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<strong>Português</strong><br />
Fascículo 12<br />
Carlos Alberto C. Minchillo<br />
Izeti Fragata Torralvo<br />
Marcia Maísa Pelachin
Índice<br />
Gramática<br />
Resumo Teórico ..................................................................................................................................1<br />
Exercícios ............................................................................................................................................2<br />
Gabarito .............................................................................................................................................4<br />
Literatura<br />
Exercícios ............................................................................................................................................6<br />
Gabarito ...........................................................................................................................................12
Gramática<br />
Resumo Teórico<br />
Verbo: Correlação de Tempos e Modos<br />
Objetivo: Treinar o emprego de tempos e modos em textos, estabelecendo correlação de tempos e<br />
modos.<br />
Conteúdo do resumo teórico<br />
I. Emprego do indicativo e do subjuntivo<br />
II. Coordenação<br />
III. Construções hipotéticas<br />
Emprego do indicativo e do subjuntivo<br />
Como se indicou anteriormente 1 , o indicativo expressa ação real (no passado, no presente<br />
ou no futuro), enquanto o subjuntivo expressa incerteza, dúvida, possibilidade ou hipótese.<br />
Além dessa regra geral, deve-se lembrar que, em períodos subordinados, o subjuntivo é<br />
característico das orações subordinativas (não da oração principal).<br />
Nas subordinadas, o subjuntivo:<br />
• É obrigatório, na oração final e na concessiva.<br />
Ex.: Gritei para que pudesse me ouvir.<br />
Embora esteja faminto, não aceita carne vermelha.<br />
• Ocorre na oração causal que se inicia com a conjunção “como”.<br />
Ex.: Como quisesse saber a verdade, tornou a perguntar.<br />
• Ocorre na oração condicional (ver Construções hipotéticas , a seguir)<br />
Ex.: Se tivesse tempo, escreveria.<br />
• Ocorre na oração temporal que remete ao futuro.<br />
Ex.: Quando tiver saudades, voltará.<br />
Coordenação<br />
Princípio geral<br />
Orações coordenadas, em princípio, devem manter o mesmo tempo e modo verbais,<br />
principalmente se essas orações, coordenadas entre si, são subordinadas a uma outra.<br />
Ex.: Estude e aprenda.<br />
Embora esteja atento e faça anotações, não acompanha o raciocínio do expositor.<br />
1. Ver aula 11
Observações especiais<br />
• Logicamente, se entre as orações coordenadas estiver implícita uma seqüência de ações, os tempos<br />
verbais deverão revelá-la. Ex.: “Ficou doente, mas virá à aula” (A doença aconteceu em um momento<br />
anterior à vinda para a aula).<br />
• Em período composto com oração coordenada sindética explicativa, é comum que o verbo da<br />
oração coordenada assindética se encontre no imperativo. Ex.: Fique quieto, que quero explicar-me.<br />
Construções hipotéticas<br />
Em geral, as hipóteses estão expressas em períodos com oração subordinada adverbial<br />
condicional. Como as hipóteses podem fazer referência a realidades distintas, existe mais de uma<br />
possibilidade de construção.<br />
Hipótese Verbo da oração<br />
subordinada<br />
ad ver bial condicional<br />
provável<br />
(fu turo)<br />
não provável<br />
(fu turo)<br />
Verbo da oração<br />
prin ci pal<br />
Exemplo<br />
Fu turo do subjuntivo fu turo do presente Se tiver tempo, irei a sua<br />
fes ta<br />
Imperfeito do<br />
subjuntivo<br />
Hipótese no pas sa do Mais-que-perfeito do<br />
subjuntivo (tempo<br />
composto)<br />
Fu turo do pretérito Se tivesse tempo, iria a sua<br />
fes ta.<br />
Fu turo do pretérito<br />
composto<br />
Se tivesse tido tempo, teria<br />
ido a sua fes ta.<br />
Hábito Presente do indicativo Presente do indicativo Se tenho tempo, vou a<br />
fes tas.<br />
Exercícios<br />
01. Leia o texto com atenção.<br />
“Fabiano meteu-se na vereda que ia desembocar na lagoa seca, torrada (...)<br />
Espiava o chão como de costume, decifrando restos. Conheceu os da égua ruça, com<br />
certeza. Deixara pêlos brancos num tronco de angico. Urinara na areia e o mijo desmanchara as<br />
pegadas, o que não aconteceria se se tratasse de um cavalo.”<br />
Graciliano Ramos – Vidas secas<br />
Assinale a alternativa que propõe uma adequada substituição para os verbos destacados.<br />
a. urinasse – desmancharia<br />
b. urinaria – desmanchará<br />
c. urinou – desmancharia<br />
d. urinará – desmancha<br />
e. urina – desmanchou
02. Leia com atenção o fragmento de Memórias póstumas de Brás Cubas para responder.<br />
“(...) se eu disse que a vida humana nutre de si mesma outras vidas, mais ou menos<br />
