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Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

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<strong>Marca<strong>do</strong>res</strong> <strong>inflamatórios</strong> na <strong>asma</strong> - Costa E et al.<br />

grande quanti<strong>da</strong>de, pode causar lesão celular e tecidual <strong>no</strong>s<br />

processos <strong>inflamatórios</strong> crônicos através <strong>da</strong> peroxi<strong>da</strong>ção de<br />

lipídeos e nitrosilação de proteínas.<br />

O NO é produzi<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong> ação de três isoformas<br />

conheci<strong>da</strong>s de enzimas (NOS 1 e 3 – constitutivas e NOS2<br />

- induzível) que catalisam a conversão de L-arginina em L-<br />

citrulina pela oxi<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> nitrogênio guanidínico <strong>da</strong> primeira.<br />

As duas formas constitutivas são estimula<strong>da</strong>s por bradici-<br />

nina, acetilcolina, histamina, leucotrie<strong>no</strong>s e fator ativa<strong>do</strong>r<br />

de plaquetas (PAF). São inibi<strong>da</strong>s por diversos compostos<br />

que competem com a L-arginina como substrato <strong>da</strong> enzima<br />

(NG-nitro-L-arginina metilester– L-NAME, NG-mo<strong>no</strong>metil-L-<br />

arginina– L-NMMA, NG-nitro-L-arginina– L-NNA e NG-ami<strong>no</strong>-L-<br />

arginina– L-NAA), e expressas constitucionalmente em várias<br />

células, como fibras nervosas (NOS 1a), células en<strong>do</strong>teliais<br />

(NOS 1b e NOS 3) e neutrófilos (NOS 1c), e essa produção<br />

basal de NO é importante <strong>no</strong> <strong>controle</strong> <strong>do</strong> tônus vascular sis-<br />

têmico e pulmonar, assim como na transmissão <strong>do</strong> impulso<br />

em neurônios centrais e periféricos.<br />

A forma induzível <strong>da</strong> enzima (NOS 2) produz quanti<strong>da</strong>des<br />

muitas vezes maiores de NO que as formas constitutivas e<br />

sua expressão já foi identifica<strong>da</strong> em macrófagos, linfócitos,<br />

neutrófilos, eosinófilos, hepatócitos, células en<strong>do</strong>teliais,<br />

mastócitos, histiócitos e fibroblastos. A expressão <strong>da</strong> NOS 2<br />

é estimula<strong>da</strong> por IFNγ, lipopolissacarídeo (LPS) bacteria<strong>no</strong>,<br />

TNFα, IL-1 e outras IL, e inibi<strong>da</strong> por IL-10, glicocorticoides<br />

e ami<strong>no</strong>guanidina.<br />

O NO e seus deriva<strong>do</strong>s não só participam em mecanismos<br />

fisiológicos, como também exercem efeitos deletérios quan<strong>do</strong><br />

em quanti<strong>da</strong>des acima <strong>da</strong>s fisiológicas ou em condições de<br />

alteração <strong>do</strong> pH ou <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s de oxi<strong>da</strong>ção, como ocorre em<br />

processos <strong>inflamatórios</strong>, causan<strong>do</strong> toxici<strong>da</strong>de para células <strong>do</strong><br />

epitélio brônquico, vasodilatação, edema <strong>da</strong> parede brônquica,<br />

além de disfunção mucociliar. Além disso, o nitrito aumenta<br />

a permeabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> epitélio brônquico, ao contribuir para a<br />

ruptura <strong>da</strong>s tight junctions, e aumenta a produção de TNFα,<br />

IL-8 e GM-CSF pelo próprio epitélio.<br />

Os estu<strong>do</strong>s iniciais sobre o NO na <strong>asma</strong> avaliaram sua<br />

utilização como potencial agente terapêutico por seus efeitos<br />

sobre o tônus brônquico em asmáticos. O NO administra<strong>do</strong><br />

por via inalatória em <strong>do</strong>ses de 80 a 100 ppm tem efeito<br />

broncodilata<strong>do</strong>r discreto, me<strong>no</strong>r que o <strong>do</strong>s agonistas beta-<br />

adrenérgicos, e que parece ser maior ou mais evidente em<br />

grandes vias aéreas e em asmáticos mais leves. Os ensaios<br />

terapêuticos com NO inala<strong>do</strong> em seres huma<strong>no</strong>s não tiveram<br />

sucesso, a exceção <strong>do</strong> seu uso na hipertensão pulmonar <strong>do</strong><br />

recém-nato. Sua utilização em altas <strong>do</strong>ses está associa<strong>da</strong><br />

à ocorrência de edema pulmonar e metahemoglobinemia.<br />

Setenta a 80% <strong>do</strong> NO inala<strong>do</strong> são transforma<strong>do</strong>s em nitrato,<br />

e parte dele se transforma em nitrito, que sistemicamente<br />

pode contribuir para toxici<strong>da</strong>de neural e carci<strong>no</strong>gênese 32,33 .<br />

