Advogado dos diabos - Fonoteca Municipal de Lisboa
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Flash<br />
Sumário<br />
Jacques Vergès 7<br />
Retrato <strong>de</strong> um advogado <strong>de</strong><br />
terroristas, ditadores e nazis<br />
João Canijo 12<br />
Regressa ao país-subúrbio,<br />
em “Sangue do Meu Sangue”<br />
Edgardo Cozarinsky 16<br />
O Sebald argentino no Doc’s<br />
Kingdom<br />
Rita Redshoes 21<br />
Menos fada, mais <strong>de</strong> carne e<br />
osso<br />
Álvaro Cunhal 26<br />
Nas memórias <strong>de</strong> Carlos<br />
Brito<br />
PhotoEspaña 34<br />
Encontra a luz com László<br />
Moholy-Nagy<br />
Próximo Futuro 40<br />
O Chile que explo<strong>de</strong> no teatro<br />
Patrice Chéreau 44<br />
Tentou Dominique Blanc com<br />
a dor <strong>de</strong> Marguerite Duras<br />
Ficha Técnica<br />
Directora Bárbara Reis<br />
Editor Vasco Câmara, Inês Nadais<br />
(adjunta)<br />
Conselho editorial Isabel<br />
Coutinho, Óscar Faria, Cristina<br />
Fernan<strong>de</strong>s, Vítor Belanciano<br />
Design Mark Porter, Simon<br />
Esterson, Kuchar Swara<br />
Directora <strong>de</strong> arte Sónia Matos<br />
Designers Ana Carvalho, Carla<br />
Noronha, Mariana Soares<br />
Editor <strong>de</strong> fotografi a Miguel<br />
Ma<strong>de</strong>ira<br />
E-mail: ipsilon@publico.pt<br />
ROSA FRANK<br />
Trinta anos <strong>de</strong> dança reuni<strong>dos</strong> em Montpellier<br />
Trinta anos <strong>de</strong>pois da<br />
primeira vez, o festival<br />
Montpellier Danse abre hoje<br />
uma edição antológica com<br />
o monumental “Roaratorio”,<br />
<strong>de</strong> Merce Cunningham, e<br />
com a inauguração oficial do<br />
novo Théâtre <strong>de</strong> l’Agora,<br />
peça fundamental do puzzle<br />
que é a Cida<strong>de</strong> Internacional<br />
da Dança (um <strong>dos</strong> sonhos<br />
mais loucos <strong>de</strong> Dominique<br />
Bagouet, coreógrafoprodígio<br />
que refundou a<br />
dança contemporânea<br />
francesa e inventou a<br />
“aventura” Montpellier<br />
Danse, finalmente <strong>de</strong> carne<br />
e osso). Até 7 <strong>de</strong> Julho, o<br />
festival olha para trás,<br />
revisitando estações<br />
fundamentais da criação<br />
coreográfica recente - o<br />
“Roaratorio”, claro, numa<br />
excepcionalíssima<br />
remontagem, mas também<br />
vários momentos da carreira<br />
<strong>de</strong> Maurice Béjart (do<br />
“<strong>de</strong>tective-ballet” “Le<br />
Concours”, <strong>de</strong> 1985, até<br />
quatro das suas peças mais<br />
curtas e mais intimistas,<br />
“Sonate à Trois”, “Webern<br />
Opus V”, “Dialogue <strong>de</strong><br />
l’Ombre Double” e “Le<br />
Manteau sans Maitre”,<br />
construídas a partir <strong>de</strong><br />
composições <strong>de</strong> Pierre<br />
Boulez, Anton Webern e<br />
Bartók), e ainda William<br />
Forsythe, outro monstro<br />
sagrado que tem sido<br />
“compagnon <strong>de</strong> route” do<br />
Montpellier Danse e que este<br />
ano ali leva uma instalação<br />
(“White Bouncy Castle”),<br />
uma exposição “City of<br />
Abstract”, e uma série <strong>de</strong><br />
ví<strong>de</strong>os, “Installations”, e<br />
Danny Boyle a<br />
caminho <strong>dos</strong> Jogos<br />
Olímpicos<br />
Com “Trainspotting”, adaptação do<br />
primeiro livro <strong>de</strong> Irvine Welsh,<br />
Danny Boyle mergulhou no<br />
submundo <strong>de</strong> uma geração à <strong>de</strong>riva<br />
e, com um humor e uma atenção à<br />
cultura pop (e à cultura <strong>de</strong> pub)<br />
tipicamente britânicos, assinou<br />
aquele que se tornaria um <strong>dos</strong><br />
filmes <strong>de</strong> culto <strong>dos</strong> anos 90. Com<br />
“28 Dias Depois”, tentou encarnar<br />
George Romero numa Londres pós-<br />
A homenagem <strong>de</strong> Raimund Hoghe a Dominique Bagouet (ao lado) e a remontagem especialíssima<br />
<strong>de</strong> “Roaratorio”, <strong>de</strong> Merce Cunnigham (em baixo), são dois <strong>dos</strong> acontecimentos maiores do festival<br />
Anne Teresa De<br />
Keersmaeker, que regressa<br />
para voltar a mostrar uma<br />
peça fundadora, “Rosas<br />
Danst Rosas”. Sendo a dança<br />
uma arte particularmente<br />
