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ENSAIO SOBRE O LIVRO X DE “CONFISSÕES” - ICHS/UFOP

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justiça, porque serão saciados. Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão<br />

misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz,<br />

porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça,<br />

porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem<br />

todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será<br />

grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram<br />

antes de vocês. (BÍBLIA, 1990, Mateus 5, 3-12.)<br />

Por mais que pareça contraditório que a Felicidade se encontre em aflições, fome e sede de justiça,<br />

perseguição por causa da justiça, calúnias por causa do nome de Jesus, já que geralmente pensamos que a<br />

Felicidade é a ausência de contrariedades, o próprio Jesus Cristo vem dizer que a Felicidade é conquista, é<br />

batalha, é luta. Jesus viveu assim durante sua passagem carnal no nosso meio, Ele foi pobre de espírito, se<br />

sentiu aflito, foi manso, teve fome e sede de justiça, foi misericordioso, puro, promoveu a paz, foi<br />

insultado, perseguido e caluniado até a morte de cruz por amor a todos os seres humanos. E por amor,<br />

pelo mesmo amor com que fez tudo isso, Ele nos deixa a fórmula de como devemos ser para alcançarmos<br />

a mais perfeita Felicidade e essa fórmula se encontra sintetizada no Sermão da Montanha.<br />

É interessante o pensamento de Santo Agostinho quando ele fala sobre os sonhos, ele diz que<br />

controla seus pensamentos, suas ações durante a vigília, mas durante o sono os sonhos o invadem de<br />

forma incontrolável até mesmo fazendo com que ele aceite e se deleite em sonhos luxuriosos. Isso se deve<br />

ao fato de que em sua memória há registros de pecados que o hábito fixou. “A ilusão da imagem possui<br />

tanto poder na minha alma e na minha carne, que, quando durmo, falsos fantasmas me persuadem a ações<br />

a que, acordado, nem sequer as realidades me podem persuadir”. (p.287) E ainda se questiona: “Meu<br />

Deus e Senhor, não sou eu o mesmo nessas ocasiões?” (AGOSTINHO, 1999, p.278).<br />

A partir daqui Santo Agostinho trata de pecados que nos afastam da graça de Deus e<br />

consequentemente nos afastam da Felicidade que buscamos.<br />

Ele fala da gula que como os outros pecados devemos dominar para não sermos dominados por<br />

ela. Ele regula a gula através de jejuns reduzindo o corpo à escravidão, mas sacia a fome e a sede, pois<br />

sem o alimento não há vida. “Sendo a saúde o motivo do comer e beber, o prazer junta-se a esta<br />

necessidade, como um companheiro perigoso.” (AGOSTINHO, 1999, p.289) Somente Deus pode<br />

equilibrar aquilo que está desequilibrado, somente Ele pode nos dar a força que precisamos para rejeitar<br />

os excessos. Por isso é preciso pedir humildemente, pois, “(...) sois Vós que concedeis a graça, quando<br />

fazemos o que mandais”. (AGOSTINHO, 1999, p.290) “Quem será, Senhor, que não se deixe arrastar um<br />

pouco para além dos limites da necessidade? Se alguém há, como é grande! Engrandeça o Vosso nome!<br />

Eu, porém, não sou deste número, porque sou pecador”. (AGOSTINHO, 1999, p.291)<br />

Buscar a santidade como Santo Agostinho a buscou e como outros santos a buscaram é uma tarefa<br />

árdua, principalmente em se tratando de repreender o prazer do alimento.<br />

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