efêmeras, como o corpo alimenta os seus parasitas, creio não dizer uma cousa inteiramente absurda.<br />
Mas, para não arriscar essa figura menos nítida e adequada, prefiro uma imagem astronômica: o<br />
homem executa à roda do grande mistério um movimento duplo de rotação e translação; tem os seus<br />
dias, desiguais como os de Júpiter, e deles compõe o seu ano mais ou menos longo.<br />
No momento em que eu terminava o meu movimento de rotação, concluía Lobo Neves<br />
o seu movimento de translação. Morria com o pé na escada ministerial. (...).”<br />
Machado de Assis<br />
Assinale a alternativa em que se mantém a correta correlação de tempos e modos entre os dois verbos<br />
destacados no texto.<br />
a. terminasse – concluiria<br />
b. tivesse terminado – terá concluído<br />
c. terminaria – concluiria<br />
d. terminei – concluíra<br />
e. terminar – concluiria<br />
03. Assinale a alternativa que apresenta uma correta correlação de tempos e modos para os verbos<br />
destacados no texto.<br />
“Como o semanário apareceu regularmente durante três domingos, e publicou<br />
realmente estudos recheados de grifos e citações sobre as Capelas da Batalha , a Tomada de Ormuz, a<br />
Embaixada de Tristão da Cunha , começou logo a ser considerado uma aurora, ainda pálida, mas<br />
segura, de Renascimento Nacional.”<br />
Eça de Queirós<br />
a. aparecesse – publicasse – começou<br />
b. aparecera – tivesse publicado – começara<br />
c. apareceria – publicará – começará<br />
d. aparecia – publicava – começava<br />
e. aparecesse – publicou – começou<br />
04. Assinale a alternativa que propõe uma correta substituição para os verbos da frase que segue.<br />
“O Congresso reúne-se de terças a quintas, depois volta para as suas bases, onde fica de<br />
sextas a segundas.”<br />
Luis Fernando Veríssimo – “Pioneirismo”. In O Estado de S. Paulo . 21/01/2000<br />
a. se reunirá – voltará – ficou<br />
b. reunir-se-á – voltará – ficara<br />
c. reunir-se-ia – voltaria – ficará<br />
d. reunir-se-á – voltará – ficará<br />
e. se reuniria – voltaria – ficaria
05. Assinale a alternativa que mantém a correta correlação dos tempos verbais do texto que segue.<br />
“Quem não tem – ou já teve – um amigo que adora mostrar a toalhinha ‘adquirida’<br />
num cruzeiro marítimo ou o copo de cerveja com o logotipo de um bar badalado?”<br />
Veja<br />
a. teria – teria tido – adoraria<br />
b. teve – tivera – adorara<br />
c. tenha – tivesse – adorasse<br />
d. tenha – tivesse tido – tenha adorado<br />
e. terá – tem – adora<br />
Gabarito<br />
01. Alternativa a.<br />
A seqüência de ações faz pressupor a ação de desmanchar como posterior à de urinar .<br />
Assim, as alternativas d e e não são aceitáveis.<br />
Se a reelaboração do fragmento tem como opção a certeza quanto à realização das duas<br />
ações, as alternativas b e c são inadequadas, uma vez que misturam certeza com possibilidade (futuro<br />
do pretérito).<br />
Na alternativa a, opta-se pelo hipotético, o que determina a correlação entre imperfeito<br />
do subjuntivo e o futuro do pretérito do indicativo.<br />
02. Alternativa a.<br />
As duas ações são concomitantes. Portanto são inadequadas as alternativas b e d.<br />
Como primeiro verbo pertence a uma oração subordinada, somente nele se poderia<br />
empregar o verbo no subjuntivo. Além disso, não se pode desrespeitar a correlação (entre subordinad a<br />
e principal): imperfeito do subjuntivo na oração subordinada, futuro do pretérito na oração princip al.<br />
03. Alternativa a.<br />
Os dois primeiros verbos devem ser empregados na mesma forma, uma vez que<br />
pertencem a orações coordenadas; além disso, por estarem em orações subordinadas causais com a<br />
conjunção “como”, é aceitável o emprego do subjuntivo.<br />
O 3.o verbo pertence à oração principal e faz referência a um fato passado, concluído e<br />
cuja ação é concomitante às dos dois primeiros verbos. Portanto a opção só pode incidir sobre o<br />
pretérito perfeito do indicativo.<br />
04. Alternativa d.<br />
As três ações caracterizam um hábito, o que determina o emprego do mesmo tempo<br />
verbal, como só acontece nas alternativas d e e. No entanto, a alternativa e apresenta um erro de<br />
colocação pronominal, uma vez que o futuro do pretérito exigiria a mesóclise (reunir-se-ia).<br />
05. Alternativa e.<br />
A pergunta determina à frase um caráter de dúvida, tornando aceitável o emprego do<br />
futuro do presente. Como o verbo colocado entre travessões vem colocado em um tempo anterior ao
do primeiro, empregou-se o presente do indicativo. Por outro lado, a característica do amigo (que e stá<br />
expressa no texto por meio do verbo adorar ) é constante, o que determina o emprego do presente do<br />
indicativo.<br />
Obs.: Em nenhuma das três formas verbais é admissível o emprego do subjuntivo, o que elimina a<br />
possibilidade de escolha das alternativas c e d devem.
