13.05.2013 Views

PROBLEMAS NA PRODUÇÃO DO TEXTO JURÍDICO

PROBLEMAS NA PRODUÇÃO DO TEXTO JURÍDICO

PROBLEMAS NA PRODUÇÃO DO TEXTO JURÍDICO

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

uso -, que soam ininteligíveis ao ouvido comum, às vezes levando o discurso ao<br />

ridículo, como utilizar heréu em lugar de herdeiro. Assim, palavras como:<br />

Outrossim (também), Quiçá (talvez), À guisa de (à maneira de), Magote (grande<br />

quantidade) devem ser evitadas.<br />

Um outro tipo de vício, o preciosismo, segundo o autor, segue na mesma<br />

linha, pois se constitui no requinte exagerado no falar e no escrever, empregando<br />

palavras não usuais, extravagantes. Caracteriza-se pelo desvio do padrão normal da<br />

linguagem, que foge à naturalidade do discurso, apresentando-se muito mais como um<br />

exibicionismo linguístico, de difícil compreensão, quando não cai nos desvãos do<br />

pedantismo. Uma das mais fortes razões que levam pessoas que se dedicam a outras<br />

atividades a acusarem de pedantismo os profissionais do direito. Há ainda, segundo<br />

Celso Cunha a cacofonia: junção de duas ou mais palavras que tem por consequência<br />

um som “estranho” na produção, principalmente, oral do enunciado. Como exemplo<br />

de cacofoinia, podemos citar casos clássicos como: A requerente recebeu o dinheiro<br />

como herdeira que é. Ou ainda, Antes do réu morar na cidade, vivia a tocar gado no<br />

sertão pernambucano.<br />

Partindo-se do princípio que o objetivo principal da língua é estabelecer<br />

comunicação, muitos gramáticos criticam, no âmbito jurídico, o chamado jargão ou<br />

juridiquês. Para Napoleão Mendes, por exemplo, vocabulário técnico não é o mesmo<br />

que jargão jurídico. O autor define da seguinte forma:<br />

O jargão é o conjunto de palavras próprias de uma profissão, mas que<br />

não constitui técnica. Ele é pedante, em geral arcaico, empolado e<br />

sem conteúdo: dizer "data vênia" é jargão; dizer "ingressar" em vez<br />

de "entrar" é jargão; dizer "nosocômio" em lugar de "hospital" é<br />

jargão; dizer que o fugitivo saiu em "desabalada carreira", ou que<br />

"claudica" em vez de "mancar", ou que "urge destacar a importância<br />

disto ou daquilo" é muito comum na seara jurídica, mas nada tem de<br />

técnico. Mero jargão.<br />

O autor acrescenta ainda mais um exemplo e comentários dizendo,<br />

[...] que o d. Juízo de V.Exa. omitiu-se acerca do que deveria se<br />

pronunciar, d.m.v., como se sustenta nas razões que se seguem:[...]<br />

O que será “d. Juízo de V.Exa”? Será que é uma homenagem à<br />

inteligência do juiz? Como disse Shakespeare – “Há mais coisas<br />

entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”. Ademais,<br />

ninguém sabe informar, de fato, o que seja “D.M.V.”. Por

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!