pedi para fazer. Entre no silêncio interior, mas não adormeça.<<strong>br</strong> />

Essa não é uma jorna<strong>da</strong> através do mar escuro <strong>da</strong> consciência.<<strong>br</strong> />

Mas sim ver a partir do silêncio interior.<<strong>br</strong> />

10.1.5 ENCONTRAR UM LUGAR BENÉFICO<<strong>br</strong> />

Você deve aprender a encontrar por si um lugar para acampar ou<<strong>br</strong> />

descansar. 3:60<<strong>br</strong> />

Às vezes, é preciso encontrar depressa um lugar benéfico ao ar livre.<<strong>br</strong> />

Ou talvez seja necessário saber depressa se o lugar onde se vai<<strong>br</strong> />

descansar é mau. 3:60<<strong>br</strong> />

197


Para encontrar um bom lugar para repousar basta envesgar os olhos. A técnica<<strong>br</strong> />

leva anos para ser aperfeiçoa<strong>da</strong> e consiste em se forçar gra<strong>da</strong>tivamente os olhos a<<strong>br</strong> />

verem separa<strong>da</strong>mente a mesma imagem. A falta de conversão redun<strong>da</strong> em uma imagem<<strong>br</strong> />

dupla do mundo; essa dupla percepção dá à pessoa a oportuni<strong>da</strong>de de avaliar as<<strong>br</strong> />

modificações nos ambientes, que os olhos normalmente não conseguem perceber. 3:61<<strong>br</strong> />

Comece olhando aos pouquinhos, quase <strong>com</strong> os cantos dos olhos. [Em segui<strong>da</strong>,]<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ece a separar as imagens percebi<strong>da</strong>s por ca<strong>da</strong> um de seus olhos. Olhar aos<<strong>br</strong> />

pouquinhos permite que os olhos destaquem vistas in<strong>com</strong>uns. 3:61<<strong>br</strong> />

Não são propriamente vistas. São <strong>com</strong>o impressões. Se você olhar<<strong>br</strong> />

para um arbusto ou uma árvore ou uma rocha, onde possa querer<<strong>br</strong> />

descansar, seus olhos podem fazê-lo sentir se aquele é ou não o<<strong>br</strong> />

melhor local de repouso. 3:61<<strong>br</strong> />

Não importa o que você vê. O que você sente é o importante. 3:62<<strong>br</strong> />

A sensação que você tem é o que conta. Ca<strong>da</strong> homem é diferente do<<strong>br</strong> />

outro. 3:63<<strong>br</strong> />

A questão é sentir <strong>com</strong> seus olhos. Ninguém lhe pode dizer o que<<strong>br</strong> />

deve sentir. Não é calor, nem luz, nem clarão, nem cor. É outra<<strong>br</strong> />

coisa. 3:63<<strong>br</strong> />

Uma vez que você apren<strong>da</strong> a separar as imagens e <strong>com</strong>ece a ver ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

coisa em do<strong>br</strong>o, deve focalizar sua atenção na área entre as duas<<strong>br</strong> />

imagens. Qualquer modificação digna de nota deve processar-se<<strong>br</strong> />

ali, naquela área. 3:63<<strong>br</strong> />

Um ponto significa um lugar em que a pessoa se sinta naturalmente feliz e<<strong>br</strong> />

forte. A gente pode sentir <strong>com</strong> os olhos, quando estes não estão olhando diretamente<<strong>br</strong> />

dentro <strong>da</strong>s coisas. 1:35<<strong>br</strong> />

Nem todos os lugares são bons de se sentar ou estar. A idéia geral é que você<<strong>br</strong> />

terá de sentir todos os pontos possíveis que forem acessíveis, até poder estabelecer,<<strong>br</strong> />

sem dúvi<strong>da</strong>, qual o certo. 1:35<<strong>br</strong> />

[O ponto] bom é chamado sítio [benéfico] e o mau inimigo. Os dois lugares<<strong>br</strong> />

são a chave do bem-estar do homem. O simples fato de sentar no ponto <strong>da</strong> gente cria<<strong>br</strong> />

uma força superior; por outro lado, o [ponto] inimigo enfraquece a pessoa e pode até<<strong>br</strong> />

provocar a sua morte. 1:40<<strong>br</strong> />

Todos os animais podem detectar, em seus arredores, áreas <strong>com</strong> níveis especiais<<strong>br</strong> />

de energia. A maior parte dos animais se assusta <strong>com</strong> esses lugares e evita-os,<<strong>br</strong> />

mas os feiticeiros procuram delibera<strong>da</strong>mente tais lugares por seus efeitos. 8:158<<strong>br</strong> />

198


[Esses lugares] emitem imperceptíveis cargas de energia revigorante. Os homens<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uns vivendo em lugares naturais podem encontrar tais [sítios], mesmo se<<strong>br</strong> />

não estiverem conscientes de tê-los encontrado nem conscientes de seus efeitos. 8:158<<strong>br</strong> />

Feiticeiros observando homens viajando em trilhas de pedestre logo<<strong>br</strong> />

percebem que os homens ficam cansados e descansam exatamente<<strong>br</strong> />

no ponto <strong>com</strong> um nível positivo de energia. Se, por outro<<strong>br</strong> />

lado, estão passando por uma área <strong>com</strong> um fluxo injurioso de<<strong>br</strong> />

energia, ficam nervosos e correm. Se você lhes perguntar a respeito,<<strong>br</strong> />

responderão que correram através <strong>da</strong>quela área porque se<<strong>br</strong> />

sentiam bem dispostos. Mas é o oposto. O único lugar que os<<strong>br</strong> />

energiza é o lugar onde se sentem cansados. 8:158<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros são capazes de encontrar tais lugares percebendo <strong>com</strong> seus corpos<<strong>br</strong> />

inteiros pequenos impulsos de energia em seus arredores. A energia aumenta<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

dos feiticeiros, deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> amputação de sua auto-reflexão, permite a seus sentidos<<strong>br</strong> />

uma faixa maior de percepção. 8:158<<strong>br</strong> />

10.1.6 AFASTANDO MOSCAS E MOSQUITOS<<strong>br</strong> />

[Não se deve prestar atenção aos zumbidos.] Não tente espantá-los <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

sua mão. Intente que se afastem. Construa uma barreira de energia<<strong>br</strong> />

em volta de você. Fique em silêncio, e do seu silêncio a barreira será<<strong>br</strong> />

construí<strong>da</strong>. Ninguém sabe <strong>com</strong>o isso é feito. É uma dessas coisas<<strong>br</strong> />

que os antigos feiticeiros chamaram de fatos energéticos. Pare seu<<strong>br</strong> />

diálogo interno. Isso é tudo de que se precisa. 12:279<<strong>br</strong> />

10.1.7 JANELAS DO SER<<strong>br</strong> />

Quando se li<strong>da</strong> <strong>com</strong> o nagual, nunca se deve olhar para ele diretamente.<<strong>br</strong> />

O único meio de olhar para o nagual é <strong>com</strong>o se fosse uma coisa<<strong>br</strong> />

normal. É preciso piscar para poder romper a fixação. Nossos olhos<<strong>br</strong> />

são os olhos do tonal, ou talvez fosse mais próprio dizer que nossos<<strong>br</strong> />

olhos foram treinados pelo tonal, e portanto o tonal os reivindica.<<strong>br</strong> />

Um dos motivos de sua perplexi<strong>da</strong>de e desconforto é o fato de seu<<strong>br</strong> />

tonal não largar seus olhos. No dia em que fizer isso, seu nagual terá<<strong>br</strong> />

tido uma grande vitória. A obsessão <strong>da</strong>s pessoas é arrumar o mundo<<strong>br</strong> />

de acordo <strong>com</strong> as regras do tonal; portanto, ca<strong>da</strong> vez que nos<<strong>br</strong> />

defrontamos <strong>com</strong> o nagual, fazemos o possível para tornar nossos<<strong>br</strong> />

olhos rígidos e intransigentes. Tenho de apelar para a parte do seu<<strong>br</strong> />

tonal que <strong>com</strong>preende esse dilema e você deve fazer um esforço<<strong>br</strong> />

para libertar seus olhos. O problema é convencer o tonal de que<<strong>br</strong> />

existem outros mundos que podem passar diante <strong>da</strong>s mesmas janelas.<<strong>br</strong> />

Assim, deixe seus olhos serem livres; que sejam janelas de ver<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Os olhos podem ser as janelas para espiar para dentro do tédio<<strong>br</strong> />

ou para espiar para aquele infinito. 4:155<<strong>br</strong> />

199


[Fazer isso] é uma coisa muito simples. Basta organizar sua intenção<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se fosse uma alfândega. Sempre que você estiver no mundo<<strong>br</strong> />

do tonal, deve ser um tonal impecável; não gaste tempo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

besteiras irracionais. Mas, sempre que estiver no mundo do<<strong>br</strong> />

nagual, também deve ser impecável; não há tempo para besteiras<<strong>br</strong> />

racionais. Para o guerreiro, a intenção é o portão do meio.<<strong>br</strong> />

Fecha-se <strong>com</strong>pletamente atrás dele, quando ele se dirige para<<strong>br</strong> />

qualquer <strong>da</strong>s duas direções.<<strong>br</strong> />

Outra coisa que se deve fazer ao enfrentar o nagual é mu<strong>da</strong>r a<<strong>br</strong> />

linha de visão de vez em quando, para que<strong>br</strong>ar o encanto do<<strong>br</strong> />

nagual. Mu<strong>da</strong>r a posição dos olhos sempre alivia o fardo do tonal.<<strong>br</strong> />

Se você estiver num apuro desses, você mesmo deve ser capaz<<strong>br</strong> />

de mu<strong>da</strong>r de posição sozinho. Mas essa mu<strong>da</strong>nça só deve ser<<strong>br</strong> />

feita <strong>com</strong>o um alívio, e não <strong>com</strong>o mais um meio de se entrincheirar<<strong>br</strong> />

para salvaguar<strong>da</strong>r a ordem do tonal. Meu palpite é que você procuraria<<strong>br</strong> />

utilizar essa técnica para esconder a racionali<strong>da</strong>de de seu<<strong>br</strong> />

tonal por trás dela, acreditando assim o estar salvando <strong>da</strong> extinção.<<strong>br</strong> />

A falha nesse raciocínio é que ninguém deseja nem procura<<strong>br</strong> />

a extinção <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de do tonal. 4:155<<strong>br</strong> />

10.1.7.1 MOVIMENTO DOS OLHOS<<strong>br</strong> />

Os novos videntes re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>m um ato muito simples quando a impaciência,<<strong>br</strong> />

o desespero, a raiva ou a tristeza cruzam seu caminho. Re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>m<<strong>br</strong> />

que os guerreiros girem os olhos. Qualquer direção serve.<<strong>br</strong> />

Eu prefiro girar os meus na direção dos ponteiros do relógio.<<strong>br</strong> />

O movimento dos olhos faz o ponto de aglutinação deslocar-se<<strong>br</strong> />

por um momento. Nesse movimento, você encontrará alívio. Isso<<strong>br</strong> />

substitui o ver<strong>da</strong>deiro domínio <strong>da</strong> intenção. 7:245<<strong>br</strong> />

10.1.7.2 O OLHAR DO GUERREIRO<<strong>br</strong> />

O olhar do guerreiro é lançado ao olho direito <strong>da</strong> outra pessoa. E o<<strong>br</strong> />

que faz é calar o diálogo interno, e depois o nagual toma conta;<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>í o perigo dessa mano<strong>br</strong>a. Sempre que o nagual prevalece,<<strong>br</strong> />

mesmo que seja apenas por um instante, não há meio de descrever<<strong>br</strong> />

a sensação que o corpo experimenta. 4:207<<strong>br</strong> />

O olhar no olho direito não é fixo. É, antes, apoderar-se à força por<<strong>br</strong> />

meio do olho <strong>da</strong> outra pessoa. Em outras palavras, a gente agarra<<strong>br</strong> />

alguma coisa que está atrás do olho. Tem-se a sensação física<<strong>br</strong> />

real de que se está segurando alguma coisa <strong>com</strong>a vontade. 4:208<<strong>br</strong> />

Não há meio de descrever exatamente o que se faz. Alguma coisa<<strong>br</strong> />

estala de algum lugar abaixo do estômago; essa coisa tem direção<<strong>br</strong> />

e pode ser focaliza<strong>da</strong> so<strong>br</strong>e qualquer ponto. 4:208<<strong>br</strong> />

200


Só funciona quando o guerreiro aprende a focalizar sua vontade. Não<<strong>br</strong> />

há meio de praticar isso, e portanto não re<strong>com</strong>endo nem encorajo<<strong>br</strong> />

a sua utilização. Num <strong>da</strong>do momento na vi<strong>da</strong> de um guerreiro,<<strong>br</strong> />

simplesmente acontece. Ninguém sabe <strong>com</strong>o. 4:208<<strong>br</strong> />

O segredo está no olho esquerdo. À medi<strong>da</strong> que o guerreiro progride<<strong>br</strong> />

no caminho do conhecimento, seu olho esquerdo pode agarrar<<strong>br</strong> />

qualquer coisa. Geralmente, o olho esquerdo do guerreiro tem<<strong>br</strong> />

um aspecto estranho; às vezes, fica permanentemente vesgo, ou<<strong>br</strong> />

menor do que o outro, ou maior, diferente, de algum modo. 4:208<<strong>br</strong> />

Sempre olhe para [a pessoa] que está envolvi<strong>da</strong> <strong>com</strong> você numa disputa,<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> um puxando a cor<strong>da</strong> por uma ponta. Não puxe a cor<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

simplesmente; olhe para cima e olhe nos seus olhos. Você saberá<<strong>br</strong> />

então que [ela é uma pessoa], assim <strong>com</strong>o você. Não importa o<<strong>br</strong> />

que [ela] disser, não importa o que fizer, estará tremendo nas<<strong>br</strong> />

bases, assim <strong>com</strong>o você. Uma olha<strong>da</strong> dessas leva o oponente a<<strong>br</strong> />

ficar indefeso, mesmo que por um instante; aí você dá o golpe.<<strong>br</strong> />

12:152<<strong>br</strong> />

10.1.8 A MANEIRA CERTA DE ANDAR<<strong>br</strong> />

A fim de parar a visão do mundo [manti<strong>da</strong> pelo diálogo interno], que<<strong>br</strong> />

a pessoa tem desde o berço, não basta apenas desejar, ou tomar<<strong>br</strong> />

uma resolução. É preciso haver uma tarefa prática: essa tarefa<<strong>br</strong> />

prática chama-se o modo certo de an<strong>da</strong>r. Parece inofensivo e uma<<strong>br</strong> />

tolice. Como to<strong>da</strong>s as coisas que possuem poder em si e por si, a<<strong>br</strong> />

maneira certa de an<strong>da</strong>r não chama a atenção. 4:209<<strong>br</strong> />

A maneira certa de an<strong>da</strong>r é um subterfúgio. O guerreiro, primeiro curvando os<<strong>br</strong> />

dedos, chama a atenção para seus <strong>br</strong>aços; e depois, olhando sem focalizar os olhos<<strong>br</strong> />

para algum ponto diretamente em frente dele, no arco que <strong>com</strong>eça nas pontas de seus<<strong>br</strong> />

pés e termina acima do horizonte, ele praticamente inun<strong>da</strong> o seu tonal de informações.<<strong>br</strong> />

O tonal, sem seu relacionamento de um-a-um <strong>com</strong> os elementos de sua descrição, é<<strong>br</strong> />

incapaz de falar consigo mesmo, e assim a pessoa se cala. 4:209<<strong>br</strong> />

A posição dos dedos não importa de todo. A única consideração é chamar a<<strong>br</strong> />

atenção para os <strong>br</strong>aços colocando os dedos de vários modos fora do <strong>com</strong>um. O importante<<strong>br</strong> />

é a maneira <strong>com</strong>o os olhos, ficando fora de foco, percebem uma porção de características<<strong>br</strong> />

do mundo, sem estarem muito claros quanto a elas. Os olhos nesse estado<<strong>br</strong> />

são capazes de perceber os detalhes, passageiros demais para a visão normal. 4:209<<strong>br</strong> />

Se a pessoa conserva os olhos não focalizados num ponto logo acima do horizonte,<<strong>br</strong> />

é possível observar, de uma só vez, tudo no campo de visão de quase 180 graus<<strong>br</strong> />

diante dos olhos. Este exercício é o único meio de impedir o diálogo interno. 4:20<<strong>br</strong> />

201


10.1.8.1 CAMINHAR NO ESCURO<<strong>br</strong> />

O passo do poder é para correr de noite [– uma maneira especial de<<strong>br</strong> />

caminhar no escuro]. 3:162<<strong>br</strong> />

[O tronco deve estar ligeiramente inclinado para a frente] mas a espinha deve<<strong>br</strong> />

permanecer reta. Os joelhos, também, [devem postar-se] ligeiramente do<strong>br</strong>ados. 4:163<<strong>br</strong> />

Você deve primeiro enroscar os dedos contra as palmas <strong>da</strong>s mãos, esticando o<<strong>br</strong> />

polegar e o indicador de ca<strong>da</strong> mão. 3:164 [Enquanto caminha, deve] levantar os joelhos<<strong>br</strong> />

até o peito ca<strong>da</strong> vez que dá um passo. O passo do poder é inteiramente seguro. 3:163<<strong>br</strong> />

De noite, o mundo é diferente, e a capaci<strong>da</strong>de de correr no escuro na<strong>da</strong> tem a<<strong>br</strong> />

ver <strong>com</strong> o conhecimento [do trecho]. A chave para isso é deixar o poder pessoal correr<<strong>br</strong> />

livremente, para poder fundir-se <strong>com</strong> o poder <strong>da</strong> noite, e uma vez que o poder tome<<strong>br</strong> />

conta, não há hipótese de deslize. 3:163<<strong>br</strong> />

Você sabe muito bem que se pode sempre ver razoavelmente, por mais escura<<strong>br</strong> />

que seja a noite, se não focalizar os olhos em na<strong>da</strong> e ficar examinando o chão bem de<<strong>br</strong> />

fronte. O passo do poder é semelhante a procurar um lugar para descansar. Ambos<<strong>br</strong> />

exigem um sentido de abandono e de confiança. 4:164<<strong>br</strong> />

O passo do poder exige que a pessoa fique <strong>com</strong> os olhos gru<strong>da</strong>dos no chão,<<strong>br</strong> />

diretamente em frente, pois o menor olhar para o lado acarreta uma alteração no fluxo<<strong>br</strong> />

do movimento. Inclinar o tronco para a frente é necessário a fim de baixar a vista, e o<<strong>br</strong> />

motivo para levantar os joelhos até o peito é que os passos têm de ser muito curtos e<<strong>br</strong> />

seguros. [A princípio, haverá tropeços, mas] <strong>com</strong> a prática você poderá correr tão<<strong>br</strong> />

depressa e em segurança quanto de dia. 3:164<<strong>br</strong> />

O grau de concentração necessário para ficar examinando a área defronte tem<<strong>br</strong> />

de ser total. Qualquer olhar para o lado ou muito para a frente altera o fluxo. 3:165<<strong>br</strong> />

10.1.9 POEMAS NA ESPREITA DE SI MESMO<<strong>br</strong> />

A idéia <strong>da</strong> morte é a única coisa que pode <strong>da</strong>r coragem aos feiticeiros.<<strong>br</strong> />

Estranho, não é? Dá aos feiticeiros a coragem de serem atenciosos<<strong>br</strong> />

sem serem vaidosos, e acima de tudo dá-lhes a coragem<<strong>br</strong> />

de serem implacáveis sem serem convencidos. 8:116<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros espreitam a si mesmos para que<strong>br</strong>ar o poder de suas<<strong>br</strong> />

objeções. Há muitas maneiras de espreitar a si mesmo. Se não<<strong>br</strong> />

deseja usar a idéia <strong>da</strong> morte, use os poemas.<<strong>br</strong> />

[Provoque] um choque em si mesmo <strong>com</strong> eles. [Leia ou escute enquanto]<<strong>br</strong> />

cala seu diálogo interno e deixa o silêncio interior ganhar<<strong>br</strong> />

202


impulso. Assim a <strong>com</strong>binação do poema e do silêncio desfecha o<<strong>br</strong> />

choque. 8:116 Esse impuxo, esse choque de beleza, é espreitar. 3:118<<strong>br</strong> />

Um poema tem de ser <strong>com</strong>pacto, de preferência curto. E tem de ser criado [ou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>posto] de imagens precisas e pungentes, de grande simplici<strong>da</strong>de. 6:37<<strong>br</strong> />

Os poetas inconscientemente anseiam pelo mundo dos feiticeiros. Por não<<strong>br</strong> />

serem feiticeiros no caminho do conhecimento, os anseios são tudo o que têm. 8:116<<strong>br</strong> />

10.1.10 O IMPULSO DA TERRA<<strong>br</strong> />

Tenho falado so<strong>br</strong>e as grandes descobertas que os antigos videntes<<strong>br</strong> />

fizeram. Assim <strong>com</strong>o desco<strong>br</strong>iram que a vi<strong>da</strong> orgânica não é a<<strong>br</strong> />

única vi<strong>da</strong> presente na Terra, também desco<strong>br</strong>iram que a própria<<strong>br</strong> />

Terra é um ser vivo. 7:193<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes viram que a Terra tem um casulo. Viram que existe<<strong>br</strong> />

uma bola circun<strong>da</strong>ndo a Terra, um casulo luminoso que contém<<strong>br</strong> />

as emanações <strong>da</strong> Águia. A Terra é um gigantesco ser consciente,<<strong>br</strong> />

sujeito às mesmas forças que nós. 7:193<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes, ao desco<strong>br</strong>irem isso, ficaram imediatamente interessados no<<strong>br</strong> />

uso prático que poderiam fazer desses conhecimentos. O resultado do seu interesse foi<<strong>br</strong> />

que as categorias mais elabora<strong>da</strong>s de suas feitiçarias tinham a ver <strong>com</strong> a Terra. Consideravam<<strong>br</strong> />

a Terra <strong>com</strong>o fonte última de tudo que somos. 7:193 [E] os antigos videntes não estavam<<strong>br</strong> />

enganados a esse respeito, porque a Terra é <strong>com</strong> efeito nossa fonte última. 7:194<<strong>br</strong> />

Foram os antigos videntes que, ao desco<strong>br</strong>irem que a percepção é<<strong>br</strong> />

alinhamento, tropeçaram em algo monumental. A parte triste é<<strong>br</strong> />

que suas aberrações impediram novamente que soubessem o que<<strong>br</strong> />

haviam realizado. 7:194<<strong>br</strong> />

A chave mágica que a<strong>br</strong>e as portas <strong>da</strong> Terra é feita de silêncio interno<<strong>br</strong> />

e mais qualquer coisa que <strong>br</strong>ilhe. [O que se deve fazer é] simplesmente<<strong>br</strong> />

cortar o diálogo interno. 7:194<<strong>br</strong> />

A chave de tudo é o conhecimento em primeira mão de que a Terra é um ser<<strong>br</strong> />

consciente e, <strong>com</strong>o tal, pode <strong>da</strong>r aos guerreiros um grande impulso, um empurrão que<<strong>br</strong> />

vem <strong>da</strong> consciência <strong>da</strong> própria Terra no instante em que as emanações do interior dos<<strong>br</strong> />

casulos dos guerreiros alinham-se <strong>com</strong> as emanações apropria<strong>da</strong>s do interior do casulo<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Terra. Uma vez que tanto ela quanto o homem são seres conscientes, suas emanações<<strong>br</strong> />

coincidem, ou melhor, a Terra possui to<strong>da</strong>s emanações presentes no homem e,<<strong>br</strong> />

além disso, to<strong>da</strong>s as emanações presentes em todos os seres conscientes, orgânicos e<<strong>br</strong> />

inorgânicos. Quando ocorre o alinhamento, os seres conscientes usam este alinhamento<<strong>br</strong> />

de um modo limitado e percebem seu mundo. Os guerreiros podem usar esse<<strong>br</strong> />

203


alinhamento para perceber, <strong>com</strong>o todos os demais, ou usá-lo <strong>com</strong>o um impulso que<<strong>br</strong> />

lhes permita entrar em mundos inimagináveis. 7:195<<strong>br</strong> />

O desconhecido não está realmente dentro do casulo do homem nas<<strong>br</strong> />

emanações intoca<strong>da</strong>s pela consciência e, no entanto, de certo<<strong>br</strong> />

modo, está lá. Esse é o ponto que você não <strong>com</strong>preendeu. Quando<<strong>br</strong> />

lhe disse que podemos aglutinar sete mundos além do que<<strong>br</strong> />

conhecemos, você entendeu que isto é algo interno, porque tende<<strong>br</strong> />

a acreditar que está apenas imaginando tudo o que faz. 7:196<<strong>br</strong> />

