15.05.2013 Views

Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

198 Rev. bras. alerg. imu<strong>no</strong>patol. – Vol. 34. N° 5, 2011<br />

eosi<strong>no</strong>fílica, enquanto a melhora <strong>do</strong> VEF 1 foi mais tardia,<br />

alcançan<strong>do</strong> significância estatística apenas aos 90 dias de<br />

tratamento 7 .<br />

Em crianças, o ajuste de <strong>do</strong>ses basea<strong>do</strong> nas medi<strong>da</strong>s<br />

<strong>do</strong> FeNO resultou em melhora mais intensa <strong>da</strong> hiperres-<br />

ponsivi<strong>da</strong>de brônquica se compara<strong>do</strong> ao ajuste basea<strong>do</strong> em<br />

sintomas, além de ser útil para prever falha na tentativa de<br />

redução <strong>da</strong> <strong>do</strong>se de CI em crianças com sintomas controla<strong>do</strong>s,<br />

assim como mostrou-se um preditor de recorrência <strong>da</strong> <strong>asma</strong><br />

após suspensão <strong>do</strong> CI 16,40 . Revisão sistemática que incluiu<br />

quatro estu<strong>do</strong>s (total de 324 adultos e crianças) mostrou<br />

que o ajuste de <strong>do</strong>ses basea<strong>do</strong> <strong>no</strong> FeNO resultou em uso de<br />

me<strong>no</strong>res <strong>do</strong>ses totais de CI em comparação com o ajuste<br />

basea<strong>do</strong> em parâmetros clínico-funcionais de acor<strong>do</strong> com<br />

guias internacionais de manejo <strong>da</strong> <strong>asma</strong>, para um mesmo<br />

nível de <strong>controle</strong> atingi<strong>do</strong>, apenas <strong>no</strong>s adultos 41 .<br />

Já ensaio clínico multicêntrico, duplo-cego e controla<strong>do</strong><br />

por placebo, realiza<strong>do</strong> em 10 centros diferentes com 546<br />

participantes com i<strong>da</strong>des entre 12 e 20 a<strong>no</strong>s, ao comparar<br />

o acompanhamento <strong>da</strong> <strong>asma</strong> de acor<strong>do</strong> com as diretrizes<br />

<strong>do</strong> NAEPP (National Asthma Education and Prevention Pro-<br />

gram 2007) com ou sem a utilização <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de FeNO<br />

encontrou uso de <strong>do</strong>ses mais eleva<strong>da</strong>s de CI <strong>no</strong> grupo que<br />

usou o FeNO, sem redução <strong>do</strong> número de dias com sintomas<br />

e sem diferença em parâmetros funcionais em comparação<br />

ao grupo <strong>controle</strong> 42 . Esta discrepância de resulta<strong>do</strong>s pode<br />

ser, ao me<strong>no</strong>s em parte, consequência <strong>do</strong>s diferentes pontos<br />

de corte utiliza<strong>do</strong>s para medi<strong>da</strong>s de FeNO <strong>no</strong>s <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s<br />

cita<strong>do</strong>s (15-35 ppb 18 e 20-40 ppb 42 ), assim como de dife-<br />

renças na classificação de frequência de sintomas (p.ex. a<br />

utiliza<strong>da</strong> <strong>no</strong> segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, incluía na classe mais leve de<br />

frequência pacientes com zero até três dias de sintomas,<br />

to<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> a mesma <strong>do</strong>se de CI.<br />

Foram propostos valores <strong>no</strong>rmais de FeNO por diferentes<br />

autores. De forma geral podem ser considera<strong>do</strong>s <strong>no</strong>rmais<br />

níveis de 5 a 25 ppb em adultos e 5 a 20 ppb em crianças.<br />

Níveis inferiores a 5 ppb em adultos correlacionam-se com<br />

tabagismo (por redução <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e produção de NO por<br />

macrófagos pulmonares) e em crianças podem ser encon-<br />

tra<strong>do</strong>s na discinesia ciliar, fibrose cística e <strong>do</strong>ença pulmonar<br />

crônica associa<strong>da</strong> à prematuri<strong>da</strong>de. Em asmáticos, níveis<br />

aumenta<strong>do</strong>s de FeNO indicam presença de inflamação eosi-<br />

<strong>no</strong>fílica, poden<strong>do</strong> representar per<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>controle</strong> <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença<br />

mesmo antes <strong>do</strong> surgimento ou agravamento de sintomas.<br />

Níveis muito altos, acima de 50 ppb, representam processo<br />

inflamatório brônquico eosi<strong>no</strong>fílico de grande intensi<strong>da</strong>de<br />

e são preditores de boa resposta terapêutica a corticote-<br />

rapia 38,43 .<br />

Os diferentes valores propostos como <strong>no</strong>rmais para<br />

adultos foram compara<strong>do</strong>s aos melhores valores obti<strong>do</strong>s<br />

após corticoterapia sistêmica (prednisona 30 mg/dia por 14<br />

dias) em 73 asmáticos. A média <strong>da</strong>s melhores medi<strong>da</strong>s de<br />

FeNO atingi<strong>da</strong>s após o tratamento foi 17,7 ppb, enquanto<br />

que a média <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s em situação de per<strong>da</strong> de <strong>controle</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>asma</strong> foi 27,6 ppb 44 .<br />

Na população geral o aumento <strong>do</strong> FeNO não é útil para<br />

diagnóstico de <strong>asma</strong>, pois aumenta em vários processos<br />

<strong>inflamatórios</strong> <strong>da</strong>s vias aéreas, como infecções agu<strong>da</strong>s ou<br />

crônicas, além de ser influencia<strong>do</strong> pela ingestão de aditivos<br />

