Linhas da vida e associativismos feministas: “a voz - Fazendo ...
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os confrontos entre controlistas e natalistas: "um desastre porque não levaram a na<strong>da</strong>".<br />
Contraria análises correntes, considerando "decentes" as posições do governo brasileiro em<br />
encontros internacionais sobre população. Revê conceitos sobre a BENFAM: "Enquanto os<br />
teóricos discutem lá na cúpula o que deve ser feito, o mulherio aqui em baixo está adorando a<br />
BENFAM exatamente porque ela faz esterilização, que é o que elas querem". Protege-se de<br />
críticas: "Não estou defendendo a BENFAM, mas ela não vai catar a laço as mulheres para<br />
fazer esterilização, ela tem para quem administrar seus serviços”. Sabe que mulheres foram<br />
esteriliza<strong>da</strong>s sem saber, mas que “[...] também tem muitas mulheres que querem ter acesso a<br />
tudo isso”. O projeto de descriminilização do aborto, informa, está parado no Congresso<br />
Nacional. Doze deputados - todos homens “[...] votaram contra a apreciação do assunto[...]".<br />
Com cerca de três milhões de abortos por ano, diz, a aplicação <strong>da</strong> lei brasileira é uma garantia<br />
de serviços públicos de saúde às mulheres pobres, únicas penaliza<strong>da</strong>s. Duvi<strong>da</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do<br />
PAISM, mas sua posição é de “[...] <strong>da</strong>r força ao projeto”. O documento registra a dinâmica <strong>da</strong><br />
linha <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Ca<strong>da</strong> grupo de reflexão, com dez membros e seus coordenadores, forma-se ao<br />
acaso; na chega<strong>da</strong> á ALERJ, participantes recebem senhas colori<strong>da</strong>s. Juntam-se, segundo<br />
cores, pessoas desiguais em i<strong>da</strong>de (de 18 anos a 40 anos), diferentes em formação profissional<br />
(40% com curso superior; 60% professoras e 33% <strong>da</strong> área de saúde), em raça/etnias, em<br />
classes sociais e experiência política (47% sem qualquer militância; 86,6% sem filiação<br />
partidária). Falam de suas vi<strong>da</strong>s íntimas, coordena<strong>da</strong>s, em geral, por duas pessoas treina<strong>da</strong>s em<br />
estimular <strong>“a</strong> <strong>voz</strong>” de ca<strong>da</strong> participante, com liber<strong>da</strong>de, embora,em alguns momentos, sob<br />
vigilância: "Todo grupo de reflexão necessita de uma coordenação (...)" 14 . E, explica:<br />
"Dificul<strong>da</strong>des aparecem [...]" – há emoções fortes e mudez que"[...] devem ser enfrenta<strong>da</strong>s<br />
[...]”. A fraseologia política <strong>da</strong> linha é de publicização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong>, mas numa reflexão<br />
sobre a "condição feminina", que, nem sempre, elimina a experiência masculina: "A linha <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> é o levantamento <strong>da</strong> ideologia de um grupo através <strong>da</strong> representação individual <strong>da</strong><br />
vivência de ca<strong>da</strong> participante – lembranças, fatos, experiências vivi<strong>da</strong>s e compartilha<strong>da</strong>s na<br />
infância na adolescência, juventude, maturi<strong>da</strong>de, velhice – falando como sentiu ou como sente<br />
a expectativa de menstruação, concepção, contracepção, gravidez/parto, gravidez/aborto e<br />
menopausa". Mas “cronologizar” etapas ou ciclos de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mulheres, exige adequações para<br />
os homens. No primeiro caso, podem incidir sobre a biologia dos corpos, em experiências de<br />
concepção e contracepção, mas os depoimentos masculinos têm outras características, por<br />
isso, "no desenrolar <strong>da</strong> tarefa, (os homens) falaram de suas vi<strong>da</strong>s, relembraram nascimentos<br />
famílias, escola brincadeiras, namoros. Amores, trepa<strong>da</strong>s e medos”. Da narrativa, retiram-se<br />
elementos para traçar a linha de vi<strong>da</strong> do grupo, uma síntese de experimentos, de expectativas<br />
de mu<strong>da</strong>nças e de ação macro-política. Busca-se “vencer medos” e "empoderar"... 15 Sistemas<br />
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