18:49, 4 Março 2008
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que trabalhavam por conta própria. Em 2002 já eram 36% (veja tabela ao lado). Já no setor<br />
de serviços houve uma pequena queda no grau de informalidade, que passou de 53,5% em<br />
1992 para 52,4% em 2002. O Sistema Simples, implantado em 1996, que facilitou a abertura<br />
de empresas, já atraiu 2,8 milhões de microempresas para a lado formal da economia.<br />
Há mais. “Embora tenha ocorrido um significativo aumento da informalidade ao longo<br />
da década de 1990, os diferenciais de salários observados entre os trabalhadores formais<br />
e informais caíram de forma expressiva”, diz Ramos. O aumento da escolaridade dos trabalhadores<br />
sem carteira assinada pode ser uma explicação para a aproximação dos rendimentos:<br />
em 1984, apenas 17% dos trabalhadores sem carteira tinham mais de 11 anos de<br />
escolaridade e em 2000 essa proporção subiu para 26%.<br />
Um estudo da consultoria McKinsey publicado em junho revela que o maior grau<br />
de informalidade está no setor agro-pecuário. Ali, 90% da mão-de-obra não têm vínculo<br />
empregatício. O menor nível de informalidade é o do setor de veículos automotores, que<br />
ostenta um índice de apenas 9%. O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa<br />
Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) de 2002.<br />
A investigação dos números é reveladora. Mais instigante ainda é a pesquisa dos casos<br />
concretos. Nela descobre-se que há gente de todo o tipo nesse lado pouco conhecido da<br />
economia brasileira. Que a riqueza é imensa. E que pertencer ou não ao segmento informal<br />
não é necessariamente uma opção. Leandro Dias de Oliveira é um estudante de 17 anos de<br />
idade. Cursa o segundo ano do ensino médio e não pensa em fazer faculdade. Ajuda o pai na<br />
loja de material de limpeza que a família tem numa garagem do Jardim Nakamura, na zona<br />
sul da capital paulista. O negócio foi aberto há oito anos, quando o pai perdeu o emprego.<br />
Leandro e seu pai manipulam produtos químicos em galões sem qualquer segurança. Qual<br />
sua perspectiva de futuro? Permanecer como estão. Cuidando da sobrevivência a cada dia.<br />
Sem alternativa. Da mesma forma o vendedor de cocos que atua bem em frente à antiga<br />
sede do Ministério do Trabalho, no centro Rio de Janeiro, pode não ter escolhido essa<br />
atividade, mas apenas ter conseguido escapar, por essa via, de uma época de penúria depois<br />
de entrar para a lista de cortes de uma indústria qualquer. A dona da pequena confecção em<br />
Jaraguá, Goiás, não teve alternativa senão ficar na informalidade por não conseguir cumprir<br />
as regras para a abertura de uma empresa, arcar com os pesados encargos tributários ou<br />
desvendar uma complexa legislação entronizada sobre a Consolidação das Leis Trabalhistas<br />
– um cartapácio com 985 artigos que tem de 61 anos de idade.<br />
Pesquisa feita pelo Sebrae em fevereiro (de 2004), junto a 1.0<strong>49</strong> empresas informais,<br />
aponta que a principal causa para permanecerem nessa condição é a elevada carga tributária<br />
(75,2% das respostas). Depois vêm as barreiras burocráticas (15,6%) e a falta de acesso ao<br />
crédito (9,2%). Sobram razões para a definição do inimigo principal, pois a carga tributária<br />
no Brasil passou de 25% do PIB em 1992 para 34,6% em 2002, 36,11% em 2003 e,<br />
a se confirmarem as projeções feitas pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário<br />
(IBPT), fechará 2004 na marca dos 38% do PIB. Do lado dos trabalhadores existe um descasamento<br />
entre as contribuições para a Previdência e os benefícios potenciais que o sistema<br />
previdenciário oferece.<br />
Menos oxigênio. A informalidade é um problema para o país por várias razões. Primeiro<br />
porque quem trabalha sem registro vive sem qualquer rede de proteção. Não tem direito a<br />
férias, décimo terceiro salário nem Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Depois, porque<br />
uma empresa não investe na capacitação de um trabalhador que não tem vínculo com<br />
seu negócio – o que numa perspectiva mais larga prejudica a competitividade da economia<br />
ORGanIzaçãO juRíDIca Da pEquEna EmpREsa<br />
FGV DIREITO RIO<br />
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