“Tu, romano, sê atento a governar os povos com o teu poder – estas serão as tuas artes -, a impor hábitos de paz, a poupar os vencidos e derrubar os orgulhosos." Eneida VI, 850-853 In: Romana, ed. cit., p. 164. “Raça de duro tronco, mal nascem os filhos, mergulhamo-los no rio, e endurecemo-los ao gelo cortante das águas; os jovens passam a noite na caça, batendo as florestas; os seus jogos, são domar cavalos, retesar o arco para lançar a seta.”A juventude, persistente no trabalho e afeita a pouco, ou domina a terra com o arado, ou abala as florestas com a guerra. Toda a vida se passa com o ferro, e com as lanças invertidas, fatigamos o lombo dos novilhos; a lenta velhice não os debilita a força de ânimo nem nos altera o vigor. As nossas cãs cobre-as ainda o capacete e sempre nos apraz Trazer presas novas e viver do saque”. Eneida., IX, 603-613. In: Romana, ed. cit., p. 189 20
Antes de abordarmos a obra-prima da épica latina, vamos sublinhar alguns conceitos e tópicos prévios, subjacentes ao seu entendimento como gênero literário e ao objetivo de cantar a identidade de um povo, a sua gesta e a sua glória. 1.1 Epopéia Do grego épos, que significa palavra primordial, o vocábulo epopeia (epopoiia), obra de um epopoiós, produtor de narrativas em verso, ou poeta épico, é um gênero literário, reconhecido na época alexandrina como celebração de uma gesta ou ação sublime. Tais vocábulos estão aparentados com o verbo grego eipein, dizer, com vacah (sânscrito) e uox (latim), voz. Trata-se da celebração da totalidade original, no dizer de Hegel 7 , ou da palavra essencial 8 , “nominalização que funda o ser e a essência de todas as coisas” 9 , na expressão de Heidegger. No sentido estrito, a epopéia distingue-se da história, que conta sem imitar (a mímesis aristotélica); do poema dramático, que representa a ação; do poema didático, que colige orientações e preceitos; dos fastos em versos, que reúnem acontecimentos, sem um fio condutor. Gênero sublime (genus grande), por oposição ao baixo e ao médio, a epopéia celebra o percurso vitorioso de um herói, rasgando um mundo luminoso, a partir da herança patrimonial e oral de um passado mítico, quase sempre nebuloso, ao mesmo tempo que celebra ritualmente a identidade cultural de uma comunidade 10 . 7 Hegel, Esthétique, Paris, Aubier-Montaigne, 1944, t. III, 2ª parte, p. 96. 8 Heidegger, Approche de Hölderlin,, Paris, Gallimard, 1962, p. 49. 9 Ib., p. 54. 10 “Somme, totalité, l’epopée expose un monde diurne, lumineux dans sa calme existence,, sans privation et sans fissure, un espace homogène et sans vacance, saturé de passé mythique et protégé par des règles restrictives contre l’assaut des préoccupations du présent, amené par le poète à une apparition littéraire hiératique, solennelle et ritualisée » (Daniel Madelénat, L’Epopée, Paris, PUF, 1ª ed., 1986, p. 51. 21
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