Iracema - Repositório Institucional UFC
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metodológica que certamente dificultará a leitura do nosso texto, mas, por outro lado, é<br />
ditada pelo rigor científico.<br />
Todas as traduções para o latim e deste para o português são de Maria Helena da<br />
Rocha Pereira, e consta na ROMANA: Antologia da Cultura Latina, 2ª edição, Instituto de<br />
Estudos Clássicos/ Universidade de Coimbra, 1986.<br />
Utilizaremos a tradução e notas da Eneida de Odorico Mendes, da editora<br />
UNICAMP, cuja apresentação é de Antonio Medina e estabelecimento do texto, notas e<br />
glossário de Luiz Alberto Machado Cabral, donde serão retiradas as transcrições em versos<br />
para este trabalho. Para fins de comparações editoriais serão utilizadas também a tradução<br />
em prosa da editora Cultrix, 6ª edição, de 2000 – tradução direta do latim, notas e<br />
argumento analítico e excurso biográfico de Tassilo Orpheu Spalding e a Edição da Nova<br />
Cultural de 2003 com a tradução também de Spalding.<br />
Alertamos que não há neste trabalho a pretensão do ineditismo, mas tão-somente a<br />
intenção de levantarmos questões relevantes para reverenciar José de Alencar como<br />
cantor de sua terra natal, assim como Virgilio o foi para Roma. E de rompermos com as<br />
fronteiras, não apenas em termos de Literaturas Nacionais, mas também das que<br />
atravessaram as fronteiras e que, todavia, remontam à literatura latina no momento em que<br />
esta adquire a sua expressão mais alta com o poema Eneida, de Virgílio.<br />
Evidentemente, não se pretende esgotar o assunto, nem proferir verdades absolutas<br />
no tocante à interpretação das obras de Virgílio e de Alencar. Queremos, isto sim, propor<br />
uma abordagem diferente das que comumente se tecem sobre o texto Lenda do Ceará do<br />
nosso Virgílio brasileiro. Sem o escopo de digressões sobre gêneros, estrutura ou forma,<br />
buscaremos apontar para a vasta rede de confluências que se entretece ao longo da narrativa<br />
com o poema do autor romano e que eleva <strong>Iracema</strong> para além do “mito fundacional” ou o<br />
anagrama da América. Queremos sim, identificar nas obras que nos dispomos a analisar<br />
neste trabalho, a configuração de um rico exemplo de conexões entre o pensamento de seus<br />
autores, como buscaremos comprovar no decorrer desta apresentação. A <strong>Iracema</strong> de<br />
Alencar traduz um veio exemplar de conexões intertextuais com a epopéia romana.<br />
Antes, porém, alertamos para o fato de que, na emersão dessas conexões, as<br />
principais ferramentas a serem empregadas são aquelas pertencentes a um processo de<br />
leitura atenta do intérprete, razão pela qual é possível que terceiras pessoas, conhecedoras<br />
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