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A Bíblia da farmacologia e os antidepressivos

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tropologia para <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> de historiografia pode ser útil “na reconstituição<br />

de complex<strong>os</strong> sistemas sociais de interação, ou process<strong>os</strong> profund<strong>os</strong><br />

e lent<strong>os</strong> de mu<strong>da</strong>nças sociais e econômicas” (p.240).<br />

Burke (2002) destaca que, embora as relações entre a história e<br />

outras ciências sociais, como a sociologia e a antropologia, sejam dinâmicas<br />

e não isentas de conflit<strong>os</strong>, <strong>os</strong> investigadores dessas áreas têm<br />

estu<strong>da</strong>do problemas comuns, relacionad<strong>os</strong> à socie<strong>da</strong>de como um todo ou<br />

ao comportamento humano. Seria útil tratar essas diferentes abor<strong>da</strong>gens<br />

como complementares na busca do entendimento d<strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> que<br />

interessam a to<strong>da</strong>s.<br />

Um marco importante para a história é o movimento iniciado a<br />

partir <strong>da</strong> revista Annales d´Histoire Économique Et Sociale, fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

por March Bloch e Lucien Febvre na déca<strong>da</strong> de 1920. Esse movimento,<br />

conhecido como “Escola d<strong>os</strong> Annales”, buscou uma aproximação <strong>da</strong><br />

história com as ciências sociais e fez uma crítica à história tradicional<br />

(BURKE, 2002; REIS, 1999). Se, com essa escola, a história procurou<br />

um estatuto de objetivi<strong>da</strong>de e cientifici<strong>da</strong>de (REIS, 1999, p.8-9), parece<br />

difícil que tenha se distanciado <strong>da</strong> fil<strong>os</strong>ofia <strong>da</strong> história. Segundo Reis,<br />

O historiador é incapaz de abor<strong>da</strong>r o material histórico<br />

sem pressup<strong>os</strong>ições, está impregnado, sem<br />

confessá-lo, de ideias fil<strong>os</strong>óficas. [...] aquele conjunto<br />

de instrument<strong>os</strong> [na busca de objetivi<strong>da</strong>de]<br />

era utilizado para sustentar pont<strong>os</strong> de vista gerais,<br />

que não nasciam do próprio material histórico,<br />

mas do pesquisador que interpretava e explicava o<br />

material. (REIS, 1999, p.9)<br />

Reis considera que a interdisciplinari<strong>da</strong>de, uma <strong>da</strong>s características<br />

do programa d<strong>os</strong> Annales, prop<strong>os</strong>ta pel<strong>os</strong> seus fun<strong>da</strong>dores, deveria se<br />

<strong>da</strong>r, segundo eles própri<strong>os</strong>,<br />

pelo ‘objeto comum’ à história e às ciências sociais:<br />

o homem social. A ‘troca de serviç<strong>os</strong>’ [entre<br />

história e ciências sociais] seria necessária para<br />

que, olhando um mesmo objeto sob perspectivas<br />

particulares, se pudesse chegar a uma visão mais<br />

global e detalha<strong>da</strong> dele. (REIS, 1999, p.66)<br />

Por outro lado, o autor aponta a limitação dessa abertura <strong>da</strong> história,<br />

que “se perdeu n<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> e problemas <strong>da</strong>s ciências sociais” (REIS,<br />

1999, p.67), e como a interdisciplinari<strong>da</strong>de estaria ameaçando a identi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> disciplina.<br />

Também sobre <strong>os</strong> limites indefinid<strong>os</strong> que a abor<strong>da</strong>gem histórica e<br />

as ciências sociais passam a compartilhar, Burke (2002), ao referir-se a<br />

ambas as disciplinas nas últimas déca<strong>da</strong>s do século XX, afirma que:

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