BRASIL 1900-1910 - Fundação Biblioteca Nacional
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defuntos, os nascimentos: com 9 badaladas para meninos<br />
e 7 para meninas (como os tiros de canhão para príncipes<br />
e princesas...). Era a parteira que providenciava isso, pagando<br />
ao sacristão entre 4 vinténs e meia pataca, dando<br />
com isso oportunidade aos amigos de visitar a casa feliz,<br />
levando presentes.<br />
É Vieira Fazenda que conta isso em crônicas, escritas<br />
em 1908, publicadas na Rev. do IHGB em 1923.<br />
E ainda fala do "sino do Aragão" que acorda às 4<br />
horas da madrugada para o trabalho os caixeiros e empregados<br />
do comércio. Que tempos! Se bem que dizem<br />
que também hoje certas pessoas que vêm do subúrbio, da<br />
mesma forma têm de levantar a esta hora para chegar<br />
em tempo no emprego, com ou sem sino.<br />
Com tanta importância dada à comunicação pelo sino<br />
era natural que todos se esforçassem para reconhecer a<br />
mensagem. E Vieira Fazenda escreve bem-humorado:<br />
"... a velha D. Justiniana conhecia pelo ouvido os sons<br />
de todos os sinos desta cidade... "Lá está S. Bento chamando<br />
os frades para o coro — Aquilo é sinal de defunto<br />
em Sta. Rita — Ouçam, são 4 horas, e as freiras de Sta.<br />
Tereza parecem pedir um vintém aos frades barbadinhos.<br />
Estes respondem: "Capuchinho não tem, Capuchinho não<br />
tem" — Porque estaria roncando hoje o sino grande da<br />
Capela Imperial? Já sei, anuncia o tríduo de S. Sebastião<br />
— Aquele sininho esganiçado é de S. Pedro. Não se pode<br />
confundir com o da Candelária. Ambos anunciam que vai<br />
também começar o coro."<br />
Menos contente ele fica com os sinos da igreja do<br />
Carmo e diz: "no mês de julho (festa de N. S. do Carmo)<br />
e outubro (N. S. do Rosário) é verdadeiro milagre como,<br />
neste tempo, os empregados da Silva Araujo, Granado e<br />
Giffoni têm cabeça para compor e preparar poções, pílulas,<br />
xaropes e vinhos reconstituintes." (1. c.)<br />
Mas se consola: "Assim como há sinos cacetes, outros<br />
existem inofensivos; os da Ajuda, por exemplo (vizinhos<br />
da Bibi. Nac.!) soam tão surdamente no interior do convento,<br />
que mal são ouvidos. Ao menos, não martirizam os<br />
tímpanos dos freqüentadores da Avenida Central, do Passeio<br />
Público, da Avenida Beira-Mar e até no Palácio<br />
Monroe."<br />
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