TECER, “TER SIDO”, TECENDO LEITURAS1: AS EXPERIÊNCIAS ...
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As (in) conclusões: o que foi “ter sido/tecido”<br />
Não podemos dizer que tudo foi maravilhoso, perfeito. Tivemos uma<br />
série de dificuldades. Entre elas, elencam-se: a ausência de alguns alunos<br />
monitores, nos dias das oficinas. A falta de alunos da UEFS para realizar as oficinas<br />
na escola o que prejudicou o trabalho; por causa disso, houve a junção das turmas,<br />
o que não facilitou o andamento das oficinas; a evasão quase total de alunos e<br />
professores em alguns encontros; os atrasos significativos para o início das<br />
atividades, pela não pontualidade de alunos e professores, o que consideramos<br />
como que certa resistência para o tipo de atividade que estava sendo vivenciada,<br />
fato compreensível, já que a dinâmica da escola, nos dias das oficinas, era<br />
totalmente modificada. Sentimos também a resistência de alguns coordenadores e<br />
diretores; tal postura pode ser constada pela forma como éramos recebidas e como<br />
a escola preparava os alunos para a vivência do projeto. Isso mostrou a falta de<br />
entrosamento entre os participantes (em algumas escolas) do projeto.<br />
Consideramos também que o tempo da intervenção foi muito pequeno,<br />
apenas dois meses de formação. Houve ainda um grande o desgaste físico, pois as<br />
oficinas eram realizadas nos dois turnos. Contamos, em todas as oficinas, com a<br />
indisciplina e falta de desejo de participar de alguns alunos. A indisciplina foi<br />
entendida por nós, também, como forma de resistência, Muitos resistiram de tal<br />
forma que chegavam a ser indelicados com os alunos-monitores e diziam:<br />
“não gosto desse tipo de atividade, prefiro aula normal, por isso converso e<br />
bagunço”; (Aluno C )<br />
“Se não for para nota não vou fazer”; (Aluno J )<br />
“Quando vamos começar a aula de verdade?” (Aluno T )<br />
“Isso vai cair na prova? Então não vou participar!” ?” (Aluno G )<br />
“Não gosto de ficar fazendo essas bobagens de ler, ler, ler... vou para casa”<br />
(Aluno D )<br />
Mas também tivemos testemunhos de alunos que ressaltavam a importância<br />
das oficinas para a mudança de postura diante o ato de ler. As discussões com os<br />
alunos que participavam eram proveitosas e relevantes. Sentimos que deixamos<br />
muitas sementes plantadas, “muitos gritos foram lançados a tanto outros galos”.<br />
Dizemos isso porque, alguns pais chegaram a ir à escola para verificar o que estava<br />
acontecendo diante do entusiasmo dos filhos para a participação nas oficinas.<br />
Para nós, ficou visível o tratamento dado à leitura no dia a dia das escolas.<br />
A leitura é vista somente como cumprimento da atividade escolar, de preferência<br />
como atividade avaliativa. Percebemos que os professores que não ministram aulas<br />
de Língua Portuguesa não priorizam o ato de ler como momento de prazer, é<br />
meramente uma atividade escolar. Assim, as leituras dos textos, nas aulas de<br />
História, Geografia, Matemática, Filosofia e outras são consideradas atividades<br />
chatas e desinteressantes. A responsabilidade de fazer leitura por prazer e<br />
ludicidade é apenas do professor de Português. Fato mais agravante, para nós foi<br />
que, poucos são os professores de Língua Portuguesa que fazem leitura de textos<br />
literários, por considerarem que tal ação atrasa os conteúdos de gramática.<br />
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