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Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

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196 Rev. bras. alerg. imu<strong>no</strong>patol. – Vol. 34. N° 5, 2011<br />

(BTS) que, como outros consensos, utiliza parâmetros clíni-<br />

co-funcionais para isso. Os resulta<strong>do</strong>s demonstraram que a<br />

utilização <strong>do</strong> EI resultou em me<strong>no</strong>r número de exacerbações,<br />

principalmente as mais graves, sem diferença na <strong>do</strong>se total<br />

de CI utiliza<strong>da</strong>, sugerin<strong>do</strong> sua utili<strong>da</strong>de para o <strong>monitoramento</strong><br />

de asmáticos adultos, com história de exacerbações graves<br />

e inflamação eosi<strong>no</strong>fílica.<br />

Gagliar<strong>do</strong> et al. 19 avaliaram o percentual de eosinófilos<br />

e as concentrações de IL-8, metaloproteinase (MMP-9) e<br />

inibi<strong>do</strong>r tecidual de metaloproteinase (TIMP-1) <strong>no</strong> escarro<br />

induzi<strong>do</strong> como indica<strong>do</strong>res de gravi<strong>da</strong>de e de maior número<br />

de exacerbações em crianças asmáticas trata<strong>da</strong>s com asso-<br />

ciação CI e agente beta2 agonista de longa duração (LABA)<br />

durante um a<strong>no</strong>. Encontraram correlação positiva entre a<br />

quanti<strong>da</strong>de de eosinófilos e níveis de IL-8 com a frequência de<br />

exacerbações. Antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong> tratamento anti-inflamatório,<br />

mas não após, houve correlação entre MMP-9 e a gravi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> <strong>do</strong>ença e as concentrações de TIMP-1 foram me<strong>no</strong>res na<br />

<strong>asma</strong> modera<strong>da</strong> em comparação com <strong>asma</strong> leve.<br />

Em estu<strong>do</strong> piloto com adultos com <strong>asma</strong> leve, Chakir et<br />

al. 20 compararam o <strong>monitoramento</strong> <strong>do</strong> tratamento anti-in-<br />

flamatório usan<strong>do</strong> o EI com parâmetros clínico-funcionais.<br />

Após <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s de <strong>controle</strong> adequa<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença, realizaram<br />

biópsias brônquicas para avaliar a celulari<strong>da</strong>de e a expres-<br />

são de mucina 5A (MUC5A) e coláge<strong>no</strong>, como indica<strong>do</strong>res<br />

de remodelamento. No grupo monitora<strong>do</strong> pelo EI houve<br />

redução de eosinófilos e de MUC5A, mas não de neutrófilos,<br />

enquanto <strong>no</strong> grupo monitora<strong>do</strong> por parâmetros clínico-fun-<br />

cionais, houve redução de eosinófilos e neutrófilos, mas não<br />

de MUC5A. Não houve redução <strong>da</strong> deposição de coláge<strong>no</strong><br />

subepitelial e a <strong>do</strong>se média de CI utiliza<strong>da</strong> foi semelhante<br />

<strong>no</strong>s <strong>do</strong>is grupos.<br />

Na <strong>asma</strong> ocupacional, estu<strong>do</strong>s demonstraram aumento<br />

significativo de leucotrie<strong>no</strong> C4 (LTC4) e de eosinófilos <strong>no</strong> EI<br />

após broncoprovocação específica. Além disso, a eosi<strong>no</strong>filia<br />

superior a 2% demonstrou ter ótima correlação com a po-<br />

sitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> broncoprovocação 21 .<br />

Estu<strong>do</strong> interessante sugeriu recentemente que a con-<br />

centração de zinco <strong>no</strong> EI pode ser útil como marca<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

processo inflamatório na <strong>asma</strong>. Modelos de <strong>asma</strong> animal<br />

mostram correlação entre a redução <strong>do</strong> Zn e a inflamação<br />

<strong>da</strong> via aérea. Jayaram et al. 22 pesquisaram a concentração<br />

de Zn total e livre <strong>no</strong> EI em asmáticos e indivíduos sadios. A<br />

concentração <strong>do</strong> Zn <strong>no</strong> EI foi me<strong>no</strong>r <strong>no</strong>s asmáticos e correla-<br />

cio<strong>no</strong>u-se significativamente com a frequência de sintomas,<br />

VEF1 e hiperresponsivi<strong>da</strong>de brônquica.<br />

Uma <strong>no</strong>va possibili<strong>da</strong>de para o uso <strong>do</strong> EI diz respeito à<br />

comprovação <strong>da</strong> adesão <strong>do</strong> paciente ao uso <strong>do</strong> CI. O pro-<br />

pionato de fluticasona foi detecta<strong>do</strong> por espectrometria de<br />

massa <strong>no</strong> EI 16 e 24 horas após ter si<strong>do</strong> inala<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s<br />

os asmáticos testa<strong>do</strong>s 23 .<br />

Por abor<strong>da</strong>r de forma direta e não invasiva as áreas mais<br />

afeta<strong>da</strong>s pela <strong>asma</strong> (vias de médio e grosso calibre), ser<br />

seguro, reprodutível, capaz de identificar diferenças entre<br />

<strong>do</strong>enças e entre situações clínicas diversas em asmáticos,<br />

o EI tem se firma<strong>do</strong> como méto<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong> <strong>no</strong> monitora-<br />

mento <strong>da</strong> inflamação brônquica relaciona<strong>da</strong>. Além disso,<br />

permite <strong>do</strong>cumentar a modulação <strong>da</strong> ação anti-inflamatória<br />

de glicocorticoides de uso tópico ou sistêmico, principalmente<br />

em adultos. Além disso, é méto<strong>do</strong> muito útil e não invasi-<br />

vo para diferenciação <strong>do</strong>s fenótipos de <strong>asma</strong> eosi<strong>no</strong>fílica e<br />

neutrofílica.<br />

<strong>Marca<strong>do</strong>res</strong> <strong>inflamatórios</strong> na <strong>asma</strong> - Costa E et al.<br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> óxi<strong>do</strong> nítrico expira<strong>do</strong><br />

