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Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

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194 Rev. bras. alerg. imu<strong>no</strong>patol. – Vol. 34. N° 5, 2011 <strong>Marca<strong>do</strong>res</strong> <strong>inflamatórios</strong> na <strong>asma</strong> - Costa E et al.<br />

(PFE) 1,2 . Essa avaliação e <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença ain<strong>da</strong><br />

não são completos, visto que não incluem medi<strong>da</strong>s diretas<br />

<strong>do</strong> processo inflamatório brônquico.<br />

A broncoscopia com lava<strong>do</strong> broncoalveolar e biópsia,<br />

considera<strong>da</strong> o padrão ouro para estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> inflamação <strong>da</strong>s<br />

vias aéreas inferiores, é méto<strong>do</strong> invasivo, de custo relativa-<br />

mente alto, sujeito a complicações e não aplicável de forma<br />

generaliza<strong>da</strong> na maioria <strong>do</strong>s asmáticos.<br />

Nos últimos 20 a<strong>no</strong>s, diversas técnicas pouco ou não<br />

invasivas vêm sen<strong>do</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s e desenvolvi<strong>da</strong>s para obten-<br />

ção de medi<strong>da</strong>s diretas <strong>do</strong> processo inflamatório <strong>da</strong> árvore<br />

brônquica na <strong>asma</strong>. O méto<strong>do</strong> ideal, na <strong>asma</strong>, seria o mais<br />

barato, me<strong>no</strong>s invasivo, tecnicamente mais simples de ser<br />

realiza<strong>do</strong> e com melhor reprodutibili<strong>da</strong>de e correlação com<br />

a inflamação brônquica 3 .<br />

Até o momento ain<strong>da</strong> não há definição <strong>do</strong> melhor méto<strong>do</strong>,<br />

ou conjunto de méto<strong>do</strong>s, para o <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> resposta<br />

ao tratamento <strong>da</strong> <strong>asma</strong> que tem, como alicerce, a terapêutica<br />

anti-inflamatória tópica. Por isso podemos afirmar que nas<br />

últimas déca<strong>da</strong>s melhoramos muito o tratamento <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença<br />

com o foco <strong>no</strong> <strong>controle</strong> <strong>da</strong> inflamação brônquica, entretanto<br />

ain<strong>da</strong> monitoramos a resposta a esse tratamento com pa-<br />

râmetros indiretos, e não com medi<strong>da</strong>s diretas de redução<br />

<strong>da</strong> inflamação na via aérea.<br />

Esta revisão teve por objetivo rever as evidências cientí-<br />

ficas recentes relaciona<strong>da</strong>s aos méto<strong>do</strong>s de <strong>monitoramento</strong><br />

<strong>da</strong> inflamação brônquica e a sua aplicabili<strong>da</strong>de <strong>no</strong> acompa-<br />

nhamento <strong>da</strong> resposta à terapia anti-inflamatória na <strong>asma</strong>.<br />

Méto<strong>do</strong><br />

Artigo de revisão basea<strong>do</strong> em busca bibliográfica <strong>no</strong> banco<br />

de <strong>da</strong><strong>do</strong>s PubMed entre 2001 e 2011 utilizan<strong>do</strong> os termos<br />

asthma, induced sputum, nitric oxide, breath condensate e<br />

biomarkers.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Foram seleciona<strong>do</strong>s artigos de revisão, metanálises,<br />

guias e artigos experimentais que continham informações<br />

recentes e relevantes e por trazerem <strong>no</strong>vas evidências com<br />

potencial de utilização na prática clínica. Também foram<br />

incluí<strong>do</strong>s artigos de conhecimento prévio <strong>do</strong> autor, publica-<br />

<strong>do</strong>s em perío<strong>do</strong> anterior ao <strong>da</strong> busca, porém necessários<br />

à contextualização histórica adequa<strong>da</strong> <strong>do</strong> assunto.<br />

Escarro induzi<strong>do</strong><br />

O advento <strong>da</strong> pandemia de Síndrome de Imu<strong>no</strong>deficiência<br />

Adquiri<strong>da</strong> (SIDA/AIDS) e as consequentes pneumopatias por<br />

agentes oportunistas reviveu um antigo méto<strong>do</strong> de obtenção<br />

de secreções <strong>da</strong>s vias aéreas, o escarro induzi<strong>do</strong> (EI). Este<br />

consiste na coleta de escarro obti<strong>do</strong> durante nebulização de<br />

solução salina <strong>no</strong>rmo ou hipertônica através de um nebuliza-<br />

<strong>do</strong>r ultrassônico 4 . O méto<strong>do</strong> permite o diagnóstico etiológico<br />

de certas infecções pulmonares como a pneumocistose e a<br />

tuberculose, e tem a vantagem de ser bem tolera<strong>do</strong> e de<br />

fácil realização <strong>no</strong> ambiente ambulatorial.<br />

No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990 esse méto<strong>do</strong> passou a<br />

ser emprega<strong>do</strong> na investigação <strong>da</strong> inflamação brônquica<br />

associa<strong>da</strong> à <strong>asma</strong>. Pin et al. 5 foram os primeiros a utili-<br />

zar a indução <strong>do</strong> escarro em asmáticos, obten<strong>do</strong> material<br />

adequa<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong> de células <strong>da</strong> árvore brônquica<br />

em 77% <strong>da</strong>s primeiras tentativas de coleta, aumentan<strong>do</strong><br />

esse índice para 84% após uma segun<strong>da</strong> indução. Dos<br />

17 asmáticos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, apenas um apresentou que<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