Por isso sua aplicabili<strong>da</strong>de como agente terapêutico na <strong>asma</strong><br />

foi logo descarta<strong>da</strong>.<br />

Na vira<strong>da</strong> <strong>do</strong> século XX para XXI, a pesquisa científica<br />

direcio<strong>no</strong>u-se na sua produção aumenta<strong>da</strong> como reflexo <strong>do</strong><br />

processo inflamatório <strong>da</strong> <strong>asma</strong>. Isso ocorreu quer de forma<br />

direta, pela medi<strong>da</strong> de NO em ar expira<strong>do</strong>, quer de forma<br />

indireta, pela detecção <strong>do</strong> aumento de expressão de NOS 2<br />

Rev. bras. alerg. imu<strong>no</strong>patol. – Vol. 34. N° 5, 2011 197<br />

em material pulmonar, ou ain<strong>da</strong> pela medi<strong>da</strong> de deriva<strong>do</strong>s<br />

mais estáveis <strong>do</strong> NO como nitrito e nitrato <strong>no</strong> LBA ou <strong>no</strong><br />

escarro induzi<strong>do</strong>.<br />

A <strong>do</strong>sagem <strong>do</strong> NO expira<strong>do</strong> baseia-se na medi<strong>da</strong> de<br />

quimioluminescência resultante <strong>da</strong> emissão de fótons após<br />

transformação de NO + NO 3 em NO 2 + O 2 . O primeiro apare-<br />

lho produzi<strong>do</strong> para tal fim foi o NIOX. Posteriormente, foram<br />

lança<strong>do</strong>s modelos portáteis (NIOX Mi<strong>no</strong> ® e NOBreath ® ). As<br />

medi<strong>da</strong>s são realiza<strong>da</strong>s em ar ambiente durante expiração<br />

contra resistência pré-defini<strong>da</strong> pelo aparelho, o que produz<br />

um platô de fluxo expiratório (50 L/min) e mantém o palato<br />

mole eleva<strong>do</strong>, impedin<strong>do</strong> a contaminação pelo ar <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>de<br />

nasal. Estas medi<strong>da</strong>s são de<strong>no</strong>mina<strong>da</strong>s de fração exala<strong>da</strong><br />

de NO (FeNO).<br />

Em um <strong>do</strong>s primeiros e mais amplos estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s<br />

sobre o assunto 34 , o FeNO foi medi<strong>do</strong> em indivíduos sadios,<br />

em pacientes com <strong>asma</strong> leve sem uso de medicação ou<br />

usan<strong>do</strong> apenas beta-agonistas e em asmáticos utilizan<strong>do</strong><br />

dipropionato de beclometasona (DPB) regularmente. O NO<br />

expira<strong>do</strong> foi claramente maior <strong>no</strong> grupo de asmáticos que<br />

não utilizavam glicocorticoide, apesar de terem formas me<strong>no</strong>s<br />

graves <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença, enquanto que foi semelhante <strong>no</strong>s outros<br />

<strong>do</strong>is grupos. Outro estu<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> naquele mesmo a<strong>no</strong><br />

também demonstrou aumento <strong>do</strong> NO expira<strong>do</strong> em asmáti-<br />

cos quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s a indivíduos sadios e fumantes 35 .<br />

A redução <strong>do</strong> FeNO em fumantes provavelmente deve-se a<br />

diminuição <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de macrófagos na via aérea induzi<strong>da</strong><br />

pelo tabaco.<br />

Nelson et al. 36 também demonstraram aumento <strong>do</strong> FeNO<br />

em crianças asmáticas compara<strong>da</strong>s a sadias. Além disso,<br />

observaram que o tratamento com glicocorticoide sistêmico<br />

reduziu o NO expira<strong>do</strong> para níveis ain<strong>da</strong> superiores aos en-<br />

contra<strong>do</strong>s nas crianças sadias, apesar <strong>da</strong> resolução total <strong>da</strong><br />

obstrução brônquica medi<strong>da</strong> pela relação VEF 1 /CVF, sugerin<strong>do</strong><br />

que a medi<strong>da</strong> de FeNO seja mais sensível que aquele índice<br />

de obstrução brônquica como parâmetro de inflamação.<br />

De acor<strong>do</strong> com essa observação, foi demonstra<strong>do</strong> que a<br />

medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> FeNO em crianças asmáticas com i<strong>da</strong>des entre 6<br />

e 17 a<strong>no</strong>s, correlacio<strong>no</strong>u-se de forma mais significativa com<br />

parâmetros <strong>inflamatórios</strong>, como eosi<strong>no</strong>filia periférica, IgE<br />

sérica e níveis séricos de ECP <strong>do</strong> que com VEF 1 e a relação<br />

VEF 1 /CVF 37 .<br />

Os níveis de FeNO parecem correlacionar-se com a<br />

hiperresponsivi<strong>da</strong>de brônquica à metacolina em asmáticos<br />

atópicos e virgens de corticoterapia. Essa correlação não está<br />

tão bem defini<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> se utiliza outros agentes bronco-<br />

constrictores, como histamina, e se torna mais complexa em<br />

pacientes usan<strong>do</strong> CI 38 .<br />

Na avaliação <strong>da</strong> resposta à corticoterapia na <strong>asma</strong>, o<br />

FeNO responde de forma mais intensa que o VEF 1 para <strong>do</strong>ses<br />

me<strong>no</strong>res de corticosteroide inala<strong>do</strong> (CI) assim como também<br />

parece reduzir de forma mais rápi<strong>da</strong> que a eosi<strong>no</strong>filia <strong>no</strong><br />

escarro. Após a retira<strong>da</strong> <strong>do</strong> CI há rebote com aumento <strong>do</strong><br />

FeNO em uma a duas semanas 38,39 .<br />

Usan<strong>do</strong> coloração por imu<strong>no</strong>citoquímica para a NOS 2<br />

em células <strong>da</strong> árvore brônquica obti<strong>da</strong>s por escarro induzi<strong>do</strong>,<br />

observamos a redução <strong>da</strong> expressão <strong>da</strong> enzima na avaliação<br />

após 30 dias de tratamento, junto à redução <strong>da</strong> inflamação

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