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Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz

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O prestígio do jornalismo científico <strong>de</strong> um país freqüentemente<br />

reflete o valor que sua socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e, em particular, seus lí<strong>de</strong>res<br />

políticos associam à própria ciência. Em média, os Estados árabes<br />

gastam apenas 0,06% <strong>de</strong> seu produto interno bruto em pesquisa<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento, em comparação com 1 a 3% na maioria dos<br />

países oci<strong>de</strong>ntais. Portanto, não é <strong>de</strong> admirar que o jornalismo<br />

científico no mundo árabe esteja numa maré baixa.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, tanto seus cientistas quanto jornalistas <strong>de</strong> ciência<br />

têm altas ambições e sentem que têm muito a oferecer. Apesar<br />

dos recursos mínimos para o financiamento <strong>de</strong> suas ambições,<br />

muitos membros <strong>de</strong>sses dois grupos <strong>de</strong> profissionais já<br />

reconhecem a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> juntar forças para discutir<br />

estratégias <strong>de</strong> tirar a região <strong>de</strong> seu atual <strong>de</strong>clínio científico.<br />

Certamente há indícios <strong>de</strong> que os leitores e espectadores árabes<br />

estão interessados em ciência. Um caso relevante é o<br />

IslamOnline.Net, um empreendimento conjunto catarianoegípcio<br />

lançado em 1999. Neste website registra-se uma média<br />

<strong>de</strong> 300.000 páginas <strong>de</strong> ciências visita<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> mês – mais que<br />

suas páginas políticas, econômicas, culturais e sociais.<br />

Você precisa <strong>de</strong> pessoas treina<strong>da</strong>s para li<strong>da</strong>r com este tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> e a oferta <strong>de</strong> treino a<strong>de</strong>quado em tecnologia <strong>da</strong><br />

informação é, <strong>de</strong> fato, um dos maiores <strong>de</strong>safios atualmente<br />

enfrentados pelo Egito e outros países do mundo muçulmano.<br />

Um outro <strong>de</strong>safio é fornecer a esses indivíduos os recursos e<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> que precisam para usar eficientemente as suas<br />

aptidões e, em última instância, para trazer benefícios às suas<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e países.<br />

Passado ilustre<br />

Os <strong>de</strong>safios enfrentados pelo jornalismo<br />

científico no Egito e Oriente Médio<br />

A história do jornalismo científico egípcio – ou pelo menos a<br />

idéia <strong>de</strong> fomentar uma valorização <strong>da</strong> ciência fora <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica – começou já a partir <strong>de</strong> 1798, durante o<br />

domínio colonial do país pela França. Naquele ano, Napoleão<br />

Bonaparte publicou uma revista chama<strong>da</strong> La Déca<strong>de</strong> Égyptienne.<br />

Produzi<strong>da</strong> em colaboração com a Aca<strong>de</strong>mia <strong>Científica</strong> Egípcia, a<br />

revista cobria vários aspectos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social, econômica e cultural<br />

do Egito. Mas também fazia questão <strong>de</strong> <strong>da</strong>r <strong>de</strong>staque a questões<br />

[1] Ab<strong>de</strong>l-Galeel, Awatif. Mass Science Communication. Cairo: The Aca<strong>de</strong>my of Scientific<br />

Research and Technology, 1993, p. 154.<br />

[2] Geoffroy St. Hilaire (1798). “Observations sur l’aile <strong>de</strong> l’Autruche, par le citoyen Geoffroy.”<br />

La Deca<strong>de</strong> Egyptienne, Journal Litteraire et D’Economie Politique. Vol. 1. Au Kaire, <strong>de</strong><br />

L’Impreimerie Nationale, pp. 46-51.<br />

[3] Ar-Rafi, Ab<strong>de</strong>lrahman. The Era of Ismail. Cairo, Parte I, 1932, pp. 189-192.<br />

Nadia El-Awady, Editora <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Ciência <strong>da</strong> IslamOnline.Net, Egito<br />

científicas em artigos como [1] ‘Observations sur l’aile <strong>de</strong> l’Autruche’<br />