VEF 1 superior a 20% <strong>do</strong> valor inicial, as diferenças entre<br />

os percentuais de eosinófilos e mastócitos entre sadios e<br />

<strong>do</strong>entes foi semelhante a outros méto<strong>do</strong>s de investigação<br />

e a reprodutibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s contagens percentuais <strong>da</strong>s di-<br />

versas células foi satisfatória. Em estu<strong>do</strong> posterior, Pin et<br />

al. 6 utilizaram o escarro induzi<strong>do</strong> para estu<strong>da</strong>r os efeitos<br />

<strong>da</strong> broncoprovocação específica em pacientes com <strong>asma</strong>,<br />

e observaram aumento <strong>da</strong> contagem percentual de eosi-<br />

nófilos e mastócitos <strong>no</strong> escarro, aumento esse relaciona<strong>do</strong><br />

significativamente à redução <strong>da</strong> PC20 de histamina após a<br />

provocação, confirman<strong>do</strong>, pelo escarro induzi<strong>do</strong>, os acha<strong>do</strong>s<br />

de outros autores que utilizaram o lava<strong>do</strong> broncoalveolar<br />

(LBA) e a biópsia brônquica com o mesmo objetivo.<br />

A indução <strong>do</strong> escarro pode ser feita com inalação de<br />

solução salina fisiológica ou com salina hipertônica (2% a<br />

4%), o que aumenta a quanti<strong>da</strong>de de escarro produzi<strong>da</strong>.<br />

Geralmente é feita em três etapas de 5 a 7 minutos e, em<br />

geral, é bem tolera<strong>da</strong>. A coleta é simples e é fun<strong>da</strong>mental<br />

o acompanhamento clínico-funcional (VEF 1 ou PFE) durante<br />

o procedimento. Que<strong>da</strong> igual ou superior a 30% <strong>do</strong> VEF 1<br />

ou PFE, ou surgimento de sintomas intensos, indicam a<br />

suspensão <strong>do</strong> mesmo. Em <strong>no</strong>ssa experiência, metade <strong>do</strong>s<br />

pacientes com <strong>asma</strong> leve a modera<strong>da</strong> apresentou redução<br />

≤ 30% <strong>do</strong> VEF 1 , não sen<strong>do</strong> necessária a interrupção <strong>do</strong><br />

exame. Pacientes com <strong>asma</strong> grave podem não tolerar o<br />

procedimento até o final, mas mesmo assim costumam<br />

fornecer quanti<strong>da</strong>de suficiente de escarro para análise 7 .<br />

O processamento <strong>do</strong> material obti<strong>do</strong> requer pessoal<br />

treina<strong>do</strong> e instrumentos adequa<strong>do</strong>s (filtros para separação<br />

de células escamosas, centrífuga, citocentrífuga, e arma-<br />

zenamento <strong>do</strong> sobrena<strong>da</strong>nte em temperatura adequa<strong>da</strong>) e<br />

deve ser feito em até duas horas após a coleta. Acredita-<br />

mos que este tem si<strong>do</strong> o principal empecilho para o uso<br />

clínico rotineiro <strong>da</strong> técnica. Recentemente foram propostas<br />

formas mais simples e rápi<strong>da</strong>s de processamento <strong>do</strong> ma-<br />

terial para contagem <strong>do</strong> percentual de eosinófilos que, se<br />

devi<strong>da</strong>mente vali<strong>da</strong><strong>da</strong>s, poderão aumentar a utilização <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> na prática clínica 8 .<br />

Alguns estu<strong>do</strong>s foram publica<strong>do</strong>s comparan<strong>do</strong>, <strong>no</strong>s mes-<br />

mos pacientes, os resulta<strong>do</strong>s de contagens celulares obti<strong>da</strong>s<br />

pelo escarro induzi<strong>do</strong> com outros méto<strong>do</strong>s que dependem<br />

<strong>da</strong> broncoscopia para obtenção de material de vias aéreas<br />

inferiores (LBA e biópsia). Enquanto o escarro induzi<strong>do</strong> ob-<br />

tém material pre<strong>do</strong>minantemente de grandes e médias vias<br />

aéreas, o LBA obtém material de pequenas vias e alvéolos.<br />

Por conseguinte, nas amostras de escarro induzi<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>mi-<br />

nam macrófagos, neutrófilos e eosinófilos, enquanto <strong>no</strong> LBA<br />

pre<strong>do</strong>minam macrófagos. Apesar <strong>do</strong> escarro e o LBA também<br />

fornecerem material com linfócitos, a biópsia brônquica é o<br />

méto<strong>do</strong> mais adequa<strong>do</strong> para obtenção destas células.

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