10.05.2013 Views

Modelo de Hubbard bidimensional: rede hexagonal desordenada e ...

Modelo de Hubbard bidimensional: rede hexagonal desordenada e ...

Modelo de Hubbard bidimensional: rede hexagonal desordenada e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> <strong>bidimensional</strong>:<br />

re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada<br />

e re<strong>de</strong> quadrada com superre<strong>de</strong>s<br />

Rubem Mondaini<br />

Orientadora: Thereza Cristina Lacerda Paiva


<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> <strong>bidimensional</strong>: re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada<br />

e re<strong>de</strong> quadrada com superre<strong>de</strong>s<br />

Rubem Mondaini<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado apresentada ao Programa <strong>de</strong><br />

Pós-graduação em Física do Instituto <strong>de</strong> Física da Universi-<br />

da<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, como parte dos requisitos<br />

necessários à obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em Ciências –<br />

M.Sc. – (Física).<br />

Orientador: Thereza Cristina Lacerda Paiva<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Julho <strong>de</strong> 2008


Mondaini, Rubem.<br />

M741 <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> <strong>bidimensional</strong>: re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>s-<br />

or<strong>de</strong>nada re<strong>de</strong> quadrada com superre<strong>de</strong>s / Rubem Mondaini.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFRJ/IF, 2008.<br />

xii, 91f.: il.; 29,7cm.<br />

Orientadora: Thereza Cristina Lacerda Paiva<br />

Dissertação (Mestrado) - UFRJ/ Instituto <strong>de</strong> Física/ Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Pós-graduação em Física, 2008.<br />

Referências Bibliográficas: f. 76-79.<br />

1. Estado Sólido. 2. Sistemas Fortemente Correlaciona-<br />

dos. 3. <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> 4. Sistemas Bidimensionais.<br />

5. Superre<strong>de</strong>s. 5. Re<strong>de</strong>s Honeycomb 7. Desor<strong>de</strong>m em sis-<br />

temas bidimensionais I. Paiva, Thereza Cristina. II. Univer-<br />

sida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Instituto <strong>de</strong> Física, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Pós-graduação em Física. III. <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong><br />

<strong>bidimensional</strong>: re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada re<strong>de</strong> quadrada<br />

com superre<strong>de</strong>s


Resumo<br />

<strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> <strong>bidimensional</strong>:<br />

re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e re<strong>de</strong> quadrada com superre<strong>de</strong>s<br />

Rubem Mondaini<br />

Orientadora: Thereza Cristina Lacerda Paiva<br />

Resumo da Dissertação <strong>de</strong> Mestrado apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Física do Instituto<br />

<strong>de</strong> Física da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do<br />

título <strong>de</strong> Mestre em Ciências – M.Sc. – (Física).<br />

Estudamos dois tipos <strong>de</strong> sistemas bidimensionais: estruturados (superre<strong>de</strong>s na re<strong>de</strong><br />

quadrada) e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nados (re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong>), ambos <strong>de</strong>ntro da abordagem <strong>de</strong> férmions<br />

fortemente correlacionados. Para isso, adotamos o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> no ensemble<br />

gran<strong>de</strong> canônico com as <strong>de</strong>vidas generalizações para simular cada um <strong>de</strong>stes sistemas.<br />

Utilizamos o método numérico <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico Determinantal para extrair as<br />

gran<strong>de</strong>zas físicas necessárias. No sistema das superre<strong>de</strong>s, fazemos a interação eletrônica<br />

U local do mo<strong>de</strong>lo sendo nula em <strong>de</strong>terminadas camadas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simular<br />

camadas não-magnéticas e as <strong>de</strong>mais simulam camadas magnéticas. Obtemos o com-<br />

portamento do or<strong>de</strong>namento magnético bem como as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte como a<br />

condutivida<strong>de</strong> dc para a banda semi-cheia e fora da banda semi-cheia. Também compara-<br />

mos as duas abordagens mais utilizadas da Hamiltoniana do problema. Fomos capazes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a razão crítica entre o número <strong>de</strong> camadas livres e repulsivas que separam<br />

os comportamentos metálicos e isolantes. Já no caso da re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> simulamos o


efeito da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m nos níveis <strong>de</strong> energia locais <strong>de</strong> cada sítio da re<strong>de</strong> e vimos como ela<br />

afeta as suas proprieda<strong>de</strong>s magnéticas. Mostramos que uma quantida<strong>de</strong> pequena <strong>de</strong> <strong>de</strong>-<br />

sor<strong>de</strong>m é responsável por um aumento da magnetização das subre<strong>de</strong>s via diminuição <strong>de</strong><br />

acoplamentos singleto.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Julho <strong>de</strong> 2008


Abstract<br />

Two-dimensional <strong>Hubbard</strong> mo<strong>de</strong>l:<br />

Disor<strong>de</strong>red Honeycomb Lattice and Square Lattice With Superlattices<br />

Rubem Mondaini<br />

Advisor: Thereza Cristina Lacerda Paiva<br />

Abstract of Thesis presented to Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Física do Instituto <strong>de</strong> Física da Uni-<br />

versida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, as a partial fulfillment of the requirements for the <strong>de</strong>gree of Master of<br />

Science – M.Sc. – (Physics).<br />

We study two kinds of two-dimensional systems: structured (superlattices in the square<br />

lattice) and disor<strong>de</strong>red (honeycomb lattice), both in the approach of strongly correlated<br />

fermions. For this, we adopt the <strong>Hubbard</strong> mo<strong>de</strong>l in the grand-canonical ensemble with<br />

the necessary generalizations to simulate each one of these systems. We use the Deter-<br />

minantal Quantum Monte Carlo as the numerical method to obtain the <strong>de</strong>sired physical<br />

quantities. In the superlattice system we set the local electronic interaction U = 0 in cer-<br />

tain layers with the purpose to simulate the non-magnetic layers. The magnetic layers are<br />

simulated by consi<strong>de</strong>ring U = 0. We obtain the behavior of the magnetic or<strong>de</strong>ring as well<br />

as the transport properties like the dc conductivity for the half-filled band and away from<br />

this filling. We also compare the two most used approaches of the Hamiltonian of the<br />

problem. We were able to <strong>de</strong>termine the critical ratio of the number of repulsive layers to<br />

the free ones that separate the insulating and metallic behaviors. In the honeycomb lattice<br />

we simulate the effect of disor<strong>de</strong>r in the local energy levels of each site and observe how


it affects the magnetic properties of the system. We show that a small quantity of disor<strong>de</strong>r<br />

is responsible for an increase in the sublattice magnetization through the <strong>de</strong>crease in the<br />

singlet couplings.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

July 2008


Feliz o homem que acha sabedoria e o homem que<br />

adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela dá<br />

que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino.


A Deus<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Aos meus pais, Denise e Rubem, por todo o incentivo e apoio que sempre me <strong>de</strong>ram.<br />

Ao meu pai em especial, por ter motivado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo meu interesse pelas ciências, par-<br />

ticularmente, pela física e matemática. A minha mãe pelo carinho e constante <strong>de</strong>dicação<br />

na minha infância.<br />

Aos meus irmãos, Leonardo, Débora, Felipe e Cecília, pela amiza<strong>de</strong> e carinho.<br />

À Débora Trombetta, pelo carinho, incentivo e compreensão pela falta <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong><br />

atenção.<br />

À professora Thereza C. L. Paiva, pela paciência e orientação.<br />

Aos professores e alunos do grupo <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Férmions Fortemente Correlaciona-<br />

dos pelo apoio e pelas sugestões que ajudaram a concretizar esta dissertação.<br />

Aos amigos da IBSFX e da célula que sempre me apoiaram.<br />

Ao CNPq pelo apoio financeiro.


Índice<br />

1 Introdução 1<br />

1.1 Multicamadas Magnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1<br />

1.2 Re<strong>de</strong>s Honeycomb - Grafeno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3<br />

2 O <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> em duas dimensões 6<br />

2.1 Simetrias no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7<br />

2.2 Transição metal-isolante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9<br />

2.2.1 Re<strong>de</strong> Quadrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11<br />

2.2.2 Re<strong>de</strong> Hexagonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14<br />

2.3 Magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16<br />

2.3.1 Re<strong>de</strong> Quadrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17<br />

2.3.2 Re<strong>de</strong> Hexagonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19<br />

3 O <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> e suas aplicações 21<br />

3.1 Diluição por sítios na Re<strong>de</strong> Quadrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />

3.1.1 Multicamadas Magnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22<br />

3.2 Desor<strong>de</strong>m na Re<strong>de</strong> Honeycomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25<br />

4 O método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico 29<br />

4.1 O método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30<br />

4.2 Cálculo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


4.3 Simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37<br />

4.4 Problemas inerentes ao método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

4.4.1 O problema do sinal negativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

4.4.2 Instabilida<strong>de</strong>s à baixas temperaturas . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />

5 Resultados 44<br />

5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44<br />

5.1.1 Resultados para o caso simétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido . . . . . . . . . . . 59<br />

5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />

5.3.1 Correlações magnéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65<br />

6 Conclusões 72<br />

Apêndice A 74


Capítulo 1<br />

Introdução<br />

Nesta dissertação, estaremos interessados em estudar dois sistemas físicos: multica-<br />

madas magnéticas e grafeno. O primeiro <strong>de</strong>les tem atraído muita atenção nos últimos 20<br />

anos. Já o segundo só começou a ter um intenso estudo a partir <strong>de</strong> sua síntese em 2004.<br />

Ambos exibem proprieda<strong>de</strong>s muito interessantes com potenciais aplicações no campo<br />

tecnológico.<br />

1.1 Multicamadas Magnéticas<br />

Multicamadas magnéticas são estruturas formadas pela repetição alternada <strong>de</strong> ca-<br />

madas <strong>de</strong> um material ferromagnético (geralmente um metal <strong>de</strong> transição como Ferro,<br />

Níquel, ou Cobalto) e <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> um material não-magnético (como por exemplo<br />

Cu, Ag, Au, Mg e Mn). Elas são crescidas por processos <strong>de</strong> epitaxia por feixe molec-<br />

ular (MBE), sputtering, <strong>de</strong>posição por lasers pulsados, etc. em câmaras <strong>de</strong> ultra-alto<br />

vácuo, separando-se os tipos <strong>de</strong> átomos que compõem a heteroestrutura, formando assim<br />

um arranjo cristalino em cada camada. No entanto, quando a largura <strong>de</strong>ssas camadas é<br />

pequena, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> alguns átomos, as proprieda<strong>de</strong>s da estrutura são bem diferentes<br />

das <strong>de</strong> cada material isoladamente, dando origem a uma nova classe <strong>de</strong> fenômenos, al-


1.1 Multicamadas Magnéticas 2<br />

guns dos quais já vêm sendo amplamente explorados em aplicações tecnológicas. Um<br />

dos fenômenos interessantes que ocorre nestes materiais é que o acoplamento entre as<br />

camadas magnéticas, dado pela constante <strong>de</strong> exchange, possui um comportamento os-<br />

cilatório conforme variamos o tamanho da camada do material espaçador (não-magnético)<br />

e também com a largura do material magnético. Essa oscilação faz com que os átomos<br />

das camadas magnéticas acoplem-se ferromagneticamente ou antiferromagneticamente<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condições supracitadas. Edwards et al. [1] mostraram que este acopla-<br />

mento <strong>de</strong>cai com o quadrado do inverso do número <strong>de</strong> camadas do material espaçador<br />

não magnético. Além disso, os períodos <strong>de</strong> oscilação são <strong>de</strong>terminados pela superfície <strong>de</strong><br />

Fermi do material separador, enquanto que a fase e a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> oscilação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

do “<strong>de</strong>scasamento” entre as bandas do material espaçador e do material magnético. Na<br />

Fig. 1.1 mostramos o comportamento geral da constante <strong>de</strong> exchange como função do<br />

número <strong>de</strong> camadas do material separador.<br />

Figura 1.1: Constante <strong>de</strong> exchange em unida<strong>de</strong>s arbitrárias como função do número <strong>de</strong> camadas<br />

do espaçador não-magnético para dois valores <strong>de</strong> Energia <strong>de</strong> Fermi <strong>de</strong>ste material, adaptado da<br />

Ref. [1]<br />

O efeito da temperatura neste sistema é apenas <strong>de</strong> diminuir as amplitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oscilação


1.2 Re<strong>de</strong>s Honeycomb - Grafeno 3<br />

do exchange, não afetando as condições <strong>de</strong> acoplamento ferromagnético ou antiferro-<br />

magnético. Outro ponto interessante a se salientar é que a aplicação <strong>de</strong> campos magnéticos<br />

induz um fenômeno chamado <strong>de</strong> magnetorresistência gigante (GMR), que consiste na<br />

diminuição da resistivida<strong>de</strong> das multicamadas a uma fração pequena do valor inicial. Este<br />

efeito tem sido utilizado em dispositivos para a leitura <strong>de</strong> fitas magnéticas, aumentando a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> informações.<br />

Com todas estas significativas proprieda<strong>de</strong>s, as multicamadas magnéticas constituem<br />

um importante sistema a ser tratado <strong>de</strong>ntro da abordagem <strong>de</strong> férmions fortemente correla-<br />

cionados. Neste caso, estudaremos sistemas bidimensionais que simulam estas multica-<br />

madas, as chamadas superre<strong>de</strong>s magnéticas, estudando como a presença <strong>de</strong>stas estruturas<br />

afeta o or<strong>de</strong>namento magnético e as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte dos sistema.<br />

Isto é motivado pela intensa pesquisa na miniaturização das multicamadas seja em sis-<br />

temas bidimensionais ou unidimesionais que sejam termicamente estáveis para aplicação<br />

em dispositivos <strong>de</strong> gravação magnéticos [2]. A tentativa <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> multicamadas<br />

magnéticas bidimensionais é recente com variados trabalhos que mostram a redução na<br />

espessura <strong>de</strong>stas camadas [3, 4] e também na tentativa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> amostras ultra-<br />

finas que ainda resultam em ilhas <strong>de</strong>stes materiais [5, 6]. Estes sistemas heteroestrutura-<br />

dos também são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para aplicação em novas áreas como a spintrônica [7].<br />

1.2 Re<strong>de</strong>s Honeycomb - Grafeno<br />

Outro sistema a ser tratado <strong>de</strong>ntro da abordagem <strong>de</strong> férmions fortemente correlaciona-<br />

dos é o <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s honeycomb. Este sistema é interessante pelo fato <strong>de</strong> possuir certas sime-<br />

trias poucos estudadas neste campo. A reboque, o interesse advém da recente separação<br />

<strong>de</strong> uma única camada cristalina <strong>de</strong> grafite, que convencionou-se chamar grafeno, a qual<br />

consiste em uma re<strong>de</strong> cristalina <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> Carbono. O interesse nesse ma-<br />

terial é premente em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas importantes proprieda<strong>de</strong>s. A primeira <strong>de</strong>las é a sua<br />

própria existência. Há cerca <strong>de</strong> 70 anos, Landau [8, 9] e Peierls [10] mostraram que


1.2 Re<strong>de</strong>s Honeycomb - Grafeno 4<br />

flutuações térmicas <strong>de</strong>struiriam or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> longo alcance, resultando em um colapso da<br />

estrutura cristalina <strong>bidimensional</strong> a qualquer temperatura finita. Ou seja, estes sistemas<br />

seriam termodinamicamente instáveis. Durante muito tempo experimentos comprovaram<br />

esta afirmação mostrando que filmes muito finos acabavam segregando-se em ilhas ou<br />

<strong>de</strong>compondo-se. No entanto, embora a teoria não permita cristais perfeitos em um espaço<br />

2D, ela não proíbe cristais 2D quase-perfeitos em um espaço 3D. Isto é, interações<br />

com estruturas 3D po<strong>de</strong>m estabilizar cristais 2D durante o crescimento e, <strong>de</strong> fato, alguns<br />

cristais 2D foram sintetizados no topo <strong>de</strong> outros cristais embora fosse necessário que<br />

houvesse um casamento entre as constantes <strong>de</strong> re<strong>de</strong> das duas estruturas. Desta forma, o<br />

grafeno pô<strong>de</strong> ser sintetizado: por meio <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> clivagem <strong>de</strong> grafite e posterior<br />

<strong>de</strong>posição em um substrato <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> Silício, embora ele também possa ser <strong>de</strong>positado<br />

em um substrato não-cristalino ou ainda em suspensão em um líquido.<br />

De fato, uma análise <strong>de</strong>talhada do problema <strong>de</strong> cristais 2D mostra que a interação<br />

entre fônons <strong>de</strong> longos comprimentos <strong>de</strong> onda associados ao esticamento e dobramento<br />

po<strong>de</strong> em princípio estabilizar membranas <strong>de</strong> espessura atômica através da sua <strong>de</strong>formação<br />

na terceira dimensão. E isso permite o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cristais <strong>de</strong> grafeno suspenso<br />

apoiados apenas em contatos elétricos nas suas extremida<strong>de</strong>s [11]. Este corrugamento,<br />

que numa escala lateral é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 nm enquanto o tamanho <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong><br />

grafeno po<strong>de</strong> chegar até 100 µm, leva a um ganho <strong>de</strong> energia elástica, suprimindo as<br />

vibrações térmicas que acima <strong>de</strong> uma certa temperatura po<strong>de</strong> minimizar a energia livre<br />

total.<br />

Outra proprieda<strong>de</strong> importante do material é que ele é um semi-condutor <strong>de</strong> gap nulo<br />

cuja dispersão é linear nas proximida<strong>de</strong>s da região <strong>de</strong> contato entre as bandas <strong>de</strong> valência<br />

e <strong>de</strong> condução. Esse tipo particular <strong>de</strong> dispersão imita em parte a física da eletrodinâmica<br />

quântica para férmions sem massa, exceto pelo fato <strong>de</strong> que no grafeno os férmions <strong>de</strong><br />

Dirac movem-se com uma velocida<strong>de</strong> que é 300 vezes menor que a velocida<strong>de</strong> da luz.<br />

Outro ponto interessante é que sob certas condições os férmions <strong>de</strong> Dirac são imunes


1.2 Re<strong>de</strong>s Honeycomb - Grafeno 5<br />

a efeitos <strong>de</strong> localização observados em elétrons ordinários e tem sido estabelecido ex-<br />

perimentalmente que os elétrons po<strong>de</strong>m propagar sem espalhar por gran<strong>de</strong>s distâncias da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> micrômetros no grafeno, caracterizando um transporte balístico.<br />

No entanto, como as condições em que são sintetizadas as amostras <strong>de</strong> grafeno não<br />

são perfeitamente controladas, várias fontes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m po<strong>de</strong>m ser relevantes. Entre<br />

elas po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar a rugosida<strong>de</strong> do substrato, a presença <strong>de</strong> água entre o substrato e o<br />

grafeno, a adsorção <strong>de</strong> elementos estáveis como o nitrogênio entre outras.<br />

Vários trabalhos vem <strong>de</strong>monstrando que a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ten<strong>de</strong> estabilizar or<strong>de</strong>ns magnéticas<br />

(como o ferromagnetismo) à temperatura ambiente [12, 13, 14] para amostras <strong>de</strong> grafite<br />

quase-<strong>bidimensional</strong> irradiado por prótons. Outros trabalhos experimentais e teóricos<br />

mostram que a dopagem eletrônica por metais alcalinos po<strong>de</strong> fazer emergir correlações<br />

supercondutoras em carbono [15] e também nos sistemas <strong>de</strong> grafite quase-<strong>bidimensional</strong>,<br />

as correlações supercondutoras parecem ser relevantes para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> comportamen-<br />

tos metálicos <strong>de</strong>stas amostras. Estas referências salientam que a inclusão das interações<br />

elétron-elétron e também dos possíveis efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m (sejam estruturais ou por<br />

adsorção <strong>de</strong> átomos) po<strong>de</strong>m ser primordiais para a compreensão <strong>de</strong>stes fenômenos. As-<br />

sim o estudo das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stas re<strong>de</strong>s hexagonais <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadas nas abordagem <strong>de</strong><br />

férmions fortemente correlacionados é premente.<br />

Esta dissertação está organizada da seguinte forma: no Capítulo 2 introduzimos o<br />

mo<strong>de</strong>lo tight-binding e algumas <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s e simetrias; no Capítulo 3 mostramos<br />

como generalizar este mo<strong>de</strong>lo para os sistemas estudados bem como alguns resultados<br />

conhecidos na literatura para sistemas semelhantes; no Capítulo 4 ilustramos o método<br />

numérico necessário para obtenção das gran<strong>de</strong>zas físicas; no Capítulo 5 mostramos os<br />

nossos resultados para os dois sistemas e no Capítulo 6 finalizamos com as conclusões<br />

<strong>de</strong>ste trabalho.


