renúncia de Bento XVI - Paróquia São Maximiliano
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"É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação!” (2 Cor 6,2). As palavras do apóstolo<br />
Paulo aos cristãos <strong>de</strong> Corinto ressoam também para nós com uma urgência que não admite<br />
ausências ou omissões. O termo “agora” repetido várias vezes diz que este momento não po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>sperdiçado, ele é oferecido a nós como uma oportunida<strong>de</strong> única e irrepetível. E o olhar do<br />
Apóstolo se concentra sobre a partilha com a qual Cristo quis caracterizar sua existência,<br />
assumindo todo o humano até carregar o pecado dos homens. A frase <strong>de</strong> <strong>São</strong> Paulo é muito forte:<br />
Deus “o fez pecado por nós”. Jesus, o inocente, o Santo, “Aquele que não cometeu pecado”(2<br />
Cor 5,21), carregou o peso do pecado partilhando com a humanida<strong>de</strong> o êxito da morte, e da<br />
morte <strong>de</strong> cruz. A reconciliação que nos é oferecida teve um preço altíssimo, o da cruz elevada<br />
sobre o Gólgota, sobre a qual foi pendurado o Filho <strong>de</strong> Deus feito homem. Nesta imersão <strong>de</strong><br />
Deus no sofrimento humano e no abismo do mal está a raiz da nossa justificação. O “voltar a<br />
Deus <strong>de</strong> todo o coração” no nosso caminho quaresmal passa através da Cruz, o seguir Cristo<br />
sobre a estrada que conduz ao Calvário, ao dom total <strong>de</strong> si. É um caminho no qual se apren<strong>de</strong><br />
cada dia a sair sempre mais do nosso egoísmo e dos nossos fechamentos, para dar espaço a Deus<br />
que abre e transforma o coração. E <strong>São</strong> Paulo recorda como o anúncio da Cruz ressoa em nós<br />
graças a pregação da Palavra, da qual o próprio Apóstolo é embaixador; um chamado para nós<br />
para que este caminho quaresmal seja caracterizado por uma escuta mais atenta e assídua da<br />
Palavra <strong>de</strong> Deus, luz que ilumina nossos passos.<br />
Na página do Evangelho <strong>de</strong> Mateus, que pertence ao assim chamado Discurso da montanha,<br />
Jesus faz referência a três práticas fundamentais previstas pela Lei Mosaica: a esmola, a oração e<br />
jejum: são também indicações tradicionais no caminho quaresmal para respon<strong>de</strong>r ao convite <strong>de</strong><br />
“voltar a Deus como todo o coração”. Mas Jesus <strong>de</strong>staca que seja a qualida<strong>de</strong> e a verda<strong>de</strong> da<br />
relação com Deus o que qualifica a autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada gesto religioso. Por isso, Ele <strong>de</strong>nuncia<br />
a hipocrisia religiosa, o comportamento que quer aparecer, as atitu<strong>de</strong>s que buscam o aplauso e a<br />
aprovação. O verda<strong>de</strong>iro discípulo não serve a si mesmo ou ao “público”, mas ao seu Senhor, na<br />
simplicida<strong>de</strong> e na generosida<strong>de</strong>: “E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa” (Mt<br />
6,4.6.18). O nosso testemunho então será sempre mais incisivo quando menos buscarmos nossa<br />
glória e formos conscientes que a recompensa do justo é o próprio Deus, o ser unido a Ele, aqui,<br />
no caminho da fé, e, ao término da vida, na paz e na luz do encontro face a face com Ele para<br />
sempre (cfr 1 Cor 13,12).<br />
Queridos irmãos e irmãs, iniciemos confiantes e alegres o itinerário quaresmal. Ressoe forte em<br />
nós o convite à conversão, a “voltar para Deus com todo o coração”, acolhendo a sua graça que<br />
nos faz homens novos, com aquela surpreen<strong>de</strong>nte novida<strong>de</strong> que é participação à vida do próprio<br />
Jesus. Nenhum <strong>de</strong> nós, portanto, seja surdo a este apelo, que nos é dirigido também no austero<br />
rito, tão simples e ao mesmo tempo tão sugestivo, da imposição das cinzas, que daqui a pouco