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Marcadores inflamatórios no monitoramento do controle da asma

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<strong>Marca<strong>do</strong>res</strong> <strong>inflamatórios</strong> na <strong>asma</strong> - Costa E et al.<br />

Comparan<strong>do</strong> amostras de escarro de asmáticos obti<strong>da</strong>s<br />

por expectoração espontânea e por indução com salina<br />

hipertônica, Pizzichini et al. 9 observaram que as contagens<br />

celulares (absoluta e percentual de células inflamatórias)<br />

assim como as medi<strong>da</strong>s de triptase e de proteína catiônica<br />

eosi<strong>no</strong>fílica (ECP) não foram diferentes com os <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s,<br />

sugerin<strong>do</strong> que a solução hipertônica nebuliza<strong>da</strong> não causa<br />

alteração na proporção de células inflamatórias e nem ativação<br />

de mastócitos e eosinófilos suficiente para gerar alterações<br />

naqueles índices bioquímicos medi<strong>do</strong>s. Neste mesmo estu<strong>do</strong><br />

observaram que as amostras de EI apresentavam maior<br />

viabili<strong>da</strong>de celular e me<strong>no</strong>r contaminação salivar, além de<br />

proporcionarem citocentrifuga<strong>do</strong>s de melhor quali<strong>da</strong>de para<br />

estu<strong>do</strong>.<br />

Uma característica indispensável para qualquer méto<strong>do</strong><br />

de investigação é a reprodutibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s por ele<br />

obti<strong>da</strong>s para as mesmas condições de observação. A ha-<br />

bili<strong>da</strong>de em detectar diferenças entre grupos distintos de<br />

<strong>do</strong>enças e ain<strong>da</strong> entre subgrupos <strong>da</strong> mesma <strong>do</strong>ença são<br />

fatores que aumentam a utili<strong>da</strong>de e confirmam a vali<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> em questão.<br />

Pizzichini et al. 10 realizaram duas coletas de EI <strong>no</strong> intervalo<br />

de seis dias em asmáticos estáveis (metade deles sintomá-<br />

ticos), <strong>controle</strong>s sadios e fumantes com bronquite não obs-<br />

trutiva. Além <strong>da</strong> grande viabili<strong>da</strong>de celular obti<strong>da</strong> (média de<br />

83%) e <strong>da</strong> baixa contaminação salivar (percentual médio de<br />

células escamosas = 1,2%), obtiveram ótima reprodutibili<strong>da</strong>de<br />

para as contagens percentuais de eosinófilos, neutrófilos,<br />

macrófagos e mastócitos, e também para as <strong>do</strong>sagens de<br />

ECP, proteína básica principal (MBP), neurotoxina deriva<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong> eosinófilo (EDN), albumina e fibri<strong>no</strong>gênio. As contagens<br />

de número total de células e de percentual de linfócitos não<br />

foram reprodutíveis, possivelmente pela grande variabili<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> número total de células em porções distintas de escarro<br />

seleciona<strong>do</strong> para processamento e pela dificul<strong>da</strong>de relata<strong>da</strong><br />

pelos próprios pesquisa<strong>do</strong>res em identificar com precisão<br />

os linfócitos. Concluem eles que o méto<strong>do</strong> foi eficaz em<br />

demonstrar diferenças significativas entre condições clínicas<br />

distintas (sadios, asmáticos e pacientes com bronquite) e<br />

entre situações clínicas diferentes <strong>da</strong> mesma <strong>do</strong>ença, ao<br />

demonstrar diferenças <strong>no</strong> número percentual de eosinófilos<br />

e nas concentrações de ECP, MBP, EDN e albumina entre<br />

asmáticos sintomáticos e assintomáticos.<br />

Bacci et al. 11 avaliaram os possíveis efeitos <strong>da</strong> própria<br />

solução salina hipertônica nebuliza<strong>da</strong> sobre a contagem<br />

percentual de células nas vias aéreas e a responsivi<strong>da</strong>de<br />

brônquica, comparan<strong>do</strong> os acha<strong>do</strong>s <strong>no</strong> escarro obti<strong>do</strong> através<br />

<strong>do</strong> uso de solução hipertônica (3%, 4% e 5%) e isotônica<br />

(0,9%) na nebulização e medin<strong>do</strong> a responsivi<strong>da</strong>de brônquica<br />

à metacolina antes e logo após os exames. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

demonstraram que o uso de solução hipertônica não alterou<br />

as contagens percentuais de células <strong>no</strong> escarro, entretanto<br />

produziu aumento <strong>da</strong> responsivi<strong>da</strong>de brônquica, o que poderia<br />

estar relaciona<strong>do</strong> à maior liberação de media<strong>do</strong>res induzi<strong>da</strong><br />

pela solução hipertônica.<br />

Outros autores demonstraram o aumento <strong>da</strong> concentração<br />

de interleucina (IL)-1β, IL-5, IL-6, IL-8, RANTES e TNFα<br />

(fator de necrose tumoral alfa) <strong>no</strong> escarro de asmáticos<br />

compara<strong>do</strong> ao de sadios, e dentro <strong>do</strong> grupo de asmáticos<br />

