Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz
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<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> <strong>Científica</strong><br />
Como escrevo relatos sintéticos sobre<br />
questões relaciona<strong>da</strong>s à ciência para<br />
formuladores <strong>de</strong> políticas?<br />
Poucos políticos ou formuladores <strong>de</strong> política têm formação<br />
científica. Contudo, freqüentemente eles precisam tomar <strong>de</strong>cisões<br />
políticas vitais em questões <strong>de</strong> ciência e tecnologia que têm<br />
amplas implicações para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> – como a legislação sobre<br />
proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual, o cultivo <strong>de</strong> plantas geneticamente<br />
modifica<strong>da</strong>s ou o tratamento <strong>de</strong> doenças infecciosas. Os políticos<br />
precisam ser a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente informados e instruídos sobre esses<br />
temas e ser capazes <strong>de</strong> comunicar suas idéias sobre tais temas aos<br />
colegas e ao público em geral.<br />
Os cientistas também têm interesse em garantir que informações<br />
precisas sobre seu trabalho sejam transmiti<strong>da</strong>s com eficiência<br />
àqueles que elaboram as políticas, por dois motivos principais:<br />
po<strong>de</strong>m precisar propor recomen<strong>da</strong>ções sobre uma questão sobre a<br />
qual eles têm um conhecimento especializado; ou po<strong>de</strong>m estar<br />
principalmente interessados em justificar sua própria pesquisa e<br />
garantir financiamentos futuros. Este artigo se concentra em<br />
situações nas quais um cientista precisa fornecer um relato<br />
(briefing) preparatório informativo sobre um <strong>de</strong>terminado assunto,<br />
para um político ou um formulador <strong>de</strong> políticas. Aqui, o objetivo<br />
do pesquisador é fornecer informações relevantes a essas pessoas<br />
para que possam tomar <strong>de</strong>cisões esclareci<strong>da</strong>s – e, ao mesmo tempo,<br />
evitar a tentação <strong>de</strong> tomar, eles próprios, as <strong>de</strong>cisões!<br />
Para qualquer pessoa que enfrenta esta tarefa, aqui estão alguns<br />
pontos gerais a ter sempre em mente:<br />
• Os políticos são sempre ocupados! Seja claro e conciso em<br />
sua comunicação.<br />
• Explique por que a questão é relevante para eles e por que<br />
é importante agora.<br />
• A ciência sozinha não basta – concentre-se nos impactos sobre<br />
as pessoas, especialmente aquelas com cujos interesses é provável<br />
que os políticos estejam particularmente preocupados.<br />
• Seja preciso e sempre apresente (ou pelo menos resuma) as<br />
evidências do seu argumento. Evite linguagem sensacionalista;<br />
seja objetivo e <strong>de</strong>ixe a ciência falar por si mesma.<br />
Qual a maneira mais eficiente <strong>de</strong> comunicar?<br />
Existem várias maneiras <strong>de</strong> se comunicar diretamente com<br />
políticos e formuladores <strong>de</strong> políticas. Os métodos mais usados<br />
são os seminários e os relatos orais. Os seminários têm vantagens<br />
bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, já que po<strong>de</strong>m estimular um diálogo entre as<br />
principais partes interessa<strong>da</strong>s e são uma boa maneira <strong>de</strong> receber<br />
respostas imediatas às perguntas.<br />
Chandrika Nath, Gabinete <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia do Parlamento do Reino Unido<br />
Os seminários e os relatos orais <strong>de</strong>vem ser realizados em um<br />
local que seja cômodo para os políticos e os formuladores <strong>de</strong><br />
políticas. Muitos grupos, por exemplo, mantêm seminários e<br />
exposições na Câmaras Legislativas para que os parlamentares<br />
possam passar por ali entre outros compromissos. É também<br />
importante fazer, antes do evento, uma boa divulgação junto<br />
aos participantes potenciais.<br />
Você po<strong>de</strong>rá atingir um público muito maior através <strong>de</strong> relatórios<br />
escritos e sumários. Estes documentos também têm a vantagem<br />
<strong>de</strong> diminuir a propabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> citações equivoca<strong>da</strong>s, em relação<br />
às apresentações orais, mas oferecem menores oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> interação e diálogo.<br />
A arte <strong>de</strong> preparar um relato sintético<br />
Os relatos sintéticos <strong>de</strong>vem ser exatamente isso – breves! Poucos<br />
políticos terão tempo para ler um relatório longo do início ao fim.<br />
Os formuladores <strong>de</strong> políticas são constantemente inun<strong>da</strong>dos<br />
por informações. Não escreva sobre um assunto somente por<br />
que é novo e excitante – certifique-se <strong>de</strong> que aquilo que tem a<br />
dizer tem alguma relevância para eles. Por exemplo, assuntos<br />
sobre os quais há <strong>de</strong>cisões iminentes a serem toma<strong>da</strong>s, como<br />
<strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> fundos ou uma legislação relevante a ser aprova<strong>da</strong>.<br />
Forneça escalas <strong>de</strong> tempo sempre que estiver falando sobre<br />
<strong>de</strong>senvolvimentos futuros. Como uma regra geral, os políticos<br />
estão mais interessados em algo que po<strong>de</strong>ria acontecer nos<br />
próximos poucos anos do que num período <strong>de</strong> 50 anos – ou<br />
mesmo 10 anos. Afinal, eles provavelmente não estarão por aqui<br />
ou, no mínimo, não estarão buscando uma reeleição!<br />
Etapa 1: Primeiros passos<br />
A preparação <strong>de</strong> material para produzir um texto dirigido a um<br />
político é geralmente um processo <strong>de</strong> duas etapas: em primeiro<br />
lugar, você precisa fazer algumas leituras preparatórias <strong>de</strong><br />
histórico e antece<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>pois conversar com especialistas<br />
no campo em questão.<br />
Lembre-se <strong>de</strong> que as leituras preparatórias essenciais não são<br />
iguais àquelas necessárias para iniciar a pesquisa acadêmica. A<br />
diferença mais importante é que elas geralmente envolvem<br />
cotejar informações <strong>de</strong> uma ampla gama <strong>de</strong> fontes, em vez <strong>de</strong><br />
realizar um trabalho original.<br />
Como escrevo relatos sintéticos sobre questões<br />
relaciona<strong>da</strong>s à ciência para formuladores <strong>de</strong> políticas?<br />
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