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que trabalhavam por conta própria. Em 2002 já eram 36% (veja tabela ao lado). Já no setor<br />

de serviços houve uma pequena queda no grau de informalidade, que passou de 53,5% em<br />

1992 para 52,4% em 2002. O Sistema Simples, implantado em 1996, que facilitou a abertura<br />

de empresas, já atraiu 2,8 milhões de microempresas para a lado formal da economia.<br />

Há mais. “Embora tenha ocorrido um significativo aumento da informalidade ao longo<br />

da década de 1990, os diferenciais de salários observados entre os trabalhadores formais<br />

e informais caíram de forma expressiva”, diz Ramos. O aumento da escolaridade dos trabalhadores<br />

sem carteira assinada pode ser uma explicação para a aproximação dos rendimentos:<br />

em 1984, apenas 17% dos trabalhadores sem carteira tinham mais de 11 anos de<br />

escolaridade e em 2000 essa proporção subiu para 26%.<br />

Um estudo da consultoria McKinsey publicado em junho revela que o maior grau<br />

de informalidade está no setor agro-pecuário. Ali, 90% da mão-de-obra não têm vínculo<br />

empregatício. O menor nível de informalidade é o do setor de veículos automotores, que<br />

ostenta um índice de apenas 9%. O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa<br />

Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) de 2002.<br />

A investigação dos números é reveladora. Mais instigante ainda é a pesquisa dos casos<br />

concretos. Nela descobre-se que há gente de todo o tipo nesse lado pouco conhecido da<br />

economia brasileira. Que a riqueza é imensa. E que pertencer ou não ao segmento informal<br />

não é necessariamente uma opção. Leandro Dias de Oliveira é um estudante de 17 anos de<br />

idade. Cursa o segundo ano do ensino médio e não pensa em fazer faculdade. Ajuda o pai na<br />

loja de material de limpeza que a família tem numa garagem do Jardim Nakamura, na zona<br />

sul da capital paulista. O negócio foi aberto há oito anos, quando o pai perdeu o emprego.<br />

Leandro e seu pai manipulam produtos químicos em galões sem qualquer segurança. Qual<br />

sua perspectiva de futuro? Permanecer como estão. Cuidando da sobrevivência a cada dia.<br />

Sem alternativa. Da mesma forma o vendedor de cocos que atua bem em frente à antiga<br />

sede do Ministério do Trabalho, no centro Rio de Janeiro, pode não ter escolhido essa<br />

atividade, mas apenas ter conseguido escapar, por essa via, de uma época de penúria depois<br />

de entrar para a lista de cortes de uma indústria qualquer. A dona da pequena confecção em<br />

Jaraguá, Goiás, não teve alternativa senão ficar na informalidade por não conseguir cumprir<br />

as regras para a abertura de uma empresa, arcar com os pesados encargos tributários ou<br />

desvendar uma complexa legislação entronizada sobre a Consolidação das Leis Trabalhistas<br />

– um cartapácio com 985 artigos que tem de 61 anos de idade.<br />

Pesquisa feita pelo Sebrae em fevereiro (de 2004), junto a 1.0<strong>49</strong> empresas informais,<br />

aponta que a principal causa para permanecerem nessa condição é a elevada carga tributária<br />

(75,2% das respostas). Depois vêm as barreiras burocráticas (15,6%) e a falta de acesso ao<br />

crédito (9,2%). Sobram razões para a definição do inimigo principal, pois a carga tributária<br />

no Brasil passou de 25% do PIB em 1992 para 34,6% em 2002, 36,11% em 2003 e,<br />

a se confirmarem as projeções feitas pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário<br />

(IBPT), fechará 2004 na marca dos 38% do PIB. Do lado dos trabalhadores existe um descasamento<br />

entre as contribuições para a Previdência e os benefícios potenciais que o sistema<br />

previdenciário oferece.<br />

Menos oxigênio. A informalidade é um problema para o país por várias razões. Primeiro<br />

porque quem trabalha sem registro vive sem qualquer rede de proteção. Não tem direito a<br />

férias, décimo terceiro salário nem Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Depois, porque<br />

uma empresa não investe na capacitação de um trabalhador que não tem vínculo com<br />

seu negócio – o que numa perspectiva mais larga prejudica a competitividade da economia<br />

ORGanIzaçãO juRíDIca Da pEquEna EmpREsa<br />

FGV DIREITO RIO<br />

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