O baile rosiano: alguns nomes e outros recados

REVISTA LITTERIS ISSN: 1983 7429 Número 4, março de 2010.
worldclairvoyance. It is possible to verify, lastly, that the destiny of wights connected to
life itself, Art and Joy enthusiasts, opposes to that one of individuals immersed only in
labor and grief.
Key-words: Brazilian literature, Corpo de baile, Guimarães Rosa, “Campo Geral”,
onomastic research.
Cordisburgo significa “cidade do coração”. No entanto, teve outros nomes:
“Vista Alegre” e “Coração de Jesus da Vista Alegre” (Guimarães, 2006, p.23) –
designações apropriadas para o local em que nasceu um homem que acreditava,
sobretudo, no poder de fascinação pela vida. É espantosa, em suas cartas a familiares,
amigos e tradutores, a recorrência das palavras alegria e entusiasmo (e suas variantes)
seja como saudação, como mensagem de despedida ou mesmo para revelar seu estado
de espírito.
O cidadão cordisburguense, que era chamado na infância de Joãozito e utilizou o
pseudônimo Viator, também atendeu por várias combinações de seu próprio nome e
pelos epítetos carinhosos cunhados pela filha: João-Papai-Beleza, João-Papai-Colega,
João Papai. Há ainda, em “Cara-de-bronze”, o personagem Moimeichego, reunião de
“quatro palavras que significam eu em quatro línguas diferentes” e Soares Guiamar,
“anagrama de Guimarães Rosa” (Machado, 2003, p.94-5) – indícios da presença lúdica
do escritor mineiro em sua ficção.
Ana Maria Machado observa que, na literatura rosiana, essas alterações do
substantivo que designa o indivíduo eram comuns:
O Nome, em Guimarães Rosa, não atribui ao personagem uma
característica marcante que o acompanha em todas as situações
vividas, mas, ao contrário, vai recebendo em cada novo
momento um novo significado e, freqüentemente, um novo
significante, num processo de permanente mutação do signo.
(Machado, 2003, p.50)