Literatura<br />
Exercícios<br />
Teste seus conhecimentos sobre as dez obras da lista da Fuvest 2000<br />
01. Leia os textos que seguem.<br />
Texto I<br />
Mar português<br />
Fernando Pessoa<br />
Texto II<br />
Camões<br />
Ó mar salgado, quanto do teu sal<br />
São lágrimas de Por tu gal!<br />
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,<br />
Quantos filhos em vão rezaram!<br />
Quantas noivas ficaram por casar<br />
Para que fosses nosso, ó mar!<br />
Valeu a pena? Tudo vale a pena<br />
Se a alma não é pequena.<br />
Quem quer passar além do Bojador<br />
Tem que passar além da dor.<br />
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,<br />
Mas nele é que espelhou o céu.<br />
“Em tão longo caminho e duvidoso<br />
Por perdidos as gentes nos julgavam,<br />
As mulheres co’um choro piedoso,<br />
Os homens com suspiros que arrancavam.<br />
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso<br />
Amor mais desconfia, acrescentavam<br />
A desesperação e frio medo<br />
De já nos não tornar a ver tão cedo."<br />
A partir dos trechos e de seus conhecimentos de Os lusíadas , assinale a alternativa incorreta.<br />
a. O texto II pertence ao episódio “O velho do Restelo”, de Os lusíadas , em que Camões indica uma<br />
crítica às pretensões expansionistas de Portugal, nos séculos XV e XVI.<br />
b. Apesar das diferenças de estilo, tanto o texto de Camões quanto o de Fernando Pessoa indicam<br />
uma mesma idéia: a de que o caráter heróico das descobertas marítimas exige e justifica riscos e<br />
sofrimentos.<br />
c. O fato de Camões, em Os lusíadas , lançar dúvidas sobre a adequação das conquistas ultramarinas –<br />
o assunto principal do poema – contrapõe-se ao modelo clássico da epopéia.<br />
d. Ainda que abordem uma mesma circunstância histórica e ressaltem as mesmas reações humanas, o<br />
texto de Fernando Pessoa e o episódio “O velho do Restelo” chegam a conclusões diferentes sobre a<br />
validade das navegações portuguesas.<br />
e. Os dois textos referem-se aos sofrimentos que a expansão marítima portuguesa provocou.
02. Leia o trecho do poema da 2.a parte de Lira dos vinte anos .<br />
“Idéias íntimas”<br />
“Meu po bre le i to! eu amo-te con tu do!<br />
Aqui levei sonhando noites belas;<br />
as lon gas horas olvidei 1 libando 2<br />
Ardentes gotas do licor doirado,<br />
Esqueci-as no fumo, na leitura<br />
Das páginas lascivas 3 do ro mance...<br />
Meu leito juvenil, da minha vida<br />
És a página d’oiro. Em teu asilo<br />
Eu sonho – me poeta, e sou ditoso,<br />
E a minha mente errante devaneia em mundos<br />
Que esmalta a fan ta sia! (...)<br />
Ó meus sonhos de amor e mocidade,<br />
Por que ser tão formosos, se devíeis<br />
Me abandonar tão cedo... e eu acordava<br />
Arquejando a beijar meu travesseiro?"<br />
Sobre o texto de Álvares de Azevedo, é correto afirmar que:<br />
a. a voluptuosidade em poemas da 2.a parte de Lira dos vinte anos é abordada de um ponto de vista<br />
mais realista, o que se observa no trecho transcrito, em que o eu lírico confessa seus mais ardente s<br />
desejos.<br />
b. a dualidade entre sonho e realidade está dramatizada no ambiente da cama, já que lá se opera<br />
tanto o distanciamento da realidade (“em teu asilo”), quanto a consciência dos limites da fantasia<br />
romântica (“e eu acordava / Arquejando a beijar meu travesseiro”).<br />
c. a juventude aparece no poema como um tempo em que sonhos fantasiosos não podiam compensar<br />
a decepção com a realidade e eram apenas causa de sofrimento e decepção.<br />
d. faz parte dos devaneios do jovem romântico imaginar-se imerso na fruição e na produção literária ,<br />
que o fariam esquecer as frustrações amorosas por que passava na realidade.<br />
e. a referência aos objetos da casa – como o leito referido no trecho transcrito – prova que já no<br />
Romantismo a poesia buscou no cotidiano temas mais prosaicos.<br />
03. Os dois trechos que seguem são de O guarani, de José de Alencar. Leia-os e indique a alternativa<br />
correta.<br />
“Na vida selvagem, tão próxima da natureza, onde a conveniência e os costumes não<br />
reprimem os movimentos do coração, o sentimento é uma flor que nasce como a flor do campo e<br />
cresce em algumas horas com uma gota de orvalho e um raio de sol.”<br />
“(...) o fidalgo com a sua lealdade e cavalheirismo apreciava o caráter de Peri, e via nele,<br />
embora selvagem, um homem de sentimentos nobres e de alma grande.”<br />
a. Os fragmentos permitem afirmar que o intuito de consagrar a paisagem nacional e de exaltar o<br />
