A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos
A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos
A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
42<br />
interpretativa, em Foucault o discurso é o espaço<br />
onde saber e poder se articulam em história carrega<strong>da</strong><br />
de rupturas (descontinui<strong>da</strong>des), mediatizado<br />
por políticas gerais de ver<strong>da</strong>de, discurso concebido<br />
segundo o princípio de dispersão e não o princípio<br />
de uni<strong>da</strong>de. (SENA, 2007, p.36-37)<br />
Orlandi (2005), embora assuma uma perspectiva filia<strong>da</strong> àquela de<br />
Pêcheux, refere que não há porque utilizar o adjetivo “crítico/a” ou<br />
qualquer outro, pois as noções e procediment<strong>os</strong> desse tipo de abor<strong>da</strong>gem<br />
suporiam essa definição. No entanto, o uso do adjetivo “crítico” poderia<br />
ser justificado porque tod<strong>os</strong> esses autores (incluindo Foucault e Orlandi,<br />
que não o utilizam) “estão interessad<strong>os</strong> essencialmente na maneira como<br />
o poder, a dominação e a desigual<strong>da</strong>de social são estabelecid<strong>os</strong>, reproduzid<strong>os</strong><br />
e combatid<strong>os</strong> através do discurso” (VAN DIJK, 2004, apud<br />
NOGUEIRA, 2008, p.237).<br />
Utilizo a partir <strong>da</strong>qui apenas a denominação Análise de Discurso<br />
(AD), de acordo com a argumentação de Orlandi, considerando que essa<br />
é uma abor<strong>da</strong>gem que supõe uma p<strong>os</strong>ição crítica <strong>da</strong>quele que a utiliza.<br />
Com a AD, pretende-se extrair as “não transparências” (ou opaci<strong>da</strong>des)<br />
<strong>da</strong> linguagem, que põem em relação sujeit<strong>os</strong> e sentid<strong>os</strong> (ORLANDI,<br />
1999; NOGUEIRA, 2008). Segundo Orlandi, não há o propósito de<br />
encontrar o que o texto quer dizer, mas como o texto significa. A contribuição<br />
que essa abor<strong>da</strong>gem traz é colocar o pesquisador em estado de<br />
reflexão e, mesmo que não estejam<strong>os</strong> conscientes de tudo o que pode<br />
estar significando o texto, tornar p<strong>os</strong>sível interpretá-lo (ORLANDI,<br />
1999, p.9-20).<br />
Sobre <strong>os</strong> sentid<strong>os</strong>, Orlandi destaca que não estão nas palavras elas<br />
mesmas, estão além e aquém delas. Ela afirma que o sentido é determinado<br />
por “p<strong>os</strong>ições ideológicas coloca<strong>da</strong>s em jogo no processo<br />
sócio-histórico em que as palavras são produzi<strong>da</strong>s” (1999, p.42) e introduz<br />
o conceito de “formação discursiva”, que, embora seja uma noção<br />
polêmica, estaria relacionado com a produção de sentid<strong>os</strong>. A formação<br />
discursiva seria “aquilo que numa formação ideológica <strong>da</strong><strong>da</strong>, ou seja, a<br />
partir de uma p<strong>os</strong>ição <strong>da</strong><strong>da</strong> em uma conjuntura sócio-histórica <strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
determina o que pode e deve ser dito. [...] As formações discursivas, por<br />
sua vez, representam no discurso as formações ideológicas” (1999,<br />
p.43). O sentido <strong>da</strong>s palavras é <strong>da</strong>do por essas formações discursivas,<br />
que Orlandi exemplifica com o uso <strong>da</strong> palavra “terra”, que tem significad<strong>os</strong><br />
diferentes para “um índio, para um agricultor sem terra e para um<br />
grande proprietário rural” (1999, p.45).