renúncia de Bento XVI - Paróquia São Maximiliano
renúncia de Bento XVI - Paróquia São Maximiliano
renúncia de Bento XVI - Paróquia São Maximiliano
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
evolucionário - a única gran<strong>de</strong> reforma <strong>de</strong> seu pontificado, um exemplo e um estímulo à<br />
reflexão. Na Alemanha, há car<strong>de</strong>ais que já falam abertamente <strong>de</strong> que seria justo colocar um<br />
limite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para o papa. <strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong> completou a reforma <strong>de</strong> João Paulo II, estabelecendo<br />
ida<strong>de</strong>s para car<strong>de</strong>ais e sua participação no conclave. Agora, mandou a mensagem <strong>de</strong> que um<br />
papa po<strong>de</strong>, sim, renunciar. Nos tempos mo<strong>de</strong>rnos, não se po<strong>de</strong> permitir um papa doente.<br />
Fala-se muito <strong>de</strong> que a <strong>renúncia</strong> foi um ato político. Como o sr. avalia isso? Foi um gesto <strong>de</strong><br />
realpolitik e <strong>de</strong> reconhecimento da incapacida<strong>de</strong> sua <strong>de</strong> cuidar da Igreja, pois não basta ser um<br />
intelectual ou teólogo. Para guiar a instituição <strong>de</strong> 1 bilhão <strong>de</strong> fiéis, ele precisava <strong>de</strong> um pulso <strong>de</strong><br />
governador.<br />
Há o risco <strong>de</strong> que católicos no mundo não entendam essa <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> <strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong>? Acho que a<br />
massa dos fiéis enten<strong>de</strong>u. Muitos ficaram surpresos e, no começo, <strong>de</strong>sorientados. Mas não houve<br />
uma oposição ou mau humor. Na Praça <strong>São</strong> Pedro, não vimos nenhum grupo pedindo que ele<br />
fique. Enten<strong>de</strong>ram que foi justamente uma troca <strong>de</strong> governo. O papa foi muito pragmático.<br />
Quais são as perspectivas para o conclave, diante <strong>de</strong>ssa situação inédita? Dentro do<br />
conclave, todas as cartas estão embaralhadas. Será um conclave muito complicado. Em 2005,<br />
havia um grupo forte <strong>de</strong> apoio e <strong>de</strong> mobilização pela candidatura <strong>de</strong> Ratzinger. Mas ele era o<br />
único ator mais forte. O car<strong>de</strong>al Martini seria uma opção, mas estava doente. Hoje, temos vários<br />
candidatos. Mas nenhum <strong>de</strong>les tem um pacote <strong>de</strong> votos claro. O vencedor será um candidato <strong>de</strong><br />
centro. Não po<strong>de</strong>rá ser alguém <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ratzinger. Mas não sabemos se essa pessoa<br />
está disposta a fazer as reformas que a Igreja precisa para enfrentar seus <strong>de</strong>safios.<br />
Quais são esses <strong>de</strong>safios? O primeiro é a crise <strong>de</strong> padres. Não há padres para todas as<br />
paróquias. Outro é o papel das mulheres <strong>de</strong>ntro da Vaticano. Há ainda o tema da sensualida<strong>de</strong> no<br />
mundo mo<strong>de</strong>rno, o homossexualismo, o divórcio. Finalmente, há a questão do papel do papa.<br />
Um papa do mundo em <strong>de</strong>senvolvimento estaria sendo consi<strong>de</strong>rado? A primeira questão é se<br />
haverá um papa italiano ou não. Os 29 car<strong>de</strong>ais italianos no conclave estão sobrerrepresentados.<br />
Mas isso não quer dizer que todos eles queiram um italiano. Há divisões. No passado, eram os<br />
estrangeiros que pediam para que o papa fosse um italiano. Mas há a impressão <strong>de</strong>pois que os<br />
escândalos <strong>de</strong> corrupção foram revelados <strong>de</strong> que muitos querem que a internacionalização do<br />
papado continue. Ele po<strong>de</strong>rá vir da América do Norte ou Sul. Eu dou menos chances aos<br />
africanos. Na América Latina existem vários candidatos. Mas há que ver se haverá um mais forte<br />
que concentre a atenção. Em 2005, no conclave, os latino-americanos fecharam um acordo <strong>de</strong><br />
que apoiariam um nome da região se um car<strong>de</strong>al começasse a se <strong>de</strong>stacar.<br />
Quinta, 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2013<br />
<strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong>, o último papa <strong>de</strong> Nietzsche. Artigo <strong>de</strong> Marco Vannini