As emanações presentes dentro do casulo do homem só estão ali para a consciência,<<strong>br</strong> />

e a consciência <strong>com</strong>bina aquelas emanações <strong>com</strong> uma quanti<strong>da</strong>de igual de<<strong>br</strong> />

emanações livres. Estas se chamam emanações livres porque são imensas; e dizer que<<strong>br</strong> />

dentro do casulo <strong>da</strong> Terra está o desconhecido, é dizer que dentro do casulo do homem<<strong>br</strong> />

está o incognoscível. Entretanto, no interior do casulo <strong>da</strong> Terra também está o<<strong>br</strong> />

desconhecido, e dentro do casulo do homem o desconhecido são as emanações intoca<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

pela consciência. Quando o <strong>br</strong>ilho <strong>da</strong> consciência as toca, tornam-se ativas e podem<<strong>br</strong> />

ser alinha<strong>da</strong>s <strong>com</strong> as emanações livres correspondentes. Quando isso acontece, o<<strong>br</strong> />

desconhecido é percebido e torna-se conhecido. 7:196<<strong>br</strong> />

Quando o ponto de aglutinação do homem se desloca além de um<<strong>br</strong> />

limite crucial, os resultados são sempre os mesmos para qualquer<<strong>br</strong> />

homem. As técnicas para fazê-lo deslocar-se podem ser muito<<strong>br</strong> />

diferentes, mas os resultados são sempre os mesmos, ou seja: o<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação aglomera outros mundos, auxiliado pelo<<strong>br</strong> />

impulso <strong>da</strong> Terra. 7:202<<strong>br</strong> />

A dificul<strong>da</strong>de para o homem médio é o diálogo interno. A pessoa só<<strong>br</strong> />

pode usar o impulso quando atinge um estado de silêncio total. 7:202<<strong>br</strong> />

A rapidez do impulso irá dissolver tudo em você. Sob seu impacto,<<strong>br</strong> />

tornamo-nos na<strong>da</strong>. Veloci<strong>da</strong>de e sentido de existência individual<<strong>br</strong> />

não <strong>com</strong>binam. 7:202<<strong>br</strong> />

Há uma coisa que você ain<strong>da</strong> não <strong>com</strong>preendeu so<strong>br</strong>e a Terra ser um<<strong>br</strong> />

ser consciente. 7:202 Nós, seres vivos, somos percebedores. E percebemos<<strong>br</strong> />

porque algumas emanações do interior do casulo do homem<<strong>br</strong> />

se alinham <strong>com</strong> algumas emanações de fora. O alinhamento, portanto,<<strong>br</strong> />

é a passagem secreta, e o impulso <strong>da</strong> Terra é a chave. 7:203<<strong>br</strong> />

O alinhamento deve ser um ato muito pacífico, imperceptível. Na<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de sair voando, na<strong>da</strong> de espetacular. 7:204<<strong>br</strong> />

Quando o ponto de aglutinação aglomera um mundo, esse mundo é<<strong>br</strong> />

total. Esta é a maravilha em que os antigos videntes tropeçaram sem<<strong>br</strong> />

nunca perceber o que fosse: a consciência <strong>da</strong> Terra pode <strong>da</strong>r-nos<<strong>br</strong> />

um impulso para alinhar outras grandes faixas de emanações, e a<<strong>br</strong> />

força desse novo alinhamento faz o mundo desaparecer.<<strong>br</strong> />

204


To<strong>da</strong>s as vezes que os antigos videntes realizavam um novo alinhamento,<<strong>br</strong> />

acreditavam ter descido às profundezas abaixo ou subido<<strong>br</strong> />

céus acima. Nunca souberam que o mundo desaparece no<<strong>br</strong> />

ar quando um novo alinhamento total nos faz perceber outro<<strong>br</strong> />

mundo total. 7:205<<strong>br</strong> />

10.2 UMA FORMA DE LUTA<<strong>br</strong> />

A posição de luta é na ver<strong>da</strong>de uma precaução. É uma posição do corpo específica<<strong>br</strong> />

a ser manti<strong>da</strong> enquanto [o guerreiro permanecer no seu sítio benéfico]. Consiste<<strong>br</strong> />

em bater <strong>com</strong> a mão na barriga <strong>da</strong> perna e coxa direitas, e bater o pé esquerdo, numa<<strong>br</strong> />

espécie de <strong>da</strong>nça [que deve ser] executa<strong>da</strong> enquanto se olha para o atacante. 1:188<<strong>br</strong> />

A posição só deve ser adota<strong>da</strong> nos momentos de crise extrema, mas enquanto<<strong>br</strong> />

não houver perigo à vista, você deve simplesmente ficar sentado em seu ponto. Mas,<<strong>br</strong> />

em circunstâncias de grande perigo pode recorrer a último meio de defesa – atirar um<<strong>br</strong> />

objeto [de poder] so<strong>br</strong>e o inimigo. 1:1889<<strong>br</strong> />

10.2.1 O BRADO DE GUERRA<<strong>br</strong> />

[Em geral, a pessoa atira um objeto de poder que caiba na palma <strong>da</strong> mão<<strong>br</strong> />

direita e possa ser segurado <strong>com</strong> o polegar.] Esta técnica só deve ser usa<strong>da</strong> se a<<strong>br</strong> />

pessoa estiver indubitavelmente em perigo de perder a vi<strong>da</strong>. O lançamento do objeto<<strong>br</strong> />

tem de ser a<strong>com</strong>panhado por um <strong>br</strong>ado de guerra, um grito que tem a proprie<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

dirigir o objeto a seu alvo. Tenha cui<strong>da</strong>do e propósito no grito e não o use à-toa, mas<<strong>br</strong> />

somente sob graves condições de serie<strong>da</strong>de. 1:1889<<strong>br</strong> />

O grito ou <strong>br</strong>ado de guerra é uma coisa que fica <strong>com</strong> a pessoa por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>; e,<<strong>br</strong> />

assim, tem de ser bom desde o princípio. E o único meio de o aprender corretamente é<<strong>br</strong> />

conter o medo inicial e a pressa, até a pessoa estar cheia do poder, e então o grito estourará<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> direção e poder. São essas as condições de serie<strong>da</strong>de para <strong>da</strong>r o grito. 1:1889<<strong>br</strong> />

[O poder que deve encher a gente antes do grito] é uma coisa que percorre o<<strong>br</strong> />

corpo, vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra onde a pessoa estiver; é uma espécie de poder que emana do<<strong>br</strong> />

ponto benéfico, para ser preciso. É uma força que impulsiona o grito. Se essa força for<<strong>br</strong> />

bem trata<strong>da</strong>, o <strong>br</strong>ado de guerra será perfeito. 1:188<<strong>br</strong> />

10.2.2 UMA POSTURA DE PODER<<strong>br</strong> />

É o lugar de sua última posição [a sua última <strong>da</strong>nça]. Você morrerá lá,<<strong>br</strong> />

não importa onde esteja. Todos os guerreiros têm um lugar onde<<strong>br</strong> />

morrer. Um lugar de sua predileção, encharcado de recor<strong>da</strong>ções ines-<<strong>br</strong> />

205


quecíveis, onde acontecimentos poderosos deixaram sua marca, um<<strong>br</strong> />

lugar em que ele presenciou maravilhas, onde os segredos lhe foram<<strong>br</strong> />

revelados, um lugar em que ele armazenou seu poder pessoal.<<strong>br</strong> />

Um guerreiro tem a o<strong>br</strong>igação de voltar àquele lugar de sua predileção<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> vez que toca o poder, a fim de armazená-lo lá. Ou ele<<strong>br</strong> />

vai lá caminhando ou sonhando.<<strong>br</strong> />

E, por fim, no dia em que termina seu prazo de esta<strong>da</strong> na Terra e<<strong>br</strong> />

ele sente o toque <strong>da</strong> morte em seu om<strong>br</strong>o esquerdo, seu espírito,<<strong>br</strong> />

que está sempre pronto, voa para o lugar de sua predileção e lá o<<strong>br</strong> />

guerreiro <strong>da</strong>nça até à sua morte.<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> guerreiro tem uma forma específica, uma postura de poder<<strong>br</strong> />

específica, que ele desenvolve durante sua vi<strong>da</strong>. É um tipo de<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>nça. Um movimento que ele executa sob a influência de seu<<strong>br</strong> />

poder pessoal.<<strong>br</strong> />

Se um guerreiro agonizante tem um poder limitado, sua <strong>da</strong>nça é<<strong>br</strong> />

curta; se seu poder for grandioso, sua <strong>da</strong>nça é magnífica. Mas,<<strong>br</strong> />

quer seu poder seja pequeno ou imenso, a morte tem de parar<<strong>br</strong> />

para assistir à sua última posição na terra. A morte não pode alcançar<<strong>br</strong> />

o guerreiro, que está contando a luta de sua vi<strong>da</strong> pela última<<strong>br</strong> />

vez, até ele terminar a <strong>da</strong>nça. 3:150<<strong>br</strong> />

10.2.3 FORÇAR A BARRIGA PARA BAIXO<<strong>br</strong> />

É uma técnica para ser usa<strong>da</strong> em momentos de grande perigo, medo ou tensão.<<strong>br</strong> />

Consiste em empurrar o diafragma para baixo enquanto se aspira quatro vezes depressa<<strong>br</strong> />

pela boca, seguindo-se quatro inspirações e expirações profun<strong>da</strong>s pelo nariz. 4:149<<strong>br</strong> />

As inspirações rápi<strong>da</strong>s têm de ser senti<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o choques no meio do corpo e,<<strong>br</strong> />

se se conservar as mãos bem aperta<strong>da</strong>s, co<strong>br</strong>indo o umbigo, <strong>da</strong>rá força à parte do<<strong>br</strong> />

meio do corpo, aju<strong>da</strong>ndo a controlar as inspirações rápi<strong>da</strong>s e as profun<strong>da</strong>s, que têm de<<strong>br</strong> />

ser presas enquanto se conta até oito, enquanto se empurra o diafragma para baixo.<<strong>br</strong> />

As expirações são feitas duas vezes pelo nariz e duas vezes pela boca, de modo lento<<strong>br</strong> />

ou acelerado, dependendo <strong>da</strong> preferência de ca<strong>da</strong> um. 4:149<<strong>br</strong> />

10.3 A DESTREZA FÍSICA E O BEM-ESTAR MENTAL<<strong>br</strong> />

Os [feiticeiros] não são espirituais. São seres muito práticos. Mas é ver<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

que em geral são considerados excêntricos e até mesmo<<strong>br</strong> />

insanos. Talvez seja por isso que você pense que eles são espirituais.<<strong>br</strong> />

Parecem insanos porque estão sempre tentando explicar coisas<<strong>br</strong> />

que não podem ser explica<strong>da</strong>s. Na vã tentativa de <strong>da</strong>r explicações<<strong>br</strong> />

satisfatórias, que não podem ser satisfeitas sob qualquer circunstância,<<strong>br</strong> />

perdem to<strong>da</strong> a coerência e dizem insani<strong>da</strong>des. 10:14<<strong>br</strong> />

206


Se você quer destreza física e sensatez, precisa de um corpo flexível.<<strong>br</strong> />

Esses são os dois aspectos mais importantes na vi<strong>da</strong> dos [feiticeiros],<<strong>br</strong> />

porque trazem so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de e pragmatismo: os únicos requisitos<<strong>br</strong> />

indispensáveis para entrar em outros domínios de percepção.<<strong>br</strong> />

Navegar de uma maneira genuína no desconhecido, requer<<strong>br</strong> />

uma atitude de ousadia, mas não de imprudência. Para estabelecer<<strong>br</strong> />

um equilí<strong>br</strong>io entre a audácia e a imprudência, um feiticeiro<<strong>br</strong> />

precisa ser extremamente só<strong>br</strong>io, cauteloso, habilidoso e estar<<strong>br</strong> />

em excelente condição física. 10:14<<strong>br</strong> />

[Numa vi<strong>da</strong> medíocre, o desejo ou a vontade de viajar no desconhecido<<strong>br</strong> />

não é suficiente.] Só a idéia de enfrentar o desconhecido, que dirá<<strong>br</strong> />

entrar nele, requer vísceras de aço e um corpo capaz de a<strong>br</strong>igar essas<<strong>br</strong> />

vísceras. Que adiantaria ser dotado dessas vísceras se você não<<strong>br</strong> />

tiver agili<strong>da</strong>de mental, destreza física e músculos adequados? 10:14<<strong>br</strong> />

A excelente condição física é, ao que tudo indica, o primeiro passo para a<<strong>br</strong> />

redistribuição <strong>da</strong> nossa energia inerente. Essa redistribuição de energia é o aspecto<<strong>br</strong> />

mais importante na vi<strong>da</strong> dos [feiticeiros], bem <strong>com</strong>o na vi<strong>da</strong> de qualquer indivíduo. A<<strong>br</strong> />

redistribuição de energia é um processo que consiste em transportar, de um lugar<<strong>br</strong> />

para outro, a energia que já existe dentro de nós. Essa energia foi desloca<strong>da</strong> dos<<strong>br</strong> />

centros de vitali<strong>da</strong>de do corpo, que dela precisam para produzir equilí<strong>br</strong>io entre a<<strong>br</strong> />

agili<strong>da</strong>de mental e a destreza física. 10:14<<strong>br</strong> />

Um ser humano percebido <strong>com</strong>o um conglomerado de campos de energia,<<strong>br</strong> />

é uma uni<strong>da</strong>de <strong>com</strong>pleta e lacra<strong>da</strong> na qual nenhuma energia<<strong>br</strong> />

pode ser injeta<strong>da</strong> e <strong>da</strong> qual nenhuma energia pode escapar. A sensação<<strong>br</strong> />

de perder energia, que todos nós experimentamos de vez em<<strong>br</strong> />

quando, é o resultado <strong>da</strong> energia sendo afugenta<strong>da</strong>, dispersa<strong>da</strong> dos<<strong>br</strong> />

cinco enormes centros naturais de vi<strong>da</strong> e vitali<strong>da</strong>de. Qualquer sensação<<strong>br</strong> />

de obtenção de energia é devi<strong>da</strong> à redistribuição <strong>da</strong> energia<<strong>br</strong> />

previamente dispersa<strong>da</strong> <strong>da</strong>queles centros, isto é, a energia é recoloca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

naqueles cinco centros de vi<strong>da</strong> e vitali<strong>da</strong>de. 10:103<<strong>br</strong> />

Conseqüentemente, a energia que existe dentro do conglomerado é tudo <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

que ca<strong>da</strong> indivíduo humano pode contar. 10:24<<strong>br</strong> />

10.3.1 OS PASSES MÁGICOS<<strong>br</strong> />

Eles foram descobertos pelos [antigos feiticeiros]. Tudo isso <strong>com</strong>eçou<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a extraordinária sensação de bem-estar que os [feiticeiros]<<strong>br</strong> />

experimentavam quando em estados de consciência intensifica<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Eles sentiam um vigor tão extraordinário e fascinante que<<strong>br</strong> />

lutavam para repeti-lo nas horas de vigília.<<strong>br</strong> />

A princípio, os [feiticeiros antigos] acreditavam que isso era uma<<strong>br</strong> />

disposição de bem-estar que a consciência intensifica<strong>da</strong> criava.<<strong>br</strong> />

207


Logo desco<strong>br</strong>iram que nem todos os estados de consciência intensifica<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

produziam a mesma sensação de bem-estar. Um exame<<strong>br</strong> />

mais cui<strong>da</strong>doso revelou-lhes que, sempre que a sensação de<<strong>br</strong> />

bem-estar ocorria, eles tinham estado envolvidos em algum tipo<<strong>br</strong> />

específico de movimento corporal. Perceberam que, enquanto<<strong>br</strong> />

estavam em estados de consciência intensifica<strong>da</strong>, seus corpos se<<strong>br</strong> />

movimentavam involuntariamente de determina<strong>da</strong>s maneiras e<<strong>br</strong> />

que isso era de fato a causa <strong>da</strong> sensação in<strong>com</strong>um de plenitude<<strong>br</strong> />

física e mental. 10:20-21<<strong>br</strong> />

Os movimentos que os corpos dos [feiticeiros antigos] executavam automaticamente<<strong>br</strong> />

em consciência intensifica<strong>da</strong> eram uma espécie de herança oculta <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

algo que tinha sido profun<strong>da</strong>mente armazenado para ser revelado apenas àqueles<<strong>br</strong> />

que estivessem procurando por ele. Os feiticeiros [antigos eram <strong>com</strong>o] mergulhadores<<strong>br</strong> />

de águas profun<strong>da</strong>s que, sem o saberem, recuperaram aquela herança. 10:21<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros <strong>com</strong>eçaram arduamente a reunir os movimentos de que se lem<strong>br</strong>avam.<<strong>br</strong> />

Seus esforços valeram a pena. Foram capazes de recriar movimentos que lhes<<strong>br</strong> />

tinham parecido reações automáticas do corpo num estado de consciência intensifica<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Encorajados pelo sucesso, foram capazes de recriar centenas de movimentos sem<<strong>br</strong> />

no entanto alojá-los num esquema <strong>com</strong>preensível. A idéia deles era que, em consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>, os movimentos aconteciam espontaneamente e que havia uma força<<strong>br</strong> />

que guiava o efeito dos movimentos sem a intervenção <strong>da</strong> vontade deles. 10:21<<strong>br</strong> />

[Esses movimentos] não eram apenas chamados de passes mágicos;<<strong>br</strong> />

eles eram mágicos! Produziam um efeito que não pode ser descrito<<strong>br</strong> />

através de explicações <strong>com</strong>uns. Esses movimentos não são<<strong>br</strong> />

exercícios físicos ou meras posturas do corpo; são tentativas reais<<strong>br</strong> />

de alcançar um estado mais favorável de ser.<<strong>br</strong> />

A magia dos movimentos é uma mu<strong>da</strong>nça sutil que o praticante<<strong>br</strong> />

experimenta ao executá-los. É uma quali<strong>da</strong>de efêmera que o movimento<<strong>br</strong> />

traz para os seus estados físico e mental, uma espécie de<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilho, uma luz nos olhos. Essa mu<strong>da</strong>nça sutil é um toque do espírito,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se através dos movimentos o praticante restabelecesse<<strong>br</strong> />

uma ligação não utiliza<strong>da</strong> <strong>com</strong> a força vital que os sustenta. 10:22<<strong>br</strong> />

Outra razão para os movimentos serem chamados de passes mágicos é que,<<strong>br</strong> />

praticando-os, os [feiticeiros] são transportados, em termos de percepção, para outros<<strong>br</strong> />

estados em que podem sentir o mundo de uma maneira indescritível. 10:22<<strong>br</strong> />

Devido a essa quali<strong>da</strong>de, a essa magia, os passes devem ser praticados<<strong>br</strong> />

não <strong>com</strong>o exercícios, mas <strong>com</strong>o uma maneira de chamar o<<strong>br</strong> />

poder <strong>com</strong> um gesto. 10:22<<strong>br</strong> />

208


Você pode praticá-los <strong>da</strong> maneira que desejar.* Os passes mágicos intensificam<<strong>br</strong> />

a consciência, independentemente <strong>da</strong> idéia que você faça<<strong>br</strong> />

deles. O mais inteligente seria apenas aceitar que a prática dos passes<<strong>br</strong> />

mágicos leva o praticante a deixar cair a máscara <strong>da</strong> socialização<<strong>br</strong> />

– o verniz que todos nós defendemos e pelo qual morremos. O verniz<<strong>br</strong> />

que adquirimos no mundo. O que nos impede de alcançar todo o<<strong>br</strong> />

nosso potencial. O que nos faz acreditar que somos imortais.<<strong>br</strong> />

A intenção de milhares de feiticeiros permeia esses movimentos.<<strong>br</strong> />

Executá-los, mesmo de uma maneira casual, faz a mente chegar a<<strong>br</strong> />

uma pausa. 10:22<<strong>br</strong> />

10.3.2 CHEGAR A UMA PAUSA<<strong>br</strong> />

Tudo o que fazemos no mundo reconhecemos e identificamos convertendo<<strong>br</strong> />

em linhas de semelhança, linha de coisas que estão associa<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

de propósito. Por exemplo, se eu lhe digo garfo, isso<<strong>br</strong> />

imediatamente traz à sua mente a idéia de colher, faca, toalha de<<strong>br</strong> />

mesa, guar<strong>da</strong>napo, prato, xícara e pires, copo de vinho, carne,<<strong>br</strong> />

banquete, aniversário, festa. Você poderia continuar nomeando<<strong>br</strong> />

tais coisas indefini<strong>da</strong>mente. Tudo o que fazemos está assim associado.<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, o estranho é que eles vêem que to<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

essas linhas de afini<strong>da</strong>de, to<strong>da</strong>s estas linhas de coisas associa<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

de propósito, ligam-se à idéia do homem de que as coisas são<<strong>br</strong> />

imutáveis e eternas, <strong>com</strong>o a palavra de Deus. 10:23<<strong>br</strong> />

Parece que em nossas mentes todo o universo é <strong>com</strong>o a palavra de<<strong>br</strong> />

Deus: absoluta e imutável. Essa é a maneira <strong>com</strong>o nos conduzimos.<<strong>br</strong> />

No mais profundo de nossas mentes existe um dispositivo restritivo<<strong>br</strong> />

que não nos permite parar para examinar que a palavra de Deus,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a aceitamos e acreditamos que ela seja, diz respeito a um<<strong>br</strong> />

mundo morto. Por outro lado, um mundo vivo está em constante<<strong>br</strong> />

fluxo. Ele se movimenta. Ele se altera <strong>com</strong>pletamente. 10:23<<strong>br</strong> />

A razão mais abstrata pela qual os passes mágicos dos feiticeiros <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

minha linhagem são mágicos é que, praticando-os, o corpo do<<strong>br</strong> />

praticante <strong>com</strong>preende que tudo, em vez de ser uma série contínua<<strong>br</strong> />

de objetos que tem afini<strong>da</strong>de entre si, é uma corrente, um<<strong>br</strong> />

fluxo. E se tudo no universo é um fluxo, uma corrente, aquela<<strong>br</strong> />

corrente pode ser deti<strong>da</strong>. Pode-se represá-la e, assim, o seu fluxo<<strong>br</strong> />

pode ser detido ou desviado. 10:23<<strong>br</strong> />

* Nota do <strong>com</strong>pilador: Existem alguns grupos especiais de passes mágicos que devem ser praticados<<strong>br</strong> />

regularmente por aqueles que ingressaram no mundo dos videntes-feiticeiros, guerreiros ou caçadores<<strong>br</strong> />

do poder. Eles estão descritos no livro Passes Mágicos, de Carlos Castañe<strong>da</strong> (Rio de Janeiro: Ed.<<strong>br</strong> />

Record, Nova Era, 1998): A Série do Aquecimento (para despertar, <strong>com</strong>binar e movimentar a energia<<strong>br</strong> />

dos corpos esquerdo e direito); A Série <strong>da</strong> Masculini<strong>da</strong>de (para harmonizar e estabilizar a energia do<<strong>br</strong> />

tendão), que também pode ser pratica<strong>da</strong> por mulheres; e A Série para o Útero (para despertar as<<strong>br</strong> />

funções secundárias do útero e dos ovários na percepção), só para mulheres, <strong>com</strong>o regra geral.<<strong>br</strong> />

209


Os feiticeiros de minha linhagem ficaram chocados quase até a morte<<strong>br</strong> />

ao <strong>com</strong>preenderem que a prática dos seus passes mágicos ocasionavam<<strong>br</strong> />

a para<strong>da</strong> do, de outra maneira, ininterrupto fluxo <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

coisas. Construíram uma série de metáforas para descrever essa<<strong>br</strong> />

para<strong>da</strong> e, no esforço para explicar isso ou para reconsiderá-lo,<<strong>br</strong> />

fizeram confusão. Escorregaram para o ritual e a cerimônia. Começaram<<strong>br</strong> />

a encenar o ato <strong>da</strong> para<strong>da</strong> do fluxo <strong>da</strong>s coisas. Acreditavam<<strong>br</strong> />

que, se determina<strong>da</strong>s cerimônias e rituais estivessem concentrados<<strong>br</strong> />

em um aspecto definido dos seus passes mágicos, os<<strong>br</strong> />

próprios passes mágicos poderiam atrair o resultado específico.<<strong>br</strong> />

Rapi<strong>da</strong>mente, a quanti<strong>da</strong>de e a <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>de dos seus rituais e<<strong>br</strong> />

cerimônias se tornaram mais <strong>com</strong>plicados do que a quanti<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

dos seus passes mágicos. 10:23-24<<strong>br</strong> />

É muito importante concentrar a atenção em algum aspecto definido<<strong>br</strong> />

dos passes mágicos. Entretanto, essa fixação deve ser leve, diverti<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

destituí<strong>da</strong> de morbidez e severi<strong>da</strong>de. Deve ser feita por<<strong>br</strong> />

ela própria, sem realmente esperar retornos. 10:24<<strong>br</strong> />

10.3.3 A ENERGIA DISPERSADA<<strong>br</strong> />

A tendência natural dos seres humanos é afastar a energia dos centros<<strong>br</strong> />

de vitali<strong>da</strong>de. 10:25<<strong>br</strong> />

[Os seres humanos afastam essa energia] preocupando-se. Sucumbindo<<strong>br</strong> />

à tensão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. A coação <strong>da</strong>s ações diárias co<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

o seu preço ao corpo. 10:25<<strong>br</strong> />

[Essa energia] se junta na periferia <strong>da</strong> bola luminosa [ou ovo luminoso]*,<<strong>br</strong> />

às vezes ao ponto de formar um sedimento grosso <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma casca. Os passes mágicos estão relacionados <strong>com</strong> o ser total,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um corpo físico e <strong>com</strong>o um conglomerado de campos<<strong>br</strong> />

de energia. Eles agitam a energia acumula<strong>da</strong> na bola luminosa e a<<strong>br</strong> />

devolvem para o próprio corpo físico. Os passes mágicos envolvem<<strong>br</strong> />

tanto o próprio corpo <strong>com</strong>o enti<strong>da</strong>de física que sofre a dispersão<<strong>br</strong> />

de energia quanto o corpo <strong>com</strong>o uma enti<strong>da</strong>de energética<<strong>br</strong> />

que é capaz de redistribuir aquela energia dispersa<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Ter energia na periferia <strong>da</strong> bola luminosa, energia que não está<<strong>br</strong> />

sendo redistribuí<strong>da</strong>, é tão inútil quanto não ter absolutamente<<strong>br</strong> />