povo brasileiro obrigou que em O guarani a civilização e a cultura européias fossem desvalorizadas.<br />
b. Por ser uma obra cujo objetivo é o de resgatar a origem mítica da nação brasileira, O guarani não<br />
enfatiza no enredo as questões emocionais e amorosas.<br />
c. O herói Peri constitui um símbolo nacional porque, com paciência, dedicação e astúcia, resiste à<br />
dominação branca e preserva, ao final da narrativa, sua superioridade “selvagem”, seja no plano<br />
físico, seja no plano cultural, conforme indicam os dois fragmentos.<br />
1. olvidar: esquecer.<br />
2. libar: beber.<br />
3. lascivo: luxurioso, sensual, devasso.
d. A indicação da vida selvagem como sendo superior é completamente desmentida em outros<br />
momentos da obra, em que a vida selvagem é recriminada e o próprio Peri prefere se transformar<br />
em um civilizado.<br />
e. Sob a inspiração das teses do “bom selvagem” de Russeau, O guarani pretende louvar as virtudes<br />
do primitivo, mas não poderia apresentar como proposta a substituição da cultura branca, nem<br />
indicar a vida “tão próxima à natureza” como modelo de futuro para a jovem nação brasileira.<br />
04. Sobre A Ilustre casa de Ramires , de Eça de Queirós, é incorreto afirmar que:<br />
a. Na novela “A torre de D. Ramires”, escrita por Gonçalo Ramires, ocorre paráfrase do estilo<br />
romântico medievalista, o que se observa especialmente pelo vocabulário referente à guerra e à<br />
arquitetura.<br />
b. O ato de plagiar a novela do tio Duarte, a hipérbole na caracterização dos personagens e da ação<br />
acabam relativizando o valor da obra escrita por Gonçalo e suscitam a crítica de que os<br />
antepassado heróicos do fidalgo – assim como o próprio passado glorioso de Portugal – talvez não<br />
passassem de fantasia, exagero.<br />
c. Representando o imobilismo e a fragilidade de Portugal no final do século XIX, Gonçalo parece<br />
indicar, por meio de sua história pessoal, o caminho para o país retomar seu desenvolvimento:<br />
precisa livrar-se dos fantasmas do passado, crendo na possibilidade de sucesso. Por representar a<br />
nação portuguesa, o personagem pode ser considerado alegórico.<br />
d. Como apresenta um protagonista condenável por sua covardia e insegurança, por suas mentiras e<br />
vaidade, o narrador de A ilustre casa de Ramires freqüentemente emite juízos de valor, comentando<br />
de modo crítico o comportamento de Gonçalo e condenando explicitamente seu caráter e suas<br />
atitudes.<br />
e. Além da degradação financeira, e pior que essa, o romance registra a degeneração moral de<br />
Gonçalo, o que se comprova com o fato de o fidalgo ter arriscado o bem-estar de sua irmã em<br />
nome de suas pretensões políticas.<br />
05. Leia o trecho do capítulo “O almocreve”, de Memórias póstumas de Brás Cubas , em que o<br />
personagem narrador, depois de ter passado por uma situação de perigo, gratifica o socorro prestado<br />
pelo almocreve.<br />
“Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e<br />
du rante esse tempo cogitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talve z<br />
uma. Com efeito, uma moeda era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-lhe a roupa;<br />
era um pobre-diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, via-a<br />
reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha-lhe voltado as costas; mas suspeitou-o<br />
talvez, entrou a falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe conselhos, dizia-lhe que tomas se<br />
juízo, que o “senhor doutor” po dia castigá-lo; um monólogo pa ter nal. Valha-me Deus! até ouvi est alar<br />
um beijo: era o almocreve que lhe beijava a testa.<br />
graça...<br />
— Olé! exclamei.<br />
— Queira vosmecê perdoar, mas o diabo do bicho está a olhar para a gente com tanta<br />
Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em prata, cavalguei o jumento, e segui a<br />
trote largo, um pouco vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da pratinha. Mas a algumas<br />
braças de distância, olhei para trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de<br />
contentamento. Adverti que devia ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais.<br />
Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os vinténs<br />
que eu devera ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado de prata."<br />
Assinale a alternativa correta sobre o trecho.<br />
a. A reação bajuladora do almocreve ao perceber que seria recompensado fez com que Brás Cubas<br />
diminuísse o valor da gratificação.
