O jornal de literatura do Brasil Preciso escrever ... - Jornal Rascunho
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20<br />
150 • outubro_2012<br />
a salvação pelo duplo<br />
Maria duSá, <strong>de</strong> lin<strong>do</strong>lfo rocha, pen<strong>de</strong> entre truculências textuais e um complexo <strong>de</strong>senvolvimento narrativo<br />
: : rodrigo gurgel<br />
são Paulo – sP<br />
Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir Maria Dusá, <strong>de</strong> Lin<strong>do</strong>lfo<br />
Rocha, como um romance no<br />
qual certa ótima idéia é constrangida<br />
pela linguagem claudicante.<br />
No afã <strong>de</strong> apresentar múltiplos pormenores,<br />
incluin<strong>do</strong>-se as características climáticas e<br />
sociológicas da Chapada Diamantina, região<br />
em que a maior parte <strong>do</strong> enre<strong>do</strong> transcorre,<br />
o autor não se satisfaz com <strong>escrever</strong> uma boa<br />
história, mas per<strong>de</strong>-se em trechos retóricos<br />
ou <strong>de</strong> teor ensaístico. O próprio subtítulo <strong>de</strong><br />
Maria Dusá, suprimi<strong>do</strong> nas edições contemporâneas,<br />
revela parte da intenção <strong>do</strong><br />
autor: Garimpeiros (romance <strong>de</strong> costumes<br />
sertanejos e chapadistas).<br />
Logo na abertura <strong>do</strong> Capítulo 3, <strong>de</strong> maneira<br />
a reforçar a <strong>de</strong>scrição da seca <strong>de</strong> 1860,<br />
cujas conseqüências foram perfeitamente<br />
expostas no início <strong>do</strong> livro — não por meio<br />
<strong>de</strong> digressões cansativas, mas <strong>de</strong> fatos dramáticos,<br />
sobre os quais falaremos adiante —,<br />
o narra<strong>do</strong>r insiste:<br />
Nesse ano <strong>de</strong> tristíssimas recordações<br />
a zona ubertosa <strong>do</strong> interior da província da<br />
Bahia transformou-se em terra sáfara, imprestável;<br />
<strong>de</strong> nutriz fecunda e dadivosa, que<br />
era, mu<strong>do</strong>u-se em madrasta irritadiça e ilacrimável;<br />
<strong>de</strong> liberal e opulenta, em mendicante<br />
e miseranda.<br />
Em gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terreno não<br />
se vislumbrava sinal <strong>de</strong> clorofila senão no<br />
Icó, a planta que resiste a todas as secas,<br />
e nas diversas espécies <strong>de</strong> cactos, entre as<br />
quais sobressaíam o mandacaru, a palmatória<br />
e o xiquexique forman<strong>do</strong> este sempre e<br />
em gran<strong>de</strong> cópia os gran<strong>de</strong>s e bizarros can<strong>de</strong>labros<br />
<strong>de</strong> Humboldt.<br />
Poucos parágrafos à frente, <strong>do</strong> relatório<br />
climático passamos à verborragia sentimentalói<strong>de</strong>:<br />
Nas estradas, <strong>de</strong> espaço a espaço, encontravam-se<br />
quadros vivos da mais completa<br />
consternação. Aqui, um velho, cerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> filhos<br />
e netos famintos, num cirro interminável<br />
<strong>de</strong> durar dias e dias; ali, um <strong>de</strong>sventura<strong>do</strong> pedin<strong>do</strong><br />
pelo amor <strong>de</strong> Deus um punha<strong>do</strong> <strong>de</strong> farinha<br />
para que o filho pu<strong>de</strong>sse morrer; adiante<br />
a figura esquelética <strong>do</strong>utra mater <strong>do</strong>lorosa,<br />
na última agonia, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> que o filhinho lhe<br />
sugasse a <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira gota <strong>de</strong> leite sanguinoso;<br />
além, orlan<strong>do</strong> a estrada, arranchamentos<br />
provisórios, retirantes famintos, moven<strong>do</strong>-se<br />
lentamente, em busca d’água ou <strong>de</strong> raízes, extremamente<br />
magros, cheios <strong>de</strong> escaras, <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças,<br />
<strong>de</strong> achaques, ou aniquila<strong>do</strong>s <strong>de</strong> anemia<br />
profunda, e <strong>de</strong>ntre os quais partiam gritos que<br />
aterravam, gemi<strong>do</strong>s que cortavam o coração,<br />
e, <strong>de</strong> envolta com esses, imprecações <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong>s,<br />