* Para um vidente o universo é <strong>com</strong>posto por uma quanti<strong>da</strong>de infinita de campos de energia. Estes aparecem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o filamentos luminosos que se projetam em to<strong>da</strong>s as direções possíveis. Os filamentos atravessam<<strong>br</strong> />

em linhas cruza<strong>da</strong>s as bolas luminosas que os seres humanos são, e é razoável assegurar que, se os seres<<strong>br</strong> />

humanos foram um dia formas oblongas <strong>com</strong>o ovos, eles eram muito mais altos do que uma bola. Conseqüentemente,<<strong>br</strong> />

os campos de energia que tocavam os seres humanos no topo do ovo luminoso não os<<strong>br</strong> />

estão tocando mais, agora que são bolas luminosas. Isso significa uma per<strong>da</strong> de massa energética, algo<<strong>br</strong> />

crucial quando se trata de reinvidicar [um] tesouro escondido: os passes mágicos. 10:22<<strong>br</strong> />

210


nenhuma energia. É realmente uma situação apavorante ter um<<strong>br</strong> />

excesso de energia estagna<strong>da</strong>, inacessível para qualquer propósito<<strong>br</strong> />

prático. É <strong>com</strong>o estar em um deserto morrendo de desidratação<<strong>br</strong> />

enquanto você carrega um tanque de água que não pode a<strong>br</strong>ir<<strong>br</strong> />

porque não tem nenhuma ferramenta. Naquele deserto, você não<<strong>br</strong> />

consegue nem sequer encontrar uma rocha para bater nele. 10:25<<strong>br</strong> />

To<strong>da</strong>s as vezes que executamos um passe mágico estamos de fato<<strong>br</strong> />

alterando as estruturas básicas dos nossos seres. A energia, que<<strong>br</strong> />

normalmente se transformou em casca, é libera<strong>da</strong> e <strong>com</strong>eça a<<strong>br</strong> />

entrar nos vórtices de vitali<strong>da</strong>de do corpo. Só através <strong>da</strong>quela<<strong>br</strong> />

energia recupera<strong>da</strong> podemos erguer uma represa, uma barreira<<strong>br</strong> />

para conter um fluxo que de outro modo não pode ser contido e<<strong>br</strong> />

é sempre nocivo. 10:26<<strong>br</strong> />

10.3.4 A ENERGIA DO TENDÃO<<strong>br</strong> />

Os [feiticeiros antigos] punham uma ênfase especial em uma força que eles<<strong>br</strong> />

chamavam de energia do tendão. Eles asseguravam que a energia vital se move ao<<strong>br</strong> />

longo do corpo através de um caminho exclusivo formado pelos tendões. 10:227<<strong>br</strong> />

Não tenho palavras para explicar a energia do tendão. Estou seguindo o<<strong>br</strong> />

caminho fácil <strong>da</strong> utilização. Ensinaram-me que isso é chamado de<<strong>br</strong> />

energia do tendão. Se eu não precisar ser específico em relação a<<strong>br</strong> />

isso, você entende o que é a energia do tendão, não é? 10:227<<strong>br</strong> />

Os antigos feiticeiros deram o nome de energia do tendão a uma corrente<<strong>br</strong> />

de energia que se movimenta ao longo de músculos profundos<<strong>br</strong> />

do pescoço para o peito, para os <strong>br</strong>aços e para a espinha.<<strong>br</strong> />

Ela atravessa o abdômen superior e inferior <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> caixa<<strong>br</strong> />

toráxica até a virilha e de lá vai para os dedos dos pés. 10:227<<strong>br</strong> />

[A energia do tendão] não inclui a cabeça. O que vem <strong>da</strong> cabeça é um<<strong>br</strong> />

tipo diferente de corrente energética; não é do que estou falando.<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s formidáveis realizações dos feiticeiros é que no final<<strong>br</strong> />

eles empurram para fora o que quer que exista no centro de energia<<strong>br</strong> />

no topo <strong>da</strong> cabeça e depois ancoram ali a energia do tendão<<strong>br</strong> />

do resto do seu corpo. Mas isso é um modelo de sucesso. No<<strong>br</strong> />

momento, o que temos à disposição, <strong>com</strong>o no seu caso, é a situação<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um <strong>da</strong> energia do tendão <strong>com</strong>eçando no pescoço, no<<strong>br</strong> />

local onde ele se une <strong>com</strong> a cabeça. Em alguns casos, a energia<<strong>br</strong> />

do tendão sobe até um ponto abaixo dos malares, mas nunca acima<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>quele ponto. 10:227-228<<strong>br</strong> />

Essa energia, que chamo de energia do tendão por falta de um nome<<strong>br</strong> />

melhor, é uma terrível necessi<strong>da</strong>de nas vi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>quelas pessoas<<strong>br</strong> />

que viajam no infinito ou desejam viajar nele. 10:228<<strong>br</strong> />

211


10.4 ORGANIZAR-SE PARA SONHAR<<strong>br</strong> />

10.4.1 ESCOLHER UM TEMA PARA SONHAR<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> guerreiro tem seu modo próprio de sonhar. Ca<strong>da</strong> modo é diferente.<<strong>br</strong> />

A única coisa que todos temos em <strong>com</strong>um é que fazemos<<strong>br</strong> />

truques para nos o<strong>br</strong>igar a abandonar a busca. O antídoto é insistir,<<strong>br</strong> />

apesar de todos os obstáculos e desapontamentos. 4:19<<strong>br</strong> />

A explicação dos feiticeiros para escolher um tema para sonhar é que<<strong>br</strong> />

o guerreiro escolhe o tema contendo proposita<strong>da</strong>mente uma imagem<<strong>br</strong> />

na mente, enquanto ele desliga seu diálogo interno. Em outras<<strong>br</strong> />

palavras, se ele é capaz de não conversar consigo mesmo<<strong>br</strong> />

por um momento e depois manter a imagem ou pensamento no<<strong>br</strong> />

que ele deseja ao sonhar, nem que seja apenas por um instante,<<strong>br</strong> />

então o tema desejado lhe virá. Estou certo de que você [já] fez<<strong>br</strong> />

isso, embora não tenha consciência do fato. 4:19<<strong>br</strong> />

10.4.2 ENCONTRAR AS MÃOS NO SONHO<<strong>br</strong> />

Os propósitos de sonhar são o controle e o poder. Vou lem<strong>br</strong>ar-lhe<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong>s técnicas que deve treinar.<<strong>br</strong> />

Primeiro, deve focalizar seu olhar so<strong>br</strong>e suas mãos, <strong>com</strong>o ponto<<strong>br</strong> />

de parti<strong>da</strong>. Depois, desvie o olhar para outras coisas e olhe para<<strong>br</strong> />

elas de relance. Focalize o olhar so<strong>br</strong>e o máximo de coisas que<<strong>br</strong> />

puder. Lem<strong>br</strong>e-se de que, se olhar só rapi<strong>da</strong>mente, as imagens<<strong>br</strong> />

não mu<strong>da</strong>m. Depois, volte a suas mãos.<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> vez que olhar para suas mãos, estará renovando o poder<<strong>br</strong> />

necessário para sonhar, de modo que, no princípio, não olhe para<<strong>br</strong> />

coisas demais. Quatro coisas bastam de ca<strong>da</strong> vez. Mais tarde,<<strong>br</strong> />

poderá aumentar o número até a<strong>br</strong>anger tudo o que quiser, mas,<<strong>br</strong> />

assim que as imagens <strong>com</strong>eçarem a mu<strong>da</strong>r e você sentir que está<<strong>br</strong> />

perdendo o controle, volte para suas mãos.<<strong>br</strong> />

Quando achar que pode olhar para as coisas indefini<strong>da</strong>mente, estará<<strong>br</strong> />

pronto para uma nova técnica. Vou-lhe ensinar essa nova técnica<<strong>br</strong> />

agora, mas espero que só a utilize quando estiver preparado. 3:115<<strong>br</strong> />

10.4.3 APRENDER A VIAJAR<<strong>br</strong> />

O passo seguinte em organizar-se para sonhar é aprender a viajar. Da<<strong>br</strong> />

mesma forma que aprendeu a olhar para suas mãos, pode o<strong>br</strong>igar-se<<strong>br</strong> />

a mover-se, a ir aos lugares. Primeiro, tem de estabelecer<<strong>br</strong> />

um lugar aonde queira ir. Escolha um lugar bem seu conhecido...<<strong>br</strong> />

depois, o<strong>br</strong>igue-se a ir lá.<<strong>br</strong> />

Essa técnica é muito difícil. Precisa desempenhar duas tarefas:<<strong>br</strong> />

tem de o<strong>br</strong>igar-se a ir ao local determinado; e depois, quando já<<strong>br</strong> />

212


tiver dominado essa técnica, tem de aprender a controlar o tempo<<strong>br</strong> />

exato de sua viagem. 3:115<<strong>br</strong> />

[Você] pode tentar sonhar enquanto cochila durante o dia, verificando se você<<strong>br</strong> />

consegue visualizar o lugar escolhido <strong>com</strong>o é na hora em que estiver sonhando. O que<<strong>br</strong> />

a pessoa experimenta sonhando tem de ser congruente <strong>com</strong> a hora do dia em que o<<strong>br</strong> />

sonhar se realiza; senão as visões que se podem ter não são sonhar e sim sonhos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>uns. Se estiver sonhando de noite, as visões do local devem ser <strong>da</strong> noite. 3:149<<strong>br</strong> />

Para se aju<strong>da</strong>r, deve escolher um objeto específico que pertence ao<<strong>br</strong> />

lugar aonde você quer ir e focalizar sua atenção nele, até ele ter<<strong>br</strong> />

um lugar em sua memória. É mais fácil viajar sonhando quando<<strong>br</strong> />

se pode focalizar num lugar de poder. Focalize sua atenção em<<strong>br</strong> />

qualquer objeto e depois encontre-o sonhando.<<strong>br</strong> />

Do objeto específico que você recor<strong>da</strong>r, deve voltar para as suas<<strong>br</strong> />

mãos e depois para outro objeto, e assim por diante. 3:149<<strong>br</strong> />

10.5 APAGAR A HISTÓRIA PESSOAL<<strong>br</strong> />

É melhor apagar to<strong>da</strong> a história pessoal porque isso nos deixaria livres<<strong>br</strong> />

dos pensamentos estorvantes dos outros. 3:29<<strong>br</strong> />

[Apagar a história pessoal é] acabar <strong>com</strong> ela. Primeiro, é preciso ter o<<strong>br</strong> />

desejo de largá-la. E depois é preciso passar a harmoniosamente<<strong>br</strong> />

cortá-la, pouco a pouco. 3:27<<strong>br</strong> />

Você tem de renovar sua história pessoal contando a seus pais, seus<<strong>br</strong> />

parentes e amigos tudo o que faz. Por outro lado, se não tiver<<strong>br</strong> />

história pessoal, não há necessi<strong>da</strong>de de explicações; ninguém fica<<strong>br</strong> />

zangado nem desiludido <strong>com</strong> seus atos. E, acima de tudo, ninguém<<strong>br</strong> />

o prende <strong>com</strong> seus pensamentos. 3:28<<strong>br</strong> />

Pouco a pouco, deve criar uma névoa em torno de si; deve apagar<<strong>br</strong> />

tudo em volta de si até que na<strong>da</strong> possa ser considerado coisa<<strong>br</strong> />

sabi<strong>da</strong>, até não haver na<strong>da</strong> de certo nem de real. Precisa <strong>com</strong>eçar<<strong>br</strong> />

a se apagar. 3:29<<strong>br</strong> />

Comece <strong>com</strong> coisas simples, assim <strong>com</strong>o não revelar o que você realmente<<strong>br</strong> />

faz. Depois, deve abandonar to<strong>da</strong>s as pessoas que o conheçam<<strong>br</strong> />

realmente bem. Assim, você construirá uma névoa em<<strong>br</strong> />

torno de si. 3:30<<strong>br</strong> />

Uma vez que o conheçam, você é coisa em que eles se fiam e,<<strong>br</strong> />

desse momento em diante, não poderá romper o fio dos pensamentos<<strong>br</strong> />

deles. Pessoalmente, gosto <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de total de ser desconhecido.<<strong>br</strong> />

Ninguém me conhece <strong>com</strong> certeza absoluta, <strong>com</strong>o as<<strong>br</strong> />

pessoas o conhecem, por exemplo. 3:30<<strong>br</strong> />

213


A circunstância de eu saber se sou ou não um índio yaqui [por exemplo]<<strong>br</strong> />

não torna isso história pessoal. Só quando outra pessoa sabe<<strong>br</strong> />

disso é que tal fato se torna história pessoal. 3:27<<strong>br</strong> />

As mentiras só são mentiras se você tem uma história pessoal. 3:30<<strong>br</strong> />

Quando a gente não tem história pessoal, na<strong>da</strong> do que se diga pode<<strong>br</strong> />

ser considerado uma mentira. O problema <strong>com</strong> você é que tem<<strong>br</strong> />

de explicar tudo a todo mundo, o<strong>br</strong>igatoriamente, e ao mesmo<<strong>br</strong> />

tempo você quer conservar a frescura, a novi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quilo que<<strong>br</strong> />

faz. Bem, <strong>com</strong>o não pode entusiasmar-se depois de explicar tudo<<strong>br</strong> />

o que faz, você mente para poder continuar. 3:31<<strong>br</strong> />

De agora em diante você deve simplesmente mostrar às pessoas o<<strong>br</strong> />

que quiser mostrar-lhes, porém sem nunca dizer exatamente <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

o fez. 3:31<<strong>br</strong> />

Como vê, nós só temos duas alternativas: ou consideramos tudo certo<<strong>br</strong> />

e real, ou não. Se adotarmos a primeira, acabamos caceteados<<strong>br</strong> />

mortalmente conosco e <strong>com</strong> o mundo. Se adotarmos a segun<strong>da</strong> e<<strong>br</strong> />

apagarmos a história pessoal, criamos uma névoa em volta de<<strong>br</strong> />

nós, um estado muito emocionante e misterioso, em que ninguém<<strong>br</strong> />

sabe de onde sairá o coelhinho, nem mesmo nós. 3:31<<strong>br</strong> />

Quando na<strong>da</strong> é certo, permanecemos alertas, sempre atentos. É<<strong>br</strong> />

mais emocionante não saber por trás de qual arbusto o coelhinho<<strong>br</strong> />

está escondido do que se <strong>com</strong>portar <strong>com</strong>o se a gente soubesse<<strong>br</strong> />

de tudo. 3:210<<strong>br</strong> />

10.6 A LIBERDADE TOTAL<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes desco<strong>br</strong>iram que é possível deslocar o ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

ao limite do conhecido e mantê-lo fixado ali num estado fun<strong>da</strong>mental de consciência<<strong>br</strong> />

intensifica<strong>da</strong>. Dessa posição, viram a possibili<strong>da</strong>de de lentamente deslocar seus pontos<<strong>br</strong> />

de aglutinação para outras posições permanentes além <strong>da</strong>quele limite – um feito<<strong>br</strong> />

estupendo, repleto de ousadia, mas desprovido de so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, pois nunca conseguiram<<strong>br</strong> />

refazer em sentido inverso o movimento de seus pontos de aglutinação, ou talvez<<strong>br</strong> />

nunca o tenham desejado. 7:278<<strong>br</strong> />

Os homens ousados, ante a escolha entre morrer no mundo cotidiano, e morrer<<strong>br</strong> />

em mundos desconhecidos, irão inevitavelmente optar pela segun<strong>da</strong> hipótese, que<<strong>br</strong> />

os novos videntes, <strong>com</strong>preendendo que seus predecessores haviam meramente escolhido<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>r o local de sua morte, chegaram à <strong>com</strong>preensão <strong>da</strong> futili<strong>da</strong>de de tudo<<strong>br</strong> />

aquilo; a futili<strong>da</strong>de de lutar para controlar seus semelhantes, a futili<strong>da</strong>de de aglomerar<<strong>br</strong> />

outros mundos e, acima de tudo, a futili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vai<strong>da</strong>de. 7:278<<strong>br</strong> />

214


Uma <strong>da</strong>s decisões mais felizes que os novos videntes tomaram foi nunca permitir<<strong>br</strong> />

que seus pontos de aglutinação se deslocassem permanentemente para qualquer<<strong>br</strong> />

posição que não fosse a <strong>da</strong> consciência intensifica<strong>da</strong>. A partir dessa decisão, resolveram<<strong>br</strong> />

realmente seu dilema de futili<strong>da</strong>de e desco<strong>br</strong>iram que a solução não está simplesmente<<strong>br</strong> />

em escolher um mundo alternativo no qual morrer, mas escolher a consciência<<strong>br</strong> />

total, a liber<strong>da</strong>de total. 7:278<<strong>br</strong> />

Ao escolher a liber<strong>da</strong>de total, os novos videntes involuntariamente continuaram<<strong>br</strong> />

a tradição de seus predecessores e tornaram-se a quintessência dos desafiantes<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> morte. 7:279<<strong>br</strong> />

Os novos videntes desco<strong>br</strong>iram que, se o ponto de aglutinação é levado a<<strong>br</strong> />

deslocar-se constantemente para os confins do desconhecido, mas trazido de volta a<<strong>br</strong> />

uma posição no limite do conhecido, quando é subitamente liberado ele se desloca<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um relâmpago através de todo o casulo do homem, alinhando to<strong>da</strong>s as emanações<<strong>br</strong> />

do interior do casulo de uma só vez. 7:279<<strong>br</strong> />

Os novos videntes ardem <strong>com</strong> a força do alinhamento, <strong>com</strong> a força<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> vontade, que transformam na força <strong>da</strong> intenção através de uma<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong> de impecabili<strong>da</strong>de. A intenção é o alinhamento de to<strong>da</strong>s as<<strong>br</strong> />

emanações ambarinas <strong>da</strong> consciência, de modo que é correto dizer<<strong>br</strong> />

que a liber<strong>da</strong>de total significa consciência total. 7:279<<strong>br</strong> />

A liber<strong>da</strong>de é o presente <strong>da</strong> Águia para o homem. Infelizmente, são<<strong>br</strong> />

muito poucos os homens que <strong>com</strong>preendem que tudo de que<<strong>br</strong> />

necessitamos para aceitar um presente tão magnífico é dispor de<<strong>br</strong> />

energia suficiente. Se é tudo de que necessitamos, então é evidente<<strong>br</strong> />

que devemos tornar-nos avaros de energia. 7:279<<strong>br</strong> />

O presente de liber<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Águia não é uma concessão, mas uma chance de<<strong>br</strong> />

ter chance. 6:148<<strong>br</strong> />

10.7 UMA CAMBALHOTA PARA O INCONCEBÍVEL<<strong>br</strong> />

Vou lhe contar algo fun<strong>da</strong>mental so<strong>br</strong>e os feiticeiros e seus atos de<<strong>br</strong> />

feitiçaria. Algo so<strong>br</strong>e a cambalhota de seu pensamento para o inconcebível.<<strong>br</strong> />

8:120<<strong>br</strong> />

Alguns feiticeiros são contadores de histórias. Contar histórias para eles não<<strong>br</strong> />

é apenas o batedor avançado que testa seus limites perceptíveis mas o seu caminho<<strong>br</strong> />

para a perfeição, para o poder, para o espírito. 8:120<<strong>br</strong> />

Mu<strong>da</strong>r o relato factual [<strong>da</strong> história de um herói ou personagem, por exemplo,<<strong>br</strong> />

pode ser] um instrumento psicológico, uma espécie de pensamento desejoso por par-<<strong>br</strong> />

215


te do feiticeiro contador de histórias. Ou talvez seja uma maneira pessoal, idiossincrática,<<strong>br</strong> />

de aliviar a frustração. 8:121<<strong>br</strong> />

Mas não é a questão de um feiticeiro contador de histórias. Todos<<strong>br</strong> />

eles o fazem. 8:121<<strong>br</strong> />

O feiticeiro contador de histórias que mu<strong>da</strong> o final do relato factual o<<strong>br</strong> />

faz sob a direção e sob os auspícios do espírito. Por conseguir<<strong>br</strong> />

manipular sua conexão alusiva <strong>com</strong> o intento, pode efetivamente<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>r as coisas. Sob os auspícios do espírito, este simples ato<<strong>br</strong> />

mergulha-o no próprio espírito. Ele deixa seu pensamento <strong>da</strong>r uma<<strong>br</strong> />

cambalhota para o inconcebível. 8:122<<strong>br</strong> />

Por ser o seu entendimento puro um batedor avançado testando<<strong>br</strong> />

a imensi<strong>da</strong>de lá fora, o feiticeiro contador de histórias sabe, sem<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>a de dúvi<strong>da</strong>, que em algum lugar, de algum modo, naquele<<strong>br</strong> />

infinito, neste exato momento o espírito desceu. [O ideal do herói]<<strong>br</strong> />

transcendeu sua pessoa. 8:122<<strong>br</strong> />

10.8 ESPREITAR A SI MESMO<<strong>br</strong> />

Os seres humanos são infinitamente mais <strong>com</strong>plexos e misteriosos<<strong>br</strong> />

que as nossas mais loucas fantasias. 8:166<<strong>br</strong> />

A experiência dos feiticeiros é tão bizarra que os feiticeiros a consideram<<strong>br</strong> />

um exercício intelectual, e usam-na para espreitar-se. Seu<<strong>br</strong> />

trunfo <strong>com</strong>o espreitadores, entretanto, é que permanecem agu<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

conscientes de que são os perceptores de que a percepção<<strong>br</strong> />

tem mais possibili<strong>da</strong>des do que a mente pode conceber. 8:232<<strong>br</strong> />

Para proteger-se <strong>da</strong>quela imensi<strong>da</strong>de, os feiticeiros aprendem a manter<<strong>br</strong> />

uma mistura perfeita de implacabili<strong>da</strong>de, astúcia, paciência e<<strong>br</strong> />

doçura. Essas quatro bases estão inexplicavelmente interliga<strong>da</strong>s.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros cultivam-nas intentando-as. Essas bases são, naturalmente,<<strong>br</strong> />

posições do ponto de aglutinação. 8:232<<strong>br</strong> />

Qualquer ato executado por qualquer feiticeiro é por definição governado por<<strong>br</strong> />

esses quatro princípios. Assim falando propriamente, ca<strong>da</strong> ação de ca<strong>da</strong> feiticeiro é<<strong>br</strong> />

delibera<strong>da</strong> em pensamento e realização, e tem a mistura específica dos quatro fun<strong>da</strong>mentos<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> espreita. 8:232<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros usam as quatro disposições <strong>da</strong> espreita <strong>com</strong>o guias.<<strong>br</strong> />

Trata-se de quatro estruturas mentais diferentes, quatro mesclas<<strong>br</strong> />

distintas de intensi<strong>da</strong>de que os feiticeiros podem usar para induzir<<strong>br</strong> />

seus pontos de aglutinação a se moverem a posições específicas.<<strong>br</strong> />

8:232<<strong>br</strong> />

Pense so<strong>br</strong>e os cernes [abstratos] básicos <strong>da</strong>s histórias de feitiçaria.<<strong>br</strong> />

Ou melhor, não pense a respeito deles, mas faça seu ponto de<<strong>br</strong> />

216


aglutinação se mover na direção do lugar do conhecimento silencioso.<<strong>br</strong> />

Mover o ponto de aglutinação é tudo, mas não significa<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong> se não for um movimento só<strong>br</strong>io e controlado. Portanto,<<strong>br</strong> />

feche a porta <strong>da</strong> auto-reflexão. Seja impecável e terá a energia<<strong>br</strong> />

para atingir o lugar do conhecimento silencioso. 8:251<<strong>br</strong> />

Os cernes abstratos se revelam extremamente devagar, avançando e<<strong>br</strong> />

recuando de modo errático. 8:237<<strong>br</strong> />

10.9 ACORDANDO O INTENTO<<strong>br</strong> />

O som e o significado <strong>da</strong>s palavras são de suprema importância para os<<strong>br</strong> />

espreitadores. As palavras são usa<strong>da</strong>s por eles <strong>com</strong>o chaves para a<strong>br</strong>ir tudo que estiver<<strong>br</strong> />

fechado. Os espreitadores, portanto, têm de afirmar seu objetivo antes de tentar alcançar<<strong>br</strong> />

[o entendimento]. Mas não podem revelar seu alvo ver<strong>da</strong>deiro no início, de modo que<<strong>br</strong> />

devem verbalizar as palavras <strong>com</strong> cui<strong>da</strong>do para esconder a intenção principal. 8:227<<strong>br</strong> />

10.10 VER O MOLDE DO HOMEM SOZINHO<<strong>br</strong> />

[Comumente se vê o molde do homem <strong>com</strong>o masculino] porque o ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação não tem a estabili<strong>da</strong>de para permanecer <strong>com</strong>pletamente colado à sua nova<<strong>br</strong> />

posição, e desliza lateralmente na faixa do homem. É o mesmo caso de ver a barreira<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> percepção <strong>com</strong>o uma parede de névoa. O que faz o ponto de aglutinação deslocarse<<strong>br</strong> />

lateralmente é um desejo ou necessi<strong>da</strong>de quase inevitável de traduzir o in<strong>com</strong>preensível<<strong>br</strong> />

em termos familiares: uma barreira é uma parede, e o molde do homem só<<strong>br</strong> />

pode ser um homem. 7:251<<strong>br</strong> />

Há duas maneiras de ver o molde do homem. Você pode vê-lo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

homem, ou pode vê-lo <strong>com</strong>o uma luz. Isso depende do deslocamento<<strong>br</strong> />

do ponto de aglutinação. Se o deslocamento é lateral, o<<strong>br</strong> />

molde é um ser humano; se ocorre na seção central <strong>da</strong> faixa do<<strong>br</strong> />

homem, o molde é uma luz. 7:252<<strong>br</strong> />

A posição em que se vê o molde do homem é muito próxima àquela em que<<strong>br</strong> />

aparecem o corpo sonhador e a barreira <strong>da</strong> percepção. É por essa razão que os novos<<strong>br</strong> />

videntes re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>m que o molde do homem seja visto e <strong>com</strong>preendido.<<strong>br</strong> />