. O contentamento do almocreve com a pratinha que ganhara era evidentemente falso e revela o<br />
pessimismo machadiano que denuncia a hipocrisia humana.<br />
c. O trecho critica a vaidade e presunção de Brás Cubas, que queria impressionar o almocreve com<br />
uma moeda de ouro.<br />
d. Como autor realista, Machado de Assis insiste nas desigualdades sociais e por isso o trecho indica<br />
que um “pobre diabo” como o almocreve depende de esmolas, qualquer que seja o valor delas.<br />
e. Brás Cubas mede a quantia da gratificação de modo a salvar as aparências e ao mesmo tempo<br />
gastar o menos possível.<br />
06. Leia os textos de Alguma poesia e em seguida assinale a alternativa incorreta .<br />
Texto I<br />
Sinal de apito<br />
Texto II<br />
“O sobrevivente”<br />
Um silvo breve: Atenção, siga.<br />
Dois silvos breves: Pare.<br />
Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna.<br />
Um silvo longo: Diminua a marcha.<br />
Um silvo longo e breve: Motoristas a postos.<br />
( A esse sinal todos os motoristas<br />
tomam lugar nos seus veículos para<br />
movimentá-los imediatamente.)<br />
“Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.<br />
Impossível escrever um poema – uma linha que seja de verdadeira poesia.<br />
O último trovador morreu em 1914.<br />
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.<br />
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.<br />
Se quer fumar um charuto aperte um botão.<br />
Paletós abotoam-se por eletricidade.<br />
Amor se faz pelo sem-fio.<br />
Não precisa estômago para digestão.<br />
Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta muito<br />
para atingirmos um nível razoável de cultura. Mas<br />
até lá, felizmente, estarei morto."<br />
a. “Sinal de apito” constitui exemplo de poema-piada, em que a realidade é deturpada com finalidade<br />
humorística; sendo assim, o texto não pretende emitir crítica, mas apenas divertir.<br />
b. Nos dois textos é possível observar a desilusão do poeta em relação à modernidade, por meio da<br />
sátira à mecanização da vida.<br />
c. Em “O sobrevivente”, além da ironia, transparece um amargor mais profundo, já que a<br />
modernização equivale ao fim da poesia, impossível em tempo de brutalidade como a da guerra,<br />
indicada por meio da data “1914".<br />
d. No texto II, há uma diferenciação entre dois conceitos: modernidade e cultura. Sendo assim, o<br />
poema pode sugerir que as máquinas, a vida urbana e a guerra são manifestações de brutalidade,<br />
de barbárie, de irracionalidade, ou seja, não representam a cultura.<br />
e. O automatismo que se verifica no texto I não se distingue radicalmente da monotonia previsível n a<br />
“vida besta” da cidade do interior, descrita pelo próprio Drummond em “Cidadezinha qualquer”.
