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1 A REPRESENTAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A ... - Unesp

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ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />

O ser dominado, neste caso, a mulher, às vezes sem perceber, acaba sendo submissa<br />

a essa dominação, pois condicionou-se historicamente a ela: “A dominação masculina faz-se<br />

presente de forma que as mulheres se veem condicionadas a seguirem o padrão<br />

comportamental a que foram submetidas durante toda suas vidas” (SOUZA, 2009, p.16).<br />

Segundo Bourdieu,<br />

A força simbólica é uma forma de poder que se exerce sobre os corpos, diretamente, e<br />

como que por magia, sem qualquer coação física; mas essa magia só atua com o apoio de<br />

predisposições colocadas, como molas propulsoras, na zona mais profunda dos corpos. Se<br />

ela pode agir como um macaco mecânico, isto é, com um gasto extremamente pequeno de<br />

energia, ela só o consegue porque desencadeia disposições que o trabalho de inculcação e<br />

de incorporação realizou naqueles ou naquelas que, em virtude desse trabalho se vêem por<br />

elas capturados (BOURDIEU, 2010, p.50).<br />

O homem se sente dominador e expressa violência em relação à mulher porque,<br />

segundo Rosiska Darcy de Oliveira, por muito tempo as mulheres foram consideradas como um<br />

ser inferior, pois a:<br />

[...] cultura masculina alimentou representações das mulheres como seres anfíbios, mais<br />

instintuais que os homens: alheias à Razão, rebeldes à domesticação [...]. Naturalizadas,<br />

as mulheres não foram incorporadas ou tornadas significativas na cultura<br />

humana/masculina. O confinamento do sexo feminino em uma relação limitada com apenas<br />

alguns aspectos do meio ambiente [...] traduziu-se em desigualdade de status e poder,<br />

tornando-se hierarquia que [...] passou a ser percebida como um dado do comportamento<br />

humano, inscrita no corpo e por ele ditado, e que as representações mitológicas e<br />

ideológicas só fizeram confirmar (OLIVEIRA, 1999, p.40).<br />

Nesse sentido, sendo as mulheres seres inferiores, os homens acharam-se no direito<br />

de dominá-las e maltratá-las. Eva Blay afirma que “agredir, matar, estrupar uma mulher ou uma<br />

menina são fatos que têm acontecido ao longo da história em praticamente todos os países [...]”<br />

(BLAY, 2003, p. 87).<br />

Apesar de os contos em questão serem todos muito curtos, alguns chamados até de<br />

mini-contos, possuem uma grande intensidade de significado. O gênero conto, principalmente o<br />

pequeno, torna-se um grande representante da literatura que Linda Hutcheon (1991) chama de<br />

pós-moderna devido à sua brevidade, concisão e por, geralmente, apresentar um único foco<br />

narrativo, “[...] centrado ou no narrador onisciente ou numa personagem” (D’ ONÓFRIO, 2001, p.<br />

21).<br />

Características como a rapidez, a exatidão e a intensidade estão presentes nesses<br />

contos de Colasanti. Para Ítalo Calvino,<br />

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