pragas <strong>do</strong>s cínicos, gargalhadas<br />
<strong>do</strong>s <strong>de</strong>salma<strong>do</strong>s, choro <strong>de</strong> crianças, tu<strong>do</strong> isso<br />
lembran<strong>do</strong> alguma coisa daquele choro e ranger<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Juízo Final.<br />
A imperiosa necessida<strong>de</strong> que o autor se<br />
impõe, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar um retrato social, quebra,<br />
em inúmeros trechos, a espontaneida<strong>de</strong><br />
da narrativa. Assim, por exemplo, nada acrescenta<br />
à trama a notícia, no início <strong>do</strong> Capítulo<br />
5, <strong>de</strong> que Mucujê chama-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1847, Vila<br />
<strong>de</strong> Santa Isabel. Ou a informação, no mesmo<br />
capítulo, <strong>de</strong> que certo personagem, anos <strong>de</strong>pois,<br />
teria um filho governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Ao <strong>de</strong>screver as conseqüências <strong>do</strong> tiro da<strong>do</strong><br />
contra um arruaceiro, o narra<strong>do</strong>r torna-se<br />
perito em anatomia: “Apenas quatro caroços<br />
<strong>de</strong> chumbo empregaram-se na omoplata direita,<br />
interessan<strong>do</strong> somente o teci<strong>do</strong> celular<br />
subcutâneo”. Da mesma forma, no Capítulo<br />
6, assume a personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um topógrafo<br />
e fala sobre as “anfractuosida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> terreno”.<br />
Mais à frente, no Capítulo 7, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhar<br />
o sentimento <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>, transforma-se em<br />
psicólogo, explican<strong>do</strong> como, “por um fenômeno<br />
<strong>de</strong> autopersuasão, mui freqüente nas<br />
pessoas predispostas ao histerismo, a gratidão<br />
[...] transformava-se em benquerer”. Na<br />
seqüência, uma personagem não sente fome,<br />
mas procura “não sucumbir à <strong>do</strong>r que lhe torturava<br />
a principal fonte <strong>de</strong> renovação da vida<br />
animal”. Suposto bioquímico, o narra<strong>do</strong>r nos<br />
explica também os efeitos <strong>do</strong> “clorureto <strong>de</strong><br />
sódio em organismos <strong>de</strong>sacostuma<strong>do</strong>s e enfraqueci<strong>do</strong>s”.<br />
Ainda preso a teses naturalistas,<br />
justifica, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> um biologismo<br />
rasteiro, a in<strong>de</strong>pendência financeira que algumas<br />
prostitutas conquistavam à época:<br />
o autor<br />
LiN<strong>do</strong>Lfo rocHa<br />
nasceu em grão-Mogol, Minas gerais, a 3 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1862, e faleceu em<br />
salva<strong>do</strong>r, bahia, a 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1911. <strong>de</strong>pois da infância pobre,<br />
durante a qual estuda com dificulda<strong>de</strong>, está no su<strong>do</strong>este baiano em 1880,<br />
na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bruma<strong>do</strong>. discreto, arredio, vive para o estu<strong>do</strong> e ensina as<br />
primeiras letras a meninos. faz parte da filarmônica local, pois toca pistão.<br />
em Maracás, torna-se maestro da banda e abre uma escola primária. em<br />
1887, imprime o primeiro livro, <strong>de</strong> versos: bromélias. transfere-se, com<br />
seu colégio, para areias. Matricula-se na faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direito <strong>do</strong> recife,<br />
on<strong>de</strong> se forma, em 1892. <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano anterior escreve no diário <strong>de</strong><br />
notícias, <strong>de</strong> salva<strong>do</strong>r. inicia carreira como juiz, mas a aban<strong>do</strong>na e torna-se<br />
fazen<strong>de</strong>iro. Pouco tempo <strong>de</strong>pois, falece, ataca<strong>do</strong> por moléstia repentina.<br />
Publicou os romances iacina (1907) e Maria dusá (1910), além <strong>de</strong> livros<br />
didáticos, <strong>de</strong> direito e <strong>de</strong> história. <strong>de</strong>ixa inúmeras obras inéditas, cujos<br />