Capítulo 2<br />

O <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> em duas<br />

dimensões<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> oferece uma das maneiras mais simples <strong>de</strong> se obter uma boa<br />

compreensão <strong>de</strong> como a interação entre elétrons po<strong>de</strong> originar comportamentos isolantes,<br />

magnéticos e supercondutores em sólidos. Ele foi proposto no começo da década <strong>de</strong> 60<br />

e inicialmente aplicado para se enten<strong>de</strong>r o comportamento dos monóxidos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />

transição (F eO, NiO, CoO), que são isolantes antiferromagnéticos e haviam sido predi-<br />

tos como metálicos por métodos que tratavam fortes interações menos cuidadosamente.<br />

Ao longo dos anos o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> tem sido aplicado a muitos sistemas como<br />

férmions pesados [16], supercondutores <strong>de</strong> altas temperaturas [17], re<strong>de</strong>s óticas [18], en-<br />

tre outros. Nesse trabalho estaremos interessados na sua aplicação a sistemas <strong>de</strong> multica-<br />

madas magnéticas e re<strong>de</strong>s honeycomb. O mo<strong>de</strong>lo consiste em uma Hamiltoniana efetiva<br />

para elétrons fortemente ligados a sítios <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> cristalina, que fazem o papel <strong>de</strong> íons,<br />

H = −t <br />

(c †<br />

〈i,j〉,σ<br />

iσ cjσ + H.c.) + U <br />

i<br />

ni↑ni↓ − µ <br />

(ni↑ + ni↓) , (2.1)<br />

on<strong>de</strong> o operador <strong>de</strong> aniquilação ciσ <strong>de</strong>strói um elétron no sítio i com spin σ e o operador<br />

<strong>de</strong> construção c †<br />

iσ cria um elétron com spin σ no sítio i. O operador niσ é o operador<br />

i


2.1 Simetrias no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> 7<br />

número (niσ = c †<br />

iσ ciσ) responsável pela contagem eletrônica em cada sítio com um <strong>de</strong>ter-<br />

minado spin. Portanto, o primeiro termo da Hamiltoniana é responsável pela itinerância<br />

dos elétrons na re<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>struir um elétron em um sítio e criá-lo em outro com o vínculo<br />

<strong>de</strong> que estes sítios são primeiros vizinhos (dado por 〈i, j〉). Este termo é freqüentemente<br />

chamado <strong>de</strong> termo cinético e t é a integral <strong>de</strong> transferência que no nosso trabalho será<br />

tomada igual a 1, <strong>de</strong>finindo a escala <strong>de</strong> energia. O segundo termo é referente à energia <strong>de</strong><br />

interação Coulombiana. Ele é válido em geral para todos os sítios da re<strong>de</strong> e adiciona uma<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia U quando estes sítios estão duplamente ocupados. O último termo<br />

é referente ao potencial químico responsável por controlar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica na re<strong>de</strong>.<br />

Um ponto interessante a se observar é que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> é baseado no mo<strong>de</strong>lo<br />

simplificado <strong>de</strong> apenas um nível <strong>de</strong> energia por átomo, constituindo uma banda s. Logo,<br />

pelo princípio <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> Pauli cada sítio po<strong>de</strong> comportar no máximo dois elétrons<br />

com spins opostos.<br />

2.1 Simetrias no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong><br />

O Hamiltoniano na forma como foi escrito na Eq. 2.1 não é simétrico na troca <strong>de</strong><br />

elétrons com uma dada polarização por buracos com a mesma polarização. Para verificar<br />

isso façamos a transformação partícula-buraco que consiste na mudança dos operadores<br />

fermiônicos (os til’s representam variáveis <strong>de</strong> buracos),<br />

c †<br />

iσ → ˜ciσ = (−1) i c †<br />

iσ , ciσ → ˜c †<br />

iσ = (−1)i ciσ. (2.2)<br />

Aplicando-a para os números <strong>de</strong> ocupação, obtemos:<br />

niσ ≡ c †<br />

iσciσ = ˜ciσ˜c †<br />

iσ = 1 − ˜c† iσ˜ciσ ≡ 1 − ñiσ. (2.3)<br />

Antes <strong>de</strong> vermos o que acontece com o termo <strong>de</strong> energia cinética sob uma transformação<br />

partícula-buraco, introduziremos a idéia <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> bipartite. Uma re<strong>de</strong> bipartite é uma<br />

re<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser dividida em duas sub-re<strong>de</strong>s A e B <strong>de</strong> tal forma que um sítio em A


2.1 Simetrias no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> 8<br />

somente possui vizinhos que estão em B e vice-versa. Um exemplo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s bipartites<br />

em duas dimensões são as re<strong>de</strong>s quadradas e hexagonais como veremos ao longo <strong>de</strong>ste<br />

capítulo. Logo, o fator (−1) i na transformação partícula-buraco é dado por −1 em uma<br />

sub-re<strong>de</strong> e +1 na outra. Portanto, o elemento <strong>de</strong> matriz do termo cinético nestas novas<br />

variáveis é escrito:<br />

<br />

Kij = −t c †<br />

iσcjσ + c †<br />

jσciσ <br />

−→ ˜ Kij = t(−1) i+j<br />

<br />

˜c †<br />

jσ˜ciσ + ˜c †<br />

iσ˜cjσ <br />

. (2.4)<br />

Vemos então que ˜ Kij = Kij se i, j são primeiros vizinhos e, além disso, se a re<strong>de</strong><br />

em questão for uma re<strong>de</strong> bipartite. Já o termo <strong>de</strong> interação e <strong>de</strong> potencial químico<br />

transformam-se da seguinte maneira:<br />

Uni↑ni↓ − µ <br />

(ni↑ + ni↓) → Uñi↑ñi↓ + [µ − U] (ñi↑ + ñi↓) + [U − 2µ]. (2.5)<br />

i<br />

Logo o Hamiltoniano total transformado se torna,<br />

˜H = −t <br />

,σ<br />

(˜c †<br />

iσ˜cjσ + H.c.) + U <br />

ñi↑ñi↓ + [µ − U] <br />

(ñi↑ + ñi↓) + [U − 2µ]. (2.6)<br />

i<br />

Note que o último termo é uma constante que po<strong>de</strong> ser absorvida na energia. Assim, ao<br />

compararmos com a Eq. 2.1, o Hamiltoniano total fica invariante pela simetria partícula-<br />

buraco se<br />

−µ = [µ − U] ∴ µ = U<br />

2<br />

i<br />

(2.7)<br />

Esta, portanto, constitui-se em uma condição para a banda semi-cheia (n = 1). Outro<br />

ponto importante a se observar é que no caso <strong>de</strong> hopping entre segundos vizinhos, por<br />

exemplo, não há simetria partícula-buraco, <strong>de</strong> modo que a condição para banda semi-cheia<br />

não é conhecida a priori. Depen<strong>de</strong>ndo do método usado para resolver o Hamiltoniano,<br />

em geral, o que se faz é a transformação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> para sua forma mais<br />

simétrica,<br />

H = −t <br />

,σ<br />

(c †<br />

<br />

<br />

iσcjσ+H.c.)+U ni↑ − 1<br />

<br />

ni↓ −<br />

2<br />

1<br />

<br />

−µ<br />

2<br />

<br />

(ni↑ + ni↓) , (2.8)<br />

i<br />

i


2.2 Transição metal-isolante 9<br />

que sob a transformação partícula-buraco se torna,<br />

˜H = −t <br />

(˜c †<br />

iσcjσ +H.c.)+U <br />

<br />

ñi↑ − 1<br />

<br />

ñi↓ −<br />

2<br />

1<br />

<br />

+µ<br />

2<br />

<br />

(ñi↑ + ñi↓)−2µNs,<br />

,σ<br />

i<br />

i<br />

(2.9)<br />

fazendo com que a condição <strong>de</strong> banda semi-cheia seja transferida para o ponto µ = 0.<br />

Assim <strong>de</strong> maneira mais precisa, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> com um dado µ mapeia o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

<strong>Hubbard</strong> com o sinal do potencial químico mudado, i.e., com µ trocado por −µ. De fato,<br />

isso implica que todo o diagrama <strong>de</strong> fase do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> em uma re<strong>de</strong> bipartite é<br />

simétrico em torno da banda semi-cheia.<br />

2.2 Transição metal-isolante<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> possui os ingredientes necessários (como, por exemplo, a<br />

interação eletrônica) capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver transições metal-isolante. A idéia é simples:<br />

imagine uma re<strong>de</strong> semi-preenchida na qual cada sítio possui um elétron. A fim <strong>de</strong> que um<br />

elétron se mova, ele terá <strong>de</strong> ir a um sítio que já está ocupado. Isto custará uma energia U.<br />

É plausível imaginar que se U for muito gran<strong>de</strong>, os elétrons não irão se mover na re<strong>de</strong> e<br />

nós teremos um isolante do tipo Mott.<br />

O isolante <strong>de</strong> Mott po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito em uma forma um pouco mais sutil, que, no<br />

entanto, conecta-se um pouco mais com o quadro <strong>de</strong> gaps <strong>de</strong> energia que dão origem<br />

a isolantes. Imagine uma re<strong>de</strong> quase vazia e façamo-nos a pergunta <strong>de</strong> quanto seria o<br />

custo <strong>de</strong> energia para adicionar um elétron. Este custo não envolverá U já que será fácil<br />

encontrar um sítio vazio. Quando chegarmos à banda semi-cheia, contudo, o custo <strong>de</strong><br />

adicionarmos um elétron aumenta por U, já que inevitavelmente um elétron adicionado<br />

<strong>de</strong>verá ficar em um sítio junto <strong>de</strong> um outro elétron já presente. Este aumento súbito no<br />

custo <strong>de</strong> adicionarmos uma partícula é <strong>de</strong>scrito como o gap <strong>de</strong> Mott e explica o fato <strong>de</strong><br />

que o custo <strong>de</strong> adicionarmos um elétron aumenta <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> se existe<br />

um gap nas bandas <strong>de</strong> energia. Isto po<strong>de</strong> ser também facilmente visto esquematizando o


2.2 Transição metal-isolante 10<br />

diagrama <strong>de</strong> bandas do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> (Fig. 2.1)<br />

Figura 2.1: Diagrama <strong>de</strong> bandas do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> (a) sem interação (U = 0) e (b) com<br />

U = 0<br />

Na Figura 2.1(a) temos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados como função da energia para o mo<strong>de</strong>lo<br />

sem interação na banda semi-cheia, i.e., com U = 0 e em (b) na presença da interação. A<br />

distância entre as bandas é proporcional ao valor <strong>de</strong> U e representa a energia necessária<br />

para preencher a re<strong>de</strong> além da banda semi-cheia. Vale a pena notar, no entanto, que<br />

apesar <strong>de</strong> essa analogia ser válida para ilustração, o gap <strong>de</strong> Mott difere <strong>de</strong> muitas maneiras<br />

fundamentais dos gaps <strong>de</strong> banda.<br />

O que vem em questão nesse momento é como caracterizar, do ponto <strong>de</strong> vista numérico,<br />

quando ocorre essa transição entre os comportamentos metálico e isolante. Uma gran<strong>de</strong>za<br />

capaz <strong>de</strong> fazê-lo é a compressibilida<strong>de</strong> eletrônica <strong>de</strong>finida como a resposta em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

no estado fundamental do sistema a uma variação do potencial químico aplicado. Mais<br />

precisamente,<br />

κ = 1<br />

〈n〉 2<br />

<br />

∂〈n〉<br />

. (2.10)<br />

∂µ T =0<br />

O sistema será isolante quando este valor for nulo, ou seja, o sistema será incompressível<br />

eletronicamente. Caso contrário, o sistema será metálico.<br />

Outro critério importante para caracterização metal-isolante foi introduzido por Scalapino<br />

et al. [19] e está relacionado ao cálculo da função <strong>de</strong> correlação corrente-corrente uni-<br />

forme. A partir <strong>de</strong>la po<strong>de</strong>-se calcular o peso <strong>de</strong> Dru<strong>de</strong> e a condutivida<strong>de</strong> dc que são me-


2.2 Transição metal-isolante 11<br />

didas diretas do estado do sistema. Estes critérios serão melhor explorados no Capítulo<br />

5.<br />

2.2.1 Re<strong>de</strong> Quadrada<br />

Apesar <strong>de</strong> simples na aparência o mo<strong>de</strong>lo não po<strong>de</strong> ser resolvido exatamente com<br />

exceção do caso uni-dimensional [20]. Para dimensões maiores um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

técnicas aproximativas foram utilizadas para a sua <strong>de</strong>scrição como teorias <strong>de</strong> Campo<br />

Médio [21], aproximações por princípios variacionais [22] e, mais recentemente, métodos<br />

<strong>de</strong> Monte Carlo Quântico [23], <strong>de</strong>ntre outras. O caso particular da re<strong>de</strong> <strong>bidimensional</strong><br />

quadrada é interessante como caso <strong>de</strong> estudo por configurar-se como uma re<strong>de</strong> bipartite<br />

satisfazendo as condições <strong>de</strong> simetria <strong>de</strong>scritas na seção anterior. Definiremos a unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> distâncias consi<strong>de</strong>rando que o parâmetro <strong>de</strong> re<strong>de</strong> a0 é igual a 1.<br />

Se fizermos a interação U = 0 e tomarmos a transformada <strong>de</strong> Fourier dos operadores<br />

<strong>de</strong> criação e <strong>de</strong>struição obtemos a energia em função do vetor <strong>de</strong> onda k,<br />

ɛ( k) = −2t(cos(kx) + cos(ky)) − µ, (2.11)<br />

on<strong>de</strong> k é um vetor pertencente à primeira zona <strong>de</strong> Brillouin. A Figura 2.2 mostra a su-<br />

perfície <strong>de</strong> Fermi para vários preenchimentos <strong>de</strong> banda em uma re<strong>de</strong> quadrada infinita.<br />

Observe que no caso da banda semi-cheia, a superfície <strong>de</strong> Fermi está “encaixada” na 1 a<br />

zona <strong>de</strong> Brillouin.<br />

Na Eq. 2.11 po<strong>de</strong>mos ver que essa banda <strong>de</strong> energia possui a proprieda<strong>de</strong> que ɛ( k +<br />

Q) = ɛ( k) para o vetor Q = (π, π) pertencente à re<strong>de</strong> recíproca. Portanto, o vetor Q<br />

transforma todo ponto da superfície <strong>de</strong> Fermi em outro ponto da mesma superfície. Essa<br />

proprieda<strong>de</strong>, que está relacionada ao “encaixamento”, possui importantes conseqüências<br />

para as proprieda<strong>de</strong>s do mo<strong>de</strong>lo como veremos a seguir.<br />

Consi<strong>de</strong>rando agora a interação Coulombiana U homogênea em todos os sítios da<br />

re<strong>de</strong>, alguns resultados são conhecidos, como os provenientes da abordagem <strong>de</strong> Campo


2.2 Transição metal-isolante 12<br />

Figura 2.2: Superfícies <strong>de</strong> Fermi para elétrons em uma re<strong>de</strong> quadrada <strong>bidimensional</strong> com in-<br />

tegral <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> primeiros vizinhos. Os preenchimentos <strong>de</strong> banda correspon<strong>de</strong>m a<br />

n = 0, 25; 0, 5; . . . ; 1, 5 começando da superfície mais interna. Note que a superfície <strong>de</strong> Fermi<br />

no caso da banda semi-cheia (n = 1) está “encaixada”. Adaptado da Ref. [23].<br />

Médio e <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico. Estas técnicas oferecem resultados qualitativos con-<br />

flitantes para o diagrama <strong>de</strong> fases, como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 2.3. O método <strong>de</strong><br />

Campo Médio (Hartree-Fock) exibe soluções paramagnéticas (P), ferromagnéticas (F)<br />

e antiferromagnéticas (A) para o estado fundamental <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da interação U e do<br />

preenchimento <strong>de</strong> banda 〈n〉, enquanto o método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico só indica<br />

soluções paramagnéticas e antiferromagnéticas. Note também que para U gran<strong>de</strong> e <strong>de</strong>n-<br />

sida<strong>de</strong>s eletrônicas próximas a 1, a ocorrência do ferromagnetismo é predita no método<br />

<strong>de</strong> Campo Médio (CM), no entanto, no método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico (MCQ) não<br />

existe nenhuma indicação da existência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento. O fato <strong>de</strong> a teoria<br />

<strong>de</strong> CM mudar um problema <strong>de</strong> muitos corpos para um problema <strong>de</strong> uma partícula é re-<br />

sponsável por exibir tais discrepâncias em comparação com o método exato <strong>de</strong> MCQ.<br />

A<strong>de</strong>mais, no método <strong>de</strong> MCQ, para banda semi-cheia, o sistema exibe or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> longo<br />

alcance antiferromagnética para todos os valores finitos da interação U. Isso não é óbvio,


2.2 Transição metal-isolante 13<br />

Figura 2.3: Diagramas <strong>de</strong> Fase para o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> bi-dimensional com aproximação <strong>de</strong><br />

Campo Médio (a) e Método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico (b), adaptado da Ref. [23]<br />

já que a princípio po<strong>de</strong>ríamos esperar que existisse um valor finito crítico Uc abaixo do<br />

qual não existiria este tipo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento. No limite <strong>de</strong> acoplamento forte, i.e., para<br />

valores U ≫ t, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> é equivalente (em teoria perturbativa <strong>de</strong> segunda<br />

or<strong>de</strong>m em t) ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Heisenberg antiferromagnético na banda semi-cheia, <strong>de</strong>finido<br />

pela Hamiltoniana<br />

Heff = + 4t2<br />

U<br />

<br />

<br />

Si · Sj<br />

(2.12)<br />

que apresenta or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> longo alcance antiferromagnética. Já no caso U = 0 não há or-<br />

<strong>de</strong>m, portanto, o resultado do método <strong>de</strong> MCQ nos diz que há uma transição magnética a<br />

qualquer valor finito diferente <strong>de</strong> zero da interação eletrônica. Este resultado está intrin-<br />

secamente relacionado ao encaixamento da superfície <strong>de</strong> Fermi para a banda semi-cheia<br />

<strong>de</strong>scrito anteriormente. Uma interação U arbitrariamente fraca gera uma distorção dos<br />

vetores Q abrindo um gap na superfície <strong>de</strong> Fermi, o que leva a um estado fundamental<br />

isolante, mostrando que <strong>de</strong> fato para re<strong>de</strong>s quadradas o Uc é igual a zero. Observa-se,<br />

portanto, que para banda semi-cheia, a transição metal-isolante do tipo Mott e a transição<br />

magnética ocorrem conjuntamente neste tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>.


2.2 Transição metal-isolante 14<br />

A caracterização <strong>de</strong>ssa transição po<strong>de</strong> ser feita, como vimos, a partir da compressibili-<br />

da<strong>de</strong> eletrônica. Po<strong>de</strong>mos ver na Figura 2.4 o comportamento da transição metal-isolante<br />

para o caso da re<strong>de</strong> quadrada <strong>bidimensional</strong> calculado por meio do método <strong>de</strong> MCQ, cujo<br />

resultado apresenta-se <strong>de</strong> acordo com o diagrama <strong>de</strong> fases apresentado anteriormente.<br />

Figura 2.4: Densida<strong>de</strong> eletrônica na re<strong>de</strong> quadrada bi-dimensional em função do potencial<br />

químico µ, calculada pelo método <strong>de</strong> MCQ para inverso da temperatura β = 6 com U = 0 e<br />

U = 4 t em uma re<strong>de</strong> 8x8; as linhas tracejadas indicam a imcompressibilida<strong>de</strong> eletrônica na banda<br />

semi-cheia para o caso com U = 0<br />

2.2.2 Re<strong>de</strong> Hexagonal<br />

A Hamiltoniana <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> Bi-dimensional tem sido amplamente estudada como<br />

mo<strong>de</strong>lo para transições metal-isolante e transições magnéticas. No caso da re<strong>de</strong> quadrada,<br />

na banda semi-cheia, vimos que qualquer valor finito da interação U é capaz <strong>de</strong> induzir<br />

ambas as transições, resultando em um estado fundamental antiferromagnético isolante.<br />

No entanto, é interessante estudar também sistemas em que exista um valor Uc responsável<br />

por induzí-las. De fato, isso é o que ocorre nas re<strong>de</strong>s hexagonais. A re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> é uma<br />

re<strong>de</strong> bipartite que não se configura como uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bravais, mas entretanto po<strong>de</strong> ser


2.2 Transição metal-isolante 15<br />

vista como uma re<strong>de</strong> triangular com uma base <strong>de</strong> dois átomos por célula unitária.<br />

Figura 2.5: Estrutura da re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong>, feita a partir <strong>de</strong> duas re<strong>de</strong>s triangulares A e B interpen-<br />

etrantes<br />

por:<br />

A energia da Hamiltoniana <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> não-interagente (U = 0) nessa re<strong>de</strong> é dada<br />

ɛ( <br />

k) = −t 3 + f( k), f( √ √ <br />

3<br />

k) = 2 cos 3ky + 4 cos<br />

2 ky<br />

<br />

3<br />

cos<br />

2 kx<br />

<br />

− µ. (2.13)<br />

Com esta forma na energia, não ocorre o “encaixamento” da superfície <strong>de</strong> Fermi na 1 a<br />

Z.B., o que faz o valor da interação crítica ser diferente <strong>de</strong> zero. De fato, cálculos pelo<br />

método <strong>de</strong> MCQ e Expansão em séries [24], sugerem um valor <strong>de</strong> Uc no intervalo <strong>de</strong><br />

4 − 5 t para ambas as transições: metal-isolante e paramagnetismo-antiferromagnetismo.<br />

Já cálculos pelo método <strong>de</strong> CM indicam um valor bem menor em torno <strong>de</strong> Uc = 2, 2 t.<br />

O diagrama <strong>de</strong> fases do mo<strong>de</strong>lo pelos dois métodos está esquematizado na Figura 2.6,<br />

on<strong>de</strong> para o método <strong>de</strong> MCQ só se possui dados, até o presente momento, para a banda<br />

semi-cheia.


