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Tese de Doutorado - dacex

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exemplo, e carnavalizadas em Livro <strong>de</strong> uma sogra. O confronto ocorre também entre<br />

a leitura <strong>de</strong> Casa <strong>de</strong> pensão e Filomena Borges, ambas publicadas no mesmo ano,<br />

1882, esta uma forma arquitetônica cômica, aquela uma obra em que predomina<br />

uma arquitetura dramática. A visão do conjunto da produção literária <strong>de</strong> Aluísio<br />

Azevedo mostra inclusive que o escritor tinha consciência das limitações da estética<br />

realista e isso nos é revelado se lermos a produção consi<strong>de</strong>rada menor, por<br />

exemplo, Mattos, Malta ou Matta?.<br />

A historiografia acadêmica mais lida nos cursos <strong>de</strong> Letras, negando valida<strong>de</strong><br />

estética a esses romances, fez com que se estabelecesse uma cisão entre a obra<br />

consi<strong>de</strong>rada literária e artística e a obra <strong>de</strong>nominada subliterária, folhetinesca e<br />

mercadológica. Essa cisão fundamenta-se em uma concepção <strong>de</strong> linguagem literária<br />

homogênea, discriminando parte da obra <strong>de</strong> Aluísio Azevedo em que a linguagem se<br />

institui <strong>de</strong> modo mais plural no sentido <strong>de</strong> abrigar registros <strong>de</strong> linguagem bastante<br />

díspares (o humor, a paródia, a carnavalização, a hibridização) em comparação à<br />

linguagem dos romances consi<strong>de</strong>rados literários. Observamos que a obra do escritor<br />

é <strong>de</strong>sigual, afastando-se <strong>de</strong> uma totalida<strong>de</strong> homogênea, mas percebemos que se<br />

constitui como uma totalida<strong>de</strong> heterogênea no sentido <strong>de</strong> que entre as obras<br />

singulares, incluindo os dois conjuntos, se estabelece um diálogo e um confronto.<br />

Dessa interação pu<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>tectar um sentido literário, político e pedagógico 22 que<br />

permeia a obra em sua totalida<strong>de</strong>.<br />

Embora não parcelamos a obra <strong>de</strong> Aluísio Azevedo, analisando-a em sua<br />

totalida<strong>de</strong>, não negamos a divisão que há na obra <strong>de</strong> Aluísio Azevedo, inclusive<br />

explicitada por ele mesmo em vários prefácios das obras consi<strong>de</strong>radas subliterárias.<br />

Percebemos que Aluísio Azevedo não é ingênuo em relação à linguagem, tomandoa<br />

como um simples código que se bem manejado po<strong>de</strong> apresentar a realida<strong>de</strong> tal<br />

qual ela é. A linguagem é ininterruptamente problematizada, quer nos romancesfolhetins,<br />

quer em prefácios introdutórios que <strong>de</strong>stacam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>ixar<br />

para trás o código romântico, quer, ainda, pela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> o autor elaborar uma<br />

linguagem real-naturalista que capte a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo mais fi<strong>de</strong>digno ou, ainda,<br />

quando o escritor ultrapassa tanto um código quanto o outro, carnavalizando-os,<br />

<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo-se do monologismo. A produção “subliterária” revela um prisma<br />

22 No <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste estudo, veremos que Aluísio Azevedo, por diversas vezes, explicitou um<br />

conteúdo programático para a sua produção literária que consistia tanto em fazer literatura<br />

empenhada (CANDIDO, 1981) em dizer e construir a nação quanto em informar e ilustrar o<br />

leitor via literatura.<br />

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