Iracema - Repositório Institucional UFC

Em Cumas (canto VI), na Campânia, ele é instado, depois de consultar Sibila, a
descer ao Reino dos Mortos, onde, entre outros heróis da sua terra, reencontra o seu pai
Anquises. Visitando os Campos Elísios, lugar no qual os Romanos identificavam a morada
dos bem-aventurados, lá tem um colóquio com o pai, que lhe revela o magnífico porvir,
mostrando a estirpe de varões ilustres, os quais descenderão de Enéias e farão a grandeza
do povo latino, imortalizando o nome de Roma.
Enfim, Enéias atinge o Lácio, onde é bem acolhido pelo rei Latino, que lhe promete
em casamento a sua filha única Lavínia, herdeira do trono. Turno, rei dos Rútulos, fica
ressentido, pois Lavínia já era sua prometida.
Eclode a inevitável guerra. Sucedem-se vários combates e, quando tudo indicava a
derrota dos Troianos, Enéias volta ao campo, munido de um escudo que Vulcano (o mesmo
que fizera a armadura de Aquiles) lhe forjara e muda a sorte da luta. Na última batalha, um
embate singular entre os dois chefes se realiza. Enéias é ferido pelos guerreiros adversários,
mas Vênus, sua mãe, envolvida numa nuvem escura, retira-o do meio da batalha, curando-
lhe o ferimento. O herói se recupera, e volta ao duelo; a espada de Turno se parte, em um
golpe de Enéias, e ele foge. O príncipe teucro o persegue, alcança-o e mata-o. Vencida a
guerra, casa-se com Lavínia e desse himeneu surgirá um povo superior, “o berço de uma
nova humanidade”, o povo romano.
1.6 O mito romano das origens troianas
Névio (antes de 260-204 ou 201 a.C.), no seu poema Bellum Poenicum, introduz, na
narrativa da I guerra púnica (264-241 a.C.), uma longa digressão sobre a viagem de Enéias,
de Tróia para o Lácio, a fundação de Roma por Rômulo (que considera neto de Enéias, por
ser filho da sua filha Ília). Paralelamente ao mito da fundação de Roma, Névio menciona
(fr. 6 Morel) a fundadora de Cartago, Dido, hipótese que teria inspirado Virgílio e
explicaria a rivalidade entre Cartagineses e Romanos.
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