2.3 Magnetismo 16<br />

Figura 2.6: Diagramas <strong>de</strong> fase do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> pelo método <strong>de</strong> CM<br />

(adaptado da Ref. [25]) e método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico, respectivamente. No método <strong>de</strong> CM<br />

aparecem fases antiferromagnéticas (AF), ferromagnéticas fracas (FF), espirais e paramagnéticas<br />

(P); já no método <strong>de</strong> MCQ, não foi observada a existência <strong>de</strong> ferromagnetismo para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

estudada.<br />

2.3 Magnetismo<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos melhor o papel das correlações magnéticas nesse sistema é interes-<br />

sante <strong>de</strong>finir a função <strong>de</strong> correlação spin-spin<br />

〈SiSj〉 = 3<br />

4 〈mimj〉, (2.14)<br />

on<strong>de</strong> mi ≡ ni↑ − ni↓ é a magnetização líquida no sítio i. Po<strong>de</strong>mos, portanto, calcular<br />

os momentos locais através <strong>de</strong> 〈S 2 i 〉 que constituem uma medida do grau <strong>de</strong> itinerância<br />

dos elétrons <strong>de</strong> um sistema. Para um sistema homogêneo completamente localizado (i.e.<br />

com U = ∞) na banda semi-cheia temos que 〈S 2 i 〉 = 3/4 para T → 0, ao passo que no<br />

limite oposto <strong>de</strong> completa itinerância (U = 0) obtemos que 〈S 2 i 〉 = 3/8. Com relação<br />

à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, o momento local possui o seguinte comportamento: acima <strong>de</strong> n = 1, ele<br />

<strong>de</strong>cai <strong>de</strong>vido a um aumento da dupla ocupação nos sítios. Ao contrário da magnetização,


2.3 Magnetismo 17<br />

〈mi〉, que morre em um sistema finito <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> quebra espontânea <strong>de</strong> simetria, o<br />

momento local é sempre diferente <strong>de</strong> zero, exceto para n = 0 e 2.<br />

Além disso é conveniente <strong>de</strong>finir a tranformada <strong>de</strong> Fourier <strong>de</strong>ssa função <strong>de</strong> correlação,<br />

chamada <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> estrutura,<br />

S(q) = 1<br />

N<br />

<br />

e iq·(ri−rj)<br />

〈SiSj〉, (2.15)<br />

i,j<br />

que é uma medida do arranjo magnético relativo entre os sítios. Ele é uma gran<strong>de</strong>za<br />

que apresenta picos em valores <strong>de</strong> q correspon<strong>de</strong><strong>de</strong>ndo ao arranjo magnético dominante.<br />

Por exemplo, como q = 2π/λ, no caso da re<strong>de</strong> quadrada <strong>bidimensional</strong>, esta gran<strong>de</strong>za<br />

apresenta um pico em q = (π, π), <strong>de</strong>notando um acoplamento antiferromagnético entre<br />

os spins. Caso o acoplamento fosse ferromagnético, este pico se daria em q = (0, 0). Em<br />

geral, o pico no fator <strong>de</strong> estrutura varia com a temperatura, <strong>de</strong>vido ao comprimento da<br />

correlação variar com a mesma. A<strong>de</strong>mais, ele também varia com o comprimento linear<br />

do sistema, apresentando um valor constante para temperaturas suficientemente baixas,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tamanho da re<strong>de</strong>. Isso ocorre quando o tamanho do comprimento <strong>de</strong><br />

correlação é maior que o tamanho da re<strong>de</strong>.<br />

A seguir veremos esses comportamentos para duas re<strong>de</strong>s bidimensionais.<br />

2.3.1 Re<strong>de</strong> Quadrada<br />

Como vimos no diagrama <strong>de</strong> fases, no caso da banda semi-cheia, o sistema apre-<br />

sentava um estado fundamental antiferromagnético. Isto é comprovado observando que o<br />

valor máximo do fator <strong>de</strong> estrutura é dado para q = (π, π) para temperaturas T suficiente-<br />

mente baixas. Para outras <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s o sistema é paramagnético apresentando correlações<br />

antiferromagnéticas a valores <strong>de</strong> q que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. O fato do pico no fator <strong>de</strong><br />

estrutura variar com a temperatura está ilustrado na Figura 2.7 on<strong>de</strong> observamos também<br />

a variação do valor à T = 0 com o tamanho do sistema.<br />

Como predito pela teoria <strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> spin [26], as correlações magnéticas <strong>de</strong>caem


2.3 Magnetismo 18<br />

Figura 2.7: Fator <strong>de</strong> estrutura antiferromagnético como função do inverso da temperatura β para<br />

diferentes tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> LxL, por meio do método <strong>de</strong> MCQ.<br />

como,<br />

on<strong>de</strong> m z s<br />

|〈Si · Sj〉| − m z2<br />

s ∼ 1<br />

rij<br />

, (2.16)<br />

é a magnetização por spin na direção z em uma das sub-re<strong>de</strong>s da re<strong>de</strong> bipartite<br />

(no estado fundamental e no limite termodinâmico) e rij é a distância entre os spins i e<br />

j. No caso em que a simetria rotacional é preservada, po<strong>de</strong>mos escrever m z s em termos<br />

da magnetização total por spin ms: m z s → ms/ √ 3. Isso implica que a transformada <strong>de</strong><br />

Fourier da correlação magnética para re<strong>de</strong>s bidimensionais finitas <strong>de</strong> número <strong>de</strong> sítios N<br />

<strong>de</strong>ve convergir como,<br />

S(q) = m2 s<br />

3 N + a√ N, a = cte. (2.17)<br />

On<strong>de</strong> foi feita uma integração no plano <strong>bidimensional</strong>. Para re<strong>de</strong>s quadradas o número <strong>de</strong><br />

sítios N cresce com L 2 , logo o fator <strong>de</strong> estrutura para re<strong>de</strong>s finitas escala como,<br />

S(q)<br />

N = m2s 3<br />

+ a<br />

L<br />

(2.18)<br />

Na Figura 2.8 está mostrado um escalonamento <strong>de</strong>sse tipo para o caso antiferromagnético,<br />

on<strong>de</strong> a extrapolação para L → ∞ mostra uma correlação diferente <strong>de</strong> zero.


2.3 Magnetismo 19<br />

Figura 2.8: Gráficos do fator <strong>de</strong> estrutura antiferromagnético normalizado pelo número <strong>de</strong> sítios<br />

como função do inverso do tamanho linear do sistema; a linha representa o ajuste linear dos pontos.<br />

Na fase correspon<strong>de</strong>ndo ao paramagnetismo (fora da banda semi-cheia), o fator <strong>de</strong><br />

estrutura será in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> N e, portanto, S(q)/N irá a zero conforme N → ∞.<br />

2.3.2 Re<strong>de</strong> Hexagonal<br />

Analogamente ao caso da re<strong>de</strong> quadrada, a re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> também possui o mesmo<br />

comportamento previsto pela Eq. 2.18. Todavia a diferença primordial está no fato <strong>de</strong><br />

que existe um valor crítico da interação eletônica U capaz <strong>de</strong> tornar as correlações anti-<br />

ferromagnéticas a L → ∞ diferentes <strong>de</strong> zero. De acordo com o diagrama <strong>de</strong> fases, este<br />

valor correspon<strong>de</strong> a Uc ∼ 4 − 5 t e é responsável por separar os comportamentos para-<br />

magnéticos e antiferromagnéticos. Isso po<strong>de</strong> ser visto esquematicamente na Fig. 2.9 que<br />

mostra o comportamento da magnetização da subre<strong>de</strong> como função do valor da interação<br />

eletrônica U.<br />

Po<strong>de</strong>mos observar também que em virtu<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> ser uma re<strong>de</strong> em que<br />

os vetores que a parametrizam serem obviamente diferentes do caso da re<strong>de</strong> quadrada, a<br />

sua re<strong>de</strong> recíproca também o será. Em particular a correlação magnética relacionada ao


2.3 Magnetismo 20<br />

Figura 2.9: Magnetização da subre<strong>de</strong> em função da interação eletrônica U obtida pelo método <strong>de</strong><br />

MCQ. Adaptado <strong>de</strong> [24]<br />

antiferromagnetismo não estará relacionada ao vetor (π, π) e sim a um mais complicado<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da parametrização utlizada. Além disso, o número <strong>de</strong> sítios total da re<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser colocado em termos <strong>de</strong> um tamanho linear L resultando em Ns = 2<br />

3 L2 .


Capítulo 3<br />

O <strong>Mo<strong>de</strong>lo</strong> <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> e suas aplicações<br />

Além do estudo da aplicação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> em re<strong>de</strong>s bidimensionais, po<strong>de</strong>-<br />

mos ganhar uma boa compreensão a respeito <strong>de</strong> sistemas físicos reais, supondo que possa<br />

existir algum tipo <strong>de</strong> estrutura nessas re<strong>de</strong>s. Isso é o que veremos agora para as duas re<strong>de</strong>s<br />

estudadas até então.<br />

3.1 Diluição por sítios na Re<strong>de</strong> Quadrada<br />

No caso da re<strong>de</strong> quadrada, um tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m importante é aquela relacionada à<br />

introdução <strong>de</strong> impurezas não-magnéticas. Dentro da abordagem do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong>,<br />

po<strong>de</strong>mos interpretar isso <strong>de</strong> maneira simples: consi<strong>de</strong>rando a interação U entre elétrons<br />

no mesmo sítio como sendo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos sítios.<br />

Átomos magnéticos possuem, em geral, um elétron <strong>de</strong>semparelhado em um dado or-<br />

bital, portanto, sendo magnetizados. Po<strong>de</strong>mos, então, consi<strong>de</strong>rar que esta interação U<br />

seja forte nos sítios que representam estes átomos magnéticos, favorecendo o apareci-<br />

mento <strong>de</strong> momentos localizados. Já os átomos não-magnéticos po<strong>de</strong>m ser mapeados em<br />

sítios on<strong>de</strong> a interação eletrônica é nula (ou muito baixa comparativamente àqueles em<br />

que é forte), <strong>de</strong>ixando livre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dupla ocupação sem custo <strong>de</strong> energia. Por-


3.1 Diluição por sítios na Re<strong>de</strong> Quadrada 22<br />

tanto, a introdução aleatória <strong>de</strong> impurezas não-magnéticas equivale ao “<strong>de</strong>sligamento” da<br />

interação U em <strong>de</strong>terminados sítios da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma fração f dos sítios totais. Com<br />

isso o termo <strong>de</strong> interação no Hamiltoniano é mudado<br />

U <br />

<br />

ni↑ − 1<br />

<br />

ni↓ −<br />

2<br />

1<br />

<br />

−→<br />

2<br />

<br />

<br />

Ui ni↑ − 1<br />

<br />

ni↓ −<br />

2<br />

1<br />

<br />

. (3.1)<br />

2<br />

i<br />

Vale lembrar que a interação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos sítios não muda o caráter simétrico do<br />

Hamiltoniano em torno <strong>de</strong> µ = 0. No entanto, na forma como foi escrita ela introduz um<br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> energia local εi para os sítios repulsivos em comparação aos sítios livres.<br />

Isso po<strong>de</strong> ser visto diretamente expandindo o termo <strong>de</strong> interação,<br />

<br />

<br />

Ui ni↑ − 1<br />

<br />

ni↓ −<br />

2<br />

1<br />

<br />

=<br />

2<br />

<br />

<br />

Uini↑ni↓ − Ui<br />

2 (ni↑<br />

<br />

+ ni↓)<br />

i<br />

i<br />

i<br />

+ cte(Ui), (3.2)<br />

<strong>de</strong>finindo εi = − Ui . Isto, no caso da banda semi-cheia (µ = 0) faz com que além <strong>de</strong><br />

2<br />

termos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total igual a 1, tenhamos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nos sítios repulsivos igual a dos<br />

sítios livres.<br />

De fato, este mo<strong>de</strong>lo já foi estudado por Ulmke et al. [27] e o que se observou neste<br />

sistema é que os sítios com U = 0 induziam uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> longo alcance antiferro-<br />

magnética no sistema a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s que eram <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadas no caso homogêneo, i.e., com<br />

n = 1. Além disso, viu-se que existe uma nova <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante nI correpon<strong>de</strong>ndo a<br />

uma transição do tipo Mott transladada no valor do potencial químico µ. Pô<strong>de</strong>-se então<br />

construir um diagrama <strong>de</strong> fases (Fig. 3.1) para o or<strong>de</strong>namento magnético <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />

fração <strong>de</strong> “impurezas” livres.<br />

3.1.1 Multicamadas Magnéticas<br />

Uma boa compreensão <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> multicamadas magnéticas e superre<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser<br />

ganha com o estudo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los microscópicos como ponto <strong>de</strong> partida. Um mo<strong>de</strong>lo capaz<br />

<strong>de</strong> fazer isso é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> aqui tratado. Seguindo o raciocínio <strong>de</strong> associar os<br />

átomos não-magnéticos aos sítios que possuem U = 0, e os magnéticos aqueles com U =


3.1 Diluição por sítios na Re<strong>de</strong> Quadrada 23<br />

Figura 3.1: Diagrama <strong>de</strong> fase no método DMFT (Dynamical Mean Field Theory) como função<br />

do preenchimento, n, e fração <strong>de</strong> sítios com U = 0. Para 0 < f < 0, 4 a região antiferromagnética<br />

(AF) é aumentada com relação ao caso homogêneo (f = 0). Adaptado da Ref. [27].<br />

0, po<strong>de</strong>mos construir camadas magnéticas e não-magnéticas. A Figura 3.2 esquematiza<br />

uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse tipo com a largura da camada magnética LU sendo igual a 2 e a largura<br />

da camada não-magnética L0 também igual a 2.<br />

Figura 3.2: Superre<strong>de</strong> com LU = 2, L0 = 2 e L = 8<br />

É conveniente <strong>de</strong>finir uma célula como sendo o menor padrão <strong>de</strong> repetição nessas


3.1 Diluição por sítios na Re<strong>de</strong> Quadrada 24<br />

multicamadas. A largura <strong>de</strong>ssa célula na direção heterogênea será Lc = LU + L0.<br />

De fato, esse tipo <strong>de</strong> sistema já havia sido estudado em uma dimensão por Paiva et al.<br />

[28, 29, 30] à temperatura igual a zero por meio <strong>de</strong> cálculos pelo método <strong>de</strong> Lanczos [31,<br />

32, 17] resultando em algumas conclusões interessantes. Todavia, o termo <strong>de</strong> interação<br />

eletrônica não era simetrizado, <strong>de</strong> forma que não existia o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> energia para os<br />

sítios repulsivos, como anteriormente mencionado.<br />

Nestas multicamadas unidimensionais, um ponto interessante a se notar é a ocorrência<br />

<strong>de</strong> uma migração dos momentos locais dos sítios repulsivos para os sítios livres con-<br />

forme diminuímos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica do sistema, sendo este um efeito persistente a<br />

variações no valor da interação eletrônica U como mostrado na Fig. 3.3. Além disso, o<br />

efeito é o mesmo para diferentes configurações {LU, L0}.<br />

Figura 3.3: Momento local em diferentes sítios da re<strong>de</strong> i em uma ca<strong>de</strong>ia unidimensional <strong>de</strong><br />

tamanho 12 com LU = 1 e L0 = 3 para diferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s: (a) ρ = 5/3; (b) ρ = 1; (c)ρ = 1/2.<br />

Os quadrados referem-se a U = 3 e os triângulos U = 12; símbolos cheios e vazios <strong>de</strong>notam sítios<br />

livres e sítios repulsivos, respectivamente; adaptado da Ref. [30]<br />

Na banda semi-cheia, a maioria dos padrões <strong>de</strong> repetição <strong>de</strong>stas ca<strong>de</strong>ias é capaz<br />

<strong>de</strong> eliminar a onda <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> spin (SDW, do inglês spin <strong>de</strong>nsity wave) antifer-


3.2 Desor<strong>de</strong>m na Re<strong>de</strong> Honeycomb 25<br />

romagnética presente no caso homogêneo por meio <strong>de</strong> uma forma fraca <strong>de</strong> frustração.<br />

Enquanto que acima da banda semi-cheia ocorre uma forte SDW na sub-re<strong>de</strong> dos sítios<br />

repulsivos, enquanto que no caso homogêneo esta SDW está relacionada a valores <strong>de</strong> q<br />

incomensuráveis.<br />

A<strong>de</strong>mais, vê-se também que ocorre uma mudança consi<strong>de</strong>rável no comportamento<br />

da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte à transição metal-isolante do tipo Mott. Como vimos, no<br />

caso homogêneo, ela correspondia a n = 1 (banda semi-cheia), já no caso das multica-<br />

madas ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá das configurações da superre<strong>de</strong>. A Figura 3.4 mostra a <strong>de</strong>pendência<br />

do momento local com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nos sítios repulsivos com tamanho da re<strong>de</strong> igual a<br />

12. Conforme a configuração da superre<strong>de</strong> é mudada, o valor máximo <strong>de</strong> 〈S 2 i 〉 ainda se<br />

aproxima <strong>de</strong> 3<br />

4<br />

aumentando-se o valor <strong>de</strong> U. No entanto, a sua posição é <strong>de</strong>slocada para<br />

preenchimentos maiores, sem mostrar nenhuma <strong>de</strong>pendência com U.<br />

Por analogia com o caso homogêneo, somos levados a consi<strong>de</strong>rar a posição do pico<br />

com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nI a qual o sistema se torna um isolante. A Fig. 3.4 então mostra que nI<br />

cresce continuamente com L0, para LU fixo. Para vermos como isso é explicado, <strong>de</strong>vemos<br />

nos perguntar como a superre<strong>de</strong> é preenchida com elétrons <strong>de</strong> modo a obter um hopping<br />

mínimo e um gran<strong>de</strong> momento localizado nos sítios repulsivos. No acoplamento forte<br />

isso correspon<strong>de</strong> à pinagem dos elétrons, e é obtida colocando-se dois elétrons em cada<br />

sítio livre e um elétron em cada sítio repulsivo levando a<br />

nI = 2L0 + LU<br />

L0 + LU<br />

. (3.3)<br />

A posição dos picos na figura é perfeitamente <strong>de</strong>scrita por essa expressão assim como os<br />

gráficos das re<strong>de</strong>s com L0 fixo e LU variando.<br />

3.2 Desor<strong>de</strong>m na Re<strong>de</strong> Honeycomb<br />

É importante observar que este tipo <strong>de</strong> sistema é particularmente interessante <strong>de</strong>vido a<br />

suas aplicações a folhas <strong>de</strong> grafite, cristais <strong>de</strong> MgB2 e Pb e Sn em superfícies <strong>de</strong> Ge(111).