[Ver o molde do homem] sozinho, sem aju<strong>da</strong> de ninguém, é um passo<<strong>br</strong> />

importante, porque todos temos certas idéias que devem ser<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>a<strong>da</strong>s para que sejamos livres; o vidente que viaja para o<<strong>br</strong> />

desconhecido a fim de ver o incognoscível deve encontrar-se em<<strong>br</strong> />

um estado impecável de ser. 7:245<<strong>br</strong> />

Encontrar-se em um estado impecável de ser é estar livre de suposições irracionais<<strong>br</strong> />

e medos racionais. 7:245<<strong>br</strong> />

217


[É preciso ] ir além do molde. O molde deve ser meramente um estágio, uma<<strong>br</strong> />

para<strong>da</strong> que traz paz e sereni<strong>da</strong>de temporárias para quem viaja rumo ao desconhecido,<<strong>br</strong> />

mas é estéril, estático. Como se fosse ao mesmo tempo uma imagem plana refleti<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

num espelho e o próprio espelho. E a imagem seria a imagem do homem. 7:248<<strong>br</strong> />

O rompimento <strong>da</strong> barreira <strong>da</strong> percepção é a <strong>com</strong>binação de tudo o que os<<strong>br</strong> />

videntes fazem. No momento em que essa barreira é rompi<strong>da</strong>, o homem e seu destino<<strong>br</strong> />

assumem um sentido diferente para os guerreiros. Devido a importância transcendental<<strong>br</strong> />

de romper essa barreira, os novos videntes usam o ato de rompê-la <strong>com</strong>o um teste<<strong>br</strong> />

final. O teste consiste em saltar do topo de uma montanha para um abismo, em estado<<strong>br</strong> />

de consciência normal. Se o guerreiro que salta para o abismo não apagar o mundo<<strong>br</strong> />

cotidiano e aglomerar outro antes de atingir o fundo, ele morre. 7:275<<strong>br</strong> />

O que você irá fazer será provocar o desaparecimento deste mundo,<<strong>br</strong> />

mas de alguma forma irá permanecer você mesmo. Este é o último<<strong>br</strong> />

bastião <strong>da</strong> consciência, aquele em que os novos videntes se<<strong>br</strong> />

apóiam. Eles sabem que, depois de arderem <strong>com</strong> a consciência,<<strong>br</strong> />

de certa maneira ain<strong>da</strong> retêm o sentido de ser eles mesmos. 7:275<<strong>br</strong> />

Romper a barreira <strong>da</strong> percepção é a última tarefa do domínio <strong>da</strong> consciência.<<strong>br</strong> />

Para deslocar seu ponto de aglutinação a essa posição<<strong>br</strong> />

você precisa reunir energia suficiente. Faça uma viagem de recuperação.<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>e-se do que fez! 7:244<<strong>br</strong> />

Passará muito tempo antes que você possa aplicar o princípio de que<<strong>br</strong> />

sua ordem é a ordem <strong>da</strong> Águia. Essa é a essência do domínio <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

intenção [ou do intento]. Enquanto isso, dê agora a ordem de não<<strong>br</strong> />

se impacientar, nem mesmo nos piores momentos de dúvi<strong>da</strong>. Será<<strong>br</strong> />

um processo lento até que essa ordem seja ouvi<strong>da</strong> e obedeci<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se fosse uma ordem <strong>da</strong> Águia. 7:244<<strong>br</strong> />

Existe uma área in<strong>com</strong>ensurável de consciência entre a posição costumeira do<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação e a posição onde não há mais dúvi<strong>da</strong>s, que é quase o lugar onde a<<strong>br</strong> />

barreira <strong>da</strong> percepção aparece. Nessa área in<strong>com</strong>ensurável, os guerreiros caem presa de<<strong>br</strong> />

todos os erros concebíveis. [A prevenção é] ficar atento e não perder a confiança, pois será<<strong>br</strong> />

inevitavelmente atingido a qualquer momento por um opressivo sentimento de derrota. 7:244<<strong>br</strong> />

Isso tudo voltará a você algum dia. Uma coisa desencadeará a outra.<<strong>br</strong> />

Uma palavra-chave, e tudo sairá de você <strong>com</strong>o se a porta de um<<strong>br</strong> />

depósito superabarrotado cedesse. 7:245<<strong>br</strong> />

10.11 CORTAR A ATITUDE CÍNICA<<strong>br</strong> />

O cinismo não permite que façamos mu<strong>da</strong>nças drásticas na <strong>com</strong>preensão<<strong>br</strong> />

que temos do mundo. Ele também nos força a sentir que<<strong>br</strong> />

estamos sempre certos. 9:192<<strong>br</strong> />

218


Proponho que você faça uma coisa absur<strong>da</strong> que pode mu<strong>da</strong>r tudo.<<strong>br</strong> />

Repita incessantemente para você mesmo que o ponto crucial <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

feitiçaria é o mistério do ponto de aglutinação. Se repetir isso para<<strong>br</strong> />

você mesmo por tempo suficiente, uma força invisível assume o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>ando e faz mu<strong>da</strong>nças apropria<strong>da</strong>s em você. 9:186<<strong>br</strong> />

Corte sua atitude cínica. Repita isso de boa vontade. O mistério do<<strong>br</strong> />

ponto de aglutinação é tudo na feitiçaria. Ou melhor, tudo na feitiçaria<<strong>br</strong> />

depende <strong>da</strong> manipulação do ponto de aglutinação. Você<<strong>br</strong> />

sabe disso, mas precisa repetir. 9:192<<strong>br</strong> />

10.12 ROMPER OS PARÂMETROS DA PERCEPÇÃO NORMAL<<strong>br</strong> />

A nossa incapaci<strong>da</strong>de para romper [os parâmetros <strong>da</strong> percepção normal] é<<strong>br</strong> />

induzi<strong>da</strong> pela cultura e o meio ambiente social. Ambos os fatores transferem ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

partícula de nossa energia inerente para o cumprimento de padrões <strong>com</strong>portamentais<<strong>br</strong> />

estabelecidos, que não nos permitem romper [esses parâmetros].<<strong>br</strong> />

Romper esses parâmetros é a questão inevitável <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

Rompê-los significa a entra<strong>da</strong> em mundos inconcebíveis de um<<strong>br</strong> />

valor pragmático de modo algum diferente do valor do nosso<<strong>br</strong> />

mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana. Independentemente de aceitarmos ou<<strong>br</strong> />

não essa premissa, somos obcecados por romper esses<<strong>br</strong> />

parâmetros, mas temos fracassado miseravelmente. Daí a profusão<<strong>br</strong> />

de drogas, estimulantes, rituais e cerimônias religiosas entre<<strong>br</strong> />

os homens modernos. 10:13<<strong>br</strong> />

Fracassamos em satisfazer nosso desejo subliminar porque atacamos<<strong>br</strong> />

o problema atabalhoa<strong>da</strong>mente. Nossas ferramentas são grosseiras.<<strong>br</strong> />

Agimos <strong>com</strong>o se quiséssemos derrubar uma parede batendo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a cabeça. O homem nunca considera esse rompimento em<<strong>br</strong> />

termos de energia. Para os feiticeiros, o sucesso é determinado<<strong>br</strong> />

unicamente pela acessibili<strong>da</strong>de ou inacessibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> energia. 10:13<<strong>br</strong> />

Uma vez que é impossível aumentar a nossa energia inerente, a única<<strong>br</strong> />

aveni<strong>da</strong> aberta para os feiticeiros é a redistribuição de energia. 10:13<<strong>br</strong> />

10.13 INTERPRETAÇÃO BENEVOLENTE DE AQUIESCÊNCIA<<strong>br</strong> />

Os [feiticeiros antigos] acreditavam que a escolha, <strong>com</strong>o os seres<<strong>br</strong> />

humanos a <strong>com</strong>preendem, é a condição prévia do mundo cognitivo<<strong>br</strong> />

do homem, mas isso é apenas uma interpretação benevolente<<strong>br</strong> />

de algo que é encontrado quando a consciência se arrisca além<<strong>br</strong> />

do conforto do nosso mundo, uma interpretação benevolente de<<strong>br</strong> />

aquiescência. Os seres humanos estão mergulhados no torvelinho<<strong>br</strong> />

de forças que os arrastam <strong>da</strong>qui para ali de to<strong>da</strong>s as maneiras<<strong>br</strong> />

possíveis. A arte dos feiticeiros não é realmente escolher, mas<<strong>br</strong> />

ter suficiente sutileza para aquiescer.<<strong>br</strong> />

219


Embora pareçam não fazer outra coisa senão tomar decisões, a<<strong>br</strong> />

rigor os feiticeiros não tomam decisões. [Por exemplo,] não resolvi<<strong>br</strong> />

escolher você nem que você seria do jeito que é. Já que eu<<strong>br</strong> />

não podia escolher quem <strong>com</strong>partilharia o meu conhecimento,<<strong>br</strong> />

precisava aceitar quem quer que o espírito estivesse me oferecendo.<<strong>br</strong> />

10:17<<strong>br</strong> />

A escolha, para os guerreiros, não é um ato de escolha, mas antes um ato de<<strong>br</strong> />

aquiescer elegantemente às solicitações do infinito. 12:225<<strong>br</strong> />

O infinito escolhe. A arte do guerreiro é ter a habili<strong>da</strong>de de mover-se<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a mais tênue insinuação, a arte de aquiescer a ca<strong>da</strong> <strong>com</strong>ando<<strong>br</strong> />

do infinito. Para isso, o guerreiro-viajante precisa de destreza, força<<strong>br</strong> />

e, so<strong>br</strong>etudo, so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de. To<strong>da</strong>s essas coisas juntas trazem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

resultado a elegância! 12:225<<strong>br</strong> />

O que nos reuniu, a você e a mim, foi o intento do infinito. É impossível<<strong>br</strong> />

determinar o que é esse intento do infinito, entretanto está aí,<<strong>br</strong> />

tão palpável quanto você e eu. Os feiticeiros dizem que é um tremor<<strong>br</strong> />

no ar. A vantagem dos feiticeiros é saber que o tremor no ar<<strong>br</strong> />

existe e aquiescer a ele sem mais delongas. Para os feiticeiros<<strong>br</strong> />

não há ponderação, espanto ou especulação. Sabem que tudo o<<strong>br</strong> />

que têm é a possibili<strong>da</strong>de unir-se <strong>com</strong> o intento do infinito e eles<<strong>br</strong> />

fazem exatamente isso. 12:96<<strong>br</strong> />

10.14 ARMAZENANDO INFORMAÇÃO<<strong>br</strong> />

Se você pensa a respeito <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em termos de horas em vez de anos,<<strong>br</strong> />

sua vi<strong>da</strong> é imensamente longa. Mesmo se pensasse em termos<<strong>br</strong> />

de dias, ain<strong>da</strong> assim a vi<strong>da</strong> seria interminável. 8:230<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros contam suas vi<strong>da</strong>s em horas, e em uma hora é possível ao feiticeiro<<strong>br</strong> />

viver o equivalente em intensi<strong>da</strong>de a uma vi<strong>da</strong> normal. Essa intensi<strong>da</strong>de é uma<<strong>br</strong> />

vantagem quando se trata de armazenar informação num movimento do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação. 8:230<<strong>br</strong> />

O ponto de aglutinação, mesmo <strong>com</strong> o deslocamento mais diminuto,<<strong>br</strong> />

cria ilhas totalmente isola<strong>da</strong>s de percepção. A informação na forma<<strong>br</strong> />

de experiências na <strong>com</strong>plexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> consciência pode ser armazena<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

ali. 8:231<<strong>br</strong> />

A informação é armazena<strong>da</strong> na própria experiência. Mais tarde, quando<<strong>br</strong> />

um feiticeiro move seu ponto de aglutinação ao local exato<<strong>br</strong> />

onde estava, revive a experiência total. Essa recor<strong>da</strong>ção dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

é a maneira de recuperar to<strong>da</strong> a informação armazena<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

no movimento do ponto de aglutinação.<<strong>br</strong> />

Intensi<strong>da</strong>de é um resultado automático do movimento do ponto<<strong>br</strong> />

220


de aglutinação. Por exemplo, você está vivendo esses momentos<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> mais intensi<strong>da</strong>de do que o faria ordinariamente; assim, propriamente<<strong>br</strong> />

falando, você está armazenando intensi<strong>da</strong>de. Algum<<strong>br</strong> />

dia você irá reviver esse momento fazendo seu ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

retornar ao local preciso onde está agora. Essa é a maneira<<strong>br</strong> />

dos feiticeiros armazenarem informação.<<strong>br</strong> />

A intensi<strong>da</strong>de, sendo um aspecto do intento, está conecta<strong>da</strong> naturalmente<<strong>br</strong> />

ao <strong>br</strong>ilho dos olhos dos feiticeiros. Para relem<strong>br</strong>ar essas<<strong>br</strong> />

ilhas isola<strong>da</strong>s de percepção, os feiticeiros necessitam apenas intentar<<strong>br</strong> />

o <strong>br</strong>ilho particular de seus olhos associado <strong>com</strong> a localização<<strong>br</strong> />

à qual desejem regressar. 8:231<<strong>br</strong> />

Tudo o que posso dizer é que os olhos o fazem. Não sei <strong>com</strong>o, mas o<<strong>br</strong> />

fazem. Convocam o intento <strong>com</strong> algo indefinível que possuem,<<strong>br</strong> />

algo em seu <strong>br</strong>ilho. Segundo os feiticeiros, o intento é experimentado<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os olhos, não <strong>com</strong> a razão. 8:166<<strong>br</strong> />

Porque sua taxa de intensi<strong>da</strong>de é maior do que o normal, em poucas<<strong>br</strong> />

horas um feiticeiro pode viver o equivalente a uma vi<strong>da</strong> normal<<strong>br</strong> />

inteira. Seu ponto de aglutinação, mu<strong>da</strong>ndo para uma posição não<<strong>br</strong> />

familiar, absorve mais energia do que o normal. Esse fluxo extra<<strong>br</strong> />

de energia é chamado intensi<strong>da</strong>de. 8:232<<strong>br</strong> />

10.15 A DISCIPLINA CONTRA A INSTALAÇÃO FORÂNEA<<strong>br</strong> />

A única alternativa para a humani<strong>da</strong>de é a disciplina. Disciplina é o<<strong>br</strong> />

único meio de [deter a instalação forânea]. Mas por disciplina não<<strong>br</strong> />

quero dizer rotinas severas. Não quero dizer acor<strong>da</strong>r cedo, às cinco<<strong>br</strong> />

e meia <strong>da</strong> manhã e ficar jogando água fria no rosto até se tornar<<strong>br</strong> />

azul. Os feiticeiros entendem por disciplina a capaci<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

enfrentar <strong>com</strong> sereni<strong>da</strong>de obstáculos que não estão incluídos nas<<strong>br</strong> />

nossas expectativas. Para eles, disciplina é uma arte: a arte de<<strong>br</strong> />

enfrentar o infinito sem titubear, não porque são fortes e resistentes,<<strong>br</strong> />

mas porque estão cheios de respeito e assom<strong>br</strong>o. 12:273<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros dizem que a disciplina torna a capa <strong>br</strong>ilhante de consciência<<strong>br</strong> />

não palatável ao voador. O resultado é que os pre<strong>da</strong>dores<<strong>br</strong> />

ficam desnorteados. Suponho que a capa <strong>br</strong>ilhante de consciência,<<strong>br</strong> />

que não é <strong>com</strong>estível, não faça parte de sua cognição. Depois<<strong>br</strong> />

de ficarem desnorteados, eles não têm alternativa a não ser deixar<<strong>br</strong> />

a sua tarefa abominável. 12:273<<strong>br</strong> />

Se os pre<strong>da</strong>dores não <strong>com</strong>erem nossa capa <strong>br</strong>ilhante de consciência<<strong>br</strong> />

durante um período, ela continua crescendo. Simplificando essa<<strong>br</strong> />

questão ao extremo, posso dizer que os feiticeiros, por meio de<<strong>br</strong> />

sua disciplina, afastam os pre<strong>da</strong>dores o tempo suficiente para<<strong>br</strong> />

permitir que sua capa <strong>br</strong>ilhante de consciência cresça além do<<strong>br</strong> />

nível dos seus dedos dos pés. Uma vez ultrapassado esse nível,<<strong>br</strong> />

ela cresce de novo até seu tamanho natural. Os feiticeiros [anti-<<strong>br</strong> />

221


gos] costumavam dizer que a capa <strong>br</strong>ilhante de consciência é <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

uma árvore. Se não for po<strong>da</strong><strong>da</strong>, cresce até o seu tamanho e volume<<strong>br</strong> />

naturais. À medi<strong>da</strong> que a consciência atinge níveis mais altos<<strong>br</strong> />

do que os dedos dos pés, as mano<strong>br</strong>as tremen<strong>da</strong>s de percepção<<strong>br</strong> />

se tornam um fato natural. 12:274<<strong>br</strong> />

O grande truque <strong>da</strong>queles feiticeiros dos tempos antigos era carregar<<strong>br</strong> />

a mente dos voadores <strong>com</strong> disciplina. Desco<strong>br</strong>iram que se<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>ecarregassem a mente dos voadores <strong>com</strong> silêncio interior, a<<strong>br</strong> />

instalação forânea fugiria, <strong>da</strong>ndo ao praticante envolvido nessa<<strong>br</strong> />

mano<strong>br</strong>a a certeza total <strong>da</strong> origem estrangeira <strong>da</strong> mente. 12:274<<strong>br</strong> />

A disciplina so<strong>br</strong>ecarrega continuamente a mente estrangeira. Portanto,<<strong>br</strong> />

através de sua disciplina, os feiticeiros subjugam a instalação<<strong>br</strong> />

forânea. 12:275<<strong>br</strong> />

O perigo real é que a mente dos voadores pode vencer [a batalha] ao<<strong>br</strong> />

fazê-lo se cansar e forçá-lo a desistir, <strong>br</strong>incando <strong>com</strong> a contradição<<strong>br</strong> />

entre o que ela diz e o que eu digo. 12:280<<strong>br</strong> />

Veja, a mente dos voadores não tem concorrentes. Quando propõe<<strong>br</strong> />

algo, concor<strong>da</strong> <strong>com</strong> a própria proposta, e faz você acreditar que<<strong>br</strong> />

fez algo de valor. A mente dos voadores lhe dirá que o que Juan<<strong>br</strong> />

Matus lhe diz é pura bobagem, e a mesma mente concor<strong>da</strong>rá <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

a própria proposta. Essa é a forma pela qual nos so<strong>br</strong>epujam. 12:280<<strong>br</strong> />

A instalação forânea volta, eu lhe asseguro, mas não tão forte, e <strong>com</strong>eça<<strong>br</strong> />

um processo no qual a fuga <strong>da</strong> mente dos voadores se torna<<strong>br</strong> />

rotina, até que um dia fogem para sempre. Com certeza um dia<<strong>br</strong> />

triste! Esse é o dia em que você deve confiar nos seus próprios<<strong>br</strong> />

recursos, que são quase zero. Não há ninguém para lhe dizer o<<strong>br</strong> />

que fazer. Não há nenhuma mente de origem estrangeira para ditar<<strong>br</strong> />

as imbecili<strong>da</strong>des a que você está acostumado. 12:274-275<<strong>br</strong> />

Esse é o dia mais duro na vi<strong>da</strong> de um feiticeiro, pois a mente real que<<strong>br</strong> />

nos pertence, a soma total de nossas experiências, [o tonal], depois<<strong>br</strong> />

de to<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong> de dominação, tornou-se tími<strong>da</strong>, insegura,<<strong>br</strong> />

evasiva. Pessoalmente, diria que a batalha ver<strong>da</strong>deira dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>eça nesse momento. O resto é mera preparação. 12:275<<strong>br</strong> />

10.15.1 A FUGA DOS VOADORES<<strong>br</strong> />

Vou revelar-lhe um dos segredos mais extraordinários <strong>da</strong> feitiçaria.<<strong>br</strong> />

Vou descrever para você uma descoberta que levou milhares de<<strong>br</strong> />

anos para os feiticeiros verificarem e consoli<strong>da</strong>rem. 12:276<<strong>br</strong> />

A mente dos voadores foge para sempre quando um feiticeiro consegue<<strong>br</strong> />

se agarrar à força vi<strong>br</strong>atória que nos mantém coesos <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um conglomerado de campos de energia. Se um feiticeiro mantém<<strong>br</strong> />

essa pressão por tempo suficiente, a mente dos voadores<<strong>br</strong> />

222


foge, derrota<strong>da</strong>. E é exatamente isso o que você vai fazer: agarrar-se<<strong>br</strong> />

à energia que o mantém coeso. 12:276<<strong>br</strong> />

Não se preocupe [<strong>com</strong> seu medo ou temor]. Fique tranqüilo, isso não<<strong>br</strong> />

é seu medo. É o medo dos voadores, porque sabem que você irá<<strong>br</strong> />

fazer exatamente o que estou lhe dizendo. Estou certo de que<<strong>br</strong> />

ataques <strong>com</strong>o esses passam rapi<strong>da</strong>mente. A mente dos voadores<<strong>br</strong> />

não tem a menor concentração. 12:277<<strong>br</strong> />

Você [pode estar] sendo dilacerado por uma luta interna. Bem no fundo<<strong>br</strong> />

de você, você sabe que é incapaz de recusar o acordo em que<<strong>br</strong> />

uma parte sua indispensável, sua capa <strong>br</strong>ilhante de consciência,<<strong>br</strong> />

vai servir <strong>com</strong>o fonte nutritiva in<strong>com</strong>preensível para, naturalmente,<<strong>br</strong> />

enti<strong>da</strong>des in<strong>com</strong>preensíveis. E outra parte sua irá contra essa<<strong>br</strong> />

situação <strong>com</strong> to<strong>da</strong> a sua força. 12:277<<strong>br</strong> />

A revolução dos feiticeiros é que eles se recusam a honrar os acordos<<strong>br</strong> />

dos quais não participaram. Ninguém nunca me perguntou<<strong>br</strong> />

se eu consentiria em ser devorado por seres <strong>com</strong> um tipo diferente<<strong>br</strong> />

de consciência. Meus pais simplesmente me trouxeram para<<strong>br</strong> />

esse mundo para ser alimento, <strong>com</strong>o eles mesmo, e esse é o fim<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> história. 12:277<<strong>br</strong> />

Os voadores são uma parte essencial do universo e devem ser tomados<<strong>br</strong> />

pelo que realmente são: assom<strong>br</strong>osos, monstruosos. São os<<strong>br</strong> />

meios pelos quais o universo nos testa. 12:280<<strong>br</strong> />

Somos son<strong>da</strong>s energéticas cria<strong>da</strong>s pelo universo e é porque somos<<strong>br</strong> />

possuidores de energia que possui consciência que somos os<<strong>br</strong> />

meios pelo qual o universo se torna consciente de si mesmo. Os<<strong>br</strong> />

voadores são os desafiantes implacáveis. Não podem ser tomados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o outra coisa. Se formos bem-sucedidos nisso, o universo<<strong>br</strong> />

nos permitirá continuar. 12:280<<strong>br</strong> />

10.15.2 UM EXERCÍCIO DE DISCIPLINA<<strong>br</strong> />

Não faz qualquer diferença se você lê muito ou quantos livros maravilhosos<<strong>br</strong> />

pode ler. O importante é que você tenha disciplina para ler o<<strong>br</strong> />

que você não quer ler. O ponto crucial do exercício dos feiticeiros de<<strong>br</strong> />

ir à escola está no que você rejeita, não no que você aceita. 12:249<<strong>br</strong> />

10.16 AS MANOBRAS DA FEITIÇARIA<<strong>br</strong> />

A tarefa dos feiticeiros é enfrentar o infinito [e submergir] nele diariamente,<<strong>br</strong> />

tal <strong>com</strong>o um pescador submerge no mar. É uma tarefa<<strong>br</strong> />

tão dominante que um feiticeiro tem de pronunciar o seu próprio<<strong>br</strong> />

nome antes de entrar nele. [Afirma-se assim], a sua individuali<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

perante o infinito. 12:92<<strong>br</strong> />

223


O que faz os seres humanos se converterem em feiticeiros é a capaci<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

deles de perceber a energia tal <strong>com</strong>o ela flui no universo. Quando os feiticeiros percebem<<strong>br</strong> />

um ser humano desta maneira, vêem uma bola luminosa, ou uma figura luminosa<<strong>br</strong> />

em forma de ovo. Os seres humanos não só são capazes de ver a energia diretamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o ela flui no universo, mas realmente a vêem, embora não estejam delibera<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

conscientes de vê-la. 12:93<<strong>br</strong> />

A questão que é <strong>da</strong> maior importância não é saber que você sempre<<strong>br</strong> />

percebeu a energia diretamente, ou sua viagem a partir do silêncio<<strong>br</strong> />

interior, mas, mais precisamente, uma questão dupla.<<strong>br</strong> />

Primeiro, você experimentou algo que os feiticeiros [antigos] chamavam<<strong>br</strong> />

de visão clara, ou perdendo a forma humana: a ocasião<<strong>br</strong> />

em que a mesquinhez humana desaparece, <strong>com</strong>o se tivesse sido<<strong>br</strong> />

um pe<strong>da</strong>ço de névoa surgindo so<strong>br</strong>e nós, uma névoa que lentamente<<strong>br</strong> />

aclara e se dissipa. Mas sob nenhuma circunstância você<<strong>br</strong> />

deve acreditar que esse é um fato consumado. O mundo dos feiticeiros<<strong>br</strong> />

não é um mundo imutável, <strong>com</strong>o o mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana,<<strong>br</strong> />

onde eles lhe dizem que uma vez que você atinja uma meta,<<strong>br</strong> />

permanecerá vencedor para sempre. No mundo dos feiticeiros,<<strong>br</strong> />

chegar a certas metas significa que você simplesmente adquiriu<<strong>br</strong> />

as ferramentas mais eficientes para continuar a sua luta, que, a<<strong>br</strong> />

propósito, nunca cessará.<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> parte desse assunto duplo é que você [pode experimentar]<<strong>br</strong> />

a questão mais enlouquecedora para o coração dos seres humanos.<<strong>br</strong> />

