Iracema - Repositório Institucional UFC
Iracema - Repositório Institucional UFC
Iracema - Repositório Institucional UFC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ecomenda a Pátroclo não se deixar envolver pelo desejo de glória, não vá intrometer-se<br />
algum deus favorável aos Troianos 50 , já que a virtude e a glória são dons divinos 51 .<br />
Cícero relaciona a glória não apenas à fama e ao louvor 52 , mas também ao mérito<br />
individual no tocante a assuntos da vida pública 53 . A Eneida reconhece aos sacerdotes e<br />
poetas o mérito da memória eterna 54 , mérito que Cícero 55 e outros escritores associam à<br />
condição divina 56 . Aliás, para Ovídio, a criatura humana sensível às honras é imortal 57 .<br />
Instinto natural, como os restantes, a glória constitui um estímulo de vida 58 e de virtude 59 ,<br />
embora não se confunda com ela 60 .<br />
De fato, a ilusão da glória foi bem atestada tanto por Gregos 61 como por Romanos 62 .<br />
Por isso, é necessário distinguir entre a verdadeira e a falsa glória 63 . A verdadeira glória<br />
prefere o ser ao parecer 64 . E porque é a mensageira da verdade, é a única a que o filósofo<br />
deve aspirar 65 . Assim sendo, não deve ser dissociada da fragilidade da condição humana 66 .<br />
50 Cf. Il. XVI, 91 ss.<br />
51 Cf. Il., XVII, 251.<br />
52 “[...] gloria est frequens de aliquo fama cum laude”, Inv., II, 55 (a glória é a fama recorrente, acompanhada<br />
de louvor, a propósito de alguém).<br />
53 “[...] est autem gloria laus recte factorum magnorumque in rem publicam meritorum », Phil. I, 12 (a glória<br />
consiste no louvor dos grandes feitos e dos méritos rectamente realizados a favor da coisa pública).<br />
54 Cf. Virgílio, Aen, VI, 679 ss.<br />
55 Cf. Cícero, Pro Archia, 6; Pro Milone, 35; Pro Rabirio, 10; Pro Sestio, 68; Phil. I, 14.<br />
56 Cf. Salústio, Jug., I, 4; Horácio, Ep. II, I, 5; Carm., III, 3, 9-10; Virgílio, Geórg., IV, 562; Séneca, Consol.<br />
ad Polyb., XXI.<br />
57 Cf. Ovídio, Fast., IV, 295 ss.<br />
58 Cf. Cícero, Pro Archia, XI, 7; De Rep., V, 4; Virgílio, Aen., VI, 889 ss.; T. Lívio, I, 22; Ovídio, Trist., V, I,<br />
75 ss. XII, 37-38; A.Estácio., Theb., VI, 653, 827, 834-835;<br />
59 Cf. Sêneca, Epist., 79.<br />
60 Cícero, De Off., I, 19; Pro Caelio, 31; Lucrécio, III, 59 ss.; Salústio, Catil., 5. 20; Jug., 15; Lucano, Phars.,<br />
V, 20 ss.; Juvenal, X, 147 ss.<br />
61 Píndaro adverte que o orgulho é um caminho perigoso (cf. Isthm., III, 1 ss; Olymp., V). Deus é o autor da<br />
virtude e da glória (cf. Il.,XVI, 91 ss.; XVII, 251; Píndaro, Isthm., III, 4-5; VI, 10 ss; Olymp., V, 20 ss.<br />
62 Cf. T. Lívio, II, 47; XXII, 39; Cíc., De Off., I, 26; Hor., Sát , I, 6, 1 ss; Carm., IV, 6, 1 ss.; Séneca, Ep.,<br />
102..; Macróbio, Comment., II, 12,4; Plutarco, Camilo, 8<br />
63 Cf. Arist., Eth., VII, § 7; Cíc., Pro Sestio, 66; Hor., Ep. I, 16, 25 ss; I, 19, 37 ss; Pérsio, I, 13 ss.; Sén.,<br />
Epist., 102; Luc., Phars., I, 131 ss; Plínio-O-Jovem, Epist. IV, 12.<br />
64 Cf. Salúst., Catil., 54.<br />
65 Cf. Cíc., Pro Archia, 10; Sêneca, Epist., 53. 123.<br />
66 Cf. Lucr., III, !025 ss.; Hor., Carm., I, 34, !%_!&; I, 35, 1 ss; Ov., Met., XII, 615 ss.; Plínio-O-Velho, VII,<br />
43 ss.; Juv., X, 172-173; Luc., Phars., VIII, 793 ss; Boécio, Cons., II, 7.<br />
36