3.2 Desor<strong>de</strong>m na Re<strong>de</strong> Honeycomb 26<br />

Figura 3.4: Momento local nos sítios repulsivos pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> para ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> 12 sítios com<br />

LU = 1 e L0 = 1 (a), L0 = 2 (b), L0 = 3 (c), L0 = 5 (d); quadrados e linhas pontilhadas<br />

representam dados para as re<strong>de</strong>s homogêneas com U = 0 e U = ∞, respectivamente; triângulos<br />

e círculos representam dados para as superre<strong>de</strong>s com U = 3 e U = 12 respectivamente; adaptado<br />

da Ref. [29]<br />

Com respeito aos efeitos das correlações eletrônicas, nestes dois últimos elas são bas-<br />

tante pronunciadas. Já no caso da monocamada <strong>de</strong> grafite, no entanto, o papel das fortes<br />

correlações é pouco estudado. Existem indicativos sugerindo elas não sejam primordiais<br />

para a explicação <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus efeitos pouco usuais como o transporte balístico à tem-<br />

peratura ambiente. Entretanto, trabalhos recentes mostram que o magnetismo nesses sis-<br />

temas é prepon<strong>de</strong>rante para o entendimento <strong>de</strong> algumas outras proprieda<strong>de</strong>s com possíveis<br />

aplicações à spintrônica. Estudos atuais [33, 34] mostraram que existe uma forte or<strong>de</strong>m<br />

antiferromagnética nas bordas do tipo zigzag <strong>de</strong> nanofitas <strong>de</strong> grafeno.<br />

Além disso, apesar da robustez <strong>de</strong> suas ligações sigma (responsável pelo gran<strong>de</strong> livre<br />

caminho médio do elétron), o grafeno não é imune a efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. De maneira


3.2 Desor<strong>de</strong>m na Re<strong>de</strong> Honeycomb 27<br />

extrínseca, essa <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m po<strong>de</strong> ser oriunda <strong>de</strong> várias formas: átomos adsorvidos, cargas<br />

aprisionadas entre o grafeno e o substrato, <strong>de</strong>feitos topológicos como rupturas e bordas, e<br />

cargas no substrato. De forma geral, o efeito <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m extrínseca é uma mudança<br />

local no nível <strong>de</strong> energia dos átomos aos quais está acoplada. Isto correspon<strong>de</strong> a adicion-<br />

armos um termo,<br />

<br />

εi (ni↑ + ni↓) , (3.4)<br />

i<br />

no Hamiltoniano 3.5 cujo papel é acoplar-se ao potencial químico favorecendo ou não<br />

a ocupação em <strong>de</strong>terminados sítios. Este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m local po<strong>de</strong> ser mo<strong>de</strong>lado <strong>de</strong><br />

várias maneiras. Uma <strong>de</strong>las constitui-se em escolher aleatoriamente estes níveis <strong>de</strong> ener-<br />

<br />

gia para cada sítio. O que se faz é <strong>de</strong>finir um intervalo <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> largura ∆ − ∆<br />

2<br />

on<strong>de</strong> cada sítio possui sua energia escolhida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste intervalo. Assim, quanto maior<br />

for o valor <strong>de</strong> ∆ mais <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado será o sistema.<br />

Esta <strong>de</strong>finição simétrica <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m é responsável por manter o sistema invariante<br />

sob a transformação partícula-buraco. Vejamos como isso ocorre, aplicando-a ao Hamil-<br />

toniano <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> simétrico com a adição do termo referente à Eq. 3.4,<br />

H = − t <br />

(c<br />

,σ<br />

†<br />

iσcjσ + H.c.) + U <br />

<br />

ni↑ −<br />

i<br />

1<br />

<br />

ni↓ −<br />

2<br />

1<br />

+<br />

<br />

2<br />

<br />

(εi − µ) (ni↑ + ni↓) , (3.5)<br />

i<br />

obtemos um Hamiltoniano análogo com a troca dos valores do potencial químico e da<br />

energia intra-sítio ε, i.e.,<br />

˜H = − t <br />

(˜c<br />

,σ<br />

†<br />

iσcjσ + H.c.) + U <br />

<br />

ñi↑ −<br />

i<br />

1<br />

+<br />

2<br />

<br />

(µ − εi) (ñi↑ + ñi↓) − 2µNs + 2 <br />

on<strong>de</strong> os dois últimos termos são constantes.<br />

i<br />

i<br />

<br />

ñi↓ − 1<br />

<br />

2<br />

, ∆<br />

2<br />

εi, (3.6)<br />

É válido observar que a troca εi → −εi não resulta em um sistema novo, já que<br />

teremos uma re<strong>de</strong> análoga à anterior <strong>de</strong>vido ao caráter simétrico da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Isto po<strong>de</strong>


3.2 Desor<strong>de</strong>m na Re<strong>de</strong> Honeycomb 28<br />

ser visto diretamente a partir do seguinte raciocínio: no limite termodinâmico teremos um<br />

dado sítio com um <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> energia ε, no entanto, certamente possuiremos um<br />

sítio com seu valor simétrico −ε. Sendo assim, uma mudança no sinal <strong>de</strong>sta energia não<br />

altera o comportamento global do sistema, correspon<strong>de</strong>ndo apenas a uma troca <strong>de</strong> sítios.<br />

Desta forma, o potencial químico µ = 0 reproduz a banda semi-cheia in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do valor da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ∆.<br />

Com isso, os elétrons são espalhados tanto pela sua interação mútua como pelo <strong>de</strong>-<br />

sor<strong>de</strong>m local. Estes processos normalmente levam a efeitos bem diferentes ou até mesmo<br />

competitivos. Por exemplo, no caso da re<strong>de</strong> bipartite na banda semi-cheia, a interação<br />

Coulombiana blindada dos elétrons gera uma or<strong>de</strong>m antiferromagnética enquanto que a<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>struir tais correlações. A presença simultânea <strong>de</strong> interação e <strong>de</strong>sor-<br />

<strong>de</strong>m não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada em geral como a superposição <strong>de</strong> ambas as contribuições,<br />

além disso, efeitos interessantes <strong>de</strong> muitos corpos po<strong>de</strong>m ocorrer como veremos no Capítulo<br />

5.


Capítulo 4<br />

O método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico<br />

O Hamiltoniano <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> só possui solução exata em uma dimensão através do<br />

Ansatz <strong>de</strong> Bethe [35]. Em mais dimensões só existem soluções aproximadas para regimes<br />

em que a interação entre elétrons é muito fraca (U ≪ t) ou muito forte (U ≫ t) [36].<br />

O regime intermediário, que representa as regiões <strong>de</strong> interesse físico, só po<strong>de</strong> ser calcu-<br />

lado numericamente. Para um sistema que possua um número pequeno <strong>de</strong> sítios (∼ 6<br />

sítios) po<strong>de</strong>mos diagonalizar numericamente a matriz hamiltoniana. No entanto, isto não<br />

satisfaz as pretensões <strong>de</strong> simular um sistema físico real. Para sistemas maiores, existem<br />

alguns métodos a se consi<strong>de</strong>rar: método <strong>de</strong> Campo Médio (Hartree-Fock), método <strong>de</strong><br />

Monte Carlo Quântico, Grupo <strong>de</strong> Renormalização da Matriz Densida<strong>de</strong> (DMRG), Teo-<br />

ria <strong>de</strong> Campo Médio Dinâmica (DFT), Expansões em Série (SE), entre outros. Faremos<br />

aqui o contraponto apenas dos dois primeiros. O método <strong>de</strong> Campo Médio, apesar <strong>de</strong><br />

indicar muitos comportamentos qualitativos interessantes a respeito do sistema estudado,<br />

não leva em consi<strong>de</strong>ração as interações <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> muitos corpos <strong>de</strong> forma exata.<br />

Por isso a sua <strong>de</strong>scrição falha em predizer regimes <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> para o diagrama <strong>de</strong> fases<br />

do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> <strong>bidimensional</strong>. O segundo, é um método que permite estudar um<br />

número muito maior <strong>de</strong> partículas em comparação à diagonalização exata. Neste método,<br />

as interações eletrônicas são substituídas por um campo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do espaço e do tempo


4.1 O método 30<br />

imaginário. A soma sobre todas as configurações do campo é feita estocasticamente e nos<br />

permite calcular correlações estáticas e dinâmicas a uma dada temperatura.<br />

Neste capítulo discutiremos o formalismo por trás <strong>de</strong>ste método, como proce<strong>de</strong>r com<br />

o cálculo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas, como realizar as simulações numéricas, e ainda os problemas<br />

inerentes ao método <strong>de</strong> cálculo.<br />

4.1 O método<br />

Como vimos no capítulo 2, a interação entre partículas é fundamental para enten-<br />

<strong>de</strong>rmos o comportamento dos sistemas fermiônicos estudados. No entanto, isto introduz<br />

algumas complicações adicionais. De uma forma geral, os efeitos quânticos se mani-<br />

festam pelo fato <strong>de</strong> diferentes termos no hamiltoniano não comutarem. Por exemplo, no<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong>, os termos cinético e <strong>de</strong> interação não comutam, bem como os termos<br />

cinéticos envolvendo o mesmo sítio. Conseqüentemente, as partículas per<strong>de</strong>m a sua indi-<br />

vidualida<strong>de</strong> já que estão correlacionadas <strong>de</strong> uma maneira fundamental. Ao calcularmos a<br />

função <strong>de</strong> partição gran<strong>de</strong>-canônica<br />

surge uma dificulda<strong>de</strong>. Para o Hamiltoniano estudado,<br />

H = −t <br />

,σ<br />

(c †<br />

Z = Tr{n}e −βH , (4.1)<br />

iσ cjσ + H.c.) + <br />

i<br />

Uini↑ni↓ − µ <br />

(ni↑ + ni↓) , (4.2)<br />

o operador número (niσ = c †<br />

iσ ciσ) é bilinear em operadores fermiônicos, <strong>de</strong> modo que o<br />

termo <strong>de</strong> interação se configura como um termo quártico. Como termos quárticos não são<br />

diagonalizados com facilida<strong>de</strong>, ao contrário dos <strong>de</strong>mais termos que são bilineares, isso se<br />

torna um problema. Uma maneira <strong>de</strong> se contornar isso é utilizando a <strong>de</strong>composição <strong>de</strong><br />

Suzuki-Trotter, dada por:<br />

e ∆τ(A+B) = e ∆τA e ∆τB + O[(∆τ) 2 ][A, B], (4.3)<br />

i


4.1 O método 31<br />

on<strong>de</strong> A e B são operadores quaisquer não-comutantes e ∆τ é uma constante real.<br />

No caso em questão, <strong>de</strong>finindo β = ∆τM, a <strong>de</strong>composição nos leva a reescrever a<br />

função <strong>de</strong> partição gran<strong>de</strong>-canônica como:<br />

on<strong>de</strong>,<br />

e,<br />

K = −t <br />

,σ<br />

Z∆τ Tr<br />

(c †<br />

M<br />

l=1<br />

e −∆τK e −∆τV , (4.4)<br />

iσcjσ + c †<br />

jσciσ) − µ <br />

i<br />

(ni↑ + ni↓) , (4.5)<br />

V = <br />

Uini↑ni↓. (4.6)<br />

i<br />

Po<strong>de</strong>-se notar que a <strong>de</strong>composição se torna exata no limite em que ∆τ → 0. Numeri-<br />

camente, o tamanho <strong>de</strong> cada intervalo ∆τ <strong>de</strong>ve ser escolhido tal que tU(∆τ 2 ) < 1/10, a<br />

fim <strong>de</strong> minimizar os erros oriundos <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>composição. A introdução da discretização<br />

em β, nos sugere, em analogia com a formulação <strong>de</strong> integral <strong>de</strong> caminho na Mecânica<br />

Quântica, reescrever a função <strong>de</strong> partição da seguinte forma:<br />

Z∆τ = M<br />

〈i1|<br />

=<br />

i1<br />

<br />

i1,i2,...,iM<br />

l=1<br />

e −∆τK e −∆τV |i1〉<br />

〈i1|e −∆τK e −∆τV |i2〉〈i2|e −∆τK e −∆τV |i3〉 . . .<br />

. . . 〈iM|e −∆τK e −∆τV |i1〉, (4.7)<br />

on<strong>de</strong> na última passagem utilizamos a relação <strong>de</strong> fechamento dos estados no espaço <strong>de</strong><br />

Hilbert e |in〉 representam estados <strong>de</strong>ste espaço. Esse formalismo induz uma interpretação<br />

para ∆τ: ele representa intervalos <strong>de</strong> “tempo” (imaginário) discretos. Ou seja, para uma<br />

dada temperatura T (β = 1/kbT ), temos então M fatias “temporais”, M = β/∆τ.<br />

Logo, <strong>de</strong> acordo com a Eq. 4.7, o operador e −∆τH introduz uma correlação entre os<br />

estados na direção temporal, fazendo com que a dimensão efetiva do sistema seja d + 1.


4.1 O método 32<br />

Po<strong>de</strong>mos assim obter uma seqüência <strong>de</strong> aproximações para a função <strong>de</strong> partição Z∆τ a<br />

qual <strong>de</strong>ve, em princípio, ser extrapolada para ∆τ → 0<br />

Trataremos agora os termos quárticos. A fim <strong>de</strong> utilizar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operadores<br />

importante no estudo, primeiramente, transformemo-los em exponenciais <strong>de</strong> quadrados<br />

<strong>de</strong> operadores. Para os férmions, n 2 σ = nσ = 0 ou 1, assim sendo, estes termos po<strong>de</strong>m ser<br />

escritos:<br />

ni↑ni↓ = − 1<br />

2 (ni↑ − ni↓) 2 + 1<br />

2 (ni↑ + ni↓)<br />

≡ − 1<br />

2 m2 i + 1<br />

2 ni, (4.8)<br />

on<strong>de</strong> na última passagem <strong>de</strong>finimos a magnetização local (mi = ni↑ − ni↓) e a carga local<br />

(ni = ni↑ + ni↓). Portanto, o termo <strong>de</strong> interação, na função <strong>de</strong> partição é reescrito como:<br />

e −∆τUini↑ni↓ = e ∆τU i<br />

2 m2 i − ∆τU i<br />

2 ni . (4.9)<br />

Agora po<strong>de</strong>mos lançar mão <strong>de</strong> uma transformação <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong>-Stratonovich<br />

(HS), a qual basicamente, transforma a exponencial do quadrado do operador em uma ex-<br />

ponencial do próprio operador:<br />

e 1<br />

2 A2<br />

≡ 1<br />

∞<br />

1<br />

− √ dxe 2<br />

2π −∞<br />

x2−xA , (4.10)<br />

que po<strong>de</strong> ser imediatamente <strong>de</strong>monstrada completando quadrados no integrando. No en-<br />

tanto, esta transformação introduz um campo auxiliar x que se acopla linearmente ao<br />

operador original A. Aplicando-a ao caso estudado, reescrevamos a Eq. 4.9 como:<br />

e −∆τUini↑ni↓ e<br />

= −∆τUi ni ∞<br />

2<br />

1<br />

− √ dxe 2<br />

2π −∞<br />

x2− √ Ui∆τxmi . (4.11)<br />

Todavia, para simulações numéricas é mais conveniente que a transformação HS seja<br />

discreta, i.e., dx → <br />

s=±1 , on<strong>de</strong> s correspon<strong>de</strong> a uma variável <strong>de</strong> spin <strong>de</strong> Ising. Desta<br />

forma, é fácil ver que usando o fato <strong>de</strong> que s 2 ≡ 1, o termo na função <strong>de</strong> partição corres-<br />

pon<strong>de</strong>nte à interação se torna [vi<strong>de</strong> [37]]


4.1 O método 33<br />

e −∆τUini↑ni↓ = 1<br />

2 e− U i ∆τ<br />

2 ni<br />

= 1<br />

2<br />

<br />

<br />

s=±1 σ=↑,↓<br />

<br />

e sλmi<br />

s=±1<br />

e −(σsλ+ U i ∆τ<br />

2 )niσ , (4.12)<br />

on<strong>de</strong> na última igualda<strong>de</strong> fatoramos as contribuições <strong>de</strong> spin para cima e spin para baixo<br />

nos termos <strong>de</strong> carga local e magnetização local. Além disso, <strong>de</strong>finimos a gran<strong>de</strong>za λ tal<br />

que cosh λ = e U∆τ/2 . Essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser verificada explicitamente enumerando as<br />

4 possíveis escolhas para ni↑, ni↓.<br />

Observando-se a Eq. 4.12 em <strong>de</strong>talhes, po<strong>de</strong>-se concluir que a transformação HS<br />

permite o mapeamento <strong>de</strong> um problema <strong>de</strong> férmions interagentes em um problema <strong>de</strong><br />

férmions não-interagentes acoplados a um campo externo flutuante s. Com isso, po<strong>de</strong>mos<br />

aplicar esta transformação para todos os sítios (espaço-tempo) e assim reescrever a função<br />

<strong>de</strong> partição gran<strong>de</strong>-canônica como,<br />

on<strong>de</strong>,<br />

Z =<br />

LdM 1<br />

Tr{s}Tr{n}<br />

2<br />

M<br />

<br />

l=1 σ=↑,↓<br />

<br />

−∆τ<br />

e i,j c†<br />

iσKijcjσ −∆τ<br />

e <br />

i c†<br />

iσVσ i (l)ciσ (4.13)<br />

V σ i (l) = 1<br />

∆τ λσsi(l)<br />

<br />

+ µ − Ui<br />

<br />

2<br />

(4.14)<br />

que são os elementos <strong>de</strong> uma matriz diagonal V σ (l) <strong>de</strong> tamanho Ns×Ns . Note que embu-<br />

timos o termo referente ao potencial químico nessa nova <strong>de</strong>finição do termo <strong>de</strong> interação<br />

já bilinearizado em termos dos operadores fermiônicos. O outro termo na exponencial<br />

correspon<strong>de</strong> aos elementos <strong>de</strong> matriz da matriz cinética, K, cujos elementos satisfazem<br />

Kij =<br />

⎧<br />

⎨<br />

⎩<br />

−t i, j primeiros vizinhos<br />

0 <strong>de</strong>mais<br />

(4.15)<br />

Por exemplo, no caso unidimensional e com condições <strong>de</strong> contorno periódicas temos


4.1 O método 34<br />

uma matriz L × L,<br />

⎛<br />

⎞<br />

−0<br />

⎜ −t<br />

⎜<br />

K = ⎜ 0<br />

⎜ .<br />

⎝<br />

−t<br />

0<br />

−t<br />

.<br />

0<br />

−t<br />

0<br />

.<br />

· · ·<br />

· · ·<br />

· · ·<br />

.<br />

0<br />

0<br />

0<br />

.<br />

−t<br />

⎟<br />

0 ⎟<br />

0 ⎟ .<br />

⎟<br />

. ⎟<br />

⎠<br />

(4.16)<br />

−t 0 · · · 0 −t 0<br />

Tendo escrito a função <strong>de</strong> partição em uma forma bilinear, po<strong>de</strong>mos simplificá-la cal-<br />

culando o traço fermiônico (Tr{n}). Isso será feito em duas partes. Primeiro consi<strong>de</strong>rando<br />

a seguinte i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> – que será <strong>de</strong>monstrada no Apêndice :<br />

e −c†<br />

i Aijcj e −c †<br />

i Bijcj = e − <br />

ν −c† νlνcν , (4.17)<br />

on<strong>de</strong> λν = e −lν são os autovalores da matriz e −A e −B . Segundo, como estamos na base<br />

que diagonaliza o operador e −A e −B po<strong>de</strong>mos reescrever o traço nas variáveis fermiônicas<br />

na forma <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminante:<br />

<br />

−<br />

Tr{n}e ν −c† <br />

νlνcν −<br />

= Tr{n}e ν nνlν = Tr{n}<br />

<br />

e −nνlν<br />

= −lν 1 + e <br />

ν<br />

ν<br />

= <strong>de</strong>t 1 + e −A e −B . (4.18)<br />

Aplicando estes resultados ao nosso caso e generalizando-o para operadores que <strong>de</strong>-<br />

pendam do tempo imaginário, po<strong>de</strong>mos escrever,<br />

Z =<br />

LdM 1<br />

Tr{s}<br />

2<br />

<br />

<strong>de</strong>t 1 + B σ MB σ M−1 . . . B σ 1 , (4.19)<br />

σ<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finimos B σ<br />

l ≡ e −∆τK e −∆τVσ (l) . Introduzindo o operador O σ (s) ≡ 1+B σ<br />

MB σ<br />

M−1 . . . B σ<br />

1,<br />

chegamos à forma final da função <strong>de</strong> partição gran<strong>de</strong>-canônica:<br />

Z =<br />

LdM 1<br />

Tr{s} <strong>de</strong>t O<br />

2<br />

↑ ({s}) · <strong>de</strong>t O ↓ ({s}). (4.20)