07. Leia a estrofe de Morte e vida severina que apresenta uma das vizinhas que visita o recém-nascido,<br />
filho do mestre carpina. Em seguida, assinale a alternativa correta sobre esse episódio.<br />
“Minha pobreza tal é<br />
que coisa não posso ofertar:<br />
somente o leite que tenho<br />
para meu filho amamentar;<br />
aqui são todos irmãos,<br />
de leite, de lama, de ar."<br />
a. O nascimento do filho do mestre carpina altera abruptamente a realidade social apresentada na<br />
obra e por isso lembra o messianismo de Jesus Cristo.<br />
b. O nascimento do filho de mestre José provoca tanta alegria, que até mesmo Severino, desiludido<br />
com sua chegada a Recife, desiste do suicídio.<br />
c. A idéia de que “aqui são todos irmãos, de leite, de lama, de ar” repete a mensagem da primeira<br />
cena da obra, em que Severino tem dificuldade de se diferenciar dos demais sertanejos, e indica<br />
que o nascimento da criança não representa automática e profunda mudança da situação de<br />
pobreza.<br />
d. A bondade das vizinhas no episódio do nascimento da criança indica a principal mensagem da<br />
obra: os pobres, por manterem a fé e a religiosidade cristã, são mais humanos que os ricos.<br />
e. Metaforicamente associado à cena do presépio natalino, o episódio do nascimento da criança<br />
desmente a promessa cristã de salvação por meio do nascimento de Cristo: indica-se que a situação<br />
social continuará a mesma e que uma criança franzina nada representa.<br />
08. Analise as afirmações sobre Vidas secas , de Graciliano Ramos.<br />
I. A estrutura da obra é circular, porque cada capítulo traz uma mesma realidade: a pobreza de<br />
meios e o sentimento de inferioridade dos sertanejos pobres.<br />
II. O narrador aproxima-se da perspectiva dos personagens por meio do discurso indireto livre, que<br />
lhe permite manifestar pensamentos de seres cuja capacidade de expressão oral é bastante<br />
reduzida.<br />
III. À inferioridade de ordem econômica, acrescenta-se na obra a submissão e a auto-desvalorização<br />
de natureza psicológica, uma vez que o sertanejo, além de pobre, sente-se tolhido em seu direito<br />
de exigir respeito e condições dignas de existência.<br />
Estão corretas:<br />
a. todas as afirmações;<br />
b. somente as afirmações I e II;<br />
c. somente as afirmações II e III;<br />
d. somente as afirmações I e III;<br />
e. somente a afirmação III.<br />
09. Lei o trecho de Macunaíma e as afirmações que se fazem. Em seguida, assinale a alternativa<br />
verdadeira .<br />
“Jiguê teve raiva porque peixe andava rareando e caça inda mais. Foi na praia do rio pra<br />
ver si pescava alguma coisa e topou com o feiticeiro Tzaló que tem uma perna só. O catimbozeiro<br />
possuía uma cabaça encantada feita com a metade duma casca de jerimum. Mergulhou a cabaça no<br />
rio, encheu de água até o meio e despejou na praia. Caiu um despropósito de peixe. Jiguê reparou<br />
bem como que o feiticeiro fazia. Tzaló largou da cabaça por aí e principiou matando peixe com um<br />
porrete. Então Jiguê roubou a cabaça do feiticeiro Tzaló que tem uma perna só.<br />
Mais pra adiante fez que-nem tinha reparado e veio muito peixe, veio pirandira veio pacu<br />
veio cascudo veio bagre veio jundiá tucunaré, todos ess es peixes e Jiguê voltou carregado pra tape ra<br />
depois de esconder a cabaça na raiz do cipó. Todos ficaram sarapantados com aquele mundo de peixe
e comeram bem. Macunaíma desconfiou.<br />
No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que Jiguê fosse pescar, saiu atrás.<br />
Descobriu tudo. Quando o mano foi-se embora Macunaíma largou da gaiola de legornes no chão<br />
pegou na cabaça escondida e fez que-nem o mano. Isso vieram muitos peixes, veio acará veio<br />
piracanjuba veio aviú guarijuba, piramutaba mandi surubim, todos esses peixes. Macunaíma atirou a<br />
cabaça por aí, na pressa de matar todos os peixes, cabaça caiu numa lapa e juque! mergulhou no rio."<br />
I. A perspectiva primitiva, que aceita a intervenção de forças ocultas e a manifestação de poder es<br />
mágicos, é apresentada no trecho e na obra como algo inverossímil e o narrador põe em dúvida a<br />
veracidade dos acontecimentos, ao exagerá-los.<br />
II. A traição e a astúcia não é uma característica exclusiva de Macunaíma, mas o trecho revela qu e o<br />
herói sem nenhum caráter é ao mesmo tempo engenhoso, esperto e inconseqüente, irresponsável.<br />
III. As enumerações que o trecho apresenta são um recurso freqüentemente empregado na obra e<br />
tem sempre a finalidade de apresentar a fartura da cultura e da natureza brasileiras.<br />
IV. As histórias formadas por episódios que se repetem de modo muito parecido, os nomes de peixes<br />
e divindades, a apresentação repetida do epíteto em forma de rima (“Tzaló que tem uma perna<br />
só”) são resultado das pesquisas folclóricas do autor, que compôs uma obra em que se cruzam<br />
referências à cultura popular, à linguagem regional, às formas de falar e de narrar de extratos mais<br />
incultos da população.<br />
a. Todas as afirmações estão corretas.<br />
b. Somente as afirmações I, II e III são corretas.<br />