Você mesmo [a expressará] quando se perguntar: Como, no<<strong>br</strong> />

mundo, isso pôde ser possível sem que eu soubesse que durante<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> a minha vi<strong>da</strong> eu havia percebido a energia diretamente? O que<<strong>br</strong> />

me impedia de ter aceso a essa faceta de meu ser? 12:261<<strong>br</strong> />

224


11.1 A ETERNA CAÇADORA<<strong>br</strong> />

CAPÍTULO 11<<strong>br</strong> />

ENCONTRO COM O INFINITO<<strong>br</strong> />

Um homem que segue os caminhos <strong>da</strong> feitiçaria se defronta <strong>com</strong> uma<<strong>br</strong> />

aniquilação iminente a ca<strong>da</strong> passo do caminho, e é inevitável que<<strong>br</strong> />

tome fortemente consciência de sua morte. Sem a consciência <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

morte, ele seria apenas um homem <strong>com</strong>um, praticando atos <strong>com</strong>uns.<<strong>br</strong> />

Não teria a necessária potência, a necessária concentração<<strong>br</strong> />

que transforma o tempo <strong>com</strong>um <strong>da</strong> pessoa na terra num poder<<strong>br</strong> />

mágico.<<strong>br</strong> />

Assim, para ser um guerreiro o homem tem de estar antes de tudo,<<strong>br</strong> />

e propriamente, muito consciente de sua própria morte. Mas a<<strong>br</strong> />

preocupação <strong>com</strong> a morte levaria qualquer de nós a focalizar a<<strong>br</strong> />

atenção em si e isso seria debilitante. Portanto, a segun<strong>da</strong> coisa<<strong>br</strong> />

que se precisa para ser um guerreiro é o desprendimento. A idéia<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> morte iminente, em vez de tornar-se uma obsessão, torna-se<<strong>br</strong> />

uma indiferença. 2:142<<strong>br</strong> />

Somente a idéia <strong>da</strong> morte torna o homem suficientemente desprendido<<strong>br</strong> />

para ser capaz de se entregar a qualquer coisa. Um homem<<strong>br</strong> />

assim, porém, não tem anseios, pois adquiriu um amor calado<<strong>br</strong> />

pela vi<strong>da</strong> e por to<strong>da</strong>s as coisas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Sabe que a morte o a<strong>com</strong>panha<<strong>br</strong> />

e não lhe dá tempo de se agarrar a na<strong>da</strong>, de modo que ele<<strong>br</strong> />

experimenta, sem ansiar, tudo de to<strong>da</strong>s as coisas.<<strong>br</strong> />

Um homem desprendido, que sabe que não tem possibili<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

evitar sua morte, só tem uma coisa em que se apoiar: o poder de<<strong>br</strong> />

suas decisões. Deve <strong>com</strong>preender plenamente que sua opção é<<strong>br</strong> />

sua responsabili<strong>da</strong>de e, uma vez feita, não há mais tempo para<<strong>br</strong> />

remorsos ou recriminações. Suas decisões são finais, simplesmente<<strong>br</strong> />

porque sua morte não lhe permite tempo para se agarrar a na<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

E é assim, <strong>com</strong> a consciência de sua morte, <strong>com</strong> seu desprendimento,<<strong>br</strong> />

e <strong>com</strong> o poder de suas decisões, um guerreiro organiza<<strong>br</strong> />

sua vi<strong>da</strong> de maneira estratégica. O conhecimento de sua morte o<<strong>br</strong> />

orienta e o torna desprendido e secretamente sensual; o poder<<strong>br</strong> />

de suas decisões finais o torna capaz de escolher sem remorsos,<<strong>br</strong> />

e o que ele escolhe é sempre estrategicamente o melhor; e assim<<strong>br</strong> />

ele executa tudo o que precisa <strong>com</strong> vontade e uma eficiência sensual.<<strong>br</strong> />

Quando um homem procede dessa maneira, pode-se dizer<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> segurança que ele é um guerreiro e adquiriu a paciência. 2:143


Quando um guerreiro consegue a paciência, está a caminho <strong>da</strong> vontade.<<strong>br</strong> />

Sabe esperar. Sua morte senta <strong>com</strong> ele em sua esteira, eles<<strong>br</strong> />

são amigos. Sua morte o aconselha, de maneiras misteriosas, a<<strong>br</strong> />

optar, a viver estrategicamente. E o guerreiro espera! Eu diria que<<strong>br</strong> />

o guerreiro aprende sem pressa alguma porque ele sabe que está<<strong>br</strong> />

esperando sua vontade; e um dia consegue realizar coisas impossíveis,<<strong>br</strong> />

ou coisas impossíveis lhe forem acontecendo, ele percebe<<strong>br</strong> />

que uma espécie de poder está surgindo. Um poder que<<strong>br</strong> />

emana de seu corpo enquanto ele progride no caminho do conhecimento.<<strong>br</strong> />

A princípio parece um <strong>com</strong>ichão na barriga, ou um<<strong>br</strong> />

ponto quente que não consegue ser aliviado; depois, torna-se uma<<strong>br</strong> />

dor, um incômodo muito grande. Às vezes, a dor e o incômodo<<strong>br</strong> />

são tão fortes que o guerreiro passa meses tendo convulsões, e<<strong>br</strong> />

quanto mais graves são elas, melhor para ele. Um bom poder sempre<<strong>br</strong> />

é prenunciado por muita dor.<<strong>br</strong> />

Quando as convulsões cessam, o guerreiro repara que tem sensações<<strong>br</strong> />

estranhas <strong>com</strong> relação às coisas. Nota que pode tocar qualquer<<strong>br</strong> />

coisa que queira <strong>com</strong> uma sensação que sai de seu corpo de<<strong>br</strong> />

um lugar baixo ou bem acima de seu umbigo. Essa sensação é a<<strong>br</strong> />

vontade, e quando ele consegue pegar as coisas <strong>com</strong> ela, podese<<strong>br</strong> />

dizer que o guerreiro é um feiticeiro e que adquiriu uma vontade.<<strong>br</strong> />

2:144<<strong>br</strong> />

11.1.1 A MORTE PESSOAL<<strong>br</strong> />

A morte é um turbilhão. A morte é o rosto de um aliado; a morte é<<strong>br</strong> />

uma nuvem <strong>br</strong>ilhante no horizonte; a morte é o sussurro de<<strong>br</strong> />

Mescalito em seus ouvidos; a morte é a boca desdenta<strong>da</strong> do guar<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

[dos um<strong>br</strong>ais]; a morte é Genaro sentado na cabeça; a morte<<strong>br</strong> />

sou eu falando; a morte é você [realizando este conhecimento]; a<<strong>br</strong> />

morte é na<strong>da</strong>. Na<strong>da</strong>! Está aqui e, no entanto, não está na<strong>da</strong> aqui. 2:183<<strong>br</strong> />

Não lhe posso dizer o que é que é a morte. Mas talvez pudesse falarlhe<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e sua própria morte. Não há meio de saber <strong>com</strong>o será, ao<<strong>br</strong> />

certo; mas posso dizer-lhe <strong>com</strong>o poderá ser.<<strong>br</strong> />

Só posso falar <strong>da</strong> morte em termos pessoais. Então não tenha<<strong>br</strong> />

medo de ouvir a respeito de sua própria morte. 2:183<<strong>br</strong> />

A morte tem dois estágios. O primeiro é o desmaio. É um estágio<<strong>br</strong> />

sem significado, muito semelhante ao primeiro efeito de Mescalito,<<strong>br</strong> />

em que a gente experimenta uma leveza que nos faz sentir felizes,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>pletos e que tudo no mundo está bem. Mas esse é apenas um<<strong>br</strong> />

estado superficial; logo desaparece e a gente entra num novo reino,<<strong>br</strong> />

um reino de dureza e poder. Esse segundo estágio é o ver<strong>da</strong>deiro<<strong>br</strong> />

encontro <strong>com</strong> o [aliado]. A morte é muito <strong>com</strong> isso. O primeiro<<strong>br</strong> />

estágio é um desmaio superficial. O segundo, porém, é o<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>deiro onde a pessoa encontra a morte; é um <strong>br</strong>eve momento,<<strong>br</strong> />

depois do primeiro desmaio, em que desco<strong>br</strong>imos que, de al-<<strong>br</strong> />

226


gum modo, somos nós mesmos de novo. É então que a morte se<<strong>br</strong> />

choca contra nós numa fúria mu<strong>da</strong>, até dissolver nossas vi<strong>da</strong>s no<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong>. 2:183-184<<strong>br</strong> />

O tempo todo a morte não é na<strong>da</strong>. É um pontinho, e, no entanto,<<strong>br</strong> />

entraria dentro de você <strong>com</strong> um força incontrolável e faria você<<strong>br</strong> />

expandir-se; achatá-lo-ia e o estenderia so<strong>br</strong>e o céu e a terra e<<strong>br</strong> />

além. E você seria <strong>com</strong>o uma névoa de cristaizinhos se movendo,<<strong>br</strong> />

e sumindo. 2:185<<strong>br</strong> />

A morte é dolorosa apenas quando acontece na cama, numa doença.<<strong>br</strong> />

Numa luta por sua vi<strong>da</strong>, você não sente dor. A única coisa quer<<strong>br</strong> />

pode sentir exultação. 8:200<<strong>br</strong> />

Uma <strong>da</strong>s diferenças mais dramáticas entre o homem civilizado e os feiticeiros<<strong>br</strong> />

é a maneira pela qual a morte chega para eles. Apenas <strong>com</strong> feiticeiros guerreiros a<<strong>br</strong> />

morte é gentil e doce. Eles podem estar mortalmente feridos e ain<strong>da</strong> assim não sentirem<<strong>br</strong> />

dor. E o mais extraordinário ain<strong>da</strong> é que a morte aguar<strong>da</strong> por tanto tempo quanto<<strong>br</strong> />

os feiticeiros necessitem. 8:200<<strong>br</strong> />

A maior diferença entre o homem médio e um feiticeiro é que o feiticeiro<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>an<strong>da</strong> sua morte <strong>com</strong> sua veloci<strong>da</strong>de. 8:200<<strong>br</strong> />

No mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana nossa palavra ou nossas decisões podem ser reverti<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> muita facili<strong>da</strong>de. A única coisa irrevogável em nosso mundo é a morte. No<<strong>br</strong> />

mundo dos feiticeiros, por outro lado, a morte normal pode ser revoga<strong>da</strong>, mas não a<<strong>br</strong> />

palavra do feiticeiro. No mundo dos feiticeiros, as decisões não podem ser mu<strong>da</strong><strong>da</strong>s ou<<strong>br</strong> />

revistas. Uma vez que são toma<strong>da</strong>s, valem para sempre. 8:201<<strong>br</strong> />

Para um vidente os seres humanos são massas luminosas, longas ou esféricas,<<strong>br</strong> />

de incontáveis, estáticos, e no entanto vi<strong>br</strong>antes campos de energia, e apenas os<<strong>br</strong> />

feiticeiros são capazes de injetar movimento nessas esferas de luminosi<strong>da</strong>de estática.<<strong>br</strong> />

Num milessegundo podem mover seus pontos de aglutinação a qualquer lugar em sua<<strong>br</strong> />

massa luminosa. Esse movimento e a veloci<strong>da</strong>de <strong>com</strong> o qual é realizado envolvem um<<strong>br</strong> />

deslocamento instantâneo para a percepção de outro universo totalmente diferente.<<strong>br</strong> />

Ou podem mover seus pontos de aglutinação, sem parar, através de seus campos<<strong>br</strong> />

inteiros de energia luminosa. A força cria<strong>da</strong> por tal movimento é tão intensa que consome<<strong>br</strong> />

instantaneamente sua massa luminosa inteira. 8:201<<strong>br</strong> />

A morte entra pela barriga. Bem pela <strong>br</strong>echa <strong>da</strong> vontade. Aquela zona<<strong>br</strong> />

é a parte mais importante e sensível do homem. É a zona <strong>da</strong> vontade<<strong>br</strong> />

e também a área pela qual todos nós morremos. Um feiticeiro<<strong>br</strong> />

sintoniza sua vontade deixando que sua morte o alcance, e<<strong>br</strong> />

quando ele está [achatado] e <strong>com</strong>eça a se expandir, sua vontade<<strong>br</strong> />

impecável toma conta e reúne a neblina [em que se transforma]<<strong>br</strong> />

numa pessoa de novo. 2:185<<strong>br</strong> />

227


É a vontade que junta um feiticeiro, mas <strong>com</strong>o a velhice o enfraquece,<<strong>br</strong> />

sua vontade murcha e chega inevitavelmente um momento<<strong>br</strong> />

em que ele não é mais capaz de dominar sua vontade. Então, ele<<strong>br</strong> />

não tem na<strong>da</strong> que se opor à força mu<strong>da</strong> de sua morte, e sua vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

se torna igual à de todos os seus semelhantes, uma névoa se expandindo<<strong>br</strong> />

além de seus limites. 2:185<<strong>br</strong> />

Ser feiticeiro é um fardo tremendo. Já lhe disse que é muito melhor<<strong>br</strong> />

aprender a ver. Um homem que vê é tudo; em <strong>com</strong>paração, o<<strong>br</strong> />

feiticeiro é uma criatura triste. 2:186<<strong>br</strong> />

A feitiçaria é aplicar a vontade a uma chave-mestra. A feitiçaria é a<<strong>br</strong> />

interferência. Um feiticeiro procura e encontra a chave-mestra de<<strong>br</strong> />

tudo o que ele quer afetar e depois aplica sua vontade a isso. Um<<strong>br</strong> />

feiticeiro não tem de ver para ser feiticeiro, só precisa saber usar<<strong>br</strong> />

sua vontade. 2:186<<strong>br</strong> />

11.2 ASPECTOS DA FORÇA ROLANTE<<strong>br</strong> />

A força rolante é o meio através do qual a Águia distribui vi<strong>da</strong> e consciência.<<strong>br</strong> />

Mas é também a força que, por assim dizer, co<strong>br</strong>a o tributo.<<strong>br</strong> />

É o que faz morrer todos os seres vivos. 7:211<<strong>br</strong> />

A força rolante, [to<strong>da</strong>via,] não é tão má assim. Na ver<strong>da</strong>de, é adorável.<<strong>br</strong> />

Os novos videntes re<strong>com</strong>en<strong>da</strong>m que nos a<strong>br</strong>amos para ela.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes também se a<strong>br</strong>iram para ela, mas por motivos<<strong>br</strong> />

e propósitos ditados principalmente pela vai<strong>da</strong>de e pela obsessão.<<strong>br</strong> />

Os novos videntes, por outro lado, tornaram-se amigos<<strong>br</strong> />

dela. Familiarizaram-se <strong>com</strong> essa força, manipulando-a sem qualquer<<strong>br</strong> />

vai<strong>da</strong>de. As conseqüências são impressionantes. 7:212<<strong>br</strong> />

A mesma força pode produzir dois efeitos diametralmente opostos. Os antigos<<strong>br</strong> />

videntes foram aprisionados pela força rolante, e os novos videntes são re<strong>com</strong>pensados<<strong>br</strong> />

por seus esforços <strong>com</strong> o presente <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de. Familiarizados <strong>com</strong> a força rolante<<strong>br</strong> />

através do domínio [do intento], os novos videntes, em <strong>da</strong>do momento, a<strong>br</strong>em<<strong>br</strong> />

seus próprios casulos e a força os inun<strong>da</strong> em lugar de fazê-los enrolar-se <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

tatuzinho encolhido. O resultado final é sua desintegração total e instantânea. 7:214<<strong>br</strong> />

A obsessão dos antigos videntes <strong>com</strong> o derrubador cegou-os para o outro lado<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>quela força. Os novos videntes, <strong>com</strong> o seu cui<strong>da</strong>do usual em recusar a tradição,<<strong>br</strong> />

foram ao outro extremo. No início eram totalmente contrários a focalizar sua visão<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o derrubador; argumentavam que precisavam <strong>com</strong>preender a força <strong>da</strong>s emanações<<strong>br</strong> />

livres em seu aspecto doador de vi<strong>da</strong> e enriquecedor de consciência. 7:214<<strong>br</strong> />

Perceberam que é infinitamente mais fácil destruir alguma coisa do<<strong>br</strong> />

que construir e conservar. Tomar a vi<strong>da</strong> é na<strong>da</strong>, em <strong>com</strong>paração<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> <strong>da</strong>r e preservar a vi<strong>da</strong>. Naturalmente, os novos videntes es-<<strong>br</strong> />

228


tavam errados a esse respeito, mas na hora oportuna corrigiram<<strong>br</strong> />

seu engano. 7:214-215<<strong>br</strong> />

É um erro isolar qualquer coisa para ver. No início, os novos videntes<<strong>br</strong> />

fizeram exatamente o oposto de seus predecessores. Focalizaram<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> igual atenção o outro lado do derrubador. O que<<strong>br</strong> />

lhes aconteceu foi tão terrível quanto o que aconteceu aos antigos<<strong>br</strong> />

videntes, se não pior. Tiveram mortes estúpi<strong>da</strong>s, exatamente<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o o homem médio. Não possuíam o mistério ou a maligni<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

dos antigos videntes, assim <strong>com</strong>o não possuíam a busca <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

liber<strong>da</strong>de dos videntes de hoje. 7:215<<strong>br</strong> />

Aqueles primeiros novos videntes serviam a todos. Por focalizarem<<strong>br</strong> />

sua visão so<strong>br</strong>e o lado doador de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s emanações, estavam<<strong>br</strong> />

repletos de amor e ternura. Mas isso não impediu que fossem<<strong>br</strong> />

derrubados. Eram tão vulneráveis quanto os antigos videntes cheios<<strong>br</strong> />

de morbidez. 7:215<<strong>br</strong> />

Para os novos videntes dos dias atuais, não <strong>da</strong>r em na<strong>da</strong> depois de uma vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de disciplina e trabalho, exatamente <strong>com</strong>o os homens que nunca tiveram um momento<<strong>br</strong> />

significativo em suas vi<strong>da</strong>s, é intolerável. Estes novos videntes perceberam, depois de<<strong>br</strong> />

haverem readotado sua tradição, que o conhecimento dos antigos videntes so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

força rolante fora <strong>com</strong>pleto; em <strong>da</strong>do momento, os antigos videntes concluíram que<<strong>br</strong> />

havia realmente dois aspectos diferentes <strong>da</strong> mesma força. O aspecto derrubador está<<strong>br</strong> />

relacionado exclusivamente <strong>com</strong> a destruição e morte. O aspecto circular, por outro<<strong>br</strong> />

lado, é o que mantém a vi<strong>da</strong> e a consciência, a realização e o propósito. Escolheram,<<strong>br</strong> />

entretanto, li<strong>da</strong>r exclusivamente <strong>com</strong> o aspecto derrubador. 7:215<<strong>br</strong> />

Os videntes [descrevem o derrubador] <strong>com</strong>o uma linha eterna de anéis<<strong>br</strong> />

iridescentes ou bolas de fogo, que rolam incessantemente na direção dos seres vivos.<<strong>br</strong> />

7:211 Os seres orgânicos luminosos recebem a força rolante de frente, até o dia em<<strong>br</strong> />

que a força mostra-se excessiva para eles e as criaturas finalmente entram em colapso.<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes ficaram fascinados quando viram <strong>com</strong>o o derrubador então os<<strong>br</strong> />

derruba e os faz rolar para o bico <strong>da</strong> Águia, para serem devorados. Foi essa a razão de<<strong>br</strong> />

lhe <strong>da</strong>rem o nome de derrubador. 7:211<<strong>br</strong> />

Olhando em grupos, os novos videntes foram capazes de ver a separação<<strong>br</strong> />

entre os aspectos derrubador e circular. Viram que as duas<<strong>br</strong> />

forças estão fundi<strong>da</strong>s, mas não são a mesma. A força circular chega<<strong>br</strong> />

a nós um pouco antes <strong>da</strong> força derrubadora; estão tão próximas<<strong>br</strong> />

entre si que parecem a mesma.<<strong>br</strong> />

[A força circular] é uma força <strong>da</strong>s emanações <strong>da</strong> Águia. Uma força incessante,<<strong>br</strong> />

que nos atinge a ca<strong>da</strong> instante de nossas vi<strong>da</strong>s. É letal quando vista, mas de outro<<strong>br</strong> />

modo não a percebemos em nossa existência ordinária, porque temos escudos prote-<<strong>br</strong> />

229


tores. Temos interesses absorventes, que ocupam to<strong>da</strong> a nossa consciência. Estamos<<strong>br</strong> />

permanentemente preocupados <strong>com</strong> nosso status e nossas proprie<strong>da</strong>des. Esses escudos,<<strong>br</strong> />

entretanto, não mantêm o derrubador afastado, simplesmente nos impedem de<<strong>br</strong> />

vê-lo diretamente, protegendo-nos assim de sermos feridos pelo pavor de ver as bolas<<strong>br</strong> />

de fogo atingindo-nos. Os escudos são uma grande aju<strong>da</strong> e um grande obstáculo para<<strong>br</strong> />

nós. Acalmam-nos e ao mesmo tempo nos enganam. Dão-nos uma falsa sensação de<<strong>br</strong> />

segurança. 7:210<<strong>br</strong> />

As bolas de fogo são de crucial importância para os seres humanos, porque<<strong>br</strong> />

são a expressão de uma força que diz respeito a todos os detalhes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> morte,<<strong>br</strong> />

algo que os novos videntes chamam de força rolante. 7:211 [Dessas bolas de fogo] sai<<strong>br</strong> />

um aro iridescente exatamente do tamanho dos seres vivos, sejam homens, árvores,<<strong>br</strong> />

micróbios ou aliados. 7:216<<strong>br</strong> />

A razão porque é chama<strong>da</strong> força circular é porque chega em anéis,<<strong>br</strong> />

aros filiformes de iridescência. São realmente muito delicados. E,<<strong>br</strong> />

exatamente <strong>com</strong>o a força derrubadora, atinge sem cessar todos<<strong>br</strong> />

os seres vivos, mas <strong>com</strong> um propósito diferente. Atinge-os para<<strong>br</strong> />

lhes <strong>da</strong>r força, direção e consciência; para lhes <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong>. 7:216<<strong>br</strong> />

Não me interprete ao pé <strong>da</strong> letra. Não existem exatamente círculos,<<strong>br</strong> />

apenas uma força circular que dá aos videntes que sonham <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

ela a sensação de anéis. E também não há tamanhos diferentes. É<<strong>br</strong> />

uma força indivisível que se ajusta a todos os seres vivos, tanto<<strong>br</strong> />

orgânicos <strong>com</strong>o inorgânicos. 7:216<<strong>br</strong> />

O que os novos videntes desco<strong>br</strong>iram é que o equilí<strong>br</strong>io entre as duas<<strong>br</strong> />

forças em todo ser vivo é muito delicado. Se em qualquer momento<<strong>br</strong> />

um indivíduo sente que a força derrubadora o atinge <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

mais força do que a circular, isto significa que o equilí<strong>br</strong>io foi afetado;<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>í em diante, a força derrubadora o atinge <strong>com</strong> o impacto<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> vez maior, até romper a fen<strong>da</strong> do ser vivo e fazê-lo morrer.<<strong>br</strong> />

7:215-216<<strong>br</strong> />

[Os antigos videntes se concentraram no aspecto derrubador] porque<<strong>br</strong> />

acreditavam que suas vi<strong>da</strong>s dependiam de vê-lo. Estavam<<strong>br</strong> />

certos de que sua visão iria <strong>da</strong>r-lhes respostas a questões<<strong>br</strong> />

antiqüíssimas. Calcularam que, se desven<strong>da</strong>ssem o segredo <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

força rolante, tornar-se-iam invulneráveis e imortais. A parte triste<<strong>br</strong> />

é que, de algum modo, desven<strong>da</strong>ram os segredos, mas ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

assim não se tornaram invulneráveis nem imortais.<<strong>br</strong> />

Os novos videntes mu<strong>da</strong>ram tudo ao perceber que o homem não<<strong>br</strong> />

pode aspirar à imortali<strong>da</strong>de por possuir um casulo. 7:216<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes aparentemente jamais perceberam que o casulo humano é<<strong>br</strong> />

um receptáculo e não pode suportar indefini<strong>da</strong>mente o assalto <strong>da</strong> força rolante. Ape-<<strong>br</strong> />