4.2 Cálculo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas 35<br />

Este resultado nos mostra que a função <strong>de</strong> partição quântica gran<strong>de</strong>-canônica foi agora<br />

expressa na forma <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong> partição clássica: precisamos somar sobre todas as<br />

possíveis configurações das variáveis reais (clássicas) si(l) com o “peso <strong>de</strong> Boltzmann”,<br />

que é o produto <strong>de</strong> dois <strong>de</strong>terminantes. Note que a variável clássica a ser somada, possui<br />

um índice l rotulando o tempo imaginário. Esta interpretação do produto dos <strong>de</strong>termi-<br />

nantes como sendo o peso <strong>de</strong> Boltzmann po<strong>de</strong> ser falha já que a princípio esta não é uma<br />

quantida<strong>de</strong> positivamente <strong>de</strong>finida. Assim, o produto <strong>de</strong>les po<strong>de</strong> ser até mesmo nega-<br />

tivo para algumas configurações gerando o problema do sinal negativo que será abordado<br />

posteriormente.<br />

4.2 Cálculo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas<br />

Agora estamos aptos a mostrar como se calculam os valores médios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>n-<br />

tro do formalismo <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico Determinantal, como, por exemplo, funções<br />

<strong>de</strong> correlação. Sejam dois operadores A e B quaisquer; <strong>de</strong> acordo com a seção anterior, a<br />

função <strong>de</strong> correlação entre eles será:<br />

〈AB〉 =<br />

Tr{s}Tr{n}<br />

<br />

AB <br />

l σ<br />

e−∆τ i,j c†<br />

iσKijcjσ −∆τ e <br />

i c†<br />

iσV σ<br />

i (l)ciσ<br />

<br />

on<strong>de</strong> calculamos esta correlação para tempos imaginários (l) iguais.<br />

Z<br />

, (4.21)<br />

É conveniente <strong>de</strong>finir uma média fermiônica – chamada <strong>de</strong> Função <strong>de</strong> Green – nessa<br />

correlação, fazendo-a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r somente do campo flutuante <strong>de</strong> Ising:<br />

〈AB〉{s} =<br />

Tr{n}<br />

Tr{n}<br />

<br />

AB <br />

l<br />

l<br />

<br />

σ<br />

e−∆τ i,j c†<br />

iσKijcjσ −∆τ e <br />

i c†<br />

iσV σ<br />

i (l)ciσ<br />

<br />

<br />

σ<br />

e−∆τ i,j c†<br />

iσKijcjσ e−∆τ <br />

i c†<br />

iσV σ<br />

i (l)ciσ<br />

. (4.22)<br />

Lembrando da forma mais fechada da função <strong>de</strong> partição (Eq. 4.20), po<strong>de</strong>mos rees-<br />

crever a função <strong>de</strong> correlação na forma:


4.2 Cálculo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas 36<br />

〈AB〉 = 1<br />

Z Tr{s}〈AB〉{s} <strong>de</strong>t O ↑ ({s}) · O ↓ ({s}). (4.23)<br />

Logo a função <strong>de</strong> correlação é escrita em termos do traço da configuração do campo<br />

<strong>de</strong> Ising do sistema em um dado tempo imaginário l com peso dado pelo “novo” peso <strong>de</strong><br />

Boltzmann. Isto posto, po<strong>de</strong>mos calcular algumas Funções <strong>de</strong> Green (FG) importantes,<br />

como aquela relacionada a uma partícula:<br />

〈ciσc †<br />

jσ 〉{s} =<br />

Tr{n}<br />

<br />

Tr{n}<br />

l<br />

<br />

<br />

l<br />

Definindo a representação matricial<br />

Dl = <br />

σ<br />

σ<br />

<br />

e−∆τ i,j c†<br />

iσKijcjσ −∆τ e <br />

i c†<br />

iσV σ<br />

i (l)ciσciσc †<br />

<br />

σ<br />

e−∆τ i,j c†<br />

iσKijcjσ e−∆τ <br />

i c†<br />

iσV σ<br />

i (l)ciσ<br />

po<strong>de</strong>mos reescrever a FG <strong>de</strong> uma partícula como:<br />

jσ<br />

<br />

. (4.24)<br />

<br />

−∆τ<br />

e i,j c†<br />

iσKijcjσ −∆τ<br />

e <br />

i c†<br />

iσV σ<br />

i (l)ciσ , (4.25)<br />

〈ciσc †<br />

jσ 〉{s} = Tr{n}DM . . . D1ciσc †<br />

jσ<br />

Tr{n}DM . . . D1<br />

. (4.26)<br />

A fim <strong>de</strong> calcular o traço fermiônico, passemos para a base em que o Hamiltoniano é<br />

diagonalizado – Apêndice,<br />

〈ciσc †<br />

jσ 〉{s} = <br />

ν,ν ′<br />

〈i|ν ′ 〉〈ν ′′ |j〉 Tr{n}cν ′ σc †<br />

ν ′′ σDM . . . D1<br />

Tr{n}DM . . . D1<br />

. (4.27)<br />

Quando tomamos o traço na base diagonal, cνσc †<br />

ν ′′ σ , age no bra à esquerda, assim uma<br />

contribuição não-nula só ocorre para ν ′ = ν ′′ . Então, todos os termos com exceção <strong>de</strong> |ν ′ 〉<br />

contribuem para o produto com 1+e −∆τεν , (veja Eq. 4.18 com a substituição lν → ∆τεν)<br />

que acabam por cancelar com o mesmo termo no <strong>de</strong>nominador. Portanto, isto resulta em<br />

〈ciνc †<br />

jσ 〉{s} = <br />

ν ′<br />

|ν ′ 1<br />

〉〈i|<br />

1 + e−∆τε′ |j〉〈ν<br />

ν<br />

′ |<br />

<br />

<br />

1<br />

=<br />

= [g]ij, (4.28)<br />

1 + BM . . . B1<br />

ij


4.3 Simulações 37<br />

que é o elemento ij <strong>de</strong> uma matriz Ns × Ns.<br />

Além disso, com o auxílio do teorema <strong>de</strong> Wick [38], po<strong>de</strong>mos calcular a FG <strong>de</strong> duas<br />

partículas em termos da FG <strong>de</strong> uma partícula:<br />

〈c † †<br />

ci2c i1 i3ci4〉{s} = 〈c †<br />

†<br />

ci2〉{s}〈c i1 i3ci4〉{s} + 〈c †<br />

†<br />

ci4〉{s}〈c i1 i2ci3〉{s}. (4.29)<br />

Com o formalismo <strong>de</strong>senvolvido, po<strong>de</strong>mos calcular quantida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> interesse,<br />

como o número <strong>de</strong> ocupação n dado por:<br />

n = 1<br />

MNs<br />

<br />

i,l<br />

σ<br />

〈c †<br />

iσ (l)ciσ(l)〉, (4.30)<br />

e também correlações magnéticas. Como a magnetização no sítio i na direção z é dada<br />

por m z i ≡ ni↑ − ni↓, po<strong>de</strong>mos escrever a correlação entre dois spins na direção z como:<br />

〈m z i m z j〉 = 〈ni↑nj↑〉 − 〈ni↑nj↓〉 − 〈ni↓nj↑〉 + 〈ni↓nj↓〉 (4.31)<br />

que escrita em termos dos operadores <strong>de</strong> criação e <strong>de</strong>struição fermiônicos po<strong>de</strong> ser sim-<br />

plificada <strong>de</strong> acordo com Eq. 4.29.<br />

4.3 Simulações<br />

As simulações possuem uma certa analogia com o caso clássico <strong>de</strong> Monte Carlo com duas<br />

modificações importantes: temos um novo peso <strong>de</strong> Boltzmann (<strong>de</strong>t O ↑ ({s}) · O ↓ ({s}))<br />

e varremos por uma re<strong>de</strong> espaço-“temporal”. Para realizá-las, <strong>de</strong> início, informamos os<br />

parâmetros do Hamiltoniano U, µ (em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> t) e a temperatura dos sistema T =<br />

1/β. Em seguida, geramos uma matriz s(i, l) (o “campo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong>-Stratonovich”) com<br />

números ±1 escolhidos aleatoriamente. E, analogamente ao caso clássico, passeamos<br />

pela re<strong>de</strong> espacial (sítios) tentando inverter o valor do spin <strong>de</strong> Ising correspon<strong>de</strong>nte ao<br />

campo HS, para um dado tempo imaginário l.<br />

Suponha, por exemplo, que estamos em um sítio qualquer i e em uma fatia temporal<br />

l. Se o spin é invertido (si(l) → −si(l)) as matrizes correspon<strong>de</strong>ndo a B σ<br />

l mudam, já


4.3 Simulações 38<br />

que o elemento ii da matriz V σ<br />

i (l) mudará. De acordo com a Eq. 4.14, essa mudança no<br />

elemento <strong>de</strong> matriz será da seguinte forma:<br />

o que gera uma mudança<br />

on<strong>de</strong> os elementos <strong>de</strong> matriz <strong>de</strong> ∆ σ l<br />

V σ<br />

ij (l, −s) − V σ<br />

ij (l, s) = −2λσsi(l)δij<br />

(4.32)<br />

B σ l → [B σ l ] ′ = B σ l ∆ σ l (i) (4.33)<br />

(i) são da forma<br />

[∆ σ 2σ∆τλsi(l)<br />

l (i)] jk = δjiδki e − 1 . (4.34)<br />

Esse passo <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico será aceito com probabilida<strong>de</strong><br />

W ≡ R↑R↓<br />

, (4.35)<br />

1 + R↑R↓<br />

com Rσ ≡ <strong>de</strong>t Oσ ({s} ′ )<br />

<strong>de</strong>t O σ ({s}) , on<strong>de</strong> {s}′ representa a configuração do novo campo <strong>de</strong> HS que se<br />

diferencia da configuração antiga {s} pela mudança no spin correspon<strong>de</strong>ndo ao sítio (i, l).<br />

Após estes cálculos, tenta-se agora inverter o spin <strong>de</strong> Ising do próximo sítio na mesma fa-<br />

tia temporal l. Fazemos isto até percorrer toda a re<strong>de</strong> espacial. Passamos, então, para uma<br />

nova fatia temporal e repetimos o processo até que cheguemos ao final do tempo ima-<br />

ginário (l = M). Ao varrermos toda a re<strong>de</strong> nesse procedimento, percorremos um passo<br />

<strong>de</strong> Monte Carlo. Similarmente, ao caso clássico varremos toda re<strong>de</strong> espaço-“temporal”<br />

algumas centenas <strong>de</strong> vezes (warm-up) antes <strong>de</strong> calcular os valores médios. A seguir, rea-<br />

lizamos algumas milhares <strong>de</strong> varreduras (∼ 10000) em que medimos as gran<strong>de</strong>zas. Outro<br />

aspecto interessante a se notar é que o algoritmo como estabelecido escala com o tempo<br />

<strong>de</strong> CPU com N 4 M. A razão para isso é que para recalcular os <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> O σ ({s} ′ ),<br />

gastamos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> N 3 operações. E <strong>de</strong>vemos fazê-lo NM vezes <strong>de</strong> forma a varrer<br />

toda as variáveis <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong>-Stratonovich. O estado da arte do Monte Carlo Determi-<br />

nantal, na ausência do problema <strong>de</strong> sinal, são estudos <strong>de</strong> algumas centenas <strong>de</strong> elétrons à<br />

temperaturas βt = 10−20. Em termos da temperatura e da largura <strong>de</strong> banda, isto significa


4.4 Problemas inerentes ao método 39<br />

T aproximadamente 1/100 da largura <strong>de</strong> banda W = 8t do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> bidimen-<br />

sional. Esta é uma temperatura baixa o suficiente para vermos correlações magnéticas<br />

bem <strong>de</strong>senvolvidas. Para parâmetros típicos, t = 1, U = 4 escolhemos ∆τ = 1/8 <strong>de</strong><br />

modo que estes valores <strong>de</strong> β correspon<strong>de</strong>m a aproximadamente L = 100, e a simulação<br />

envolve cerca <strong>de</strong> 10 4 variáveis <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong>-Stratonovich.<br />

4.4 Problemas inerentes ao método<br />

Alguns problemas acometem o método <strong>de</strong> Monte Carlo Quântico Determinantal. Um<br />

<strong>de</strong>les é o problema do sinal negativo mencionado anteriormente. O outro é o problema<br />

da instabilida<strong>de</strong> à baixas temperaturas. Primeiramente, abordaremos o problema do sinal<br />

negativo. Veremos quando ele é relevante e indicaremos métodos adicionais que cor-<br />

rigem ao menos em parte o problema. Depois apenas introduziremos o problema <strong>de</strong><br />

instabilida<strong>de</strong>s a baixas temperaturas indicando referências que fornecem caminhos para<br />

minimizá-lo.<br />

4.4.1 O problema do sinal negativo<br />

Ele se origina no fato <strong>de</strong> que o termo que usamos como peso <strong>de</strong> Boltzmann não<br />

é estritamente positivo para algumas configurações do sistema. No entanto, para algu-<br />

mas configurações específicas ele é válido como, por exemplo, para a banda semi-cheia<br />

(〈n〉 = 1) no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> repulsivo. Como vimos no Capítulo 2 a transformação<br />

partícula-buraco mostra que esse preenchimento é obtido quando µ = U/2. Calculemos<br />

agora como se escreve o <strong>de</strong>terminante fermiônico neste ponto simétrico:<br />

<strong>de</strong>t O ↑ ({s}) = Tr{n}<br />

= Tr{ñ}<br />

<br />

−λ<br />

= e<br />

<br />

l<br />

<br />

l<br />

e −∆τK↑<br />

<br />

λ<br />

e i si(l)ni↑<br />

e −∆τ ˜ K↑ <br />

−λ<br />

e i si(l)ñi↑ −λ<br />

e <br />

i si(l)<br />

i,lsi(l) · <strong>de</strong>t O ↓ ({s}) (4.36)


4.4 Problemas inerentes ao método 40<br />

Portanto, <strong>de</strong>t O ↑ · <strong>de</strong>t O ↓ > 0, o que satisfaz a condição necessária <strong>de</strong> interpretação<br />

<strong>de</strong> peso <strong>de</strong> Boltzmann. Observe que este resultado é válido para < n >= 1 e U <br />

0, cf. Eq. 4.11 que <strong>de</strong>fine a transformação <strong>de</strong> HS. No entanto, <strong>de</strong> uma forma geral, o<br />

<strong>de</strong>terminante fermiônico fica negativo para algumas configurações. Sendo assim, vejamos<br />

o que acontece nestes casos.<br />

Reescrevamos a função <strong>de</strong> partição como sendo uma soma sobre configurações c ≡<br />

{s}, i.e.,<br />

Z = Tr{n} <strong>de</strong>t O ↑ ({s}) · <strong>de</strong>t O ↓ ({s}) ≡ <br />

p(c). (4.37)<br />

Definindo p(c) ≡ s(c)|p(c)| on<strong>de</strong> s(c) = ±1, po<strong>de</strong>mos reescrever a média <strong>de</strong> uma<br />

gran<strong>de</strong>za qualquer A, por uma nova média pon<strong>de</strong>rada pelos novos |p(c)| como a seguir:<br />

〈A〉 =<br />

<br />

c A(c)p(c)<br />

<br />

c<br />

<br />

c A(c)|p(c)|s(c)<br />

<br />

c |p(c)|s(c)<br />

=<br />

p(c)<br />

= [<br />

<br />

c A(c)|p(c)|s(c)] / c |p(c)|<br />

[ <br />

<br />

|p(c)|s(c)] / c |p(c)|<br />

=<br />

c<br />

<br />

c p′ (c)[s(c)A(c)]<br />

<br />

c p′ (c)[s(c)] ≡ 〈sA〉 p ′<br />

〈s〉 p ′<br />

c<br />

(4.38)<br />

on<strong>de</strong> p ′ (c) ≡ |p(c)|. Portanto, se consi<strong>de</strong>rarmos o módulo <strong>de</strong> p(c) como peso <strong>de</strong> Boltz-<br />

mann, pagamos o preço <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> dividir as médias pelo sinal médio do produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>-<br />

terminantes. Assim, quando 〈s〉p ′ for próximo <strong>de</strong> 1, teremos uma melhor confiança nos<br />

resultados apresentados. Uma maneira <strong>de</strong> se contornar o problema do sinal baixo é tomar<br />

amostragens mais longas <strong>de</strong> forma que as médias ainda tenham algum sentido. De uma<br />

forma prática, <strong>de</strong>vemos trabalhar em uma região em que 〈s〉 0, 6.<br />

O sinal possui <strong>de</strong>pendência com diversos fatores como a temperatura, a interação<br />

eletrônica, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n e os tamanhos das re<strong>de</strong>s.<br />

A Figura 4.1(a) adaptada da Ref. [39] mostra a <strong>de</strong>pendência do sinal com o preenchi-<br />

mento <strong>de</strong> banda para uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamanho 4 × 4 para três diferentes temperaturas. Com<br />

exceção das <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s em que possuímos <strong>de</strong>generescências no estado fundamental para


4.4 Problemas inerentes ao método 41<br />

Figura 4.1: O sinal médio do produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes fermiônicos como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

eletrônica no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> com U = 4, adaptado da Ref. [39].<br />

o sistema não-interagente, o sinal <strong>de</strong>cai ao diminuirmos a temperatura. Além disso, a<br />

Figura 4.1(b) indica que o comportamento do sinal com o tamanho do sistema não é tão<br />

severo. No entanto para os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> que correspon<strong>de</strong>m ao mínimo do sinal,<br />

este piora conforme aumentamos o sistema.<br />

Outro ponto interessante a se salientar é a <strong>de</strong>pendência do sinal com a temperatura<br />

mantendo-se o tamanho do sistema e o preenchimento <strong>de</strong> banda constantes. Na Fig. 4.2<br />

mostramos o ln〈sinal〉 vs β para uma re<strong>de</strong> 4 × 4 com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> n = 0, 625, adaptado<br />

da Ref. [40]. Observa-se uma clara <strong>de</strong>pendência com U do sinal, diminuindo quando U<br />

aumenta além <strong>de</strong> diminuir ao diminuirmos a temperatura. Essa <strong>de</strong>pendência confirma a<br />

expectativa geral [40] <strong>de</strong> que<br />

com γ <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo fortemente <strong>de</strong> n.<br />

〈sinal〉 ∼ e −βNsUγ<br />

(4.39)<br />

Concluindo, o problema do sinal negativo ainda está em aberto. Apesar <strong>de</strong> inúmeros<br />

esforços para se resolvê-lo (ou amenizá-lo) como, por exemplo, fazendo mudanças para<br />

transformações <strong>de</strong> HS mais gerais, isto ainda fornece resultados infrutíferos [42]. Algu-<br />

mas outras aproximações como as <strong>de</strong> caminhos parciais [43] e métodos <strong>de</strong> Monte Carlo<br />

Quântico com caminhos restritos Ref. [44, 45, 46] produzem indicativos interessantes.


4.4 Problemas inerentes ao método 42<br />

Figura 4.2: O logaritmo da média do sinal do produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes fermiônicos como função<br />

do inverso da temperatura no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> em uma re<strong>de</strong> 4 × 4, adaptado da Ref. [41]<br />

4.4.2 Instabilida<strong>de</strong>s à baixas temperaturas<br />

Durante a simulação <strong>de</strong>vemos fazer o produto <strong>de</strong> muitas matrizes como, por exemplo,<br />

no cálculo da função <strong>de</strong> partição [Eq. 4.19] on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vemos fazer a multiplicação <strong>de</strong> ma-<br />

trizes B σ<br />

l correspon<strong>de</strong>ndo a tempos imaginários distintos. O primeiro problema é: quando<br />

diminuímos a temperatura (aumentando β), acabamos por aumentar o número <strong>de</strong> inter-<br />

valos temporais M ao <strong>de</strong>ixarmos ∆τ fixo. Com isso quanto menor a temperatura maior<br />

será o números <strong>de</strong> matrizes que <strong>de</strong>veremos multiplicar. Isto computacionalmente po<strong>de</strong><br />

ser bastante custoso e até gerar algumas instabilida<strong>de</strong>s. O outro problema é que para<br />

baixas temperaturas as matrizes O σ<br />

l são mal condicionadas já que possuem a razão en-<br />

tre os autovalores mais baixos e mais altos crescendo exponencialmente com o inverso<br />

da temperatura que é proporcional a M. Isto resulta em problemas <strong>de</strong> escala difíceis <strong>de</strong><br />

acompanhar numericamente. Existem duas formulações que po<strong>de</strong>m em parte contornar o<br />

problema: a formulação <strong>de</strong> espaço-tempo [47] e um processo <strong>de</strong> fatorização <strong>de</strong> matrizes<br />

[39]. Estas duas formulações permitem que as simulações possam chegar a valores <strong>de</strong>


4.4 Problemas inerentes ao método 43<br />

β ∼ 20 − 30.