manuscritos são <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s pelo segun<strong>do</strong> mari<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua mulher.<br />
Na Chapada Nova, como na Chapada<br />
Velha, era coisa vulgar verem-se mulheres <strong>de</strong><br />
vida livre, no auge da influência, transformadas<br />
repentinamente em negociantes, capitalistas,<br />
garimpeiras, hoteleiras, e até alquila<strong>do</strong>ras,<br />
aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssarte, sem confissão<br />
nem penitência a poliandria <strong>do</strong> tom. Era isso<br />
efeito <strong>de</strong> intuitiva previdência, reunida ao instinto<br />
monogâmico, ou da conservação da espécie,<br />
que mui alto fala, exatamente entre as<br />
mais baixas classes <strong>do</strong>s sertões brasileiros.<br />
Não satisfeito, o narra<strong>do</strong>r assume papel<br />
<strong>de</strong> geólogo, fornecen<strong>do</strong>, no Capítulo 19,<br />
longa e fastidiosa explicação sobre o processo<br />
<strong>de</strong> formação <strong>do</strong> diamante, bem como<br />
das técnicas <strong>de</strong> garimpagem.<br />
Quanto à maldita retórica, renasce sempre.<br />
Recurso nefasto, pronto a poluir e <strong>de</strong>sequilibrar<br />
a narrativa, como neste trecho:<br />
Águas e serras! Que filho, que habitante<br />
<strong>de</strong>stas regiões cria<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> “diamante e <strong>do</strong><br />
gênio”, não sentiu alguma vez toda a grandiosa<br />
poesia <strong>de</strong>ssas paisagens alpestres, que,<br />
se <strong>de</strong>snutrem ambições evangélicas, <strong>de</strong> pobreza<br />
e santida<strong>de</strong>, tonificam o caráter para<br />
as mais ru<strong>de</strong>s conquistas da vida!<br />
Águas e serras! Que <strong>de</strong>sventura<strong>do</strong>,<br />
ausente, ou que feliz, mas ao entar<strong>de</strong>cer da<br />
existência, não rememora sau<strong>do</strong>so os dias<br />
i<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> sonha<strong>do</strong>ra contemplação das altas<br />
serranias, que dilaceram as nuvens com o<br />
itacolumito <strong>de</strong> seus visos, ouvin<strong>do</strong> o escachoar<br />
das águas límpidas, por entre as arestas<br />
<strong>do</strong> granito <strong>de</strong> seus flancos!<br />
Águas e serras! Que filho ou ádvena<br />
não traz <strong>de</strong> memória o selo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong>ssas<br />
altanadas serras, e o cunho fisiológico<br />
<strong>de</strong>ssas águas salubérrimas!<br />
Suportamos parágrafos assim, <strong>de</strong> arrebatamento<br />
meloso, apenas para nos <strong>de</strong>parar,<br />
no Capítulo 39, com outros, ainda piores, aos<br />
quais acrescenta-se patriotismo avassala<strong>do</strong>r.<br />
coNtar ou MoStrar<br />
Penso que uma das gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Lin<strong>do</strong>lfo Rocha é a <strong>de</strong> efetivamente crer na<br />
sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> narrar. Durante toda a leitura,<br />
lembrei-me <strong>do</strong> sábio conselho <strong>de</strong> Anton<br />
Tchékhov: “Não me diga que a lua está brilhan<strong>do</strong>;<br />
mostre-me o brilho da luz num copo quebra<strong>do</strong>”.<br />
Chega a ser dramático perceber como<br />
o autor cumpre perfeitamente a recomendação<br />
<strong>do</strong> escritor russo, cain<strong>do</strong>, logo a seguir, no erro<br />
aponta<strong>do</strong> na primeira parte da citação.<br />
Vejamos um exemplo da insegurança <strong>de</strong><br />
Lin<strong>do</strong>lfo Rocha. No início da história, na Fazenda<br />
Lagoa Seca, <strong>de</strong>vastada pela estiagem<br />
prolongada, encontramos a família <strong>de</strong> Raimun<strong>do</strong><br />
e Maria Rosa Alves, <strong>de</strong>struída também<br />
por “incurável preguiça”. A <strong>de</strong>solação <strong>do</strong> cenário<br />
impressiona — e o narra<strong>do</strong>r nos fornece<br />
<strong>de</strong>talhes ilumina<strong>do</strong>res da pobreza, como o das<br />
filhas <strong>do</strong> casal, que utilizam, na confecção das<br />
rendas <strong>de</strong> bilro, não alfinetes, mas espinhos <strong>de</strong><br />
mandacaru. Quan<strong>do</strong> chega a inesperada tropa,<br />
