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FACOM - nº 14 - 1º semestre de 2005<br />
humana fundamentar e funcionalizar a imagem de<br />
Papai Noel. Deste modo, reveste-se a propaganda: das<br />
representações do mundo dos sentidos almejados, dos<br />
valores que embebedam nossos homogêneos hábitos de<br />
vida e de consumo.<br />
Para isso serve a star-strategy, termo criado pelo<br />
publicitário francês J. Séguéla 6 , para denominar o<br />
cerne da persuasão coletiva. Segundo ele, o imperativo<br />
da persuasão na psicologia das multidões relacionase<br />
com duas libidos: a erótica, no sentido de que a<br />
tendência amorosa é a primeira fase da sociabilidade,<br />
e a libido narcísica, no sentido de que a identificação é<br />
o segunda fase. Amor e identificação, ter e ser, Eros e<br />
Mímesis: o que começa o amor, a identificação o acaba<br />
e o persuasor é o fecho da abóbada de todo sistema de<br />
relações. Na multidão, não há dissolução de consciência,<br />
mas retorno à fase mais primitiva da vida psíquica<br />
e isso, devido à sugestão. Toda propaganda explora<br />
largamente essa constatação do primado psíquico das<br />
forças inconscientes na comunicação de massa. Por isso,<br />
diz-se que não acreditamos na propaganda mais do que<br />
a criança no Papai Noel.<br />
Nosso legado psíquico volta-se ao século XX como o<br />
século da propaganda, em todos os níveis. Da propaganda<br />
dos objetos de consumo como tênis e refrigerantes, da<br />
propaganda política, ideológica e até filosófica. Século<br />
de Adorno – irônica ambigüidade lexical – da TV, dos<br />
quadrinhos, de Hollywood, do Rock’n’roll. Século em<br />
que se fabricam coisas e vendem-se metacoisas.<br />
Lembrando Terry Eagleton 7 : tempo em que o saber<br />
torna-se retórica, a arte perde sua aura e a ética torna-se,<br />
sobretudo, participação de campanhas promocionais de<br />
terceiro setor.<br />
Pois é, o rei está nu, o mundo está nu e a propaganda<br />
continua velada, retoricamente. A proposta do novo<br />
milênio persuasivo se faz carne. Carne-clone de seu<br />
mesmo signo vindouro de séculos: bonzos, papas,<br />
profetas, publicitários canonizam a arte machadiana<br />
cujos meios são em si, os fins.<br />
NOTAS<br />
1 BAUDRILLARD, J. Da sedução, Papirus, Campinas/SP , 1991.<br />
2 Sopas dietéticas para uma semana, destacando que você<br />
emagrece 1 kg por dia ao usar o produto, ou seja, 7kg por<br />
semana.<br />
3 No final do conto há uma nota especificando que estes<br />
vocábulos são locuções familiares de nossa terra: é o nome local<br />
de charlatão e charlatanismo, especialmente usada para falsos<br />
médicos.<br />
4 BAUDRILLARD, Jean. “Significação da publicidade” In: COSTA<br />
LIMA, Luiz (org.) Teoria da cultura de massa, Rio de Janeiro, Paz e<br />
Terra, 1982.<br />
5 CASSIRER, E. Linguagem e Mito, São Paulo, Perspectiva, 1985.<br />
6 SÉGUÉLA, J. Hollywood lave plus blanc, Paris: Flam-mariou,<br />
1982.<br />
7 EAGLETON, T. A ideologia da estética, Rio de Janeiro, Jorge<br />
Zahar 1993.<br />
Clemara Bidarra<br />
Professora da FACOM-FAAP e da<br />
UNICAMP. Doutora em Comunicação e<br />
Letras pela UNESP/ Araraquara.<br />
Diretor de Arte<br />
O espectador espectável<br />
Resumo<br />
Idéia pessoal, conceitual e a fama do Diretor de<br />
Arte no âmbito do Design Gráfico, na visão dos<br />
alunos.<br />
Palavras-chave: diretor de arte, design gráfico,<br />
artista designer<br />
Abstract<br />
FACOM - nº 14 - 1º semestre de 2005<br />
Personal view, general idea and general<br />
estimation that the students have for a Art<br />
Director of Graphic Design.<br />
Keywords: art director, graphic design, artists<br />
who designs<br />
O presente texto privilegia o campo de informações empíricas, cujos<br />
dados foram obtidos em sala de aula, reunindo a percepção dos alunos<br />
a partir das experiências cotidianas por observação ou convivência com<br />
profissionais da área de comunicação e a expectativa profissional, tendo em<br />
perspectiva a ocupação no mercado de trabalho.<br />
O arquétipo de empreendedor é uma atitude que se incorpora ao<br />
comportamento do aluno, como signo do papel social, fundado em<br />
convicções pela preservação da identidade profissional.<br />
Neste contexto, surgiu o perfil do Diretor de Arte e com esse propósito<br />
Dan Friedman<br />
April Greiman<br />
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Andreia de Sá Carneiro