Capítulo 5<br />

Resultados<br />

Neste capítulo apresentaremos os resultados para o estudo dos sistemas <strong>de</strong> superre-<br />

<strong>de</strong>s na re<strong>de</strong> quadrada e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>ntro da abordagem <strong>de</strong> férmions<br />

fortemente correlacionados. No primeiro sistema estudaremos as correlações magnéticas<br />

bem como algumas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte, já no caso da re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> nos concen-<br />

traremos nas proprieda<strong>de</strong>s oriundas das correlações <strong>de</strong> spin.<br />

5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas<br />

Como discutido na introdução, as multicamadas magnéticas possuem importantes pro-<br />

prieda<strong>de</strong>s que as tornam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse e com potenciais aplicações tecnológicas.<br />

Para estudá-las supomos o sistema como sendo <strong>bidimensional</strong> e contruímos camadas<br />

magnéticas e não-magnéticas através da escolha <strong>de</strong> camadas on<strong>de</strong> a interação eletrônica<br />

é diferente <strong>de</strong> zero e <strong>de</strong> camadas on<strong>de</strong> é nula, respectivamente.<br />

O objetivo do estudo <strong>de</strong>ste problema é <strong>de</strong>scobrir como a presença das camadas afeta<br />

as proprieda<strong>de</strong>s magnéticas e <strong>de</strong> transporte das superre<strong>de</strong>s magnéticas. A maioria dos<br />

resultados foram obtidos com U = 4 t com cerca <strong>de</strong> 4000 passos <strong>de</strong> MCQ. Alguns outros<br />

resultados foram obtidos com U = 8 t a título <strong>de</strong> comparação.


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 45<br />

Outro ponto importante é que comparamos os resultados oriundos <strong>de</strong> duas abordagens<br />

da Hamiltoniana estudada. Como vimos, a Hamiltoniana <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong> escrita na forma<br />

simétrica, apesar <strong>de</strong> sua simplicida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>screver a banda semi-cheia para o potencial<br />

químico nulo, acabava por introduzir um <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> energia nos níveis <strong>de</strong> energia dos<br />

sítios repulsivos:<br />

Hsimétrica = −t[. . .] + <br />

<br />

Uini↑ni↓ − Ui<br />

2 (ni↑<br />

<br />

+ ni↓)<br />

i<br />

− µ[. . .] + cte.. (5.1)<br />

No entanto, é também válido estudar o que ocorre com as gran<strong>de</strong>zas físicas quando<br />

retiramos essa contribuição, i.e., quando escrevemos a Hamiltoniana com os níveis en-<br />

ergéticos corrigidos e iguais para sítios repulsivos e livres,<br />

Hcorrigida = Hsimétrica + <br />

i<br />

Ui<br />

2 (ni↑ + ni↓). (5.2)<br />

O uso da Hamiltoniana simétrica também se justifica para po<strong>de</strong>rmos comparar os re-<br />

sultados com aqueles da Ref.[27] on<strong>de</strong> a ocorrência <strong>de</strong> sítios com U = 0 é distribuída<br />

aleatoriamente e a Hamiltoniana utilizada nesta abordagem é simétrica.<br />

5.1.1 Resultados para o caso simétrico<br />

Correlações Magnéticas<br />

Po<strong>de</strong>mos separar o estudo das correlações magnéticas para a banda semi-cheia (µ = 0)<br />

e fora da banda semi-cheia. Nesta subseção iremos nos concentrar na banda semi-cheia.<br />

Com respeito às correlações magnéticas po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar que ao longo das camadas<br />

livres ou repulsivas o or<strong>de</strong>namento é sempre antiferromagnético. Isto está ilustrado na<br />

Figura 5.1 para uma re<strong>de</strong> com configuração LU = 1 L0 = 1 e tamanho linear L = 12.<br />

É interessante observar que a amplitu<strong>de</strong> das oscilações é sempre maior na camada<br />

repulsiva, <strong>de</strong>notando uma maior correlação entre os spins <strong>de</strong>sta camada em comparação<br />

àqueles das camadas livres. No caso das correlações entre camadas (Figura 5.1(b)) po<strong>de</strong>-<br />

mos notar que para uma temperatura baixa o suficiente (T = t ) o acoplamento entre<br />

16


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 46<br />

Figura 5.1: Correlação magnética no espaço real entre dois spins para LU = 1 e L0 = 1 em uma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamanho linear L = 12 e interação eletrônica U = 4t; em (a): ao longo das camadas livre<br />

e repulsiva para β = 12 ; em (b): através das camadas para β = 4 e β = 16; pontos cheios e<br />

vazios <strong>de</strong>notam sítios repulsivos e livres respectivamente.<br />

as camadas repulsivas é ferromagnético; no entanto, para temperaturas mais altas este<br />

acoplamento não é bem <strong>de</strong>finido po<strong>de</strong>ndo ser até mesmo antiferromagnético em virtu<strong>de</strong><br />

das barras <strong>de</strong> erro (que possuem dimensões comparáveis aos pontos).<br />

No entanto, a leitura do or<strong>de</strong>namento magnético po<strong>de</strong> ser mais facilmente percebida<br />

quando as escrevemos no espaço recíproco (qx, qy). Desta forma, a Figura 5.3 apresenta<br />

os gráficos para o fator <strong>de</strong> estrutura para diferentes configurações possíveis das superre<strong>de</strong>s<br />

magnéticas com diversas temperaturas. Para <strong>de</strong>screvê-lo utilizamos que o acoplamento na<br />

direção qy está relacionado à direção através das camadas. Fazendo a distância entre duas<br />

linhas equivalentes em diferentes células consecutivas que compõem a re<strong>de</strong> como sendo<br />

uma unida<strong>de</strong> do parâmetro <strong>de</strong> re<strong>de</strong> (Figura 5.2), o valor <strong>de</strong> qy correspon<strong>de</strong> ao acoplamento<br />

entre estas duas linhas.<br />

Já o acoplamento na direção qx <strong>de</strong>nota o acoplamento ao longo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

camada (repulsiva ou livre). Para melhor visualizá-lo <strong>de</strong>screvemos um caminho no espaço


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 47<br />

Figura 5.2: Configuração da re<strong>de</strong> para acoplamentos através das camadas e ao longo das camadas.<br />

recíproco com as <strong>de</strong>finições acima. O caminho escolhido foi aquele que sai da origem no<br />

espaço recíproco (0, 0) em seguida aumentando qx com qy = 0 até chegar a (π, 0). Após<br />

isso, variamos qy com qx = π até o ponto (π, π). E finalizando voltando para a origem<br />

com qx = qy.<br />

Em todas as re<strong>de</strong>s observamos que existe uma competição entre os acoplamentos fer-<br />

romagnético (F) e antiferromagnético (AF) entre as camadas equivalentes como mostram<br />

os gráficos enquanto que ao longo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada camada o acoplamento predomi-<br />

nante é sempre antiferromagnético (parcialmente mostrado na Figura 5.3).<br />

Com relação ao acoplamento entre camadas (Figura 5.3), temos que no caso LU =<br />

1 L0 = 1 existe uma transição entre os estados AF e F ao diminuírmos a temperatura,<br />

como discutido anteriormente para as correlações reais. No caso, LU = 2 L0 = 2 ex-<br />

iste uma superposição <strong>de</strong> estados que acoplam as camadas antiferromagneticamente e<br />

ferromagneticamente com uma leve predominância para o primeiro estado para todo o<br />

intervalo <strong>de</strong> temperaturas estudado, sendo que este or<strong>de</strong>namento varia muito pouco com<br />

a mesma. Nos casos das re<strong>de</strong>s LU = 1 L0 = 2 e LU = 2 L0 = 1 ocorre também um<br />

acoplamento AF que ainda é reforçado com a diminuição <strong>de</strong> temperatura. Já nos casos<br />

LU = 1 L0 = 3 e LU = 3 L0 = 1 existe uma competição entre os dois or<strong>de</strong>namentos com<br />

leve tendência ao ferromagnetismo. Enquanto que na primeira re<strong>de</strong> existe uma transição


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 48<br />

Figura 5.3: Fator <strong>de</strong> Estrutura <strong>bidimensional</strong> para diferentes superre<strong>de</strong>s na banda semi-cheia.<br />

para um estado F muito pouco pronunciada ao diminuírmos a temperatura, na segunda,<br />

vemos que ocorre uma superposição dos estados que se mantém com a temperatura.<br />

Para a Hamiltoniana simétrica, na banda semi-cheia, a ocupação nos sítios repulsivos é<br />

igual a dos sítios livres. Portanto, estes or<strong>de</strong>namentos predominantes estão <strong>de</strong> acordo com<br />

o quadro <strong>de</strong> antiferromagnetismo global da re<strong>de</strong> semelhante ao caso da re<strong>de</strong> homogênea,<br />

com exceção do caso LU = 2 L0 = 2 on<strong>de</strong> parece haver uma forte competição entre os<br />

or<strong>de</strong>namentos, com leve tendência ao ferromagnetismo, levando à quebra <strong>de</strong>ssa simetria


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 49<br />

geral. Isto nos leva a crer que a construção <strong>de</strong> camadas po<strong>de</strong> alterar o estado usual da re<strong>de</strong><br />

homogênea.<br />

Excetuando-se este caso particular, o acoplamento entre as linhas equivalentes <strong>de</strong> ca-<br />

madas diferentes será F ou AF conforme a largura das células que compõem a superre<strong>de</strong>.<br />

Uma análise <strong>de</strong>talhadas dos efeitros <strong>de</strong> tamanhos finitos é complicada já que é difícil<br />

obter vários tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> para uma dada superre<strong>de</strong>. Isto ocorre porque as superre-<br />

<strong>de</strong>s não “encaixam” em tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> que não sejam múltiplos da largura <strong>de</strong> uma<br />

célula. Todavia os resultados apresentados foram feitos para as maiores re<strong>de</strong>s em que as<br />

superre<strong>de</strong>s cabiam, dados os limites computacionais, o que minimiza os efeitos <strong>de</strong> escalas<br />

pequenas.<br />

Proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Transporte<br />

De forma a <strong>de</strong>scobrir os efeitos quantitativos da presença <strong>de</strong> camadas, examinamos<br />

o transporte neste sistema. Para isso, <strong>de</strong>vemos achar uma maneira <strong>de</strong> encontrar a <strong>de</strong>-<br />

pendência com a temperatura da condutivida<strong>de</strong> e da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados para que se-<br />

jamos capazes <strong>de</strong> distingüir um estado metálico <strong>de</strong> um isolante. Primeiramente, olhemos<br />

para a condutivida<strong>de</strong>.<br />

A componente x da parte paramagnética do operador <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente na posição<br />

i é <strong>de</strong>finida como:<br />

jx(i) = it <br />

σ<br />

<br />

c †<br />

i+ˆx,σci,σ − c †<br />

i,σci+ˆx,σ <br />

, (5.3)<br />

que para um “tempo imaginário” τ generaliza-se por jx(i, τ) = e Hτ jx(i)e −Hτ . A par-<br />

tir disso, po<strong>de</strong>mos escrever a função <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>-<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente no<br />

espaço <strong>de</strong> momentos como:<br />

Λxx(q; iωn) = <br />

β<br />

i<br />

0<br />

dτ〈jx(i, τ)jx(0, 0)〉e iq·i e −iωnτ , (5.4)<br />

on<strong>de</strong> ωn = 2nπ/β é a freqüência <strong>de</strong> Matsubara [38] e 〈. . .〉 <strong>de</strong>nota a média térmica a uma<br />

temperatura T = β −1 .


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 50<br />

Pelo teorema <strong>de</strong> flutuação-dissipação obtemos que,<br />

∞<br />

dω<br />

Λxx(q; τ) =<br />

π<br />

para 0 ≤ τ ≤ β.<br />

−∞<br />

e −ωτ<br />

1 − e −βω ImΛxx(q; ω), (5.5)<br />

Uma complicação das simulações <strong>de</strong> Monte Carlo é que as funções <strong>de</strong> correlação são<br />

obtidas como função do tempo imaginário τ como, por exemplo, Λxx(q; τ). Para obter-<br />

mos as gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da freqüência (Λxx(q; ω)) seria preciso usar uma inversão<br />

numérica da transformada <strong>de</strong> Laplace. Ao invés disso, nós usamos uma técnica aproxi-<br />

mativa válida quando a temperatura é menor que uma escala <strong>de</strong> energia apropriada do<br />

problema (T ≪ Ω), on<strong>de</strong> Ω é a escala na qual ImΛ <strong>de</strong>svia-se do seu comportamento a<br />

baixas freqüências. Nesta escala, po<strong>de</strong>mos usar o formalismo geral <strong>de</strong> teoria da resposta<br />

linear on<strong>de</strong> a condutivida<strong>de</strong> dc é dada por:<br />

σ x dc = lim(ω → 0) ImΛxx(q = 0; ω)<br />

ω<br />

(5.6)<br />

Com isso, se inserirmos τ = β/2 na integral da Eq.5.5, a função multiplicando ImΛxx(q; ω)<br />

para baixa T efetivamente restringe a integral a baixos ω´s, assim po<strong>de</strong>mos aproximar<br />

ImΛxx(q = 0; ω) por σx dcω (Eq. 5.6). A integral <strong>de</strong> freqüência po<strong>de</strong> então ser resolvida<br />

analiticamente levando ao resultado:<br />

Λxx(q = 0; τ = β/2) = π<br />

β 2 σx dc, (5.7)<br />

Isto se justifica haja vista que a função <strong>de</strong> correlação corrente-corrente é aproximada-<br />

mente constante em torno <strong>de</strong>ste valor <strong>de</strong> tempo imaginário (Figura 5.4).<br />

Portanto, a condutivida<strong>de</strong> DC ao longo das camadas como função da temperatura será:<br />

σ x dc = β2<br />

π Λxx(q = 0; τ = β/2). (5.8)<br />

De maneira análoga po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir a condutivida<strong>de</strong> DC através das camadas como<br />

σ y<br />

dc = β2<br />

π Λyy(q = 0; τ = β/2). (5.9)


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 51<br />

Figura 5.4: Função <strong>de</strong> correlação corrente-corrente na direção x como função do tempo ima-<br />

ginário τ para o inverso da temperatura β = 10 com discretização ∆τ = 0.125 para uma re<strong>de</strong><br />

homogênea <strong>de</strong> tamanho linear L = 12.<br />

Com este resultado calculamos a condutivida<strong>de</strong> dc no caso da Hamiltoniana simétrica<br />

na banda semi-cheia (µ = 0) para diferentes configurações LU, L0 das superre<strong>de</strong>s. Como<br />

estamos em um sistema <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s com e = = 1, os resultados apresentados po<strong>de</strong>m<br />

ser colocados em termos do quantum <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> (σQ = 4e2 ) se os dividirmos por<br />

h<br />

2<br />

π .<br />

Antes <strong>de</strong> mostramos os resultados para as superre<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>mos ganhar alguma percepção<br />

sobre a física do sistema ao analisarmos o comportamento da condutivida<strong>de</strong> em função da<br />

temperatura para as re<strong>de</strong>s homogêneas com e sem interação eletrônica (Figura 5.5). O que<br />

po<strong>de</strong>mos observar diretamente é que existem dois regimes para a condutivida<strong>de</strong>. São eles:<br />

a condutivida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a zero quando a temperatura ten<strong>de</strong> a zero para a re<strong>de</strong> homogênea<br />

com interação eletrônica, <strong>de</strong>notando um sistema isolante; a condutivida<strong>de</strong> diverge quando<br />

a temperatura ten<strong>de</strong> a zero para a re<strong>de</strong> sem interação eletrônica, <strong>de</strong>notando um sistema<br />

metálico.


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 52<br />

Figura 5.5: Condutivida<strong>de</strong> dc como função da temperatura para re<strong>de</strong>s Homogêneas <strong>de</strong> tamanho<br />

12x12 com U = 4 t e U = 0. Note que a condutivida<strong>de</strong> neste caso in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da direção.<br />

Para o caso das superre<strong>de</strong>s façamos primeiro uma análise <strong>de</strong> tamanhos finitos. Na<br />

Figura 5.6 mostramos a condutivida<strong>de</strong> como função da temperatura para a re<strong>de</strong> com LU =<br />

1 e L0 = 1, U = 4 t na banda semi-cheia. Po<strong>de</strong>mos ver que até a escala <strong>de</strong> temperaturas<br />

estudada a condutivida<strong>de</strong> aumenta com a diminuição da temperatura, similar ao caso da<br />

re<strong>de</strong> homogênea com U = 0, indicando um comportamento aparentemente metálico.<br />

Além disso, esta gran<strong>de</strong>za sofre poucos efeitos <strong>de</strong> tamanho já que o seu comportamento<br />

físico não varia significativamente para diferentes tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>.<br />

Outro ponto interessante a se notar é que a condutivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> possuir diferentes va-<br />

lores para as duas direções preferenciais das superre<strong>de</strong>s, i.e., na direção ao longo das ca-<br />

madas e na direção <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong>, já que a corrente e conseqüentemente a função <strong>de</strong><br />

correlação corrente-corrente po<strong>de</strong> possuir diferentes magnitu<strong>de</strong>s para estas duas direções.<br />

Este efeito no entanto é surpeen<strong>de</strong>ntemente pequeno para algumas superre<strong>de</strong>s (Figura<br />

5.7). No entanto, para LU = 1 e L0 = 1 existe uma diferença no comportamento qua-<br />

litativo entre as duas direções para temperaturas muito baixas. Isto possui importantes<br />

conseqüências como veremos a seguir.


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 53<br />

Figura 5.6: Condutivida<strong>de</strong> dc como função da temperatura para vários tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> na<br />

configuração LU = 1 e L0 = 1 com U = 4t mostrando que esta gran<strong>de</strong>za varia pouco com o<br />

tamanho do sistema.<br />

Antes <strong>de</strong> explicarmos o que ocorre com a condutivida<strong>de</strong> para as diferentes superre<strong>de</strong>s,<br />

observamos que os efeitos das interações <strong>de</strong> muitos corpos nas camadas são primordiais<br />

para o entendimento das proprieda<strong>de</strong>s físicas. Na Figura 5.8 mostramos a condutivida<strong>de</strong><br />

ao longo das camadas para uma superre<strong>de</strong> com LU = 2 e L0 = 1 e U = 4 e para as<br />

re<strong>de</strong>s homogêneas com U = 0 e U = 4 t, como função da temperatura. A curva com<br />

os triângulos invertidos foi obtida fazendo-se a média das re<strong>de</strong>s homogêneas com e sem<br />

interação <strong>de</strong> forma a respeitar a proporcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sítios livres e repulsivos presentes<br />

na superre<strong>de</strong>. Para temperaturas altas o acordo entre a curva da superre<strong>de</strong> e a proveniente<br />

da média é bom indicando que a simples proporção entre sítios livres e repulsivos é capaz<br />

<strong>de</strong> explicar a condutivida<strong>de</strong>. Já para temperaturas baixas, o comportamento qualitativo é<br />

totalmente contrário mostrando que o efeito da presença <strong>de</strong> camadas é primordial para o<br />

entendimento da condutivida<strong>de</strong> nestas re<strong>de</strong>s.<br />

Como os resultados são fracamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> tamanho finito, es-<br />

quematizamos na Figura 5.9 o comportamento da condutivida<strong>de</strong> através das camadas para


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 54<br />

Figura 5.7: Condutivida<strong>de</strong> dc como função da temperatura para diferentes superre<strong>de</strong>s com<br />

tamanho linear L = 12 mostrando que esta gran<strong>de</strong>za varia pouco com a direção preferencial<br />

da corrente para a maioria das superre<strong>de</strong>s. Nota-se que a condutivida<strong>de</strong> através das camadas é<br />

sempre menor em comparação à condutivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro das camadas.<br />

diferentes configurações das superre<strong>de</strong>s para dois tamanhos L = 10 e L = 12 respeitando<br />

as configurações que “cabem” em cada tamanho, i.e., L/(LU + L0) sendo um número<br />

inteiro.<br />

De uma forma geral, observamos que as superre<strong>de</strong>s com baixo número <strong>de</strong> camadas re-<br />

pulsivas ten<strong>de</strong>m a ser metálicas e as que possuem um maior número <strong>de</strong> camadas repulsivas<br />

ten<strong>de</strong>m a ser isolantes, acompanhando os comportamentos dos sistemas homogêneos sem<br />

e com interação eletrônica, respectivamente. Este comportamento também se mantém<br />

para valores <strong>de</strong> interação eletrônica U maiores como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 5.10.<br />

No entanto, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>terminar em que configuração crítica ocorre a mudança <strong>de</strong><br />

comportamentos. Isso po<strong>de</strong> ser feito fazendo um gráfico da condutivida<strong>de</strong> como função da<br />

razão das camadas repulsivas e livres LU/L0 para diferentes temperaturas (Figura 5.11).<br />

O que po<strong>de</strong>mos observar é que abaixo <strong>de</strong> um valor (LU/L0)c a condutivida<strong>de</strong> au-


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 55<br />

Figura 5.8: Comparação da condutivida<strong>de</strong> dc para a re<strong>de</strong> com LU = 2 L0 = 1 com o caso<br />

homogêneo fazendo a média dos casos homogêneo com U = 0 e U = 4 t respeitando a propor-<br />

cionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sítios livres e repulsivos.<br />

Figura 5.9: Condutivida<strong>de</strong> dc através das camadas como função da temperatura para várias su-<br />

perre<strong>de</strong>s com tamanhos lineares 10 e 12.