Rev. bras. alerg. imu<strong>no</strong>patol. – Vol. 34. N° 5, 2011 195<br />

essas medi<strong>da</strong>s foram significativamente maiores <strong>no</strong>s pacientes<br />

sintomáticos em comparação com os assintomáticos, mos-<br />

tran<strong>do</strong> mais uma vez a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> em identificar<br />

situações clínicas distintas <strong>da</strong> <strong>asma</strong> 12 . Keatings e Barnes 13<br />

demonstraram aumento de marca<strong>do</strong>res <strong>inflamatórios</strong> em<br />

escarro induzi<strong>do</strong>, marca<strong>do</strong>res de ativação de neutrófilos e<br />

eosinófilos (mieloperoxi<strong>da</strong>se, lipocalina neutrofílica humana,<br />

ECP e peroxi<strong>da</strong>se <strong>do</strong> eosinófilo [EPO]) em asmáticos e em<br />

pacientes com <strong>do</strong>ença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)<br />

em comparação com sadios. Observaram também que as<br />

proteínas deriva<strong>da</strong>s de neutrófilos estavam mais aumenta<strong>da</strong>s<br />

<strong>no</strong> grupo de DPOC em relação ao grupo de <strong>asma</strong>, demons-<br />

tran<strong>do</strong> mais uma forma de discriminação entre essas <strong>do</strong>enças<br />

através <strong>do</strong> escarro induzi<strong>do</strong>.<br />

Em relação ao uso <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> na avaliação e acompa-<br />

nhamento <strong>do</strong>s efeitos <strong>da</strong> corticoterapia na <strong>asma</strong>, Claman et<br />

al. 14 demonstraram redução <strong>da</strong> concentração de ECP e <strong>do</strong><br />

percentual de eosinófilos <strong>no</strong> escarro após administração oral<br />

de prednisona durante seis dias, sugerin<strong>do</strong> que o méto<strong>do</strong><br />

poderia ser repeti<strong>do</strong> para acompanhamento <strong>do</strong> tratamento.<br />

Pizzichini et al. 15 avaliaram os efeitos de glicocorticoide ini-<br />

cialmente administra<strong>do</strong> por via oral (prednisona por 10 dias)<br />

e continua<strong>do</strong> por via inalatória (budesoni<strong>da</strong> por 21 dias) em<br />

adultos asmáticos. Nesse estu<strong>do</strong> os autores utilizaram o EI<br />

durante exacerbação <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença e repetiram-<strong>no</strong> seria<strong>da</strong>mente<br />

demonstran<strong>do</strong> os efeitos <strong>do</strong> tratamento anti-inflamatório em<br />

índices como o percentual de eosinófilos e a concentração de<br />

ECP e IL-5. Comparan<strong>do</strong> essas medi<strong>da</strong>s com aquelas <strong>do</strong> san-<br />

gue, observaram que as medi<strong>da</strong>s sanguíneas eram me<strong>no</strong>res<br />

e diminuíram mais rapi<strong>da</strong>mente que <strong>no</strong> escarro, sugerin<strong>do</strong><br />

que as medi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> escarro parecem refletir melhor a cinética<br />

<strong>do</strong>s efeitos anti-<strong>inflamatórios</strong> obti<strong>do</strong>s com o tratamento.<br />

Estu<strong>do</strong> longitudinal com asmáticos adultos trata<strong>do</strong>s com<br />

corticosteroide inala<strong>do</strong> (CI) por 90 dias <strong>do</strong>cumentou redu-<br />

ção <strong>no</strong> percentual de eosinófilos e de células descama<strong>da</strong>s<br />

<strong>do</strong> epitélio brônquico já na primeira avaliação (30 dias de<br />

tratamento). Esses acha<strong>do</strong>s assim se mantiveram até o final<br />

<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, enquanto o percentual de macrófagos, células<br />

habitualmente residentes <strong>da</strong> via aérea, teve comportamento<br />

inverso, de<strong>no</strong>tan<strong>do</strong> o repovoamento <strong>da</strong> mesma com esse<br />

tipo celular à medi<strong>da</strong> que a inflamação eosi<strong>no</strong>fílica diminuiu.<br />

Já o VEF 1 só alcançou melhora significativa após 90 dias de<br />

tratamento anti-inflamatório, indican<strong>do</strong> que o <strong>monitoramento</strong><br />

direto <strong>da</strong> inflamação eosi<strong>no</strong>fílica pelo EI é capaz de detectar<br />

a resposta ao tratamento antinflamatório mais precocemente<br />

que a avaliação funcional 7 .<br />

O aumento de eosinófilos <strong>no</strong> escarro induzi<strong>do</strong> foi um bom<br />

preditor <strong>da</strong> per<strong>da</strong> posterior de <strong>controle</strong> <strong>da</strong> <strong>asma</strong> em crianças<br />

após redução <strong>da</strong> <strong>do</strong>se de CI 16 .<br />

Em indivíduos <strong>no</strong>rmais o percentual de eosinófilos <strong>no</strong> EI<br />

varia de 0 a 1,4% 17 e valores acima de 1,5% são indicati-<br />

vos <strong>da</strong> presença de inflamação eosi<strong>no</strong>fílica e seu aumento<br />

se correlaciona com parâmetros clínicos e funcionais de<br />

gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>asma</strong>.<br />

Petsky et al. 18 em revisão sistemática que incluiu três es-<br />

tu<strong>do</strong>s com 221 adultos asmáticos, avaliaram o <strong>monitoramento</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>do</strong>ença e a decisão por ajuste de <strong>do</strong>ses de CI usan<strong>do</strong> o EI<br />

em comparação com a guia <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Britânica de Tórax

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