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edição nº14 - Faap

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Nydia Licia<br />

fotos divulgação<br />

FACOM - nº 14 - 1º semestre de 2005<br />

“C’era um ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones” (1)<br />

Anos 60, quando tudo virou de cabeça para baixo.<br />

A música, os ídolos, o ritmo. Onde tinham ido parar os<br />

jovens apaixonados que desatrelavam os cavalos das<br />

carruagens para, eles mesmos puxarem o veiculo que<br />

levava a grande atriz Sarah Bernard até o hotel? E os<br />

estudantes de Coimbra que tiravam suas capas pretas<br />

para transformá-las em tapetes em que as grandes<br />

vedetes pisavam?<br />

Os sinais de admiração tinham se transformado em<br />

urros histéricos, em arrancar de cabelos, em desmaios...<br />

mas, passo a passo com a loucura nasciam vagidos<br />

de liberdade. A pílula, a liberdade sexual, os soutiens<br />

queimados em praça pública, as crianças nascidas de<br />

amores coletivos, Woodstok.! A revolta total. E com ela<br />

a repressão.<br />

A música, apenas a música falava alto. Por trás das<br />

frases havia as idéias. No começo, abertamente. Depois<br />

cada vez mais camufladas. Irônicas, sarcásticas. E os<br />

censores do regime, enlouquecidos, viam ameaças<br />

políticas onde não as havia e deixavam passar o duplo<br />

sentido, que não compreendiam.<br />

Nas peças de Teatro, camufladas com nomes<br />

históricos, eram jogadas frases de políticos do momento<br />

e a platéia ria deliciada E os censores não entendiam, ou<br />

tinham medo de ser tachados de ignorantes<br />

Mas a música, a música sempre foi o mais forte. Quem<br />

não lembra o recado patriótico inserido no texto do coro<br />

das óperas de Giuseppe Verdi, ainda no século XIX ? O<br />

coro de “I Lombardi”, ou de “ Nabucco”( o mia Pátria si<br />

bella e perduta (2) Seu patriotismo vibrante, até hoje<br />

inspira e comove.<br />

E a idolatria aos heróis e aos deuses wagnerianos,<br />

precursora do fanatismo pelo Super-homem ariano, no<br />

século XX .<br />

E o humor, a arma mais contundente que pode existir.<br />

O humor de Chico Buarque “... e aqui tem samba,Carnaval<br />

e rock in roll” ou “... você não gosta de mim, mas sua filha<br />

gosta”, num claro desafio aos ditadores do momento.<br />

E a música eleita pela mocidade, como seu hino<br />

nacional: “Para não dizer que não falei das flores“,<br />

cantada como desafio em escolas, campus, Ibiúna,<br />

cárceres<br />

Cantada aos serem presos, cantada em seus momentos<br />

de coletividade, cantada em suas noitadas românticas.<br />

Enquanto houver música, haverá juventude vibrando<br />

em uníssono, se manifestando contra ou a favor de<br />

alguma coisa maior, alguma coisa pela qual ainda valha<br />

a pena lutar.<br />

NOTAS<br />

(1) Canção de Migliacci, Lusini cantada por Lucio Dalla.: Havia<br />

um rapaz que, como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones<br />

(2) Oh minha pátria tão bonita e perdida<br />

Nydia Licia<br />

Professora de Locução, Narração<br />

e Interpretação para Rádio e TV da<br />

FACOM-FAAP. Atriz e Diretora de Teatro<br />

e Televisão.<br />

FACOM - nº 14 - 1º semestre de 2005<br />

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