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 56<br />

Figura 5.10: Condutivida<strong>de</strong> dc ao longo das camadas como função da temperatura para várias<br />

superre<strong>de</strong>s com interação eletrônica U = 8 t.<br />

Figura 5.11: Condutivida<strong>de</strong> dc como função da razão <strong>de</strong> camadas repulsivas e livres para dife-<br />

rentes temperaturas nas duas direções preferenciais da re<strong>de</strong>.


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 57<br />

menta conforme a temperatura diminui e acima <strong>de</strong>sse valor a mesma ten<strong>de</strong> a zero quando<br />

diminuímos a temperatura. Ou seja, o cruzamento <strong>de</strong>stas curvas <strong>de</strong>limita a configuração<br />

<strong>de</strong> camadas livres e repulsivas separando os comportamentos metálico e isolante. Isso<br />

ocorre tanto para a condutivida<strong>de</strong> na direção ao longo das camadas como para a condu-<br />

tivida<strong>de</strong> na direção perpendicular às mesmas. No caso da condutivida<strong>de</strong> ao longo das<br />

camadas existe um valor bem <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> (LU/L0)c 2 que separa os dois comporta-<br />

mentos enquanto que no caso através das camadas existe uma forte <strong>de</strong>pendência com a<br />

temperatura e com a configuração da superre<strong>de</strong> fazendo com que exista não um ponto e<br />

sim uma região <strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong>finindo 0.75 (LU/L0)c 1.75. De fato, neste último<br />

caso o ponto referente à re<strong>de</strong> LU = 1 e L0 = 1 e β = 16 não se enquadra muito bem neste<br />

arranjo já que provoca um cruzamento a um valor <strong>de</strong> (LU/L0) diferente das <strong>de</strong>mais tem-<br />

peraturas e por conseqüência <strong>de</strong>fine esta região. Isto ocorre pois como vimos na Figura<br />

5.9, esta re<strong>de</strong> converge para um estado isolante nesta direção.<br />

Mas o que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar é que os valores <strong>de</strong> (LU/L0)c referentes à transição<br />

metal-isolante são diferentes para as duas direções mostrando que o efeito das camadas é<br />

diferente ao longo e através das mesmas.<br />

Com relação ao parâmetro LU/L0, acreditamos ser um bom parâmetro para difer-<br />

enciar as re<strong>de</strong>s no caso das que construímos com LU = 1 ou L0 = 1. No entanto, não<br />

esperamos que este seja o melhor parâmetro para re<strong>de</strong>s maiores tamanhos <strong>de</strong> camadas, por<br />

exemplo, LU = 5 e L0 = 5 on<strong>de</strong> as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte po<strong>de</strong>m e provavelmente<br />

<strong>de</strong>vem variar consi<strong>de</strong>ravelmente em comparação ao caso LU = 1 e L0 = 1.<br />

1<br />

N<br />

Agora veremos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados <strong>de</strong> uma partícula N(ω). Ela é dada por N(ω) =<br />

<br />

k A(k, ω), on<strong>de</strong> A é a função espectral que está relacionada com a Função <strong>de</strong> Green<br />

para o tempo imaginário G(k, τ) = −〈ckσ(τ)c †<br />

kσ<br />

∞<br />

G(k, τ) = −<br />

−∞<br />

(0)〉 por,<br />

dω e−ωτ<br />

A(k, ω). (5.10)<br />

1 + e−βω De forma a obtermos A e posteriormente a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados, analogamente ao pro-<br />

cesso anterior, <strong>de</strong>vemos fazer uma aproximação para baixas freqüências. Fazendo a


5.1 Superre<strong>de</strong>s magnéticas 58<br />

transformada <strong>de</strong> Fourier da equação anterior e olhando para a função <strong>de</strong> Green local em<br />

τ = β/2, obtemos,<br />

G(r, τ = β/2) = − π<br />

N(0), (5.11)<br />

β<br />

i.e., a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados <strong>de</strong> uma partícula para ω = 0, i.e. no nível <strong>de</strong> Fermi, como<br />

função da temperatura será<br />

N(0) = − β<br />

G(r, τ = β/2). (5.12)<br />

π<br />

Com isto pu<strong>de</strong>mos calcular a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados na banda semi-cheia como função<br />

da temperatura para as diferentes re<strong>de</strong>s estudadas (Figura 5.12).<br />

Figura 5.12: Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados no Nível <strong>de</strong> Fermi como função da temperatura para diferentes<br />

superre<strong>de</strong>s na banda semi-cheia.<br />

O que se po<strong>de</strong> notar é que esta gran<strong>de</strong>za possui o mesmo comportamento geral da<br />

condutivida<strong>de</strong> para as diversas superre<strong>de</strong>s. Ou seja, em algumas <strong>de</strong>las esta quantida<strong>de</strong><br />

aumenta quando a temperatura vai a zero (estado fundamental metálico) e em outras esta<br />

gran<strong>de</strong>za vai a zero com a diminuição da temperatura (estado fundamental isolante). No<br />

entanto, não po<strong>de</strong>mos predizer isto com exatidão já que não possuímos os comportamen-<br />

tos à temperatura igual a zero para esta gran<strong>de</strong>za, e caso esta convergência resulte em um


5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido 59<br />

valor pequeno mas diferente <strong>de</strong> zero para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados no nível <strong>de</strong> Fermi a re<strong>de</strong><br />

será metálica. Isto posto, po<strong>de</strong>mos ressaltar que as barras <strong>de</strong> erro nos valores da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> estados entre várias realizações são muito menores em comparação à condutivida<strong>de</strong>,<br />

sendo esta gran<strong>de</strong>za melhor comportada.<br />

5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido<br />

Faremos agora uma comparação direta das duas abordagens da hamiltoniana estudada, a<br />

saber: o caso da hamiltoniana simétrica e o caso da hamiltoniana com os níveis <strong>de</strong> ener-<br />

gia dos sítios repulsivos corrigidos. Comparamos gran<strong>de</strong>zas magnéticas e <strong>de</strong> transporte<br />

para uma superre<strong>de</strong> com configuração LU = 1 e L0 = 1 para alguns tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>.<br />

Analisaremos primeiramente a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> como função do potencial químico aplicado.<br />

Po<strong>de</strong>mos ver na Figura 5.13 que para o caso simétrico a condição <strong>de</strong> banda semi-<br />

cheia é dada para o potencial químico nulo, como anteriormente argumentamos. Além<br />

disso, as “ondulações” presentes nesta gran<strong>de</strong>za estão relacionadas aos efeitos da finitu<strong>de</strong><br />

do sistema já que ocorrem a diferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s eletrônicas e aparentemente não estão<br />

associadas a estados incompressíveis, i.e., com dn<br />

dµ<br />

= 0. Para o caso corrigido ocorre a<br />

dificulda<strong>de</strong> da <strong>de</strong>terminação da banda semi-cheia já que não existe a priori um valor do<br />

potencial químico que resulte nela.<br />

Outro ponto importante é que os hamiltonianos <strong>de</strong>screvem <strong>de</strong> forma diferente as<br />

ocupações nos sítios livres e repulsivos, iso está esquematizado na Figura 5.14. En-<br />

quanto que no caso simétrico na banda semi-cheia estas ocupações são iguais, no caso<br />

corrigido há uma maior ocupação nos sítios livres. Conforme aumentamos o potencial<br />

químico, preferencialmente este tipo <strong>de</strong> sítio será mais ocupado, resultando na “abertura”<br />

das curvas.<br />

Cabe agora <strong>de</strong>finir para que <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> o sistema é isolante. Vimos no Capítulo 2 que<br />

uma gran<strong>de</strong>za esclarecedora a este respeito é o momento local 〈S 2 i 〉. De fato o momento<br />

local nos sítios repulsivos apresenta um máximo na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante indicando que o


5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido 60<br />

Figura 5.13: Densida<strong>de</strong> eletrônica como função do potencial químico para a re<strong>de</strong> LU = 1 e<br />

L0 = 1 com U = 4 t e β = 16; No caso simértrico com três tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> (L = 8, 10 e 12) e<br />

no caso corrigido com L = 12<br />

Figura 5.14: Densida<strong>de</strong> eletrônica como função do potencial químico nos sítios repulsivos (pon-<br />

tos cheios) e livres (pontos vazios) para a re<strong>de</strong> LU = 1 e L0 = 1 com U = 4 t e β = 16 com<br />

tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> 12x12 para os casos simétrico e corrigido.<br />

sistema encontra-se no estado com 2 spins nos sítios livres e com 1 spin nos repulsivos em<br />

média para o caso das superre<strong>de</strong>s. Na Figura 5.15 apresentamos o valor <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong>za


5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido 61<br />

como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica para as duas hamiltonianas no sistema <strong>de</strong> superre<strong>de</strong>s<br />

bem como no caso da re<strong>de</strong> homogênea a título <strong>de</strong> comparação, para interação eletrônica<br />

U = 4 t e tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> 8x8.<br />

Figura 5.15: Momento local em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica nos sítios repulsivos (pontos<br />

cheios) e livres (pontos vazios) para a superre<strong>de</strong> com LU = 1 e L0 = 1 e a re<strong>de</strong> homogênea com<br />

U = 4 t e β = 8 com tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> 8x8 para os casos simétrico e corrigido.<br />

Po<strong>de</strong>mos observar que na superre<strong>de</strong> com hamiltoniano simétrico não há indicativo<br />

<strong>de</strong> pico não-diferenciável no momento local nos sítios repulsivos enquanto que este é<br />

presente na re<strong>de</strong> homogênea e na superre<strong>de</strong> com hamiltoniano corrigido. Para a re<strong>de</strong><br />

homogênea o pico ocorre na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante já conhecida pelo diagrama <strong>de</strong> fases ap-<br />

resentado no Capítulo 2, i.e, n = 1. Já para o caso da superre<strong>de</strong> tratada na abordagem<br />

da hamiltoniana corrigida ele ocorre a n = 1, 5 correspon<strong>de</strong>ndo à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante<br />

nI = 2L0+LU<br />

LU +L0<br />

apresentada no Capítulo 3 para as superre<strong>de</strong>s unidimensionais. Nos sítios<br />

livres o momento local cai quanto maior for a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a uma maior ocupação<br />

e, conseqüentemente formação <strong>de</strong> dupla ocupação, <strong>de</strong>stes em <strong>de</strong>trimento aos sítios repul-<br />

sivos.


5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido 62<br />

Outro bom indicativo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante é a energia cinética dos elétrons na re<strong>de</strong>. A<br />

Figura 5.16 mostra esta gran<strong>de</strong>za como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> para os três sistemas tratados<br />

(Re<strong>de</strong> homogênea, Superre<strong>de</strong> com hamiltoniano simétrico e Superre<strong>de</strong> com hamiltoniano<br />

corrigido) bem como a sua <strong>de</strong>rivada com relação à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />

Figura 5.16: Energia cinética e sua <strong>de</strong>rivada em função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica nos sítios repul-<br />

sivos (pontos cheios) e livres (pontos vazios) para a superre<strong>de</strong> com LU = 1 e L0 = 1 e a re<strong>de</strong><br />

homogênea com U = 4 t e β = 8 com tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> 8x8 para os casos simétrico e corrigido.<br />

Po<strong>de</strong>mos ver que a energia cinética diminui com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a um maior espal-<br />

hamento pelos outros elétrons da re<strong>de</strong> e a sua <strong>de</strong>rivada com relação à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é bastante<br />

esclarecedora para confirmarmos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante do caso homogêneo e do caso da<br />

superre<strong>de</strong> com hamiltoniano corrigido. No caso da superre<strong>de</strong> com hamiltoniano simétrico<br />

não há indicativos <strong>de</strong> que haja uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante.<br />

Com relação ao or<strong>de</strong>namento magnético na re<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos calcular o fator <strong>de</strong> estrutura<br />

para os dois hamiltonianos (Figura 5.17).<br />

No caso simétrico po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar que o acoplamento que ocorre antiferromagneti-<br />

camente ao longo das camadas e ferromagneticamante entre as camadas equivalentes para<br />

a banda semi-cheia (pico em (π, 0)), muda conforme aumentamos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica.<br />

Assim para <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s maiores o or<strong>de</strong>namento relevante é antiferromagnético tanto na<br />

direção das camadas como entre as camadas (pico em (π, π)). Já no caso corrigido obser-


5.2 Comparação do caso simétrico com o caso corrigido 63<br />

Figura 5.17: Fator <strong>de</strong> estrutura como função da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e do vetor momento para a superre<strong>de</strong><br />

com LU = 1 e L0 = 1 e β = 16 com tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> 12x12 para os casos simétrico e corrigido.<br />

vamos que o acoplamento relevante é antiferromagnético nas duas direções para todas as<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. Particularmente para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante (n = 1, 5) ele apresenta um pico<br />

pronunciado, mostrando que o esquema geral <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento neste caso é que os mo-<br />

mentos localizados nas camadas repulsivas acoplam-se antiferromagneticamente tanto ao<br />

longo <strong>de</strong>las como com os momentos localizados nas camadas repulsivas subseqüentes.<br />

Por último, a condutivida<strong>de</strong> dc calculada pela mesma maneira anteriormente <strong>de</strong>scrita,<br />

no caso da banda semi-cheia, mostra que não há diferenças significativas para as duas<br />

direções preferenciais na superre<strong>de</strong> para o caso corrigido, ao menos até a escala <strong>de</strong> tem-<br />

peraturas estudada. Além disso, a condutivida<strong>de</strong> ao longo das camadas para as duas<br />

abordagens da Hamiltoniana indica que há um aumento da mesma para baixas tempe-<br />

raturas no caso simétrico em comparação ao caso corrigido. Isto po<strong>de</strong> ser entendido se<br />

lembrarmos que para o caso corrigido, na banda semi-cheia, a ocupação dos sítios livres<br />

e repulsivos é diferente, com isso a condutivida<strong>de</strong> ao longo das camadas fica prejudicada<br />

para o caso corrigido pois há uma maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dupla ocupação nas camadas<br />

livres, diminuindo assim a propagação eletrônica <strong>de</strong>vido aos espalhamentos nestas duplas<br />

ocupações.


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 64<br />

Figura 5.18: Condutivida<strong>de</strong> dc como função da temperatura para a superre<strong>de</strong> com LU = 1 e<br />

L0 = 1 e β = 8 com tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong> 8x8 nos casos simétrico e corrigido. Em (a) condutivida<strong>de</strong><br />

nas duas direções para o caso do hamiltoniano corrigido; Em (b) comparação da condutivida<strong>de</strong> na<br />

direção ao longo das camadas para os casos simétrico e corrigido.<br />

5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong><br />

Como vimos na Introdução, o estudo da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m em sistemas <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s hexagonais<br />

(on<strong>de</strong> o exemplo mais famoso é o grafeno) é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong><br />

algumas proprieda<strong>de</strong>s relacionadas ao or<strong>de</strong>namento magnético <strong>de</strong>stas re<strong>de</strong>s.<br />

Assim o objetivo <strong>de</strong>ste estudo se concentra em mensurar os efeitos da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m<br />

do tipo onsite nas correlações magnéticas em re<strong>de</strong>s hexagonais bidimensionais. Cabe<br />

ressaltar que os resultados obtidos foram calculados para a interação eletrônica U = 6 t<br />

e com um número <strong>de</strong> passos <strong>de</strong> MCQ igual a 10000 e com um número <strong>de</strong> realizações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m em torno <strong>de</strong> 10 a 15. Portanto, os resultados são para a re<strong>de</strong> com correlações<br />

antiferromagnéticas, já que U é maior que Uc responsável pela transição paramagnética-<br />

antiferromagnética. Antes disso, vejamos o comportamento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> como função<br />

do potencial químico para a re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> sem <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

De acordo com o critério <strong>de</strong> incompressibilida<strong>de</strong> eletrônica introduzido no Capítulo 2


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 65<br />

vemos, <strong>de</strong> acordo com Figura 5.19, que para a banda semi-cheia (n = 1 e µ = 0) e com<br />

o valor da interação eletrônica maior que Uc o sistema é isolante.<br />

Figura 5.19: Densida<strong>de</strong> eletrônica como função do potencial químico aplicado para a re<strong>de</strong> hexa-<br />

gonal sem <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

Além disso, outro ponto interessante a se observar é que o efeito da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m não<br />

muda o caráter invariante da Hamiltoniana perante a transformação partícula-buraco (Capítulo<br />

3). Com isso, o valor <strong>de</strong> µ = 0 está relacionado à banda semi-cheia para todos os valores<br />

<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 5.20.<br />

5.3.1 Correlações magnéticas<br />

Como mostrado no diagrama <strong>de</strong> fases para a re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong>, as correlações magnéticas<br />

importantes neste preenchimento eletrônico para este valor <strong>de</strong> U são aquelas relacionadas<br />

ao antiferromagnetismo. Para <strong>de</strong>screvê-las façamos o uso <strong>de</strong> sua Transformada <strong>de</strong> Fourier,<br />

o fator <strong>de</strong> estrutura. A Figura 5.21 mostra o comportamento <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong>za como função<br />

do inverso da temperatura β. Observa-se que existe uma temperatura baixa o suficiente<br />

em que SAF ten<strong>de</strong> assintoticamente a um valor constante mostrando que o comprimento<br />

das correlações atingiu um valor maior que o da re<strong>de</strong>. Este valor constante é estimado


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 66<br />

Figura 5.20: Densida<strong>de</strong> média oriunda <strong>de</strong> várias simulações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m para µ = 0 como<br />

função da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ∆.<br />

como o valor do fator <strong>de</strong> estrutura à temperatura igual a zero para este tamanho <strong>de</strong> re<strong>de</strong>.<br />

Isto está esquematizado na Figura 5.21 para diferentes valores da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

De forma a retirar da análise os efeitos <strong>de</strong> tamanho finito po<strong>de</strong>mos extrapolar o valor do<br />

fator <strong>de</strong> estrutura à T = 0 na forma como foi escrito no Capítulo 2 para as diferentes<br />

amplitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

Como esta expressão vale para L → ∞ e L = 6 ainda não atingiu a mesma tendência<br />

das re<strong>de</strong>s maiores, on<strong>de</strong> os efeito da finitu<strong>de</strong> do sistema são menores, os valores para o fa-<br />

tor <strong>de</strong> estrutura correpon<strong>de</strong>ntes a este foram <strong>de</strong>scartados. Portanto, a partir das interseções<br />

com o eixo vertical, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir os valores correspon<strong>de</strong>ntes a re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tamanho<br />

infinito (L → ∞) e nesta condição estimar o valor da magnetização da subre<strong>de</strong> bipartite<br />

que forma a re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> por meio <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> acordo com a equação S(q)<br />

N<br />

= M 2<br />

3<br />

M = 3SAF /N. (5.13)<br />

+ a<br />

L<br />

mostrada no Capítulo 2. Assim, o efeito da<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m na magnetização está <strong>de</strong>scrito na Figura 5.23, on<strong>de</strong> observamos que a presença<br />

<strong>de</strong> um pouco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ten<strong>de</strong> a favorecer a magnetização enquanto que um valor <strong>de</strong>


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 67<br />

Figura 5.21: Fator <strong>de</strong> estrutura antiferromagnético como função do inverso da temperatura β para<br />

diferentes tamanhos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> L representa o tamanho linear da re<strong>de</strong>.<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ∆ maior ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>struí-la. De fato, para uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sse tipo, esperamos<br />

que enquanto a interação repulsiva ten<strong>de</strong>ria a localizar os elétrons, i.e., aumentando os<br />

momentos magnéticos, um vasto espectro <strong>de</strong> potenciais aleatórios (alta <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m) teria o<br />

efeito oposto, já que os elétrons ten<strong>de</strong>riam a ocupar duplamente os sítios com potencial<br />

mais baixo. Intuitivamente esperamos que uma amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ∆ da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

U seja capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a magnetização. No entanto, para baixos valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m<br />

o esquema é um pouco diferente. O aumento da magnetização nesta situação po<strong>de</strong> ser


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 68<br />

Figura 5.22: Extrapolação para tamanhos infinitos <strong>de</strong> acordo com a teoria <strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> spin [26].<br />

Dados para U = 6t. As linhas são ajustes lineares dos pontos.<br />

Figura 5.23: Magnetização na subre<strong>de</strong> como função da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> hexago-<br />

nal. Dados para U = 6t. Para o caso sem <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m o ponto vermelho representa o valor calculado<br />

por Paiva et al.[24] com uma estatística diferente.<br />

entendido <strong>de</strong>ntro da abordagem <strong>de</strong> RVB (do inglês Resonant Valence Bond [48]). No<br />

caso sem <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m o spin <strong>de</strong> cada sítio formará singletos alternadamente com cada um


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 69<br />

dos spins dos seus 3 primeiros vizinhos, fazendo a magnetização tomar um valor finito.<br />

Ao introduzirmos um pouco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, um <strong>de</strong>sses primeiros vizinhos po<strong>de</strong> ficar ener-<br />

geticamente <strong>de</strong>sfavorável e conseqüentemente o elétron que o ocupava <strong>de</strong>ve se distribuir<br />

pela re<strong>de</strong>, aumentando assim dupla ocupação. Com isso, a formação <strong>de</strong> singletos estará<br />

restrita apenas a dois primeiros vizinhos. Com esta restrição na formação dos singletos, a<br />

localização ten<strong>de</strong> a ser maior gerando um aumento na magnetização para baixos valores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Com maiores valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m maior será a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pos-<br />

suirmos dois vizinhos energeticamente <strong>de</strong>sfavoráveis e isso aumentará a dupla ocupação,<br />

conseqüentemente <strong>de</strong>struindo a magnetização.<br />

Po<strong>de</strong>mos notar também que o momento local (Figura 5.24) diminui com o aumento<br />

da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m já que ocorre um aumento na dupla ocupação. Além disso, maior será a sua<br />

dispersão <strong>de</strong>vido à ressonância <strong>de</strong>sta dupla ocupação. Outra gran<strong>de</strong>za que sustenta nossa<br />

Figura 5.24: Em (a): momento local médio <strong>de</strong> todos os sítios como função da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Em (b):<br />

momento local como função da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m em um caminho zigzag ao longo da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamanho<br />

L = 12<br />

argumentação é a correlação <strong>de</strong> primeiros vizinhos que me<strong>de</strong> a formação <strong>de</strong> singletos.<br />

Como po<strong>de</strong>mos notar na Figura 5.25, para pequenos valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m esta correlação<br />

diminui em módulo restringindo a sua formação.