sob o coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong> Brandão, temos a<br />
cena <strong>de</strong> terrível aviltamento, em que a velha<br />
Maria Rosa não só <strong>de</strong>snuda as filhas diante <strong>do</strong><br />
tropeiro, a fim <strong>de</strong> ressaltar sua pobreza, como<br />
as oferece em troca <strong>de</strong> um celamim <strong>de</strong> sal. A<br />
reação <strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong> expressa toda a sua personalida<strong>de</strong>:<br />
circunspecto, ele analisa o quadro<br />
jamais imagina<strong>do</strong>; aceita comprar a filha mais<br />
velha, Maria; entrega aos pais não só sal, mas<br />
toucinho e carne; e aproxima-se da jovem:<br />
— Não chore, não, moça; seus pais<br />
ven<strong>de</strong>ram a filha, mas a filha não foi comprada:<br />
fica aí, com eles; somente lembrese<br />
que o mineiro se chama Ricar<strong>do</strong> Brandão.<br />
Aqui está mais uma lembrança, que<br />
eu <strong>de</strong>stinava a uma irmã.<br />
E assim dizen<strong>do</strong>, tirou da escarcela<br />
uma pequena medalha <strong>de</strong> prata e a entregou<br />
com mão trêmula.<br />
Ora, a configuração ética <strong>do</strong> personagem<br />
está dada. Quan<strong>do</strong> o jovem monta seu cavalo,<br />
ilustração: feLiPe rodrigueS<br />
já não é um tropeiro qualquer, mas um herói,<br />
verda<strong>de</strong>iro ginete <strong>do</strong> sertão. A luz brilhou no<br />
copo quebra<strong>do</strong>. Lin<strong>do</strong>lfo Rocha conseguiu o<br />
que to<strong>do</strong> escritor <strong>de</strong>seja: mostrar algo — e não<br />
apenas contá-lo. Qualquer outra informação<br />
que possa ser adicionada <strong>de</strong>ve cumprir, a partir<br />
<strong>de</strong>sse ponto, duas funções: reafirmar tais<br />
virtu<strong>de</strong>s ou, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a trama,<br />
negá-las, momentaneamente ou não.<br />
O problema é que nosso autor parece,<br />
muitas vezes, não ter consciência da técnica<br />
que utiliza. Assemelha-se a um intuitivo cujos<br />
acertos nascem <strong>do</strong> acaso. Assim, ao longo <strong>do</strong><br />
texto, Lin<strong>do</strong>lfo Rocha sente-se obriga<strong>do</strong> a<br />
ressaltar as qualida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong>,<br />
às vezes por meio <strong>de</strong> novos fatos, bem narra<strong>do</strong>s,<br />
mas, <strong>de</strong>sgraçadamente, repetin<strong>do</strong>, em<br />
inúmeros trechos, que “a lua está brilhan<strong>do</strong>”.<br />
Per<strong>de</strong>-se, então, nos insistentes adjetivos ou<br />
nas longas, enfa<strong>do</strong>nhas digressões.<br />
artiMaNHaS e PerSoNageNS<br />
Todavia, é inacreditável que tal somatório<br />
<strong>de</strong> truculências textuais não consiga<br />
<strong>de</strong>struir Maria Dusá. E se a obra ainda é legível,<br />
<strong>de</strong>ve isso, em parte, ao enre<strong>do</strong> nem um<br />
pouco esquemático.<br />
A imagem <strong>de</strong> Maria permanecerá, na<br />
mente <strong>de</strong> Ricar<strong>do</strong>, como a da mulher i<strong>de</strong>alizada.<br />
Depois <strong>de</strong> fugir da perseguição policial, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
ao tiro que po<strong>de</strong>ria ter mata<strong>do</strong> um arruaceiro,<br />
Ricar<strong>do</strong> volta a Minas Gerais, para ven<strong>de</strong>r a<br />
tropa e rever a mãe. Ao mesmo tempo, morrem<br />
Raimun<strong>do</strong>, Maria Rosa e o único filho homem.<br />
Decidida a encontrar o tropeiro, cansada da<br />
pobreza, Maria foge para a Chapada Diamantina.<br />
Na fuga, inocente, une-se a um grupo <strong>de</strong><br />
meretrizes. Recusan<strong>do</strong>-se a se prostituir, acaba<br />
sen<strong>do</strong> protegida, em Mucugê, por D.ª Rosária.<br />
Apren<strong>de</strong> a ler e <strong>escrever</strong>; e começa a fazer flores<br />
artesanais. Ricar<strong>do</strong>, que sonha com os diamantes,<br />
volta à Bahia, acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> um fiel<br />
tropeiro, João Felipe, e <strong>de</strong> um cão, Amigo, que<br />
<strong>de</strong>sempenha papel importante na história. Ao<br />
chegar a Xiquexique, é hospeda<strong>do</strong> por um ser