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ENSAIO SOBRE O LIVRO X DE “CONFISSÕES” - ICHS/UFOP

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Através da memória, Santo Agostinho recorda as alegrias, as tristezas, os sentimentos bons e ruins que<br />

outrora tivera, e se apóia na mesma quando afirma que “são quatro as perturbações da alma: o desejo, a<br />

alegria, o medo e a tristeza”. E diz que não se altera quando as relembra com a memória.<br />

A Felicidade muitas vezes nos parece escorregadia ou algo que está fora de nós, seres humanos,<br />

mas Jesus Cristo vem nos mostrar que ela é conquistada por nós em nós mesmos e que deve ser<br />

transmitida ao próximo com todo amor. Geralmente não damos o devido valor ao que temos e isso<br />

também nos impede de reconhecer a Felicidade como algo simples e acessível.<br />

No capítulo 17, Santo Agostinho reconhece a grandeza da memória e percorre as suas lembranças<br />

encontrando corpos, ciências, artes, sinais. Se buscamos “algo” é por que de alguma forma nós<br />

conhecemos esse “algo” e reconhecemos quando o encontramos, pois “(...) não podemos procurar um<br />

objeto perdido, se dele nos esquecemos totalmente”. (AGOSTINHO, 1999, p.279)<br />

Então, como Vos hei de procurar, Senhor? Quando Vos procuro, meu Deus, busco a vida feliz.<br />

Procurar-Vos-ei, para que a minha alma viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de<br />

Vós. (...) Há uma maneira diferente de ser feliz, quando cada um possui a felicidade em concreto.<br />

Há quem seja feliz simplesmente em esperança. Estes possuem a felicidade de um modo inferior<br />

ao daqueles que já são totalmente felizes. Mas, ainda assim, estão muito melhor que aqueles que<br />

não têm nem a felicidade, nem a sua esperança. Mesmo estes devem experimentá-la de qualquer<br />

modo, porque, no caso contrário, não desejariam ser felizes. Ora, é absolutamente certo que eles o<br />

querem ser. (AGOSTINHO, 1999, p.279)<br />

A preocupação de Santo Agostinho consiste em saber se é na memória que fica registrada a busca pela<br />

Felicidade, pois se a busca acontece na memória é porque nela há lembranças da Felicidade.<br />

O capítulo 22 é um exemplo da fragilidade humana em que próprio nome expressa um grande<br />

sentido: “ALEGRIA É SÓ <strong>DE</strong>US”<br />

Longe de mim, Senhor, longe do coração deste vosso servo, que se confessa a Vós, o julgar-se<br />

feliz, seja com que alegria for. Há uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas só àqueles<br />

que desinteressadamente Vos servem: essa alegria sois Vós. A vida feliz consiste em nos<br />

alegrarmos em Vós, de Vós e por Vós. Eis a vida feliz, e não há outra. Os que julgam que existe<br />

outra apegam-se a uma alegria que não é verdadeira. Contudo, a sua vontade jamais se afastará de<br />

alguma imagem de alegria... (AGOSTINHO, 1999, p.282).<br />

A Felicidade está ligada à Verdade e aquele que não se rende à Verdade fica sujeito a amar qualquer coisa<br />

que chamará Felicidade, ficando propenso a permanecer no erro odiando a Verdade.<br />

Ó Verdade, Vós em toda parte assistis a todos os que Vos consultam e ao mesmo tempo<br />

respondeis aos que Vos interrogam sobre os mais variados assuntos. Respondeis com clareza, mas<br />

nem todos Vos ouvem com a mesma lucidez. Todos Vos consultam sobre o que desejam, mas<br />

nem sempre ouvem o que querem. O vosso servo mais fiel é aquele que não espera nem prefere<br />

ouvir aquilo que quer, mas se propõe aceitar, antes de tudo, a resposta que de Vós ouviu.<br />

(AGOSTINHO, 1999, p.285)<br />

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