16.05.2013 Views

A Liturgia em Braga Joaquim Félix de Carvalho

A Liturgia em Braga Joaquim Félix de Carvalho

A Liturgia em Braga Joaquim Félix de Carvalho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

142<br />

mana (Isidoro, Pinius, Florez), galicana (Mabillon, Le Brun), asiática (Lesley),<br />

africana (Pinell, Ramis) 8. É a partir <strong>de</strong>ste enquadramento que os autores<br />

portugueses (Augusto Ferreira, António Coelho, Monteiro <strong>de</strong> Castro) 9<br />

sustentam unânimes a provável orig<strong>em</strong> romana (quanto ao fundo) da primeira<br />

liturgia introduzida <strong>em</strong> <strong>Braga</strong>.<br />

O seu <strong>de</strong>senvolvimento até 538, pelo menos, é s<strong>em</strong>elhante ao que suce<strong>de</strong><br />

nas outras Igrejas da península, razão pela qual alguns a <strong>de</strong>nominam<br />

«hispânica». Outros prefer<strong>em</strong> chamar-lhe «suévica», <strong>em</strong> atenção ao nome<br />

do povo bárbaro que ocupa a Galécia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 409. A principal característica<br />

do “mosaico” das liturgias hispânicas <strong>de</strong>ste período, precisam António Coelho<br />

e Pérez <strong>de</strong> Urbel, é a gran<strong>de</strong> riqueza e varieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vidas ao período <strong>de</strong><br />

improvisação que então prevalecia 10.<br />

2. De 537 até ao IV Concílio <strong>de</strong> Toledo (633)<br />

A démarche <strong>de</strong> Profuturo, arcebispo <strong>de</strong> <strong>Braga</strong>, que, por carta, solicita ao<br />

Papa (provavelmente Silvério 11) esclarecimentos <strong>de</strong> ord<strong>em</strong> disciplinar e litúrgica,<br />

assinala o início da mudança no <strong>de</strong>senvolvimento da liturgia <strong>de</strong>sta<br />

Igreja, que se caracterizará por uma romanização progressiva 12. Conhec<strong>em</strong>os<br />

só a resposta, não <strong>de</strong> Silvério, mas do seu sucessor, Vigílio, datada <strong>de</strong><br />

8 Opiniões s<strong>em</strong>elhantes são partilhadas por outros estudiosos. Veja-se, porém, a síntese das teorias dos autores<br />

citados, feita por Pinell e Gabriel Ramis: Cf. J. PINELL – G. RAMIS, «Liturgie locali antiche», in D. SAR-<br />

TORE - A. MARIA TRIACCA - C. CIBIEN (edd.), <strong>Liturgia</strong> (Dizionari San Paolo), Cinisello Balsamo 2001,<br />

1101-1102.<br />

9 Cf. J.A. FERREIRA, Estudos histórico-litúrgicos. Os ritos particulares <strong>de</strong> <strong>Braga</strong> e Toledo, 14-26; A. COE-<br />

LHO, «Duas questões histórico-litúrgicas. II. A liturgia bracarense», 307; A. DE CASTRO XAVIER MON-<br />

TEIRO, «Origens e evolução da liturgia bracarense», 308.<br />

10 Cf. A. COELHO, «Duas questões histórico-litúrgicas. II. A liturgia bracarense», 307; J. PÉREZ DE UR-<br />

BEL, «Orígenes <strong>de</strong>l rito bracarense», in ACLNRB, 136.<br />

11 São <strong>de</strong>ste parecer António <strong>de</strong> Vasconcelos e Pierre David: Cf. A.G.R. DE VASCONCELOS, «Notas litúrgico-bracarenses»,<br />

in Acta do Congresso Litúrgico Nacional Romano-Bracarense (=ACLNRB), 181ss; P. DAVID,<br />

Étu<strong>de</strong>s historiques sur la Galice et le Portugal du VIe au XIIe siècle, 83-84.<br />

12 Sobre os motivos que terão levado o bispo a recorrer ao Papa, duas são as opiniões mais difundidas: António<br />

Coelho sustenta a preocupação pela ortodoxia, uma vez que se terão introduzido na liturgia local erros priscilianistas.<br />

Cf. A. COELHO, «Duas questões histórico-litúrgicas. II. A liturgia bracarense», 307.<br />

Pinell, partindo <strong>de</strong> outro ponto <strong>de</strong> vista, advoga razões <strong>de</strong> carácter político, como se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> das suas palavras:<br />

«Divergindo <strong>de</strong>stas (Igrejas católicas do reino visigodo), os católicos do reino dos suevos recorriam a Roma para<br />

não se <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> arrastar pela evolução litúrgica que se processava <strong>de</strong>ntro do reino dos visigodos. O significado político<br />

<strong>de</strong>ssa iniciativa é claro, e o será mais ainda quando, nos Concílios <strong>de</strong> <strong>Braga</strong> e <strong>de</strong> Lugo, a Igreja Bracarense confirmar<br />

sua posição <strong>de</strong> acordo com Roma». J. PINELL, «A <strong>Liturgia</strong> hispânica», in Amámesis, 2, São Paulo 1987, 83.<br />

joaquim félix <strong>de</strong> carvalho didaskalia xxxvii (2007)2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!