230


sar de todo o conhecimento que haviam acumulado, ao final não se encontravam em<<strong>br</strong> />

posição melhor, e talvez mesmo até muito pior, do que o homem <strong>com</strong>um. 7:216<<strong>br</strong> />

Seu intenso conhecimento forçou-os a presumir que suas escolhas<<strong>br</strong> />

eram infalíveis. Assim, escolheram viver a qualquer custo. 7:217<<strong>br</strong> />

Escolheram viver. Assim <strong>com</strong>o escolheram tornar-se árvores para<<strong>br</strong> />

poderem aglomerar mundos <strong>com</strong> as grandes faixas inatingíveis.<<strong>br</strong> />

Quero dizer que usaram a força rolante para deslocar seus pontos<<strong>br</strong> />

de aglutinação a posições de sonhar inimagináveis, em vez de<<strong>br</strong> />

se deixarem rolar para o bico <strong>da</strong> Águia a fim de ser devorados. 7:217<<strong>br</strong> />

Basta o deslocamento do ponto de aglutinação para a<strong>br</strong>ir-se para a força rolante.<<strong>br</strong> />

Se a força é vista delibera<strong>da</strong>mente, o perigo é mínimo. Uma situação que é<<strong>br</strong> />

extremamente perigosa, entretanto, é um deslocamento involuntário do ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação, devido à fadiga física, à exaustão emocional, à doença, ou simplesmente a<<strong>br</strong> />

uma crise emocional ou física menor, <strong>com</strong>o o pânico ou a em<strong>br</strong>iaguez. 7:213<<strong>br</strong> />

Quando o ponto de aglutinação se desloca involuntariamente, a força<<strong>br</strong> />

rolante fende o casulo. Falei so<strong>br</strong>e uma fen<strong>da</strong> [<strong>br</strong>echa] que o<<strong>br</strong> />

homem tem abaixo do umbigo. Não exatamente abaixo do próprio<<strong>br</strong> />

umbigo, mas no casulo, na altura do umbigo. A fen<strong>da</strong> é mais<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o uma depressão, uma falha natural no casulo, cujo resto <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

superfície é liso. É lá que o derrubador nos golpeia incessantemente,<<strong>br</strong> />

e é nesse ponto que o casulo se fende. 7:213<<strong>br</strong> />

Quando se trata de um pequeno deslocamento do ponto de aglutinação, a<<strong>br</strong> />

fen<strong>da</strong> é muito pequena, e o casulo se restaura rapi<strong>da</strong>mente. As pessoas sentem o que<<strong>br</strong> />

todos experimentam em alguma ocasião: vêem manchas de cor e formas contorci<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

que persistem até <strong>com</strong> os olhos fechados. 7:213<<strong>br</strong> />

Se o deslocamento é considerável, a fen<strong>da</strong> também é extensa, e leva tempo para o<<strong>br</strong> />

casulo reparar-se. É o caso de guerreiros que usam proposita<strong>da</strong>mente plantas de poder<<strong>br</strong> />

para provocar o deslocamento, ou de gente que toma drogas e inadverti<strong>da</strong>mente faz a<<strong>br</strong> />

mesma coisa. Nesses casos, as pessoas sentem-se entorpeci<strong>da</strong>s e frias; têm dificul<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

falar ou mesmo pensar; é <strong>com</strong>o se tivessem sido congela<strong>da</strong>s de dentro para fora. 7:213<<strong>br</strong> />

Nos casos em que o ponto de aglutinação se desloca drasticamente por efeito de<<strong>br</strong> />

um trauma ou de uma doença mortal, a força rolante produz uma rachadura no <strong>com</strong>primento<<strong>br</strong> />

do casulo; o casulo desaba e se enrola so<strong>br</strong>e si mesmo, e o indivíduo morre. 7:213<<strong>br</strong> />

À medi<strong>da</strong> que o derrubador nos atinge repeti<strong>da</strong>mente, a morte vai<<strong>br</strong> />

chegando através <strong>da</strong> fen<strong>da</strong>. A morte é a força rolante. Quando<<strong>br</strong> />

encontra fraqueza na fen<strong>da</strong> de um ser luminoso, automaticamente<<strong>br</strong> />

faz <strong>com</strong> esta se a<strong>br</strong>a, e o ser entra em colapso. 7:213<<strong>br</strong> />

231


[Todo ser vivo tem uma fen<strong>da</strong>, claro.] Se não tivesse, não morreria. Entretanto,<<strong>br</strong> />

as fen<strong>da</strong>s são diferentes em tamanho e configuração. A fen<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

do homem é uma depressão circular do tamanho de um punho, uma<<strong>br</strong> />

configuraçao muito frágil e vulnerável. As fen<strong>da</strong>s de outras criaturas<<strong>br</strong> />

orgânicas são muito semelhantes à do homem; algumas são mais<<strong>br</strong> />

fortes que a nossa e outras mais fracas. Mas a fen<strong>da</strong> dos seres<<strong>br</strong> />

inorgânicos é realmente diferente. É mais <strong>com</strong>o um fio alongado,<<strong>br</strong> />

um cabelo de luminosi<strong>da</strong>de; conseqüentemente, os seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

são infinitamente mais duráveis do que nós.<<strong>br</strong> />

Há alguma coisa infinitamente atraente na longa vi<strong>da</strong> dessas criaturas,<<strong>br</strong> />

e os antigos videntes não puderam resistir a se deixarem<<strong>br</strong> />

levar por esse apelo. 7:214<<strong>br</strong> />

11.2.1 VIVER A QUALQUER CUSTO<<strong>br</strong> />

Você vai desco<strong>br</strong>ir alguns fatos horríveis que os antigos videntes reuniram<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a força rolante; e você irá ver o que eu quis dizer<<strong>br</strong> />

quando lhe contei que os antigos videntes escolheram viver a<<strong>br</strong> />

qualquer custo. 7:218<<strong>br</strong> />

Havia uma coisa que tentaram evitar a qualquer custo; não desejavam<<strong>br</strong> />

morrer. Você pode dizer que o homem <strong>com</strong>um também não<<strong>br</strong> />

deseja morrer, mas a vantagem que os antigos videntes tinham<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o homem <strong>com</strong>um era possuírem a concentração e a disciplina<<strong>br</strong> />

para evitar as coisas por força <strong>da</strong> intenção; e <strong>com</strong> efeito<<strong>br</strong> />

intentaram afastar a morte. 7:219<<strong>br</strong> />

Observavam seus aliados, e ao ver que eles eram seres vivos <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

uma resistência muito maior à força rolante, copiaram o modelo<<strong>br</strong> />

deles. 7:220<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes perceberam que apenas os seres orgânicos possuem uma<<strong>br</strong> />

fen<strong>da</strong> em forma de tijela. Seu tamanho, sua forma e sua fragili<strong>da</strong>de fazem dela a configuração<<strong>br</strong> />

ideal para apressar a que<strong>br</strong>a e o colapso <strong>da</strong> concha luminosa sob o assalto <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

força derrubadora. Os aliados, por outro lado, têm apenas uma linha por fen<strong>da</strong>, apresentando<<strong>br</strong> />

uma superfície tão pequena à força rolante que os torna praticamente imortais.<<strong>br</strong> />

Seus casulos podem suportar indefini<strong>da</strong>mente os assaltos do derrubador, porque<<strong>br</strong> />

fen<strong>da</strong>s em forma de linha não lhes oferecem uma configuração ideal. 7:220<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes desenvolveram as técnicas mais bizarras para fechar<<strong>br</strong> />

suas fen<strong>da</strong>s. Estavam essencialmente corretos ao julgar que uma fen<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

linear é mais durável do que uma fen<strong>da</strong> em forma de tijela. 7:220<<strong>br</strong> />

Os novos videntes se haviam rebelado contra as práticas bizarras dos antigos<<strong>br</strong> />

videntes e as declararam não apenas inúteis, mas ofensivas a nosso ser total. Chegaram<<strong>br</strong> />

até mesmo ao ponto de banir essas técnicas do que era ensinado aos novos guerreiros;<<strong>br</strong> />

e durante gerações não houve qualquer menção àquelas práticas. 7:221<<strong>br</strong> />

232


A preocupação dos antigos videntes <strong>com</strong> a morte fê-los examinar as mais<<strong>br</strong> />

bizarras possibili<strong>da</strong>des. Os que optaram pelo modelo dos aliados tinham em mente,<<strong>br</strong> />

sem dúvi<strong>da</strong>, o desejo de um refúgio. E encontraram-no, em uma posição fixa de uma<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s sete faixas de consciência inorgânica. Os videntes sentiram que estavam relativamente<<strong>br</strong> />

a salvo ali. Afinal, encontravam-se separados do mundo cotidiano por uma barreira<<strong>br</strong> />

quase intransponível, a barreira <strong>da</strong> percepção estabeleci<strong>da</strong> pelo ponto de<<strong>br</strong> />

aglutinação. 7:233<<strong>br</strong> />

11.2.2 O IMPULSO DA FORÇA DERRUBADORA<<strong>br</strong> />

Os antigos videntes haviam descoberto uma maneira de utilizar a força rolante<<strong>br</strong> />

e serem impelidos por ela. Em vez de sucumbirem aos assaltos do derrubador, viajavam<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> ele e deixavam-no deslocar seus pontos de aglutinação aos últimos limites<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des humanas. Não havia na<strong>da</strong> que pudesse <strong>da</strong>r ao ponto de aglutinação<<strong>br</strong> />

o impulso que o derrubador dá. 7:234<<strong>br</strong> />

A diferença entre o impulso <strong>da</strong> Terra e do derrubador é que o impulso <strong>da</strong> Terra<<strong>br</strong> />

é força de alinhamento apenas <strong>da</strong>s emanações de cor âmbar. É um impulso que eleva a<<strong>br</strong> />

consciência a graus impensados. Para os novos videntes, é uma explosão de consciência<<strong>br</strong> />

ilimita<strong>da</strong>, que chamam de liber<strong>da</strong>de total. O impulso do derrubador, por outro lado,<<strong>br</strong> />

é a força <strong>da</strong> morte. Sob o impacto do derrubador, o ponto de aglutinação se desloca<<strong>br</strong> />

para posições novas, imprevisíveis. Assim, os antigos videntes encontraram-se sempre<<strong>br</strong> />

sozinhos em suas viagens, embora o empreendimento em que estavam envolvidos<<strong>br</strong> />

fosse sempre <strong>com</strong>unitário. A <strong>com</strong>panhia de outros videntes em suas viagens era casual,<<strong>br</strong> />

e geralmente significava um conflito pela supremacia. 7:234<<strong>br</strong> />

Devo admitir, por mais que se sinta enojado, que aqueles demônios<<strong>br</strong> />

eram muito ousados. Jamais gostei deles pessoalmente, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

sabe, mas não posso deixar de admirá-los. Seu amor pela vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

está realmente além de mim. 7:235<<strong>br</strong> />

Para aventurar-se por aquela solidão aterrorizante é preciso ter algo<<strong>br</strong> />

mais do que ganância. Amor – a pessoa necessita de amor pela<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>, pela intriga, pelo mistério. É preciso ter uma curiosi<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

insaciável e muita coragem. 7:235<<strong>br</strong> />

Durante o sono normal, o deslocamento do ponto de aglutinação se dá ao<<strong>br</strong> />

longo de qualquer <strong>da</strong>s margens <strong>da</strong> faixa do homem. Esses deslocamentos estão sempre<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>binados <strong>com</strong> o sono. Os deslocamentos que são induzidos pela prática [de<<strong>br</strong> />

sonhar] correm ao longo <strong>da</strong> seção central <strong>da</strong> faixa do homem e não estão <strong>com</strong>binados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o sono, embora o sonhador esteja adormecido. 7:236<<strong>br</strong> />

233


Foi exatamente nessa junção que os antigos e os novos videntes fizeram<<strong>br</strong> />

suas tentativas diferentes de obter poder. Os antigos videntes<<strong>br</strong> />

queriam obter uma réplica do corpo, mas <strong>com</strong> maior força<<strong>br</strong> />

física, e assim faziam deslizar seus pontos de aglutinação ao longo<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> margem direita <strong>da</strong> faixa do homem. Quanto mais profun<strong>da</strong>mente<<strong>br</strong> />

se deslocavam ao longo <strong>da</strong> faixa direita, mais bizarro se<<strong>br</strong> />

tornava seu corpo sonhador. 7:236<<strong>br</strong> />

Os novos videntes são <strong>com</strong>pletamente diferentes. Mantêm seus pontos de<<strong>br</strong> />

aglutinação ao longo <strong>da</strong> seção central <strong>da</strong> faixa do homem. Se o deslocamento é pequeno,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o a mu<strong>da</strong>nça para a consciência intensifica<strong>da</strong>, o sonhador é quase <strong>com</strong>o qualquer<<strong>br</strong> />

outra pessoa na rua, exceto por uma ligeira vulnerabili<strong>da</strong>de às emoções, tais<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o medo ou dúvi<strong>da</strong>. Mas, a certo grau de profundi<strong>da</strong>de, o sonhador que está deslocando<<strong>br</strong> />

ao longo <strong>da</strong> seção central torna-se uma bolha de luz. Uma bolha de luz é o corpo<<strong>br</strong> />

do sonhador dos novos videntes. 7:236<<strong>br</strong> />

Um corpo sonhador tão impessoal é mais receptivo à <strong>com</strong>preensão e ao exame,<<strong>br</strong> />

que são a base de tudo que os novos videntes fazem. O corpo sonhador intensamente<<strong>br</strong> />

humanizado dos antigos videntes levou-os a procurar respostas que eram igualmente<<strong>br</strong> />

pessoais, humaniza<strong>da</strong>s. 7:236<<strong>br</strong> />

A energia aprisiona<strong>da</strong> dentro de nós, nas emanações dormentes, tem uma<<strong>br</strong> />

força imensa e um alcance incalculável. Podemos estimar apenas vagamente o alcance<<strong>br</strong> />

dessa tremen<strong>da</strong> força, considerando que a energia envolvi<strong>da</strong> em perceber e agir no<<strong>br</strong> />

mundo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana é produto do alinhamento de cerca de apenas um décimo <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

emanações conti<strong>da</strong>s no casulo do homem. 7:239<<strong>br</strong> />

O que acontece no momento <strong>da</strong> morte é que to<strong>da</strong> essa energia é libera<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

de uma só vez. Nesse momento, os seres vivos vêem-se inun<strong>da</strong>dos<<strong>br</strong> />

pela força mais inconcebível. Não é a força rolante que que<strong>br</strong>ou<<strong>br</strong> />

as suas fen<strong>da</strong>s, porque essa força nunca penetra no interior do casulo.<<strong>br</strong> />

Apenas faz <strong>com</strong> que entre em colapso. O que os inun<strong>da</strong> é a força<<strong>br</strong> />

de to<strong>da</strong>s as emanações que são subitamente alinha<strong>da</strong>s depois de<<strong>br</strong> />

estarem dormentes por to<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong>. Não existe outra saí<strong>da</strong> para<<strong>br</strong> />

uma força tão gigantesca senão escapar através <strong>da</strong> fen<strong>da</strong>. 7:239<<strong>br</strong> />

11.3 ENTRE A VIDA E A MORTE<<strong>br</strong> />

A idéia <strong>da</strong> morte é de importância monumental na vi<strong>da</strong> de um feiticeiro.<<strong>br</strong> />

Mostrei-lhe coisas inumeráveis a respeito <strong>da</strong> morte para<<strong>br</strong> />

convencê-lo de que o conhecimento de nosso fim pendente e inevitável<<strong>br</strong> />

é o que nos dá so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de. Nosso engano mais caro <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

homens <strong>com</strong>uns é não se importar <strong>com</strong> o senso de imortali<strong>da</strong>de.<<strong>br</strong> />

É <strong>com</strong>o se acreditássemos que, se não pensássemos a respeito<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> morte, nos pudéssemos proteger dela. 8:116<<strong>br</strong> />

234


Sem uma visão clara <strong>da</strong> morte, não há ordem, nem so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de, nem<<strong>br</strong> />

beleza. Os feiticeiros lutam para ganhar essa percepção crucial<<strong>br</strong> />

de modo a ajudá-lo a perceber no nível mais profundo possível<<strong>br</strong> />

que não têm segurança sequer de que suas vi<strong>da</strong>s continuarão além<<strong>br</strong> />

do momento. Essa percepção dá aos feiticeiros a coragem de serem<<strong>br</strong> />

pacientes e no entanto entrarem em ação, coragem de aquiescer<<strong>br</strong> />

sem serem estúpidos. 8:116<<strong>br</strong> />

A morte não é um inimigo, embora cause essa sensação. A morte<<strong>br</strong> />

não é nosso destruidor, embora pensemos que seja. 8:118<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros consideram a morte <strong>com</strong>o o único oponente valoroso<<strong>br</strong> />

que temos. A morte é nosso desafiante. Nascemos para aceitar<<strong>br</strong> />

este desafio, homens <strong>com</strong>uns ou feiticeiros. Os feiticeiros sabem<<strong>br</strong> />

a respeito; os homens <strong>com</strong>uns não. 8:118<<strong>br</strong> />

A vi<strong>da</strong> é o processo pelo qual a morte nos desafia. A morte é a força<<strong>br</strong> />

ativa. A vi<strong>da</strong> é a arena. E nessa arena há apenas dois contendores<<strong>br</strong> />

em qualquer época: o próprio indivíduo e a morte. 8:118<<strong>br</strong> />

Somos passivos. Pense a respeito. Se nos movemos, é apenas quando<<strong>br</strong> />

sentimos a pressão <strong>da</strong> morte. A morte estabelece o ritmo de<<strong>br</strong> />

nossas ações e sentimentos e empurra-nos incansavelmente até<<strong>br</strong> />

que nos que<strong>br</strong>a e ganha o prêmio, ou então nos elevamos acima<<strong>br</strong> />

de to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des e derrotamos a morte.<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros derrotam a morte e a morte reconhece a derrota,<<strong>br</strong> />

deixando que os feiticeiros partam livres, para nunca mais serem<<strong>br</strong> />

desafiados. 8:118<<strong>br</strong> />

[Isso] significa que o pensamento deu uma cambalhota para o<<strong>br</strong> />

inconcebível. É a desci<strong>da</strong> do espírito; o ato de que<strong>br</strong>ar nossas<<strong>br</strong> />

barreiras perceptíveis. É o momento no qual a percepção do homem<<strong>br</strong> />

atinge seus limites. Os feiticeiros praticam a arte de enviar<<strong>br</strong> />

escoteiros; batedores avançados, para testar nossos limites perceptíveis.<<strong>br</strong> />

8:119<<strong>br</strong> />

11.4 OPÇÃO OCULTA PARA A MORTE<<strong>br</strong> />

A morte dos seres humanos tem uma opção oculta. É algo <strong>com</strong>o uma<<strong>br</strong> />

cláusula num documento legal, uma cláusula que é escrita em letras<<strong>br</strong> />

muito pequenas que mal se consegue enxergar. Você precisa<<strong>br</strong> />

usar uma lente de aumento para ler, porém é a claúsula mais importante<<strong>br</strong> />

do documento. 12:236<<strong>br</strong> />

A opção oculta para a morte é exclusiva dos feiticeiros. Eles são os<<strong>br</strong> />

únicos, que eu saiba, que leram as letrinhas. Para eles, a opção é<<strong>br</strong> />

pertinente e funcional. Para os seres humanos <strong>com</strong>uns, morte significa<<strong>br</strong> />

o fim de sua consciência, o fim de seu organismo. Para os<<strong>br</strong> />

seres inorgânicos, morte significa o mesmo: o fim de sua consci-<<strong>br</strong> />

235


ência. Em ambos os casos, o impacto <strong>da</strong> morte é o ato de ser<<strong>br</strong> />

sugado para o mar escuro <strong>da</strong> consciência [para o bico <strong>da</strong> Águia].<<strong>br</strong> />

As suas consciências individuais, carrega<strong>da</strong>s <strong>com</strong> as experiências<<strong>br</strong> />

de vi<strong>da</strong>, que<strong>br</strong>am as suas fronteiras, e a consciência enquanto<<strong>br</strong> />

energia se perde no mar escuro <strong>da</strong> consciência. 12:236<<strong>br</strong> />

No momento de morrer os feiticeiros não são aniquilados pela morte,<<strong>br</strong> />

mas transformados em seres inorgânicos: seres que têm consciência,<<strong>br</strong> />

mas não um organismo. Para eles, serem transformados<<strong>br</strong> />

em um ser inorgânico é evolução e isso significa que um novo<<strong>br</strong> />

tipo indescritível de consciência lhes é emprestado, uma consciência<<strong>br</strong> />

que permanecerá por ver<strong>da</strong>deiramente milhões de anos,<<strong>br</strong> />

mas que algum dia também precisará ser devolvi<strong>da</strong> ao doador: o<<strong>br</strong> />

mar escuro <strong>da</strong> consciência (ou a Águia]. 10:114<<strong>br</strong> />

Minha so<strong>br</strong>ie<strong>da</strong>de <strong>com</strong>o um feiticeiro me diz que a consciência deles<<strong>br</strong> />

terminará <strong>da</strong> maneira <strong>com</strong>o a consciência dos seres inorgânicos<<strong>br</strong> />

termina, mas eu não vi isso acontecer. Não tenho um conhecimento<<strong>br</strong> />

de primeira mão so<strong>br</strong>e isso. Os feiticeiros antigos acreditavam<<strong>br</strong> />

que a consciência desse tipo de ser inorgânico duraria o<<strong>br</strong> />

tempo que a Terra estiver viva. A Terra é a matriz deles. Enquanto<<strong>br</strong> />

ela prevalecer, sua consciência continua. Para mim, essa é uma<<strong>br</strong> />

afirmação bem razoável. 12:237<<strong>br</strong> />

Para um feiticeiro, a morte é um fator unificador. Em vez de desintegrar<<strong>br</strong> />

o organismo, <strong>com</strong>o <strong>com</strong>umente acontece, a morte o unifica. 12:236<<strong>br</strong> />

A morte para um feiticeiro termina o reino dos temperamentos individuais<<strong>br</strong> />

no corpo. Os feiticeiros antigos acreditavam que era o<<strong>br</strong> />

domínio de diferentes partes do corpo que regiam os temperamentos<<strong>br</strong> />

e as ações do corpo total; partes que se tornaram disfuncionais<<strong>br</strong> />

arrastavam o resto do corpo para o caos, <strong>com</strong>o, por exemplo,<<strong>br</strong> />

quando você fica doente por <strong>com</strong>er porcaria. Nesse caso, o<<strong>br</strong> />

estado do seu estômago afeta todo o resto. A morte erradica o<<strong>br</strong> />

domínio dessas partes individuais. Ela unifica a sua consciência<<strong>br</strong> />

em uma única uni<strong>da</strong>de. 12:236<<strong>br</strong> />

Para os feiticeiros, a morte é um ato de unificação que emprega ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

parte <strong>da</strong> energia deles. Você está pensando na morte <strong>com</strong>o um<<strong>br</strong> />

cadáver à sua frente, um corpo que <strong>com</strong>eça a se de<strong>com</strong>por. Para<<strong>br</strong> />

os feiticeiros, quando o ato de unificação ocorre, não há cadáver.<<strong>br</strong> />

Não há de<strong>com</strong>posição. Seus corpos, na sua totali<strong>da</strong>de, se transformaram<<strong>br</strong> />

em energia, e a energia que possui consciência não é<<strong>br</strong> />

fragmenta<strong>da</strong>. Os limites que são causados pelo organismo são<<strong>br</strong> />

interrompidos pela morte e ain<strong>da</strong> estão funcionando no caso dos<<strong>br</strong> />

feiticeiros, apesar de não serem mais visíveis a olho nu. 12:237<<strong>br</strong> />

Os seres inorgânicos do nosso mundo gêmeo têm sido intrinsecamente<<strong>br</strong> />

inorgânicos desde o início, do mesmo modo <strong>com</strong>o temos<<strong>br</strong> />

sido sempre intrinsecamente seres orgânicos, também desde o<<strong>br</strong> />

início. Eles são seres cuja consciência pode evoluir exatamente<<strong>br</strong> />

236


<strong>com</strong>o a nossa, e sem dúvi<strong>da</strong> o faz, mas não tenho nenhum conhecimento<<strong>br</strong> />

direto de <strong>com</strong>o isso acontece. Entretanto o que sei é que<<strong>br</strong> />

um ser humano cuja consciência evoluiu é um ser inorgânico <strong>br</strong>ilhante,<<strong>br</strong> />

luminescente e arredon<strong>da</strong>do de um tipo especial. 10:115<<strong>br</strong> />

Sei que você está morrendo de vontade de me perguntar se o que<<strong>br</strong> />

estou descrevendo é a alma que vai para o céu ou para o inferno.<<strong>br</strong> />

Não, não é a alma. O que acontece <strong>com</strong> os feiticeiros, quando<<strong>br</strong> />

eles escolhem essa opção oculta <strong>da</strong> morte, é que eles se tornam<<strong>br</strong> />

seres inorgânicos, muito especializados, seres inorgânicos de alta<<strong>br</strong> />

veloci<strong>da</strong>de, seres capazes de mano<strong>br</strong>as estupen<strong>da</strong>s de percepção<<strong>br</strong> />