A partir de 1980 foram publica<strong>do</strong>s diversos estu<strong>do</strong>s de-<br />

monstran<strong>do</strong> a produção de óxi<strong>do</strong> nítrico (NO) por células de<br />

várias espécies de mamíferos. No final <strong>da</strong>quela déca<strong>da</strong>, com<br />

a identificação <strong>do</strong> NO como o responsável pela ativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

então chama<strong>do</strong> fator de relaxamento deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> en<strong>do</strong>télio<br />

(en<strong>do</strong>thelium-derived relaxing factor, EDRF) 24-26 , abriu-se<br />

vasto campo de pesquisas, que resultou <strong>no</strong> reconhecimento<br />

<strong>do</strong> NO como importante em diversos mecanismos fisiológicos<br />

vasculares, neurológicos e imunitários.<br />

Por ser uma molécula extremamente lábil, cuja meia-vi<strong>da</strong><br />

varia de 0,1 a 5 segun<strong>do</strong>s, de acor<strong>do</strong> com a sua concentração,<br />

o pH e com a presença de outras moléculas <strong>no</strong> meio, o NO<br />

possui ações diretas, de forma parácrina, em outras células,<br />

e vários efeitos indiretos, dependentes <strong>do</strong>s compostos dele<br />

deriva<strong>do</strong>s. Os compostos oxinitrogena<strong>do</strong>s de importância<br />

biológica são encontra<strong>do</strong>s em cinco esta<strong>do</strong>s de oxi<strong>da</strong>ção,<br />

representa<strong>do</strong>s por 13 moléculas diferentes, sen<strong>do</strong> de maior<br />

importância <strong>no</strong> aparelho respiratório o próprio radical NO,<br />

a me<strong>no</strong>r molécula com ativi<strong>da</strong>de biológica conheci<strong>da</strong> até<br />

o momento, e alguns de seus metabólitos como o nitrito<br />

(NO2 -), produto <strong>da</strong> reação <strong>do</strong> NO com oxigênio molecular<br />

(O2) em fase aquosa, nitrato (NO3 -), forma<strong>do</strong> em pH áci<strong>do</strong><br />

a partir <strong>do</strong> nitrito, peroxinitrito (ONOO -) e áci<strong>do</strong> peroxinitroso<br />

(OONOH), forma<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong> reação com o radical<br />

superóxi<strong>do</strong> (O2 -). Em meio aquoso, o nitrito é estável<br />

por várias horas, entretanto <strong>no</strong> sangue ele é rapi<strong>da</strong>mente<br />

transforma<strong>do</strong> em nitrato. Desta forma a concentração basal<br />

de nitrito <strong>no</strong> sangue é muito baixa, enquanto a de nitrato é<br />

cerca de 100 vezes maior.<br />

Pela ativação <strong>da</strong> guanilciclase, o NO aumenta os níveis<br />

intracelulares de guanidina-mo<strong>no</strong>fostafo cíclico (GMP cíclico),<br />

causan<strong>do</strong> redução de cálcio intracelular. Tal fenôme<strong>no</strong><br />

é responsável por relaxamento de células musculares lisas<br />

tanto <strong>no</strong> sistema vascular como em outros teci<strong>do</strong>s (músculo<br />

liso uteri<strong>no</strong> e intestinal). Além disso responde também pela<br />

inibição de aderência e agregação plaquetária e inibição <strong>da</strong><br />

quimiotaxia de neutrófilos, transdução de sinais na neurotransmissão<br />

(central e periférica), estan<strong>do</strong> aí incluí<strong>da</strong> a<br />

broncodilatação media<strong>da</strong> por fibras NANC27-30 .<br />

Outros efeitos descritos <strong>do</strong> NO, independentes <strong>da</strong> ativação<br />

de guanilciclase, são a ativação <strong>da</strong> cicloxigenase em<br />

macrófagos, inibição <strong>da</strong> síntese proteica por hepatócitos,<br />

citotoxici<strong>da</strong>de por inibição de enzimas mitocondriais <strong>do</strong> Ciclo<br />

de Krebs, e inibição <strong>da</strong> síntese de áci<strong>do</strong> desoxirribonucleico<br />

(DNA) por inibição <strong>da</strong> ribonucleotídeo-redutase, sen<strong>do</strong> os<br />

<strong>do</strong>is últimos as prováveis bases <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de inibitória de<br />

macrófagos sobre células tumorais29,31 .<br />

O peroxinitrito é um potente agente oxi<strong>da</strong>nte, pois gera<br />

radicais hidroxila (OH), e atua como importante efetor em<br />

mecanismos de destruição de microrganismos patogênicos<br />

por macrófagos e neutrófilos. Possivelmente também estimule<br />

a produção de muco na árvore brônquica e, se produzi<strong>do</strong> em

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