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Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz

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Se existisse um jornal nos dias do homem primitivo, a <strong>de</strong>scoberta<br />

do fogo teria sido estampa<strong>da</strong> na primeira página. Mas, naquela<br />

época, obviamente, não havia necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> jornais. A socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

humana era pequena e quase todo mundo praticava – ou pelo<br />

menos sabia – a ciência <strong>de</strong> criar fogo.<br />

Mas hoje ocorre o contrário. A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é gran<strong>de</strong> e os<br />

experimentos científicos em todo o mundo são realizados por<br />

um número relativamente pequeno <strong>de</strong> pessoas, geralmente<br />

escondi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vista do público em seus laboratórios fora do<br />

alcance do público. O que elas fazem afeta todo mundo e, ain<strong>da</strong><br />

assim, a maioria <strong>da</strong>s pessoas continua basicamente sem saber<br />

como esses cientistas usam o dinheiro do contribuinte e <strong>de</strong> que<br />

maneira seu trabalho produz um impacto sobre a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Existe, portanto, uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> indivíduos<br />

que possam atuar como mediadores entre cientistas e o público<br />

em geral. Esta necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>fine basicamente o papel do<br />

repórter <strong>de</strong> ciência.<br />

Exigências básicas<br />

Um conhecimento <strong>de</strong>talhado <strong>da</strong> ciência não é necessariamente a<br />

exigência mais importante. A maioria dos editores concor<strong>da</strong> que<br />

a fórmula para um bom re<strong>da</strong>tor <strong>de</strong> ciência é 80% um bom<br />

jornalismo mais 20% <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> para apren<strong>de</strong>r e comunicar ciência.<br />

Para citar o falecido Anthony Tucker, ex-editor <strong>de</strong> ciência do<br />

jornal britânico The Guardian, “os re<strong>da</strong>tores <strong>de</strong> ciência, assim<br />

como todos os outros jornalistas, <strong>de</strong>vem ter um apetite<br />

insaciável pela leitura e os melhores são dotados <strong>de</strong> uma<br />

memória pareci<strong>da</strong> com a <strong>de</strong> arquivo”. A isto, eu acrescentaria<br />

que eles também <strong>de</strong>vem ter uma curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil sobre o<br />

mundo que os cerca e como ele funciona.<br />

Primeiros passos<br />

<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> <strong>Científica</strong><br />

Como me torno um jornalista <strong>de</strong> ciência?<br />

Não existe uma caminho <strong>de</strong>finido para o jornalismo científico.<br />

Gran<strong>de</strong>s re<strong>da</strong>tores <strong>de</strong> ciência, como Walter Sullivan do The New<br />

York Times, bem como muitos dos atuais re<strong>da</strong>tores <strong>de</strong> ciência<br />

nos jornais mais importantes <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as partes do mundo, foram<br />

autodi<strong>da</strong>tas, pelo menos no que diz respeito à sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escrever.<br />

Mas há algumas maneiras <strong>de</strong> <strong>da</strong>r os primeiro passos. Hoje, uma<br />

<strong>da</strong>s melhores – e, pelo menos em alguns países <strong>de</strong>senvolvidos,<br />

mais essenciais – maneiras <strong>de</strong> começar é através <strong>de</strong> um curso ou<br />

diploma <strong>de</strong> jornalista em uma instituição reconheci<strong>da</strong>.<br />

K. S. Jayaraman, Ex-correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ciência, Press Trust of India, Índia<br />

Esta não precisa necessariamente se concentrar nas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

específicas dos jornalistas ciêntíficos, embora seja ca<strong>da</strong> vez maior<br />

o número <strong>de</strong> cursos que estão sendo criados. Na Índia, por<br />

exemplo, o Conselho Nacional <strong>de</strong> Comunicação em Ciência e<br />

Tecnologia, ligado ao Ministério <strong>da</strong> Ciência, patrocina cursos em<br />

nível <strong>de</strong> graduação e pós-graduação em Comunicação em Ciência<br />

e Tecnologia. Algumas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s iniciaram estes cursos.<br />

Mas as pessoas responsáveis por recrutar jornalistas para<br />

trabalharem na área <strong>de</strong> ciência nem sempre exigem um diploma<br />

<strong>de</strong> jornalismo científico. Em geral, elas procuram um entusiasmo<br />

por textos <strong>de</strong> ciência e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> redigir reportagens <strong>de</strong><br />

ciência <strong>de</strong> uma maneira que o público geral consiga enten<strong>de</strong>r.<br />

É também útil se o candi<strong>da</strong>to a um cargo <strong>de</strong> re<strong>da</strong>tor <strong>de</strong> ciência<br />

tiver escrito artigos sobre ciência durante seu período<br />

universitário. Os empregadores potenciais gostam <strong>de</strong> ver o que<br />

você escreveu. Manter um portfolio <strong>de</strong> suas realizações e<br />

trabalhos publicados – não importa o quanto a revista ou o<br />

artigo seja pequeno ou ‘local’, mesmo que seja um jornal<br />

estu<strong>da</strong>ntil – po<strong>de</strong>rá ajudá-lo a conseguir seu primeiro emprego.<br />

Diferentes organizações têm diferentes meios <strong>de</strong> recrutamento.<br />

Por exemplo, a principal agência <strong>de</strong> notícias <strong>da</strong> Índia, a Press<br />

Trust of India (PTI), recruta anualmente jornalistas <strong>de</strong> ciência<br />

para serem trainees. Os trainees são selecionados <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um<br />

teste escrito, para avaliar suas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção, e <strong>de</strong><br />

uma entrevista.<br />

Esta abor<strong>da</strong>gem parece ter sucesso; ninguém recrutado pela PTI<br />

abandonou o jornalismo científico em 15 anos. Depois <strong>de</strong> ganhar<br />

experiência na agência, vários <strong>de</strong>les se tornaram<br />

correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ciência habilitados <strong>de</strong> jornais diários<br />

nacionais, canais <strong>de</strong> televisão e proeminentes serviços<br />

internacionais <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong> ciência e meio ambiente, como o<br />

Instituto PANOS.<br />

Formando sua própria base <strong>de</strong> conhecimento<br />

Era comum o caso <strong>de</strong> um jornalista competente po<strong>de</strong>r cobrir<br />

qualquer assunto que lhe propusessem. Isto nem sempre é<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro no mundo <strong>de</strong> hoje, on<strong>de</strong> todos os dias são feitas<br />

<strong>de</strong>scobertas científicas que freqüentemente requerem que o<br />

jornalista saiba um pouco mais do assunto para po<strong>de</strong>r explicar<br />

<strong>de</strong> uma maneira convincente. De fato, alguns campos estão se<br />

expandindo com tanta rapi<strong>de</strong>z que mesmo os especialistas nesse<br />

campo têm dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter atualizados.<br />

Como me torno um jornalista <strong>de</strong> ciência?<br />

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