[<strong>com</strong>o, por exemplo, o a<strong>com</strong>panhamento desta <strong>com</strong>pilação].<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros entram então no que os [feiticeiros dos tempos antigos]<<strong>br</strong> />

chamavam de sua viagem definitiva. O infinito se torna seu<<strong>br</strong> />

reino de ação. 12:237<<strong>br</strong> />

237


CAPÍTULO 12<<strong>br</strong> />

A ÚLTIMA TAREFA<<strong>br</strong> />

O infinito está reivindicando você. Qualquer meio que ele utilizar para<<strong>br</strong> />

lhe apontar isso não pode ter outra razão, outra causa, outro valor<<strong>br</strong> />

senão esse. O que você deve fazer, entretanto, é se preparar para o<<strong>br</strong> />

ataque do infinito. Você deve estar num estado de preparação contínua<<strong>br</strong> />

para receber esse golpe de enorme magnitude. Essa é a maneira<<strong>br</strong> />

sã, só<strong>br</strong>ia, na qual os feiticeiros enfrentam o infinito. 12:214<<strong>br</strong> />

Uma vez que você entre no infinito, não pode depender de [ninguém]<<strong>br</strong> />

para trazê-lo de volta. Sua decisão é necessária então. Somente<<strong>br</strong> />

você pode decidir se volta ou não. Também devo preveni-lo de<<strong>br</strong> />

que poucos guerreiros so<strong>br</strong>evivem a esse tipo de encontro <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

infinito. O infinito é incrivelmente sedutor. Um guerreiro desco<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

que voltar ao mundo <strong>da</strong> desordem, <strong>da</strong> <strong>com</strong>pulsão, do barulho<<strong>br</strong> />

e <strong>da</strong> dor é um assunto na<strong>da</strong> atraente. Você deve saber que a<<strong>br</strong> />

sua decisão de permanecer ou voltar não é uma questão de escolha<<strong>br</strong> />

racional, mas uma questão de intentá-la. 12:291<<strong>br</strong> />

Se você escolher não voltar, desaparecerá <strong>com</strong>o se a terra o tivesse<<strong>br</strong> />

engolido. Mas se escolher retornar, deve apertar os cintos e esperar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o um ver<strong>da</strong>deiro guerreiro-viajante até que sua tarefa, seja ela<<strong>br</strong> />

qual for, esteja termina<strong>da</strong>, <strong>com</strong> sucesso ou <strong>com</strong> fracasso. 12:291<<strong>br</strong> />

O acordo é você permanecer na consciência do mundo cotidiano. [É<<strong>br</strong> />

tempo de] você realizar uma tarefa concreta, o último elo de uma<<strong>br</strong> />

longa cadeia; e deve fazê-lo no seu melhor espírito racional. 12:292<<strong>br</strong> />

O suporte principal do guerreiro é a humil<strong>da</strong>de e a eficiência, agindo sem<<strong>br</strong> />

esperar na<strong>da</strong> e agüentando tudo o que se colocar à sua frente. 12:292<<strong>br</strong> />

Nós estamos sós. Essa é a nossa condição, mas morrer só não é morrer<<strong>br</strong> />

em solidão. 12:293 Esqueça o eu, e você não terá medo de na<strong>da</strong>,<<strong>br</strong> />

qualquer que seja o nível de consciência em que se encontre. 12:318<<strong>br</strong> />

A grande questão para nós, homens, é a nossa fragili<strong>da</strong>de. Quando nossa<<strong>br</strong> />

consciência <strong>com</strong>eça a crescer, ela cresce <strong>com</strong>o uma coluna, bem<<strong>br</strong> />

no meio de nosso ser luminoso, vindo <strong>da</strong> terra para cima. Essa coluna<<strong>br</strong> />

deve atingir uma altura considerável antes de podermos confiar<<strong>br</strong> />

nela. Nesse ponto de sua vi<strong>da</strong>, <strong>com</strong>o feiticeiro, você facilmente perde<<strong>br</strong> />

o domínio <strong>da</strong> sua nova consciência. Quando você faz isso, esquece<<strong>br</strong> />

tudo o que fez e viu no caminho do guerreiro-viajante, porque<<strong>br</strong> />

sua consciência retorna à consciência <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> cotidiana. Expliquei<<strong>br</strong> />

a você que a tarefa de todo feiticeiro homem é reivindicar tudo


que fez e viu no caminho do guerreiro-viajante, enquanto estava em<<strong>br</strong> />

outros novos níveis de consciência. O problema de ca<strong>da</strong> feiticeiro<<strong>br</strong> />

homem é que ele facilmente se esquece, porque sua consciência<<strong>br</strong> />

perde o novo nível e cai por terra prontamente. 12:293<<strong>br</strong> />

[Um axioma de feiticeiros diz que] os guerreiros pagam elegantemente,<<strong>br</strong> />

generosamente e <strong>com</strong> inigualável facili<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong> favor, ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

serviço prestado a eles. Dessa maneira, livram-se do peso de estar<<strong>br</strong> />

endivi<strong>da</strong>dos. 12:294<<strong>br</strong> />

Digamos o seguinte. Para que eu possa deixar esse mundo e enfrentar o<<strong>br</strong> />

desconhecido, preciso de to<strong>da</strong> a minha força, to<strong>da</strong> a minha paciência,<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> a minha sorte; porém, acima de tudo, preciso de ca<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>ço<<strong>br</strong> />

dos nervos de aço de um guerreiro. Para permanecer aqui e<<strong>br</strong> />

viajar <strong>com</strong>o um guerreiro-viajante, você precisa de tudo o que eu<<strong>br</strong> />

mesmo preciso. Aventurar-se aí fora, <strong>com</strong>o vamos fazer, não é <strong>br</strong>incadeira,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o também não é <strong>br</strong>incadeira permanecer aqui. 12:317<<strong>br</strong> />

Nunca vamos estar juntos de novo. Você não precisa mais de minha<<strong>br</strong> />

aju<strong>da</strong>; e eu não quero oferecê-la a você, porque se você vale o pão<<strong>br</strong> />

que <strong>com</strong>e <strong>com</strong>o um guerreiro, [me desdenhará] por oferecer-lhe isso.<<strong>br</strong> />

Depois de um certo ponto, a única alegria de um guerreiro é estar<<strong>br</strong> />

só. Não gostaria tampouco que você me aju<strong>da</strong>sse. Uma vez que eu<<strong>br</strong> />

partir, terei ido embora. Não pense em mim, pois eu não pensarei<<strong>br</strong> />

em você. Se for um guerreiro digno, seja impecável! Cuide de seu<<strong>br</strong> />

mundo. Honre-o; guarde-o <strong>com</strong> a sua vi<strong>da</strong>! 12:318<<strong>br</strong> />

Tudo que [fizer] deverá ser um ato de feitiçaria. Um ato livre de expectativas<<strong>br</strong> />

invasoras, de medo de falhar, de esperanças de sucesso. Livre do culto do eu; tudo o<<strong>br</strong> />

que [fizer] deverá ser improvisado, um trabalho de magia onde [estará aberto] livremente<<strong>br</strong> />

para os impulsos do infinito. 12:215<<strong>br</strong> />

Chegou a hora de você acertar certas dívi<strong>da</strong>s que fez durante a vi<strong>da</strong>.<<strong>br</strong> />

Não que você vá pagar tudo por inteiro, não, mas deve fazer um<<strong>br</strong> />

gesto. Deve fazer um pagamento simbólico para reparar, para<<strong>br</strong> />

apaziguar o infinito. 12:161<<strong>br</strong> />

Essa tarefa de pagar as suas dívi<strong>da</strong>s não é guia<strong>da</strong> por nenhum sentimento<<strong>br</strong> />

que você conheça. É guia<strong>da</strong> pelo sentimento mais puro, o<<strong>br</strong> />

sentimento do guerreiro-viajante que está prestes a mergulhar no<<strong>br</strong> />

infinito, e um pouco antes ele se volta e agradece àqueles que lhe<<strong>br</strong> />

fizeram favores. 12:162<<strong>br</strong> />

Você deve enfrentar essa tarefa <strong>com</strong> to<strong>da</strong> a serie<strong>da</strong>de que ela merece.<<strong>br</strong> />

É a sua última para<strong>da</strong> antes de o infinito engoli-lo. Na reali<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

a não ser que um guerreiro esteja em um sublime estado de<<strong>br</strong> />

ser, o infinito não o tocará por na<strong>da</strong> nesse mundo. Portanto, não<<strong>br</strong> />

se poupe e não poupe nenhum esforço. Continue impiedosamente,<<strong>br</strong> />

mas <strong>com</strong> elegância, todo o caminho até o final. 12:162<<strong>br</strong> />

239


12.1 A ENCRUZILHADA FINAL<<strong>br</strong> />

Agora preciso de sua atenção total. Atenção no sentido em que os<<strong>br</strong> />

guerreiros entendem a atenção: uma pausa ver<strong>da</strong>deira, a fim de<<strong>br</strong> />

permitir que a explicação dos feiticeiros [para o domínio <strong>da</strong> consciência]<<strong>br</strong> />

o inunde plenamente. Estamos no fim de nosso trabalho;<<strong>br</strong> />

to<strong>da</strong> a instrução necessária já lhe foi ministra<strong>da</strong> e agora você tem<<strong>br</strong> />

de parar, olhar para trás e reconsiderar seus passos. Dizem os<<strong>br</strong> />

feiticeiros que este é o único meio de consoli<strong>da</strong>r os lucros. 4:204<<strong>br</strong> />

Já lhe disse inúmeras vezes que é necessária uma mu<strong>da</strong>nça muito<<strong>br</strong> />

drástica se você quiser ter sucessos no caminho do conhecimento.<<strong>br</strong> />

Essa mu<strong>da</strong>nça não é uma mu<strong>da</strong>nça de estado de espírito, nem<<strong>br</strong> />

de atitude, nem de ponto de vista; essa mu<strong>da</strong>nça implica a transformação<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> ilha do tonal. 4:204<<strong>br</strong> />

Precisamente neste ponto, um mestre geralmente diria ao discípulo<<strong>br</strong> />

que chegaram a uma encruzilha<strong>da</strong> final. Mas dizer uma coisa dessas<<strong>br</strong> />

é enganador. Em minha opinião, não existe encruzilha<strong>da</strong> final,<<strong>br</strong> />

nem passo final para na<strong>da</strong>. E <strong>com</strong>o não há passo final para<<strong>br</strong> />

na<strong>da</strong>, não devia haver segredo algum so<strong>br</strong>e qualquer parte de<<strong>br</strong> />

nosso destino <strong>com</strong>o seres luminosos. O poder pessoal resolve<<strong>br</strong> />

quem pode ou não pode lucrar <strong>com</strong> uma revelação; minhas experiências<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> meus semelhantes me provaram que muito poucos entre<<strong>br</strong> />

eles estariam dispostos a escutar; e dentre esses poucos que<<strong>br</strong> />

escutam, um número menor ain<strong>da</strong> estaria disposto a agir segundo o<<strong>br</strong> />

que escutou; e dentre os que estão dispostos a agir, menos ain<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

têm suficiente poder pessoal para aproveitar seus atos. Assim, o assunto<<strong>br</strong> />

de segredo so<strong>br</strong>e a explicação dos feiticeiros resume-se numa<<strong>br</strong> />

rotina, talvez uma rotina tão vazia quanto qualquer outra. De qualquer<<strong>br</strong> />

forma, você agora sabe a respeito do tonal e do nagual, que<<strong>br</strong> />

são a essência <strong>da</strong> explicação dos feiticeiros. Saber a respeito deles<<strong>br</strong> />

parece ser bastante inócuo. 4:205<<strong>br</strong> />

[Este é o momento de a<strong>br</strong>ir a porta do infinito.] Mas antes de nos<<strong>br</strong> />

aventurarmos além deste ponto, é necessária uma advertência<<strong>br</strong> />

justa; um mestre deve falar em termos sérios e avisar o discípulo<<strong>br</strong> />

de que a inocência e placidez deste momento são uma miragem,<<strong>br</strong> />

que há um abismo sem fundo diante dele, e que, uma vez aberta<<strong>br</strong> />

a porta, não há jeito de tornar a fechá-la. 4:205<<strong>br</strong> />

O que acontecerá [de hoje em diante] depende de se você tem ou<<strong>br</strong> />

não suficiente poder pessoal para focalizar a sua atenção total<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e as asas de sua percepção. 4:206<<strong>br</strong> />

O poder age de acordo <strong>com</strong> a sua impecabili<strong>da</strong>de. Se você usar seriamente<<strong>br</strong> />

aquelas quatro técnicas [apagar a história pessoal, perder a<<strong>br</strong> />

importância própria, assumir a responsabili<strong>da</strong>de pelos atos e usar a<<strong>br</strong> />

morte <strong>com</strong>o conselheira], terá armazenado suficiente poder pessoal<<strong>br</strong> />

para encontrar um benfeitor. Você terá sido impecável e o [espírito]<<strong>br</strong> />

terá aberto to<strong>da</strong>s as aveni<strong>da</strong>s necessárias. Essa é a regra. 4:214<<strong>br</strong> />

240


OUTRAS EXPLICAÇÕES<<strong>br</strong> />

APÊNDICE


A - OS GUERREIROS DA HISTÓRIA<<strong>br</strong> />

Por GENARO FLORES<<strong>br</strong> />

Vou contar-lhes a história de um bando de guerreiros que viveu em tempos idos<<strong>br</strong> />

nas montanhas, em algum lugar para lá.<<strong>br</strong> />

Sempre que achavam que um mem<strong>br</strong>o <strong>da</strong>quele bando de guerreiros <strong>com</strong>etia um ato<<strong>br</strong> />

que contrariava os regulamentos, o destino dele era levado à decisão de todos. O<<strong>br</strong> />

culpado tinha de explicar os motivos que o levaram a fazer o que fizera. Os camara<strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

tinham de escutá-lo; e depois, ou eles deban<strong>da</strong>vam, por terem achado<<strong>br</strong> />

seus motivos convincentes, ou se enfileiravam <strong>com</strong> suas armas na orla de uma<<strong>br</strong> />

montanha plana... prontos para executar a sentença de morte, por terem julgado<<strong>br</strong> />

os motivos inaceitáveis. Nesse caso, o guerreiro condenado tinha de despedir-se<<strong>br</strong> />

de seus velhos camara<strong>da</strong>s e iniciava-se sua execução. 4:250<<strong>br</strong> />

Na montanha <strong>da</strong> história, havia uma fileira de árvores. Além [dela] localizava-se<<strong>br</strong> />

uma floresta cerra<strong>da</strong>. Depois de se despedir de seus camara<strong>da</strong>s, o guerreiro<<strong>br</strong> />

condenado devia <strong>com</strong>eçar a descer a encosta em direção às árvores. Seus<<strong>br</strong> />

camara<strong>da</strong>s então engatilhavam as armas e as apontavam para ele. Se ninguém<<strong>br</strong> />

atirasse, ou se o espírito do guerreiro so<strong>br</strong>evivesse aos ferimentos e<<strong>br</strong> />

alcançasse a orla <strong>da</strong>s árvores, estaria livre. 4:251<<strong>br</strong> />

Dizem que houve homens que conseguiram sair ilesos. Digamos que seu poder<<strong>br</strong> />

pessoal afetou seus camara<strong>da</strong>s. Uma onde percorreu-os enquanto faziam mira<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e ele e ninguém ousou usar a arma. Ou talvez estivessem assom<strong>br</strong>ados<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a <strong>br</strong>avura dele e não conseguiram fazer-lhe mal. 4:251<<strong>br</strong> />

Havia uma condição estabeleci<strong>da</strong> para aquela caminha<strong>da</strong> até a orla <strong>da</strong>s árvores. O<<strong>br</strong> />

guerreiro tinha de an<strong>da</strong>r calmamente, sem se alterar. Seus passos tinham de<<strong>br</strong> />

ser seguros e firmes, seu olhar devia estar fixo em frente, em paz. Ele tinha de<<strong>br</strong> />

descer sem tropeçar, sem virar para trás e so<strong>br</strong>etudo sem correr. 4:251<<strong>br</strong> />

Se você resolver voltar a esta terra terá de esperar <strong>com</strong>o ver<strong>da</strong>deiro guerreiro ate<<strong>br</strong> />

que suas tarefas estejam cumpri<strong>da</strong>s. Essa espera parece muito <strong>com</strong> a caminha<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

do guerreiro <strong>da</strong> história. Enten<strong>da</strong>: o guerreiro tinha acabado o tempo<<strong>br</strong> />

humano, e você também. A única diferença é quem esta mirando so<strong>br</strong>e você.<<strong>br</strong> />

Aqueles que estavam mirando o guerreiro eram seus camara<strong>da</strong>s guerreiros.<<strong>br</strong> />

Mas o que está mirando você é o desconhecido. 4:252<<strong>br</strong> />

A única chance de você é a sua impecabili<strong>da</strong>de. Deve esperar sem olhar para trás.<<strong>br</strong> />

Deve esperar sem contar <strong>com</strong> re<strong>com</strong>pensas. E deve dedicar todo o seu poder<<strong>br</strong> />

pessoal a cumprir suas tarefas. Se você não agir impecavelmente, se <strong>com</strong>eçar<<strong>br</strong> />

a se afligir e ficar impaciente e desesperado, será arrasado impiedosamente<<strong>br</strong> />

pelos atiradores do desconhecido. Se, por outro lado, sua impecabili<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

seu poder pessoal forem tais que você seja capaz de cumprir suas tarefas,<<strong>br</strong> />

então conseguirá a promessa do poder. É uma promessa que o poder faz aos<<strong>br</strong> />

homens <strong>com</strong>o seres luminosos. Ca<strong>da</strong> guerreiro tem um destino diferente, de<<strong>br</strong> />

modo que não há meio de dizer qual será essa promessa. 4:252<<strong>br</strong> />

Você aprendeu que a espinha dorsal de um guerreiro é ser humilde e eficiente.<<strong>br</strong> />

Aprendeu a agir sem na<strong>da</strong> esperar por re<strong>com</strong>pensa. Agora eu lhes digo que, a<<strong>br</strong> />

fim de suportar o que tem pela frente, além deste dia, você precisará de to<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

a paciência possível. 4:252<<strong>br</strong> />

242


B - VIVENDO COM OS SERES INORGÂNICOS<<strong>br</strong> />

Pelo EMISSÁRIO DO SONHO DE CASTAÑEDA<<strong>br</strong> />

Você está dentro de um ser inorgânico. Escolha um túnel e poderá até mesmo<<strong>br</strong> />

viver nele. Isto é, se você quiser. 9:107<<strong>br</strong> />

Existem vantagens infinitas para você. Pode viver em quantos túneis quiser. E ca<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

um deles irá ensinar uma coisa diferente. Os feiticeiros <strong>da</strong> antigüi<strong>da</strong>de viveram<<strong>br</strong> />

assim e aprenderam coisas maravilhosas. 9:107<<strong>br</strong> />

Você é apenas uma bolha de energia. E está flutuando dentro de um ser inorgânico.<<strong>br</strong> />

É assim que o batedor deseja que você se movimente neste mundo. Quando<<strong>br</strong> />

o tocou, ele mudou-o para sempre. Agora você é praticamente um de nós. Se<<strong>br</strong> />

quiser ficar aqui, basta verbalizar seu intento. 9:107<<strong>br</strong> />

Os feiticeiros antigos aprenderam tudo que podiam so<strong>br</strong>e sonhar ficando aqui<<strong>br</strong> />

conosco. Eles aprenderam tudo apenas vivendo dentro dos seres inorgânicos.<<strong>br</strong> />

Para viver dentro deles, tudo que os feiticeiros antigos precisavam era dizer<<strong>br</strong> />

isso; do mesmo modo que para chegar aqui bastou você verbalizar o seu<<strong>br</strong> />

intento, alto e claro. 9:108<<strong>br</strong> />

Acho que você vai se sentir mais confortável se engatinhar, em vez de voar. Você<<strong>br</strong> />

também pode mover-se <strong>com</strong>o uma aranha ou uma mosca, para cima, para<<strong>br</strong> />

baixo, ou de cabeça para baixo. 9:108<<strong>br</strong> />

Nesse mundo você não precisa ficar preso pela gravi<strong>da</strong>de. Também não precisa<<strong>br</strong> />

respirar. E, só para sua conveniência, pode manter a visão e ver <strong>com</strong>o vê em<<strong>br</strong> />

seu mundo. A visão nunca é prejudica<strong>da</strong>, de modo que o sonhador sempre<<strong>br</strong> />

fala so<strong>br</strong>e o sonhar em termos do que vê. 9:108-109<<strong>br</strong> />

Somos a uni<strong>da</strong>de móvel de nosso mundo. Não tenha medo. Somos energia, e<<strong>br</strong> />

certamente não pretendemos tocá-lo. De qualquer modo seria impossível.<<strong>br</strong> />

Estamos separados por fronteiras reais. 9:130<<strong>br</strong> />

Queremos que você se junte a nós. Venha até onde estamos. E não fique tão constrangido.<<strong>br</strong> />

Você não fica constrangido <strong>com</strong> os batedores nem <strong>com</strong>igo. Os batedores<<strong>br</strong> />

e eu somos exatamente <strong>com</strong>o os outros. Eu tenho forma de sino, e os<<strong>br</strong> />

batedores são <strong>com</strong>o chamas de velas. 9:130<<strong>br</strong> />

Este é o mundo <strong>da</strong>s som<strong>br</strong>as. Mas apesar de sermos som<strong>br</strong>as, espalhamos luz.<<strong>br</strong> />

Não somos apenas móveis, mas somos a luz nos túneis. Somos outro tipo de<<strong>br</strong> />

ser inorgânico que existe aqui. Existem três tipos: um é <strong>com</strong>o um túnel imóvel,<<strong>br</strong> />

o outro <strong>com</strong>o uma som<strong>br</strong>a móvel. Nós somos as som<strong>br</strong>as móveis. Os<<strong>br</strong> />

túneis nos dão sua energia, e nós cumprimos as ordens deles. O terceiro tipo<<strong>br</strong> />

só é revelado aos nossos visitantes quando eles decidem ficar conosco. Porque<<strong>br</strong> />

é necessária uma grande quanti<strong>da</strong>de de energia para vê-los. E nós teríamos<<strong>br</strong> />

de <strong>da</strong>r essa energia. 9:132<<strong>br</strong> />

O sonhar é o veículo que traz os sonhadores até este mundo. E tudo que os feiticeiros<<strong>br</strong> />

sabem so<strong>br</strong>e o sonhar foi ensinado por nós. Nosso mundo é conectado<<strong>br</strong> />

ao seu por uma porta chama<strong>da</strong> sonho. Nós sabemos <strong>com</strong>o atravessar essa<<strong>br</strong> />

porta, mas os homens não. Eles precisam aprender. 9:135<<strong>br</strong> />

243


C - PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ARTE DE ESPREITAR<<strong>br</strong> />

Por FLORINDA MATUS<<strong>br</strong> />

Só um mestre em espreita pode ser um mestre em loucura controla<strong>da</strong>. A loucura<<strong>br</strong> />

controla<strong>da</strong> não significa o estudo <strong>da</strong>s pessoas. Significa que os guerreiros<<strong>br</strong> />

aplicam os sete princípios básicos <strong>da</strong> arte de espreitar a tudo o que fazem,<<strong>br</strong> />

desde os atos mais simples até situações sérias de vi<strong>da</strong> e de morte. A aplicação<<strong>br</strong> />

desses princípios redun<strong>da</strong> em três resultados. O primeiro é que os<<strong>br</strong> />

espreitadores aprendem a nunca se levarem a sério; aprendem a rir de si<<strong>br</strong> />

próprios. Se não se importam de parecer bobos, podem enganar a qualquer<<strong>br</strong> />

um. O segundo é que aprendem a ter uma paciência sem fim. Nunca estão<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> pressa, nunca se desesperam. E o terceiro é que aprendem a desenvolver<<strong>br</strong> />

uma capaci<strong>da</strong>de infinita de improvisação. 6:231<<strong>br</strong> />

Os guerreiros não têm o mundo para os amortizar, portanto necessitam do regulamento.<<strong>br</strong> />

No entanto, o regulamento dos espreitadores se aplica a todos. O primeiro<<strong>br</strong> />

preceito do regulamento é que tudo que nos rodeia é de um mistério<<strong>br</strong> />

insondável. O segundo preceito é que devemos tentar desven<strong>da</strong>r esses mistérios,<<strong>br</strong> />

mas sem esperar jamais conseguir isso. O terceiro, é que um guerreiro,<<strong>br</strong> />

ciente dos mistérios insondáveis que o cercam e ciente do seu dever de tentar<<strong>br</strong> />

desvendá-los ocupa seu lugar certo entre os mistérios e vê a si mesmo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

um deles. Conseqüentemente, para um guerreiro, o mistério de ser não tem<<strong>br</strong> />

fim, seja ser uma pedra, uma formiga ou ele próprio. Essa é a humil<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

um guerreiro. Uma pessoa é igual a tudo. 6:222<<strong>br</strong> />

O primeiro princípio <strong>da</strong> arte de espreitar é que os guerreiros escolhem seu campo<<strong>br</strong> />

de batalha. Um guerreiro nunca entra na batalha sem saber o que o cerca.<<strong>br</strong> />

Descartar tudo o que for necessário é o princípio <strong>da</strong> arte de espreitar. 6:221<<strong>br</strong> />

Não <strong>com</strong>plique as coisas. Tente ser simples. Use to<strong>da</strong> a concentração de que é<<strong>br</strong> />

capaz para decidir se entra ou não na batalha, pois to<strong>da</strong> batalha é uma batalha<<strong>br</strong> />

pela vi<strong>da</strong>. [É o segundo princípio] 6:223<<strong>br</strong> />

Este é o terceiro princípio <strong>da</strong> arte de espreitar: o guerreiro tem de estar disposto e<<strong>br</strong> />

pronto a tomar sua última posição a um certo momento. Mas não de um modo<<strong>br</strong> />

atabalhoado. 6:223<<strong>br</strong> />

Relaxe, solte-se, não tenha medo de na<strong>da</strong>. Só então os poderes que nos guiam<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>em o caminho e nos aju<strong>da</strong>m. Só então. [Este é o quarto princípio.]<<strong>br</strong> />

