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Linhas da vida e associativismos feministas: “a voz - Fazendo ...

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Martha, Cristina e Vitória - para um trabalho sobre sexuali<strong>da</strong>de com 30 mulheres, em Vila<br />

Parque União, periferia do Rio de Janeiro:"E lá vamos nós outra vez de linha <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, só que<br />

desta vez em pequenos grupos". Entre 1979 e início dos 80, no Brasil, essa prática política se<br />

alastra. Algo assemelhado já ocorrera na história dos feminismos, segundo Ergas, numa<br />

prática designa<strong>da</strong> "toma<strong>da</strong> de consciência", inicial e largamente usa<strong>da</strong> por mulheres norteamericanas,<br />

por volta de 1966-1967: "uma técnica fun<strong>da</strong>mental em torno <strong>da</strong> qual se<br />

construíram os feminismos contemporâneos" 11 . Essa metodologia "caracterizava-se - nas<br />

palavras de uma ativista – por se centrar em torno do trabalho <strong>da</strong>s 'células <strong>da</strong> bitch session'".<br />

Detalha<strong>da</strong> num documento que "circulava entre as activistas americanas, a 'expansão<br />

progressiva <strong>da</strong> consciência' incluía 'reconhecimento e testemunhos pessoais' e mesmo 'contrainterrogatório',<br />

modos de relação "[...] a partir de 'testemunhos individuais' e análises <strong>da</strong>s<br />

'formas clássicas de resistência' [...]" e de conscientização. Narra Y. Ergas: "A célula de uma<br />

bitch session incluía também 'começar a parar: superar a repressão e a desilusão', através de<br />

processos que envolviam a análise dos medos de ca<strong>da</strong> participante e 'desenvolvimento de uma<br />

teoria feminista radical' Como na linha <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, esse trabalho era acompanhado por uma<br />

"formação específica em organização <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> de consciência, de modo que qualquer mulher<br />

participante de uma bitch session pudesse tornar-se por sua vez uma organizadora de outros<br />

grupos". Nem todos os movimentos <strong>feministas</strong> usaram essa metodologia, mas a toma<strong>da</strong> de<br />

consciência, indica ela, "foi apenas o primeiro de uma série de métodos, frequentemente<br />

devedores <strong>da</strong>s práticas e conceitos psicanalíticos, destinados a aprofun<strong>da</strong>r a percepção<br />

individual do eu e a orientar o comportamento cotidiano". Ergas descreve um método italiano<br />

que sucede ao norte-americano, designado como "prática do inconsciente" pretendendo<br />

"son<strong>da</strong>r e reconstruir as profundezas <strong>da</strong> auto-percepção individual do eu", num discurso<br />

impregnado do conhecimento "“psi” que se expande e se vulgariza, como no Brasil dos anos<br />

60 12 . A "toma<strong>da</strong> de consciência" mu<strong>da</strong> antigos gestuais. Lembra Ergas que, na Europa, o<br />

punho cerrado e erguido, signo <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>, é substituído pelo símbolo <strong>da</strong> vulva sugeri<strong>da</strong> com<br />

as mãos. A apropriação política de referências psicanalíticas também se verifica no Brasil; sob<br />

o advento <strong>da</strong> pílula anticoncepcional novos dilemas sexuais estão em discursos sobre<br />

sexuali<strong>da</strong>de em periódicos femininos, em colunas de aconselhamento "psi", caso de Carmem<br />

<strong>da</strong> Silva e, depois, na TV, em1980, de Marta Suplicy que, ícone desse tempo, abre o<br />

Seminário 13 . Avalia mu<strong>da</strong>nças: o trato do prazer, desejo, direitos <strong>da</strong> mulher, um “escân<strong>da</strong>lo" à<br />

época de seu programa na TV, "[...]já está incorporado, assimilado pela população". Adverte:<br />

“Mas, ao mesmo tempo está tudo na teoria". Alerta para riscos de apropriações de ideais<br />

<strong>feministas</strong> em discursos contra as mulheres: “A ideologia não mudou: segure seu homem!<br />

Mais uma obrigação na vi<strong>da</strong>: o orgasmo compulsório". Sobre o planejamento familiar, destaca<br />

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