(‘Observações <strong>da</strong> asa <strong>da</strong> avestruz’), escrito pelo ‘citoyen Geoffroy’. [2]<br />

Quase 70 anos <strong>de</strong>pois, o governo egípcio supervisionou a<br />

publicação <strong>da</strong> primeira revista médica a ser publica<strong>da</strong> no Oriente,<br />

Ya‘soob At-tibb (A Libélula <strong>da</strong> Medicina). No mesmo ano, foi<br />

lançado o primeiro número <strong>de</strong> The Egyptian Military Gazette,<br />

<strong>de</strong>clarando como uma <strong>de</strong> suas finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s a simplificação <strong>da</strong>s<br />

artes militares e ciências. [3]<br />

Estes esforços foram seguidos por outras duas revistas que<br />

traziam artigos sobre temas relacionados à ciência. A primeira,<br />

The Gar<strong>de</strong>n of Schools, foi publica<strong>da</strong> em 1870 e cobria artes,<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, astronomia e história, bem como matemática. A<br />

segun<strong>da</strong>, The Harvested, foi publica<strong>da</strong> pela primeira vez no<br />

Líbano, em 1876, e no Cairo, em 1878, on<strong>de</strong> se tornou a primeira<br />

revista científica industrial. Foi publica<strong>da</strong> até 1952. [4]<br />

O jornalismo científico mo<strong>de</strong>rno no Egípcio começou no jornal<br />

diário Al-Akhbar em 1951, quando o jornal reservou uma coluna<br />

especial para as ciências, ‘Science News’. Outros jornais seguiram<br />

o exemplo – Al-Qahirah em 1953, Al-Masa’ em 1956, o jornal<br />

Asha’b em 1958 e Al-Ahram em 1964. [5] A televisão egípcia<br />

também tem transmitido programas científicos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação<br />

em 1960, mas são irregulares e <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> curta. [6]<br />

Obstáculos atuais<br />

Apesar <strong>de</strong> seu início precoce e promissor, pouca coisa mudou em<br />

relação às notícias <strong>de</strong> ciência durante os 50 anos subseqüentes.<br />

Em to<strong>da</strong> a mídia egípcia, raramente vêm à tona reportagens <strong>de</strong><br />

ciência – embora, <strong>de</strong> fato, matérias curtas <strong>de</strong> ciência apareçam<br />

na primeira página do Al-Ahram, por exemplo. As colunas <strong>de</strong> ciência<br />

nos jornais diários egípcios ficam, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />

escondi<strong>da</strong>s nas páginas internas e a cobertura <strong>de</strong> matérias<br />

científicas em horário nobre <strong>da</strong> televisão continua rara.<br />

Os editores e jornalistas <strong>de</strong> ciência no Egito concor<strong>da</strong>m que o<br />

principal motivo para isto é que as empresas <strong>de</strong> mídia no país<br />

ain<strong>da</strong> não estão convenci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> ciência. [7] O<br />

resultado tem sido não apenas um espaço pequeno, mas também<br />

recursos mínimos. Os jornalistas <strong>de</strong> ciência precisam trabalhar com<br />

orçamentos bem limitados. A conseqüência é uma cobertura<br />

[4] Ibrahim, Ismail. The Specialized Journalist. Cairo: Al-Fajr Press, 2001.<br />

[5] Ibid.<br />

[6] Al-Nimr, Ameera. “The Role of Television Programs in Simplifying Sciences for Children.”<br />

Tese. Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Cairo, 1998.<br />

[7] Ba<strong>da</strong>ri, Hind. “How Egyptian Journalism Deals with Scientific Issues and its Effects on<br />

Rea<strong>de</strong>rs’ Scientific Knowledge”. Tese. Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do Cairo, 2000.<br />

36 Os <strong>de</strong>safios enfrentados pelo jornalismo científico no Egito e Oriente Médio<br />

<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> <strong>Científica</strong>

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