(nitritos e nitratos). Entretanto, em pacientes com história<br />

sugestiva de <strong>asma</strong>, o FeNO pode ser útil para confirmação<br />

diagnóstica, principalmente em crianças me<strong>no</strong>res, que não<br />

conseguem realizar a espirometria 45 , ou em crianças maiores<br />

e adultos, onde a espirometria não foi conclusiva. Na presença<br />

de história clínica, níveis superiores a 76 ppb são suficientes<br />

para o diagnósticos de <strong>asma</strong>, enquanto níveis entre 46 e 75<br />

ppb são fortemente sugestivos e valores abaixo de 16 ppb<br />

afastam o diagnóstico de <strong>asma</strong> 46 .<br />

Na <strong>asma</strong> pediátrica o FeNO tem se mostra<strong>do</strong> ferra-<br />

menta prática para auxiliar o diagnóstico assim como para<br />

identificar as crianças que se beneficiarão de corticoterapia<br />

inalatória, além de ser útil para monitorar a redução de <strong>do</strong>se<br />

<strong>da</strong> mesma 16 .<br />

<strong>Marca<strong>do</strong>res</strong> <strong>inflamatórios</strong> na <strong>asma</strong> - Costa E et al.<br />

Gagliar<strong>do</strong> et al. 19 , acompanhan<strong>do</strong> crianças asmáticas<br />

por um a<strong>no</strong>, observaram correlação direta entre FeNO e<br />

número de exacerbações e demonstraram que a medi<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong> FeNO foi capaz de separar aquelas com maior risco de<br />

apresentar duas ou mais exacerbações (FeNO > 20 ppb) <strong>da</strong>s<br />

que tiveram apenas uma ou nenhuma exacerbação (FeNO<br />

< 20 ppb) durante o estu<strong>do</strong>. Desta forma, o acompanhamento<br />

<strong>da</strong> <strong>asma</strong> infantil com FeNO pode ser útil indican<strong>do</strong> a<br />

maximização de <strong>do</strong>ses de medicação visan<strong>do</strong> a redução de<br />

risco de exacerbações.<br />

A medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> FeNO também parece ser útil <strong>no</strong> diagnóstico<br />

diferencial <strong>do</strong> broncoespasmo induzi<strong>do</strong> pelo exercício (BIE)<br />

em crianças e também <strong>no</strong> diagnóstico diferencial <strong>da</strong> tosse em<br />

adultos. Malmberg et al. 47 compararam crianças sibilantes com<br />

i<strong>da</strong>des entre 3 e 7 a<strong>no</strong>s com e sem broncoespasmo induzi<strong>do</strong><br />

por exercício (BIE) e observaram que o FeNO era maior nas<br />

crianças com BIE. Níveis superiores a 28 ppb tiveram valor<br />

preditivo positivo para BIE maior <strong>do</strong> que 90%.<br />

O FeNO também foi avalia<strong>do</strong> como ferramenta <strong>no</strong> diagnóstico<br />

de tosse crônica em 540 adultos jovens48 . Foram<br />

encontra<strong>do</strong>s níveis muito eleva<strong>do</strong>s (média = 86 ppb) <strong>no</strong>s<br />

casos de tosse cujo diagnóstico confirma<strong>do</strong> foi de <strong>asma</strong>, níveis<br />

modera<strong>do</strong>s (média = 37 ppb) <strong>no</strong>s casos de ri<strong>no</strong>ssinusite e<br />

níveis <strong>no</strong>rmais <strong>no</strong>s casos de tosse associa<strong>da</strong> a <strong>do</strong>ença <strong>do</strong> refluxo<br />

gastro-esofágico (DRGE), semelhantes aos <strong>do</strong>s <strong>controle</strong>s<br />

sadios (médias = 14,7 ppb e 12 ppb, respectivamente).<br />

O FeNO não tem boa correlação com a inflamação neutrofílica<br />

de vias aéreas, não sen<strong>do</strong> tão útil como marca<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

processo inflamatório <strong>no</strong>s fenótipos de <strong>asma</strong> grave neutrofílica.<br />

Estu<strong>do</strong> recente mostrou, em adultos com <strong>asma</strong> grave<br />

refratária, que o FeNO foi maior (média de 43 ppb) <strong>do</strong> que<br />

na <strong>asma</strong> modera<strong>da</strong> (média de 25 ppb). A correlação dessas<br />

medi<strong>da</strong>s foi inversamente proporcional a infiltração neutrofílica<br />

<strong>no</strong> escarro, confirman<strong>do</strong> acha<strong>do</strong>s anteriores quanto a pouca<br />

utili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> FeNO <strong>no</strong>s fenótipos de <strong>asma</strong> neutrofílica49 .<br />

Na <strong>asma</strong> ocupacional, medi<strong>da</strong>s de afastamento <strong>do</strong> agente<br />

ocupacional envolvi<strong>do</strong> levam a redução <strong>do</strong> FeNO, porém sua<br />

medi<strong>da</strong> após broncoprovocação específica, com o alérge<strong>no</strong><br />

ocupacional, mostrou correlação variável17 .<br />

As observações de que os níveis <strong>do</strong> FeNO estão aumenta<strong>do</strong>s<br />

<strong>no</strong>s asmáticos, diminuí<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s pacientes que recebem<br />

CI e correlaciona<strong>do</strong>s significativamente com o número de<br />

eosinófilos <strong>no</strong> EI sustentam a associação direta entre FeNO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!