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Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

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200 Rev. bras. alerg. imu<strong>no</strong>patol. – Vol. 34. N° 5, 2011<br />

peratura <strong>do</strong> ar expira<strong>do</strong> (TAE) como marca<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo<br />

inflamatório na <strong>asma</strong>.<br />

Em estu<strong>do</strong> em adultos com <strong>asma</strong> e <strong>controle</strong>s, a variação<br />

de TAE foi maior <strong>no</strong>s asmáticos em comparação aos contro-<br />

les sadios 55 . O mesmo grupo de pesquisa<strong>do</strong>res encontrou<br />

correlação positiva dela com o fluxo sanguíneo brônquico<br />

e com medi<strong>da</strong>s de FeNO em asmáticos e a temperatura foi<br />

igualmente <strong>no</strong>rmaliza<strong>da</strong> com uso de budesoni<strong>da</strong> inala<strong>da</strong> 56 .<br />

Também foi relata<strong>da</strong> correlação positiva <strong>da</strong> TAE com MMP-9<br />

<strong>no</strong> escarro induzi<strong>do</strong>, o que sugere potencial correlação deste<br />

biomarca<strong>do</strong>r com alterações relaciona<strong>da</strong>s ao remodelamento<br />

brônquico na <strong>asma</strong> 57 .<br />

Em crianças, foi demonstra<strong>do</strong> o aumento de TAE após<br />

exacerbações associa<strong>da</strong>s a infecção viral 58 e em estu<strong>do</strong> pi-<br />

loto realiza<strong>do</strong> <strong>no</strong> Brasil, Melo et al. 59 , encontraram redução<br />

média de 1 o C na temperatura <strong>do</strong> ar expira<strong>do</strong> em asmáticos<br />

após 6 semanas de tratamento com corticosteroide inala<strong>do</strong>,<br />

associa<strong>do</strong> ou não a corticosteroide sistêmico <strong>no</strong>s primeiros<br />

dias, sugerin<strong>do</strong> seu potencial uso na avaliação <strong>da</strong> resposta<br />

ao tratamento anti-inflamatório.<br />

Medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> gás carbônico <strong>no</strong> ar expira<strong>do</strong><br />

O gás carbônico (CO 2 ) está presente <strong>no</strong>rmalmente<br />

<strong>no</strong> ar expira<strong>do</strong> e também foi investiga<strong>do</strong> como marca<strong>do</strong>r<br />

inflamatório <strong>da</strong> via aérea. Metanálise recente, que incluiu<br />

18 estu<strong>do</strong>s, observou aumento significativo <strong>do</strong> CO 2 expi-<br />

ra<strong>do</strong> em asmáticos versus <strong>controle</strong>s sadios, porém sua<br />

medi<strong>da</strong> não distinguiu asmáticos com ou sem uso de CI<br />

e nem controla<strong>do</strong>s versus não controla<strong>do</strong>s 60 . Tais <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

sugerem pouco potencial de utilização deste parâmetro <strong>no</strong><br />

acompanhamento <strong>da</strong> <strong>asma</strong>.<br />

Conclusões<br />

Os méto<strong>do</strong>s não invasivos de <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> inflama-<br />

ção na <strong>asma</strong> continuam sen<strong>do</strong> amplamente investiga<strong>do</strong>s em<br />

diferentes situações e <strong>no</strong>vos méto<strong>do</strong>s vêm surgin<strong>do</strong>, como<br />

potenciais candi<strong>da</strong>tos ao uso na prática clínica.<br />

O escarro induzi<strong>do</strong> abor<strong>da</strong> de forma direta e não invasiva<br />

as áreas mais afeta<strong>da</strong>s na <strong>asma</strong>, é relativamente seguro,<br />

reprodutível e tem se firma<strong>do</strong> como um méto<strong>do</strong> bastante<br />

adequa<strong>do</strong> para diferenciação <strong>do</strong>s fenótipos de <strong>asma</strong> eosi<strong>no</strong>fílica<br />