c. Somente as afirmações II e IV são corretas.<br />
d. Somente as afirmações II, III e IV são corretas.<br />
e. Somente as afirmações I e IV são corretas.<br />
10. Leia o trecho do conto de Guimarães Rosa e assinale a alternativa correta sobre o papel do narr ador.<br />
“Lá fora, a noite fechada; tinha chovido um pouco. Raro, um falava mais forte, e súbito<br />
se moderava, e compungia-se, acordando de seu descuido. (...)<br />
Aquilo po dia-se entender? Eles, os Dagobés sobrevivos, faziam as devidas honras,<br />
serenos, e, até, sem folia mas com alguma alegria.<br />
(...)<br />
Se assim, qual nada: a ninguém enganavam. Sabiam o até-que-ponto, o que ainda não<br />
estavam fazendo. Aquilo era quando as onças. (...) Depois do cemitério, sim, pegavam o Liojorge, co m<br />
ele terminavam."<br />
Os irmãos Dagobé<br />
a. Para aumentar a tensão da narrativa, o narrador adota o ponto de vista de Liojorge, vítima da<br />
situação.<br />
b. O narrador indica que sabe tanto quanto o leitor sobre o desfecho dos fatos e por isso a narrativa<br />
não resolve de imediato as dúvidas sobre a reação dos Dagobé.<br />
c. Onisciente, o narrador capta tanto as dúvidas da população que acompanha o velório quanto as<br />
reações emocionais dos Dagobé, como se comprova em “mas com alguma alegria”.<br />
d. O narrador do conto conduz a narrativa numa perspectiva que se aproxima das pessoas presentes<br />
ao velório, expressando pretensa ignorância a respeito do desenlace do episódio, para gerar<br />
expectativa no leitor.<br />
e. O narrador reproduz o ponto de vista da população, que sabia prever, apesar das aparências, o<br />
desfecho do caso do assassinato praticado por Liojorge.
Gabarito<br />
01. Alternativa b.<br />
Em “Mar português”, Fernando Pessoa defende que a grandiosidade das conquistas<br />
ultramarinas exigiu e justificou sofrimentos humanos. Essa idéia se contrapõe às acusações do velho<br />
do Restelo, que procura mostrar que a pretensão portuguesa, movida pelo desejo de glória e poder,<br />
seria um risco para a pátria (deixaria o reino desprotegido contra os árabes) e representaria um cu sto<br />
elevadíssimo para os seres humanos, que se arriscariam a morrer, desestruturando famílias e<br />
provocando profundo e descabido sofrimento. Sendo assim, Camões agrega em sua obra uma crítica<br />
às navegações que pretende louvar e com isso contraria o modelo da epopéia clássica, que não<br />
questionava jamais a validade dos atos praticados pelos heróis.<br />
02. Alternativa b.<br />
Na segunda parte de Lira dos vinte anos , manifesta-se a consciência da realidade<br />
frustrante, que se contrapõe ao sonho e à idealização da primeira parte, e mostra que é impossível ou<br />
inadequado viver o mundo pela ótica da fantasia. Resulta disso o tédio, o isolamento, o tom sarcást ico<br />
do poeta desiludido. Em “Idéias íntimas” esse desinteresse por um mundo prosaico reflete-se em um<br />
longo momento de reflexão, em que o eu lírico, sozinho em seu quarto, dialoga com os objetos à sua<br />
volta e analisa sua vida. No trecho em questão, o leito serve de palco para as duas tendências<br />
românticas: o escapismo pelo sonho, pelo devaneio e a tomada de consciência de que as fantasias<br />
juvenis acabam em frustração, em desolada sensação de vazio.<br />
Na alternativa a, reparar que os desejos do poeta no trecho são manifestados por meio<br />
de sonhos da juventude, não de uma maneira “realista” ; na alternativa c não se pode afirmar que os<br />
sonhos só gerassem decepção: o poeta se lembra dos sonhos juvenis como fonte de prazer, como<br />
forma de “asilo” da realidade insatisfatória; na alternativa d, as frustrações amorosas do poeta não<br />
estão no plano da realidade, não há referências no trecho a casos de amor “reais”; na alternativa e, a<br />
banalidade não se encontra como tema, mas como cenário: o tema são os sonhos da juventude.<br />
03. Alternativa e.<br />
O Romantismo pretendeu cumprir uma dupla função: exaltar as qualidades do Novo<br />
Mundo, ressaltar a “cor local”, o exotismo americano e, ao mesmo tempo, prever para a jovem nação<br />
– recém independente – um futuro glorioso, que elevasse a ex-colônia “selvagem” ao patamar da<br />
civilização burguesa européia. Por isso, Peri e a cultura indígena em O guarani são tanto mais louvados<br />
quanto mais se ajustam aos padrões de comportamento dos brancos. Isso explica que haja<br />
freqüentemente no romance elogios ambíguos ao herói, como no fragmento II, em que se apresenta a<br />
idéia de que, apesar de selvagem , Peri tinha bons sentimentos, o que contradiz a idéia do primeiro<br />
fragmento, de que os sentimentos mais francos nascem da vida natural, selvagem (o que equivale à<br />
tese de Russeau de que o primitivo era, por natureza, bom e a sociedade o corrompia).<br />
04. Alternativa d.<br />
O narrador de A ilustre casa de Ramires é de 3.a pessoa e mantém-se bastante neutro em<br />
relação às ações e comportamentos de Gonçalo. O julgamento nunca se dá de modo expresso, mas<br />
por certas ironias, pelo ridículo – facilmente perceptível pelo leitor – de certas cenas.