Quando confrontados <strong>com</strong> coisas <strong>com</strong> que não conseguem li<strong>da</strong>r, os guerreiros se<<strong>br</strong> />

retraem por um instante. Deixam a cabeça se soltar, usando o tempo para<<strong>br</strong> />

outra coisa. Qualquer coisa serve. [Este é o quinto princípio.] 6:223<<strong>br</strong> />

O sexto princípio: os guerreiros condensam o tempo; até mesmo um instante é<<strong>br</strong> />

preciso. Numa batalha pela vi<strong>da</strong>, um segundo é uma eterni<strong>da</strong>de, eterni<strong>da</strong>de<<strong>br</strong> />

essa que pode decidir o resultado final. Os guerreiros esperam ter êxito, portanto<<strong>br</strong> />

condensam o tempo. Não desperdiçam nenhum minuto. 6:223<<strong>br</strong> />

O sétimo é: um espreitador nunca se põe à frente <strong>da</strong>s coisas. Para aplicar o sétimo princípio<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> arte de espreitar, tem-se de aplicar os outros seis. 6:230-231<<strong>br</strong> />

244


D - INTENTAR NA SEGUNDA ATENÇÃO<<strong>br</strong> />

Pelo DESAFIADOR DA MORTE<<strong>br</strong> />

A segun<strong>da</strong> atenção tem tesouros infinitos para ser descobertos. O posicionamento<<strong>br</strong> />

inicial em que o sonhador coloca seu corpo é de importância vital. E exatamente<<strong>br</strong> />

nisso está o segredo dos feiticeiros antigos, que já eram antigos na<<strong>br</strong> />

minha época. Pense nisso. 9:253<<strong>br</strong> />

Os dons proporcionados aos [mestres-feiticeiros] desta linhagem têm a ver <strong>com</strong> o que os<<strong>br</strong> />

feiticeiros antigos chamavam de posições gêmeas. Isto é, a posição inicial em que o sonhador coloca<<strong>br</strong> />

o corpo para <strong>com</strong>eçar a sonhar é espelha<strong>da</strong> pela posição em que ele coloca o corpo energético, nos<<strong>br</strong> />

sonhos, para fixar seu ponto de aglutinação em qualquer local de sua escolha. As duas posições<<strong>br</strong> />

formam uma uni<strong>da</strong>de. Os feiticeiros antigos levaram milhares de anos para desco<strong>br</strong>ir o relacionamento<<strong>br</strong> />

perfeito entre duas posições quaisquer. Os feiticeiros de hoje em dia nunca terão tempo nem disposição<<strong>br</strong> />

para fazer todo esse trabalho. Os homens e mulheres desta linha são felizardos por [me] terem<<strong>br</strong> />

para <strong>da</strong>r esses dons. 9:253<<strong>br</strong> />

Não existe lá fora. Isto é um sonho [...] no quarto portão de sonhar, sonhando meu<<strong>br</strong> />

sonho. 9:255<<strong>br</strong> />

[Minha arte é] ser capaz de projetar o intento. Esse é um dos mistérios de intentar na<<strong>br</strong> />

segun<strong>da</strong> atenção as posições gêmeas do sonhar. Pode ser feito, mas não pode<<strong>br</strong> />

ser explicado ou <strong>com</strong>preendido. 9:256<<strong>br</strong> />

[Venho] de uma linha de feiticeiros que sabem <strong>com</strong>o se movimentar na segun<strong>da</strong> atenção projetando<<strong>br</strong> />

seu intento. Os feiticeiros de [minha] linha praticam a arte de projetar seus pensamentos no sonhar,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o objetivo de realizar a reprodução fiel de qualquer objeto, estrutura, paisagem ou cenário de sua<<strong>br</strong> />

escolha. Os feiticeiros de [minha linha] costumam <strong>com</strong>eçar olhando para um objeto simples, memorizando<<strong>br</strong> />

ca<strong>da</strong> detalhe. Em segui<strong>da</strong> fecham os olhos, visualizam o objeto e corrigem sua visualização <strong>com</strong>parando<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o objeto real, até que possam vê-lo em sua totali<strong>da</strong>de, <strong>com</strong> os olhos fechados. 9:256<<strong>br</strong> />

A etapa seguinte [nesse] esquema de desenvolvimento é sonhar <strong>com</strong> o objeto e criar no<<strong>br</strong> />

sonho, do ponto de vista de sua percepção, uma materialização total do objeto. Esse ato é chamado<<strong>br</strong> />

de primeiro passo para a percepção total. A partir de um objeto simples, [os] feiticeiros passam a usar<<strong>br</strong> />

itens ca<strong>da</strong> vez mais <strong>com</strong>plexos. Seu objetivo final é todos juntos visualizarem um mundo inteiro; em<<strong>br</strong> />

segui<strong>da</strong> sonhar esse mundo e, assim, recriar um lugar totalmente verídico onde podem existir. 9:256<<strong>br</strong> />

Quando algum dos feiticeiros de minha linha consegue fazer isso, ele pode colocar<<strong>br</strong> />

qualquer pessoa em seu intento, em seu sonho. É isso que estou fazendo<<strong>br</strong> />

agora <strong>com</strong> você, e o que fiz <strong>com</strong> todos os [mestres-feiticeiros desta] linha. 9:256<<strong>br</strong> />

É perigoso atravessar o quarto portão [de sonhar] e viajar para lugares que só existem no<<strong>br</strong> />

intento de outra pessoa, já que ca<strong>da</strong> item de um sonho desses é um item absolutamente pessoal. O<<strong>br</strong> />

único meio de ter controle absoluto so<strong>br</strong>e os sonhos é usando a técnica <strong>da</strong>s posições gêmeas. Simplesmente<<strong>br</strong> />

é assim. Como tudo. 9:257<<strong>br</strong> />

Juan Matus não gosta dos feiticeiros antigos em geral, e de mim em particular.<<strong>br</strong> />

Tudo que precisamos fazer, para ver nos sonhos, é apontar o dedo mindinho<<strong>br</strong> />

para o item que desejamos ver. Fazer você gritar assim em meu sonho é o<<strong>br</strong> />

modo dele man<strong>da</strong>r sua mensagem. Claro que gritar feito um idiota também<<strong>br</strong> />

funciona. 9:258<<strong>br</strong> />

[Estamos sonhando]. Mas este sonhar é mais real do que o outro, porque você<<strong>br</strong> />

está me aju<strong>da</strong>ndo. Não é possível explicar <strong>com</strong>o isso acontece. Lem<strong>br</strong>e-se<<strong>br</strong> />

sempre do que eu disse: este é o mistério de intentar na segun<strong>da</strong> atenção. 9:262<<strong>br</strong> />

245


E - OS VENTOS SÃO MULHERES<<strong>br</strong> />

Por DONA SOLEDADE<<strong>br</strong> />

Uma mulher é muito mais flexível do que um homem. A mulher se modifica muito<<strong>br</strong> />

facilmente, <strong>com</strong> o poder de um feiticeiro. Um aprendiz homem é extremamente<<strong>br</strong> />

difícil. A mulher é mais delica<strong>da</strong> e mais mole, e acima de tudo a mulher<<strong>br</strong> />

é <strong>com</strong>o uma cabaça, ela recebe. Mas, não sei porque, o homem consegue<<strong>br</strong> />

maior poder [ain<strong>da</strong> que] as mulheres sejam inigualáveis, o máximo. 5:36<<strong>br</strong> />

[A mulher saltar no abismo é inútil porque] as guerreiras têm de fazer coisas mais<<strong>br</strong> />

dolorosas e mais difíceis do que isso. 5:37<<strong>br</strong> />

As mulheres são melhores do que os homens, nesse sentido. Não têm de saltar num<<strong>br</strong> />

abismo. As mulheres têm suas coisas próprias. Tem o seu próprio abismo. As<<strong>br</strong> />

mulheres têm menstruação. Esta é a porta para elas. Durante a menstruação, elas<<strong>br</strong> />

se tornam outra coisa. 5:39<<strong>br</strong> />

[As mulheres devem prestar atenção] a tudo quanto lhes acontece naquele período.<<strong>br</strong> />

Nesses dias, [pode-se ver e a<strong>br</strong>ir] a fresta entre os mundos. Existe uma fresta nas<<strong>br</strong> />

mulheres, uma fresta que elas disfarçam muito bem. Durante a menstruação, por<<strong>br</strong> />

melhor que seja o disfarce, ele cai e as mulheres ficam despi<strong>da</strong>s. 5:40<<strong>br</strong> />

Todos nós em nossas vi<strong>da</strong>s, criamos uma direção na qual olhamos. Essa se torna<<strong>br</strong> />

a direção dos olhos do espírito. Com os anos, essa direção torna-se gasta<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o uso, fraca e desagradável e, <strong>com</strong>o estamos presos àquela determina<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

direção, também nos tornamos fracos e desagradáveis. 5:32<<strong>br</strong> />

Ca<strong>da</strong> uma de nós, mulheres, tem uma direção especial, um vento especial. Os<<strong>br</strong> />

homens não. Uma guerreira pode usar seu vento especial para o que bem<<strong>br</strong> />

entender. 5:28<<strong>br</strong> />

[O vento nos diz o que fazer.] O vento move-se dentro do corpo de uma mulher. É<<strong>br</strong> />

assim porque as mulheres têm útero. Uma vez dentro do útero, o vento nos<<strong>br</strong> />

pega e diz para fazermos as coisas. Quanto mais sossega<strong>da</strong> e descontraí<strong>da</strong> a<<strong>br</strong> />

mulher, melhores os resultados. Pode-se dizer que de repente a mulher <strong>com</strong>eça<<strong>br</strong> />

a fazer coisas que não sabia absolutamente fazer. 5:34<<strong>br</strong> />

OS QUATRO VENTOS<<strong>br</strong> />

Há quatro ventos, assim <strong>com</strong>o há quatro direções. Isso, claro, é para os feiticeiros<<strong>br</strong> />

e o que fazem os feiticeiros. Quatro para eles é um número de poder.<<strong>br</strong> />

O primeiro vento é a <strong>br</strong>isa, a manhã. Traz a esperança e a luz: é o arauto do<<strong>br</strong> />

dia. Vem e vai e entra em tudo. Às vezes é suave e passa despercebido; outras<<strong>br</strong> />

vezes é insistente e aborrecido.<<strong>br</strong> />

Outro vento é o vento duro, ou quente ou frio, ou ambos. Um vento do meiodia.<<strong>br</strong> />

Soprando cheio de energia mas também cheio de cegueira. Passa através<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s portas e derruba paredes. Um feiticeiro tem de ser muito forte para li<strong>da</strong>r<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o vento duro.<<strong>br</strong> />

Depois temos o vento frio <strong>da</strong> tarde. Triste e difícil. Um vento que nunca quer<<strong>br</strong> />

nos deixar em paz. Esfria a pessoa e a faz chorar. Ele tem tal profundi<strong>da</strong>de e<<strong>br</strong> />

vale a pena procurá-lo.<<strong>br</strong> />

246


E por fim há o vento quente. Aquece e protege e envolve tudo. É um vento <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

noite para os feiticeiros. O poder dele an<strong>da</strong> junto <strong>com</strong> as trevas.<<strong>br</strong> />

São esses os quatro ventos. Também estão ligados aos quatro pontos cardeais.<<strong>br</strong> />

A <strong>br</strong>isa é o leste. O vento frio é o oeste. O vento duro é o norte. O quente<<strong>br</strong> />

é o sul.<<strong>br</strong> />

Os quatro ventos também têm personali<strong>da</strong>des. A <strong>br</strong>isa é alegre, insinuante,<<strong>br</strong> />

astuta. O vento frio é temperamental, melancólico e sempre pensativo. O vento<<strong>br</strong> />

quente é feliz, largado e saltitante. O vento duro é enérgico, dominador e<<strong>br</strong> />

impaciente. 5:35<<strong>br</strong> />

Os ventos são mulheres. É por isso que as guerreiras os procuram. Os ventos e as<<strong>br</strong> />

mulheres são iguais. É por isso também que as mulheres são melhores do<<strong>br</strong> />

que os homens. Eu diria que as mulheres aprendem mais depressa quando se<<strong>br</strong> />

agarram a seu vento específico.<<strong>br</strong> />

Se a mulher sossega e não fica falando consigo, o vento dela a apanhará. 5:35<<strong>br</strong> />

247


F - A RODA DO TEMPO<<strong>br</strong> />

Por FLORINDA MATUS<<strong>br</strong> />

[Quando falamos em tempo não nos referimos] ao tempo medido pelo movimento do relógio.<<strong>br</strong> />

O tempo é a essência <strong>da</strong> atenção, as emanações <strong>da</strong> Águia são feitas de tempo; e, provavelmente,<<strong>br</strong> />

quando se entra em qualquer aspecto do outro eu, trava-se conhecimento <strong>com</strong> [a ro<strong>da</strong> do tempo].<<strong>br</strong> />

A ro<strong>da</strong> do tempo é <strong>com</strong>o um estado de eleva<strong>da</strong> conscientização, parte do outro eu <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

diária, e pode ser descrita fisicamente <strong>com</strong>o um túnel de <strong>com</strong>primento e largura infinitos, <strong>com</strong> sulcos<<strong>br</strong> />

de reflexão. Ca<strong>da</strong> sulco é infinito, e há um número infinito deles. As criaturas vivas são necessariamente<<strong>br</strong> />

feitas, por força <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, para olhar para dentro de um sulco. Olhar para dentro dele significa ficar<<strong>br</strong> />

preso a ele, viver nele. 6:242<<strong>br</strong> />

O que os guerreiros chamam de vontade pertence à ro<strong>da</strong> do tempo. É <strong>com</strong>o o caule de uma<<strong>br</strong> />

parreira, ou um tentáculo intangível que todos nós temos. O objetivo final de um guerreiro é aprender<<strong>br</strong> />

a focalizar [sua vontade] na ro<strong>da</strong> do tempo a fim de fazê-la girar. Os guerreiros que conseguem girar<<strong>br</strong> />

a ro<strong>da</strong> do tempo podem olhar para dentro do sulco e tirar dele tudo o que desejarem. 6:242<<strong>br</strong> />

Ficar preso o<strong>br</strong>igatoriamente num sulco de tempo implica ver imagens <strong>da</strong>quele<<strong>br</strong> />

sulco só quando elas retrocedem. Estar livre <strong>da</strong> força feiticeira desses sulcos<<strong>br</strong> />

significa poder-se olhar nas duas direções, na <strong>da</strong>s imagens que retrocedem e<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong>s imagens que se aproximam. 6:242<<strong>br</strong> />

Vista dessa maneira, a ro<strong>da</strong> do tempo é uma influência poderosa que atinge a vi<strong>da</strong> do<<strong>br</strong> />

guerreiro – e além dela, <strong>com</strong>o é o caso [desta <strong>com</strong>pilação]. [As citações parecem liga<strong>da</strong>s por uma<<strong>br</strong> />

conexão semelhante a uma mola que tem vi<strong>da</strong> própria.] Essa conexão é a ro<strong>da</strong> do tempo. 11:16<<strong>br</strong> />

248


G - A FORMA HUMANA<<strong>br</strong> />

Por MARIA HELENA “LA GORDA”<<strong>br</strong> />

Um feiticeiro é um tolteca quando recebeu os mistérios de espreitar e sonhar. 5:180<<strong>br</strong> />

O mundo dos homens sobe e desce e as pessoas sobem e descem <strong>com</strong> seu mundo;<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o feiticeiros, não temos na<strong>da</strong> de a<strong>com</strong>panhá-los em suas subi<strong>da</strong>s e<<strong>br</strong> />

desci<strong>da</strong>s. A arte dos feiticeiros é estar por fora de tudo e passar despercebido.<<strong>br</strong> />

E mais que tudo, a arte dos feiticeiros é nunca desperdiçar seu poder. 5:180<<strong>br</strong> />

Seguramos as imagens do mundo <strong>com</strong> a nossa atenção. Um feiticeiro homem é<<strong>br</strong> />

muito difícil de treinar porque a atenção dele está sempre fecha<strong>da</strong>, focaliza<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e alguma coisa. A mulher, ao contrário, está sempre aberta porque a maior<<strong>br</strong> />

parte do tempo ela não focaliza sua atenção so<strong>br</strong>e na<strong>da</strong>. Especialmente durante<<strong>br</strong> />

a menstruação. Durante aquele período [pode-se] libertar a atenção <strong>da</strong>s<<strong>br</strong> />

imagens do mundo. Se não focalizar a atenção so<strong>br</strong>e o mundo, o mundo desmorona.<<strong>br</strong> />

5:181<<strong>br</strong> />

Um guerreiro deve largar a forma humana a fim de se modificar, modificar-se de<<strong>br</strong> />

ver<strong>da</strong>de. Se não, só fala em modificar. É inútil pensar ou esperar que se possa<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>r os hábitos. Não podemos mu<strong>da</strong>r na<strong>da</strong>, enquanto nos agarrarmos à<<strong>br</strong> />

forma humana. Um guerreiro sabe que não pode mu<strong>da</strong>r, e no entanto trata de<<strong>br</strong> />

mu<strong>da</strong>r, mesmo que saiba que não o poderá fazer. É essa a única vantagem<<strong>br</strong> />

que um guerreiro tem so<strong>br</strong>e o homem <strong>com</strong>um. O guerreiro nunca se decepciona<<strong>br</strong> />

quando não consegue mu<strong>da</strong>r. 5:118<<strong>br</strong> />

Os guerreiros, tanto homens <strong>com</strong>o mulheres, devem ser impecáveis em seus esforços<<strong>br</strong> />

para mu<strong>da</strong>r, a fim de assustar a forma humana e expulsá-la. Depois de<<strong>br</strong> />

anos de impecabli<strong>da</strong>de chega um momento em que a forma humana não pode<<strong>br</strong> />

suportar mais e parte. Ao fazer isso, claro, prejudica o corpo e pode até fazêlo<<strong>br</strong> />

morrer, mas um guerreiro impecável sempre so<strong>br</strong>evive. 5:129<<strong>br</strong> />

Perder a forma humana traz liber<strong>da</strong>de. A liber<strong>da</strong>de de lem<strong>br</strong>ar-se de si próprio.<<strong>br</strong> />

Perder a forma humana é <strong>com</strong>o que uma espiral. Dá a você a liber<strong>da</strong>de de<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ar, e isso por sua vez o faz ain<strong>da</strong> mais livre. 6:54<<strong>br</strong> />

[A propósito, a forma humana, que não é o molde humano ou divino que nos<<strong>br</strong> />

aglomera, é] uma coisa gomosa, uma força gomosa que nos torna as pessoas<<strong>br</strong> />

que somos. A forma humana não tem forma. Como os aliados, é qualquer<<strong>br</strong> />

coisa, mas a despeito de não ter forma, ela nos possui durante as nossas<<strong>br</strong> />

vi<strong>da</strong>s e não nos larga até a morte. 5:117<<strong>br</strong> />

A forma humana é uma força. E o molde humano é... bem... um molde. Tudo tem<<strong>br</strong> />

um molde especial. As plantas têm moldes, os animais têm moldes, os vermes<<strong>br</strong> />

têm moldes. 6:115<<strong>br</strong> />

Tudo tem de ser peneirado através de nossa forma humana. Quando não tivermos<<strong>br</strong> />

forma, então na<strong>da</strong> tem forma e no entanto tudo está presente. 5:119<<strong>br</strong> />

Tudo no mundo é uma força, um puxão ou um empurrão. A fim de sermos puxados<<strong>br</strong> />

ou empurrados temos de ser <strong>com</strong>o uma vela, <strong>com</strong>o um papagaio ao vento.<<strong>br</strong> />

Mas se tivermos um buraco no meio de nossa luminosi<strong>da</strong>de [porque não<<strong>br</strong> />

percebemos o molde humano], a força sai por ele e nunca age so<strong>br</strong>e nós. 5:116<<strong>br</strong> />

249


Nossa tarefa é a tarefa de lem<strong>br</strong>ar, não <strong>com</strong> a cabeça, mas <strong>com</strong> o corpo. Temos de<<strong>br</strong> />

esperar. Temos de <strong>da</strong>r a nossos corpos uma chance de encontrar uma solução.<<strong>br</strong> />

Este é o silêncio dos guerreiros. 5:53-54<<strong>br</strong> />

Um caçador apenas caça. Um espreitador espreita qualquer coisa, inclusive a si<<strong>br</strong> />

mesmo. Um espreitador impecável pode transformar qualquer coisa em presa.<<strong>br</strong> />

Podemos espreitar até mesmo nossas próprias fraquezas. 5:167<<strong>br</strong> />

[Podemos espreitá-las] do mesmo modo que você espreita a caça. Você estu<strong>da</strong><<strong>br</strong> />

seus hábitos até conhecer todos os atos de suas fraquezas e depois salta so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

elas e as pega <strong>com</strong>o coelhos dentro de uma gaiola. 5:167<<strong>br</strong> />

Mas espreitar as suas fraquezas não é suficiente para perdê-las. Você pode espreitálas<<strong>br</strong> />

até o dia do juizo e não vai alterar na<strong>da</strong>. O que um guerreiro precisa mesmo<<strong>br</strong> />

a fim de ser um espreitador impecável é ter um propósito. 5:169<<strong>br</strong> />

Um guerreiro não tem <strong>com</strong>paixão por ninguém. Ter <strong>com</strong>paixão significa que você<<strong>br</strong> />

deseja que o outro seja <strong>com</strong>o você, que esteja em seu lugar, e você o aju<strong>da</strong> só<<strong>br</strong> />

por isso. A coisa mais difícil do mundo é um guerreiro deixar os outros em paz. 5:226<<strong>br</strong> />

A impecabili<strong>da</strong>de do guerreiro é deixar os outros <strong>com</strong>o são e apoiá-los no que<<strong>br</strong> />

forem. Isso significa, naturalmente, que você confia que também eles sejam<<strong>br</strong> />

guerreiros impecáveis. Então é seu dever ser impecável e não <strong>da</strong>r uma palavra.<<strong>br</strong> />

Somente um feiticeiro que veja e não tenha forma [humana] pode auxiliar<<strong>br</strong> />

alguém. 5:226<<strong>br</strong> />

Tudo no mundo de um guerreiro depende do poder pessoal e o poder pessoal<<strong>br</strong> />

depende <strong>da</strong> impecabili<strong>da</strong>de. Os guerreiros sempre têm uma possibili<strong>da</strong>de,<<strong>br</strong> />

por menor que seja. 5:128<<strong>br</strong> />

Um guerreiro é alguém que procura a liber<strong>da</strong>de. Tristeza não é liber<strong>da</strong>de. Devemos<<strong>br</strong> />

nos libertar dela [<strong>com</strong> um senso de desprendimento numa pausa momentânea<<strong>br</strong> />

para reavaliar situações]. 6:103<<strong>br</strong> />

250


A OBRA DE CARLOS CASTAÑEDA<<strong>br</strong> />

1 - A erva do diabo (The teaching of Dom Juan, 1968). Trad. Luzia Machado<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Costa. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1974.<<strong>br</strong> />

2 - Uma estranha reali<strong>da</strong>de (A separate reality, 1971). Trad. Luzia Machado<<strong>br</strong> />

<strong>da</strong> Costa. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1974.<<strong>br</strong> />

3 - Viagem a Ixtlan (Journey to Ixtlan, 1972). Trad. Luzia Machado <strong>da</strong> Costa.<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro: Ed. Record, 1974.<<strong>br</strong> />

4 - Porta para o infinito (Tales of power, 1974). Trad. Luzia Machado <strong>da</strong><<strong>br</strong> />

Costa. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1975.<<strong>br</strong> />

5 - O segundo círculo do poder (The second ring of power, 1977). Trad.<<strong>br</strong> />

Luzia Machado <strong>da</strong> Costa. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1978.<<strong>br</strong> />

6 - O presente <strong>da</strong> Águia (The eagle’s gift, 1981). Trad. Vera Maria Whately.<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro: Ed. Record, 1981.<<strong>br</strong> />

7 - O fogo interior (The fire from within, 1984). Trad. Antônio Trânsito. Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro: Ed. Record, 1985.<<strong>br</strong> />

8 - O poder do silêncio (The power of silence, 1987). Trad. Antônio Trânsito.<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro: Ed. Record, 1989.<<strong>br</strong> />

9 - A arte de sonhar (The art of dreaming, 1993). Trad. Alves Calado. Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro: Ed. Record, Nova Era, 1993.<<strong>br</strong> />

10 - Passes mágicos. A sabedoria prática dos xamãs do antigo México<<strong>br</strong> />

(Magical passes, 1998). Trad. Beatriz Penna. Rio de Janeiro: Ed. Record, Nova<<strong>br</strong> />

Era, 1998.<<strong>br</strong> />

11 - A ro<strong>da</strong> do tempo. Os xamãs do México antigo, seus pensamentos so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

a Vi<strong>da</strong>, a Morte e o Universo. (The wheel of time, 1998). Trad. Luiz Carlos<<strong>br</strong> />

Maciel. Rio de Janeiro: Ed. Record, Nova Era, 2000.<<strong>br</strong> />

12 - O lado ativo do infinito. Ensinamentos de dom Juan para enfrentarmos<<strong>br</strong> />

a viagem definitiva (The active side of infinity, 1998). Trad. Helena Soares<<strong>br</strong> />

Hungria. Rio de Janeiro: Ed. Record, Nova Era, 2001.<<strong>br</strong> />

251

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