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 70<br />

Figura 5.25: Função <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> primeiros vizinhos como função da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m para uma<br />

re<strong>de</strong> com 15X15 com U = 6 e β = 15<br />

Ao aumentarmos o valor da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir qual o valor<br />

crítico para <strong>de</strong>struição da magnetização encontramos uma limitação proveniente do sinal<br />

no método <strong>de</strong> MCQ. Apesar <strong>de</strong> estarmos na banda semi-cheia, a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m age <strong>de</strong> forma<br />

a fazer com que hajam variações locais no potencial químico o que faz o valor do sinal<br />

médio diminuir com a amplitu<strong>de</strong> da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m. Este efeito está ilustrado na Figura 5.26.<br />

Para manter o valor <strong>de</strong> 〈Sinal〉 0, 6 vemos que ∆ = 3 é o valor máximo que po<strong>de</strong>-<br />

mos chegar para a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> forma que os resultados sejam confiáveis pelo método <strong>de</strong><br />

MCQ. Com isso não po<strong>de</strong>mos predizer com exatidão este valor crítico já que o mesmo,<br />

<strong>de</strong> acordo com a nossa análise, po<strong>de</strong> estar entre 2,5 e 4.<br />

Na re<strong>de</strong> quadrada um mo<strong>de</strong>lo como esse já foi estudado [49], mas <strong>de</strong>vido a problemas<br />

do sinal no método <strong>de</strong> MCQ, os resultados foram inconclusivos para a magnetização.


5.3 Desor<strong>de</strong>m na re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> 71<br />

Figura 5.26: Sinal médio <strong>de</strong> 10 realizações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m para uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamanho linear L=12<br />

e inverso da temperatura β = 15 como função da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.


Capítulo 6<br />

Conclusões<br />

Neste trabalho investigamos o papel das fortes correlações em duas re<strong>de</strong>s bidimen-<br />

sionais. A primeira <strong>de</strong>las sendo a re<strong>de</strong> quadrada estrurada (superre<strong>de</strong>s magnéticas) e a<br />

segunda, a re<strong>de</strong> <strong>hexagonal</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada. Utlizamos um método numérico (Monte Carlo<br />

Quântico Determinantal) para resolvermos o Hamiltoniano e obter quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inte-<br />

resse físico.<br />

No caso das superre<strong>de</strong>s magnéticas estudamos as duas abordagens das hamiltonianas:<br />

simétrica e corrigida. No caso simétrico, vimos como ocorre o or<strong>de</strong>namento magnético<br />

para a banda semi-cheia nas diferentes configurações <strong>de</strong> superre<strong>de</strong>s. Observamos que ele<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente <strong>de</strong>sta configuração e também possui variações na dimuição <strong>de</strong> tem-<br />

peratura. Pu<strong>de</strong>mos também, calcular algumas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte como a condu-<br />

tivida<strong>de</strong> dc e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estados no nível <strong>de</strong> Fermi. Vimos que diferentes composições<br />

das camadas resultam em sistemas isolantes ou metálicos e que esta condição <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá<br />

da direção <strong>de</strong> corrente na superre<strong>de</strong>, i.e., ao longo das camadas ou através <strong>de</strong>las. Fomos<br />

capazes <strong>de</strong> estabelecer um valor da razão entre camadas livres e repulsivas crítico que<br />

transiciona entre estes dois comportamentos e notamos que ele difere para as diferentes<br />

direções, i.e., o efeito da presença <strong>de</strong> camadas é mais sensível nas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trans-<br />

porte em uma dada direção do que na outra. Outro ponto importante é que a condutivida<strong>de</strong>


para as superre<strong>de</strong>s não é explicada como <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte unicamente da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sítios<br />

repulsivos e sim da conformação <strong>de</strong>stas camadas.<br />

Além disso, pu<strong>de</strong>mos comparar as duas hamiltonianas usadas no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Hubbard</strong><br />

no ensemble gran<strong>de</strong> canônico e vimos que a questão da diferença na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> dos sítios<br />

livres e repulsivos é fundamental para a ocorrência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> isolante. Esta <strong>de</strong>nsi-<br />

da<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser encontrada olhando-se diretamente para gran<strong>de</strong>zas como o momento local<br />

e a energia cinética dos elétrons confirmando o resultado obtido por Paiva et al.[[29]]<br />

para superre<strong>de</strong>s unidimensionais. Com respeito ao or<strong>de</strong>namento eletrônico na re<strong>de</strong>, vi-<br />

mos que existem diferenças para as duas abordagens que estão diretamente relacionadas à<br />

diferença <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> nos sítios livres e repulsivos. E isso também afeta a condutivida<strong>de</strong><br />

ao longo das camadas para o caso corrigido.<br />

Com a caracterização das superre<strong>de</strong>s em mãos, estamos prontos para a generalização<br />

da hamiltoniana <strong>de</strong> forma a inserirmos termos referentes a campos magnéticos, motivados<br />

pelos interessantes efeitos experimentais que aparecem condutivida<strong>de</strong> para estas superre-<br />

<strong>de</strong>s.<br />

Com relação às re<strong>de</strong>s hexagonais <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadas, pu<strong>de</strong>mos ver que a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m não<br />

afeta a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica da re<strong>de</strong>; também fomos capazes <strong>de</strong> calcular como evolui o<br />

or<strong>de</strong>namento magnético, ou mais propriamente a transformada <strong>de</strong> Fourier da correlação<br />

<strong>de</strong> spin, com a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m na região do diagrama <strong>de</strong> fases correspon<strong>de</strong>ndo<br />

ao antiferromagnetismo. Vimos que, como esperado, existe uma valor crítico da ampli-<br />

tu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m em torno <strong>de</strong> 3 responsável pela <strong>de</strong>struição do or<strong>de</strong>namento. Todavia<br />

para pequenos valores ocorrem um aumento na magnetização da subre<strong>de</strong> que argumen-<br />

tamos ser oriundo da diminuição na formação <strong>de</strong> singletos. Terminamos enfatizando que<br />

é interessante saber se este é um efeito que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da interação eletrônica U e isto<br />

constitui-se um prosseguimento natural do presente trabalho.<br />

73


Apêndice A<br />

Estamos interessados em <strong>de</strong>monstrar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>:<br />

<br />

−<br />

e i,j c†<br />

i Aijcj −<br />

e <br />

i,j c†<br />

i Bijcj −<br />

= e <br />

ν c† νlνcν (A.1)<br />

on<strong>de</strong> λν = e −lν são os autovalores da matriz e −A e −B . Basicamente, <strong>de</strong>mostraremos que<br />

os dois lados da equação dão os mesmos resultados se aplicados a um estado <strong>de</strong> muitas<br />

partículas arbitrário. Primeiramente, façamos para um estado <strong>de</strong> uma partícula,<br />

|φ〉 = <br />

j<br />

ajc †<br />

j |0〉 (A.2)<br />

on<strong>de</strong> os aj são coeficientes complexos arbitrários e |0〉 o estado <strong>de</strong> vácuo. Passemos para<br />

a base |µ〉 que diagonaliza o operador B, ou seja:<br />

B = <br />

bµ|µ〉〈µ| (A.3)<br />

µ<br />

Definamos os novos operadores fermiônicos nesta base com seus respectivos inversos:<br />

⎫ ⎧<br />

cµ = <br />

i 〈µ|i〉ci<br />

c † µ = <br />

i 〈i|µ〉c† i<br />

⎪⎬ ⎪⎨<br />

⇔<br />

⎪⎭ ⎪⎩<br />

ci = <br />

µ 〈i|µ〉cµ<br />

c †<br />

i<br />

= <br />

µ 〈µ|i〉c† µ<br />

Agora, po<strong>de</strong>mos escrever a exponencial <strong>de</strong> B na nova base:<br />

e <br />

i,j c†<br />

i Bijcj<br />

<br />

= e µ c† <br />

µbµcµ =<br />

µ<br />

= <br />

e −bµnµ<br />

µ<br />

= <br />

µ<br />

(A.4)<br />

e −c† µbµcµ (A.5)<br />

<br />

−bµ †<br />

1 + (e − 1)c µcµ


on<strong>de</strong> na última passagem separamos as duas contribuições possíveis para nµ (0 ou 1)<br />

Aplicando isto ao estado <strong>de</strong> uma partícula [Eq. ] e expandindo c †<br />

j em termos <strong>de</strong> c† µ, além<br />

<strong>de</strong> usar as relações <strong>de</strong> anti-comutação fermiônicas, encontramos:<br />

com,<br />

e −c†<br />

i Bijcj |φ〉 = <br />

a ′ i = <br />

j<br />

j<br />

e −B <br />

75<br />

a ′ jc †<br />

j |0〉, (A.6)<br />

ij aj. (A.7)<br />

Da mesma forma, operando com dois fatores neste estado, encontraremos após alguns<br />

cálculos:<br />

com,<br />

e −c† i Aijcj −c<br />

e †<br />

i Bijcj<br />

<br />

|φ〉 =<br />

j<br />

a ′′<br />

j c †<br />

j<br />

|0〉, (A.8)<br />

a ′′<br />

i = −B<br />

e <br />

ij aj. (A.9)<br />

j<br />

Resumindo, a amplitu<strong>de</strong> do estado propagado é obtida multiplicando-se a amplitu<strong>de</strong><br />

original pelo produto das matrizes. A Eq. A.8 é válida em qualquer base e, em particular,<br />

naquela em que e −A e −B é diagonal. Se ,então, começarmos com um estado que seja um<br />

autoestado <strong>de</strong> e −A e −B , i.e.:<br />

obtemos:<br />

|φ〉 = c † ν|0〉 (A.10)<br />

e −c†<br />

i Aijcj e −c †<br />

i Bijcj |φ〉 = e −A e −B <br />

νν c† ν|0〉 = e −lν c † ν|0〉, (A.11)<br />

que é o mesmo que obtemos do lado direito da Eq. A.1, o que <strong>de</strong>monstra a equação.<br />

Fizemos isto para um estado <strong>de</strong> uma partícula. Para estados <strong>de</strong> muitas partículas, este<br />

resultado é trivialmente generalizado.


Referências<br />

[1] D. M. Edwards, J. Mathon, R. B. Muniz, and M. S. Phan J. Phys.: Cond. Matter,<br />

vol. 3, pp. 4941–4958, 1991.<br />

[2] P. E. Th, K. Lenz, M. Charilaou, P. Fumagalli, P. Poulopoulos, M. Angelakeris, N. K.<br />

Flevaris, F. Wilhelm, and A. Rogalev J. Appl. Phys., vol. 103, p. 093905, 2008.<br />

[3] S. Majumdar, R. K. Singha, K. Das, M. Chakraborty, A. K. Das, and S. K. Ray<br />

Physica B, vol. 403, pp. 2059–2064, 2008.<br />

[4] Y. L. Iunin, Y. P. Kabanov, V. I. Nikitenko, X. m. Cheng, C. L. Chien, A. J. Shapiro,<br />

and R. D. Shull J. Magn. Magn. Matr., vol. 320, pp. 2044–2048, 2008.<br />

[5] G. Rauschbauer, A. Buschsbaum, H. S. P. Varga, M. Schmid, and A. Bie<strong>de</strong>rmann<br />

Surface Science, vol. 602, pp. 1589–1598, 2008.<br />

[6] V. P. Chuang, W. Jung, C. A. Ross, J. Y. Cheng, O.-H. Park, and H.-C. Kim J. Appl.<br />

Phys., vol. 103, p. 074307, 2008.<br />

[7] A. M. Bratkovsky Rep. Prog. Phys., vol. 71 (2), p. 026502, 2008.<br />

[8] L. D. Landau Phys. Z. Sowjetunion, vol. 11, pp. 26–35, 1937.<br />

[9] L. D. Landau and E. M. Lifshitz, Statiscal Physics Part I, Seções 137 e 138. Perga-<br />

mon, Oxford, 1980.<br />

[10] R. E. Peierls Ann. Inst. Henri Poincare, vol. 5, p. 177, 1935.


REFERÊNCIAS 77<br />

[11] J. C. Meyer, A. K. Geim, M. I. Katsnelson, K. S. Novoselov, T. J. Booth, and S. Roth<br />

Nature, vol. 446, pp. 60–63, 2007.<br />

[12] Y. Kopelevich, P. Esquinazi, J. H. S. Torres, and S. Moehlecke J. Low Temp. Phys.,<br />

vol. 119, pp. 691–702, 2000.<br />

[13] P. Esquinazi, A. Setzer, R. Höhne, and C. Semmelhack Phys. Rev. B, vol. 66,<br />

p. 024429, 2002.<br />

[14] A. V. K. anf F. Bannhart Nature Materials, vol. 6, p. 723, 2007.<br />

[15] A. F. H. et al. Nature, vol. 350, pp. 600–601, 1991.<br />

[16] G. R. Stewart, “Heavy-fermion systems,” Rev. Mod. Phys., vol. 56, pp. 755–787,<br />

1984.<br />

[17] E. Dagotto Rev. Mod. Phys., vol. 66, p. 763, 1994.<br />

[18] O. Morsch and M. Oberthaler Rev. Mod. Phys., vol. 78, p. 179, 2006.<br />

[19] D. J. Scalapino, S. R. White, and S. Zhang Phys. Rev. B, vol. 47, pp. 7995–8007,<br />

Apr 1993.<br />

[20] E. H. Lieb and F. Y. Wu Phys. Rev. Lett., vol. 20, p. 1445, 1968.<br />

[21] D. Penn Phys. Rev., vol. 142, p. 350, 1966.<br />

[22] M. C. Gutzwiller Phys. Rev., vol. 137, p. A1726, 2000.<br />

[23] J. E. Hirsch Phys. Rev. B, vol. 31, pp. 4403–4419, Apr 1985.<br />

[24] T. Paiva, R. T. Scalettar, W. Zheng, R. R. Singh, and J. Oitmaa Phys. Rev. B, vol. 72,<br />

p. 085123, 2005.<br />

[25] M. A. N. Araújo and N. M. R. Peres J. Phys.: Con<strong>de</strong>ns. Matter, vol. 18, p. 1769,<br />

2006.


REFERÊNCIAS 78<br />

[26] D. A. Huse Phys. Rev. B, vol. 37, pp. 2380–2382, Feb 1988.<br />

[27] M. Ulmke, P. J. H. Denteneer, R. T. Scalettar, and G. T. Zimanyi Europhys. Lett.,<br />

vol. 42(6), p. 655, 1998.<br />

[28] T. Paiva and R. R. dos Santos Phys. Rev. Lett., vol. 76, p. 1126, 1996.<br />

[29] T. Paiva and R. R. dos Santos Phys. Rev. B, vol. 58, p. 9607, 1998.<br />

[30] T. Paiva and R. R. dos Santos Phys. Rev. B, vol. 62, p. 7007, 2000.<br />

[31] H. H. R. et al. Phys. Rev. B, vol. 65, p. 153101, 2002.<br />

[32] E. G. et al. Phys. Rev. B, vol. 35, p. 5297(E), 1987.<br />

[33] Y.-W. Son, M. L. Cohen, and S. G. Louie Nature, vol. 444, no. 16, p. 347, 2006.<br />

[34] K. Nakada, M. Fujita, G. Dresselhaus, and M. S. Dresselhaus Phys. Rev. B, vol. 54,<br />

pp. 17954–17961, 1996.<br />

[35] H. Bethe Z. Phys., vol. 71, pp. 205–226, 1931.<br />

[36] V. J. Emery Phys. Rev. B, vol. 14, pp. 2989–2994, Oct 1976.<br />

[37] J. E. Hirsch, “Discrete hubbard-stratonovich transformation for fermion lattice mod-<br />

els,” Phys. Rev. B, vol. 28, pp. 4059–4061, Oct 1983.<br />

[38] A. L. Fetter and J. D. Walecka, Quantum Theory of Many Particle Systems.<br />

McGraw-Hill, New York, 1971.<br />

[39] S. R. White, D. J. Scalapino, R. L. Sugar, E. Y. Loh, J. E. Gubernatis, and R. T.<br />

Scalettar Phys. Rev. B, vol. 40, pp. 506–516, Jul 1989.<br />

[40] J. E. Y. Loh, J. E. Gubernatis, R. T. Scalettar, S. R. White, D. J. Scalapino, and R. L.<br />

Sugar Phys. Rev. B, vol. 41, p. 9301, 1968.


REFERÊNCIAS 79<br />

[41] J. E. Y. Loh, J. E. Gubernatis, R. T. Scalettar, S. R. White, D. J. Scalapino, and R. L.<br />

Sugar Phys. Rev. B, vol. 41, p. 9301, 1990.<br />

[42] G. G. Batrouni and P. <strong>de</strong> Forcrand Phys. Rev. B, vol. 48, p. 589, 1993.<br />

[43] S. Zhang Comp. Phys. Comm, vol. 127, p. 150, 2000.<br />

[44] S. Zhang, J. Carlson, and J. E. Gubernatis Phys. Rev. Lett., vol. 74, p. 3652, 1995.<br />

[45] S. Zhang, J. Carlson, and J. E. Gubernatis Phys. Rev. B, vol. 55, p. 7464, 1997.<br />

[46] J. E. Gubernatis, G. Ortiz, and S. Zhang Phys. Rev. B, vol. 59, p. 12788, 1999.<br />

[47] J. E. Hirsch Phys. Rev. B, vol. 38, p. 12023, 1988.<br />

[48] G. B. Martins, , M. Laukamp, J. Riera, and E. Dagotto Phys. Rev. Lett., vol. 78,<br />

p. 3563, 1997.<br />

[49] M. Ulmke and R. T. Scalettar Phys. Rev. B, vol. 15(6), p. 4149, 1997.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!