efémera, isto é o mais perto<br />
que podíamos estar <strong>de</strong> uma<br />
cápsula do tempo.<br />
Há portanto muito passado<br />
este ano no Montpellier<br />
Danse, mas esta não é,<br />
garante o director Jean-Paul<br />
Montanari em entrevista<br />
publicada no programa do<br />
festival, uma “edição<br />
nostálgica”. Ainda que<br />
Dominique Bagouet (1951-<br />
1992) viva no programa: o<br />
alemão Raimund Hoghe<br />
homenageia o coreógrafo<br />
em “Si je meurs laissez le<br />
balcon ouvert”, estreia<br />
mundial, e Fabrice<br />
Ramalingon, que foi seu<br />
bailarino, mostra, com<br />
“Pandora Box / Body”, que<br />
Das margens para<br />
o “establishment”,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>dos</strong> Oscars<br />
houve uma passagem <strong>de</strong><br />
testemunho. Depois <strong>de</strong> olhar<br />
para trás, o festival também<br />
olha para a frente e mostra<br />
várias novas criações,<br />
incluindo a nova peça da<br />
muito lá <strong>de</strong> casa Mathil<strong>de</strong><br />
Monnier, directora do<br />
Centro Coreográfico<br />
Nacional <strong>de</strong> Montpellier, que<br />
convidou o artista plástico<br />
Dominique Figarella para<br />
trabalhar consigo em<br />
“Soapopéra”. Além <strong>de</strong>la,<br />
também Alain Buffard<br />
(“Tout Va Bien”), Ka<strong>de</strong>r<br />
Attou (“Symfonia pierni<br />
zalósnych”), Boris Charmatz<br />
(“Improvisation”, parceria<br />
com o músico <strong>de</strong> jazz<br />
Médéric Collignon), a dupla<br />
Cecilia Bangolea e François<br />
Chaignaud (“Castor &<br />
Pollux”), Ohad Naharin<br />
(“Hora”, produção da<br />
Batsheva Dance Company,<br />
<strong>de</strong> Israel), Régine Charinot<br />
apocalíptica e as coisas não<br />
correram tão bem. Ainda assim,<br />
manteve o estatuo <strong>de</strong> cineasta que,<br />
não sendo propriamente marginal,<br />
habitava as margens da criação<br />
cinematográfica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
exposição.<br />
Em 2008, com “Quem Quer Ser<br />
Bilionário?”, isso <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />
possível. A aventura indiana <strong>de</strong><br />
Boyle, que foi O “blockbuster” do<br />
ano, acabou entronizada nos Oscars<br />
(foram oito), e longe ficavam as<br />
memórias da heroína, da porrada e<br />
das trafulhices <strong>de</strong> “Trainspotting”.<br />
Danny Boyle, então atacado por<br />
ANNE FINKE<br />
(“In<strong>de</strong>pendance nº 1”),<br />
Germana Civera (“Splen<strong>de</strong>ur<br />
Inespérée”) e o Ne<strong>de</strong>rlands<br />
Dans Theater (“Symphone<br />
<strong>de</strong>s Psaumes” / “Mémoire<br />
d’Oubliettes” /<br />
“Whereabouts Unknown”)<br />
ali vão mostrar as suas<br />
novida<strong>de</strong>s em primeira mão.<br />
O programa inclui ainda um<br />
novo Akram Khan, “Gnosis”,<br />
solo da virtuosa do khatak<br />
(dança tradicional do<br />
Noroeste da Índia, região<br />
natal do coreógrafo) Gauri<br />
Sharma Tripathi, e<br />
“Refraction, Dust and<br />
Light”, <strong>de</strong> Alonzo King. De<br />
Montpellier para o mundo,<br />
mas sobretudo para a região<br />
do Languedoc-Roussillon:<br />
aos 30 anos, o Montpellier<br />
Danse oferece vários<br />
espectáculos às cida<strong>de</strong>s<br />
vizinhas e assume-se não<br />
como um festival, mas como<br />
um território. Inês Nadais<br />
“glamourizar” a <strong>de</strong>pravação moral, é<br />
agora um homem que a Inglaterra<br />
respeitável respeita. E, por isso<br />
mesmo, é apontado como o nome<br />
mais forte para realizar a cerimónia<br />
<strong>de</strong> abertura <strong>dos</strong> Jogos Olímpicos <strong>de</strong><br />
Londres, em 2012. É, pelo menos, o<br />
preferido <strong>de</strong> Sebastian Coe,<br />
campeão olímpico inglês nos 1500<br />
metros em 1980 e 1984 e agora<br />
presi<strong>de</strong>nte da comissão organizadora<br />
<strong>dos</strong> Jogos. Boyle diz que não po<strong>de</strong><br />
fazer quaisquer comentários, mas<br />
está feliz da vida: “Seria <strong>de</strong>licioso,<br />
não seria?” foi a sua única<br />
<strong>de</strong>claração à imprensa inglesa.<br />
Ípsilon • Sexta-feira 18 Junho 2010 • 3