A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos
A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos
A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
38<br />
tropologia para <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> de historiografia pode ser útil “na reconstituição<br />
de complex<strong>os</strong> sistemas sociais de interação, ou process<strong>os</strong> profund<strong>os</strong><br />
e lent<strong>os</strong> de mu<strong>da</strong>nças sociais e econômicas” (p.240).<br />
Burke (2002) destaca que, embora as relações entre a história e<br />
outras ciências sociais, como a sociologia e a antropologia, sejam dinâmicas<br />
e não isentas de conflit<strong>os</strong>, <strong>os</strong> investigadores dessas áreas têm<br />
estu<strong>da</strong>do problemas comuns, relacionad<strong>os</strong> à socie<strong>da</strong>de como um todo ou<br />
ao comportamento humano. Seria útil tratar essas diferentes abor<strong>da</strong>gens<br />
como complementares na busca do entendimento d<strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> que<br />
interessam a to<strong>da</strong>s.<br />
Um marco importante para a história é o movimento iniciado a<br />
partir <strong>da</strong> revista Annales d´Histoire Économique Et Sociale, fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
por March Bloch e Lucien Febvre na déca<strong>da</strong> de 1920. Esse movimento,<br />
conhecido como “Escola d<strong>os</strong> Annales”, buscou uma aproximação <strong>da</strong><br />
história com as ciências sociais e fez uma crítica à história tradicional<br />
(BURKE, 2002; REIS, 1999). Se, com essa escola, a história procurou<br />
um estatuto de objetivi<strong>da</strong>de e cientifici<strong>da</strong>de (REIS, 1999, p.8-9), parece<br />
difícil que tenha se distanciado <strong>da</strong> fil<strong>os</strong>ofia <strong>da</strong> história. Segundo Reis,<br />
O historiador é incapaz de abor<strong>da</strong>r o material histórico<br />
sem pressup<strong>os</strong>ições, está impregnado, sem<br />
confessá-lo, de ideias fil<strong>os</strong>óficas. [...] aquele conjunto<br />
de instrument<strong>os</strong> [na busca de objetivi<strong>da</strong>de]<br />
era utilizado para sustentar pont<strong>os</strong> de vista gerais,<br />
que não nasciam do próprio material histórico,<br />
mas do pesquisador que interpretava e explicava o<br />
material. (REIS, 1999, p.9)<br />
Reis considera que a interdisciplinari<strong>da</strong>de, uma <strong>da</strong>s características<br />
do programa d<strong>os</strong> Annales, prop<strong>os</strong>ta pel<strong>os</strong> seus fun<strong>da</strong>dores, deveria se<br />
<strong>da</strong>r, segundo eles própri<strong>os</strong>,<br />
pelo ‘objeto comum’ à história e às ciências sociais:<br />
o homem social. A ‘troca de serviç<strong>os</strong>’ [entre<br />
história e ciências sociais] seria necessária para<br />
que, olhando um mesmo objeto sob perspectivas<br />
particulares, se pudesse chegar a uma visão mais<br />
global e detalha<strong>da</strong> dele. (REIS, 1999, p.66)<br />
Por outro lado, o autor aponta a limitação dessa abertura <strong>da</strong> história,<br />
que “se perdeu n<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> e problemas <strong>da</strong>s ciências sociais” (REIS,<br />
1999, p.67), e como a interdisciplinari<strong>da</strong>de estaria ameaçando a identi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> disciplina.<br />
Também sobre <strong>os</strong> limites indefinid<strong>os</strong> que a abor<strong>da</strong>gem histórica e<br />
as ciências sociais passam a compartilhar, Burke (2002), ao referir-se a<br />
ambas as disciplinas nas últimas déca<strong>da</strong>s do século XX, afirma que: