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TORNEAMENTO DE MATRIZES NITRETADAS DE AÇO AISI H10 ...

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PUC Minas<br />

PONTIFÍCIA UNIVERSIDA<strong>DE</strong> CATÓLICA <strong>DE</strong> MINAS GERAIS<br />

<strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> ENGENHARIA MECÂNICA<br />

MESTRADO EM ENGENHARIA AUTOMOTIVA<br />

Dissertação de Mestrado<br />

<strong>TORNEAMENTO</strong> <strong>DE</strong> <strong>MATRIZES</strong><br />

<strong>NITRETADAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>AÇO</strong> <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong> PARA<br />

TRABALHO A QUENTE<br />

Luiz Alexandre Costa<br />

ORIENTADOR: Prof. Dr. Wisley Falco Sales.<br />

Março de 2003


AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

À Tekfor do Brasil Ltda pela ajuda na aquisição da ferramentas de corte e por<br />

disponibilizar suas instalações, equipamentos e instrumentação para execução<br />

dos experimentos realizados neste trabalho.<br />

Ao Professor Wisley Falco Sales pelos ensinamentos transmitidos, apoio, suporte<br />

e orientação dada para realização deste trabalho.<br />

Ao Professor Sandro Cardoso Santos pela orientação, apoio, incentivo e ajuda na<br />

realização do experimentos.<br />

Ao Departamento de Engenharia Mecânica da PUC Minas, pela oportunidade,<br />

incentivo e apoio para a realização deste trabalho.<br />

Ao Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), na pessoa do Eng.<br />

Emerson Giovani Rabello, pelas fotografias feitas no microscópio eletrônico de<br />

varredura.<br />

A todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste<br />

trabalho.


COSTA, L.A., 2003, “Torneamento de Matrizes Nitretadas de Aço <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong><br />

para Trabalho a Quente”, Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade<br />

Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.<br />

Resumo<br />

Neste trabalho é investigada a utilização de ferramentas de metal duro revestido<br />

com nitreto de titânio (TiN), cerâmica mista e PCBN com alto teor de CBN, no<br />

torneamento de matrizes para forjamento a quente. As matrizes são fabricadas em<br />

aço <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong> (DIN X32CrMoV3-3), temperadas e revenidas com tratamento<br />

termoquímico de nitretação para atingirem dureza superficial variando de 900 a<br />

1.000 HV aproximadamente. As matrizes após atingirem o fim de vida útil, ditadas<br />

pelo processo de conformação por forjamento, normalmente são sucateadas,<br />

devido às dificuldades de transformação por usinagem. Observou-se a<br />

possibilidade de aproveitamento destas ferramentas e para tal foi utilizado o<br />

processo de torneamento interno para abertura do furo e transformação da matriz<br />

noutra de dimensão superior. Avaliou-se o desempenho dos insertos de metal<br />

duro, cerâmica mista e nitreto cúbico de boro policristalino submetidos a diferentes<br />

velocidades de corte, profundidades de corte e avanços. Observaram-se<br />

desgastes por deformação plástica da aresta cortante, trincas de origem mecânica<br />

nas superfícies de saída e de folga e falhas catastróficas em diversas condições<br />

de corte.


COSTA, L.A., 2003, “Turning of Nitrated Dies Made of <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong> Hot Work Tool<br />

Steel”, Master Dissertation, Pontifical Catholic University of Minas Gerais,<br />

Belo Horizonte, MG, Brazil.<br />

Abstract<br />

TiN coated cemented carbide, mixed ceramic and PCBN with high percentage of<br />

CBN tools on turning of hot work dies was investigated in this work. The dies are<br />

made of <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong> (DIN X32CrMoV3-3) quenched and tempered steel treated with<br />

nitriding to reach superficial hardness varying from 900 to 1.000 HV closely. After<br />

dies useful life, which is controlled by forging process, the dies are normally<br />

scraped, due to difficult in reworking by machining. A possible procedure to avoid<br />

the lost of dies is to transform them into larger internal diameter dies by internal<br />

turning. Coated cemented carbide, mixed ceramic and polycrystalline cubic boron<br />

nitride tools performance were evaluated at different cutting speeds, feed rates and<br />

depth of cut. Plastic deformation on cutting edges, mechanical cracks originated on<br />

the rake and flank surfaces and catastrophic failure were observed in most of<br />

cutting conditions.


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO 001<br />

1.1. Objetivos 004<br />

1.1.1. Objetivos Específicos 004<br />

1.2. Organização 004<br />

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA 006<br />

2.1. Estado da Arte 006<br />

2.2. Fabricação de Matrizes de Forjamento 007<br />

2.3. Materiais das Ferramentas de Usinagem 009<br />

2.3.1. Metal Duro 010<br />

2.3.2. Materiais Cerâmicos 015<br />

2.3.2.1. Ferramentas a Base de Nitreto de Silício 015<br />

2.3.2.2. Ferramentas a Base de Alumina 016<br />

2.3.3. Nitreto Cúbico de Boro Policristalino (PCBN) 020<br />

2.4. Usinagem de Materiais Endurecidos 025<br />

2.4.1. Mecanismos de Endurecimento dos Metais 026<br />

2.4.2. Nitretação 028<br />

2.4.3. Forças de Corte 029<br />

2.3.4. Fatores que Influenciam na Força de Usinagem 029


2.5. Desgaste e Mecanismos de Desgaste<br />

na Ferramenta de Corte 032<br />

2.51. Formas de Desgaste 033<br />

2.5.1.1. Desgaste de Cratera 033<br />

2.5.1.2. Desgaste de Flanco 035<br />

2.5.1.3. Desgaste de Entalhe 036<br />

2.5.2. Mecanismos de Desgaste 037<br />

2.5.2.1. Deformação Plástica Superficial por<br />

Cisalhamento a Altas Temperaturas 037<br />

2.5.2.2. Deformação Plástica da Aresta de Corte<br />

sob Elevadas Tensões de Compressão 038<br />

2.5.2.3. Desgaste Difusivo 039<br />

2.5.2.4. Desgaste por Aderência e Arrastamento<br />

Attrition 041<br />

2.5.2.5. Desgaste Abrasivo 042<br />

2.5.3. Aresta Postiça de Corte 042<br />

2.5.4. Mecanismos de Desgaste na Usinagem de<br />

Aços Endurecidos 043<br />

2.6. Integridade Superficial 046<br />

3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 050<br />

3.1. Materiais e Equipamentos 050<br />

3.1.1. Peça 050<br />

3.1.2. Ferramentas de Corte Utilizadas 054


3.1.3. Equipamentos Utilizados 056<br />

3.2. Metodologia 057<br />

3.2.1. Verificação da Microestrutura e da Espessura<br />

da Camada Nitretada 058<br />

3.2.2. Vida e Desgaste das Ferramentas 058<br />

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 063<br />

4.1. Ferramentas de Metal Duro 063<br />

4.2. Ferramentas de Cerâmica Mista 076<br />

4.3. Ferramentas de Nitreto Cúbico de Boro Policristalino 079<br />

4.4. Comparação entre o Desempenho dos Insertos 088<br />

4.5. Avaliação dos Mecanismos de Desgaste via Microscopia<br />

Eletrônica de Varredura 096<br />

4.5.1. Caracterização do Sistema Tribológico 096<br />

4.5.1.1. Área de Contato Aparente,A 096<br />

4.5.1.2. Velocidade de Deslizamento 097<br />

4.5.1.3. Regime de Carregamento 099<br />

4.5.1.4. Presença de Carbonetos Duros no<br />

Material da Peça 100<br />

4.5.1.5. Presença de Cargas Cíclicas de Impacto 102<br />

4.5.1.6. Temperatura na Interface 103<br />

4.5.1.7. Síntese da Caracterização do<br />

Sistema Tribológico 104


4.5.2. Ferramentas de Metal Duro 104<br />

4.5.3. Ferramentas de Cerâmica Mista 110<br />

4.5.4. Ferramentas de PCBN 113<br />

4.6. Custo de Usinagem por Matriz 121<br />

5. CONCLUSÕES 125<br />

6. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS 126<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 127<br />

8. ANEXO I 131


LISTA <strong>DE</strong> SÍMBOLOS E ABREVIATURAS<br />

SÍMBOLOS<br />

SÍMBOLO UNIDA<strong>DE</strong><br />

TiN Nitreto de Titânio.......................................................... *<br />

Cr Cromo........................................................................... *<br />

Mo Molibdênio.................................................................... *<br />

V Vanádio........................................................................ *<br />

H Dureza ......................................................................... HV<br />

PCBN Nitreto Cúbico de Boro Policristalino............................ *<br />

CBN Nitreto Cúbico de Boro................................................. *<br />

CNC Comando Numérico Computadorizado........................ *<br />

Al2O3 Alumina........................................................................ *<br />

TiC Carboneto de Titânio.................................................... *<br />

WC Carboneto de Tungstênio............................................. *<br />

K1C Tenacidade a Fratura................................................... MPa.m 0,5<br />

Co Cobalto......................................................................... *<br />

C Carbono........................................................................ *<br />

TaC Carboneto de Tântalo................................................... *<br />

NbC Carboneto de Nióbio.................................................... *<br />

CVD Deposição Química de Vapor...................................... *<br />

PVD Deposição Física de Vapor.......................................... *<br />

Si3N4 Nitreto de Silício........................................................... *<br />

SiC Carboneto de Silício..................................................... *<br />

ZrO2 Zircônia......................................................................... *<br />

HBN Nitreto de Boro Hexagonal........................................... *<br />

WBN Wurtizita Hexagonal..................................................... *<br />

BCl Cloreto de Boro............................................................ *<br />

NH3 Amônia......................................................................... *<br />

HCl Ácido Clorídrico............................................................ *<br />

H Hidrogênio.................................................................... *<br />

Fe Ferro............................................................................. *<br />

N Nitrogênio..................................................................... *


Na Sódio............................................................................ *<br />

K Potássio........................................................................ *<br />

Y Ítrio.............................................................................. *<br />

APC Aresta Postiça de Corte............................................... *<br />

KT Profundidade de Cratera.............................................. mm<br />

f Avanço......................................................................... mm/rev<br />

VBB Máx Desgaste de Flanco Máximo........................................ mm<br />

VBB Desgaste de Flanco Médio........................................... mm<br />

Mn Manganês..................................................................... *<br />

RP0,2 Limite de Escoamento.................................................. N/mm 2<br />

RMáx Limite de Resistência a Tração.................................... N/mm 2<br />

vC Velocidade de Corte..................................................... m/min<br />

aP Profundidade de Corte................................................. mm<br />

A Área Aparente de Contato............................................ mm 2<br />

RC Grau de Recalque........................................................ *<br />

h’ Espessura Medida do Cavaco..................................... mm<br />

h Espessura Calculada do Cavaco................................. mm<br />

vcav Velocidade de Saída do Cavaco.................................. m/min<br />

FC Força de Corte............................................................. N<br />

KS1 Constante Utilizada no Cálculo da Força de Corte...... N/mm 2<br />

1-z Constante Utilizada no Cálculo da Força de Corte...... *<br />

b Largura Calculada do Cavaco...................................... mm<br />

KS Pressão Específica de Corte........................................ N/mm 2<br />

SÍMBOLOS GREGOS<br />

SÍMBOLO UNIDA<strong>DE</strong><br />

Fe γ Austenita...................................................................... *<br />

χr Ângulo de Posição da Ferramenta............................... *<br />

εr Ângulo de Ponta da Ferramenta.................................. *<br />

γo Ângulo de Saída da Ferramenta.................................. *<br />

αo Ângulo de Folga da Ferramenta................................... *<br />

λs Ângulo de Inclinação da Ferramenta........................... *<br />

* Adimensional


ABREVIATURAS<br />

ABNT .............................. Associação Brasileira de Normas Técnicas<br />

ASM .............................. American Society for Metals<br />

ASTM .............................. American Society for Testing Materials<br />

<strong>AISI</strong> .............................. American Iron and Steel Institute<br />

ISO .............................. International Organization for Standardization<br />

MEV .............................. Microscópio Eletrônico de Varredura<br />

EDX .............................. Energy Dispersive X-Ray<br />

DIN .............................. Deutches Institut für Normung


Capítulo 1<br />

Introdução<br />

Os processos de fabricação envolvendo deformações plásticas são<br />

amplamente utilizados na fabricação de peças para a indústria automobilística.<br />

Dentre outros, destacam-se o forjamento e a estampagem, que atualmente são<br />

processos em que o nível de automatização é elevado. Quanto ao forjamento,<br />

pode-se utilizar matéria prima “fria” ou “quente” e essa classificação é realizada<br />

considerando a temperatura em que a peça é submetida ao processo de<br />

deformação plástica. A usinagem é o processo subsequente que visa conferir à<br />

peça final as qualidades requeridas no projeto, como: forma, tolerâncias<br />

dimensionais e acabamento superficial.<br />

O processo de forjamento enfocado neste trabalho é o horizontal a quente. Ele<br />

é realizado em uma máquina Hatebur AMP 50 que possui uma estação de<br />

corte e quatro estações de forjamento. Barras de seção redonda após serem<br />

aquecidas são alimentadas automaticamente na estação de corte da máquina.<br />

Após o corte do tarugo este é transportado para a primeira operação de<br />

conformação, que é o recalque. O tarugo é recalcado e posicionado na<br />

segunda estação de conformação por meio de um sistema automático de<br />

transporte. Na segunda operação é realizada a pré-forma. Após a pré-forma, a<br />

peça é transferida para a terceira operação onde lhe será conferida a forma<br />

final. No caso de brutos forjados de engrenagens do câmbio, o quarto e último<br />

estágio é utilizado para fazer o furo da peça.<br />

O processo de forjamento Hatebur é caracterizado pela precisão e pela alta<br />

produtividade. No caso da AMP 50 pode-se produzir até 100 peças por minuto.<br />

Neste processo, a conformação da peça acontece praticamente no segundo e<br />

terceiro estágios. A forma final da peça em cada operação é definida pelas<br />

matrizes anteriores e posteriores juntamente com os punções. As matrizes<br />

posteriores e os punções irão configurar as faces das engrenagens e as<br />

1


Capítulo 1 - Introdução 2<br />

matrizes anteriores de segunda e terceira operações irão determinar o diâmetro<br />

externo final de cada etapa. O diâmetro obtido após o terceiro estágio é o<br />

diâmetro final da peça.<br />

A qualidade superficial destas matrizes é muito importante não só para garantir<br />

a qualidade do produto, no caso as engrenagens, mas principalmente para<br />

garantir que o transporte de uma operação para outra aconteça de maneira<br />

precisa (matrizes anteriores). Durante o forjamento, as matrizes anteriores se<br />

desgastam por abrasão devido ao escorregamento constante (em média 80<br />

vezes por minuto) do metal quente, que irá formar a peça. Este desgaste é<br />

caracterizado pela formação de pequenos sulcos que podem provocar o giro da<br />

peça durante sua extração de dentro da matriz. Em conseqüência, o sistema<br />

de transporte não conseguirá transferir a peça de uma operação para a outra, o<br />

que provocará parada da máquina.<br />

Quando isso acontece as matrizes anteriores têm que ser substituídas (as<br />

matrizes retiradas não podem mais ser utilizadas). Desde o início das<br />

atividades da Tekfor do Brasil Ltda em 1997, todas as matrizes anteriores que<br />

foram utilizadas estão armazenadas esperando uma disposição. Existem<br />

aproximadamente 80 desenhos de matrizes anteriores hoje na Tekfor. Todos<br />

esses desenhos possuem diâmetro externo de 125,2 mm e espessura de 44,<br />

43, 36 ou 35 mm. O grande diferencial entre os desenhos das matrizes<br />

anteriores é o diâmetro interno que varia de 61,0 mm, o menor diâmetro, até<br />

96,1, o maior.<br />

Como, exceto pelo diâmetro interno, todas as matrizes anteriores são<br />

praticamente idênticas, pode-se transformar um matriz anterior de menor<br />

diâmetro interno em uma matriz que possui o diâmetro interno um pouco maior.<br />

Isto representaria uma economia por matriz de R$ 75,00 referente à<br />

construção, mais R$ 10,00 referente ao tratamento térmico. O consumo de<br />

matrizes anteriores de segunda e terceira operação varia de 100 a 130<br />

matrizes por mês. Estas poderiam ser fabricadas a partir da transformação de<br />

matrizes já utilizadas (milhares delas acumuladas desde o início das atividades<br />

da empresa no Brasil). A figura 1.1 mostra o estoque das matrizes anteriores<br />

na Tekfor do Brasil.


Capítulo 1 - Introdução 3<br />

Figura 1.1 – Estoque de matrizes anteriores<br />

A grande dificuldade de se transformar as matrizes anteriores é o fato destas<br />

peças serem nitretadas, o que lhes confere dureza superficial muito elevada.<br />

Aliado a isto, tem-se o fato de que os sulcos formados pelo desgaste provocam<br />

variações na tensão que a ferramenta de corte está sujeita. Esses dois fatores<br />

contribuem para dificultar o processo de transformação de matrizes, tornando-o<br />

inviável economicamente devido ao grande número de ferramentas de<br />

usinagem que são necessárias para se usinar uma peça.<br />

As figuras 1.2 e 1.3 mostram algumas ferramentas danificadas que foram<br />

utilizadas na tentativa de usinagem das matrizes.<br />

Figura 1.2 - Inserto de Metal Figura 1.3 - Inserto de Cerâmica Mista<br />

Diante da grande quantidade de matrizes disponíveis para transformação e<br />

pelas dificuldades associadas à sua usinagem, neste trabalho pretende-se<br />

estudar o desempenho de ferramentas de PCBN, metal duro revestido com<br />

nitreto de titânio e cerâmica mista no torneamento do aço <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong>, enfocando<br />

a identificação dos mecanismos de desgaste atuantes durante as usinagens<br />

experimentais. Desta forma, pode-se atuar nos parâmetros do processo e<br />

finalmente conseguir viabilizar economicamente a transformação das matrizes


Capítulo 1 - Introdução 4<br />

estocadas e trazer substanciais reduções nos custos das ferramentas de<br />

forjamento.<br />

1.1- Objetivos<br />

O objetivo deste trabalho consiste em investigar a utilização de ferramentas de<br />

metal duro revestidas com nitreto de titânio, cerâmica mista (Al2O3 + TiC), e<br />

PCBN (Nitreto Cúbico de Boro Policristalino) durante o torneamento de<br />

matrizes para forjamento a quente fabricadas com aço DIN X32CrMoV3-3 e<br />

tratado por nitretação para dureza superficial de aproximadamente 900 a 1.000<br />

HV e com flutuação da tensão de trabalho durante o corte.<br />

1.1.1- Objetivos Específicos<br />

Desenvolver o processo de transformação de matrizes de forjamento nitretadas<br />

por meio de usinagem em torno CNC;<br />

Avaliar os mecanismos de desgaste dos insertos utilizados para a usinagem<br />

das matrizes;<br />

Verificar a viabilidade econômica do processo de usinagem das matrizes no<br />

torno CNC.<br />

1.2- Organização<br />

Este trabalho foi subdividido em capítulos. No presente, faz-se uma introdução<br />

ao processo de forjamento a quente em máquina horizontal, mostra-se a<br />

dificuldade na transformação das matrizes e apresentam-se os principais<br />

objetivos do trabalho.<br />

No capítulo 2, é apresentada a revisão bibliográfica sobre o processo de<br />

usinagem, abordando a fabricação de ferramentas de forjamento, materiais<br />

para ferramentas de corte, usinagem de materiais endurecidos, formas e


Capítulo 1 - Introdução 5<br />

mecanismo de desgaste das ferramentas e integridade das superfícies<br />

usinadas. Neste capítulo objetivou-se proporcionar um entendimento básico<br />

dos aspectos relevantes ao trabalho de modo a facilitar a compreensão dos<br />

comportamentos observados nos ensaios experimentais.<br />

No capítulo 3 são descritos os procedimentos experimentais, onde são<br />

apresentados a metodologia, os equipamentos e os materiais necessários para<br />

a execução do trabalho, além dos instrumentos de medição utilizados.<br />

No capítulo 4 são apresentados e discutidos os resultados obtidos nos testes<br />

experimentais de usinagem das matrizes utilizando os insertos de metal duro,<br />

cerâmica mista e PCBN. São analisados e confrontados os mecanismos de<br />

desgaste presentes em cada um dos insertos, bem como a vida útil que cada<br />

um apresentou variando a profundidade de corte, o avanço e a velocidade de<br />

corte.<br />

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas a partir do trabalho<br />

executado.<br />

No capitulo 6 são feitas sugestões para trabalhos futuros, onde são<br />

apresentadas propostas para novas investigações a serem realizadas de modo<br />

complementar o presente trabalho.<br />

As referências bibliográficas citadas e não citadas, utilizadas para a realização<br />

deste trabalho, são apresentadas no capítulo 7.<br />

No capítulo 8 são apresentados os relatórios dos ensaios de dureza e<br />

microestrutura das matrizes realizados pelo SENAI.


Capítulo 2<br />

Revisão Bibliográfica<br />

Neste capítulo são apresentados os conceitos relevantes, necessários para o<br />

entendimento dos diversos tópicos investigados. Ele inicia-se mostrando a<br />

evolução dos conceitos de usinagem de materiais endurecidos, em tópico<br />

denominado por “estado da arte”. Na sequência são apresentados os seguintes<br />

tópicos: fabricação de matrizes para forjamento, materiais das ferramentas,<br />

usinagem de materiais endurecidos, desgaste e mecanismos de desgaste na<br />

ferramenta de corte e, por fim, integridade superficial.<br />

2.1- Estado da Arte<br />

Entende-se por usinagem o processo de transformação de peças no qual<br />

pequena porção de material com forma irregular (cavaco) é retirada da peça<br />

pela ferramenta. A usinagem é o processo de fabricação mais popular em todo<br />

o mundo, transformando em cavaco cerca de 10% de todo a produção de<br />

metais (Trent, 1984). De maneira geral a maior parte da peças usinadas são<br />

compostas por ligas ferrosas, principalmente aço.<br />

Convencionalmente, o processo de fabricação de uma peça de aço endurecido<br />

inicia-se com a usinagem da mesma a partir da matéria prima no estado<br />

recozido. A peça é usinada próxima de sua forma final, temperada e revenida<br />

para a dureza escolhida, e então novamente usinada para as dimensões e<br />

tolerâncias finais através do processo de retificação. O desenvolvimento de<br />

novos materiais para ferramentas de corte, principalmente o advento de<br />

ferramentas de nitreto cúbico de boro policristalino (PCBN) a partir dos anos<br />

70, resultou em um rápido avanço na tecnologia de usinagem de materiais<br />

endurecidos (Chou et al., 1994). Sua elevada dureza a quente e relativamente<br />

baixa solubilidade no ferro torna o PCBN adequado para o<br />

6


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 7<br />

corte de aço endurecidos (Abrão, 1995). Com isso rotas alternativas de<br />

processamento podem ser utilizadas. A matéria prima da peça pode ser tratada<br />

termicamente para se obter dureza e propriedades mecânicas desejadas, e<br />

então usinada para sua forma final, eliminando operações subsequentes de<br />

retificação. Reduções nos tempos de usinagem e set up, aumento na taxa de<br />

remoção de material e conseqüente redução nos custo de usinagem, fazem<br />

desse novo ciclo de processamento uma alternativa muito interessante.<br />

2.2- Fabricação de Matrizes de Forjamento<br />

Para a fabricação de ferramentas utilizadas nos processos de conformação a<br />

quente são utilizados aços que possuem alta resistência ao revenimento,<br />

elevada resistência mecânica a quente, boa tenacidade, grande resistência à<br />

abrasão em temperaturas elevadas, elevada resistência à fadiga e boa<br />

resistência à formação de trincas térmicas (Villares,1988). Essas<br />

características conferem às ferramentas a capacidade de resistir às<br />

solicitações mecânicas a que estão sujeitas, apesar de aquecidas pelo material<br />

em processamento. Elas são adquiridas pela adição de elementos de liga como<br />

cromo, molibdênio, vanádio, tungstênio e níquel, e por tratamentos térmicos<br />

específicos.<br />

Estes aços são geralmente fabricados através de lingotamento convencional<br />

após a fusão, e passam por um processo de homogeneização (recozimento por<br />

difusão) que garante um baixo nível de segregação. Após a homogeneização o<br />

aço é laminado a quente em temperaturas que variam de 900 a 1.100 0 C.<br />

Depois de laminado ele passa por um processo de recozimento isotérmico,<br />

realizado em temperaturas que variam de 750 a 800°C, que lhe confere uma<br />

dureza final de aproximadamente 230 HB (Böehler, 2000).<br />

Para fabricação das ferramentas de forjamento, as barras de aço são cortadas<br />

em serra tipo fita e usinadas na configuração desejada. Após a usinagem das<br />

peças estas são enviadas para o tratamento térmico de têmpera e<br />

revenimento. A eficiência de uma ferramenta para trabalho a quente depende<br />

em grande parte do tratamento térmico a que foi submetida. Possuindo


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 8<br />

geralmente baixa condutividade térmica, os aços para trabalho a quente devem<br />

ser aquecidos lentamente até a temperatura de pré aquecimento, de modo a<br />

evitar empenamento e trincas internas. O tempo e a temperatura de têmpera<br />

devem ser suficientes para obter-se a mais completa possível solubilidade dos<br />

carbonetos complexos. Entretanto, no sentido de se evitar o crescimento<br />

excessivo dos grãos austeníticos, que fragilizam o aço, deve-se evitar o<br />

superaquecimento ou a permanência demasiadamente longa do aço em<br />

temperatura de austenitização. Em seguida o aço é resfriado bruscamente para<br />

a transformação adifusional da austenita em martensita. O meio de têmpera a<br />

ser utilizado pode ser o óleo, o banho de sal ou o ar soprado. Após a têmpera<br />

do aço, este deve ser submetido imediatamente aos ciclos de revenimento com<br />

o risco de surgimento de trincas internas devido às tensões geradas no<br />

resfriamento. No revenimento as peças são aquecidas lenta e uniformemente<br />

até a temperatura escolhida, permanecendo nesta por no mínimo uma hora<br />

para cada 25 mm de espessura da peça (Villares, 1988). Recomenda-se<br />

realizar no mínimo dois ciclos de revenimento. O aquecimento para o segundo<br />

ciclo de revenimento só poderá ser iniciado após as peças terem atingido<br />

novamente a temperatura ambiente.<br />

Quando se deseja obter uma superfície com dureza e resistência à abrasão<br />

mais elevadas, é realizado o tratamento termoquímico de nitretação. Esse<br />

tratamento aumenta a vida da ferramenta e contribui para melhorar seu<br />

funcionamento. Ele é realizado após têmpera e revenimento. A nitretação<br />

produz uma pequena camada superficial com alguns décimos de milímetros de<br />

espessura que possui dureza muito elevada.<br />

No tratamento térmico das ferramentas fabricadas em aço <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong>, as peças<br />

são aquecidas entre 1.020 a 1.080 ºC e são temperadas em óleo com<br />

temperatura variando de 60 a 80 ºC. Ao serem retiradas do óleo, as peças são<br />

limpas e submetidas aos ciclos de revenimento para se atingir a dureza de<br />

trabalho que, no caso das matrizes utilizadas pela Tekfor do Brasil no<br />

forjamento a quente, é de 44 a 46 HRC. O primeiro ciclo de revenimento é feito<br />

a temperatura de 550°C por aproximadamente 4 horas, ou duas horas por<br />

polegada de espessura com mínimo de 4 horas. A dureza das peças após<br />

têmpera é de aproximadamente 56 HRC e após o primeiro revenimento elas


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 9<br />

atingem 52 HRC. Após as peças atingirem a temperatura ambiente elas são<br />

submetidas ao segundo ciclo de revenimento. No segundo ciclo, utiliza-se o<br />

mesmo tempo do ciclo anterior e a escolha da temperatura é feita de modo a<br />

atingir a dureza final de trabalho das peças, ou seja, aproximadamente 650ºC<br />

para atingir a dureza de 44 a 46 HRC. Quando as peças estão na temperatura<br />

ambiente elas são colocadas no forno novamente para o terceiro ciclo de<br />

revenimento que é realizado em uma temperatura por volta de 20 a 30°C<br />

menor que a temperatura do segundo revenimento, e também por no mínimo<br />

quatro horas. O terceiro revenimento sempre é recomendado para os aços<br />

para trabalho a quente para lhes proporcionar maior tenacidade.<br />

Após o tratamento térmico as peças são enviadas para a nitretação para<br />

conferir a elas uma maior resistência superficial, de modo a diminuir o desgaste<br />

abrasivo durante a utilização. Antes de se iniciar o processo termoquímico<br />

propriamente dito, as matrizes são mergulhadas em um banho desengraxante<br />

a uma temperatura aproximada de 120ºC para eliminar qualquer impureza.<br />

Logo após a limpeza, as ferramentas são colocadas em um forno pré aquecido<br />

a temperatura de 150°C com injeção de amônia, em seguida a temperatura do<br />

forno é elevada a uma taxa de aproximadamente 3°C por minuto até se atingir<br />

o patamar de 525°C. O forno é mantido nesta temperatura por 18 horas no<br />

ciclo médio e 40 horas no ciclo longo, sempre com injeção de amônia. Após<br />

esse período o forno é programado para resfriar automaticamente até atingir<br />

170°C. Nesta temperatura é desligado o sistema de injeção de amônia, as<br />

peças continuam resfriando dentro do forno até atingirem 80ºC, quando são<br />

finalmente retiradas. Seguindo-se este ciclo de nitretação espera-se obter uma<br />

camada nitretada da ordem de 0,25 mm, quando se utilizam ciclos de 18 horas<br />

e 0,35 mm quando o ciclo empregado for de 40 horas, com dureza superficial<br />

de 900 a 1.000 HV em ambos os ciclos.<br />

2.3- Materiais das Ferramentas de Usinagem<br />

No processo de usinagem utiliza-se como ferramenta um material que possua<br />

dureza superior à dureza do material da peça. Desde o surgimento das<br />

primeiras ferramentas de corte até hoje, os materiais das ferramentas de corte


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 10<br />

vêm sofrendo inovações tecnológicas que permitem melhorar suas<br />

propriedades mecânicas, principalmente dureza e tenacidade. A conciliação<br />

destas duas propriedades, que são antagônicas, proporciona aumento de<br />

produtividade e diminuição dos custos de produção, uma vez que se consegue<br />

diminuir o desgaste das ferramentas de corte. Dentre a enorme gama de<br />

materiais utilizados na fabricação de ferramentas de corte com geometria<br />

definida para a usinagem de aços endurecidos destacam-se o metal duro (liga<br />

de carboneto de tungstênio-cobalto), a cerâmica e o nitreto cúbico de boro.<br />

2.3.1- Metal Duro<br />

As ferramentas de metal duro para aplicação em corte de materiais são<br />

fabricadas através de sinterização de grãos de carboneto de tungstênio<br />

utilizando o cobalto como ligante. O teor de cobalto varia de 4 a 12% em peso<br />

e o tamanho das partículas de carboneto varia de 0,5 a 1,0 µm. As<br />

propriedades físicas e mecânicas variam de acordo com o tamanho das<br />

partículas de WC e com a porcentagem de cobalto. Valores típicos de dureza<br />

variam de 1.100 a 2.000 HV, tenacidade à fratura (K1c) de 8 a 18 MPa m 0,5 e<br />

condutividade térmica está entre 60 e 100 W/m/K (Abrão, 1995; Trent, 1984).<br />

A microestrutura das ligas de carboneto de tungstênio e cobalto devem<br />

apresentar somente duas fases - o carboneto WC e o metal Co. O teor de<br />

carbono deve ser controlado e mantido dentro de valores muito pequenos. A<br />

presença na estrutura da ferramenta de carbono livre (alto teor de carbono) ou<br />

da fase ‘eta’ (Co3W3C - ocorre em baixos teores de C) resulta na redução da<br />

resistência e performance da ferramenta durante operações de corte (Trent,<br />

1984). O carbono promove a dissociação dos carbonetos de tungstênio e forma<br />

um carboneto complexo de ferro e tungstênio do tipo M23C6 de baixa<br />

resistência a abrasão, o que provoca a fragilização da ferramenta de corte.<br />

Para aumentar a resistência das ferramentas de metal duro ao desgaste por<br />

craterização adiciona-se carboneto de titânio, carboneto de tântalo e carboneto<br />

de nióbio ao carboneto de tungstênio e ao cobalto. Conforme o teor destes<br />

elementos as ferramentas de WC são classificadas de acordo com a norma


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 11<br />

ISO 513 em três categorias, P, M e K (Sandvik, 1994). As ferramentas da<br />

classe K são aquelas que possuem apenas WC e Co em sua composição<br />

química e são utilizadas na usinagem de materiais que apresentam cavacos<br />

curtos como o ferro fundido e os aços endurecidos. As ferramentas de metal<br />

duro da classe K também são indicadas para usinagem de não ferrosos, uma<br />

vez que os carbonetos de tungstênio têm baixa afinidade com estes materiais,<br />

ao contrário dos carbonetos de tântalo, titânio e nióbio. Na classe P estão as<br />

ferramentas de metal duro que possuem TiC + TaC e/ou NbC, além do WC e<br />

do Co em sua composição química. Estas ferramentas são indicadas para a<br />

usinagem de aços macios, os quais possuem cavacos longos com elevada<br />

área de contato cavaco-ferramenta. A classe M é a classe intermediária das<br />

ferramentas de metal duro. As ferramentas desta classe também possuem TiC,<br />

TaC e/ou NbC em sua composição química, só que em menores teores<br />

comparadas às ferramentas da classe P. A maior aplicação das ferramentas de<br />

metal duro da classe M está na usinagem de aços inoxidáveis austeníticos. A<br />

Fig. 2.1 mostra a microestrutura de ferramentas de metal duro das classes K,<br />

M e P.<br />

P40 KF1<br />

K10<br />

KMF<br />

Figura 2.1 - Microestrutura de Ferramentas de Metal Duro, aumento de 1250 X<br />

(Kennametal Hertel, 1995).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 12<br />

A ferramenta P40 é uma ferramenta de metal duro da classe P, utilizada na<br />

usinagem de aços macios. Na figura observam-se os carbonetos de tungstênio,<br />

tântalo e titânio na coloração cinza e o ligante cobalto (partes brancas da<br />

figura). A ferramenta K10 é uma ferramenta da classe K, utilizada na usinagem<br />

de materiais endurecidos. O elevado teor de carboneto de tântalo proporciona<br />

boa resistência ao desgaste de cratera e possibilita a utilização desta<br />

ferramenta em elevadas velocidades de corte. A ferramenta KF1 é uma<br />

ferramenta da classe K e possui elevada resistência ao desgaste. É utilizada<br />

para usinagem de materiais não ferrosos em altas e médias velocidades de<br />

corte (Kennametal Hertel, 1995). Por meio da Fig. 2.1, observa-se a<br />

granulometria ultra fina dos carbonetos de tungstênio na ferramenta KF1. A<br />

ferramenta KMF é uma ferramenta da classe K e possui apenas carboneto de<br />

tungstênio e cobalto em sua composição química (Kennametal Hertel, 1995).<br />

Nesta ferramenta, os carbonetos de tungstênio também possuem<br />

granulometria muito fina, como pode ser observado por meio da Fig. 2.1.<br />

A Tabela 2.1 apresenta a composição química de cada uma das ferramentas<br />

mostradas acima com suas respectivas propriedades (Kennametal Hertel,<br />

1995).<br />

Composição Química<br />

Tabela 2.1 – Propriedades dos insertos de metal duro<br />

P40 K10 KF1 KMF<br />

WC (%) 77,0 91,5 93,0 90,5<br />

Co (%) 12,0 6,0 6,0 9,5<br />

Ta(Nb)C (%) 4,0 2,5 1,0 -<br />

TiC (%) 7,0 - - -<br />

Propriedades Físicas<br />

Densidade (g/cm 3 ) 12,50 14,85 14,89 14,65<br />

Dureza (HV30) 1.440 1.670 1.720 1.570<br />

Módulo de Elasticidade (kN/mm 2 ) 550 620 620 570<br />

Resistência à Pressão (kN/mm 2 ) 4,60 5,70 5,70 3,90<br />

Resistência Específica (Ohm.cm/10 6 ) 27 24 24 18<br />

Coefic. Expansão Térmica (10 -6 /K) 5,50 5,00 5,00 5,50<br />

Condutividade Térmica (W/m.k.) 59 80 80 68


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 13<br />

Para aumentar a resistência ao desgaste e melhorar estabilidade química, as<br />

ferramentas de carboneto de tungstênio tem sido revestidas com TiN, TiC,<br />

TiCN e Al2O3. Estes podem ser aplicados ao substrato em uma única ou<br />

múltiplas camadas. A aplicação é realizada através da deposição química de<br />

vapor (CVD) ou através da deposição física de vapor (PVD) (Almeida, 2001).<br />

A deposição química de vapor (CVD) envolve reações químicas induzidas<br />

termicamente na superfície do substrato aquecido com reagentes fornecidos na<br />

forma de gás. O processo CVD é realizado em temperaturas variando<br />

tipicamente de 600 a 1.100ºC. Nestas temperaturas sempre irão ocorrer<br />

alterações microestruturais no substrato do material. Além disso, trincas<br />

poderão surgir devido à diferença entre os coeficientes de expansão térmica do<br />

substrato e do revestimento. Por causa da elevada temperatura de processo,<br />

apreciável interdifusão pode ocorrer entre o revestimento e o substrato,<br />

proporcionando grande força de adesão e alta resistência ao desgaste.<br />

Entretanto, a difusão pode provocar a formação de compostos intermetálicos<br />

frágeis na interface prejudicando as propriedades mecânicas. A aplicação de<br />

várias camadas de revestimento é utilizada para promover compatibilidade<br />

química, evitar a formação dos compostos intermetálicos e melhorar as<br />

propriedades físicas e mecânicas (Hutchings, 1992). Através do processo CVD<br />

podem ser depositadas camadas de TiC, TiN, TiCN e Al2O3. A Fig. 2.2<br />

apresenta a microestrutura de uma ferramenta de metal duro revestida com<br />

três camadas pelo processo CVD. A primeira camada é de TiC, a segunda<br />

camada é de TiCN e o revestimento da camada externa é de TiN.<br />

Figura 2.2 - Inserto de Metal Duro revestido por CVD<br />

(Kennametal Hertel, 1995).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 14<br />

Já na deposição física de vapor (PVD), o material do revestimento é<br />

transportado para a superfície da peça na forma de átomos, moléculas ou íons,<br />

obtidos por meio físico (simples aquecimento, arco elétrico, feixe de elétrons ou<br />

feixe de laser) a partir de uma fonte sólida, líquida ou gasosa. Reações<br />

químicas podem, mas não necessariamente, ocorrer na superfície do substrato.<br />

No processo PVD o substrato é mantido em uma temperatura muito menor que<br />

no processo CVD, tipicamente variando de 50 até 500ºC. O fato de o processo<br />

PVD ser realizado em temperaturas relativamente baixas o torna muito atrativo,<br />

uma vez que alterações microestruturais sub-superficiais do substrato não irão<br />

ocorrer. O processo PVD permite a deposição de camadas de TiN, Ti(C,N) e<br />

(Ti, Al)N. A principal desvantagem do processo está relacionada à espessura<br />

da camada depositada, que por motivos de aderência deve ser reduzida.<br />

Entretanto, ferramentas com arestas vivas podem ser revestidas através deste<br />

processo. A Fig. 2.3 mostra a microestrutura de um ferramenta de metal duro<br />

revestida com TiN através da deposição física de vapor.<br />

Figura 2.3 - Metal Duro revestido por PVD<br />

(Kennametal Hertel, 1995).<br />

Ao realizar a aplicação do revestimento através do processo CVD nota-se uma<br />

redução da tenacidade do substrato, o que não acontece quando o<br />

revestimento é aplicado através do processo PVD. A redução da tenacidade do<br />

substrato é devida à tensão residual de tração deixada pelo processo CVD,<br />

enquanto no método PVD a tensão residual é de compressão. Esse fato<br />

implica em problemas na utilização de ferramentas revestidas por deposição<br />

química em usinagem na presença de corte interrompido (Machado e Silva,<br />

1999).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 15<br />

Comparando as ferramentas de corte revestidas pelo processo CVD e PVD,<br />

verifica-se que as primeiras apresentam maior resistência ao desgaste e maior<br />

resistência à craterização. Já as ferramentas revestidas pelo método PVD<br />

caracterizam-se pelo fato de poderem substituir ferramentas sem revestimento<br />

com a mesma tenacidade, mesma configuração e precisão da aresta cortante,<br />

além de diminuir a aresta postiça de corte (Machado e Silva, 1999).<br />

2.3.2- Materiais Cerâmicos<br />

As cerâmicas são compostas de elementos metálicos e não metálicos na forma<br />

de óxidos, carbonetos e nitretos. Possuem em sua maioria estrutura cristalina e<br />

a ligação entre seus elementos é iônica ou covalente. Possuem baixa<br />

condutibilidade elétrica em função de não possuírem elétrons livres e, em<br />

seções finas, são transparentes. A maioria das cerâmicas possui elevado ponto<br />

de fusão devido às fortes ligações primárias, proporcionando grande<br />

capacidade de suportar elevadas temperaturas (Machado e Silva, 1999).<br />

Além das propriedades listadas acima, os materiais cerâmicos possuem ainda<br />

grande resistência ao desgaste, alta dureza, boa estabilidade química e<br />

térmica, boa resistência a fluência e alta resistência à compressão. Entretanto,<br />

esses materiais apresentam baixa resistência à tração e são extremamente<br />

frágeis. Esta fragilidade limitava a utilização das ferramentas de cerâmica no<br />

passado. Atualmente ferramentas de cerâmica mais tenazes são conseguidas<br />

através de adições de TiC e SiC à matriz de Al2O3.<br />

As ferramentas cerâmicas podem ser didividas em dois grandes grupos,<br />

cerâmicas a base de nitreto de silício e cerâmicas a base de alumina. As<br />

cerâmicas a base de Al2O3 são divididas em alumina branca, alumina mista ou<br />

preta e alumina reforçada com Whisker.<br />

2.3.2.1- Ferramentas a Base de Nitreto de Silício<br />

As cerâmicas a base de Nitreto de Silício, são formadas por cristais de Si3N4<br />

com uma fase intergranular de óxido de silício que são sinterizados na


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 16<br />

presença de óxidos de alumínio, ítrio, magnésio, dentre outros (Machado e<br />

Silva, 1999). As cerâmicas a base de nitreto de silício possuem tenacidade<br />

superior às ferramentas a base de alumina, além de possuírem boa resistência<br />

ao desgaste.<br />

Devido à elevada interação química com o ferro que ocorre a elevadas<br />

temperaturas presentes na interface de corte, ferramentas de cerâmica a base<br />

de Si3N4 não são adequadas para utilização na usinagem de aços. As<br />

ferramentas de nitreto de silício são utilizadas na indústria aeroespacial na<br />

fabricação de componentes a base de níquel e na industria automotiva para<br />

usinagem de peças de ferro fundido (Metal Handbook, 1989).<br />

No início dos anos 70 verificou-se que o alumínio e o oxigênio poderiam<br />

substituir o nitrogênio e silício na estrutura cristalina dos materiais a base de<br />

Si3N4. Este grupo de cerâmicas ficou conhecido como SIALON (Si – Al – O –<br />

N). O SIALON possui boa tenacidade a fratura, boa resistência a oxidação e<br />

boa resistência a abrasão. A Fig. 2.4 apresenta a microestrutura de uma<br />

ferramenta de SIALON.<br />

Figura 2.4 - Microestrutura do SIALON<br />

(Kennametal Hertel, 1995)<br />

2.3.2.2- Ferramentas a Base de Alumina<br />

Cerâmica Branca<br />

A cerâmica branca é constituída basicamente de grão finos de óxido de<br />

alumina sinterizados com pequenas adições de óxido de magnésio,


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 17<br />

aproximadamente 1%, responsável por inibir o crescimento de grão. As<br />

ferramentas de cerâmica branca possuem altos valores de dureza, de<br />

resistência ao desgaste e excelente estabilidade química. Entretanto estas<br />

ferramentas possuem baixa resistência a fratura e baixa resistência à choques<br />

mecânicos e térmicos.<br />

Para aumentar a tenacidade das ferramentas de alumina branca adiciona-se<br />

zircônia a matriz de alumina. Uma ferramenta de alumina pura possui<br />

coeficiente de tenacidade à fratura K1C de 180 N/mm 3/2 . Ao se adicionar 15%<br />

de ZrO2 o valor de tenacidade à fratura sobe para 300 N/mm 3/2 (Machado e<br />

Silva, 1999). Entretanto, teores de zircônia superiores a 15% resultam em<br />

diminuição do valor de tenacidade a fratura.<br />

Dentre as principais aplicações das ferramentas de alumina branca com<br />

zircônia está o torneamento de peças de ferro fundido cinzento, ferro fundido<br />

nodular e ferro fundido maleável, com velocidades de corte da ordem de 900<br />

m/min, onde a excelente estabilidade química da Al2O3 e da ZrO2 desempenha<br />

importante papel. Aços carbono, ligados e aços ferramenta endurecidos,<br />

também podem ser torneados com velocidade de corte até 1080 m/min (Abrão,<br />

1995).<br />

Para operações de acabamento, recomenda-se a utilização de insertos de<br />

cerâmica branca com baixo teor de ZrO2. Já para operações de desbaste onde<br />

a taxa de remoção de material é elevada, insertos de alumina branca com alto<br />

ter de zircônia são mais indicados.<br />

Cerâmica Mista<br />

Com o intuito de se melhorar as propriedades das ferramentas de alumina,<br />

principalmente com relação a resistência ao choque térmico e mecânico,<br />

adições de carboneto de titânio são empregadas. Estas ferramentas são<br />

conhecidas como cerâmica mista ou cerâmica negra, devido a sua coloração.<br />

As ferramentas de cerâmica mista consistem de uma matriz de grãos finos de<br />

Al2O3, com tamanho médio de 0,5 a 1,0 µm, contendo 20 a 30% de carboneto


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 18<br />

de titânio com granulometria média variando de 0,2 a 0,5 µm. Uma ferramenta<br />

típica de cerâmica mista contendo 30% de TiC possui dureza de<br />

aproximadamente 2.200 HV e tenacidade à fratura de 4,5 MPam 0.5 (Abrão,<br />

1995).<br />

Adições de TiC e TiN à matriz de alumina resultam em uma fase dura na<br />

ferramenta, aumentando a dureza à quente e a estabilidade química, o que<br />

propicia alta resistência ao desgaste e boa qualidade superficial (Tönsfoff et al,<br />

citado por Almeida, 2001). A dureza a quente, 1.000ºC, da ferramenta de<br />

cerâmica mista é superior a dureza a quente da cerâmica branca, 800 HV da<br />

primeira contra 650 HV da segunda (Abrão, 1995).<br />

Aplicações típicas da cerâmica mista incluem o torneamento de ferro fundido<br />

com dureza inferior a 35 HRc e operações de acabamento de aços<br />

endurecidos com 35 a 65 HRc (Abrão, 1995). Tanto nas ferramentas de<br />

cerâmica branca ou cerâmica mista recomenda-se chanfrar a aresta de corte<br />

com o objetivo de aumentar a resistência da mesma.<br />

Na maioria das operações de corte os fabricantes de ferramentas de cerâmica<br />

recomendam a sua utilização sem a presença de fluído de corte.<br />

Cerâmica Reforçada com Carboneto de Silício<br />

A cerâmica reforçada com carboneto de silício foi desenvolvida nos anos 80 e<br />

teve grande receptividade. Monocristais de carboneto de silício (whiskers) , na<br />

forma de longos cilindros com 0,5 a 0,6 µm de diâmetro e 10 a 80 µm de<br />

comprimento, são adicionados em até 20% em uma matriz de alumina<br />

(Machado e Silva, 1999). A Fig. 2.5 mostra a microestrutura de ferramenta de<br />

alumina contendo aproximadamente 30% em volume de SiC (Trent e Wrihgt,<br />

2000).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 19<br />

Figura 2.5 - Ferramenta de cerâmica reforçada com Whiskers (Trent e Wright,<br />

2000)<br />

Como o carboneto de silício possui maior resistência ao choque térmico e<br />

maior condutividade térmica em relação à alumina, as ferramentas reforçadas<br />

com Whiskers são menos susceptíveis a falhas devido a variações térmicas.<br />

A adição do carboneto de silício também aumenta a tenacidade da ferramenta,<br />

uma vez que trincas que se propagam através da matriz de alumina, ao se<br />

depararem com os cilindros de carboneto, promovem a separação deste da<br />

matriz, o que absorve grande quantidade de energia da fratura e impede a<br />

propagação da trinca. Mesmo que a trinca possua ainda energia suficiente<br />

mesmo após o desprendimento do Whisker, para continuar se propagando na<br />

ferramenta, é preciso que ela quebre ou circunde o cilindro de carboneto de<br />

silício. Como os monocristais de SiC têm resistência elevada, a trinca não<br />

atravessa sua estrutura, tendo portanto que desviar, processo que consome<br />

energia e evita sua propagação.<br />

As ferramentas de alumina reforçadas com Whiskers não devem ser utilizadas<br />

na usinagem de aços com dureza baixa devido à afinidade química do silício e<br />

carbono com o ferro. Essas ferramentas são empregadas na usinagem de<br />

super ligas de níquel, aços endurecidos mesmo com presença de corte<br />

interrompido e aços inoxidáveis.<br />

A tabela 2.2 apresenta as propriedades mais importantes das principais<br />

ferramentas de cerâmicas (Machado e Silva, 1999).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 20<br />

Tabela 2.2 – Propriedade das Ferramentas de Cerâmica<br />

Material Módulo de<br />

Elasticida<br />

de (Gpa)<br />

Dureza<br />

(Gpa)<br />

Tenacidade<br />

K1C<br />

(Mpa.m 0,5 )<br />

Coef.<br />

Dilatação<br />

Térmica<br />

(10 -6 .K -1 )<br />

Condut.<br />

Térmica<br />

(Wm -1 .K -1 )<br />

Si3N4/SIALON 300 15,6 6,5 3,1 9,7<br />

Al2O3 400 17,2 4,3 8,0 10,5<br />

Al2O3 + ZrO2 390 16,5 6,5 8,5 8,0<br />

Al2O3 + TiC 420 20,6 4,5 8,5 13,0<br />

Al2O3 + SiC 390 18,5 8,0 - 32,0<br />

2.3.3- Nitreto Cúbico de Boro Policristalino (PCBN)<br />

Depois do diamante, o nitreto cúbico de boro é o material com maior dureza.<br />

Dependendo da orientação da superfície de teste com relação ao reticulado<br />

cristalino, a dureza pode variar de 4.000 a 5.000 HV (Trent, 1984). O nitreto<br />

cúbico de boro possui estabilidade térmica melhor que o diamante e não reage<br />

com o ferro. O CBN não é achado na natureza, é complemente produzido pelo<br />

homem e foi, pela primeira vez, sintetizado com sucesso em 1957 na General<br />

Electric Co., quando R. H. Wentorf submeteu o boro hexagonal a pressões<br />

elevadas.<br />

Para fabricação do nitreto cúbico de boro é necessário que o nitreto de boro<br />

seja formado a partir da reação do cloreto de boro com a amônia, gerando<br />

ainda como sub produto o ácido clorídrico conforme apresento na Eq. (2.1):<br />

BCl3 + NH3 ⇒ BN + 3HCl (2.1)<br />

O nitreto de boro assim formado possui estrutura cristalina hexagonal como o<br />

grafite. Além do arranjo cristalino hexagonal (HBN), o nitreto de boro existe<br />

ainda na forma cúbica dura (CBN) ou na forma de wurtizita hexagonal (WBN).<br />

Sob condições ambientais o HBN é a forma estável do nitreto de boro, e as<br />

forma WBN e CBN são as fases metaestáveis. As características da estrutura


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 21<br />

cristalina de cada uma das formas do nitreto de boro são apresentadas na Tab.<br />

2.3 (Bochko, 2000):<br />

Tabela 2.3 – Características das formas do nitreto de boro<br />

Forma Número de<br />

Coordenação<br />

Nº Átomos p/<br />

Célula Unitária<br />

Reticulado (nm)<br />

a c<br />

Densidade<br />

(g/cm 3 )<br />

HBN 3 4 0,2504 0,661 2,29<br />

WBN 4 4 0,255 0,423 3,50<br />

CBN 4 8 0,3615 - 3,51<br />

A conversão do nitreto de boro hexagonal para a forma cúbica é realizada<br />

submetendo-se o HBN a elevadas pressões e temperaturas com a adição ou<br />

não de solventes/catalisadores para acelerarem a transformação. O pó obtido a<br />

partir desta transformação possui geralmente granulometria fina, variando de<br />

submicra a 400 µm, e o cristais predominantemente possuem forma tetraédrica<br />

(Abrão, 1995). Apesar do monocristais obtidos possuírem granulometria muito<br />

fina, ferramentas de monocristais de CBN com aresta de corte com 8,0 mm de<br />

comprimento e 2,0 mm de espessura podem ser achadas no mercado<br />

(Machado e Silva, 1999).<br />

A utilização de catalisadores possibilita a redução da temperatura e pressão<br />

requeridas para a transformação HBN → CBN. Segundo Tomilson e Weldake,<br />

citados por Abrão (1995), os catalisadores/solventes mais adequados são os<br />

metais alcalinos e os alcalinos terrosos e seus nitretos e boratos. Ligas de<br />

alumínio com ferro, cobalto e níquel também são efetivas na produção de grãos<br />

finos de nitreto cúbico de boro.<br />

O nitreto cúbico de boro é formado por dois reticulados cúbicos de face<br />

centrada que se penetram reciprocamente, sendo uma face formada por<br />

átomos de boro e a outra por átomos de nitrogênio. O CBN possui uma<br />

estrutura muito rígida com 75% das ligações entre átomos vizinhos sendo<br />

covalente e o restante iônica (Trent, 1991).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 22<br />

Os policristais de nitreto cúbico de boro são obtidos através da metalurgia do<br />

pó. Os monocristais de CBN, juntamente com um ligante, são submetidos a<br />

elevadas pressões e temperaturas. O processo é similar ao utilizado na<br />

transformação do nitreto de boro da forma hexagonal para a forma cúbica, e<br />

catalisadores também devem ser adicionados para acelerar o processo. Em<br />

alguns casos a transformação do HBN em monocristais de CBN e a obtenção<br />

dos policristais se dão em uma única etapa.<br />

A tenacidade dos monocristais é inferior à tenacidade dos policristais. Por esta<br />

razão, o campo de aplicação dos policristais é maior que dos monocristais,<br />

apesar destes últimos possuírem maior resistência ao desgaste e maior dureza<br />

que os policristais. A resistência ao desgaste dos policristais pode ser<br />

aumentada, aumentando-se os tamanhos dos grãos que compõem o policristal<br />

(Clark e Sen, 1998).<br />

Os processos de fabricação dos policristais de nitreto cúbico de boro são<br />

geralmente classificados em quatro categorias: o processo de conversão<br />

catalítica, o processo do meio ligante, o processo de sinterização direta e o<br />

processo de conversão direta. No processo de conversão catalítica o<br />

catalisador, um metal ou liga metálica, ajuda na conversão do HBN para CBN<br />

que ocorre simultaneamente com a formação do policristal de CBN. Já o<br />

processo do meio ligante é realizado em duas etapas. Primeiro há a conversão<br />

do HBN em CBN, em seguida os cristais de CBN são misturados com ligas<br />

metálicas que ajudarão na aglutinação dos monocristais com o ligante para<br />

formar o policristal. O processo da sinterização direta também é um processo<br />

que ocorre em duas etapas, e é similar ao processo anterior, só que não é<br />

adicionada liga metálica para ajudar na aglutinação dos monocristais. No<br />

processo de conversão direta, que ocorre em um único estágio, o HBN é<br />

transformado diretamente em CBN sem a ajuda de catalisadores ou meio<br />

ligante. Esse método, que embora seja teoricamente e praticamente possível<br />

de ser realizado, não é utilizado na prática devido à dificuldade de se conseguir<br />

um número consistente de ligações uniformemente distribuídas entre os cristais<br />

de CBN. Com isso a densidade e resistência do PCBN são menores que o<br />

necessário (Bochko, 2000).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 23<br />

Ferramentas de PCBN, em sua grande maioria, possuem monocristais de CBN<br />

com granuolmetria variando de 1 a 10 µm e são caracterizadas pelo teor de<br />

CBN e pelo composto utilizado como ligante, que pode ser um metal (ligas de<br />

Ni-Co), um carboneto de titânio ou de tungstênio, ou uma cerâmica (TiN,<br />

AlB2/AlN). A proporção do ligante varia de 5 a 70% (Abrão, 1995). A Fig. 2.6<br />

mostra a microestrutura de uma ferramenta de PCBN que tem como ligante<br />

carboneto de titânio (Seco Tools, 2000).<br />

Figura 2.6 - Ferramenta de PCBN com TiC (Seco Tools, 2002)<br />

Com referência ao teor de CBN, os policristais de nitreto cúbico de boro podem<br />

ser divididas em dois grupos: as com alto teor de CBN (≈ 90% vol.)<br />

denominadas CBN-H, e as com baixo teor de CBN (50 a 70% vol.)<br />

denominadas CBN-L. Os policristais com alto teor de CBN utilizam cobalto<br />

como principal elemento ligante. Já nos policristais de CBN-L o nitreto de titânio<br />

é o principal ligante. Um fenômeno confuso que ocorre com as ferramentas de<br />

PCBN é que no torneamento de acabamento de materiais endurecidos, CBN-L<br />

apresenta vida maior e melhor acabamento superficial (Ra = 0,25 µm ou menor)<br />

quando comparado com o CBN-H, que possui maior dureza e maior tenacidade<br />

a fratura que o CBN-L. Alguns autores atribuem a maior resistência ao<br />

desgaste do CBN-L à maior resistência do ligante que é utilizado. Outros<br />

afirmam que o menor desgaste do CBN-L está associado ao efeito protetivo<br />

criado na região de desgaste de flanco da ferramenta por camadas de material<br />

que ali ficam aderidas. A maior quantidade de deformação plástica e maior<br />

densidade de defeitos no CBN-H, quando comparado com o CBN-L, é também<br />

uma das afirmações feitas para justificar o maior desgaste do primeiro em<br />

relação ao segundo (Chou et al., 1994). Segundo Bossom, citado por Chou,<br />

1994, a menor condutividade térmica do CBN-L provocaria aumento da<br />

temperatura na região de interface cavaco ferramenta, e provocaria o


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24<br />

amaciamento do material da peça, diminuindo o desgaste da ferramenta de<br />

PCBN com baixo teor de CBN.<br />

A Fig. 2.7 mostra a microestrutura de uma ferramenta de PCBN-L, contendo<br />

45% de CBN e tendo o nitreto de titânio como ligante (Seco Tools, 2002)<br />

Figura 2.7 - Ferramenta de PCBN-L (Seco Tools, 2002)<br />

A geometria das ferramentas de PCBN é geralmente caracterizada por um<br />

ângulo de saída bastante negativo e arestas reforçadas e chanfradas para<br />

evitar o lascamento da aresta de corte devido às elevadas tensões de<br />

compressão.<br />

A tabela 2.4 mostra a comparação entre as propriedades dos principais tipos<br />

de ferramentas de corte disponíveis no mercado (Abrão, 1995):


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 25<br />

Tabela 2.4 – Propriedade das Ferramentas de Corte<br />

Propriedade Metal Duro Alumina<br />

Composição típica<br />

(% em volume)<br />

89,5% WC,<br />

10%Co,<br />

0,5% outros<br />

Branca<br />

90-95%<br />

Al2O3, 5-<br />

10% ZrO2<br />

Alumina<br />

Mista<br />

55-60%<br />

Al2O3, 30%<br />

TiC, 5-10%<br />

ZrO2<br />

Alumina<br />

Whisker<br />

75% Al2O3,<br />

25% SiC<br />

Nitreto de<br />

Silício<br />

77% Si3N4,<br />

13% Al2O3,<br />

10% Y2O3<br />

PCBN<br />

98%<br />

CBN, 2%<br />

AlB2/AlN<br />

Densidade (g/cm 3 ) 14,5 3,8 – 4,0 4,3 3,7 3,2 3,1<br />

Dureza a 25º C<br />

(HV)<br />

Dureza a 1000ºC<br />

(HV)<br />

Tenacidade à<br />

Fratura (Mpa.m 0,5 )<br />

Condutividade<br />

Térmica (W/mK)<br />

Módulo de<br />

Elasticidade<br />

(kN/mm 2 )<br />

Coeficiente de<br />

Expansão Térmica<br />

(x10 -6 /K)<br />

1.600 1.700 1.900 2.000 1.600 4.000<br />

≈400 650 850 900 900 ≈1.800<br />

13 1,9 2,0 8,0 6,0 10,0<br />

85 8 - 10 12 - 18 32 23 100<br />

580<br />

5,5<br />

380<br />

8,5<br />

2.4- Usinagem de Materiais Endurecidos<br />

Com o desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de corte com<br />

geometria definida, o processo de usinagem de metais endurecidos tem estado<br />

cada vez mais em evidência. Antes do advento de ferramentas ultraduras,<br />

como o PCBN, a usinagem de materiais com dureza superior a 45 HRc só era<br />

realizada através de operações de retificação. Hoje, as alterações significativas<br />

nos processos de usinagem de materiais endurecidos têm proporcionado<br />

420<br />

8,0<br />

diversos benefícios ambientais e econômicos.<br />

390<br />

6,4<br />

300<br />

3,2<br />

680<br />

4,9


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26<br />

2.4.1- Mecanismos de Endurecimento dos Metais<br />

Endurecer, ou aumentar a resistência mecânica de um metal significa aumentar<br />

sua resistência a deformação plástica. A deformação plástica de um metal<br />

ocorre essencialmente devido ao movimento de suas deslocações, que são<br />

defeitos cristalinos cuja presença indica que um grande número de átomos está<br />

deslocado de suas posições normais. Dessa forma, para aumentar a<br />

resistência mecânica de um metal, deve-se eliminar suas deslocações ou<br />

reduzir a mobilidade das mesmas.<br />

A eliminação das deslocações é conseguida através da fabricação de materiais<br />

praticamente isentos de defeitos internos, os Whiskers, que possuem tensões<br />

de escoamento elevadíssimas, próximas aos valores teóricos de resistência<br />

dos materiais. Entretanto este processo de endurecimento possui limitações<br />

devido ao elevado custo do material e dificuldade prática de se obterem cristais<br />

com grandes seções transversais (Coutinho, 1992).<br />

O outro método de aumentar a dureza dos metais, que consiste em reduzir a<br />

mobilidade das deslocações, é realizado basicamente através de cinco<br />

mecanismos: solução sólida, refino do grão, introdução de partículas de uma<br />

segunda fase, aumento da densidade das deslocações e transformações de<br />

fase.<br />

O endurecimento por solução sólida pode ser realizado através da introdução<br />

de solutos substitucionais ou solutos intersticiais na rede cristalina de um metal.<br />

No caso de solutos substitucionais a intensidade do efeito de endurecimento<br />

depende da diferença entre os diâmetros dos átomos do soluto e do solvente, e<br />

da perturbação na estrutura eletrônica do solvente. Em geral, a presença de<br />

átomos substitucionais provoca uma distorção simétrica na rede cristalina do<br />

solvente, resultando em um efeito endurecedor moderado. Já os solutos<br />

intersticiais criam distorções assimétricas na rede do solvente, exercendo um<br />

efeito endurecedor muito mais intenso (Coutinho, 1992). Este é o caso do<br />

carbono e nitrogênio na rede cristalina do ferro-α.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 27<br />

O aumento da resistência dos metais por meio do refino da granulometria é o<br />

único mecanismo de endurecimento no qual o aumento da resistência<br />

mecânica vem acompanhado de aumento da tenacidade.<br />

O endurecimento através da introdução de partículas de uma segunda fase<br />

poder ser realizado por precipitação ou por dispersão. No caso da dispersão o<br />

endurecimento é obtido por uma segunda fase insolúvel finamente dispersa em<br />

uma matriz metálica. Já a precipitação ocorre pela solubilização e resfriamento<br />

rápido de uma liga formada por uma única fase a temperaturas elevadas e por<br />

duas fases a temperaturas mais baixas. As partículas precipitadas são<br />

partículas deformáveis e podem ser cortadas pelas deslocações em<br />

movimento. O efeito de endurecimento é devido ao trabalho realizado quando<br />

uma deslocação corta o precipitado e tem de criar uma nova interface<br />

precipitado-matriz, além de reorganizar as ligações dentro do precipitado. No<br />

caso de um sistema endurecido por dispersão, as partículas são indeformáveis,<br />

as deslocações têm de contornar estas partículas através da formação de<br />

circuitos de deslocações, sendo necessário aumentar a tensão aplicada para<br />

que isto ocorra (Coutinho, 1992).<br />

O aumento da densidade das deslocações é outro mecanismo de<br />

endurecimento dos metais. Quanto maior o comprimento total das linhas das<br />

deslocações por unidade de volume, maior a quantidade de deslocações que<br />

serão interceptadas por uma dada deslocação quando esta se move em seu<br />

plano de escorregamento. O endurecimento ocorre uma vez que o corte de<br />

uma deslocação por outras demanda trabalho extra.<br />

Nos aços, os efeitos produzidos por transformações de fase dependem da<br />

temperatura na qual estas ocorrem. Em geral quanto menor a temperatura de<br />

transformação, maior é o efeito de endurecimento. A temperatura de<br />

transformação influi sobre todos os mecanismos de endurecimento, quase<br />

sempre aumentando sua intensidade. Quanto menor a temperatura de<br />

transformação menor o tamanho do grão do produto da transformação. Quanto<br />

menor a temperatura de transição maior a quantidade de deslocações criadas.<br />

Quanto menor a temperatura de transformação mais fina é a dispersão de<br />

quaisquer fases precipitadas, aumentando a dureza. E por fim, quanto menor a<br />

temperatura de transformação maior a tendência de se reter soluto em uma


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 28<br />

solução super saturada, resultando em maior endurecimento por solução<br />

sólida.<br />

2.4.2- Nitretação<br />

A nitretação é um tratamento termoquímico para produzir uma camada dura em<br />

aço mediante a difusão de nitrogênio em fase ferrítica. A camada dura é obtida<br />

pela precipitação de nitretos na região onde penetrou o nitrogênio intersticial.<br />

Na ferrita supersaturada, com até 6% de nitrogênio, precipitam-se nitretos de<br />

ferro γ - Fe4N. Para valores superiores de supersaturação precipitam-se nitretos<br />

ε de Fe2N. Estes dois nitretos formam a camada branca superficial (Pedraza et<br />

al., 1989).<br />

Elementos de liga dos aços tais como alumínio, titânio, cromo e molibdênio são<br />

fortes formadores de nitretos. Quando estes elementos estiverem dissolvidos<br />

no aço, eles formarão nitretos preferencialmente. Estes nitretos aumentam a<br />

dureza e diminuem a espessura da camada nitretada.<br />

Ao se realizar o tratamento de nitretação busca-se obter uma alta resistência<br />

superficial, aumentar a resistência ao desgaste e diminuir os lascamentos e<br />

aumentar a resistência do material à fadiga.<br />

Existem dois métodos para realização da nitretação: a nitretação gasosa e a<br />

nitretação em banho de sal. Na nitretação gasosa, o aço é aquecido a<br />

temperaturas em torno de 510 ºC em atmosfera contendo o gás nitretante, o<br />

amoníaco. Na superfície do aço ocorre reação apresentada na Eq. (2.2):<br />

2NH3 ↔ 2NFe + 3H2 (2.2)<br />

A nitretação gasosa é utilizada em peças onde se objetiva camada nitretada<br />

com espessura variando de 0,2 mm a 0,7 mm.<br />

Na nitretração em banho de sais é utilizada uma mistura contendo 60 a 70%<br />

em peso de NaCN e de 30 a 40% de KCN e uns poucos porcentos de<br />

carbonatos (Na2CO3) e cianatos (NaCNO) para produzir a camada nitretada.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 29<br />

Os ciclos de nitretação em banhos de sais são mais curtos do que os da<br />

nitretação gasosa (Pedraza et al., 1989).<br />

2.4.3- Forças de Corte<br />

A força de usinagem pode ser responsável direta pelo colapso da ferramenta<br />

de corte por deformação plástica e também influencia diretamente no<br />

desenvolvimento de outros mecanismos de desgaste. A força de usinagem<br />

pode ser considerada como dependente apenas de dois fatores principais que<br />

são a área dos planos de cisalhamento primário e secundário, e a resistência<br />

ao cisalhamento do material da peça nestes planos (Machado e Silva, 1999).<br />

Desta maneira, se a variação de qualquer parâmetro do processo de usinagem<br />

alterar a área e a resistência ao cisalhamento nestes planos, haverá alteração<br />

da força de usinagem.<br />

2.4.4- Fatores que Influenciam na Força de Usinagem<br />

O aumento da profundidade de corte e do avanço irão aumentar diretamente as<br />

áreas dos planos de cisalhamento primário e secundário e com isso aumentar,<br />

quase na mesma proporção, as forças de usinagem.<br />

De maneira geral a velocidade de corte tem pouca influência sobre a força de<br />

corte, desde que as velocidades utilizadas sejam superiores a velocidade<br />

crítica, na qual não há surgimento da aresta postiça de corte. Para velocidades<br />

de corte muito baixas, onde a APC ainda está ausente, o aumento da<br />

velocidade provoca diminuição da força de corte devido ao aumento da<br />

temperatura, e com isso, diminuição da resistência ao cisalhamento do material<br />

da peça. Com o surgimento da APC a força de corte diminui devido ao<br />

aumento do ângulo de saída efetivo e redução do plano de cisalhamento<br />

secundário. O crescimento da APC provoca redução da força de corte, que só<br />

volta a aumentar quando a velocidade de corte atinge valores nos quais a APC<br />

se torna instável. A força continua a crescer até o ponto onde a velocidade<br />

atinge o valor da velocidade crítica. Para velocidades acima da velocidade


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 30<br />

crítica, verifica-se experimentalmente que, a força de corte tende a sofrer uma<br />

pequena redução com o aumento da velocidade. O aumento de velocidade<br />

provoca uma maior geração de calor, que se por um lado tende a diminuir a<br />

força de corte devido a redução da resistência do material da peça, por outro<br />

torna o material mais dúctil, provocando o aumento do coeficiente de atrito no<br />

plano de escorregamento secundário, devido ao crescimento das junções das<br />

asperidades, o que favorece aumento da força de corte. A Fig. 2.8 (Trent,<br />

1984) mostra a variação da força de usinagem com a velocidade de corte para<br />

alguns materiais.<br />

Figura 2.8 - Influência da Velocidade de Corte na Força de Corte (Trent, 1984).<br />

As características da ferramenta de corte, material e geometria, também<br />

influenciam na força de corte. Se houver afinidade química do material da peça<br />

com o material da ferramenta, uma zona de aderência estável e forte será<br />

formada na área da seção de corte, aumentando o coeficiente de atrito na<br />

interface da ferramenta com a peça, e consequentemente, aumentando a força<br />

de corte. Entretanto, se não houver afinidade metalúrgica não existirão fortes<br />

ligações de aderência, o coeficiente de atrito será baixo e a força de usinagem<br />

reduzida. Com relação a geometria da ferramenta o fator com maior influência<br />

é o valor do ângulo de saída. Uma redução no ângulo de saída aumenta a área


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 31<br />

de contato cavaco-ferramenta, e impõe uma restrição maior ao deslizamento<br />

do cavaco sobre a superfície de saída, o que aumenta a força de usinagem.<br />

Além do ângulo de saída o ângulo de posição também afeta o valor da força de<br />

usinagem. O aumento do ângulo de posição, mantendo-se o ângulo de posição<br />

secundário, provocará ligeira diminuição da força de corte (Machado e Silva,<br />

1999).<br />

Para a usinagem de materiais endurecidos, cuidado especial deve ser<br />

observado na escolha da geometria da ferramenta. Devido a alta resistência do<br />

material da peça, chanfro na aresta de corte e ângulo de saída negativo devem<br />

ser utilizados para aumentar a resistência da ferramenta. Entretanto, um ângulo<br />

de saída negativo grande aumentará muito a força de corte, provocará<br />

deformações plásticas mais severas e consequentemente elevadas<br />

temperaturas durante o corte, provocando um impacto negativo na<br />

performance da ferramenta (Chou et al., 1994).<br />

Além das variáveis citadas acima, o material da peça terá grande influência no<br />

valor da força de usinagem. De uma maneira geral, quanto maior a resistência<br />

do material da peça, maior a resistência ao cisalhamento nos planos de<br />

cisalhamento e com isto, maior será o valor da força de corte. Entretanto, como<br />

na grande maioria das vezes, o aumento da resistência está associado à baixa<br />

ductilidade e vice-versa, materiais com baixa resistência mecânica irão<br />

apresentar força de usinagem relativamente elevada, devido ao aumento do<br />

coeficiente de atrito na interface cavaco ferramenta.<br />

Forças de corte na usinagem de materiais endurecidos não são muito<br />

superiores quando comparadas com as forças geradas na usinagem de<br />

materiais recozidos devido a pequena quantidade relativa de deformação<br />

plástica do cavaco que ocorre na usinagem de materiais endurecidos e<br />

também da pequena área de contato cavaco ferramenta, a qual reduz a força<br />

de atrito. Mesmo assim, as forças de corte na usinagem de materiais<br />

endurecidos atingem valores de 30 a 80% superiores às forças na usinagem de<br />

materiais macios (Abrão, 1995).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 32<br />

A Fig. 2.9 mostra a variação da força de corte, força de avanço e força passiva<br />

com a seção de corte na usinagem de três materiais com diferentes valores de<br />

resistência a tração (Ferraresi, 1977).<br />

Figura 2.9 - Influência da Seção de Corte e Resistência do Material nas<br />

Componentes de Força de Usinagem (Ferraresi, 1977).<br />

2.5- Desgaste e Mecanismos de Desgaste na Ferramenta de Corte<br />

À medida que o material é removido da peça durante o processo de usinagem<br />

ocorre também perda de material na ferramenta de corte. Esta perda é<br />

indesejável, pois provoca alterações no formato e na geometria da ferramenta<br />

e irá afetar a rugosidade superficial e tolerâncias dimensionais da peça<br />

usinada. Como os custos do processo são diretamente relacionados ao<br />

consumo das ferramentas e eficiência do processo, a compreensão dos<br />

mecanismos de desgaste que ocorrem durante a ação do corte é de vital<br />

importância para que se possa minimizar ou até mesmo evitar o desgaste das<br />

ferramentas.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 33<br />

2.5.1- Formas de Desgaste<br />

Durante o processo de usinagem as partes mais solicitadas da ferramenta são<br />

a aresta de corte, a face (superfície de saída) e o flanco (superfície de folga).<br />

Nestas regiões pelo menos três formas de desgaste podem ser identificadas:<br />

• Desgaste por cratera, representado na Fig. 2.10 pela área A;<br />

• Desgaste de flanco, representado pela área B da figura 2.10;<br />

• Desgaste de entalhe (notchwear), áreas C e D da Fig. 2.10.<br />

Figura 2.10 - Principais áreas de desgaste de uma ferramenta de corte<br />

2.5.1.1- Desgaste de Cratera<br />

O desgaste de cratera é a forma de desgaste mais comum que ocorre na<br />

superfície de folga da ferramenta. É geralmente associado com altas<br />

temperaturas geradas na interface cavaco ferramenta e ocorre devido a uma<br />

combinação entre os mecanismos de desgaste de difusão e aderência quando<br />

o cavaco se move sobre a superfície de saída (Abrão, 1995).<br />

A profundidade da cratera KT pode ser utilizada para determinar o desgaste da<br />

ferramenta e servir como critério de fim de vida da mesma. Como o desgaste<br />

de cratera é devido à difusão e aderência, ele é mais importante em


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 34<br />

ferramentas de metal duro do que em ferramentas de cerâmica em função da<br />

maior estabilidade química destas últimas. A Fig. 2.11 mostra a representação<br />

gráfica do desgaste de cratera com os parâmetros utilizados para medir esta<br />

forma de desgaste.<br />

Figura 2.11 - Parâmetros utilizado para medir desgaste de cratera (ISO 3685,<br />

1993)<br />

O valor adotado pela ISO 3685 como fim de vida da ferramenta utilizando como<br />

critério a profundidade da cratera é obtido de acordo com a Eq. (2.3), onde f é<br />

o avanço em mm/revolução<br />

KT = 0,06 + 0,3f (2.3)<br />

A posição da cratera com relação à aresta de corte é importante para<br />

ocorrência ou não da falha catastrófica da ferramenta. Uma cratera larga e<br />

profunda mas distante da aresta de corte pode ser menos perigosa do que uma<br />

cratera mais fina e menos profunda mais próxima da aresta de corte. Por esta<br />

razão os valores de KM, distância entre a aresta principal de corte e o ponto<br />

mais profundo da cratera, e de KB, distância entre a aresta principal de corte e<br />

final da cratera, são medidos e podem ser utilizados como informação adicional<br />

no critério de fim de vida da ferramenta (ISO 3685, 1993).<br />

A profundidade máxima da cratera usualmente ocorre próxima ao ponto médio<br />

do comprimento de contato entre o cavaco e a superfície de saída, onde se<br />

acredita atingir os maiores valores de temperatura. Desgaste de cratera<br />

excessivo altera a geometria da ferramenta e pode afetar adversamente a<br />

formação de cavaco e fragilizar a ferramenta (Abrão, 1995).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 35<br />

2.5.1.2- Desgaste de Flanco<br />

O desgaste de flanco é a forma mais comum de desgaste de ferramentas de<br />

corte. O desgaste de flanco é relativamente fácil de ser medido e sua<br />

ocorrência resulta em perda do ângulo de folga, provocando com isso aumento<br />

do atrito entre a ferramenta e a peça, aumentando assim a força de usinagem.<br />

Em geral, o desgaste de flanco é o principal fator limitante da vida da<br />

ferramenta e é um dos principais critérios de fim de vida utilizados em teste de<br />

usinagem.<br />

Normalmente todos os materiais utilizados em ferramentas de corte possuem<br />

alta taxa de desgaste de flanco no início da usinagem, a qual diminui<br />

consideravelmente após um certo tempo, atingindo um valor crítico, a não ser<br />

que velocidades de corte excessivas sejam utilizadas (ISO 3685, 1993). Com a<br />

continuidade do processo de corte, um segundo valor crítico é alcançado, e<br />

após este valor a taxa de desgaste de flanco volta a crescer drasticamente.<br />

A Fig. 2.12 mostra os parâmetros empregados para determinação do desgaste<br />

de flanco de acordo com a norma ISO 3865.<br />

Figura 2.12 - Parâmetros utilizados para medir o desgaste de flanco (ISO 3685,<br />

1993).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 36<br />

Segundo a norma ISO 3685 o critério de fim de vida mais utilizado nos ensaios<br />

de usinagem para metal duro, aço rápido e cerâmica é desgaste de flanco<br />

máximo (VBB Máx) igual a 0,6 mm e desgaste de flanco médio (VBB) igual a 0,3<br />

mm.<br />

2.5.1.3- Desgaste de Entalhe<br />

O desgaste de entalhe acontece de forma combinada na face e no flanco da<br />

ferramenta e ocorre adjacente ao ponto onde a aresta principal de corte<br />

intercepta o material da peça. Em casos onde o desgaste de entalhe é<br />

predominante, como na usinagem de ligas de Ni com metal duro ou cerâmica,<br />

ele pode se utilizado como medida de desgaste da ferramenta. E nestes caso o<br />

valor de VN pode se usado como critério de fim de vida da ferramenta. Na Fig.<br />

2.13 pode-se verificar uma ferramenta que apresenta desgaste de entalhe.<br />

Figura 2.13 - Desgaste de Entalhe (Kennametal Hertel, 1995).<br />

Como ainda não existe um consenso na literatura que explique exatamente a<br />

formação do desgaste de entalhe, alguns autores tratam esta forma de<br />

desgaste como um mecanismo de desgaste. O desgaste de entalhe ocorre<br />

principalmente na usinagem de materiais resistentes a altas temperaturas. Nas<br />

regiões onde o desgaste de entalhe acontece, as condições de<br />

escorregamento prevalecem e o mecanismo de desgaste envolve abrasão e<br />

transferência de material e é fortemente influenciado pelas interações com a<br />

atmosfera (Machado e Silva, 1999).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 37<br />

2.5.2- Mecanismos de Desgaste<br />

As formas de desgaste se desenvolvem por vários mecanismos de desgaste.<br />

Em todos os processos de usinagem os mecanismos de desgaste que ocorrem<br />

nas ferramentas de corte com geometria definida são basicamente os mesmos<br />

e estão apresentados na Fig. 2.14 (Trent, 1984).<br />

Figura 2.14 - Mecanismos e processos de desgaste que podem acontecer nas<br />

ferramentas de corte (Trent, 1984).<br />

2.5.2.1- Deformação Plástica Superficial por Cisalhamento a Altas<br />

Temperaturas<br />

Este mecanismo ocorre principalmente na usinagem de materiais que possuem<br />

elevado ponto de fusão utilizando-se ferramentas de aço rápido. Em função<br />

das elevadas temperaturas desenvolvidas na interface cavaco ferramenta a<br />

resistência ao escoamento do material da ferramenta diminui, e com isso as<br />

tensões de cisalhamento ali geradas são suficiente para causar a deformação<br />

plástica superficial (Machado e Silva, 1993). A Fig. 2.15 mostra uma ferramenta


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 38<br />

que sofreu deformação plástica superficial por cisalhamento a altas<br />

temperaturas.<br />

Figura 2.15 - Deformação Plástica devido a Elevadas Temperaturas<br />

(Kennametal Hertel, 1995).<br />

2.5.2.2- Deformação Plástica da Aresta de Corte sob Elevadas Tensões de<br />

Compressão<br />

Ocorre principalmente na usinagem de materiais que possuem elevada dureza<br />

utilizando-se ferramentas de aço rápido e metal duro. A combinação de altas<br />

tensões de compressão com temperatura elevada na superfície de saída da<br />

ferramenta pode provocar deformação plástica da aresta de corte. Quando se<br />

utilizam altas velocidades de corte e avanço elevado, a deformação plástica<br />

leva a uma falha catastrófica, como mostrado na Fig. 2.16 (Kennametal Hertel,<br />

1995).<br />

Figura 2.16 - Falha Catastrófica (Kennametal Hertel, 1995).<br />

O aumento da taxa de remoção de material, da velocidade de corte ou do<br />

avanço é muitas vezes limitado pela deformação da ferramenta sob tensão de<br />

compressão na superfície de saída. Falhas devido à deformação plástica são<br />

mais prováveis em taxas de avanço elevadas e quando se usina materiais de<br />

alta dureza. Ferramentas de metal duro com baixo teor de cobalto podem ser<br />

utilizadas em velocidades de corte e taxas de avanço mais elevadas por causa<br />

de sua maior resistência à deformação (Trent e Wright, 2000).


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 39<br />

Ainda segundo Trent e Wright (2000), ferramentas com ponta de corte mais<br />

fina ou com raio de ponta muito pequeno começam a deformação na ponta de<br />

corte em velocidades muito menores que ferramentas com grande raio de<br />

ponto.<br />

2.5.2.3- Desgaste Difusivo<br />

Como este mecanismo envolve a transferência de átomos de um material para<br />

o outro, e é fortemente dependente da temperatura e da solubilidade mútua<br />

destes materiais na zona de cisalhamento secundário. Para que haja difusão é<br />

necessário temperatura elevada e tempo suficiente para os átomos se<br />

moverem através da estrutura cristalina. Em usinagem, as temperaturas<br />

desenvolvidas na interface cavaco ferramenta são suficientemente altas para<br />

provocar o processo difusivo. Entretanto, como a velocidade do cavaco sobre a<br />

superfície de saída da ferramenta é relativamente elevada, não haveria tempo<br />

suficiente para a difusão ocorrer, se não fosse a existência de uma camada de<br />

material de aproximadamente 0,01 a 0,08 mm de espessura, que fica<br />

estacionária em contato com a ferramenta (Machado e Silva, 1993). Nessa<br />

região, conhecida como zona de aderência, a velocidade do material assume<br />

valor zero, com isso há tempo suficiente para a difusão ocorrer. A renovação<br />

constante da zona de aderência, devido ao fluxo de material da peça, garante a<br />

continuidade do processo difusivo, uma vez que evita a saturação da zona de<br />

aderência mantendo um gradiente de concentração suficiente para a difusão.<br />

Além disso, o material da peça na zona de fluxo (região localizada a cima da<br />

zona de aderência), possui elevada densidade de deslocações e sofre<br />

constante recuperação dinâmica e recristalização. Novos grãos e contornos de<br />

grãos são gerados facilitando a difusão, uma vez que a difusão através dos<br />

contornos é muito mais rápida do que a difusão através do reticulado, mesmo<br />

em condições estáticas (Trent e Wright, 2000).<br />

Na usinagem de aço com ferramenta de metal duro o mecanismo de desgaste<br />

difusivo ocorre devido à formação de carbonetos complexos do tipo (FeW)23C6<br />

na ferramenta. Estes carbonetos possuem uma resistência à abrasão muito<br />

menor que o carboneto de tungstênio original, o que provoca a fragilização da


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 40<br />

ferramenta de corte. O carboneto complexo de ferro e tungstênio se forma<br />

quando o ferro do aço se difunde para a matriz de cobalto da ferramenta,<br />

aumentando a solubilidade do carbono no cobalto de 0,07% para 2,1%<br />

(Machado e Silva, 1993). Com esta maior solubilidade, o carbono do aço<br />

também se difunde para a ferramenta promovendo a dissociação do carboneto<br />

de tungstênio. A adição de titânio e tântalo nas ferramentas de metal duro da<br />

classe P tem o objetivo de minimizar a formação deste carboneto complexo,<br />

impedindo o enfraquecimento da ferramenta.<br />

O desgaste difusivo poderá atuar tanto na superfície de saída como na<br />

superfície de folga da ferramenta, e a taxa de desgaste irá aumentar com o<br />

aumento da velocidade de corte e com o aumento do avanço. As áreas<br />

desgastadas por difusão terão uma aparência lisa se observadas no<br />

microscópio ótico (Machado e Silva, 1993).<br />

Segundo Trent e Wright, 2000, o mecanismo de desgaste presente na<br />

craterização de ferramentas de WC-Co é o desgaste difusivo. Através da<br />

análise feita na seção da cratera de ferramentas de metal duro, não foi<br />

evidenciada deformação plástica por cisalhamento. Comparando-se o perfil da<br />

cratera com as isotermas formadas durante a usinagem de aço, verifica-se que<br />

a maior profundidade da cratera está associada às mais altas temperaturas<br />

desenvolvidas, conforme mostrado na Fig. 2.17. Evidências de temperaturas,<br />

deduzidas a partir de observação de ferramentas de aço rápido e metal duro<br />

desgastadas, sugerem que quando ocorre a craterização de ferramentas as<br />

máximas temperaturas na interface cavaco ferramenta variam de 850° a<br />

1.200°C. Estas temperaturas são suficientemente elevadas para que a difusão<br />

em estado sólido ocorra. Além disto as características da superfície são<br />

consistentes com o processo de desgaste por difusão sólida.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 41<br />

Figura 2.17 - Comparação entre profundidade de cratera e perfil de<br />

temperatura (Trent, 1984)<br />

Apesar de o processo de difusão ser amplamente conhecido e estudado, taxas<br />

de difusão determinadas a partir de estudos de pares difusionais não podem<br />

ser utilizadas para prever a taxa de desgaste de ferramentas de corte, porque<br />

as condições na interface ferramenta são muito diferentes das condições<br />

estáticas utilizadas nos testes.<br />

2.5.2.4- Desgaste por Aderência e Arrastamento - Attrition<br />

O Attrition ocorre geralmente quando o contato do fluxo de material sobre a<br />

superfície da ferramenta for irregular. Em baixas velocidades de corte, quando<br />

surgir a aresta postiça de corte e esta for instável, o contato com a ferramenta<br />

será menos contínuo e, sob essas condições, fragmentos microscópicos são<br />

arrancados da superfície da ferramenta e arrastados junto ao fluxo de material<br />

adjacente a interface. Além das baixas velocidades de corte, o corte<br />

interrompido e a profundidade de corte variável também promovem o fluxo<br />

irregular de material favorecendo a participação do mecanismo de desgaste por<br />

attrition (Machado e Silva, 1993).<br />

O desgaste por attrition ocorre com maior frequência na usinagem de peças<br />

delgadas, em máquinas com baixa rigidez, devido ao surgimento de vibrações<br />

que provocam o fluxo irregular de material (Trent, 1984).<br />

Vista através de microscópio ótico a área desgastada por attrition possui uma<br />

aparência áspera. A superfície desgastada por attrition é muito mais áspera<br />

quando comparada a uma superfície desgastada por difusão. Entretanto, não<br />

há uma linha divisória bem definida entre estas duas formas de desgaste.<br />

Ambas operam simultaneamente. Superfícies desgastadas, quando o metal


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 42<br />

aderido é removido, apresentam freqüentemente alguns grãos com aparência<br />

áspera e outros com aparência lisa (Trent e Wright, 2000).<br />

2.5.2.5- Desgaste Abrasivo<br />

O desgaste abrasivo envolve a perda de material por deformação plástica ou<br />

fratura frágil do material da ferramenta através de microsulcamentos,<br />

microcortes ou microlascamentos, provocados por partículas duras, como<br />

carbonetos de cromo, vanádio e molibdênio, contidas no material da peça.<br />

Além das partículas duras contidas no material a ser usinado, o desgaste<br />

abrasivo também pode ser provocado quando fragmentos da própria<br />

ferramenta são arrancados por attrition, adesão e arrastamento e se<br />

movimentam sobre a superfície da ferramenta de corte.<br />

A resistência da ferramenta ao desgaste abrasivo não está relacionada<br />

exclusivamente com sua dureza a altas temperaturas, mas também com o seu<br />

coeficiente de tenacidade a fratura. Como o desgaste abrasivo ocorre por<br />

deformação plástica e por fratura frágil é importante o material possuir elevada<br />

dureza e elevado módulo de escoamento para diminuir a taxa de desgaste<br />

(Hutchings, 1992). Além disso, é importante que o material da ferramenta<br />

possua partículas com dureza maior que as do material a ser usinado.<br />

2.5.3- Aresta Postiça de Corte<br />

Aresta postiça de corte (APC) é o nome dado ao material que fica aderido ao<br />

redor da aresta de corte sobre a superfície de saída evitando o contato direto<br />

do cavaco com a ferramenta. A APC ocorre em baixas velocidades de corte e<br />

ela cresce até atingir um valor máximo, a partir do qual começa a diminuir com<br />

o aumento da velocidade de corte até que esta chegue a um valor crítico no<br />

qual a APC desaparece por completo. Em função da velocidade de corte ela<br />

passa por fases em que mantém-se relativamente estável, instável e por último,<br />

acima da velocidade de corte crítica, ela desaparece totalmente. Na sua<br />

presença o fluxo de cavaco torna-se intermitente, promovendo mecanismos de


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 43<br />

adesão e de arrancamento de material (stick-slip), denominado por attrition. Ou<br />

seja, a APC simplesmente não pode ser considerada com um mecanismo de<br />

desgaste, pois associa a adesão, encruamento, geração de estado triaxial de<br />

tensões e nucleação e coalescimento de microtrincas. Na sua presença as<br />

formas de desgaste de cratera e de flanco são aceleradas.<br />

A aresta postiça de corte é um problema significativo e ocorre na usinagem de<br />

materiais ferrosos e não ferrosos e não é usualmente observada quando se<br />

usina metais monofásicos (Abrão, 1999). A APC é indesejável, pois muda a<br />

geometria da ferramenta, aumenta o desgaste nas superfícies de saída e folga<br />

provocando um acabamento superficial ruim na peça usinada. A Fig. 2.18<br />

mostra um inserto com aresta postiça de corte.<br />

Figura 2.18 - Aresta Postiça de Corte (Kennametal Hertel, 1995)<br />

2.5.4- Mecanismos de Desgaste na Usinagem de Aços Endurecidos<br />

Segundo Broskea (2001), na usinagem de aços endurecidos utilizando-se<br />

ferramentas de PCBN, desgaste abrasivo freqüentemente surge em conjunto<br />

com reações químicas que ocorrem entre o material da ferramenta e o material<br />

da peça. A velocidade de corte e o material da peça a ser usinada são os<br />

aspectos mais críticos com relação ao desgaste abrasivo. Aços para matrizes,<br />

contendo cromo e vanádio, aceleram o desgaste de ferramentas de PCBN.<br />

Altas velocidades de corte produzem desgaste excessivo de flanco e<br />

craterização na aresta de corte, Fig. 2.19.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 44<br />

Figura 2.19 - Desgaste Abrasivo após Usinar e Aço Endurecido (Broskea,<br />

2001).<br />

Chou e Evans (1997) realizaram estudos para investigar os aspectos<br />

microestruturais no desgaste de ferramentas de CBN na usinagem de aços<br />

endurecidos. Segundo eles o tamanho dos carbonetos do material da peça tem<br />

efeito decisivo no desgaste da ferramenta. A taxa de desgaste de flanco pode<br />

ser relacionada com o diâmetro médio das partículas de carboneto do aço da<br />

peça, carbonetos menores implicam em maior resistência ao desgaste da<br />

ferramenta. Além disso, a resistência ao desgaste da ferramenta aumenta e a<br />

taxa de desgaste diminui com a diminuição do tamanho dos grãos de CBN.<br />

Eles concluíram ainda que o mecanismo dominante no desgaste de<br />

ferramentas com baixo teor de CBN e com ligante cerâmico é o attrition.<br />

Dentro do sistema tribológico presente no processo de corte do aço utilizando-<br />

se ferramentas com geometria definida, o material da peça é um dos principais<br />

elementos, e suas características como composição química, dureza e<br />

microestrutura irão influenciar no desgaste das ferramentas. Segundo<br />

Chryssolouris, citado por Chou e Evans (1997), para elevadas taxas de<br />

remoção de material, o desgaste da ferramenta é dependente da percentagem<br />

de martensita e do tamanho, tipo e composição das fases duras.<br />

Para a construção de mapas de desgaste, Lim et al. (2001), analisaram o<br />

comportamento de ferramentas de metal duro recoberta com TiC na usinagem<br />

dos aços <strong>AISI</strong> 1045 no estado recozido e <strong>AISI</strong> 4340 nos estados recozido e<br />

temperado. Eles verificaram que as taxas de desgaste eram maiores quando o<br />

aço 4340 era usinado, independentemente de seu estado. Não só a maior<br />

resistência mecânica do aço 4340, que resulta em maiores forças de usinagem<br />

e temperaturas mais elevadas na ferramenta, mas também a composição<br />

química e microestrutura deste aço propiciaram maior taxa de desgaste da


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 45<br />

ferramenta. Apesar do teor de carbono, silício e manganês das duas ligas ser<br />

semelhante, o aço <strong>AISI</strong> 4340 possui ainda níquel, cromo e molibdênio em sua<br />

composição química. O níquel se dissolve na matriz de ferrita proporcionando<br />

aumento da resistência mecânica e da tenacidade, além de favorecer a<br />

tendência de endurecimento por deformação. O cromo e o molibdênio formam<br />

carbonetos duros e estáveis que aumentam a dureza do aço mesmo em<br />

temperaturas elevadas.<br />

Poulachon et al. (2001), investigaram o comportamento de ferramentas de<br />

PCBN revestidas com uma camada de 2µm de TiN na usinagem de aço<br />

100Cr6 nos estados temperado e temperado/revenido. Eles concluíram que o<br />

principal mecanismo de desgaste das ferramentas de PCBN é a abrasão por<br />

partículas duras (corbonetos de cromo) contidos no material da peça. A<br />

abrasão da ferramenta depende da natureza, do tamanho e da distribuição<br />

destes carbonetos. Eles verificaram que a utilização de ferramentas de PCBN<br />

com cobertura de TiN aumenta a vida da ferramenta devido à diminuição do<br />

desgaste difusivo. Ainda segundo os autores, o desgaste da ferramenta é<br />

frequentemente controlado pela fase ligante. O desgaste abrasivo pode ser<br />

reduzido através da utilização de um ligante com dureza mais alta, como um<br />

material cerâmico, ao invés de um ligante metálico.<br />

Abrão (1995), realizou estudos na usinagem do aço para rolamento Ovako 825<br />

(semelhante ao <strong>AISI</strong> E52100) com dureza de 62 HRc e do aço ferramenta para<br />

trabalho a quente Carr’s 53S (semelhante ao <strong>AISI</strong> H13) com dureza de 51 HRc,<br />

utilizando dois diferentes tipos de ferramentas de CBN e ferramentas de<br />

cerâmica mista, cerâmica reforçada com Whiskers e cerâmica a base de nitreto<br />

de silício. Ele verificou na usinagem do aço para rolamento endurecido<br />

utilizando ferramenta de PCBN e de cerâmica mista, que os principais<br />

mecanismos de desgaste são abrasão e difusão. Estes mesmos mecanismos<br />

são os principais responsáveis pela falha da ferramenta de cerâmica a base de<br />

nitreto de silício na usinagem do aço ferramenta.<br />

Segundo Narutaki e Yamane, citados por Poulachon et al. (2001), na usinagem<br />

de aços rápidos com ferramentas de PCBN, o desgaste da ferramenta é<br />

controlado pela abrasão das partículas ultraduras contidas no material da peça,<br />

e que a resistência da ferramenta aumenta com o aumento do teor de


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 46<br />

partículas de CBN na ferramenta. Eles mostram que ferramentas de PCBN<br />

com baixo teor de CBN (~60%) exibem uma excelente performance na<br />

usinagem de materiais endurecidos que não contêm muitas partículas extra<br />

duras como, por exemplo, aços de baixa liga cementados. Por outro lado,<br />

ferramentas de PCBN com alto teor de CBN (~90%) apresentam melhor<br />

desempenho com relação ao desgaste abrasivo e são mais adequadas para<br />

usinagem de aço que possuem altos teores de partículas duras como os aços<br />

rápidos.<br />

Na usinagem de aço endurecidos com ferramenta de cerâmica mista,<br />

velocidade de corte entre 80 e 170 m/min, avanço de 0,04 a 0,2 mm por<br />

revolução e profundidade de corte entre 0,2 e 0,8 mm são recomendados para<br />

corte contínuo. Já, utilizando PCBN para a mesma aplicação, a velocidade de<br />

corte e o avanço podem ser aumentados para 200 m/min e 0,25 mm/rev<br />

respectivamente, enquanto a máxima profundidade de corte é geralmente 0,5<br />

mm (Abrão, 1995).<br />

2.6- Integridade Superficial<br />

A disponibilidade de ferramentas super duras e com baixa afinidade química<br />

com o ferro, como a cerâmica mista e o nitreto cúbico de boro - CBN, permitem<br />

a utilização da usinagem de aços endurecidos utilizando ferramentas com<br />

geometria definida, como uma alternativa ao processo tradicional de<br />

fabricação, principalmente nas etapas de acabamento.<br />

A integridade superficial da peça usinada, especificamente a integridade da<br />

microestrutura subsuperficial, é um aspecto muito importante a ser considerado<br />

quando da utilização da tecnologia de usinagem de materiais endurecidos.<br />

Alterações microestruturais irão influenciar o comportamento funcional da peça<br />

e sua estabilidade dimensional. Dureza, resistência ao desgaste, resistência à<br />

fadiga e resistência à corrosão serão influenciadas pela microestrutura da<br />

camada superficial e pela tensão residual gerada durante a usinagem dos<br />

materiais endurecidos.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 47<br />

A camada superficial de aços que foram usinados em seu estado endurecido é<br />

composta pela camada branca e pela camada escura. A segunda camada é<br />

formada quando o calor gerado pelo processo de usinagem provoca um<br />

revenimento extra na zona de transição entre a camada branca e o substrato<br />

não afetado.<br />

Apesar de a camada branca influenciar de maneira significativa o<br />

comportamento funcional de peças usinadas, ela não é muito bem<br />

compreendida e fonte de controvérsias com relação a sua microestrutura.<br />

Segundo Griffiths, citado por Barbacki et al. (2002), tudo o que pode ser dito<br />

com segurança sobre a camada branca é que ela é dura e resistente ao ataque<br />

químico. Entre todos os resultados de investigações sobre a camada branca,<br />

três afirmações distintas podem ser destacadas. No caso de aço de médio e<br />

alto carbono endurecido, a camada branca é constituída principalmente de<br />

martensita não revenida. Em aços eutetóides ou hipereutetóides endurecidos, a<br />

camada branca consiste principalmente de austenita. A camada branca<br />

produzida no torneamento de aço alto carbono é formada principalmente por<br />

grãos de ferrita extremamente pequenos (da ordem de alguns nanometros).<br />

Segundo Barbacki et al. (2002), que investigaram as alterações nas camadas<br />

sub-superficiais dos aços <strong>AISI</strong> 52100, <strong>AISI</strong> M2 e <strong>AISI</strong> L6 temperados e<br />

revenidos durante o torneamento utilizando-se ferramentas de cerâmica mista<br />

(Al2O3 + TiC) e PCBN-L, a camada branca formada no torneamento do aço<br />

<strong>AISI</strong> 52100 (1% C e 1,5% Cr) é composta de microgrãos e nanogrãos de ferrita<br />

e possui elevada densidade de deslocações. Ainda segundo os autores a<br />

espessura da camada branca, sua dureza e nível de tensão residual podem ser<br />

determinados em função da velocidade de corte, profundidade de corte e do<br />

desgaste de flanco da ferramenta.<br />

As tensões residuais geradas no torneamento podem ser de tração ou<br />

compressão, com diferentes intensidades. As tensões residuais de compressão<br />

são benéficas, pois são responsáveis pelo aumento da resistência à fadiga da<br />

peça. Por sua vez as tensões residuais de tração diminuem a resistência à<br />

fadiga e a resistência do material da peça. A tensão residual no torneamento<br />

varia com o desgaste de flanco da ferramenta, com o avanço, profundidade e<br />

velocidade de corte e com as características do material da peça a ser usinada.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 48<br />

Barbacki et al. (2002), mostraram que, no torneamento do aço LH15 utilizando<br />

ferramenta de cerâmica mista, a tensão residual possui valores negativos<br />

(compressão) para baixa profundidade de corte, baixa velocidade de corte e<br />

pequeno desgaste de flanco. Em oposição a valores positivos (tração) quando<br />

o desgaste de flanco aumenta e são utilizadas velocidades de corte mais<br />

elevadas, como pode ser visto na Fig. 2.20.<br />

Figura 2.20 - Influência do desgaste de flanco e da velocidade de corte na<br />

tensão residual (Barbacki et al., 2002).<br />

Geralmente, o torneamento de materiais endurecidos, com a utilização ou não<br />

de fluido refrigerante, induz alterações microestruturais na superfície usinada.<br />

Essas alterações serão mais profundas quanto mais difícil de usinar for o<br />

material. Em outras palavras, quanto maior for a dureza deste material. A<br />

temperatura de revenimento e fluxo de calor gerado na usinagem também<br />

influenciam na profundidade destas alterações. Baixa temperatura de<br />

revenimento e muito calor gerado na usinagem implicam no revenimento extra<br />

no material da peça (overtempering). Para um dado material, a espessura<br />

máxima da camada afetada (consistindo de camada branca e camada com<br />

revenimento extra) é função da velocidade de corte, da profundidade de corte e<br />

do desgaste de flanco da aresta de corte. O uso de meio refrigerante não<br />

influencia na espessura da camada branca, mas reduz a espessura da camada<br />

escura (camada com revenimento extra) (Barbacki et al., 2002).<br />

Em comparação com o torneamento de aços endurecidos, a retificação<br />

também provoca modificações na superfície dos aços. Oxidação,


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 49<br />

descarbonetação, camadas de martensita não revenida e com revenimento<br />

extra (overtempering), e microtrincas superficiais são típicas alterações<br />

metalúrgicas observadas na superfície dos aços retificados (Abrão, 1995).<br />

De acordo com Tönshoff e Brinksmeier, citados por Abrão (1995), tensões<br />

alternadas de compressão e tração são produzidas durante a retificação devido<br />

aos ciclos térmicos quando a interface rebolo-peça é repetidamente aquecida e<br />

resfriada. Esse processo produz geralmente altas tensões de tração na<br />

superfície da peça, as quais diminuem com a profundidade alcançando zero a<br />

cerca de 200 µm da superfície, dependendo do material da peça e das<br />

condições de usinagem.


3.1- Materiais e Equipamentos<br />

Capítulo 3<br />

Procedimentos Experimentais<br />

Todos os ensaios de torneamento das matrizes para forjamento a quente<br />

nitretadas, utilizando as ferramentas de metal duro, cerâmica mista e nitreto<br />

cúbico de boro policristalino foram realizados nas dependências da Tekfor do<br />

Brasil Ltda.<br />

3.1.1- Peça<br />

O corpo de prova utilizado nos ensaios (matriz anterior de terceira operação) é<br />

fabricado com aço W320 fornecido pela austríaca Böehler Aços Especiais. O<br />

aço W320 é similar ao <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong> ou DIN X32CrMoV3-3. Trata-se de um aço<br />

para trabalho a quente com boa resistência a trincas térmicas, boa resistência<br />

mecânica a temperaturas elevadas e boa tenacidade. Ele é apropriado para<br />

fabricação de ferramentas para trabalho a quente submetidas a grandes<br />

esforços, especialmente para confecção de ferramentas para forjamento<br />

refrigeradas a água. Na Tab. 3.1 mostra-se a composição química, enquanto<br />

nas Tab. 3.2 e 3.3 mostram-se respectivamente as propriedades mecânicas e<br />

físicas médias do aço W320 (Böehler, 2000).<br />

Tabela 3.1 - Composição Química do aço W320 (% em peso)<br />

%C %Si %Mn %Cr %Mo %V<br />

0,31 0,30 0,35 2,9 2,8 0,50<br />

50


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 51<br />

Tabela 3.2 - Propriedades Mecânicas a Quente do Aço W320 (Valores<br />

Rp0,2<br />

RMáx<br />

orientativos (N/mm 2 ))<br />

20 0 C 400 0 C 500 0 C 600 0 C 650 0 C<br />

Máx - 1100 950 700 580<br />

Min - 850 730 480 360<br />

Máx 1600 1350 1150 900 700<br />

Min 1200 1050 900 650 420<br />

Tabela 3.3 - Propriedades Físicas do Aço W320.<br />

Propriedade 20 0 C 500 0 C 600 0 C<br />

Densidade (kg/dm 3 ) 7,85 7,69 7,65<br />

Módulo de elasticidade (kN/mm 2 ) 215 176 165<br />

Condutibilidade térmica (W/m.K) 30 30,1 29,7<br />

Calor específico (J/Kg.K) 460 550 590<br />

Resistividade elétrica específica (Ohm.mm 2 /m) 0,37 0,78 0,89<br />

Os corpos de prova utilizados nos testes, ou seja, as matrizes anteriores de<br />

terceira operação foram nitretadas para se obter dureza superficial superior a<br />

900 HV e espessura de camada nitretada variando de 250 a 300 µm. Na Tab.<br />

3.4 estão mostrados os valores dos ensaios de microdureza Vickers realizados<br />

em uma das matrizes a partir da superfície da peça, até uma profundidade de<br />

675 µm, utilizando-se carga de 0,3 kg. O valor referende à dureza na superfície<br />

foi obtido a partir de uma média de cinco medições.


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 52<br />

Tabela 3.4 - Dureza medida da superfície para o núcleo da peça<br />

Distância (µm) Superfície 25 75 125 175 275 375 475 575 675<br />

Dureza (HV) 1062 1052 966 690 657 575 543 543 530 523<br />

No núcleo da peça, a 21 mm de distância da superfície, foram realizadas cinco<br />

medições de microdureza Vickers obtendo-se os seguintes valores: 499, 508,<br />

484, 487 e 487 HV. No anexo A encontram-se os relatórios de microdureza<br />

elaborados pelo SENAI de Itaúna a partir dos ensaios realizados em três<br />

matrizes. Na Fig. 3.1 mostram-se as impressões feitas a partir da superfície<br />

nitretada de um dos corpos de prova para determinação do perfil de dureza das<br />

matrizes.<br />

Figura 3.1 – Impressões Feitas no Ensaio de Dureza Vickers.<br />

Para realização dos ensaios foram usinadas matrizes que haviam sido<br />

utilizadas no processo de forjamento a quente e tinham atingido fim de vida. A<br />

superfície dessas matrizes, no diâmetro interno, estava desgastada,<br />

apresentando sulcos originados devido ao movimento do metal a ser<br />

conformado sobre a matriz. Na Fig. 3.2 apresenta-se a fotografia do diâmetro<br />

interno de uma matriz desgastada.


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 53<br />

SULCOS <strong>DE</strong>VIDO AO<br />

<strong>DE</strong>SGASTE ABRASIVO<br />

Figura 3.2 – Diâmetro Interno da Matriz com Sulcos Devido à Abrasão<br />

Nos testes realizados na Tekfor do Brasil as matrizes foram usinadas em seu<br />

diâmetro interno e o percurso de avanço foi a altura da matriz neste diâmetro,<br />

ou seja, 41 mm. A geometria das matrizes utilizadas nos ensaios é mostrada<br />

na Fig. 3.3.<br />

Figura 3.3 – Matriz Anterior de Terceira Operação<br />

Na Fig. 3.4 apresenta-se a fotografia da microestrutura feita a partir da<br />

superfície na seção transversal de uma das matrizes. Nesta fotografia percebe-<br />

se que o núcleo é formado por martensita revenida e na superfície verifica-se a


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 54<br />

presença da camada nitretada. Nota-se também nesta micrografia a presença<br />

de uma camada branca oriunda do processo de nitretação.<br />

Camada<br />

branca<br />

Camada<br />

nitretada<br />

Martensita<br />

revenida<br />

Figura 3.4 – Microestrutura do Aço W320 Nitretado (aumento 200X).<br />

Para preparação do corpo de prova para realização da análise metalográfica<br />

foram utilizadas lixas com granulometria de 80, 100, 200, 400 e 600 mesh, e<br />

pasta de diamante com granulometria de 2 µm. Para revelar a microestrutura<br />

da amostra foi utilizada solução de ácido nítrico na concentração de 2,0 % em<br />

volume.<br />

3.1.2- Ferramentas de Corte Utilizadas<br />

Para a realização dos ensaios foram utilizados três diferentes tipos de inserto:<br />

• Metal Duro (WC + Co);<br />

• Cerâmica mista (Al2O3 + TiC);<br />

• PCBN-H (90% de CBN).<br />

Na Fig. 3.5 mostram-se fotografias dos insertos de metal duro, cerâmica mista<br />

e PCBN utilizados nos ensaios. As ferramentas de metal duro utilizadas foram<br />

fornecidas pela Sandvik, enquanto as ferramentas de cerâmica mista e PCBN


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 55<br />

foram fornecidos pela Iscar e o suporte porta-ferramentas foi fornecido pela<br />

Kennametal.<br />

a – Metal Duro b – Cerâmica Mista c - PCBN<br />

Figura 3.5 – Insertos Utilizados nos Ensaios.<br />

Na tabela 3.5 mostra-se a identificação, geometria ISO e classe dos insertos<br />

utilizados.<br />

Tabela 3.5 – Geometria e Classe das Ferramentas<br />

Ferramenta Geometria ISO Classe<br />

Metal Duro SNMA 120408 KR 3015 Revestida com<br />

TiN/Al2O3/Ti(C,N)<br />

Cerâmica Mista SNGA 120408 T 01020 IN 23<br />

PCBN SNMA 120408 T 01020 IB 90<br />

Todas as ferramentas possuem geometria quadrada, com furo de centro, raio<br />

de ponta de 0,8 mm, chanfro de 0,1 mm x 20 0 (exceção feita às ferramentas de<br />

metal duro) e superfície de saída lisa (sem quebra-cavaco). O suporte porta-<br />

ferramentas utilizado possui a codificação ISO PSKNL 2525M-2.<br />

Com as configurações das ferramentas de corte e do suporte porta-ferramentas<br />

descritas acima foram obtidos os seguintes ângulos da cunha cortante:


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 56<br />

• Ângulo de Posição da Ferramenta, χr: 75°;<br />

• Ângulo de Ponta da Ferramenta, εr: 90°;<br />

• Ângulo de Saída da Ferramenta, γo: -6°;<br />

• Ângulo de Folga da Ferramenta, αo: 6°;<br />

• Ângulo de Inclinação da Ferramenta, λs: -14°.<br />

3.1.3- Equipamentos Utilizados<br />

As medidas de microdureza e espessura da camada nitretada foram realizadas<br />

no Microdurômetro WOLPERT, modelo V-TEXTO-2 do SENAI de Itaúna, MG,<br />

utilizando-se cargas de 0,300 kg e lente com aumento de 400 X.<br />

Os ensaios de usinagem foram realizados em um torno IN<strong>DE</strong>X, modelo 170<br />

MC, equipado com comando numérico computadorizado FANUC, modelo 21i,<br />

mostrado na Fig. 3.6. O motor principal do torno possui potência de 36 CV e<br />

rotação máxima de 5.000 rpm.<br />

Figura 3.6 – Torno Utilizado nos Ensaios.


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 57<br />

Para ajustar a profundidade de corte em cada passe de usinagem, o diâmetro<br />

interno das matrizes foi medido antes e depois da usinagem das mesmas, por<br />

meio de uma máquina tridimensional manual MITUTOYO, modelo QM Measure<br />

333.<br />

Para a medição do desgaste de flanco das ferramenta após os passes de<br />

usinagem foi utilizado um microscópio ótico OLYMPUS, modelo BX60M<br />

equipado com lentes para aumentos de 50, 100, 200, 500 e 1.000 vezes. Este<br />

microscópio foi conectado a uma câmera digital CASSIO, modelo CCD-<br />

IRIS/RGB. A verificação do desgaste foi realizada através do software<br />

analisador de imagens HLImage++97. A Fig. 3.7 mostra o microscópio Olimpus<br />

conectado à câmera digital.<br />

Figura 3.7 – Microscópio Conectado a Câmera Digital.<br />

As análises das formas e mecanismos de desgaste presentes ao final da vida<br />

das ferramentas de corte foram realizadas por meio de fotografias feitas em<br />

microscópio eletrônico de varredura JEOL, modelo JSM 5310, pertencente ao<br />

Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte,<br />

MG.<br />

3.2- Metodologia<br />

Neste item, descreve-se passo a passo os procedimentos adotados para<br />

realização dos ensaios, bem como para a coleta de resultados. Todos os


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 58<br />

valores adotados para as variáveis de processo utilizadas também são<br />

discriminados.<br />

3.2.1- Verificação da Microestrutura e da Espessura da Camada Nitretada<br />

Antes do início dos ensaios de usinagem propriamente dito, foi feita uma<br />

análise da microestrutura e de microdureza para se verificar a dureza<br />

superficial e da profundidade da camada nitretada das matrizes anteriores de<br />

terceira operação. Para isto, uma amostra foi retirada da seção transversal de<br />

uma matriz. O procedimento foi realizado em três matrizes distintas. Para a<br />

realização da análise metalográfica, as amostras foram lixadas com lixas com<br />

granulometria de 80, 100, 200, 400 e 600#, na seqüência. Em seguida, as<br />

amostras foram polidas com pasta de diamante com granulometria de 2 µm.<br />

Após serem lavadas e enxaguadas com álcool etílico absoluto, as amostra<br />

foram secas e a microestrutura foi revelada utilizando-se solução de Nital,<br />

ácido nítrico na concentração de 2,0% em volume. Em seguida elas foram<br />

analisadas e fotografadas através do microscópio ótico para se verificar a<br />

microestrutura do aço e a camada nitretada. Para se verificar o perfil de dureza<br />

das matrizes a partir da superfície das mesmas até o núcleo, ensaios de<br />

microdureza Vickers com carga de 0,300 kg foram realizados pelo SENAI de<br />

Itaúna.<br />

3.2.2- Vida e Desgaste das Ferramentas<br />

De posse de informações obtidas por meio dos fabricantes das ferramentas e<br />

de pré testes realizados na Tekfor com os três tipos de ferramentas, decidiu-se<br />

pela utilização dos seguintes valores para os três parâmetros de corte a serem<br />

utilizadas no início dos experimentos:<br />

• Velocidade de Corte, vC: 60, 90 e 120 m/min;<br />

• Profundidade de Corte, aP: 0,1 e 0,2 mm;<br />

• Avanço, f: 0,03, 0,06 e 0,10 mm/rev.


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 59<br />

Inicialmente, optou-se também pela utilização do fluido de corte durante a<br />

usinagem utilizando os três tipos de insertos.<br />

Os ensaios de usinagem foram iniciados com as ferramentas de metal duro.<br />

Foram realizadas combinações entre os valores dos três parâmetros de corte,<br />

perfazendo um total de dezoito testes para este tipo de ferramenta. Em cada<br />

teste foi utilizado como percurso de avanço a altura do diâmetro interno da<br />

matriz, e ao final deste percurso, o teste era interrompido, e a ferramenta era<br />

retirada e levada ao microscópio ótico para se verificar o desgaste de flanco e<br />

de cratera. Em todos os ensaios foram feitas fotografias da face e do flanco da<br />

ferramenta. Eram medidos o desgaste de flanco máximo e a área da cratera<br />

formada na superfície de saída da ferramenta. Se o desgaste da ferramenta<br />

fosse menor que o critério de fim de vida adotado a ferramenta era posicionada<br />

novamente no suporte porta ferramenta e prosseguia-se o ensaio com a<br />

usinagem de mais um percurso de avanço. Caso contrário, a ferramenta era<br />

retirada e um novo ensaio, com novos parâmetros de corte, era iniciado. Este<br />

processo se repetiu até que todos os dezoito ensaios fossem realizados.<br />

Antes do início de cada etapa de todos os ensaios realizados, ou seja, toda vez<br />

que um percurso de avanço era completado, as matrizes eram retiradas do<br />

torno e tinham seu diâmetro interno medido em máquina tridimensional manual.<br />

Decidiu-se pelo estabelecimento deste processo com o intuito de se assegurar<br />

que o desgaste da ferramenta não fosse influenciar na profundidade de corte,<br />

uma vez que as correções necessárias eram feitas em cada passe de<br />

usinagem.<br />

O critério de fim de vida adotado foi desgaste de flanco máximo VBBmáx de 0,3<br />

mm, ou falha catastrófica, prevalecendo o que ocorresse primeiro. Caso<br />

houvesse a falha, a vida equivalente da ferramenta seria igual ao percurso de<br />

avanço total usinado até a iminência da falha.<br />

Em cada matriz eram dados no máximo dois passes, de modo que a retirada<br />

máxima de material em cada uma delas era equivalente a profundidade<br />

máxima de 0,2 mm. Quando da utilização da profundidade de corte igual a 0,2<br />

mm, dava-se apenas um passe em cada matriz. Esse procedimento foi adotado


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 60<br />

de modo a garantir que em todos os testes usinou-se apenas a camada<br />

nitretada.<br />

Para os insertos de cerâmica mista, os ensaios se iniciaram e foram<br />

conduzidos conforme descritos para os insertos de metal duro. Entretanto, em<br />

função dos resultados obtidos com os primeiros ensaios, e com os resultados<br />

dos ensaios com ferramenta de metal duro, alguns parâmetros de corte foram<br />

alterados e a variação de outros foi suprimida.<br />

Os ensaios com a cerâmica mista começaram com a velocidade de corte igual<br />

a 60 m/min, o avanço igual a 0,03 mm/rev, profundidade de corte de 0,1 mm e<br />

com a utilização de líquido refrigerante. Em seguida foram fixadas a<br />

profundidade de corte e a velocidade e realizados os ensaios variando-se o<br />

avanço em 0,06 e 0,1 mm/rev. Ao término deste três ensaios foram realizados<br />

mais dois ensaios nos quais se fixou o avanço em 0,03 mm, mantendo-se a<br />

mesma profundidade de corte e variou-se a velocidade de corte em 90 e 120<br />

m/min. Como em todos estes testes, a ferramenta atingiu o critério de fim de<br />

vida de forma prematura, no máximo no segundo passe de cada teste, decidiu-<br />

se pela repetição destes ensaios e realização dos novos sem a utilização do<br />

fluido de corte. Tentou-se com isto o aumento da vida da ferramenta através da<br />

diminuição da resistência do material da peça devido ao aumento da<br />

temperatura.<br />

Também em função dos resultados obtidos durante a usinagem com cerâmica<br />

mista sem a utilização de fluido de corte e dos resultados dos ensaios com<br />

metal duro utilizando-se profundidade de corte de 0,2 mm, optou-se pela não<br />

variação deste parâmetro. Ou seja, os testes com cerâmica mista foram<br />

realizados sem que se variasse a profundidade de corte. Em todos os passes<br />

utilizou-se o valor de aP=0,1 mm. Outra alteração com relação aos testes<br />

realizados com inserto de metal duro foi a exclusão da variável de avanço igual<br />

a 0,1 mm/rev. Ainda com o intuito de melhorar a vida da ferramenta através da<br />

elevação da temperatura durante o corte, foram realizados testes adicionais<br />

com velocidades de corte de 150 e 200 m/min com os dois valores de avanço.<br />

Com o objetivo de comprovar os resultados obtidos nos ensaios com<br />

ferramenta de cerâmica mista, foram realizadas réplicas dos testes com avanço


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 61<br />

fixado em 0,03 mm e utilizando-se os cinco valores de velocidades e sem<br />

refrigeração.<br />

Os ensaios com os insertos de PCBN foram realizados da mesma maneira com<br />

que foram realizados os testes com metal duro, utilizando-se os mesmos<br />

parâmetros de corte adotados para a cerâmica mista. Em outras palavras,<br />

todos os ensaios foram realizados sem a utilização de fluido de corte, com a<br />

profundidade de corte mantida fixa em 0,1 mm; e foram realizadas<br />

combinações entre os valores de avanços de 0,03, 0,06 e 0,1 mm, e as<br />

velocidades de corte de 60, 90, 120, 150 e 200 m/min. Perfazendo um total de<br />

15 testes com os insertos de Nitreto Cúbico de Boro Policristalino.<br />

Um resumos das condições de corte utilizadas para cada tipo de inserto é<br />

mostrado na Tab. 3.6.<br />

Tabela 3.6 – Condições de Corte Utilizadas Para Cada Tipo de Inserto.<br />

aP (mm) f (mm/rev) vC (m/min) Metal Duro Cerâmica PCBN<br />

0,1<br />

0,2<br />

0,03<br />

0,06<br />

0,1<br />

0,03<br />

0,06<br />

0,1<br />

60 X (3) (1) (3)<br />

X X<br />

90 X (3) X (3) X<br />

120 X X (3) X<br />

150 X (3) X<br />

200 X (3) X (4)<br />

60 X X<br />

(1) (3)<br />

90 X X X<br />

120 X X (3) X<br />

150 X X (4)<br />

200 X (3) X (4)<br />

60 X (4) X (2)<br />

90 X X<br />

120 X X<br />

150 X<br />

200 X<br />

60 X<br />

90 X (3)<br />

120 X<br />

60 X<br />

90 X<br />

120 X (3)<br />

60 X<br />

90 X<br />

120 X<br />

X<br />

X


Capítulo 3 – Procedimentos Experimentais 62<br />

(1) Ensaios realizado com e sem refrigeração;<br />

(2) Ensaio realizado somente com refrigeração;<br />

(3) Ensaio foi repetido – para confirmação dos resultados do ensaio anterior;<br />

(4) Ensaio foi repetido – a ferramenta sofreu falha catastrófica na entrada do<br />

primeiro passe.<br />

Para verificar as formas e mecanismos de desgaste que estão presentes nas<br />

ferramentas de metal duro, cerâmica mista e PCBN, foram analisados e<br />

fotografados no microscópio eletrônico de varredura alguns insertos de cada<br />

um dos três tipos de materiais.


Capítulo 4<br />

Resultados e Discussões<br />

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos nos testes<br />

de vida das ferramentas de metal duro, cerâmica mista e PCBN. Ele foi dividido<br />

em 6 partes distintas. Na primeira parte (seção 4.1), são apresentados os<br />

resultados encontrados para ferramenta de metal duro; na segunda parte<br />

(seção 4.2), mostram-se os resultados obtidos utilizando cerâmica mista; na<br />

terceira parte (seção 4.3), os resultados encontrados quando da utilização de<br />

insertos de PCBN são apresentados; na quarta parte (seção 4.4), são<br />

avaliados os mecanismos de desgaste por meio de fotografias retiradas no<br />

microscópio eletrônico de varredura; na quinta parte (seção 4.5), são realizadas<br />

as comparações entre os três tipos de ferramentas e na sexta e última parte<br />

(seção 4.6), foram determinados os custos de usinagem por aresta. Os<br />

resultados são apresentados na forma de gráficos onde se compara o desgaste<br />

das ferramentas nas diferentes condições de corte. As discussões são<br />

realizadas com base nestes gráficos e nas imagens das ferramentas obtidas<br />

por meio de microscópio ótico e microscópio eletrônico de varredura.<br />

4.1- Ferramentas de Metal Duro<br />

Na Fig. 4.1 apresenta-se o resultado da variação do avanço na evolução do<br />

desgaste de flanco das ferramentas de metal duro para velocidade de corte fixa<br />

de 60 m/min. Nessa Figura observa-se que os melhores resultados de<br />

desempenho foram obtidos com o avanço intermediário, f = 0,06 mm/rev.<br />

63


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 64<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,70<br />

0,65<br />

0,60<br />

0,55<br />

0,50<br />

0,45<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,15<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.1 – Variação do Desgaste de Flanco Máximo com o Avanço para<br />

vC=60 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Verificou-se que nos outros dois avanços utilizados, as ferramentas<br />

apresentaram comportamentos semelhantes, embora para o avanço de 0,03<br />

mm/rev a ferramenta tenha sofrido falha catastrófica durante o sétimo passe.<br />

Na Fig. 4.2 mostram-se as fotografias do flanco da ferramenta após usinagem<br />

utilizando vc=60 m/min, aP=0,1 mm e f=0,03 mm/rev ao final do primeiro, quarto<br />

e sétimo passe, respectivamente.<br />

Figura 4.2 - Evolução do Desgaste de Flanco no Primeiro, Quarto e Sétimo<br />

Passe para f=0,03 mm/rev, aP=0,1 mm e vC=60 m/min.<br />

Na Fig. 4.3 mostram-se os resultados da variação do avanço no desgaste de<br />

flanco da ferramenta mantidos constantes a velocidade de corte em 90 m/min e<br />

a profundidade de corte em 0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 65<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.3 – Variação do Desgaste de Flanco Máximo com o Avanço para<br />

vC=90 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Nesta Figura, observa-se que para os três avanços avaliados, as curvas estão<br />

próximas e as arestas se desconfiguram em, no máximo, 9 passes.<br />

Na Fig. 4.4, apresentam-se os resultados de variação do avanço no desgaste<br />

de flanco máximo para a velocidade de corte de 120 m/min e profundidade de<br />

corte de 0,1 mm.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,50<br />

0,45<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.4 – Variação do Desgaste de Flanco Máximo com o Avanço para<br />

vC=120 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Verifica-se por meio desta Figura que em todos os avanços a ferramentas<br />

apresentou falha prematura. Entretanto, a utilização do avanço de 0,06 mm/rev


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 66<br />

proporcionou, até o quarto passe, níveis de desgaste relativamente baixos<br />

quando comparados com desgaste utilizando-se os outros dois avanços. Isso<br />

pode ser atribuído ao efeito de redução, ou mesmo eliminação da APC. No<br />

quinto passe a ferramenta veio a sofrer grande deformação como mostrado na<br />

Fig. 4.5.<br />

Figura 4.5 – Flanco e Superfície de Saída da Ferramenta após Quinto Passe<br />

de Usinagem com vC=120 m/min, f=0,06 m/rev, e aP=0,1 mm.<br />

As comparações entre o desempenho das ferramentas de metal duro ao se<br />

variar a velocidade de corte e mantendo-se os outros parâmetros constantes<br />

também foram realizados. Na Fig. 4.6 mostra-se comportamento dos insertos<br />

variando-se a velocidade de corte para profundidade de corte de 0,1 mm e<br />

avanço de 0,03 mm/rev.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.6 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,1 mm e f=0,03 mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 67<br />

Por meio da análise dessa Figura, observa-se que os melhores resultados<br />

foram obtidos com a velocidade de corte intermediária, 90 m/min. Novamente,<br />

observam-se indícios de presença da APC, já que o aumento de vc de 60 para<br />

90 m/min promoveu melhor desempenho do sistema tribológico, enquanto o<br />

aumento para 120 m/min ocorreu o inverso. Na Fig. 4.7 mostra-se a fotografia<br />

da superfície de folga da ferramenta, utilizada com velocidade de corte 60<br />

m/min, profundidade de corte de 0,1 mm e avanço de 0,03 mm/rev., após o<br />

quinto passe de usinagem. Verifica-se por meio desta figura a existência de<br />

material aderido na superfície de saída da ferramenta. Esta evidencia é um<br />

forte indício da presença de aresta postiça de corte.<br />

Figura 4.7 – Material Aderido à Superfície da Ferramenta após Quinto Passe<br />

com vC=60 m/min, aP=0,1 mm e f=0,03 mm/rev.<br />

Quando se variou a velocidade de corte mantendo-se constantes o avanço em<br />

0,06 mm/rev e a profundidade de corte em 0,1 mm, observa-se por meio da<br />

Fig. 4.8, que apesar do desgaste da ferramenta com velocidade de 60 m/min<br />

ter sido relativamente alto, após o primeiro passe, este teve baixa taxa de<br />

crescimento nos passes subsequentes, proporcionando elevada vida da<br />

ferramenta. Verifica-se ainda que ao se aumentar a velocidade para 90 m/min a<br />

ferramenta apresentou desempenho considerável, o mesmo não aconteceu<br />

com a velocidade de 120 m/min.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 68<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,45<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.8 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,1 mm e f=0,06 mm/rev.<br />

Na Fig. 4.9 mostra-se a seqüência de fotografias da face e do flanco da<br />

ferramenta após cada passe de usinagem realizado utilizando vC=120 m/min,<br />

ap=0,1 mm e f=0,06 mm/rev. Verifica-se por meio das fotografias do flanco da<br />

ferramenta, marcas indicando queima do revestimento devido ao aumento de<br />

temperatura em função da velocidade de corte. Na superfície de saída,<br />

observa-se que a profundidade de cratera é maior onde a temperatura atinge<br />

valores mais elevados e o perfil da cratera segue o perfil das isotermas<br />

formadas durante a usinagem.<br />

Figura 4.9 – Evolução do Desgaste para vC=120 m/min, f=0,06 mm/rev e<br />

aP=0,1mm.<br />

Na Fig. 4.10 é mostrada a comparação do desempenho da ferramenta ao se<br />

variar a velocidade de corte, mantendo-se fixos o avanço em 0,1 mm/rev e a


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 69<br />

profundidade de corte em 0,1 mm. Mais uma vez constata-se que as<br />

ferramentas apresentaram bom desempenho para velocidades de corte<br />

inferiores a 90 m/min.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,45<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.10 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,1 mm e f=0,1 mm/rev.<br />

Os resultados obtidos a partir da usinagem das matrizes mantendo-se a<br />

profundidade de corte em 0,2 mm são apresentados nas Figs. 4.11 a 4.17. Na<br />

Fig. 4.11 mostram-se as curvas de desgaste obtidas ao se variar o avanço<br />

mantendo a velocidade de corte fixa em 60 m/min. Verifica-se que o aumento<br />

do avanço reduziu a vida da ferramenta.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

1,10<br />

1,00<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.11 – Variação de Desgaste de Flanco com o Avanço para aP=0,2 mm<br />

e vC=60 m/min.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 70<br />

Na Fig. 4.12, mostram-se os resultados da variação do avanço para velocidade<br />

e profundidades de corte fixas.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,10<br />

0 1 2 3<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.12 – Variação de Desgaste de Flanco com o Avanço para aP=0,2 mm<br />

e vC=90 m/min.<br />

Observa-se que os melhores resultados foram obtidos para o avanço<br />

intermediário. Já para o maior avanço, no final do primeiro passe, a ferramenta<br />

apresentou desgaste acentuado atingindo o critério de fim de vida de imediato.<br />

Por meio da análise da Fig. 4.13 verifica-se que a ferramenta sofreu<br />

deformação plástica superficial por cisalhamento devido ao aumento da força<br />

de usinagem.<br />

Figura 4.13 – Desgaste de Flanco e Cratera após Usinagem com vC=90 m/min,<br />

f=0,1 e aP=0,2 mm.<br />

Na Fig. 4.14 estão representados os resultados de desgaste obtidos variando-<br />

se os avanços e mantendo constantes a velocidade de corte em 120 m/min e a<br />

profundidade de corte em 0,2 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 71<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,50<br />

0,45<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.14 – Variação de Desgaste de Flanco com o Avanço para aP=0,2 mm<br />

e vC=120 m/min.<br />

Observa-se que o aumento da velocidade de corte propiciou uma pequena<br />

melhora no desempenho da ferramenta nos três primeiros passes quando se<br />

utilizou avanço de 0,03 mm. Entretanto durante o quarto passe a ferramenta<br />

veio a sofrer falha catastrófica.<br />

Nas Figs. 4.15, 4.16 e 4.17 encontram os resultados obtidos com a variação da<br />

velocidade de corte no desempenho das ferramentas, medido pelo desgaste de<br />

flanco mantendo-se o avanço constante em 0,03; 0,06 e 0,1 mm/rev.<br />

respectivamente. Em todos os ensaios a profundidade de corte foi de 0,2 mm.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

Número de Passes<br />

Falha<br />

Catastróf ica<br />

Figura 4.15 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,2 mm e f=0,03 mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 72<br />

Com exceção para condição de menor avanço, a utilização de profundidade de<br />

corte de 0,2 mm provocou a falha dos insertos de metal duro com no máximo<br />

três passes de usinagem.<br />

Em todas as três velocidades utilizadas o aumento do avanço proporcionou<br />

piora no desempenho das ferramentas. Estas vieram a atingir o critério de fim<br />

de vida após o primeiro passe quando foram utilizadas com avanço de 0,1 mm<br />

e velocidades de corte de 90 e 120 m/min. Nessas condições de corte, sugere-<br />

se que a temperatura da interface cavaco-ferramenta tenha atingido níveis<br />

acima de 900 ºC e aliado ao aumento das forças de corte, promoveram o<br />

desgaste acelerado das ferramentas de metal duro.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

1,00<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

0,10<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.16 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,2 mm e f=0,06 mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 73<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

0,10<br />

0 1 2 3<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.17 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,2 mm e f=0,1 mm/rev.<br />

Neste trabalho foram avaliados os resultados dos ensaios nas velocidades de<br />

corte de 60, 90 e 120 m/min no torneamento do aço <strong>AISI</strong> <strong>H10</strong>. Principalmente<br />

nas duas menores velocidades existe a possibilidade de existência da aresta<br />

postiça de corte (APC). Trent e Wrigth (2000) afirmam que em materiais<br />

polifásicos a APC se forma em baixas velocidades e tende a desaparecer com<br />

o seu aumento. Para a mesma vc, o aumento do avanço ou da profundidade de<br />

corte promove o aumento da temperatura da interface cavaco-ferramenta e o<br />

consequente amolecimento (redução de dureza) do material da peça. Por outro<br />

lado aumenta-se a taxa de encruamento, elevando a dureza do material. O<br />

confronto dessas relações antagônicas e o prevalecimento de uma sobre a<br />

outra e a conseqüente dureza final é que ditará a permanência da APC, ou<br />

não. Se o efeito de amolecimento predominar, a APC tende a desaparecer,<br />

enquanto se o encruamento for o dominante, a APC se manterá (Machado e<br />

Silva, 1999). Por outro lado, na presença da APC, ocorre o fluxo intermitente do<br />

cavaco, ativando o mecanismo de desgaste que envolve adesão e<br />

arrancamento de material da ferramenta e denominado na literatura inglesa por<br />

attrition. Nessas condições, o sistema tribológico é muito agressivo e as taxas<br />

de desgaste são acentuadas. Por essas razões, em condições em que a APC<br />

está presente, o aumento da velocidade, do avanço ou da profundidade de<br />

corte, podem melhorar a vida da ferramenta, devido à redução ou mesmo a sua<br />

eliminação e conseqüente redução da agressividade do sistema tribológico. Um<br />

4


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 74<br />

indicio da existência de APC pode ser obtido por meio da análise da Fig. 4.18,<br />

onde verifica-se a existência de material aderido à ferramenta após segundo<br />

passe de usinagem, com velocidade de corte de 60m/min, avanço de 0,06<br />

mm/rev. e profundidade de corte de 0,1 mm.<br />

Figura 4.18 – Material Aderido na Superfície da Ferramenta após Segundo<br />

Passe de Usinagem com vC=60 m/min, f=0,06 mm/rev. e aP=0,1 mm.<br />

Ainda segundo Trent e Wrigth (2000) e Machado e Silva (1999), o aumento de<br />

um ou mais dos parâmetros de corte, aumenta a taxa de remoção de material,<br />

a energia necessária ao cisalhamento, a geração de calor e consequentemente<br />

a temperatura na interface cavaco-ferramenta. Ou seja, fora da região de<br />

existência da APC, o aumento desses fatores apresenta a tendência de reduzir<br />

a vida da ferramenta. Em usinagem não existe regra geral e uma exceção a<br />

isso está na usinagem dos aços obtidos pela metalurgia do pó, em que o<br />

aumento dos parâmetros de corte tendem a melhorar a vida da ferramenta,<br />

devido à elevação da temperatura facilitar o cisalhamento interno do material,<br />

fenômeno esse conhecido por tear point (Hamiuddin e Murtaza, 2001).<br />

Os valores de vida das ferramentas, expressos em número de passes, para as<br />

profundidades de corte de 0,1 e 0,2 mm são apresentados nas Fig. 4.19 e 4.20,<br />

respectivamente.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 75<br />

Número de passes<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

5<br />

0,03<br />

7<br />

f (mm/rev)<br />

7<br />

5<br />

0,06<br />

ap = 0,1 mm<br />

9<br />

9<br />

3<br />

0,1<br />

8<br />

7<br />

60<br />

90<br />

120<br />

vc (m/min)<br />

Figura 4.19 – Vida das ferramentas de metal duro para profundidade de corte<br />

Número de passes<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

4<br />

0,03<br />

1<br />

f (mm/rev.)<br />

de 0,1 mm.<br />

4<br />

2<br />

0,06<br />

ap = 0,2 mm<br />

2<br />

3<br />

1<br />

0,1<br />

2<br />

2<br />

60<br />

90<br />

120<br />

vc (m/min)<br />

Figura 4.20 – Vida das ferramentas de metal duro para profundidade de corte<br />

de 0,2 mm.<br />

De acordo com os resultados apresentados nas Figs. 4.19 e 4.20 a usinagem<br />

com velocidades de corte de 60 e 90 m/min, avanço de 0,06 mm/rev. e<br />

profundidade de corte de 0,1 mm foram as condições de corte que<br />

proporcionaram maior vida para as ferramentas. Nesse caso a velocidade de<br />

90 m/min é preferível por garantir maior produtividade.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 76<br />

4.2- Ferramentas de Cerâmica Mista<br />

Na Fig. 4.21 mostra-se o desempenho das ferramentas de cerâmica mista em<br />

função da variação do avanço, mantendo-se fixa a profundidade de corte em<br />

0,1 mm e a velocidade de corte em 60 m/min e com a utilização de<br />

refrigeração.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

1,00<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f = 0,1 mm/rev<br />

0,20<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.21 – Variação de Desgaste de Flanco com o Avanço para aP=0,1 mm,<br />

vC=60 m/min e Refrigeração.<br />

Nas condições nas quais a ferramenta não atingiu o critério de fim de vida após<br />

o primeiro passe, ou seja, avanços de 0,03 e 0,1 mm/rev, a ferramenta veio a<br />

sofrer falha catastrófica durante o segundo passe.<br />

Na Fig. 4.22, encontram-se os resultados do efeito da variação da velocidade<br />

de corte no desgaste de flanco da ferramenta mantendo-se constante a<br />

profundidade de corte em 0,1 mm e o avanço em 0,03 mm/rev e sem a<br />

utilização de refrigerante. Verifica-se que retirada do líquido refrigerante, com o<br />

intuito de aumentar a temperatura da matriz e com isto reduzir a resistência do<br />

material da mesma, não surtiu o efeito esperado. Em quase todas a situações<br />

as ferramentas vieram a sofrer falha catastrófica após primeiro passe de<br />

usinagem. Quando a falha não ocorreu logo de início, como nos casos em que<br />

foram utilizadas velocidades de 60 e 90 m/min, a ferramenta veio a quebrar<br />

após o segundo passe.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 77<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

1,00<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

Vc = 150 m/min Vc = 200 m/min<br />

0,00<br />

0 1 2 3<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.22 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,1 mm, f=0,03 mm/rev e Sem Refrigeração.<br />

Na Fig. 4.23 mostram-se os resultados para o desgaste de flanco das<br />

ferramentas com a variação da velocidade de corte. Foram mantidos<br />

constantes o avanço em 0,06 mm/rev e a profundidade de corte em 0,1 mm e<br />

não foi utilizada a refrigeração.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

1,00<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

Vc = 150 m/min Vc = 200 m/min<br />

0,00<br />

0 1 2 3<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.23 – Variação de Desgaste de Flanco com a Velocidade de Corte para<br />

aP=0,1 mm, f=0,06 mm/rev e Sem Refrigeração.<br />

Da mesma forma que no ensaio no qual o avanço foi mantido em 0,03 mm/rev,<br />

todas as ferramentas que foram utilizadas com avanço de 0,06 mm/rev<br />

atingiram o critério de fim de vida após o primeiro passe de usinagem. Com<br />

4<br />

4


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 78<br />

exceção para a ferramenta utilizada com velocidade de 120 m/min, que sofreu<br />

falha catastrófica após o segundo passe. Na Fig. 4.24 são mostradas as<br />

fotografias da face e do flanco da ferramenta após o primeiro e segundo passe<br />

de usinagem utilizando vC=120 m/min, f=0,06 mm/rev, e aP= 0,1 mm.<br />

Figura 4.24 – Flanco e Face da Ferramenta para vC=120 m/min, f=0,06 mm/rev<br />

e aP=0,1 mm após Primeiro e Segundo Passes Respectivamente.<br />

Como as ferramentas de metal duro falharam prematuramente quando da<br />

utilização de profundidade de corte de 0,2 mm, e as ferramentas de cerâmica já<br />

apresentaram este mesmo comportamento para profundidade de corte de 0,1<br />

mm, optou-se pela não realização de ensaios com ferramentas de cerâmica<br />

mista utilizando profundidade de corte de 0,2 mm.<br />

Os valores de vida das ferramentas de cerâmica mista são apresentados na<br />

Figura 4.25.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 79<br />

Número de passes<br />

2<br />

1<br />

0<br />

2 2<br />

1 1<br />

60 90<br />

vc (m/min)<br />

120<br />

ap = 0,1 mm<br />

2<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1 1<br />

150<br />

200<br />

0,06<br />

0,03<br />

f (mm/rev)<br />

Figura 4.25 – Vida das ferramentas de cerâmica mista (profundidade de corte<br />

de 0,1 mm.).<br />

Nota-se que as ferramentas de cerâmica mista apresentaram valores de vida<br />

inferiores em relação aos obtidos com ferramentas de metal duro.<br />

4.3- Ferramentas de Nitreto Cúbico de Boro Policristalino<br />

Na Fig. 4.26 mostra-se o resultado do efeito da variação do avanço sobre o<br />

desgaste de flanco das ferramentas de PCBN mantidos constantes a<br />

velocidade de corte em 60 m/min e a profundidade de corte em 0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 80<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.26 – Efeito da Variação do Avanço no Desgaste de Flanco para vC=60<br />

m/min e aP=0,1 mm.<br />

Nos três valores de avanço testados a ferramenta apresentou falha prematura.<br />

Mesmo para avanço de 0,03 mm/rev, a ferramenta falhou catastroficamente<br />

após terceiro passe, apesar do desgaste de flanco nos dois primeiros passes<br />

ter sido baixo.<br />

O efeito da variação do avanço sobre o desgaste de flanco das ferramentas de<br />

PCBN, quando foram mantidos fixos a velocidade de corte em 90 m/min e a<br />

profundidade de corte 0,1 mm, pode ser visto na Fig. 4.27.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.27 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação do Avanço para<br />

vC=90 m/min e aP=0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 81<br />

Comparando-se os resultados obtidos com velocidade de corte de 60 e 90<br />

m/min, verifica-se que, com exceção para o avanço de 0,1 mm/rev., o aumento<br />

da velocidade de corte proporcionou pequeno aumento na vida das<br />

ferramentas. O critério de final de vida que foi atingido após terceiro passe na<br />

condição de vC = 60 m/min, só veio a ser atingido após quarto passe com o<br />

aumento da velocidade para 90 m/min. Outro fato a ser notado é que na<br />

velocidade mais baixa as ferramentas atingiram o critério de fim de vida devido<br />

a falha catastrófica. Já com a velocidade de 90 m/min o critério de fim de vida<br />

que foi utilizado para interromper os ensaios foi o desgaste de flanco máximo<br />

superior a 0,3 mm. Na Fig. 4.28 mostra-se fotografia do flanco das ferramentas<br />

após terem atingido o critério de fim de vida. Na Fig. 4.28 a) mostra-se a<br />

ferramenta que foi utilizada com vC=60 m/min, f=0,03 mm/rev e aP=0,1 mm; na<br />

Fig. 4.28 b) a ferramenta utilizada com vC=90 m/min, f=0,03 mm/rev e aP=0,1<br />

mm é mostrada.<br />

a – Velocidade de Corte de 60m/min b – Velocidade de Corte de 120m/min<br />

Figura 4.28 – Flanco da Ferramenta após Atingir Critério de Fim de Vida com<br />

f=0,03 mm/rev e aP=0,1 mm.<br />

Os resultados do efeito da variação do avanço no desgaste de flanco da<br />

ferramenta aumentando-se a velocidade de corte para 120 m/min e com a<br />

mesma profundidade de corte, 0,1 mm, são mostrados na Fig. 4.29.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 82<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

0,10<br />

0,05<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f =0,1 mm/rev<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.29 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação do Avanço para<br />

vC=120 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Verifica-se por meio desta Figura que o aumento da velocidade de corte para<br />

120 m/min diminui o desgaste de flanco quando se utilizaram os avanços de<br />

0,06 e 0,1 mm/rev, e que a ferramenta atingiu maior vida quando se utilizou o<br />

avanço intermediário. Assim como discutido para as ferramentas de metal duro,<br />

acredita-se fenômeno similar tenha ocorrido, em relação ao avanço e a APC.<br />

Na Fig. 4.30 mostram-se os resultados da variação do avanço para velocidade<br />

de corte fixa de 150 m/min e profundidade de corte de 0,1 mm.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,55<br />

0,50<br />

0,45<br />

0,40<br />

0,35<br />

0,30<br />

0,25<br />

0,20<br />

0,15<br />

0,10<br />

0,05<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f = 0,1 mm/rev<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.30 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação do Avanço para<br />

vC=150 m/min e aP=0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 83<br />

Constata-se por meio desta figura uma melhora significativa na performance<br />

das ferramentas que foram utilizadas com avanços de 0,06 e 0,1 mm/rev. A<br />

ferramenta utilizada com avanço de 0,06 mm/rev apresentou desgaste<br />

relativamente baixo mesmo após o oitavo passe. Após o nono passe o<br />

desgaste de flanco da ferramenta saltou de 0,220 mm para 0,460 mm. Verifica-<br />

se por meio da Fig. 4.31, a evolução do desgaste de cratera após o primeiro,<br />

terceiro, quinto, sétimo e oitavo passes de usinagem.<br />

Figura 4.31 –Desgaste de Cratera após Primeiro, Terceiro, Quinto, Sétimo e<br />

Oitavo Passes Respectivamente para vC=150 m/min e f=0,06 mm/rev.<br />

Na Fig. 4.32 mostra-se uma fotografia do flanco da ferramenta após atingir o<br />

critério de fim de vida quando utilizada com velocidade de corte de 150 m/min,<br />

avanço de 0,06 mm/rev e profundidade de corte de 0,1 mm.<br />

Figura 4.32 – Flanco da Ferramenta após Atingir Critério de Fim de Vida com<br />

vC=150 m/min, f=0,06 mm/rev e aP=0,1mm.<br />

Na Fig. 4.33 mostram-se os efeitos da variação do avanço no desgaste de<br />

flanco máximo das ferramentas, mantidas constantes a velocidade e<br />

profundidade de corte em 200 m/min e 0,1 mm respectivamente.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 84<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

f = 0,03 mm/rev f = 0,06 mm/rev f = 0,1 mm/rev<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.33 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação do Avanço para<br />

vC=200 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Verifica-se por meio dessa Figura que para velocidades de corte de 200 m/min<br />

a ferramenta de PCBN apresentou falha prematura após o segundo passe,<br />

quando foi utilizada com o menor avanço. Ainda por meio da Fig. 4.33,<br />

observa-se que apesar da ferramenta utilizada com avanço de 0,06 mm/rev ter<br />

falhado antes que a ferramenta utilizada com o maior avanço, a primeira<br />

manteve sempre valores de desgaste inferiores até o quinto passe.<br />

Na Fig. 4.34 mostram-se os resultados do efeito da variação da velocidade de<br />

corte no desgaste de flanco máximo. Nestes ensaios a profundidade de corte<br />

foi mantida fixa em 0,1 mm e o avanço em 0,03 mm/rev.<br />

Observa-se por meio da Fig. 4.34 que em todos os ensaios, nos quais se<br />

utilizou o menor valor de avanço, as ferramentas apresentaram alta taxa de<br />

desgaste, independente da velocidade de corte utilizada. Em nenhuma das<br />

ferramentas utilizadas com este valor de avanço, o desgaste de flanco máximo<br />

manteve-se abaixo de 0,3 mm após o quarto passe.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 85<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

Vc = 150 m/min Vc = 200 m/min<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.34 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação da Velocidade<br />

de Corte para f=0,03 mm/rev e aP=0,1 mm.<br />

Os resultados de desgaste obtidos com a variação da velocidade de corte<br />

utilizando-se avanço de 0,06 mm/rev e profundidade de corte de 0,1 mm são<br />

mostrados na Fig. 4.35.<br />

Verifica-se por meio da análise da Fig. 4.35 que o aumento da velocidade de<br />

corte até o valor de 120 m/min proporciona melhora no desempenho da<br />

ferramenta. Quando a velocidade é aumentada para 150 m/min, apesar da<br />

ferramenta apresentar maiores níveis de desgaste nos primeiros passes em<br />

relação aos ensaios realizados a 120 m/min, consegue-se usinar o maior<br />

número de matrizes sem se atingir o critério de fim de vida. A ferramenta<br />

utilizada com a velocidade de 200 m/min apresentou resultados semelhantes<br />

àqueles obtidos com a velocidade de 150 m/min, só que com 200 m/min a<br />

ferramenta atingiu o critério de fim de vida mais cedo, após o sexto passe.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 86<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

Vc = 150 m/min Vc = 200 m/min<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.35 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação da Velocidade<br />

de Corte para f=0,06 mm/rev e aP=0,1 mm.<br />

Na Fig. 4.36 mostram-se os resultados da evolução do desgaste de flanco com<br />

a variação da velocidade de corte e mantidos constantes o avanço em 0,1<br />

mm/rev e a profundidade de corte em 0,1 mm. Como foi observado na Fig.<br />

4.35, verifica-se também por meio da Fig. 4.36 que o aumento da velocidade<br />

propicia menor desgaste de flanco máximo das ferramentas. Quando as<br />

ferramentas foram utilizadas com o avanço de 0,1 mm/rev e baixas velocidades<br />

de corte elas apresentaram falha prematura.<br />

Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm)<br />

0,90<br />

0,80<br />

0,70<br />

0,60<br />

0,50<br />

0,40<br />

0,30<br />

0,20<br />

0,10<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min Vc = 120 m/min<br />

Vc = 150 m/min Vc = 200 m/min<br />

0,00<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Número de Passes<br />

Figura 4.36 – Evolução do Desgaste de Flanco com a Variação da Velocidade<br />

de Corte para f=0,1 mm/rev e aP=0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 87<br />

O aumento da velocidade para 150 e 200 m/min contribui para melhora da<br />

performance das ferramentas de PCBN. As ferramentas que foram utilizadas<br />

com essas duas velocidades apresentaram performance semelhante. A<br />

diferença básica entre o desempenho das duas é que a ferramenta que foi<br />

utilizada com velocidade de 200 m/min sofreu falha catastrófica.<br />

Broskea (2001) mostra em seu trabalho que na usinagem de aços com<br />

ferramentas de PCBN, o aumento da velocidade de corte melhora a vida da<br />

ferramenta, até atingir um valor máximo. Dessa forma ele afirma a existência<br />

de uma vc ótima de trabalho, que depende das demais condições de corte (f e<br />

ap) e das propriedades mecânicas do material da peça. Na usinagem do aço<br />

<strong>AISI</strong> 4340, f = 0,25 mm/rev e ap = 0,25 mm, ele encontrou a velocidade ótima<br />

de corte de 120 m/min e afirma que na usinagem de materiais de difícil<br />

usinabilidade a tendência é que a velocidade ótima seja menor.<br />

Na Fig. 4.37 observam-se as fotografias da face da ferramenta de PCBN após<br />

segundo, quarto, sexto, oitavo e após o último passe, para velocidade de corte<br />

de 150 m/min, avanço de 0,1 mm/rev e profundidade de corte de 0,1 mm.<br />

Figura 4.37 – Face da Ferramenta após Segundo, Quarto, Sexto, Oitavo e<br />

Nono Passe com vC=150 m/min, f=0,1 mm/rev e aP=0,1 mm.<br />

Verifica-se por meio dessa Figura que o desgaste de cratera se manteve<br />

relativamente baixo, não contribuindo desta maneira para que a ferramenta<br />

sofresse falha catastrófica.<br />

Os valores de vida das ferramentas de PCBN são apresentados na Fig. 4.38.<br />

O melhor desempenho foi atingido na usinagem com velocidade de corte de<br />

150 m/min, avanço de 0,06 mm/rev. e profundidade de corte 0,1 mm. Dentre<br />

todas as condições essa foi a que permite maior produtividade, porém a<br />

utilização de ferramentas de PCBN não representou aumento na vida das


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 88<br />

ferramentas, comparado com os resultados obtidos com ferramentas de metal<br />

duro (Fig. 4.19).<br />

Nú<br />

m<br />

er<br />

o<br />

de<br />

pa<br />

ss<br />

es<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

3<br />

2<br />

1 4<br />

60 90<br />

4<br />

v c (m/min)<br />

1<br />

2<br />

120<br />

a p = 0,1 mm<br />

5<br />

3<br />

4<br />

150<br />

9<br />

8 8<br />

3<br />

200<br />

6<br />

0,1<br />

0,06<br />

0,03<br />

f (mm/rev)<br />

Figura 4.38 - Vida das ferramentas de PCBN (profundidade de corte de 0,1<br />

mm.).<br />

4.4- Comparação entre o Desempenho dos Insertos<br />

Com o intuito de se comparar o desempenho dos insertos de metal duro,<br />

cerâmica mista e PCBN sob a várias condições de corte, foram construídos<br />

gráficos nos quais a taxa de desgaste de flanco é plotada em função da<br />

velocidade de corte e do avanço. A taxa de desgaste de flanco foi determinada<br />

a partir do valor do desgaste de flanco máximo que a ferramenta apresentou<br />

após atingir o critério de fim de vida, dividido pelo comprimento total usinado,<br />

que é a altura da matriz multiplicado pelo número total de passes realizados.<br />

Na Fig. 4.39 apresentam-se os resultados obtidos da taxa de desgaste de<br />

flanco para cada um dos três tipos de insertos testados em função da<br />

velocidade de corte, mantidos constantes o avanço em 0,03 mm/rev e a<br />

profundidade de corte em 0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 89<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

18,00<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

Metal Duro Cerâmica Mista PCBN<br />

0,00<br />

0 50 100 150 200 250<br />

Velocidade de Corte (m/min)<br />

Figura 4.39 – Variação da Taxa de Desgaste em Função da Velocidade de<br />

Corte para f=0,03 mm/rev e aP=0,1 mm.<br />

Observa-se por meio da Fig. 4.39 que a ferramenta de metal duro apresentou<br />

as menores taxas de desgaste nas três velocidades de corte nas quais foi<br />

utilizada. Verifica-se ainda, com relação ao metal duro, que com o avanço de<br />

0,03 mm/rev e profundidade de corte de 0,1 mm, a menor taxa de desgaste foi<br />

obtida com a velocidade de corte de 90 m/min. Velocidades superiores a 120<br />

m/min não foram utilizadas na usinagem com ferramenta de metal duro devido<br />

à elevada temperatura que seria gerada na interface cavaco ferramenta,<br />

provocando diminuição da resistência do inserto.<br />

Na Fig. 4.40 mostram-se os efeitos da variação da velocidade de corte na taxa<br />

de desgaste de flanco máxima para valores constantes de profundidade de<br />

corte, 0,1 mm, e de avanço, 0,06 mm/rev. Verifica-se a partir da análise desta<br />

Figura que, como na situação anterior (avanço de 0,03 mm/rev) as ferramentas<br />

de cerâmica mista apresentaram taxa de desgaste muito elevada quando<br />

comparada com as ferramentas de metal duro e de PCBN. Outro fato a ser<br />

observado a partir da Fig. 4.40, é que a menor taxa de desgaste foi conseguida<br />

com inserto de metal duro utilizando-se a menor velocidade de corte. Além<br />

disto, o aumento da velocidade de corte provoca aumento na taxa de desgaste<br />

das ferramentas de metal duro utilizadas para usinagem das matrizes com<br />

avanço de 0,06 mm/rev. e profundidade de corte de 0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 90<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

18,00<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

Metal Duro Cerâmica Mista PCBN<br />

0,00<br />

0 50 100 150 200 250<br />

Velocidade de Corte (m/min)<br />

Figura 4.40 – Variação da Taxa de Desgaste em Função da Velocidade de<br />

Corte para f=0,06 mm/rev e aP=0,1 mm.<br />

Com relação as ferramentas de PCBN utilizadas com avanço de 0,06 mm/rev e<br />

com profundidade de corte de 0,1mm, o aumento da velocidade de corte<br />

propicia diminuição da taxa de desgaste de flanco da ferramenta. Para<br />

velocidades de corte superiores a 100 m/min, as ferramentas de PCBN<br />

apresentaram rendimento comparado ao das ferramentas de metal duro.<br />

Na Fig. 4.41 estão representados os resultados de taxa de desgaste obtidos<br />

para metal duro e PCBN quando se fixou o avanço em 0,1 mm/rev, a<br />

profundidade de corte em 0,1 mm, e se variou a velocidade de corte.<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

20,00<br />

18,00<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

Metal Duro PCBN<br />

0,00<br />

0 50 100 150 200 250<br />

Velocidade de Corte (m/min)<br />

Figura 4.41 – Variação da Taxa de Desgaste em Função da Velocidade de<br />

Corte para f=0,1 mm/rev e aP=0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 91<br />

Por meio desta Figura, verifica-se que o metal duro e o PCBN apresentam<br />

comportamentos antagônicos. Enquanto o primeiro perde em desempenho com<br />

o aumento de velocidade, o segundo apresenta menor taxa de desgaste à<br />

medida que se eleva a velocidade de corte.<br />

Na Fig. 4.42 mostram-se os resultados da taxa de desgaste em função da<br />

variação do avanço, com a velocidade de corte fixa em 60 m/min e a<br />

profundidade de corte em 0,1 mm, para os três materiais de ferramenta.<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

20,00<br />

18,00<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

Metal Duro Cerâmica Mista PCBN<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Figura 4.42 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

vC=60m/min e aP=0,1 mm.<br />

Com velocidade de corte de 60 m/min, a ferramenta de metal duro<br />

praticamente manteve a mesma taxa de desgaste com o aumento do avanço.<br />

O fato de a taxa de desgaste da ferramenta de metal duro, utilizada com o<br />

avanço de 0,03 mm/rev, estar um pouco mais elevada do que a taxa obtida<br />

com os outros avanços, se deve ao fato de a ferramenta ter sofrido falha<br />

catastrófica após o último passe de usinagem antes do encerramento do teste<br />

com o menor avanço, como pode ser visto por meio da Fig. 4.1.<br />

Já as ferramentas de cerâmica mista e PCBN apresentaram aumento<br />

significativo do desgaste com o aumento do avanço. No caso do PCBN esse<br />

aumento se deu no momento em que se alterou o avanço de 0,06 para 0,1<br />

mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 92<br />

Na Fig. 4.43 estão representados os resultados de taxa de desgaste obtidos a<br />

partir da variação do avanço para a velocidade fixa de 90 m/min e com a<br />

profundidade de corte de 0,1 mm.<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

Metal Duro Cerâmica Mista PCBN<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Figura 4.43 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

vC=90m/min e aP=0,1 mm.<br />

Os resultados de taxa de desgaste, obtidos com a variação do avanço para a<br />

velocidade de corte de 90 mm/min e profundidade de corte de 0,1<br />

apresentaram as mesmas características da situação anterior, vC=60 m/min e<br />

aP=0,1 mm. Ou seja, a taxa de desgaste para os insertos de metal duro se<br />

mantiveram constantes com o aumento do avanço. Para cerâmica mista e<br />

PCBN as taxas de desgaste aumentaram para maiores valores de avanço. A<br />

diferença principal entre as duas situações é que para a velocidade de corte<br />

menor, 60 m/min, os valores da taxa de desgaste são maiores para a cerâmica<br />

mista e para o PCBN.<br />

Na Fig. 4.44 mostram-se os resultados da taxa de desgaste em função da<br />

variação do avanço para velocidade de corte de 120 m/min e para<br />

profundidade de corte de 0,1 mm para os três tipos de insertos. Verifica-se por<br />

meio desta Figura que para o avanço 0,03 mm/rev, as ferramentas de metal<br />

duro apresentaram menor taxa de desgaste. Já, a medida em que se aumento<br />

o avanço, as ferramentas de PCBN passaram a apresentar maior vida. Além<br />

disto estas duas ferramentas apresentaram desempenho melhor que as<br />

ferramentas de cerâmica mista.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 93<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

11,00<br />

10,00<br />

9,00<br />

8,00<br />

7,00<br />

6,00<br />

5,00<br />

4,00<br />

3,00<br />

2,00<br />

1,00<br />

Metal Duro Cerâmica Mista PCBN<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Figura 4.44 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

vC=120 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Na Fig. 4.45 apresentam-se os valores de taxa de desgaste devido a variação<br />

do avanço para a velocidade de corte fixa de 150 m/min e com profundidade de<br />

corte de 0,1 mm.<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Cerâmica Mista PCBN<br />

Figura 4.45 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

vC=150 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Verifica-se por meio da Fig. 4.45 um desempenho muito superior das<br />

ferramentas de PCBN em relação às ferramentas de cerâmica mista. Além<br />

disso, a taxa de desgaste das ferramentas de PCBN utilizadas com velocidade<br />

de corte de 150 m/min diminui com o aumento do avanço.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 94<br />

Na Fig. 4.46 estão representados os resultados da taxa de desgaste para o<br />

PCBN e cerâmica mista para velocidade de corte de 200 m/min e avanço de<br />

0,1 mm, obtidos em função da variação do avanço.<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

18,00<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Cerâmica Mista PCBN<br />

Figura 4.46 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

vC=200 m/min e aP=0,1 mm.<br />

Por meio da análise da Fig. 4.46, verificam-se baixas taxas de desgaste para<br />

as ferramentas de PCBN utilizadas com os dois maiores avanços. Já as<br />

ferramentas de cerâmica mista apresentaram taxa de desgaste bastante<br />

elevadas.<br />

Na Fig. 4.47, mostram-se os resultados da comparação de desempenho das<br />

ferramentas de metal duro sob as várias condições de corte. Nessa Figura<br />

estão representados os resultados da variação da taxa de desgaste em função<br />

do avanço para as três velocidades testadas, para profundidade de corte de 0,1<br />

mm. Por meio da Fig. 4.47, pode-se ver que o pior desempenho das<br />

ferramentas de metal duro foi obtido com velocidade de corte de 120 m/min. E<br />

que este desempenho piora ainda mais com o aumento do avanço. Quando se<br />

utilizou velocidades de corte de 60 e 90 m/min, verifica-se que as ferramentas<br />

de metal duro apresentaram comportamento semelhante. Com exceção da<br />

situação em que foi empregado avanço de 0,03 mm/rev com velocidade de<br />

corte de 60 m/min, a taxa de desgaste do metal duro para as duas menores<br />

velocidades esteve em torno de 1 mm/m. Além disso essa taxa praticamente<br />

não variou com o aumento do avanço.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 95<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

3,50<br />

3,00<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

Vc = 60 m/min Vc = 90 m/min<br />

Vc = 120 m/min<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Figura 4.47 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

Ferramentas de Metal Duro com aP=0,1 mm.<br />

Na Fig. 4.48 mostram-se os resultados a partir da comparação do desempenho<br />

das ferramentas de PCBN sob as várias condições de corte estudadas.<br />

Taxa Desgaste de Flanco VB Bmáx (mm/m)<br />

20,00<br />

18,00<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

Vc = 150 m/min Vc = 200 m/min Vc = 90 m/min<br />

Vc = 120 m/min Vc = 60 m/min<br />

0,00<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1 0,11<br />

Avanço (mm/rev.)<br />

Figura 4.48 – Variação da Taxa de Desgaste em Função do Avanço para<br />

Ferramentas de PCBN com aP=0,1 mm.<br />

Por meio da Fig. 4.48 verifica-se que para baixas velocidades de corte as<br />

ferramentas de PCBN apresentaram taxas de desgaste muito elevadas. A vida<br />

das ferramentas de PCBN é maior para velocidades de corte mais elevadas.<br />

Para velocidade de corte de 150 e 200 m/min, o aumento do avanço de 0,03<br />

para 0,06 mm/rev diminui a taxa de desgaste das ferramentas. Já, quando se


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 96<br />

aumenta o avanço de 0,06 para 0,1 mm/rev, verifica-se que a taxa de desgaste<br />

de flanco permanece praticamente constante para essas duas velocidades.<br />

4.5 - Avaliação dos Mecanismos de Desgaste via Microscopia Eletrônica<br />

de Varredura<br />

Nesta seção são realizadas diversas análises sobre o sistema tribológico em<br />

estudo. São discutidos alguns mecanismos de desgaste e apresentadas<br />

diversas fotografias retiradas no microscópio eletrônico de varredura, para os<br />

três diferentes materiais de ferramentas avaliados, sob diversas condições de<br />

corte. Objetivou-se identificar os possíveis mecanismos de desgaste que<br />

ocorreram em cada situação.<br />

4.5.1- Caracterização do Sistema Tribológico<br />

O sistema tribológico em estudo envolve o contato entre corpo (cavaco) e<br />

contra-corpo (ferramenta), sobre regime de movimento relativo e carregamento.<br />

A seguir serão realizados alguns cálculos e hipóteses para melhor<br />

caracterização do sistema.<br />

4.5.1.1- Área Aparente de Contato, A<br />

Para ferramentas monocortantes, a área de contato cavaco-ferramenta, que<br />

nesse caso é a área aparente de contato é calculada conforme a Eq. (4.1).<br />

Onde:<br />

f – avanço,<br />

ap – profundidade de corte.<br />

A = f . a<br />

(4.1)<br />

p


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 97<br />

Na Tab. 4.1 mostram-se os cálculos de A, para as condições de corte<br />

avaliadas.<br />

Tabela 4.1 – Área aparente de contato para as condições avaliadas.<br />

Avanço, f<br />

(mm/rev)<br />

Profundidade de<br />

corte, ap (mm)<br />

Área aparente de<br />

contato, A (mm 2 )<br />

0,03 0,1 0,003<br />

0,03 0,2 0,006<br />

0,06 0,1 0,006<br />

0,06 0,2 0,012<br />

0,1 0,1 0,01<br />

0,1 0,2 0,02<br />

4.5.1.2- Velocidade de Deslizamento<br />

Devido à fragilidade do material da peça, a quantidade de deformação sofrida<br />

pelo cavaco é pequena (Trent e Wrigth, 2000) e a relação entre a espessura<br />

medida e a calculada do cavaco é denominada por Grau de Recalque e<br />

próximo à unidade, conforme mostrado na Eq. (4.2).<br />

Onde:<br />

Rc – grau de recalque;<br />

h’ – espessura medida do cavaco;<br />

h – espessura calculada do cavaco;<br />

vc – velocidade de corte;<br />

´<br />

h vc<br />

R c = =<br />

h v<br />

cav<br />

(4.2)


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 98<br />

vcav – velocidade de saída do cavaco.<br />

A espessura calculada do cavaco, h é calculada por meio da Eq. (4.3).<br />

Onde:<br />

f – avanço,<br />

χr – ângulo de posição.<br />

h f . sen χ<br />

= (4.3)<br />

Tomando-se a seguinte condição de usinagem: vc = 150 m/min, f = 0,06<br />

mm/rev, ap = 0,1 mm e χr = 75º, tem-se, por meio da Eq. (4.3), h = 0,058 mm.<br />

Nesta situação, mediu-se a espessura do cavaco e encontrou-se o seguinte<br />

valor: h’ = 0,06 mm. Aplicando-se na Eq. (4.2), obtém-se:<br />

Grau de recalque: Rc = 1,16 e a velocidade do cavaco, vcav = 129 m/min.<br />

Na interface cavaco-ferramenta existem duas regiões distintas (Trent e Wright,<br />

2000): aderência em que o contato entre o corpo e o contra-corpo é assumido<br />

como perfeito e nessas condições, as áreas de contato real e aparente são<br />

idênticas e a velocidade de deslizamento é nula; escorregamento em que o<br />

contato ocorre em picos específicos e nesse caso, a área real de contato é<br />

menor do que a aparente. Ainda segundo o modelo proposto por Trent (1967<br />

”a”, “b” e “c”), a zona de aderência é permanentemente renovada, ou seja, não<br />

fica indefinidamente sobre o contra-corpo. Portanto, na interface a velocidade é<br />

zero e aumenta à medida que se distancia dela e chega ao valor da velocidade<br />

do cavaco a no máximo 80 µm da interface, caracterizando a denominada zona<br />

de fluxo. Mas, pode-se assumir vcav como a velocidade de deslizamento na<br />

zona de escorregamento.<br />

Nas demais condições de corte, o Rc esteve próximo a este valor apresentado.<br />

r


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 99<br />

4.5.1.3- Regime de Carregamento<br />

Para a determinação da força de corte, será utilizadas a expressão<br />

determinada por Kienzle (Ferraresi, 1977) e mostrada na Eq. (4.4)<br />

Onde:<br />

Fc – força de corte;<br />

F<br />

c<br />

=<br />

K<br />

1−<br />

z<br />

s1<br />

. b.<br />

h<br />

(4.4)<br />

Ks1 e 1-z – constantes obtidas graficamente e dependente do par ferramenta-<br />

peça e das condições de corte;<br />

h – espessura calculada do cavaco, determinada por meio da Eq. (4.3);<br />

b – largura calculada do cavaco, determinada por meio da Eq. (4.5):<br />

Onde:<br />

ap – profundidade de corte;<br />

χr – ângulo de posição.<br />

b<br />

a<br />

p<br />

= (4.5)<br />

sen χ<br />

Continuando com a situação de usinagem, tomada como exemplo e<br />

determinando b, por meio da Eq. (4.5), tem-se:<br />

b = 0,104 mm<br />

Os valores de Ks1 e 1-z são constantes que dependem do material usinado.<br />

Tomando-se valores aproximados (Ferraresi, 1977) para um material de<br />

características próximas, tem-se:<br />

Ks1 = 2250 (N/mm 2 ) e 1-z = 0,84.<br />

r


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 100<br />

Substituindo os valores de Ks1, 1-z, b e h na Eq. (4.4), determina-se<br />

aproximadamente o valor da força de corte:<br />

Fc = 21,4 N<br />

O valor da força de corte, aparentemente é pequeno, mas a pressão específica<br />

de corte Ks é dada pela sua relação com a área da seção de corte e calculada<br />

por meio da Eq. (4.6).<br />

K<br />

F<br />

c<br />

s = (4.6)<br />

Substituindo-se os valores de Fc e A (0.06*0,1 = 0,006 mm 2 ) na Eq. (4.6), tem-<br />

se:<br />

K s<br />

=<br />

21,<br />

4<br />

0,<br />

006<br />

Ks = 3.567,3 N/mm 2 = 3.567,3 MPa<br />

A pressão específica de corte, Ks, embora para baixos valores de<br />

carregamento, torna-se significativa devido à pequena área de contato cavaco-<br />

ferramenta. Nesse caso, o valor de Ks é superior ao limite de escoamento a<br />

quente (assumindo como simplificação, igual à dureza a quente do material)<br />

dos materiais de ferramentas analisados. Com isso, sugere-se que em locais<br />

específicos ocorram deformações plásticas, nos três materiais de ferramentas.<br />

4.5.1.4- Presença de Carbonetos Duros no Material da Peça<br />

Outro fator relevante e que pode influenciar no desempenho do sistema<br />

tribológico, está relacionado à presença de carbonetos “duros” no material da<br />

peça (corpo). Eles podem atuar como partículas abrasivas, promovendo<br />

microcorte, microsulcamento ou microlascamento no contra-corpo (ferramenta)<br />

(Hutchings, 1995 e Zum Gahr, 1987) e consequente mecanismo de desgaste<br />

abrasivo a dois corpos.<br />

A


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 101<br />

Segundo Hutchings (1995), experimentalmente observa-se que partículas de<br />

qualquer forma podem causar arrancamento de material e torna-se de maior<br />

agressividade se a relação entre a dureza do abrasivo e do material da<br />

superfície (Habrasivo/Hsuperfície), for maior do que 1,2 e nessas condições o regime<br />

é denominado por “abrasão dura”. Caso essa relação seja inferior a 1,2 o<br />

regime é denominado por “abrasão mole”. As taxas de desgaste no regime de<br />

abrasão mole são muito inferiores (10 a 1000 vezes) ao de abrasão dura, mas<br />

ela torna-se atuante e não pode ser desprezada.<br />

Na Tab. 4.2 mostram-se os carbonetos encontrados no material da peça,<br />

respectivas durezas e para cada material de ferramenta investigado a relação<br />

entre a dureza do abrasivo (carboneto) e da superfície (ferramenta).<br />

Nos regimes de abrasão dura, a taxa de desgaste aumentará com a elevação<br />

da relação Habrasivo/Hsuperfície. Na Tab. 4.2 os regimes em que a relação é<br />

superior a 1,2 estão marcados e sombreados de cinza. De maneira geral<br />

observa-se que o metal duro está submetido por fortes regimes de abrasão<br />

dura, seguido pela cerâmica mista e pelo PCBN, respectivamente.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 102<br />

Tabela 4.2 – Relação entre a dureza do abrasivo e da superfície para as<br />

Carbonetos<br />

presentes na<br />

possíveis situações impostas ao sistema tribológico.<br />

peça Metal<br />

Fórmula Dureza<br />

HV<br />

Material da Ferramenta<br />

Duro<br />

Cerâmica<br />

Mista<br />

Dureza a Quente (1.000 ºC)<br />

HV<br />

PCBN Metal<br />

Duro<br />

H<br />

H<br />

abrasivo<br />

ferramenta<br />

Cerâmica<br />

Mista<br />

PCBN<br />

SiC 2.500 6,25 2,94 1,39<br />

Cr7C3 1.600 4,0 1,88 0,89<br />

Mo2C 1.500<br />

400 850 1800<br />

3,75 1,76 0,83<br />

VC 2.800 7 3,29 1,56<br />

Fe3C 1.000<br />

4.5.1.5- Presença de Cargas Cíclicas de Impacto<br />

2,5 1,18 0,56<br />

Devido à presença de sulcos na superfície da peça (matriz), promovidos por<br />

desgaste abrasivo durante inúmeros ciclos de forjamento, na usinagem dessas<br />

peças está caracterizado o corte interrompido. O material da ferramenta, para<br />

suportar esse regime de trabalho, deve apresentar o comprometimento entre<br />

as propriedades relativas à dureza a quente e tenacidade. Podem ocorrer<br />

trincas de origem mecânica, normalmente paralelas à superfície de saída da<br />

ferramenta e neste caso a tenacidade é a propriedade mais importante. Em<br />

todos os materiais de ferramentas avaliados observou-se a presença desse<br />

tipo de falha.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 103<br />

4.5.1.6- Temperatura na Interface<br />

O material da peça é o aço altamente ligado, utilizado na fabricação de<br />

matrizes. A temperatura da interface depende de dois fatores: resistência ao<br />

cisalhamento nos planos de cisalhamento primário e secundário e<br />

temperaturas de fusões dos principais elementos de liga presentes na peça<br />

(Machado e Silva, 1999).<br />

Segundo Trent e Wright (2000) na usinagem de aços ligados, com ferramentas<br />

de metal duro, para avanço de 0,1 mm/rev e vc entre 80 e 250 m/min a<br />

temperatura na interface cavaco ferramenta situa-se entre 800 e 1100 ºC. Ueda<br />

et al (1999) citado por Barry e Byrne (2001), afirmam que a temperatura da<br />

interface pode ultrapassar 870 ºC na usinagem de aços com dureza de 60 HRC.<br />

Embora não se tenha medido a temperatura da interface neste trabalho, as<br />

evidências citadas por Trent e Wright (2000) e Machado e Silva (1999) e<br />

observações visuais, durante o corte quanto à coloração do cavaco, são<br />

suficientes para estimar que as temperaturas geradas foram superiores a 900<br />

ºC.<br />

Ainda em relação à interface cavaco-ferramenta, na usinagem de aços em<br />

velocidades de corte inferiores a 80 m/min, pode ocorrer a aresta postiça de<br />

corte (APC) (Trent e Wright, 2000 e Machado e Silva, 1999). A presença da<br />

APC promove o fluxo intermitente do cavaco, ativando o mecanismo de<br />

desgaste denominado na literatura inglesa por attriton. Esse mecanismo<br />

envolve, simultaneamente a adesão de material da peça e na sequência o seu<br />

arrancamento (adere-arranca = stick-slip), promovendo a retirada de material,<br />

ou seja o desgaste de forma agressiva da ferramenta na forma granular. Para a<br />

comprovação da presença da APC no sistema tribológico, Trent e Wright<br />

(2000) propõem a utilização do mecanismo de interrupção instantânea do<br />

corte, denominado quick-stop. Aliado a esse ensaio, os valores de topografia<br />

de superfície da peça são importantes dados, já que na presença da APC,<br />

algumas das microtrincas geradas devido à formação do estado triaxial de<br />

tensões ficam na peça na forma de microrebarbas.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 104<br />

4.5.1.7- Síntese da Caracterização do Sistema Tribológico<br />

Resumindo, o sistema tribológico caracterizado é altamente agressivo:<br />

elevadas pressões específicas (superiores a 3500 MPa), altas temperaturas<br />

(acima de 900 ºC) e velocidade de deslizamento na zona de escorregamento<br />

(acima de 50 m/min, na condição de menor vc e acima de 170 m/min na de<br />

maior vc), carregamento de impacto (corte interrompido), meio abrasivo<br />

(presença de carbonetos duros no material da peça) e possível presença da<br />

APC nas menores vc avaliadas.<br />

A seguir, serão analisadas as fotografias obtidas por meio de microscopia<br />

eletrônica de varredura e que podem evidenciar alguns mecanismos de<br />

desgaste atuantes nas ferramentas.<br />

4.5.2- Ferramentas de Metal Duro<br />

Nas Figs. 4.49 a 4.51 mostram-se as fotografias das ferramentas desgastadas<br />

após o último passe de usinagem nas respectivas condições de corte: vc = 60,<br />

90 e 120 m/min, f = 0,03 mm/rev e ap = 0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 105<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

lascamentos<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.49 - Ferramenta de Metal Duro com vc=60 m/min, ap=0,1 mm e f=0,03<br />

mm/rev.<br />

Na Fig. 4.49 observam-se diversas evidências de lascamentos, nas superfícies<br />

de saída e de folga da ferramenta. Os lascamentos são caracterizados pela<br />

severidade do sistema tribológico, quanto às cargas cíclicas de impacto e que<br />

exige elevada tenacidade da ferramenta.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 106<br />

abrasão<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

abrasão<br />

lascamentos<br />

deformações<br />

plásticas<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.50 - Ferramenta de Metal Duro com vC=90 m/min, ap=0,1 mm e f=0,03<br />

mm/rev.<br />

Na Fig. 4.50 observam-se evidências de deformações plásticas e de abrasão.<br />

À vc = 90 m/min as temperaturas na interface cavaco-ferramenta são maiores<br />

do que a vc = 60 m/min, provocando o efeito de substancial redução de dureza<br />

do metal duro (Trent e Wright, 2000). Aliado a isso, tem-se a elevada pressão<br />

específica de corte na interface cavaco-ferramenta, promovendo a<br />

consequente deformação plástica em distintas regiões. Quanto à abrasão, no<br />

metal duro, conforme mostrado anteriormente predomina o regime de abrasão<br />

dura e este mecanismo de desgaste torna-se relevante, conforme observado<br />

em diversas regiões da ferramenta.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 107<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

deformações<br />

plásticas<br />

abrasão<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.51 - Ferramenta de Metal Duro com vC=120 m/min, ap=0,1 mm e<br />

f=0,03 mm/rev.<br />

Na Fig. 4.51 observam-se os mecanismos similares aos encontrados na Fig.<br />

4.50.<br />

Nas Figs. 4.52 a 4.54 mostram-se as fotografias das ferramentas desgastadas<br />

após último passe de usinagem para as condições de corte: vC = 60, 90 e 120<br />

m/min, f = 0,06 mm/rev e ap = 0,1 mm.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 108<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

cratera<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.52 - Ferramenta de Metal Duro: vc=60 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06<br />

mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 109<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.53 - Ferramenta de Metal Duro: vC=90 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06<br />

mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 110<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

deformações<br />

plásticas<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.54 - Ferramenta de Metal Duro: vC=120 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06<br />

mm/rev.<br />

Nas Figs. 4.52 a 4.54 observam-se evidências de deformações plásticas,<br />

lascamentos e de abrasão, conforme discutido anteriormente.<br />

4.5.3- Ferramentas de Cerâmica Mista<br />

Nas Figs. 4.55 a 4.57 mostram-se as fotografias das ferramentas de cerâmica<br />

mista desgastadas após último passe de usinagem para as condições de corte:<br />

vC = 60, 150 e 200 m/min, f = 0,03 mm/rev e ap = 0,1 mm e sem refrigeração.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 111<br />

lascamentos<br />

abrasão<br />

a – Cunha Cortante b – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.55 - Ferramenta de Cerâmica Mista: vC=60 m/min, ap=0,1 mm e f=0,03<br />

mm/rev e Sem Refrigeração.<br />

a – Detalhe da Cunha Cortante<br />

abrasão<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.56 - Ferramenta de Cerâmica Mista: vC=150 m/min, ap=0,1 mm e<br />

f=0,03 mm/rev e Sem Refrigeração.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 112<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

lascamentos<br />

deformações plásticas<br />

abrasão<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.57 - Ferramenta de Cerâmica Mista: vC=200 m/min, ap=0,1 mm e<br />

f=0,03 mm/rev e Sem Refrigeração.<br />

Barry e Byrne (2001) realizaram pesquisas enfocando os mecanismos de<br />

desgastes que ocorrem nas ferramentas de cerâmica mista (Al2O3 + TiC) no<br />

torneamento de aços com inclusões de cálcio, com durezas compreendidas<br />

entre 40 e 62 HRC. As velocidades de corte avaliadas estavam compreendidas<br />

entre 150 e 250 m/min, o avanço fixo em 0,1 mm/rev e a profundidade de corte<br />

fixa em 0,1 mm. Segundo eles, a difusão pode ocorrer devido à solubilidade da<br />

fase TiC no ferro ser cerca de três vezes maior do que a Al2O3, promovendo a<br />

craterização da superfície de saída da ferramenta. Encontraram também a<br />

presença de regiões deformadas plasticamente e marcas de abrasão.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 113<br />

No presente trabalho, o tribosistema avaliado difere-se muito do descrito por<br />

Barry e Byrne (2001). Embora as condições de corte sejam muito próximas, as<br />

diferenças referem-se à presença de cargas cíclicas, caracterizando o corte<br />

interrompido e também as propriedades do material da peça avaliado. A<br />

análises das Figs. 4.55 a 4.57 mostram evidências de: lascamentos,<br />

promovidos pela baixa tenacidade da ferramenta; abrasão devido à presença<br />

de carbonetos duros, originários do material da peça; e de deformações<br />

plásticas localizadas, devido à elevada temperatura e pressão específica de<br />

corte, na interface cavaco ferramenta, nessas condições de corte.<br />

4.5.4- Ferramentas de PCBN<br />

Nas Figs. 4.58 a 4.61 mostram-se as fotografias das ferramentas de Nitreto<br />

Cúbico de Boro Policristalino desgastadas, utilizadas nas seguintes condições<br />

de corte: vC = 60, 120, 150 e 200 m/min, f = 0,06 mm/rev e ap = 0,1 mm e sem<br />

refrigeração.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 114<br />

lascamentos<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.58 - Ferramenta de PCBN: vC=60 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06 mm/rev.<br />

Na Fig. 4.58 observam-se evidências de lascamentos, características de fratura<br />

frágil, promovido pelos ciclos de tensões e reduzida tenacidade do PCBN.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 115<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.59 - Ferramenta de PCBN: vC=120 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06<br />

mm/rev.<br />

Observa-se na Fig. 4.59, agora a vc = 120 m/min, a existência de fratura frágil,<br />

promovida pelas razões anteriormente citadas.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 116<br />

lascamento cratera<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

abrasão<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.60 - Ferramenta de PCBN: vC=150 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06<br />

mm/rev.<br />

Observa-se na Fig. 4.60, com vc = 150 m/min, a existência de fratura frágil,<br />

promovida pelas razões anteriormente citadas. Nessa velocidade observa-se<br />

sobre a superfície de saída da ferramenta, na parte “a” dessa Figura, a<br />

existência de uma cratera. A craterização possivelmente pode surgir promovida<br />

por difusão de materiais da ferramenta para a peça. Os mecanismos<br />

difusionais envolvendo o PCBN na usinagem de aços são abordados por<br />

alguns pesquisadores (Chou, 1994, Chou and Evans, 1997, Barry e Byrne,<br />

2000 “a” e “b”, Lim et al, 2001, Broskea, 2001 e Poulachon, 2001). A maioria<br />

deles mostram evidências da existência de reações triboquímicas na interface<br />

cavaco ferramenta, promovendo os mecanismos de adesão e de difusão. Para<br />

a comprovação de adesão de material da peça na ferramenta, as análises no


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 117<br />

MEV deveriam ser complementadas com, por exemplo, análises de<br />

composição química via EDX (Energy Dispersive X-Ray) e que não estava<br />

disponível no instrumento em que foram realizadas as avaliações.<br />

O fenômeno de craterização da superfície de saída da ferramenta também<br />

pode ser observado na Fig. 4.61, em vc = 200 m/min. Nessa situação, em<br />

relação à anterior (vc = 150 m/min), a temperatura da interface cavaco-<br />

ferramenta é maior e isso acelera o mecanismo de desgaste por difusão, já que<br />

esse é um mecanismo de desgaste fortemente dependente da temperatura<br />

(termicamente ativado) (Molinari e Nouari, 2002).<br />

lascamentos<br />

a – Detalhe da Cunha Cortante<br />

cratera<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.61 - Ferramenta de PCBN: vC=200 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06<br />

mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 118<br />

Nas Figs. de 4.62 a 4.64 mostram-se as fotografias das ferramentas de PCBN<br />

após o último passe de usinagem para velocidade de corte de 90 m/min,<br />

profundidade de corte de 0,1 mm e para os avanços de 0,03, 0,06 e 0,1 mm/rev<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.62 - Ferramenta de PCBN: vC=90m/min, ap=0,1 mm e f=0,03 mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 119<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

abrasão<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.63 - Ferramenta de PCBN: vC=90 m/min, ap=0,1 mm e f=0,06 mm/rev.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 120<br />

a - Detalhe da Cunha Cortante<br />

lascamentos<br />

b – Detalhe da Superfície de Saída c – Detalhe da Superfície de Folga<br />

Figura 4.64 - Ferramenta de PCBN: vC=90m/min, ap=0,1 mm e f=0,1 mm/rev.<br />

As análises das Figs. 4.62 a 4.64 mostram evidências de fraturas frágeis e de<br />

abrasão.<br />

Para os três materiais de ferramentas investigados, a fratura frágil ocorreu<br />

devido à baixa tenacidade do material enquanto a abrasão devido à presença<br />

de carbonetos de elevada dureza, presentes no material da peça.


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 121<br />

4.6- Custo de Usinagem por Matriz<br />

Neste item foram avaliados os custos de usinagem para a retirada da camada<br />

nitretada das matrizes de forjamento em todas as condições de corte<br />

estudadas utilizando ferramentas de metal duro, cerâmica mista e PCBN. Na<br />

Tabela 4.3 são mostrados os custos obtidos quando da utilização de<br />

ferramentas de metal duro.<br />

Tabela 4.3 – Custo de Usinagem para Ferramentas de Metal Duro<br />

AP<br />

(mm)<br />

f (mm/rev) vC (m/min) Tempo (min) Custo (R$/matriz)<br />

0,1 0,1 90 1,94 1,84<br />

0,1 0,06 90 3,24 2,47<br />

0,1 0,06 120 2,43 2,57<br />

0,2 0,03 120 2,43 2,57<br />

0,1 0,1 120 1,46 2,84<br />

0,1 0,06 60 4,86 3,36<br />

0,2 0,06 60 2,43 3,38<br />

0,2 0,06 120 1,21 3,73<br />

0,2 0,1 60 1,46 3,86<br />

0,1 0,03 120 4,86 3,91<br />

0,2 0,06 90 1,62 3,95<br />

0,2 0,03 60 4,86 4,21<br />

0,1 0,03 90 6,48 4,45<br />

0,1 0,1 60 2,92 4,67<br />

0,2 0,03 90 3,24 4,85<br />

0,1 0,03 60 9,72 6,24<br />

0,2 0,1 120 0,73 6,52<br />

0,2 0,1 90 0,97 6,66<br />

Para levantamento dos custos foram considerados apenas os tempos<br />

necessários e o desgaste dos insertos para usinar exclusivamente a camada<br />

nitretada. Ou seja, em cada condição de corte foram determinados o tempo e o


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 122<br />

custo para se usinar 0,4 mm no diâmetro interno das matrizes. O custo de<br />

usinagem foi elaborado com base no valor do torno, no custo da mão de obra,<br />

na área útil da empresa que é ocupada pelo torno, na depreciação do<br />

equipamento, no custo de energia elétrica consumida pelo equipamento, no<br />

valor dos juros sobre investimentos previstos pela empresa e no rateio<br />

proporcional dos gastos indiretos de produção.<br />

Verifica-se que em quase todas as condições de corte o custo por matriz para<br />

retirada da camada nitretada foi inferior a R$ 5,00. Exceção feita para as<br />

condições onde se obteve tempo de usinagem elevado (aP=0,1 mm, f=0,03<br />

mm/rev e vC=60 m/min); e quando a ferramenta sofreu falha após o primeiro<br />

passe, o que ocorreu para profundidade de corte de 0,2 mm, avanço de 0,1<br />

mm/rev e para as velocidades de 90 e 120 m/min. Considerando-se somente o<br />

custo de usinagem, o melhor resultado encontrado ocorreu para profundidade<br />

de corte de 0,1 mm, avanço de 0,1 mm/rev e velocidade de corte de 90 m/min.<br />

Nessa condição o tempo de usinagem foi relativamente curto e se conseguiu<br />

usinar quatro matrizes antes do inserto atingir o critério de fim de vida.<br />

Na Tab. 4.4 apresenta-se o custo de usinagem para retirar a camada nitretada<br />

de uma matriz utilizando-se ferramenta de cerâmica mista. Em nenhuma das<br />

condições descritas na Tab. 4.4 utilizou-se refrigerante.<br />

Tabela 4.4 – Custo de Usinagem para Ferramentas de Cerâmica Mista<br />

aP (mm) f (mm/rev.) vC (m/min) Tempo (min) Custo (R$/matriz)<br />

0,1 0,06 200 1,51 5,50<br />

0,1 0,06 150 2,02 5,78<br />

0,1 0,03 90 6,72 6,04<br />

0,1 0,06 120 2,52 6,05<br />

0,1 0,03 200 3,02 6,33<br />

0,1 0,06 90 3,36 6,52<br />

0,1 0,03 150 4,03 6,89<br />

0,1 0,03 120 5,04 7,44<br />

0,1 0,06 60 5,04 7,44<br />

0,1 0,03 60 10,08 7,89


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 123<br />

Verifica-se, por meio da análise dos valores contidos na Tab. 4.4, que o custo<br />

de usinagem é relativamente baixo em função do baixo custo por aresta das<br />

ferramentas de cerâmica mista. Entretanto, em todas as condições de corte as<br />

ferramentas falharam antes do terceiro passe.<br />

Os resultados referentes ao custo de se retirar a camada nitretada no<br />

torneamento utilizando-se ferramentas de PCBN estão listados na Tab. 4.5.<br />

Tabela 4.5 – Custo de Usinagem para Ferramentas de PCBN<br />

aP (mm) f (mm/rev) vC (m/min) Tempo (min) Custo (R$/matriz)<br />

0,1 0,1 150 1,21 33,28<br />

0,1 0,06 150 2,02 33,72<br />

0,1 0,1 200 0,91 37,19<br />

0,1 0,06 200 1,51 49,75<br />

0,1 0,06 120 2,52 60,09<br />

0,1 0,06 90 3,36 75,22<br />

0,1 0,03 150 4,03 75,60<br />

0,1 0,03 90 6,72 77,08<br />

0,1 0,1 120 1,51 98,66<br />

0,1 0,03 200 3,02 99,50<br />

0,1 0,03 60 10,08 103,39<br />

0,1 0,06 60 5,04 149,52<br />

0,1 0,03 120 5,04 149,52<br />

0,1 0,1 90 2,02 294,59<br />

0,1 0,1 60 3,02 295,15<br />

Devido ao elevado custo por aresta das ferramentas de PCBN, em todas as<br />

condições de corte o custo para a usinagem das matrizes ficou muito elevado.<br />

Em várias condições de corte o custo para retirada da camada nitretada com<br />

as pastilhas de PCBN superou em muito o custo de fabricação de matrizes<br />

novas, incluindo custo da matéria prima, o custo de transformação e de<br />

tratamento térmico. Ou seja, a utilização de ferramentas de PCBN, nas


Capítulo 4 – Resultados e Discussões 124<br />

condições de corte testadas, inviabiliza o processo de recuperação de matrizes<br />

por meio de torneamento.<br />

Por outro lado, a utilização de ferramentas de metal duro para se recuperar as<br />

matrizes proporcionou grandes vantagens econômicas, além de diminuir tempo<br />

de fabricação das ferramentas de forjar, e facilitar a logística de fabricação.


Capítulo 5<br />

Conclusões<br />

Após a especificação do tema para o trabalho, estabelecida a metodologia para<br />

o seu desenvolvimento, realizados os experimentos e analisados os resultados,<br />

chegou-se às seguintes conclusões:<br />

1. As formas de desgaste predominantes foram: flanco e cratera;<br />

2. O mecanismos predominantes de desgaste foram: deformação plástica,<br />

abrasão, e difusão;<br />

3. Em todas as condições de corte e materiais de ferramentas foram<br />

observadas trincas de origem mecânica, paralelas à superfície de saída da<br />

ferramenta, devido à relação entre dureza e tenacidade ser insuficiente para<br />

suportar os regimes impostos no sistema tribológico;<br />

4. Quanto aos números de passes, os piores resultados foram encontrados<br />

para a cerâmica mista enquanto o PCBN e metal duro apresentaram os<br />

melhores resultados;<br />

5. Quanto à taxa de desgaste os melhores resultados foram encontrados para<br />

o metal duro;<br />

6. Quanto aos custos, em ordem crescente obteve-se: metal duro, cerâmica<br />

mista e PCBN. Com relação ao custo o metal duro se mostrou o mais eficaz<br />

e o PCBN inviável economicamente;<br />

7. A cerâmica mista se mostrou inadequada para ser utilizada no sistema<br />

tribológico sob avaliação.<br />

125


Capítulo 6<br />

Sugestões para Futuros Trabalhos<br />

Durante a realização deste trabalho, algumas novas linhas poderiam ter sido<br />

conduzidas, mas para não desviar do foco inicial proposto, sugere-se que<br />

outras investigações sejam realizadas, o que enriquecerá o conhecimento<br />

deste assunto relevante aos fabricantes de peças por forjamento e ainda com<br />

poucas informações científicas disponibilizadas. Desta forma, sugere-se que<br />

outros trabalhos sejam desenvolvidos abrangendo os seguintes tópicos:<br />

1. Avaliar a viabilidade econômica de usinar a camada endurecida utilizando-<br />

se o processo de retificação;<br />

2. Avaliar a viabilidade econômica de usinar a camada endurecida utilizando-<br />

se o processo de fresamento por interpolação, utilizando-se de ferramentas<br />

de metal duro integral com micro-grãos;<br />

3. No torneamento, avaliar a performance de ferramentas de metal duro de<br />

Nota:<br />

granulometria refinada (microgrãos);<br />

A realização de análises utilizando as sugestões de números 1 e 2, necessitam<br />

de investimentos em novas máquinas, o que está previsto no programa de<br />

implantação da seção de ferramentaria da fábrica, mas que atualmente ainda<br />

não estão disponibilizados.<br />

126


Capítulo 7<br />

Referências Bibiográficas<br />

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127


Capítulo 7 - Referências Bibliográficas 128<br />

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Capítulo 7 - Referências Bibliográficas 129<br />

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Mestrado, PUC Minas, Belo Horizonte, MG, Brasil.


Capítulo 7 - Referências Bibliográficas 130<br />

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• TRENT, E.M., 1984, “Metal Cutting”, 2 nd Edition, Butteworths-Heinemann Ltd,<br />

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Tool-Life in Machining", Journal Applied Metal.<br />

• ZUM GAHR, K. H., 1987, “Microstructure and Wear of Material”, Elsevier.


Capítulo 8<br />

Anexo I - Relatórios de Ensaio Metalográfico: Microdureza (HV)<br />

131


Capítulo 8 – Anexo I 132


Capítulo 8 – Anexo I 133

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