a obra científica e as bases axiomáticas da visão cósmica de pierre ...

Hórus – Revista de Humanidades e Ciências Sociais Aplicadas, Ourinhos/SP, Nº 03, 2005 12
4 - A lei de complexidade - consciência, reguladora da evolução.
A lei de complexidade - consciência é aquela que regula a relação entre o interior e o
exterior das coisas. “Como complexidade de uma coisa, Teilhard entende a capacidade que a
mesma possui de ser constituída por um maior número de elementos mais estruturalmente
ligados entre si” 22 .
Esta é uma lei que vale para a matéria inanimada, para a vida e também para a história
da humanidade. Ela quer expressar que a evolução do Estofo do Universo avança para
construções cada vez mais complexas, isto é, o Estofo do Universo move-se para uma espécie
de concentração numa unidade organizada de uma grandeza e de um valor crescente, como se
ela se apresentasse num envolvimento ao redor de si mesma, com combinações cada vez mais
complexas. Disto se segue que:
Uma consciência é tanto mais perfeita quanto mais rico e mais bem
organizado é o edifício material que ela forra. Perfeição espiritual (ou
centreidade consciente) e síntese material (ou complexidade) não são mais
do que as duas faces ou partes ligadas de um mesmo fenômeno 23 .
Para explicar esta afirmação, Teilhard mostra como exemplo o fato de que cada ser é
constituído como uma elipse com dois focos conexos: um de organização material e o outro
de centração psíquica; e observa que os dois focos variam de modo solidário no mesmo
sentido. Esta lei, afirma Teilhard, é a única capaz de explicar, de esfera em esfera, antes a
invisibilidade e depois o surgimento e enfim a gradual proeminência do interior em respeito
ao exterior das coisas. A Lei de complexidade-consciência aparece evidente, logo que se
descobre que o Universo passa de um estado caracterizado por um grande número de
elementos simples, isto é, com um interior paupérrimo, a um outro estado definido por um
número menor de agrupamentos muito complexos, isto é, com um interior muito mais rico.
Isto explica que no primeiro estado os centros de consciência, sendo muito numerosos e ao
mesmo tempo extremamente dispersos, manifestam-se somente mediante efeitos de conjunto
submetidos a leis estáticas e obedecem, portanto, coletivamente a leis matemáticas. Pode-se
dizer que este é o campo específico da física e da química. Pelo contrário, no segundo estado
observa-se que estes elementos são menos numerosos e ao mesmo tempo estão mais bem
individualizados. Por isso escapam, pouco a pouco, às leis estáticas e deixam transparecer sua
fundamental e incomensurável espontaneidade. Entra-se assim no mundo da biologia.
22 ORMEA, Ferdinando, Teilhard de Chardin, guida al pensiero scientifico e religioso. Firenze, Vallecchi,
1968, p. 40
23 TELHARD DE CHARDIN, o. c. p. 41