05. Alternativa e.<br />
Brás Cubas, logo depois do susto do acidente de que fora vítima, sente um ímpeto de<br />
agradecer ao almocreve que o salvara. Com o desenrolar da cena e com o perigo já controlado, Brás<br />
começa a refletir sobre a quantia da recompensa. Analisa fisicamente o almocreve, percebe sua<br />
pobreza e decide que uma moeda de ouro seria excessivo. Depois de ter dado a moeda de prata,<br />
volta-se para verificar a reação do almocreve, constata a franca felicidade do moço e conclui que n ão<br />
precisava ter gastado tanto: ou seja, Brás Cubas não gratificou o almocreve por aquilo que julgava<br />
adequado, mas somente na medida que sua ação causasse algum efeito, resultasse em manifestação<br />
pública de gratidão pelo almocreve. Assim, balanceou “perdas” e “ganhos”, isto é, os gastos e a<br />
gratidão do almocreve. Na alternativa a, é verdade que o almocreve tenta bajular Brás Cubas,<br />
chamando-o de doutor e dando um beijo no cavalo, mas não foi essa a razão de Brás ter diminuído o<br />
valor da recompensa. Na alternativa c, não se pode afirmar que o almocreve dependia de esmolas.<br />
06. Alternativa a.<br />
Ainda que a forma sintética, a apresentação bruta e simples de uma cena aproxime “Sinal<br />
de apito” do poema-piada, não se pode afirmar que esse gênero de composição poética não possa ser<br />
veículo de crítica, por meio do humor, da sátira, da paródia. No caso, a mecanização da vida modern a<br />
é satirizada por meio do exagero, o que não significa que a realidade esteja deturpada: continua<br />
sendo possível reconhecer no poema uma das características da realidade moderna.<br />
07. Alternativa c.<br />
Na primeira cena de Morte e vida severina , o protagonista insiste na idéia de que é igual<br />
a todos os demais “severinos”, ou seja, retirantes pobres. O menino que nasce tampouco se diferencia<br />
dos demais “irmãos de leite, de lama, de ar” e não pode representar uma alteração automática e<br />
radical das injustas estruturas sócio-econômicas. Por isso o menino não é um messias, que<br />
magicamente pode mudar o curso da História (observar a alternativa a); por outro lado, tampouco<br />
deixa de representar algo importante: a persistência da vida, a força humana que se perpetua a cada<br />
nascimento e que mantém viva a esperança de uma vida social diferente, mais justa (alternativa e).<br />
Lembre-se de que não se sabe o que acontece com Severino depois do nascimento do filho de mestre<br />
José, já que o protagonista não volta a se manifestar (alternativa b).<br />
08. Alternativa c.<br />
É verdade que a estrutura de Vidas secas pode ser considerada circular, já que o primeiro<br />
e o último capítulos flagram a família de Fabiano em uma mesma situação: a fuga da seca. A<br />
afirmação apresenta, portanto, uma justificativa equivocada para o fato de a estrutura da narrativ a<br />
ser circular.<br />
09. Alternativa c.<br />
A afirmação I é incorreta porque o narrador apresenta os acontecimentos mais<br />
surpreendentes como se fossem aceitáveis e jamais põe em dúvida a possibilidade de ações mágicas,<br />
sobrenaturais.<br />
A afirmação III é incorreta porque a enumeração (“veio muito peixe, veio pirandira veio<br />
pacu veio cascudo veio bagre veio jundiá tucunaré”) é de fato um recurso freqüentemente empregado<br />
em Macunaíma , mas o efeito de sentido não é sempre (nem predominantemente) o de indicar a<br />
fartura, a exuberância da natureza brasileira. Lembre-se de que, mesmo no trecho em questão,<br />
Macunaíma e seus irmãos enfrentam um período de miséria, o que contradiz a idéia de riqueza<br />
natural.
10. Alternativa d.<br />
O narrador do conto, onisciente, evidentemente conhece o desfecho do episódio, mas<br />
não o revela antecipadamente; antes, adota a perspectiva da população que compareceu ao velório,<br />
fingindo não compreender a reação pacífica dos irmãos de Damastor Dagobé. Comprova também a<br />
adoção dessa perspectiva expressões como “Lá fora” e “Eles, os Dagobé”.