31.05.2013 Views

A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos

A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos

A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

22<br />

tradicionais 1 . Por outro lado, se causam men<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> colaterais, suas<br />

ações, em geral, são também mais bran<strong>da</strong>s e mais lentas, no sentido de<br />

intervir no curso <strong>da</strong> enfermi<strong>da</strong>de. Por esses motiv<strong>os</strong>, o resultado terapêutico<br />

tende a ser men<strong>os</strong> marcado, “aparece men<strong>os</strong>”.<br />

Os fitoterápic<strong>os</strong> voltaram a ser prescrit<strong>os</strong> n<strong>os</strong> consultóri<strong>os</strong> médic<strong>os</strong>,<br />

mesmo que tenha sido como uma terapêutica coadjuvante. Porém,<br />

para que isso ocorresse, precisaram passar pelo mesmo protocolo científico<br />

a que o medicamento sintético é submetido, inclusive a prova contra<br />

placebo 2 . Essa prova envolve gast<strong>os</strong> importantes, e habitualmente,<br />

1 No final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, a Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde (OMS) iniciou uma série de<br />

ações incentivando a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s medicinas tradicionais (OMS, 1978) como alternativa para<br />

o cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong> saúde <strong>da</strong>s populações, principalmente em países subdesenvolvid<strong>os</strong> e em desenvolvimento,<br />

alia<strong>da</strong> a uma avaliação científica dessas práticas. Essa iniciativa serviu de impulso<br />

para estud<strong>os</strong> científic<strong>os</strong> <strong>da</strong>s plantas medicinais e de outras práticas, como, por exemplo, a<br />

acupuntura. Em paralelo a essa iniciativa, nessa época também começaram <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> sobre a<br />

influência de alguns efeit<strong>os</strong> colaterais de medicament<strong>os</strong> e de outr<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> considerad<strong>os</strong><br />

avanç<strong>os</strong> tecnológic<strong>os</strong>, como <strong>os</strong> defensiv<strong>os</strong> agrícolas (o DDT, por exemplo), constatando que<br />

nem sempre as últimas novi<strong>da</strong>des em term<strong>os</strong> de ciência e técnica são as melhores opções para<br />

n<strong>os</strong>so corpo biológico.<br />

2 Os estud<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> controlad<strong>os</strong> (ou ensai<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> controlad<strong>os</strong>) podem utilizar a prova<br />

“contra placebo” (ou ensaio clínico randomizado duplo-cego contra placebo, que é o “padrão<br />

ouro” na pesquisa clínica com medicament<strong>os</strong>), em que o medicamento em teste é comparado<br />

com um placebo (preparado sem efeito farmacológico). Pode ser também utilizado um medicamento<br />

mais antigo que já tenha tido seu efeito determinado para o problema em questão, mas<br />

nesse caso o teste não se chama “contra placebo”, pois não está sendo utilizado um placebo, e<br />

sim apenas um ensaio (ou estudo) clínico controlado. N<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> contra placebo, um grupo de<br />

pessoas recebe o medicamento em teste e outro recebe o placebo (ou, no caso d<strong>os</strong> ensai<strong>os</strong><br />

clínic<strong>os</strong> controlad<strong>os</strong>, o medicamento que já foi testado) para ver se o primeiro medicamento<br />

tem algum efeito significativo sobre o problema a ser tratado. Amb<strong>os</strong> <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> (tanto com<br />

placebo como com uma droga já testa<strong>da</strong>) podem ser “ensai<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> duplo-cego”, porque nem<br />

médic<strong>os</strong> (pesquisadores), nem pacientes (sujeit<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesquisa) sabem quem usa o medicamento<br />

em teste ou o placebo (ou a droga já consagra<strong>da</strong>). Isso é feito para evitar o efeito placebo, ou<br />

seja, aquele efeito terapêutico que acompanha qualquer procedimento que tem a intenção de<br />

tratar o doente e que não está relacionado diretamente com a especifici<strong>da</strong>de do tratamento, mas<br />

sim com o fato de o paciente se sentir tratado.<br />

Sobre <strong>os</strong> ensai<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> controlad<strong>os</strong>, Nies (2001) refere que: “A aplicação do método científico<br />

à terapêutica experimental é exemplifica<strong>da</strong> por um bem desenhado e bem executado<br />

ensaio clínico. [...] A condição sine qua non de qualquer ensaio clínico são <strong>os</strong> seus controles.<br />

Diferentes tip<strong>os</strong> de controle podem ser usad<strong>os</strong>, e o termo “ensaio clínico controlado” não é<br />

sinônimo de “ensaio clínico controlado, randomizado, duplo cego contra placebo”. A seleção<br />

de um grupo controle adequado é tão importante quanto a seleção do grupo experimental para<br />

o ensaio clínico. Embora o estudo duplo cego controlado randomizado (aleatório) seja o desenho<br />

mais efetivo para evitar <strong>os</strong> vieses e a distribuição de variáveis desconheci<strong>da</strong>s entre <strong>os</strong><br />

grup<strong>os</strong> “tratamento” e “controle”, não é necessariamente o desenho mais desejável p<strong>os</strong>sível<br />

para tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> estud<strong>os</strong>. Pode ser imp<strong>os</strong>sível usar esse desenho para estu<strong>da</strong>r desordens que<br />

ocorrem raramente, desordens em pacientes que não podem (por regulação, ética ou amb<strong>os</strong>) ser<br />

estu<strong>da</strong>d<strong>os</strong> (por exemplo, crianças, fet<strong>os</strong> ou alguns pacientes com doenças psiquiátricas) ou<br />

desordens com maior p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong>de de resultado fatal (como a doença coneci<strong>da</strong> como “raiva”,<br />

ou hidrofobia), onde controles históric<strong>os</strong> podem ser usad<strong>os</strong>.” (NIES, 2001, p. 47)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!