e neutrofílica, assim como para investigação repeti<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> inflamação brônquica relaciona<strong>da</strong> à <strong>asma</strong>, incluin<strong>do</strong><br />

a sua modulação por glicocorticoides inala<strong>do</strong>s. Aspectos<br />

meto<strong>do</strong>lógicos <strong>do</strong> processamento <strong>do</strong> material obti<strong>do</strong> ain<strong>da</strong><br />

impedem sua utilização ampla na prática clínica, mas tem<br />

si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> rotineiramente em centros universitários <strong>no</strong> Brasil<br />

e <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

As medi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> FeNO têm excelente reprodutibili<strong>da</strong>de<br />

e correlação com a inflamação eosi<strong>no</strong>fílica em grandes<br />

vias aéreas, além disso é um bom preditor de resposta ao<br />

corticosteroide inala<strong>do</strong> e identifica precocemente as exacerbações<br />

<strong>da</strong> <strong>asma</strong>. A utilização de aparelhos portáteis,<br />

devi<strong>do</strong> a sua pratici<strong>da</strong>de, vem ganhan<strong>do</strong> progressivamente<br />

mais espaço como ferramenta útil ao acompanhamento <strong>da</strong><br />

<strong>asma</strong> pediátrica <strong>no</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Europa. Na <strong>asma</strong> em<br />

adultos, mostra utili<strong>da</strong>de <strong>no</strong> fenótipo de <strong>asma</strong> eosi<strong>no</strong>fílica,<br />

<strong>Marca<strong>do</strong>res</strong> <strong>inflamatórios</strong> na <strong>asma</strong> - Costa E et al.<br />

porém ain<strong>da</strong> necessita de mais estu<strong>do</strong>s para ter seu papel<br />

devi<strong>da</strong>mente estabeleci<strong>do</strong>.<br />

O EBC tem grande potencial, pois a coleta é feita durante<br />

respiração espontânea em volume corrente, é fácil, rápi<strong>da</strong> e<br />

segura, inclusive em crianças e pacientes graves. Pode ser<br />

particularmente útil também como méto<strong>do</strong> para utilização em<br />

medicina geral e preventiva, sinalizan<strong>do</strong> de forma simples e<br />

rápi<strong>da</strong>, a presença de inflamação na via aérea em diversas<br />

condições. Entretanto, ain<strong>da</strong> carece de padronização para<br />

coleta e para análise de várias substâncias.<br />

Outros parâmetros, como temperatura <strong>do</strong> ar expira<strong>do</strong>, têm<br />

si<strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>s como marca<strong>do</strong>res <strong>da</strong> inflamação <strong>da</strong> <strong>asma</strong>,<br />

porém ain<strong>da</strong> necessitam melhor e maior avaliação quanto a<br />

sua potencial utili<strong>da</strong>de <strong>no</strong> <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> <strong>asma</strong>.<br />

Os estu<strong>do</strong>s mais recentes apontam para a utilização<br />

combina<strong>da</strong> e complementar destes diferentes méto<strong>do</strong>s e,<br />

provavelmente, em futuro mais ou me<strong>no</strong>s próximo, a avaliação<br />

<strong>da</strong> gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> inflamação brônquica e a avaliação<br />

<strong>da</strong> resposta ao tratamento anti-inflamatório <strong>da</strong> <strong>asma</strong> serão<br />

realiza<strong>da</strong>s por um conjunto destes parâmetros, alia<strong>do</strong>s<br />

aos parâmetros clínicos e funcionais já disponíveis, o que<br />

aumentará muito a eficiência <strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong>de,<br />

<strong>da</strong> resposta ao tratamento e, consequentemente, <strong>do</strong> nível<br />

de <strong>controle</strong> <strong>da</strong> <strong>asma</strong>. Questões relaciona<strong>da</strong>s à relação<br />

custo-efetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s descritos ain<strong>da</strong> necessitam<br />

serem estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

Referências<br />

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