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renúncia de Bento XVI - Paróquia São Maximiliano

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Segundo a velha escola diplomática, a coroa sempre era protegida, ad effusionem sanguinis,<br />

como Sodano gosta <strong>de</strong> repetir: até o <strong>de</strong>rramamento do próprio sangue. Bertone é acusado <strong>de</strong> ter<br />

forçado o papa a se expor para remediar os seus erros. É verda<strong>de</strong>, porém, que nunca lhe faltou o<br />

apoio do papa. De 1995 a 2003, Bertone foi secretário da Congregação para a Doutrina da Fé,<br />

da qual Ratzinger era prefeito.<br />

Nos últimos tempos, quando <strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong> aparecia em público na sua fragilida<strong>de</strong>, ele sempre<br />

procurava com os olhos o secretário <strong>de</strong> Estado na primeira fila, e quando cruzava o olhar com ele<br />

se sentia mais seguro. No fim, ao invés <strong>de</strong> removê-lo, preferiu ele mesmo ir embora.<br />

Quinta, 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2013<br />

<strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong> renunciou, viva o papa!<br />

"A história é inexorável e, pouco a pouco, posições que pareciam petrificadas po<strong>de</strong>m ir sendo<br />

revistas ou, pelo menos, vão crescendo pressões nesse sentido. A Igreja, arejada por tempos<br />

novos na socieda<strong>de</strong>, seculares e republicanos, não po<strong>de</strong>rá ficar à margem <strong>de</strong> um processo<br />

histórico contagiante", escreve Luiz Alberto Gómez <strong>de</strong> Souza, sociólogo, diretor do Programa<br />

Ciência e Religião da UCAM.<br />

Assim se proclamava, nas monarquias, quando um rei morria ou era <strong>de</strong>posto e o sucessor vinha<br />

saudado. Mais importante do que o panegírico do que partia, era hora <strong>de</strong> olhar para a frente, com<br />

esperança ou receios.<br />

Eu estava numa reunião no palácio <strong>São</strong> Joaquim, aqui no Rio, em 2005, durante o último<br />

conclave, almoçando com os bispos auxiliares, quando foi anunciada a fumaça branca. Saímos<br />

da mesa e corremos à televisão. Foi quando eu disse: “Não sei quem será, mas vai chamar-se<br />

<strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong>”. Quando Ratzinger saiu no balcão, alguns me olharam como se eu tivesse feito<br />

uma adivinhação. Na verda<strong>de</strong>, foi uma aposta por eliminação. O novo papa certamente não<br />

retomaria a série dos Pios, não seria um seguimento <strong>de</strong> João ou <strong>de</strong> Paulo, nem do composto João<br />

Paulo. Restava, no século XX, um papa, <strong>Bento</strong> XV, que ficara poucos anos, <strong>de</strong> 1914 a 1922, mas<br />

que interrompera a caça antimo<strong>de</strong>rnista <strong>de</strong> Pio X. Não saiu papa um reacionário como o<br />

secretário <strong>de</strong> estado espanhol Merry Del Val (o Sodano ou o Bertone daquele momento). Era<br />

um bispo <strong>de</strong> uma diocese importante, Bolonha, que fora pouco antes <strong>de</strong>nunciado <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnista,<br />

em carta, a seu antecessor. O novo papa abriu a missiva, lacrada por ocasião da morte <strong>de</strong> Pio X e<br />

convocou o assustado acusador.<br />

Uma lógica <strong>de</strong>stas apontaria, indo um pouco mais atrás, na eleição <strong>de</strong> 1878, para um possível<br />

futuro Leão XIV. O papa anterior do mesmo nome também interrompera a prática <strong>de</strong> seus dois

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